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Com a ajuda da Astrologia podemos entender um pouco mais sobre

as diferentes variações do amor e do prazer... e entender um pouco


mais sobre o casamento e relações semelhantes. O mundano na
Astrologia (e tudo isso pertence ao mundano) é representado pelas
Casas Terrestres. E nessas tais casas precisamos focar a Casa 5, a
Casa 7, a Casa 8 e a Casa 11. No meu entender essas 4 casas
terrestres descrevem os principais nuances de uma vida afetiva
saudável e honesta.

A Casa 5 representa o prazer. O prazer puro que não transcende e


nem transforma. É uma brincadeira de delícias. Aqui realizamos
toda a diversão e o sexo é como um jogo de desafios de extrair de
si e do outro, todas as delícias possíveis e todas loucuras de perder
a cabeça e as responsabilidades. A Casa 5 é também a casa das
crianças. Aqui transformamos o amor em um parque de diversões.
Tudo é leve, tudo é puro, tudo é simplesmente prazer. A Casa 5 é o
reino do egocentrismo dadivoso. Aqui ninguém se perde, nem perde
o caminho de casa. É como sexo entre adolescentes.

Vamos pular para a Casa 8. A Casa 8 é densa. Se a Casa 5


representa a sexualidade superficial, a Casa 8 representará os
domínios da sexualidade profunda. Se a Casa 5 é a fogueira, a Casa
8 será as águas putrefatas de um pântano. A Casa 8 envolve o nosso
eu profundo, o nosso ser, e nos coloca a mercê de nós mesmos. Sim,
o Outro, há o Outro. O Outro é aquele que não compreendemos, mas
que nos leva a ações que jamais seríamos capazes de ter se não
houvesse esse Outro catalisador de nosso ímpeto para a
transformação. Sim, esse Outro que não compreendemos e nos
cativa inexplicavelmente, capaz de nos fazer mover e até a mudar
nossos hábitos e manias mais enraizadas, encardidas que nossa
roupa suada. Esse tesão não é um tesão vulgar. Ninguém aposta a
sua cabeça com o Diabo vulgarmente. Sim, porque estamos
mergulhando naquilo que não compreendemos. E aí surgem os nosso
instintos mais primários para nos empurrar nos levar e conduzir,
sem qualquer racionalidade explicativa.

Na Casa 5 o amor é meramente prazer. É como um homem que


procura tal prazer nos braços de uma prostituta. É como aquele que
não tem coragem para tal e simplesmente se masturba. Falo de
homens e mulheres. Porque o prazer comprado tem sua própria
ética. Como os jogos tem suas regras, os bordéis formais e
informais também o tem. E a regra aqui é manter-se no casual sem
qualquer aprofundamento mais denso.

Na Casa 8 o prazer é o risco da morte. Aqui se destroem


realidades. Aqui não sabemos lidar com os negócios mais simples da
vida mundanas nos quais tudo tem um preço. E um preço reduzido a
unidades monetárias. Não. Aqui o preço é a própria vida. Aqui o
sujeito que entra, jamais será o mesmo depois. Algo de si morre
pelo caminho, mas obviamente algo também nasce. Aqui aposta-se
tudo e o que vem em troca não é mais comparável. Não se tem um
sentido compensatório objetivo. Mas a Casa 8 é a casa da
transformação, é o que nos tira da inércia. Sim aqui o tesão tem
uma solução, ao contrário do prazer da Casa 5, aqui o tesão não é
simplesmente matéria. Envolve o espírito, ou seja, o nosso próprio
ser e seu porvir.

A Casa 5 e a Casa 8, entretanto, são domínios íntimos. Envolvem


decisões personalíssimas e que não dão respostas, portanto, para
terceiros. As respostas para terceiros são estabelecidas pela Casa
7 e pela Casa 11.

A Casa 7 é a casa que representa o casamento. O casamento não é


propriamente um fruto da irresponsabilidade da Casa 5 ou da
inclemência da Casa 8. É outra relação e que poderá, entretanto,
ter relações de prazer e de transformação. A Casa 7 é a casa das
associações. Aqui formalizamos uma relação como formal e através
desta forma assumimos responsabilidades. A Casa 7 é uma
formalização de uma sociedade. Para o mundo passamos a agir em
conjunto. Aqui respondemos solidariamente pelas nossa ações no
mundo e para esse organismo teórico que chamamos de sociedade.
Como uma firma, o casamento é uma empresa. E nele há suas regras
de gestão e atuação. No casamento o prazer se transforma (pelo
menos teoricamente) em filhos. E os filhos são a outra
interpretação que damos à Casa 5. Sublima-se, pois, o prazer para o
prazer dos filhos.
A Casa 7 descreve uma posição de amor? Não obrigatoriamente,
mas é melhor que sim. Porque só por amor podemos abrir mão de
outros prazeres e possibilidades. A Casa 7 sozinha não é a garantia
de absolutamente nada a não ser de um compromisso e obrigações
formais. Isso em seu estrito sentido, mas nada na vida é estrito.
Tudo trás em si uma infinidade de sentidos.

A Casa 11 representa a amizade. Enquanto a Casa 7 representa


relações formais, a Casa 11 nos fala de relações das mais informais
possíveis. O compromisso e a responsabilidade não são rígidos e em
nome da amizade tudo se pode compreender e, provavelmente, até
perdoar. Mas entretanto existem aqui elos informais talvez mais
fortes que os formais regidos pela Casa 7.

A Casa 11, como a Casa 7, é um lugar de relações. A Casa 5 e a Casa


8 não são lugar de relações: são algo que podem existir dentro das
relações. Ou não.

O amor profundo e o prazer superficial não tem nada a ver com as


relações que estabelecemos. O prazer pode acontecer na Casa 7 ou
na Casa 11, ou mesmo em nenhuma delas. Para quem não sabe, a Casa
3 rege outra forma de relação: as relações não escolhidas. O
casamento e a amizade são relações escolhidas: nós escolhemos
nosso cônjuge e nossos amigos. Na Casa 3 estão as relações não
escolhidas: vizinhos e parentes próximos (primos, por exemplo).
Nos interessa aqui aquilo que escolhemos.

Estamos aqui com uma questão moral e com uma questão ética. Uma
questão essencialmente de escolha. A Casa 5 é fútil por natureza. A
Casa 8 pode ser fundamental para a nossa própria coerência
pessoal. Mas como elas funcionam quando não há mais nem prazer e
nenhum ímpeto para a transformação?

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