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Janeiro

Maio 2010
2010Número
Número
3 0Ano
Edição1
1

ECO da Voz di Paz


cu

   
Boletim Informativo
Boletim Informativo

PODEM AS FORÇAS ARMADAS SEREM REFORMADAS?


Propostas da Voz di Paz para uma Reforma Participativa das FDS 

Artigos de interesse especial:


Editorial……………… Pág.2
• Actividades da Voz di Paz….………..………………………..…….p.3  Enquadramento
  histórico das Pág.2
• Análise da situação das Forças de Defesa e Segurança (FDS): FARP
Os antecedentes da Reforma …………...............................p.5 
Antigo esquema
  da Reforma do Pág.7
•  Esquema  da  Reforma  com  base  na  Metodologia SDS………………………
Participativa da Voz di Paz.………………………………………….…p.9 
Álbum da 1ª
 
Auscultação dos Pág.8
•  Estratégias  da  Voz  di  Paz  para  garantir  o  sucesso  da Militares pela Voz
Reforma………………………………………………………………………..…p.10  di Paz………………….
 
• Resultados esperados das propostas da Voz di Paz…..…p.12  O que nos Pág.11
propomos fazer?

A Guiné quer Paz, a solução está em MIM ESPECIAL


Reforma
Sector
Defesa e
Segurança
Voz di Paz
Página 2
ECO da Voz di Paz Boletim Informativo

Enquadramento histórico das Forças


EDITORIAL
Armadas Revolucionarias do Povo
«A reforma precisa Joacine Katar Moreira
de dinheiro, mas exige tesouros
de pedagogia e diálogo»
«Todo e qualquer combatente que
“Reforma” é uma palavra problemática.
não respeita o povo, que não
Talvez seja por esta razão que é tão difícil
defende os interesses do povo, que
reformar as Forças de Defesa e Segurança na
procura servir-se da sua autoridade
Guiné-Bissau.
e das armas que tem nas mãos para
Pelas suas origens, a palavra reforma evoca o
o seu proveito pessoal – não merece
restabelecimento de algo na sua forma
fazer parte das forças armadas do
primitiva. Assim, no século XVI, a Reforma foi
o movimento religioso que pretendeu pôr fim nosso Partido»
Guerrilheiros do PAIGC Amílcar Cabral
aos desvios de Igreja católica e restabelecer o
cristianismo das origens. A reforma evoca Um dos problemas que preo-
portanto reposição da ordem inicial. Ela supõe cupavam Amílcar Cabral era a
a necessidade de reconstruir algo já questão da disciplina nos desta-
estragado. Nestas condições, reformar só camentos guerrilheiros e o O que foi feito dos
poderia ser uma tarefa difícil. comportamento de alguns coman-
Com certeza é uma tarefa ingrata, pois trata- dantes para com a população.
ideais das FARP?
se de refazer aquilo que já havia sido feito e Este tema foi acesamente
desfeito. Por isso, formar é mais fácil que
Palavras de A. Cabral:
discutido no Congresso de
reformar. Formar supõe um espaço de Cassacá, realizado em 1964. O
liberdade, a independência de quem inicia, «Os nossos combatentes são
Congresso decidiu criar uma
partindo de bases sãs e virgens. Formar é obra gente honesta, séria, decente,
milícia popular e transformar os
digna, os melhores filhos do
pioneira, de criação, concepção, iniciação e destacamentos guerrilheiros em
nosso povo.»
fundação. Reformar é obra de segunda demão, exército regular de libertação
de concertação, reparação, reabilitação, nacional. As FARP - Forças «A nossa luta armada, nós
restauração. Formar supõe trabalhar com a Armadas Revolucionárias do Povo, dissemos, é uma forma de luta
matéria nova e bruta para pôr a forma que se nasceram assim de um contexto política, que procura libertar
quer. Reformar impõe lutar contra os vícios e de reordenamento interno e de a nossa terra da exploração
defeitos que mancham a obra primeira, para combate aos desvios ideológicos económica colonial e
repor a forma que devia ser. dentro do PAIGC, entre os quais o imperialista.»
A reforma pressupõe um diagnóstico do militarismo e o autoritarismo, ou
indesejável e um prognóstico sobre o seja a não subordinação do militar «Nós criámos grupos armados
desejável. O diagnóstico negativo contém em ao político. Para velar pela quase naturalmente, enrai-
si germes de conflitos. O prognóstico levanta supremacia do político, foi criada zados no meio do nosso povo,
dúvidas e oposições. Não é portanto estranho a figura do comissário político ao apoiados pelo nosso povo.»
de ver todos os problemas ligados a qualquer lado do comandante militar.
reforma. A reforma das Forças de Defesa e Esta procura da supremacia do «E devemos fazer tudo para
Segurança na Guiné não escapa à questão que militar sobre político, combatida que as relações entre as
soa como uma aporia: como fazer nascer o por Amílcar Cabral persistiu nossas Forças Armadas e o
novo do velho? nosso povo, sejam as melhores
depois da sua morte e afirma-se
Desconcertados pelas dificuldades de possíveis»
hoje como uma das características
responder a tão difícil interrogação, alguns das Forças de Defesa e Segurança
«É uma luta para ter pão, para
optam por um último significado da reforma da Guiné-Bissau. ter terra, mas livremente.
que é o facto de descartar um elemento tão Uma luta para ter escolas,
velho ou viciado que ele é impróprio ao para que as crianças não
serviço... «Cada
sofram, para ter hospitais. É
combatente
Como se vê, “reforma” é uma palavra deve ter a assim a nossa luta»
melindrosa, e reformar é uma tarefa ingrata. consciência
Só por estas características, reformar exige de que é
«No seio das forças armadas
um filho do
tesouros de pedagogia, diálogo e paciência. povo, ao (Exército e guerrilheiros) (…)
Estes tesouros têm faltado nas abordagens das serviço do combater a mania do
povo»
sucessivas reformas experimentadas na Guiné. militarismo e fazer de cada
Porquê não tirar as lições? A Voz di Paz já as combatente um militante
tirou. exemplar do nosso Partido»
Fafali Koudawo
Director da «Voz di Paz» Amílcar Cabral e guerrilheiros do PAIGC
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Actividades Voz di Paz – Maio 2010  


Actividades dos Espaços
Regionais de Diálogo, Emissões Radiofónicas
parcerias e formações Durante o mês de Maio de 2010
O mês de Maio foi marcado por a Voz di Paz, em parceria com a
várias actividades levadas a Rádio Sol Mansi, produziu
cabo pelos Espaços regionais de emissões sobre a temática da
diálogo (ERD). No dia 9 de Maio má governação, colocando o
a Iniciativa Voz di Paz (VdP), enfoque nas temáticas da
através do ERD de Gabú, foi corrupção, a sua percepção e os
associada às cerimónias de reportagens baseadas nos temas seus efeitos na geração de
entronização do régulo de do filme e organizar debates conflitos.
Sonaco. O régulo Alfa Embaló sobre estes temas.
que havia sido sensibilizado à Primeira Assembleia Geral da
mensagem e acção da VdP No dia 29 de Maio, na paróquia Voz di Paz
engajou-se a fazer do seu de Bafatá, a Voz di Paz realizou Foi preparado e realizada no dia
regulado um palco de paz, um seminário de formação no 21 de Maio de 2010, na Sala de
criando assim para o efeito 16 quadro da parceria com a direcção do programa a 1ª
pontos de conciliação e “Comissão Interdiocesana Assembleia geral da Voz di Paz -
arbitragem de conflitos locais Justiça, Paz, Direitos Humanos Iniciativa para Consolidação da
que possam emergir nas 72 e Desenvolvimento” da região Paz, com a seguinte Ordem do
tabankas da sua jurisdição de Bafatá sobre o tema da dia:
tradicional. Só os conflitos não Gestão de Conflitos. No  Eleição do Presidente,
dirimidos nestas instâncias encontro estiveram presentes Vice-presidente e Tesoureiro;
serão levados ao conhecimento padres, irmãs, quadros leigos  Constituição do Conselho
do régulo. católicos representando as de Administração;
paróquias de leste e sul ,assim  Eleição do Director do
No dia 22 de Maio, na paróquia como também o Bispo de Secretariado da Voz di Paz;
de Nhoma, a Voz di Paz, Bafatá, Dom Zili.  Autorização de assinatura
realizou uma jornada de de acordo de parceria com a
formação de jovens no quadro A Voz di Paz teve vários Interpeace;
da parceria com a “Comissão encontros entre os quais uma  Fixação da agenda de
Interdiocesana Justiça, Paz, consulta com a senhora Shawna trabalho do Conselho de
Direitos Humanos e J. Wilson do departamento do Administração.
Desenvolvimento” da região de Estado Norte Americano, cujo
Oio. O tema da jornada foi: intuito era ouvir opiniões sobre Para o Conselho de Admi-
Paz, justiça, reconciliação e o a justiça no país. nistração foram eleitos: Dom
papel da juventude na José Camnaté na Bissign (Bispo
construção da paz, com Para apoiar e enquadrar os ERD, de Bissau) como presidente,
destaque às raparigas. No a equipa da Voz di Paz realizou Adja Satu Camara Pinto (Actual
encontro estiveram presentes 3 encontros de trabalho com Ministra do Interior) como vice-
mais de uma centena de estes seus elos de ligação presidente e Sambu Seck
participantes vindos das nomeadamente em Oio (Nhoma, (Secretário executivo da
paróquias de Nhacra, Mansoa, Nhacra, Mansaba e Farim) no Federação camponesa Kafo)
Bissorã, Nhoma e Farim. dia 8 de Maio de 2010, Quinára como Tesoureiro.
(Bolama, Fulacunda Tite e Buba
A Voz di Paz, participou no e Quebo) e Tombali (Iemberem, Fafali Koudawo foi eleito
atelier “Diálogo e reconciliação: Cacine, Catio, Komo e Bedanda) Director da Voz di Paz para o
papel da imprensa” realizado no nos dias 14 e 15 de Maio de período 2010-2015.
dia 25 de Maio de 2010 pela 2010. Nestes encontros foram
Uniogbis, apresentando o filme dadas informações sobre as
Voz de Povo, sobre a escuta da transformações institucionais
população. A abordagem meto- em curso na VdP doravante
dológica consistiu em fazer constituída em Associação.
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Sector
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Imagens das Actividades da Voz di Paz


Maio 2010

Régulo de Sonaco, parceiro da VdP, dando Reunião no ERD de Bafatá


uma entrevista

Alfa Embaló, Régulo de Sonaco

Sessão de Trabalho no ERD de Quinara


Aspecto de um exercício de Gestão de e Tombali
Conflitos com elementos da Comissão Justiça
e Paz

Festejos na intronização do Régulo de Sonaco

Aspecto de um exercício de Gestão de


Conflitos com elementos da Comissão Justiça Aspecto de um exercício de Gestão de
e Paz Conflitos com elementos da Comissão Justiça
e Paz

Festejos na intronização do Régulo de Sonaco

Criança nos festejos da intronização do Festejos na intronização do Régulo de


Régulo Sonaco
Festejos na intronização do Régulo de Sonaco
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Análise da situação das FDS: Os


antecedentes da Reforma
legitimidade histórica conferida
Forças Armadas  Braço armado do  pelo facto de terem estado na
Revolucionárias do Povo PAIGC génese do Estado guineense. Este
(Luta de Libertação Nacional) (Período de Independência  cenário impossibilitou, na
‐ Legitimidade histórica; Nacional) realidade, a sua desejada
separação com o poder político, ao
mesmo tempo que foi permitindo a
solidificação de relações de
influência com todas as Forças
vivas da Nação ao longo do
multipartidarismo.
Não submissão ao poder 
Despartidarização oficial 
político A Guerra de 7 de Junho de 1998
das Forças Armadas
(1991)
‐ Conflito político‐militar; deu início a um novo período no
‐ Golpes de estado, etc. relacionamento entre as FARP e o
poder político, conferindo a estas
Forças uma nova e afirmada
legitimidade, que propende a
sobrepor-se cada vez mais ao
debilitado poder político. Assim, a
submissão das FARP ao poder
Poder político  Reivindicação de regalias, com  político, que tira a sua legitimidade
fragilizado base no seu passado histórico das urnas, sempre foi nominal. Esta
‐ Instabilidade política e  ‐ Disparidades  internas no acesso aos  especificidade torna difícil
governativa; recursos; qualquer tentativa de Reforma do
sector de Defesa e Segurança, pois
põe em choque duas lógicas
diferentes de poder.

Esta problemática complexifica-se


com a questão mal resolvida dos
Tensão e conflitos internos Necessidade de  Combatentes da Liberdade da
‐ Instrumentalização política de  reforma do Sector  Pátria, que reivindicam a
facções; de Defesa e  compensação do seu sacrifício pela
‐ Etnização das relações de influência; Segurança libertação da Nação e pretendem
obter uma solução justa ao abrigo
      da Reforma do sector de Defesa e
Gráfico 1: Poder Militar vs Poder Político Segurança.
Joacine Katar Moreira/Fafali Koudawo

As Forças Armadas Esta característica confere às


Revolucionárias do Povo FARP um lugar particular no
(FARP) têm a particularidade contexto político e social da
de terem sido o braço Guiné-Bissau e uma grande
influência no decurso do país até
armado do Partido Africano
à actualidade - apesar da
para a Independência da desvinculação efectivada com o
Guiné e Cabo Verde (PAIGC), PAIGC em 1991 - na medida em
assim como o braço armado que condicionou várias
do Estado guineense nos intervenções das FARP na
primeiros anos da política, em nome da
Independência do país.
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Reforma
Sector
Defesa e
Segurança
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dignidade;
- Reforçar a participação do
sector de Defesa e Segurança na
Decorre desta situação a
consolidação da segurança sub-
necessidade de reapreciar a
regional;
Reforma do sector de Defesa e
- Implementar uma estratégia
Segurança à luz das lições
nacional e internacional de
retiradas das anteriores
mobilização de recursos para o
tentativas da sua implementação,
investimento na Reforma do
e das dificuldades encontradas na
sector da defesa e segurança;
introdução das mudanças
As sucessivas tentativas de - Associar a sociedade civil e a
preconizadas. Uma das principais
Reforma implementadas nos população em geral à
lições a reter é o carácter
anos 1980 e 1990, assim como implementação da Reforma do
imperativo da participação das
no início da década de 2000, sector de defesa e segurança.
forças militares e policiais no
surtiram por isso poucos
desenho dos contornos das
efeitos. O exemplo da Para a implementação das
mudanças, para que estas sejam
penúltima Reforma estratégias anteriormente
plenamente assumidas e tenham
implementada, o Programa de referidas no trabalho de
hipótese de sucesso.
Desmobilização, Reinserção e Reforma do Sector de Defesa e
Uma abordagem bottom-up da
Reintegração dos ex- Segurança, foram identificados
Reforma, ou seja a partir da
combatentes (PDRRI), que teve os seguintes constrangimentos,
base, torna-se assim imperativa
como pontos fracos as mesmas como sendo os principais focos
devido à pertinência da não
determinantes das anteriores de uma eventual não
exclusão de nenhum dos actores
tentativas de Reforma, teve efectivação da Reforma:
em todo o processo conducente à
como base três questões
sua efectivação, devendo-se
estruturais: - A instabilidade política e
abandonar a perspectiva top-
- Preparação insuficiente das governativa;
down (realizada a partir do topo),
medidas a implementar;
- A má percepção da Reforma erro capital das anteriores
pelas Forças de Defesa a tentativas. Para o efeito, torna-
- Inadequação entre os meios
segurança e pelos Combatentes se imprescindível a efectivação
utilizados e os objectivos
da Liberdade da Pátria ou por de um diálogo que tenha ao
visados;
outros grupos; mesmo tempo objectivos
esclarecedores, pedagógicos e
- Fraca abordagem partici- - As insuficiências de recursos
responsabilizadores para todos os
pativa. financeiros e materiais;
actores (militares, polícias,
- As divisões e conflitos de governo, população, sociedade
A actual abordagem da
geração nas Forças de Defesa e civil, comunidade internacional,
Reforma, baseada no
Segurança; etc.). Uma tal abordagem
documento intitulado
- A pobreza e precariedade ajudaria a criar bases mais
“Reestruturação e Moderni-
generalizada; seguras para o relançamento do
zação do Sector da Defesa e
processo da Reforma do sector de
Segurança”, elaborado em - O crime organizado. Defesa e Segurança.
2006, dá prioridade às
seguintes estratégias: Entre os constrangimentos acima
- Redimensionar as Forças de identificados, a questão da
Defesa e Segurança em função percepção da Reforma merece
das necessidades e reais um particular realce. De facto, a
capacidades económicas do Reforma, por não ter sido
país; devidamente explicada e
- Modernizar o sector de apropriada pelos actores
Defesa e Segurança em função militares e policiais, suscita
da missão republicana reacções negativas que vão do
atribuída pelo governo; receio tácito à oposição aberta,
- Clarificar a situação dos passando pela resistência
Combatentes da Liberdade da passiva e a sabotagem Participação de Salvador Gomes, na 1ª
Pátria e restabelecer a sua consciente. Auscultação feita pela Voz di Paz
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Antigo esquema da Reforma do Sector de


Defesa e Segurança (SDS)

Conceptores Implementadores Destinatários


Comité Técnico  Antigos 
Autoridades Nacionais  Combatentes da 
Nacional 
(Governo, Presidente,  Liberdade da Pátria
Assembleia Nacional 
Popular, Poder Judicial);
Forças de Defesa

Outros Órgãos de 
Soberania Forças de Segurança

Parceiros 
Internacionais

Ausência de  Não  Reforma 


Abordagem  Diálogo entre  apropriação  Bloqueada
Top‐down os diferentes  da Reforma 
Actores pelas FDS e Conflitos

Gráfico 2
Joacine Katar Moreira/Fafali Koudawo

As propostas da Voz di Paz surgem (FDS), em que se podem Este conjunto de factores originou
do difícil contexto bloqueador da identificar os seguintes cenários uma errada percepção da
Reforma do sector de Defesa e como motivos principais do Reforma por alguns actores,
Segurança da Guiné-Bissau, da Bloqueio do processo da Reforma: tendo a Reforma sido entendida
sua dificuldade em superar os como um corpo estranho e
constrangimentos inerentes à - Fraca abordagem participativa; ameaçador do Sector de Defesa e
especificidade das Forças de - Falta de diálogo entre os Segurança.
Defesa e Segurança do país, e em principais actores da Reforma; A Voz di Paz defende por isso a
implementar uma Reforma - Inadequação entre os meios criação de um quadro de diálogo
conducente à sua transformação utilizados e os objectivos visados; permanente entre os diferentes
em forças republicanas. - Preparação insuficiente das actores afectos ao processo da
medidas a implementar; Reforma, com vista à construção
Os esquemas acima disponíveis - Instabilidade política; de uma visão consensual da
são exemplificativos da situação - Má percepção da Reforma pelas Reforma do sector de Defesa e
actual da programa da Reforma Forças de Defesa e Segurança; Segurança, e a fim de garantir as
das Forças de Defesa e Segurança condições básicas para o sucesso
da sua implementação.
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ÁLBUM DA 1ªAUSCULTAÇÃO DOS MILITARES


PELA VOZ DI PAZ - Nov. 2009 e Jan.2010

“Os civis fazem troça dos militares


e insultam-nos. Isto é notório nos
bairros. Chamam-nos de burros,
gentios e matadores…
Os militares são injustiçados talvez
porque não fazem greves como na
educação e saúde costuma
acontecer, mas sentem–se
Base Aérea, militares à saída da
Apresentação de ideia sobre o filme orgulhosos porque sempre que vão restituição
representar o país numa missão,
fazem-no com dignidade e trazem
vitória. Ao contrário dos jogadores
que exigem muitas condições e
nada trazem em troca.”

Apresentação de ideia sobre o filme Base Aérea: Vicente Gomes


“Há majores e coronéis a
pedirem esmola. Com isso não
podemos ter paz… Mas
também há chefes militares
corruptos que recebem
subornos do governo. Assim
não podemos falar de paz.”

Base Aérea: Maria Camala Base Aérea: Saliu Baldé


“Temos pessoas aqui nas Forças
armadas que andam a fazer mal e
a desconfiar dos outros. Vivem
recebendo luvas (sucu di bas) para
encherem as suas barrigas. Por
isso não percebem o que se está a
passar…”

Base Aérea: Quessana Na Buque


Voz di Paz - Fafali Koudawo

“Mostrem ao Governo a
“Kuntangu ku kata iagu na cassete vídeo das nossas
Kansanu na quartel”. conversas. As tropas
(Comer arroz sem nenhum estão doentes e o hospital
molho, e procurar água dá militar não tem
Base Aérea: Sadna Fona
cabo de nós no quartel) ” medicamentos…”
Citações seleccionadas por Filomena Tipote
e Fafali Koudawo
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Esquema da Reforma com base na


Metodologia Participativa da Voz di Paz
 
Conceptores
Voz  di  Paz,  facilitadora  por  excelência  da 
Reforma do Sector de Defesa e Segurança: 
‐ Escuta activa de grupos seleccionados em todas 
as unidades de militares e serviços de polícias; 
‐ Seminários de decisores a nível das instituições 
parceiras  da  Reforma  do  sector  de  Segurança  e 
Defesa; 
‐ Informação sobre o conteúdo da Reforma; 
Destinatários Implementadores
‐ Debates radiofónicos; 
‐ Inquéritos ligeiros sobre as expectativas dos 
actores da Reforma.

Militares

Forças de 
Segurança

Autorida‐
des 
Nacionais

Gráfico 3
População Joacine Katar Moreira/Fafali Koudawo

Parceiros 
do 
Desenvol‐
vimento

À luz das lições retiradas dos dúvidas que penaliza a transformador das relações entre
fracassos das anteriores Reformas compreensão da actual Reforma; todos os actores implicados.
e das dificuldades da actual - Implementação de uma Para  criar  as  condições  de
Reforma do sector de Defesa e abordagem pedagógica que dê sucesso,  far‐se‐á  recurso  à
Segurança, justifica-se a adopção lugar a uma reflexão participativa associação  entre  a  Voz  di  Paz  e
de uma abordagem participativa sobre um assunto de capital outras  instituições  activas  na
que dê uma ênfase particular ao importância nacional;
diálogo com os actores militares e - Apropriação do processo da
promoção  da  Reforma  do  Sector
policiais, governamentais, da Reforma que tem vindo a ser de Defesa e Segurança, com vista
população em geral, da sociedade considerado como um corpo à  criação  de  sinergias  entre  as
civil e dos parceiros estranho ou mesmo ameaçador ao intervenções  em  curso,  com  o
internacionais. sector de Defesa e Segurança; propósito  de  garantir  um
A este diálogo estão inerentes os - Responsabilização de todos os entendimento  consensual  do
seguintes benefícios: actores, permitindo a assunção processo a implementar.
- Dissipação de um invólucro de consensual de um processo
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Sector
Defesa e
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Estratégias da Voz di Paz para garantir


o sucesso da Reforma das FDS
AUSCULTAÇÃO IMPLEMENTAÇÃO MONITORIZAÇÃO CONSOLIDAÇÃO

•Gestão de  •Reabilitação e  •Estabilização •Consolidação


Conflitos Reconstrução

 
 
as Forças de Defesa e Segurança em função das necessidades e reais 
Redimensionar capacidades económicas do país
o sector de Defesa e Segurança em função da missão republicana 
Modernizar atribuída pelo governo
a situação dos Combatentes da Liberdade da Pátria e restabelecer a sua 
Clarificar dignidade
a participação do sector de Defesa e Segurança na consolidação da 
Reforçar segurança sub‐regional;
estratégia nacional e internacional de mobilização de recursos para o 
Implementar investimento na Reforma do sector da defesa e segurança; 
a sociedade civil e a população em geral à implementação da Reforma 
Associar do sector de defesa e segurança

AUSCULTAÇÃO
REFORMA  SUCESSO DA 
PARTICIPAÇÃO
CONSENSUAL REFORMA
# ACTORES

 
 

REINTEGRAÇÃO

REINSERÇÃO

DESMOBILIZAÇÃO Gráfico 4
Joacine Katar Moreira/Fafali Koudawo

A  estratégia  da  Voz  di  Paz  – permanente  e  inclusivo  que do  poder  político  ­  ao  serviço
Iniciativa  para  a  Consolidação garanta  as  condições  de do qual foram criados;  
da  Paz,  consiste  em sucesso  da  Reforma,  através ­  Reduzir  o  divórcio  entre  a
proporcionar  as  seguintes da  criação  de  bases  para  a população e os militares; 
condições  para  o  sucesso  da emergência  de  Forças  de ­  Garantir  um  ambiente
Reforma:  Defesa  e  Segurança propício  à  consolidação  da
­  Criar  um  quadro  de  diálogo republicanas,  respeitadoras paz. 
ECOdadaVVozozdidiPPazaz Boletim
ECO BoletimInformativo
Informativo
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O QUE NOS PROPOMOS FAZER?

- PROJECTO DE PESQUISA-ACÇÃO;
- ACTIVIDADES;
- PUBLICAÇÕES;
PRÉ-CONDIÇÕES DE SUCESSO:

O processo de diálogo a ser implementado requer


algumas pré-condições para ter êxito.
PRINCIPAIS OBJECTIVOS:
Das várias identificadas, destaca-mos as seguintes:
- Facilitar o acesso à informação - Estabilidade política e boa governação;
sobre a Reforma;
- Predisposição do governo e das forças militares e
- Melhorar o diálogo entre as policiais a dialogar sobre a Reforma;
Forças de Defesa e Segurança - Nova abertura da comunidade internacional em
(FDS) e a população; apoiar a Reforma das FDS;
- Promover a participação - Disponibilidade atempada de  meios materiais e
alargada das FDS na delineação financeiros;
dos contornos definitivos da
- Predisposição de todos os parceiros em construir
Reforma;
um consenso em torno dos resultados das
consultas.
- Proporcionar uma
retroinformação aos actores
institucionais da Reforma sobre a
sua percepção

ACTIVIDADES A REALIZAR:

ACTIVIDADE I - Encontros e debates em grupos mistos ou homogéneos sobre o processo da Reforma


do sector de Defesa Segurança a nível central e regional;

ACTIVIDADE II - Emissões rádio-televisivas sobre a Reforma;

ACTIVIDADE III - Vulgarização do processo da Reforma mediante a elaboração de cartazes, bandas


desenhadas, teatro, entre outras actividades de cariz cultural;

ACTIVIDADE IV - Encontros de diálogo entre a população e as Forças de Defesa e Segurança;

ACTIVIDADE V - Encontros de recolha de propostas e soluções para uma Reforma consensualmente


aceite pelos diferentes parceiros (FDS, Governo, Parceiros, etc.);

ACTIVIDADE VI - Difusão de informação sobre o processo da Reforma através da criação de uma


Web page, da publicação de um Boletim Informativo e de uma compilação sobre o processo da
Reforma;

ACTIVIDADE VII- Criação de um Observatório da reestruturação e modernização do sector da


Defesa e segurança.

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Reforma
Sector
Defesa e
Segurança
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Resultados Esperados das Propostas da Voz di Paz


para a Reforma do Sector de
Defesa e Segurança
da Guiné-Bissau
Gráfico 5 FDS devidamente informadas sobre Reforma
Joacine Katar Moreira/Fafali Koudawo
Diálogo entre os diferentes Actores afectos à implementação da 
Reforma do Sector Defesa e Seguerança

Entendimento Comum da Reforma‐ Procura do consenso

Quadro de diálogo regular entre População e as FDS

Implicação das FDS na implementação, revalidação do seguimento da 
Reforma

Maior adequação da Reforma às aspirações das FDS

Governo, Presidente e Parceiros Internacionais informados sobre 
evolução da Reforma

Existência de instrumentos de análise e apoio às decisões sobre o 
processo da Reforma

Publicação regular de informação sobre o processo da Reforma

Criação de um Observatório da Reforma e da condição militar

Escreva para a
      ECO da Voz di Paz envie-nos
os seus artigos, notícias, sugestões,
comentários e fotografias diversas para o
correio electrónico vozdipaz@gmail.com
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FICHA TÉCNICA: Eco da Voz di Paz – Boletim Informativo Proprietário: Voz di Paz - Iniciativa para a
Consolidação da Paz Coordenador: Fafali Koudawo Editora: Joacine Katar Moreira;
Redactores: Fafali Koudawo; Joacine Katar Moreira; Concepção gráfica e fotocomposição: Joacine Katar
Moreira Número: 3 Data: Maio 2010 Local: Guiné-Bissau Periodicidade: Mensal - versão electrónica;
bimestral - versão impressa Tiragem: 1500 exemplares
Parceiro: Interpeace
Financiado pelo Governo da Finlândia

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