O objetivo deste procedimento é fornecer as diretrizes gerais a serem
observadas nos serviços de consolidação de solo, pela tecnologia do jet grouting, onde para o caso específico da barragem Cacimba Nova, além da resistência, a principal função da consolidação alcançada pelo serviço será a impermeabilização da fundação da barragem apoiada no aluvião. 2 - COMO É O “JET GROUTING” Jet Grouting é uma tecnologia de consolidação de solos que permite a execução in situ, sem escavação e entre níveis estritamente necessários, de corpos de solo-cimento de forma aproximadamente cilíndrica (colunas), conferindo elevadas características mecânicas e impermeabilidade. Quando essa tecnologia é aplicada com haste coaxial dupla (Ø externo ≥ 75 mm com haste interna injetora de calda de cimento e espaço anelar entre as hastes injeta-se o ar comprimido) é denominada JG (Jumbo Grouting). O efeito do ar comprimido tende a aumentar o diâmetro da coluna devido ao encapsulamento do jato de calda, minimizando o efeito de dispersão do mesmo. No caso da não utilização do ar comprimido, a técnica de Jet Grouting é conhecida como CCP (Cement Churning Pile) ou Jet 1 ou Jet Simples. As colunas são obtidas a partir de uma perfuração inicial até a profundidade indicada pelo projeto, quando é interrompido o fluxo frontal d’água pelo tricone (peça situada na ponta da haste central para perfuração do solo), e o fluxo passa para o bico ejetor lateral, cujo diâmetro varia usualmente entre 1,8 e 5,0 mm, situado no hidromonitor, o qual une a haste à ferramenta de corte do solo, denominado tricone. Eventualmente, é possível a utilização de mãos de um bico ejetor. O início da fase de injeção se dá pela elevação da pressão de bombeamento, que varia de 200 a 400 Kgf/cm², sessando a injeção da água em substituição pela calda de cimento. A alta energia cinética provoca a desagregação do solo in situ, devido ao alto poder de impacto do jato que sai a altíssima velocidade (600 a 1.000 km/h), criando uma mistura íntima entre o solo desagregado e a calda, formando uma massa de solo-cimento de alta resistência e baixa permeabilidade após a pega no raio de ação da coluna. As dimensões das colunas podem ser controladas por parâmetros executivos adequados, quais sejam: Parâmetros atribuídos ao equipamento: Tempo de rotação; Translação da haste; Vazão; Pressão de bombeamento; e etc. Parâmetros em função da resistência do solo in situ e de sua natureza. Durante o processo de injeção é feita a remoção lenta e gradual da haste, definida como velocidade de subida, que é acompanhada de um movimento de rotação. Em geral, adota-se um passo de subida da haste entre 3 e 8 cm, formando assim cada uma das fatias da coluna. A combinação dos movimentos de translação e rotação da haste resulta na formação da coluna “cilíndrica de solo-cimento, cuja resistência dependerá do tipo e da natureza do solo, quantidade de cimento injeto e a relação água/cimento. Quando, através da perfuração ou sondagens prévias, se detectam trechos com grau de adensamento e resistência do solo que podem reduzir o diâmetro final da coluna, pode-se utilizar a técnica de pré-romper o solo in situ e posterior injeção de calda com uma energia no mínimo igual ao da pré ruptura. 3 - CONTROLE DE SERVIÇOS a) Locação Topográfica e Sequência de Execução Cada coluna deverá ser locada com dois piquetes, um maior (em que será identificado o furo para seu acompanhamento) e outro menor, indicando o ponto de furação conforme apresentado nos desenhos de projeto, sendo a sequência executiva definida em campo pela EQUIPE RESPONSÁVEL PELA INJEÇÃO DE JET GROUTING em acordo com a FISCALIZAÇÃO. As cotas do terreno, topo superior da coluna, topo inferior da coluna, profundidade de perfuração, profundidade da coluna e locação com base do sistema de Coordenadas SAD – 69 – Zona 24S, são apresentados nos detalhamentos dos desenhos do Projeto Executivo. O plano de trabalho para a execução das injeções será definido pela EQUIPE RESPONSÁVEL PELA INJEÇÃO DE JET GROUTING em acordo com a FISCALIZAÇÃO, baseado nas condições reais de campo. O plano de trabalho, e sua possível atualização, no decorrer de sua execução, deve ser dinâmico para não prejudicar o cronograma da obra como um todo. Os possíveis ajustes do plano de trabalho serão de responsabilidade da EQUIPE RESPONSÁVEL PELA INJEÇÃO DE JET GROUTING em acordo com a FISCALIZAÇÃO, pois os possíveis entraves que dependem das condições locais de trabalho e da distribuição das colunas já executadas e a executar. Sendo então indispensável a disponibilização de uma equipe de topografia durante a implantação das colunas de Jet Grouting, para agilizar a locação e fornecimento das cotas necessária para o cumprimento do programa estabelecido no decorrer da obra. Sempre que necessário, caso o refluxo da coluna venha obstruir ou ocultar o ponto de referência de locação da coluna, deverá ser providenciada, previamente, a limpeza da área a ser tratada através da remoção desse refluxo, regularizando a praça de trabalho a fim de evitar atolamento dos equipamentos e feita nova locação topográfica. A figura 1 abaixo mostra um desenho esquemático do plano de execução da cortina de Jet Grouting. Figura 1 – Desenho Esquemático da Sequência Executiva do Jet Grouting
Deverá ser fornecido pelo CONTRATANTE um cadastro minucioso e cuidadoso
de todas as interferências do subsolo na região de execução do serviço, com indicação, em detalhes, dos cuidados que devem ser tomados antes do início do serviço. Perfil geológico e sondagens próximas ao local de trabalho devem ser fornecidas pelo CONTRATANTE para que a equipe de campo possa acompanhar o comportamento das perfurações e verificar se correspondem ao que consta no perfil. Principalmente no que se refere a mudanças de tipo do solo, caracterizados por diferenças de resistência e permeabilidade, além da profundidade do topo rochoso da fundação. b) Materiais O cimento a ser utilizado será do tipo Portland, conforme a Norma NBR-5732, fornecido em sacos ou a granel segundo as exigências, quantidades e limitações de acesso de cada área. Em função da disponibilidade de estocagem no local da obra, será exigida a entrega diária de cimento. A CONTRATADA informará diariamente as necessidades por frente de trabalho. A água pode ser do tipo industrial, porém sem elementos químicos que possam afetar a resistência final da calda de cimento, atendendo a Norma 15900-1. As análises químicas da água devem ser apresentadas para liberação de sua utilização. c) Equipamentos e Acessórios Antes do início dos serviços deverá ser inspecionado o estado da máquina perfuratriz e injetora, do conjunto moto-bomba, do misturados/agitador, das tubulações e das mangueiras e juntas das hastes, da broca de perfuração, do bico ejetor, dos manômetros e qualquer equipamento/ferramenta a ser utilizado no processo. Deverá ser testada e comprovada in situ a pressão efetiva da injeção da moto- bomba injetora, bem como ser determinada in loco a perda de carga no circuito das mangueiras na extensão prevista no plano de serviço. O manômetro utilizado na bomba e seu reserva, deverão apresentar identificação clara de certificação do INMETRO. As hastes de perfuração-injeção deverão ser verificadas quanto a sua linearidade e estado das roscas, devendo ser descartadas aquelas que não atendam aos requisitos exigidos. d) Execução das Colunas Jet Grouting Durante a execução das colunas deverão ser feitos os seguintes controles: Verificação da locação e cota do terreno superficial, anotando imediatamente no mapa de controle de execução; Verificação do prumo da haste de perfuração, controlando a sua verticalidade, devido ao sistema de hidroperfuração; Verificação do perfeito estacionamento e nivelamento da máquina, assegurando-se de que não haverá nenhum deslocamento durante a execução dos serviços. Para fim de verificação da continuidade e integridade da coluna, no caso haja uma interrupção da operação de injeção, por qualquer motivo, a composição de haste deverá ser reintroduzida na coluna subjacente em 0,50 m, e reiniciada a injeção a partir desse ponto com uma interpenetração entre os dois trechos da coluna, garantindo sua continuidade; Verificação e anotação da profundidade de perfuração e as principais passagens de materiais diferentes através do comprimento das hastes utilizadas, bem como o controle com escala graduada externa. Repetir essas mesmas operações com as profundidades de início até o fim de execução das colunas e início e fim de trecho de eventual pré-ruptura ou eventual preenchimento de vazios, caso necessário; Verificação e anotação da pressão na bomba injetora, atentando para oscilação que ocorrerá no ponteiro do manômetro em torno do valor fixado em função da natureza da bomba, mesmo sendo do tipo tríplex (3 pistões); Verificação de perda da água na perfuração, assim como eventuais variações de pressão, tomadas de calda em vazios ou em caso de falta de retorno do refluxo, agarramento de haste, etc; Verificação e anotação da velocidade de rotação da haste em rpm; Verificação e anotação do tempo de subida da haste (translação) em cada passo, com uso de cronômetro, controlar o passo de injeção do equipamento através de aferição em trena. Constatando-se por algum motivo a não obediência dos parâmetros pré-fixados para a perfuratriz, deve-se exigir imediatamente a recuperação desse trecho e refazer as injeções, anotando-se o ocorrido; Verificação e anotação do traço da calda de água/cimento no misturador, que poderá variar de 0,8/1,0 até 2,0/1,0. Deve-se controlar o volume de água e a quantidade de cimento aplicados no misturador e a densidade da calda; Verificação e anotação do consumo real de água e cimento na execução de cada coluna. Deve-se anotar também a tipo e a marca do cimento utilizado. Vale ressaltar que o consumo de cimento teórico pode variar até 5% a mais, para compensar perdas com o manuseio; Verificação, controle e anotação da vazão de calda bombeada por passo de injeção para execução da coluna, fazendo-se também o controle na pistonada da bomba de injeção. e) Parâmetros Executivos das Colunas de Jet Grouting A comprovação se dará através das diversas perfurações na execução das colunas e variações da geologia apresentada no relatório de sondagens. Colunas testes também podem ser executadas, a critério da FISCALIZAÇÃO. Os parâmetros executivos iniciais e, depois, os ajustados, se forem necessários, serão fornecidos para a FISCALIZAÇÃO, no no início do trabalho e durante seu andamento. Denomina-se parâmetros ao conjunto de orientações necessárias para a formação da coluna (diâmetro, resistência e permeabilidade) e são variáveis em função das características geo-morfológicas dos solos traduzidos em sondagens ou perfil geológico onde deve constar a descrição do solo e sua resistência ao Standar Penetation Test (SPT) e permeabilidade da fundação. São constituintes do conjunto de parâmetros: Pressão de bombeamento de calda de cimento: usualmente entre 200 e 400 Kgf/cm²); Diâmetro do(s) bico(s) ejetor(es): entre 1,8 mm e 5,0 mm. Normalmente se utiliza 1 ou 2 bicos ejetores; Passo de avanço da haste: o avanço ascendente da haste se dá em “saltos” geralmente entre 3 cm e 8 cm; Giros da haste: normalmente se adota entre 1 e 4 giros do bico ejetor para cada passo de avanço da haste; Tempo por passo de avanço: é o tempo que o ejetor permanece em cada passo. Neste tempo o jato desagrega o solo em um determinado raio que corresponde ao diâmetro nominal da coluna. Pode variar de 6 segundos a 30 segundos por passo; Relação água/cimento (a/c): varia geralmente entre 0,8/1,0 e 2,0/1,0 em peso (Kgf/Kgf). 4 - CONTROLE TECNOLÓGICO DURANTE A EXECUÇÃO O controle da eficiência da cortina deverá ser realizado através de uma sondagem rotativa em cada um dos trechos da parede diafragma em Jet Grouting. A sondagem deve ser realizada na região da intersecção de 3 colunas adjacentes (Figura 2) com amostragem continua dos testemunhos e ensaios de infiltração de carga variável à semelhança dos ensaios em solos ao longo de toda extensão do furo, ou seja, da crista da barragem à cota inferior da coluna de Jet Grouting. Não se recomenda ensaios de perda d’água similares aos aplicados em rocha devido à baixa resistência a tração do maciço de solo- cimento. Deve-se cuidar muito bem da vedação entre o revestimento e o furo que está sendo ensaiado. Os barriletes para coletas de testemunhos devem ser, no mínimo, o duplo de parede fina, evitando o contato da água de perfuração com os testemunhos. Evitar também o roletamento dos testemunhos fazendo manobras curtas da ordem de 0,50 m. Figura 2 – Locação da Sondagem na Coluna de Jet Grouting
Caso sejam constados valores médios de coeficiente de permeabilidade
insuficiente (k ≤ 10-5cm/s) deve-se programar uma complementação de colunas de Jet Grouting nesta área junto com a equipe de obra projetista/supervisora/fiscalizadora/executora, após a análise conjunta dos dados. Em cada um dos testemunhos, realizar um ensaio de compressão simples no trecho da coluna de Jet Grouting, o qual para sua aprovação deve alcançar a resistência de 1,00 MPa. 5 – SERVIÇO PRELIMINAR AO JET GROUTING EM REGIÕES EM QUE HÁ OCORRÊNCIA DE MATERIAL INCONSISTENTE Na região onde há ocorrência de material inconsistente do solo tanto de fundação como de aterro, a perfuração deve ser executada com uso de calda de cimento, o trecho inicial do aterro pode ser feito com uso de água. Espera-se este tipo de comportamento na área adjacente à estaca E99+10,00, constatada pela sondagem SM-15, pela passagem com preenchimento de solo muito mole, entre 7 e 9 m, aproximadamente, sem nenhuma resistência a penetração. Recomenda-se a execução de um serviço prévio de preenchimento/consolidação com colunas de média pressão. O tratamento das injeções deve ser iniciado pelo furo da estaca E99+10,00, pois este caracteriza o local em que foi constatado a inconsistência do material do maciço da barragem (sondagem SM-15), sendo a partir deste ponto realizado os furos seguintes radialmente, de forma que haverá um refinamento na investigação através de perfuração com a sonda perfo-injetora de Jet Grouting “in situ”, conformando assim uma forma de mapeamento da zona de material inconsistente do maciço. A espessura a ser injetada/consolidada deve atravessar todo horizonte de material inconsistente, avançando cerca de 1,00 m abaixo e acima desta área de baixa resistência e fazer inicialmente um preenchimento com calda fraca (A/C=1,2/1,0), até do ocorrer a recusa com refluimento da calda à boca do furo. Se a tomada de calda for muito grande (acima de 1.000 litros, deve-se interromper esta operação e retomar, após um descanso de pelo menos um dia para cura). Deve-se descer a haste até o final deste furo e executar coluna com jateamento de calda a média pressão, entre 5 e 10 bars, para que ocorra uma homogeneização inicial deste material fraco com a calda de cimento. Alguns furos podem ser transformados em furos de alívio, principalmente os mais próximos ao tapete horizonta de areia. Deve-se executar previamente ao preenchimento/consolidação uma cortina de furos de alívio alternados (sugestão: em uma malha de duas filas semelhante ao do preenchimento) para evitar/minimizar a sua colmatação. Estes procedimentos dos furos de alívio podem ser utilizados todas as vezes em que houver alguma suspeita de colmatar o tapete drenante horizontal ou dificuldade na retirada do refluxo. 6 - FORMA DE MEDIÇÃO E PAGAMENTO a) Medição Os serviços de injeção de Jet Grouting, serão compreendidos por três serviços três serviços distintos, quais sejam: Perfuração em solo; Perfuração em rocha/alteração; e Injeção de Jet Grouting. Onde para todos os serviços apresentados, a medição será realizada em unidades métricas (m). As quantidades serão medidas através do acompanhamento full time realizado pela SUPERVISÃO DE OBRAS, não sendo quantificados serviços realizados sem a presença e liberação da SUPERVISÃO DE OBRAS. Os comprimentos lineares serão quantificados através da confirmação das cotas de boca do furo, levantada topograficamente, e das cotas finais e iniciais de perfuração e coluna do Jet Grouting, que serão mensuradas através dos comprimentos de hastes cravadas. Os insumos a serem quantificados nos serviços de Jet Grouting, compreende a listagem abaixo: Cimento Portland; Fornecimento de água para calda de cimento. O cimento Portland será quantificado por saco e a água por metros cúbicos (m³) efetivamente utilizados na calda de cimento injetada, sendo quantificado na fase de mistura. b) Pagamento Os serviços de Jet Grouting, tal como indicadas nas ESPECIFICAÇÕES, serão remunerados pelos itens da Planilha de Quantidades e Preços. O pagamento será feito com base em medições mensais, que deverão incluir a compensação dos serviços de perfuração dos furos em solo ou rocha incluindo fornecimento, instalação, operação e manutenção de todos os equipamentos e acessórios; injeção de calda na composição, velocidade e pressão necessária, conforme especificado; fornecimento dos insumos cimento e água e tudo mais necessário à execução dos serviços, de acordo com as ESPECIFICAÇÕES.