Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Entretanto, para Eco – como para Martin Buber (cf. ROHR, Ferdinand. "Ética e educação:
caminhos buberianos". “Educação em Revista”, Belo Horizonte, v. 29, n. 2, pp. 115-142, Junho
2013. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
46982013000200006&lng=en&nrm=iso>, acessado em 28/09/1025) – a relação “eu e o outro” não
é necessariamente definida pela presença do outro, mas por sua existência ou possibilidade. Na
verdade o outro é uma realidade intrínseca e essencial da própria existência do eu. Sem o
primeiro o segundo não se concretiza. Assim a dimensão do outro pode se manifestar em sua
presença de fato, em sua possibilidade ou também em uma transcendência que o imponha.
Segundo Eco, antes do Estado secular, o outro era a própria manifestação de um sentido de
equivalência entre o ser humano e seu criador, a quem lhe devia semelhança e dever. Torna-se,
então, fácil entender como a questão ético-moral era respondida de forma clara e assertiva
enquanto a sociedade manteve-se sob o manto homogêneo da Igreja. Porém, com a perda desse
sentido transcendental, o outro se torna dependente de acepções culturais. O outro pode ficar
limitado aos membros de uma tribo ou de uma etnia.
Certamente Eco não preconiza uma total relatividade do outro, somente reconhece um possível
modus operandus em situações reais e tristes, como na construção e manutenção de campos de
extermínio ou no estupro criminoso de mulheres na guerra da Bósnia. É certo que o outro existe e
tem de ser reconhecido em nossa natureza comum humana e por meio de uma razão que está
acima de informações contextuais.