Você está na página 1de 8

Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática

Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014

ANÁLISE COMPARATIVA DE DESEMPENHO DE REDES PROFIBUS DP E PROFINET

ANDRÉ L. DIAS

Laboratório de Automação Industrial, Departamento de Engenharia Elétrica, Universidadede São Paulo


Avenida Trabalhador São-carlense, 400 - São Carlos -SP
E-mails: andreldias@usp.br

GUILHERME S. SESTITO

Laboratório de Automação Industrial, Departamento de Engenharia Elétrica, Universidadede São Paulo


Avenida Trabalhador São-carlense, 400 - São Carlos -SP
E-mails: guilherme.sestito@usp.br

EDUARDO A. MOSSIN

Instituto Federal de São Paulo


Rua Américo Ambrósio, 269 - Sertãozinho - SP
E-mails: emossin@ifsp.edu.br

RENATO FERNANDES

Laboratório de Automação Industrial, Departamento de Engenharia Elétrica, Universidadede São Paulo


Avenida Trabalhador São-carlense, 400 - São Carlos -SP
E-mails: rffernandes@usp.br

DENNIS BRANDÃO

Laboratório de Automação Industrial, Departamento de Engenharia Elétrica, Universidadede São Paulo


Avenida Trabalhador São-carlense, 400 - São Carlos -SP
E-mails: dennis@sel.eesc.usp.br

Abstract This article aims to compare the Profibus DP and Profinet protocols under similar conditions like topology and configu-
ration of equipments, based on performance indicators cycle time and bandwidth occupancy. It creates a methodology for analyzing
protocols based on practical experiments to collect real data that confer credibility and veracity of findings.

Keywords Industrial Networks, Profibus DP, Profinet, Performance Indicators.

Resumo Este artigo tem por finalidade comparar os protocolos Profibus DP e Profinet em condições semelhantes de topologia
e configuração de equipamentos em relação aos indicadores de desempenho tempo de ciclo e ocupação de banda. Cria -se uma
metodologia para analisar protocolos baseada em experimentos práticos a fim de coletar dados reais que conferem credibilidade e
veracidade aos resultados encontrados.

Palavras-chave Redes de comunicação industrial, Profibus DP, Profinet, Indicadores de Desempenho.

1 Introdução protocolos industriais baseados em Ethernet vêm


adequando-se tecnicamente para uso em ambientes
industriais, disponibilizando robustez nos hardwares,
Existem diversas tecnologias de redes de comu-
alcançado com o desenvolvimento de conectores,
nicação industrial desenvolvidas atualmente. Durante
cabos e switches próprios para este ambiente; e de
as últimas décadas, uma variedade de protocolos software, alcançando determinismo necessário, am-
fieldbus foram implementados para sistemas de au- plas possibilidades de diagnóstico e, adicionalmente,
tomação industrial. O protocolo Profibus DP é o
propicia aos dispositivos de campo a utilização de
protocolo de comunicação industrial que possui o
tecnologias Web (WARREN, 2009).
maior marketshare e maior êxito entre todos os field-
Com estes avanços, criou-se garantias de tempo
buses no domínio industrial (YU et al., 2012).
real ao protocolo Ethernet, passando a se chamar
A tecnologia Ethernet não foi utilizada de imedi-
Real Time Ethernet (RTE).
ato em processos industriais, pois estes envolvem em
Alguns protocolos voltados a aplicações indus-
geral ambientes hostis, umidade, poeira e temperatu-
triais são o Profinet, EthernetIP, EtherCAT, Mod-
ras elevadas, além da tecnologia não disponibilizar
busTCP, P-NET, Vnet/IP, TCnet, Ethernet Power-
requisitos como comunicação em tempo real, deter-
link, EPA e SERCOS III, todos baseados no padrão
minismo e outros critérios de desempenho. Porém, IEEE 802.3 descritos pela IEC 61784-2.

2430
Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática
Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014

Este artigo analisa o desempenho da tecnologia


Profibus DP em comparação a Profinet, em relação a
indicadores de desempenho comumente utilizados no
meio acadêmico: o tempo de ciclo e ocupação de
banda. Desta maneira, este trabalho cria uma meto-
dologia para analisar protocolos de comunicação
industrial e contribui para o usuário final das tecno-
logias, visto que ele terá indicadores reais de desem-
penho que servirão de parâmetro na escolha do pro-
tocolo mais aplicável à sua necessidade.

2 Tecnologias e Indicadores de Desempenho


Figura 1. Modelo Mestre/Escravo utilizado no Profibus
DP. Adaptado de PROFIBUS..., 2010
2.1 Profibus DP
O protocolo Profibus é suportado pela Profibus A Figura 1 representa graficamente o tempo de
International (PI), possuía até o final de 2012, 43,8 ciclo de uma rede Profibus DP composto por comu-
milhões de nós instalados (PROFIBUS..., 2013), o nicações cíclica e acíclica.
que confere a este protocolo o maior market share e A troca de dados baseia-se no princípio de requi-
o maior êxito entre todos protocolos de comunicação sições individuais do mestre classe 1 para os escra-
no domínio industrial (YU et al., 2012). vos distribuídos em campo que o respondem com as
Este protocolo possui três versões: informações solicitadas. Essa troca de dados é feita
 DP-V0: suporta funções básicas, como co- ciclicamente, normalmente utilizada para dados do
municação cíclica e diagnósticos para localização de processo, com exigência de tempo real.
falhas; Também é possível comunicação acíclica ente o
 DP-V1: suporta as funções DPV0 e adicio- mestre classe 2 e os escravos, onde o mestre classe 2
nalmente comunicação acíclica entre dispositivos, inicia a requisição e no próximo ciclo verifica se a
como funções de parametrização, operação, monito- estação já possui resposta, normalmente são utiliza-
ramento e tratamento de alarmes. dos para supervisão e parametrização das estações. A
comunicação cíclica possui prioridade em relação a
 DP-V2: possui funções adicionais ao DP-V1
comunicações acíclicas (YU et al., 2012) e
como controle de drives, possibilitando comunicação
(MOSSIN, 2012).
entre escravos, sincronização e estampa de tempo.
Na camada física, o transporte de dados ocorre
Este trabalho implementa experimentos que uti-
via cabo elétrico RS485 com velocidade de transmis-
lizam comunicação cíclica, com nível de desempe-
são de 9,6kbps à 12Mbps, com sentido de transmis-
nho DP-V0.
são half duplex. A fibra ótica também pode ser em-
Existem três tipos de dispositivos
pregada. A topologia física de rede comumente utili-
(PROFIBUS..., 2010):
zada é a barramento, apesar de existirem hubs Profi-
 Mestre Classe 1 (MC1) : representa a esta-
bus DP para topologia estrela.
ção central, responsável pela comunicação cíclica de
troca de dados de processo com seus escravos asso-
ciados. 2.2 Profinet
 Mestre Classe 2 (MC2): inicialmente defi-
nido como um mestre usado como uma ferramenta A tecnologia Profinet também é suportado pela
de comissionamento. Para comunicação DP-V1 e PI, é definido pelas normas IEC 61158 e IEC 61784-
DP-V2, é definido como um mestre, que pode ser 2 .O protocolo opera na comunicação entre uma
usada para definir os parâmetros do dispositivo atra- estação central e dispositivos descentralizados, se-
vés de comunicação acíclica. guindo o modelo Provider/Consumer para troca de
 Escravo: representa um nó de comunicação dados
passivo que reage a instruções do mestre, enviando Os pacotes Profinet podem ser classificados de
uma mensagem de resposta. acordo com seu grau de determinismo (FERRARI,
2007; PROFINET, 2010):
Utiliza-se modelo Mestre-Escravo, sendo que  RT Class 1 – utilizado em aplicações que
um mestre pode controlar um ou mais escravos. O necessitam tempo de ciclo de até 10 milis-
método de acesso ao meio é o modelo Token Pas- segundos. Esta classe não necessita de
sing, de modo que o mestre que possui o token con- hardwares especiais.
trole o acesso ao meio físico, e também possibilite a  RT Class 2 – utilizado em aplicações que
aplicação de múltiplos mestres em uma mesma rede necessitam de tempo de ciclo menores que
compartilhando o acesso. 10 milissegundos, e ainda não exigindo
hardware especiais e configuração prévia da
rede. Essa versão foi descontinuada na últi-
ma revisão da norma.

2431
Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática
Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014

 RT Class 3 – também chamado de tempo Por exemplo, na Figura 3 a Reduction Ratio do IO


real isócrono (IRT) é utilizado em aplica- Dev 4 é 0, do IO Dev 3 é 1, do IO Dev 2 é 3 e do
ções que requerem sincronismo entre dispo- IODev 1 é 7.
sitivos e tempo de ciclos na ordem de 1 mi- Assim, cada dispositivo da tecnologia Profinet
lissegundo. Exige uma rígida topologia de possui um tempo de atualização de variáveis transmi-
rede configurada previamente, e hardware tido na rede, composto por sendclock multiplicado
específico. pela reduction ratio. Baseada na definição de Jasper-
neite (2007), o dispositivo com maior tempo de atua-
São definidos os seguintes tipos de dispositivos: lização de variáveis determinará o tempo de ciclo da
 IO Controller representa a estação central rede.
de inteligência, responsável pela configura-
ção e parametrização de seus respectivos
dispositivos associados e controla a transfe-
rência de dados do processo.
 IO Device: representa os dispositivos de
campo, transmitindo ciclicamente os dados
de processo coletados ao IO Controller e vi-
ce-versa.
 IO supervisor: representa a estação de en-
genharia para programação, configuração ou
diagnóstico.

A troca de dados entre IO-Controllers e IO-


Devices ocorre através de canais de comunicação em Figura 3. Estrutura do ciclo da comunicação RT. Adapta-
tempo real, demais dados como configuração, para- do PROFINET... (2010)
metrização e estatísticas são transferidos utilizando
O meio físico mais utilizado é o padrão
canais de comunicação que não apresentam suporte a
100BASE-TX, no cabo CAT 5. A velocidade de
tempo real, por exemplo, UDP/IP entre IO-
transmissão é de 100 Mbps no modo full duplex, e
Supervisor e IO-Devices. (FERRARI, 2007). O ciclo
podem ser lançados até 100m de cabo a cada seg-
de comunicação é altamente preciso e sincronizado
mento da rede. Utilizam-se conectores RJ45 e M12.
enviando inicialmente os pacotes que necessitam de
Também podem ser utilizadas fibra óptica e comuni-
maior determinismo em tempo real seguido dos pa-
cação wireless.
cotes de não tempo real. A tecnologia exige que
É possível utilização de diversas topologias físi-
sejam ocupados no máximo 60% de banda para co-
cas de rede: estrela, árvore, linha e suas combina-
municação de tempo real, como mostra a Figura 2,
ções. O switch é um equipamento importante para o
que representa o tempo de ciclo da tecnologia Profi-
Profinet, ele interconecta os dispositivos. Normal-
net.
mente o modelo"cut-through" é utilizado pois insere
menos atrasos nas mensagens transmitidas quando
comparado ao modelo “store-and-foward”.
A análise do desempenho das redes neste traba-
lho é baseada na utilização de indicadores de desem-
penho pesquisadas no meio acadêmico. A partir deste
ponto, coleta-se dados através de implementação de
arquiteturas de ambas tecnologias. Estes indicadores
são descritos mais detalhadamente na próxima seção.
Figura 2. Ciclo de comunicação Profinet. Adaptado
PROFINET... (2010)
2.3 Indicadores de Desempenho
Há alguns parâmetros temporais que são transpa- Indicadores de desempenho despertam significa-
rentes ao usuário e que são importantes para a troca tivo interesse da comunidade científica. São utiliza-
de dados. O primeiro destes é o sendcycle que é a dos para especificar as capacidades de um dispositivo
menor relação de tempo dentro dos dispositivos Pro- ou uma arquitetura de rede, bem como para especifi-
finet, possui valor fixo de 31,25µs. O tempo é medi- car os requisitos e necessidades de uma aplicação
do usando múltiplos desse valor. Os multiplicadores (INTERNATIONAL...,2010).
do sendcycle são chamados de sendclockfactor. O desempenho de uma rede pode ser influencia-
O sendclock é o intervalo de tempo comum em do por sua topologia, pelo protocolo de comunicação,
um tempo de ciclo, resultante da multiplicação do pelo meio físico, pela velocidade de transmissão de
sendcycle e do sendclockfactor. dados, dentre outros fatores.
O último parâmetro é a Reduction Ratio que in- A norma IEC61784-2 apresenta indicadores de
dica a quantidade de sendclock deve esperar que o desempenho para redes de comunicação industrial
IO-Device está permitido a mandar um novo pacote. baseado em Ethernet (RTE), são eles:

2432
Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática
Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014

 Delivery time: tempo necessário para envio de metodologia de engenharia que será descrita no pró-
um pacote de dados de um dispositivo fonte até ximo tópico.
o dispositivo de destino.
 Número de estações RTE: número máximo de
estações em uma rede de comunicação RTE 3 Descrição da Metodologia
 Basic Network Topology: topologias suportadas
pelo protocolo Para uma análise mais assertiva do desempenho
 Number of switches between endstations: núme- dos protocolos Profibus DP e PROFINET buscou-se
ro de switches entre duas estações que se comu- compará-los em condições similares de operação.
nicam. Assim, um cenário de teste em laboratório composto
 Throughput RTE: total de dados de tempo real por uma rede com a mesma configuração de equipa-
trafegando em um ponto específico da rede por mentos para ambos os protocolos (mesmo número de
segundo. dispositivos e mesma quantidade de dados de proces-
 Non-RTE bandwidth: porcentagem de banda so) foi implementado.
utilizada para comunicação de dados de não A fim de aproximar ainda mais as condições de
tempo operação, foi utilizado um CLP que pode trabalhar
tanto com o protocolo Profibus quanto com o Profi-
 Time synchronization accuracy: indica o desvio
net, e ademais, dispositivos possuem versões em
máximo de clock entre duas estações.
ambas as tecnologias e receberam a mesma progra-
 Non-time based synchronization accuracy: indi-
mação. Desta forma, assegura-se que são enviadas e
ca o jitter máximo do comportamento cíclico de
recebidas quantidades de dados de processo iguais, e
duas estações.
que os dispositivos apresentam mesmo desempenho
 Redudancy recovery time: indica o tempo máxi- em relação a seus parâmetros internos.
mo necessário colocar a rede em plena operação Para configuração das redes foi utilizado o soft-
após uma falha. ware configurador do CLP, denominado TIA Portal
V.11 da Siemens.
Na literatura também são utilizados diversas mé- A rede estudada é composta por quatro disposi-
tricas para análise e comparação de redes de automa- tivos e um sistema de medição para coleta de dados.
ção industrial, que apesar de não serem definidas Os equipamentos empregados na rede Profibus DP e
pela IEC também podem ser considerados como Profinet são listados na Tabela 1.
indicadores de desempenho. Um dos indicadores
largamente utilizado é o tempo de ciclo, utilizado em
Jasperneite (2007), Prytz (2008) e Ferrari (2008). Tabela 1. Equipamentos utilizados na rede Profibus DP e Profinet
Jasperneite define o tempo de ciclo como o tempo
necessário para se trocar dados de entradas e saída Equipamento Profibus DP Profinet
entre o controlador e todos os dispositivos da rede
CPU 317-2 DP/PN MC1 IO-Controller
uma vez. Ele expõe que este parâmetro é uma métri-
ca importante de desempenho para sistemas de co-
Relé inteligente Simocode Pro Escravo IO-Device
municação industrial.
Outros indicadores diretamente relacionados ao Multimedidor PAC3200 Escravo IO-Device
tempo de ciclo e utilizados em outros estudos é o
tempo de reação ao evento ou tempo de resposta e o Remota ET200S Escravo IO-Device
próprio delivery time apresentado anteriormente,
utilizados em Felser (2005), Marsal (2006) e Ferrari Analisador Profitrace MC2 -
(2007).
Além destes indicadores relacionados a tempo, Switch Scalance X208 - Switch
um indicador que se torna importante é a ocupação
de banda que indica a quantidade de dados que trafe- Software Wireshark - IO-Supervisor
gam em um ponto de uma rede industrial em uma
determinada configuração. Este indicador é explora- Analisador TAP Kunbus TAP/Switch
do em Domingues-Jaimes, Wisniewski e Trsek
(2010) e Ferrari (2011). Para a coleta de dados da rede Profibus DP, uma
A PI disponibiliza gratuitamente uma ferramenta rede foi implementada conforme topologia apresen-
chamada Network Load Calculation cuja função é tada pela Figura 4.
dimensionar o volume de dados que trafega pela
rede, porém as equações para cálculo não é clara-
mente definida pela IEC 61784-2 e pelo software.

Neste contexto, este trabalho compara a redes


Profibus DP e Profinet através dos indicadores tempo
de ciclo e ocupação de banda, introduzindo uma

2433
Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática
Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014

TAP Kunbus em conjunto com o software Wireshark


para a Profinet são transparentes aos pacotes em
ambas as direções, utilizam estampa de tempo nos
pacotes e possuem resolução de 100ns.

4 Resultados e Discussões

A partir da coleta de dados de todos os quadros


transmitidos nos diversos experimentos, os dados são
Figura 4. Topologia de rede Profibus DP
trabalhados para obtenção dos resultados. A Tabela
3 apresenta os resultados o tempo de ciclo médio e o
De maneira semelhante, criou-se uma rede para desvio padrão (σ) para as dez redes criadas.
coleta de dados Profinet de acordo com a Figura 5. Tabela 3. Resultados o tempo de ciclo médio e o desvio padrão (σ)

Ciclo (ms)
Rede Protocolo Velocidade
Média (µs) σ (µs)
1 Profibus DP 9,6 kbps 238427.6 10901
2 Profibus DP 500 kbps 4760.3 121
3 Profibus DP 1.5 Mbps 1655.5 44
4 Profibus DP 12 Mbps 600.1 6
5 Profinet 100 Mbps 8000.4 0.30
6 Profinet 100 Mbps 4000.2 0.51

Figura 5. Topologia de rede Profinet 7 Profinet 100 Mbps 2000.1 0.46


8 Profinet 100 Mbps 1000.1 0.52
Para a rede Profibus DP, quatro experimentos
9 Profinet 100 Mbps 1000.1 0.51
são realizados configurando-se diferentes taxas de
transmissão. Foram utilizadas: 9,6kbps (Rede 1); 10 Profinet 100 Mbps 1000.0 0.50
500kbps (Rede 2); 1,5Mbps (Rede 3) e 12Mbps (Re-
de 4). A taxa de 12 Mbps é a maior possível na tec- Analisando o desvio padrão por parte do tempo
nologia Profibus DP. de ciclo, observa-se que quanto maior a velocidade
Para rede Profinet, seis experimentos são reali- do Profibus, menor a dispersão existente em relação
zados utilizando velocidade de 100Mbps e configu- a média dos tempos de ciclo. Porém se obteve maior
rando-se o tempo de atualização das variáveis por desvio padrão em relação ao Profinet, apontando
IO-Device de acordo com a Tabela 2. melhor determinismo neste protocolo nas condições
dos experimentos.
Tabela 2. Redes Profinet com diferentes tempos de atualização de
variáveis por IO-Device. De acordo com o gráfico apresentado na Figura
4 verifica-se que o Profibus (utilizando comunicação
Rede CPU 317 Simocode ET200S PAC3200 DP-V0) alcança tempo de ciclo inferior ao Profinet
5 4 ms 8 ms 8 ms 8 ms na velocidade de 12Mbps, já que para o PAC3200 e
6 4 ms 4 ms 4 ms 4 ms Simocode Pro o valor mínimo de atualização de
7 2 ms 2 ms 2 ms 2 ms
variáveis é de 1ms. Não foi plotado o tempo de ciclo
da rede Profibus DP em 9,6kbps pois o valor de
8 1 ms 1 ms 1 ms 1 ms 238ms foi muito superior as demais redes.
9 0,5 ms 1 ms 0,5 ms 1 ms
10 0,25 ms 1 ms 0,25 ms 1 ms

Coletou-se 10 segundos de dados para cada ex-


perimento, amostra suficiente para validação dos
resultados, visto que o tempo de ciclo é da ordem de
milissegundos. Antes das análises, há o pré-
processamento dos dados, para isso, grava-se os
pacotes com estampa de tempo transmitido pela rede
em um banco de dados.
O sistema de medição utiliza analisadores e mo-
nitores de rede que aferem dados intrínsecos ao bar-
ramento conferindo qualidade a este artigo. Tanto o
analisador Profitrace para rede Profibus DP, como o

2434
Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática
Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014

Adicionalmente foi calculada a quantidade mé-


dia de bits que trafegaram na rede a cada ciclo de
comunicação entre dispositivos. Os resultados são
apresentados na Tabela 4.

Tabela 4. Resultados da ocupação de banda média e o desvio


padrão (σ) para as dez redes criadas

Ocupação (%)
Rede Velocidade Bits/ciclo
Média (ms) σ (µs)
1 9,6 kbps (DP) 1993 87.11% 0.60%
2 500 kbps (DP) 1985 83.41% 1.20%
3 1,5 Mbps (DP) 1984 79.93% 1.79%
4 12 Mbps (PN) 3547 49.25% 1.20%
Figura 4. Comparação do tempo de ciclo 5 100Mbps (PN) 4594 0.96% 0.06%

Em relação a ocupação de banda, verifica-se o 6 100Mbps (PN) 4570 1.90% 0.07%


uso do meio físico para transporte das informações 7 100Mbps (PN) 4562 3.80% 0.10%
de tempo real. Para se calcular o uso do meio físico 8 100Mbps (PN) 4557 7.59% 0.13%
médio na rede Profibus e Profinet, utilizou-se a E-
9 100Mbps (PN) 5836 9.73% 0.17%
quação 1:
10 100Mbps (PN) 8397 13.99% 0.14%

(1)
onde: Verifica-se que se mantendo mesma carga da re-
- carga da rede de, a ocupação de banda no Profibus DP é reduzida
- quantidades de bits enviados em um ciclo com o aumento da velocidade configurada. A redu-
ção se torna maior em 12Mbps quando se verificou
- tempo do ciclo
que a o mestre classe 1 envia pacotes passando o
token para ele mesmo durante certo tempo. Mesmo
Para cada byte transmitido na rede Profibus DP assim, os resultados de ocupação de banda da tecno-
são necessários 11 bits. O primeiro bit corresponde logia Profinet foi extremamente inferior quando
ao start bit, em seguida vem o octeto correspondente comparada ao Profibus DP até mesmo em sua maior
ao byte a ser enviado, depois o bit de paridade e velocidade disponível de 12Mbps.
finalmente, um stop bit. Isto não ocorre na rede Adicionalmente pode-se analisar a quantidade de
Profinet. bits enviados por ciclo, verificando que a rede Profi-
Para se calcular a ocupação de banda na rede net mesmo enviando maior quantidade de bits na
Profibus e Profinet, utilizou-se a Equação 2: rede apresenta ocupação de banda inferior.

(2)
5 Conclusões

- carga da rede no ciclo Existe a cultura de que novas tecnologias possu-


- taxa de transmissão configurada em melhor desempenho nos mais diversos aspectos
em relação a tecnologias mais antigas. Porém, análi-
O gráfico representado pela Figura 5 apresenta ses comparativas baseadas em indicadores de desem-
os resultados coletados no experimento. penho podem ajudar na verificação de desempenho
de acordo com necessidade de usuários.
A ideia principal deste artigo é analisar o de-
sempenho de uma rede fieldbus consolidada (Profi-
bus DP) em comparação com a nova tecnologia RTE
(Profinet) em relação a indicadores de desempenho
comumente utilizados no meio acadêmico, através de
experimentos em laboratório das redes em condições
compatíveis, observando o comportamento destes
indicadores
Na tecnologia Profinet houve transferência de
maior volume de dados em relação ao Profibus DP,
com ocupação de banda que chega a ser 90 vezes
Figura 5. Comparação da ocupação de banda menor, utilizando mesma configuração de rede no

2435
Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática
Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014

que diz respeito a número e tipo de dispositivos ope- Referências Bibliográficas


rando com mesma quantidade de dados de processo.
Desta maneira, indica-se a tecnologia Profinet Dominguez-Jaimes, I.; Wisniewski, L. and Trsek, H.
em aplicações com grande quantidade de dispositi- (2010). Identification Of Traffic Flows In
vos e/ou haja necessidade de grande ampliação da Ethernet-Based Industrial Fieldbuses. In:
rede, ou seja quando é necessário troca de grande Emerging Technologies and Factory
volume de dados; e adicionalmente exista necessida- Automation, 2010, Bilbao. Proceeding… New
de um controle/monitoramento com tempo real res- York: IEEE, p.1-4.
trito, requisitando menores tempo de ciclo. Felser, M. (2005). Real-Time Ethernet-Industry
No que diz respeito ao tempo de ciclo a tecnolo- Prospective. Proceedings of the IEEE. Vol. 93,
gia Profibus DP apesar de mais antiga alcançou me- No. 6, Pp. 1118-1129.
nores tempo de ciclo na configuração estudada, já Ferrari, P.; Flammini, A.; Marioli, D.; Taroni, A. E
que o tempo de atualização de variáveis do dispositi- Venturini, F. (2007). New Simulation Models
vo PAC3200 e Simocode pro se limita a 1ms. Porém, To Evaluate Performance Of Profinet Io Class 1
o Profinet apresentou menores valores de desvio Systems. In: Industrial Informatics, 2007 5th
padrão neste indicador, demonstrando ser um proto- Ieee International Conference on Volume: 1, p.
colo mais determinístico que o Profibus DP. 237-242.
Verifica-se que o Profibus DP varia a ocupação Ferrari, P.; Flamini, A.; Marioloi, D. E Taroni, A.
de banda para alcançar menores tempos de ciclo, (2008). A Distributed Instrument For
enquanto o Profinet mantém o tempo de ciclo cons- Performance Analysis Of Real-Time Ethernet
tante (configurado via software). Vale salientar que Networks. In: Ieee Transactions On Industrial
para o Profibus DP a velocidade de transmissão é Informatics, Vol. 4, No.1, p.16-25.
fator determinante no tempo de ciclo da rede. Assim, Ferrari, P. and Augeli. A. (2011). Large Profinet Io
em aplicações onde existam baixa quantidade de Rt Networks For Factory Automation: A Case
dispositivos, não havendo previsão de grandes am- Study. In: Conference On Emerging
pliações, e/ou estes dispositivos transmitam baixo Technologies And Factory Automation, 17.,
volume de dados, a tecnologia Profibus DP tende a 2011, Toulouse. Proceeding… New York: IEE.
ser mais eficaz, alcançando tempo de ciclos inferio- p. 1-4.
res a 1ms, próprios de aplicações de tempo real res- International Electrotechnical Commission IEC
tritas. 61784-2 (2010). Ed. 2.0: Industrial
Adicionalmente se verifica que a tecnologia Pro- Communication Networks – Profiles – Part 2:
finet pode proporcionar aos usuários maior informa- Additional Fieldbus Profiles For Real-
ções de diagnóstico de maneira mais simples (via Timenetworks Based On Iso/Iec 8802-3.
Web Browser por exemplo), o que é mais restrito do Geneva: IEC.
Profibus DP, além de ser uma tecnologia mais flexí- Jasperneite, J.; Schumacher, M. and Weber, K.
vel no que diz respeito a topologias de rede e mesmo (2007). Limits Of Increasing The Performance
de quantidade de dispositivos. Of Industrial Ethernet Protocols. Etfa. p. 17-24.
Desta maneira o trabalho contribui para análise Prytz, G. (2008). A Performance Analysis Of
da tecnologia mais indicada aos utilizadores da tec- Ethercat And Profinet Irt. Ieee International
nologia e criou-se uma metodologia de engenharia Conference On Emerging Technologies And
para análise de redes através de análise de dados Factory Automation. p. 408-415.
offline. Marsal, G. and FREY. G. (2006). Evaluation Of
Para trabalhos futuros outros pontos podem ain- Response Time In Ethernet-Based Automation
da ser abordados, como: aumentos do números de Systems. In: Emerging Technologies And
dispositivos de rede de maneira gradual, coleta de Factory Automation, Torino. Proceeding… New
dados com diversas configuração de tempo de ciclo e York: IEEE. p.380-387.
diferentes topologias de rede para a tecnologia Profi- Mossin, E. A. (2012). Diagnóstico Automático De
net. Outros versões dos protocolos também podem Redes Profibus. Tese (Doutorado) – Escola De
ser comparadas com o Profibus DP-V2 e o Profinet Engenharia De São Carlos, Universidade De São
IRT, utilizados comumente em aplicações de motion Paulo, São Carlos.
control. Profibus System Description - Technology And
Application. (2010) Karlsruhe: Profibus
International.
Agradecimentos PROFINET design guideline (2010). Karlsruhe:
Profibus International.
Agradecemos a Associação Profibus Brasil e a Warren, J. C. (2009). Ethernet/IP Applications For
empresa Siemens pela disponibilização de equipa- Electrical Industrial Systems. IEEE Industry
mentos nos experimentos para coleta de dados. Applications Society Annual Meeting.
Yu, P.; Zuo, S.; Guo, Y.; Wang, M. and Guo, X.
(2012). Design And Implementation Of
Profibus-Dp Intelligent Slave Station Controller.
In: International Conference On Instrumentation

2436
Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática
Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014

& Measurement, Computer, Communication


And Control, 2012. Harbin. Proceeding… New
York: IEEE. p. 133-138

2437

Você também pode gostar