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São Paulo
2013
ii
iii
São Paulo
2013
iii
iv
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________________
PROFª. DRª. MARIA CECÍLIA PÉREZ DE SOUZA-E-SILVA
__________________________________________________
PROFª. DRª. ELIANE LOUSADA
__________________________________________________
PROFª DRª LUZIA BUENO
__________________________________________________
PROFª DRª MARA SOPHIA ZANOTTO - Suplente
iv
v
FICHA CATALOGRÁFICA
310 f.
v
6
AGRADECIMENTOS
Meus agradecimentos a todos que compreenderam , incentivaram,
vibraram, apoiaram, persistiram e acreditaram em minha jornada. Sem vocês,
seria impossível.
vi
7
À minha querida orientadora, que nos deixou a intensidade e paixão de viver ...
[...]
Agradecida e agraciada,
quando o circo se armar
serei o riso-criança
que nunca se há de apagar.
em mim.”
vii
8
RESUMO
Esta pesquisa tem como objetivo avaliar a proposta de transposição didática
dos gêneros textuais pela Secretaria de Estado da Educação de São Paulo (SEESP),
a partir do ano de 2008, ao implementar a Nova Proposta Curricular. Mais
especificamente, analisar nos textos de orientação curricular e nos materiais didáticos
elaborados por essa instituição como os gêneros foram transpostos, desde sua
conceituação até o tratamento didático. Consideramos que essa pesquisa está
inserida dentro de duas grandes problemáticas que estão intimamente ligadas: o
ensino de gêneros textuais no Brasil, cujo consenso conceitual tanto do campo
científico quanto didático não está claro, dificultando a compreensão e sua apropriação
pelos envolvidos no processo educacional; e as influências político-econômicas na
seleção dos objetos de ensino e das metodologias adotadas que, ao longo da história
nacional, encararam a educação como um verdadeiro instrumento mercadológico, e
tomam as ferramentas de ensino-aprendizado (materiais didáticos) como suficientes
para a melhoria da qualidade do ensino ofertado. Buscamos, portanto, através dos
aportes teóricos sobre a Transposição Didática (transformações que os
conhecimentos e as práticas sociais sofrem para se tornar ensináveis), desenvolvidos,
primeiramente, por Chevallard (1991), compreendermos as possíveis transformações
que o conhecimento pode sofrer ao ser comunicado através dos textos, acreditando
dessa forma não em uma visão aplicacionista dos conhecimentos, mas dialética em
que o contexto e intertexto influenciam e o moldam. Após compreendermos tais
movimentos transposicionais (ou transformacionais) recorremos aos estudos didáticos
genebrinos, Interacionistas Sociodiscursivos (ISD), que propõem uma transposição
didática coerente com as necessidades da comunidade local, as capacidades já
desenvolvidas pelos alunos e aquelas que a escola determina como importantes de
serem desenvolvidas. Esses estudos além de nos fornecer bases psicológicas e
discursivas que explicam como os processos materiais e simbólicos proporcionam o
desenvolvimento na e pela linguagem, também nos dá o amparo para a análise do
material didático através da própria metodologia de análise de textos ISD
(BRONCKART, 1999) e das concepções elaboradas sobre os Modelos Didáticos (DE
PIETRO, 1996/1997) (SCHNEUWLY & DOLZ, 1997) e Sequências Didáticas (DOLZ,
NOVERRAZ & SCHNEUWLY, 2001), os quais são amplamente divulgados e adotados
em propostas didáticas tanto no Brasil quanto no exterior. O Procedimento
Metodológico utilizado para alcançarmos nossos objetivos, consistiu, primeiramente,
em analisarmos o contexto que foi elaborada a Nova Proposta Curricular, em seguida,
os planos enunciativo e semântico da Proposta Curricular da SEESP, para sabermos
quais são as concepções de linguagem e de aprendizagem adotadas, e os objetivos e
encaminhamentos didáticos determinados para o tratamento do objeto de ensino.
Logo depois, analisamos as dimensões ensináveis dos gêneros textuais trabalhadas
nas atividades didáticas, classificando-as de acordo com as três capacidades de
linguagem (ação, discursiva e linguístico-discursiva), para assim compreendermos
como se deu o tratamento didático e, consequentemente, as transformações típicas do
processo de transposição didática. Os resultados que obtivemos com esses
procedimentos foi que o conceito de gênero textual não foi discutido no texto da Nova
Proposta Curricular, dificultando, dessa forma, a compreensão de seus principais
destinatários, os professores, do próprio objeto de ensino. Quanto ao ensino de
gêneros proposto, não contemplou o objetivo e os encaminhamentos didáticos
estipulados a princípio, além de não trabalharem progressivamente as dimensões
ensináveis ao longo das séries do Ensino Médio, apresentando problemas no
processo de transposição didática.
ABSTRACT
ix
10
SUMÁRIO
I – INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................................... 1
IV – TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA................................................................................................................................ 77
4.1 Os Estudos sobre Transposição Didática................................................................................................................ 77
4.2 Uma possível reformulação da compreensão da problemática sobre Transposição .............................................. 83
4.2.1 As transformações dos conhecimentos para fins didáticos e os problemas da TD........................................... 87
4.2.1.1 Transposição Didática Externa (TDE)........................................................................................................... 88
4.2.1.2 Transposição Didática Interna (TDI)............................................................................................................. 93
x
11
ANEXOS I - Páginas analisadas do documento: “Proposta Curricular do Estado de São Paulo de Língua Portuguesa –
Ensino Fundamental – ciclo II e Ensino Médio”................................................................................................................... 208
xi
12
LISTA DE QUADROS
LISTA DE ESQUEMAS
xii
13
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE GRÁFICOS
xiii
1
I – INTRODUÇÃO
1
Linha do tempo das ações do governo do estado de São Paulo para a aplicação da Nova Proposta Curricular:
http://www.rededosaber.sp.gov.br/portais/Default.aspx?alias=www.rededosaber.sp.gov.br/portais/spfe2009
6
uma elite com acesso ao Ensino Superior; ora suprir a deficiência na formação
do professor e assim por diante.
A transição dos anos 1970 para os anos 1980 foi um tanto quanto
caótica para a educação em geral, visto as mudanças no cenário político-
econômico nacional. O ensino de língua materna foi marcado, nesse momento,
por uma grande crítica da sociedade e da Academia, pois o nível de
proficiência dos alunos, quanto ao uso da linguagem, era alarmante. Os alunos
do ensino fundamental não sabiam ler e escrever como deveriam e os alunos
do ensino médio não se expressavam corretamente, traduzindo, portanto, uma
crise no ensino da língua materna.
Assim como frisa Rojo & Bastista (2008), mesmo com o aumento das
pesquisas que têm como objeto de análise os livros didáticos, estas ainda não
expressam uma representatividade dentre os estudos nas áreas das ciências
da linguagem e educação. Segundo elas, ainda é frágil a institucionalização
desse tipo de pesquisa que pode ser justificado pelo baixo interesse dos
próprios orientadores e, também, pela pouca importância dada em congressos
e demais eventos, por exemplo. As pesquisas desenvolvidas são, em sua
maioria, dissertações que não têm continuidade em teses. Dessa forma,
mesmo sendo reconhecida a necessidade de uma “vigilância” das propostas
didáticas para o ensino de Língua Portuguesa – dos gêneros textuais – de
acordo com as autoras, ainda são poucos os esforços para que de fato isso
ocorra de forma expressiva dentre as pesquisas nas diferentes áreas de
conhecimento.
No entanto, mesmo com o apontamento feito por Rojo & Bastista (2008),
podemos encontrar estudos preocupados com o ensino de Língua Materna nos
livros didáticos, que verificam como esse ensino é proposto e como o objeto de
27
Ao contrário das antigas práticas, ou das atuais, como pudemos ver com
os estudos discutidos anteriormente, não se busca mais dar os conceitos
gramaticais, mas, com as práticas, levar o aluno a intuir tais conceitos através
do uso. No entanto, como afirma Rangel (2001) tal intuição deve ser
desenvolvida através de uma metalinguagem explicitada e sistematizada.
Friedrich (2012) conclui sobre o estatuto dos IP, afirmando que eles
devem ser analisados como oriundos de e portadores, neles mesmos, das
relações sociais bem específicas que se reconstituem no interior do sujeito.
Dessa forma, as leis do pensamento não são mais, após a apropriação dos IP,
naturais, mas sociais.
INSTRUMENTO PSICOLÓGICO
Esquema(s) de Artefato
utilização Material ou
simbólico
Esquema(s) de Artefato
utilização Material ou
simbólico
Sujeitos Situação
b) O pensamento humano;
norma culta. Segundo a autora, apostilas e livros didáticos que difundem tal
abordagem apresentam exercícios mecânicos, tais como: atividades de seguir
modelo, de múltipla escolha e/ou completar lacunas.
A concepção de linguagem como interação é a forma de entendê-la em
seu trabalho coletivo e em sua natureza sócio-histórica. É na interação pela
linguagem que cada indivíduo torna-se ator de sua ação, em busca de precisos
objetivos que são “processados” pelos pares em um papel também ativo, uma
visão da linguagem em sua dimensão dialógica, no sentido mais amplo do
termo. De acordo com Travaglia (1996), a compreensão da linguagem como
interação recebeu contribuições de várias áreas de estudos mais recentes que
a analisam em seu uso: a Teoria da Enunciação de Benveniste, a Pragmática,
a Semântica Argumentativa, a Análise da Conversação, a Análise do Discurso,
a Linguística Textual, a Sociolinguística, e a Enunciação Dialógica de Bakhtin.
Segundo Koch (2003), a compreensão do sujeito por essa abordagem não
é só aquele que transmite informações ou exterioriza pensamentos, mas que
age, é ator de suas ações e interage com os pares da comunicação. Ele
reproduz a ação social na medida em que participa ativamente da situação da
definição da situação, ao mesmo tempo em que contribui para a atualização
das imagens e representações sociais. Em comparação aos sujeitos
defendidos pelas visões de linguagem representacionalista e de instrumento de
comunicação, o sujeito interativo não pode ser considerado nem como
totalmente livre dos fatores externos, nem determinado totalmente por eles,
mas constituído e construtor do social em uma relação dialética.
Quanto ao texto, nessa concepção, é o próprio lugar de interação, pois
encena a relação com o outro, já que os discursos não provêm de um sujeito
único, fonte dos sentidos. A compreensão por sua vez, é uma atividade
interativa de produção de sentidos, sendo isso possível tomando como base os
elementos linguísticos, a mobilização de um vasto conjunto de saberes e a sua
reconstrução no interior da comunicação. O sentido é, portanto, construído na
interação e não pré-existente a ela. (KOCH, 2003)
Tal abordagem foi defendida pelos PCNs de 1998 que ainda guia o ensino
de Língua Portuguesa. A partir dessa adoção, o ensino foi orientado para a
priorização do objeto de ensino ser os textos em seus diferentes gêneros
48
O receptor: a (ou as) pessoa (s) que pode (m) perceber (ou receber)
concretamente o texto. (Bronckart, 2007: 93)
dos projetos deveram-se às instruções dadas e aos textos discutidos nas aulas
no curso.
IV – TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA
Invenção do Conhecimento
Exposição Científica
Exposição Educativa
ideia do pesquisador era, portanto, defender que “Um saber não é retirado
impunemente do campo em que foi concebido...” (HALTÉ, 2008: 117)
Sistema Educacional
Sistema de Ensino
Instrumento
Objetivo: Criar um meio que
possibilite a aprendizagem e o
Outrem: alunos, pais,
desenvolvimento de determinadas
coordenadores, etc
capacidades de linguagem
86
dentre eles Schneuwly (2009) que propõe uma discussão mais coerente ao
nosso objetivo de pesquisa, uma vez que considera os movimentos
transposicionais sob uma perspectiva interacionista-social da construção dos
conhecimentos.
1) Conhecimentos Científicos;
Contexto sócio-histórico
Despersonalização
- Interesses sociais
Conhecimento
- Legitimidade científica
Científico
- Necessidade político-econômica
Autonomização
Dogmatização
Compartimentalização
Objeto de
Ensino
92
- A relação entre as pessoas envolvidas, visto que elas estão dentro de uma
situação institucional, seguindo suas regras. O professor, profissional
assalariado, que trabalha para a transformação das capacidades de agir dos
alunos, que está no papel de representante dos saberes (já que os domina
antes dos alunos), que os manipula a fim de torná-los ensináveis. O aluno que
se propõe, ou lhe é proposto, um trabalho produtivo, em um espaço-tempo
definido, precisamente, para o aprendizado;
94
As práticas sociais, por sua vez, assim como os saberes científicos são
transpostas para ganharem o estatuto de objetos didáticos e, também, são
transformadas nesse processo. Por não poderem aparecer como tal no campo
escolar, são construídos modelos das práticas, sendo esses assimiláveis e
passíveis de mecanismos de transposição (HALTÉ, 2008). Um exemplo dessa
impossibilidade de reprodução autêntica das práticas sociais no ambiente
escolar é a transposição de um modelo de laboratório químico dentro de uma
escola. Esse pode dispor de uma bancada, de tubos de ensaio, de jalecos, de
materiais químicos, elementos típicos de um laboratório, mas não será o
mesmo que uma grande indústria química possui. A reprodução dos espaços,
dos profissionais, das significações de ações desses profissionais, não poderão
ser transpostas, pois são características daquela prática social em particular,
ou seja, as práticas sociais não podem ser reproduzidas em suas totalidades
materiais e simbólicas.
1) Apresentação do estímulo;
2) O aluno reage;
3) A resposta é comparada com a certa;
4) A resposta correta é recompensada;
5) Nova informação
107
VI – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
3º Seleção dos enunciados cuja função sintática do sujeito era ocupada por tais
expressões, buscando compreender o que se enuncia sobre tais conceitos e,
assim, chegarmos às concepções de linguagem e aprendizagem defendidas
pelos elaboradores da proposta curricular da SEESP para o ensino de gêneros
textuais.
partes principais, como elas se relacionam, etc. Para nortear esta parte da
análise dos dados, nos baseamos nas seguintes perguntas:
2) Infra-Estrutura organizacional;
Enunciado 1: “Desejamos formar nossos alunos para o mundo do conhecimento por meio da
linguagem.” (pag.41)
Enunciado 4: “No ensino das disciplinas da área, deve-se levar em conta, em primeiro lugar,
que os alunos se apropriam mais facilmente do conhecimento quando ele é contextualizado, ou
seja, quando faz sentido dentro de um encadeamento de informações, conceitos e atividades.
Dados, informações, idéias e teorias não podem ser apresentados de maneira estanque,
separados de suas condições de produção, do tipo de sociedade em que são gerados e
recebidos, de sua relação com outros conhecimentos.” (pag. 39)
produção não podendo, dessa forma, serem tratados sem levar em conta as
relações que estabelecem com ele.
Enunciado 7: “Para o trabalho com gêneros textuais torna-se necessário compreender tanto
as características estruturais de determinado texto (ou seja, como ele é feito) como as
condições sociais de produção e recepção, para refletir sobre sua adequação e funcionalidade.
(pag. 43)
Enunciado 8: “É necessário saber lidar com os textos nas diversas situações de interação
social.” (pag 43)
Podendo partir das regras frasais para os enunciados concretos e, também, dos
enunciados que circulam, efetivamente, no cotidiano;
textos
prévio do que seja esse objeto, já que explicações são dispensáveis. Não há,
portanto, como identificado por Machado & Bronckart (2005) nos PCNs, um
não consenso do que vem a ser os gêneros textuais
(MACHADO&BRONCKART, 2005), mas a ideia do oposto.
Enunciado 10: “As linguagens são sistemas simbólicos, com os quais recortamos e
representamos o que está em nosso exterior, em nosso interior e na relação entre esses
âmbitos...” (pag 16)
Enunciado 14: “...As linguagens são sistemas simbólicos, [...] é com eles também que nos
comunicamos com os nossos iguais e expressamos nossa articulação com o mundo.” (pag 16)
Enunciado 15: “...o domínio das linguagens representa um primordial elemento para a
conquista da autonomia, sendo a chave para o acesso a informações e permitindo a
comunicação de idéias, a expressão de sentimentos e o diálogo, necessários à negociação dos
significados e à aprendizagem continuada.” (pag 18)
Enunciado 16: “ A prioridade das linguagens no currículo da educação básica tem como
fundamento a centralidade da linguagem no desenvolvimento da criança e do adolescente.”
(pag 17)
Enunciado 17: “E é na adolescência, como vimos, que a linguagem adquire essa qualidade
de instrumento para compreender e agir sobre o mundo real.” (Pag 16)
Enunciado 18: “A linguagem não é apenas uma forma de representação, como expressam,
por seus limites, as crianças. Mais do que isso, ela é uma forma de compreensão e ação sobre
o mundo.” (pag 17)
Enunciado 19: “...graças à linguagem, agora constituída como forma de pensar e agir...” (pag
17)
Enunciado 21: “... as linguagens são meios para o conhecimento.” (pag 37)
Enunciado 22: “O ser humano é um ser de linguagens, as quais são tanto meios de produção
da cultura quanto parte fundamental da cultura humana.” (pag 38)
Enunciado 25: “Um currículo referido a competências supõe que se aceite o desafio de
promover os conhecimentos próprios de cada disciplina articuladamente às competências e
habilidades do aluno. É com essas competências e habilidades que ele contará para fazer sua
leitura crítica do mundo, para compreendê-lo e propor explicações, para defender suas idéias e
compartilhar novas e melhores formas de ser, na complexidade em que hoje isso é requerido.
É com elas que, em síntese, ele poderá enfrentar problemas e agir de modo coerente em favor
das múltiplas possibilidades de solução ou gestão.” (pag. 14)
Vemos nos quadros que houve, nas três séries, o trabalho com três
dimensões ensináveis. A Discussão das Representações do Conteúdo
Temático, tanto pelo levantamento daquelas que o aluno já tem desenvolvidas,
quanto àquelas que o material propõe para discussão. Um exemplo desse
trabalho segue na imagem abaixo de uma atividade do Caderno do Aluno da 1ª
série, Volume I, página 33:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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de 20 de dezembro de 1996.
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2001
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328
SALLES, F. & FIDÉLIS, S. Estado, mercado e escola, na década de 90, no Brasil. In:
Revista HISTEDBR On-line. nº21. p. 171-179. Campinas. 2006
207
SILVA, C. (org). Banco Mundial em foco: um ensaio sobre sua atuação na educação
brasileira e na América Latina. In: A concepção do Banco Mundial sobre a
educação. SILVA, C. (org) Ação Educativa. 1996
VALLE, Bertha de Borjas Reis do. Políticas Públicas em Educação. IESD-Brasil AS.
Curitiba. 2009
ANEXOS I
Páginas 8 a 20
sem exceção. Por isso optou-se por construir a unidade com ênfase no que é
indispensável que todos tenham aprendido ao final do processo, considerando a
diversidade. Todos têm direito de construir, ao longo de sua escolaridade, um conjunto
básico de competências, definido pela lei. Este é o direito básico, mas a escola deverá
ser tão diversa quanto são os pontos de partida das crianças que recebe. Assim, será
possível garantir igualdade de oportunidades, diversidade de tratamento e unidade de
resultados. Quando os pontos de partida são diferentes, é preciso tratar
diferentemente os desiguais para garantir a todos uma base comum.
Pensar o currículo no tempo atual é viver uma transição, na qual, como em
toda transição, traços do velho e do novo se mesclam nas práticas cotidianas. É
comum que o professor, quando formula o seu plano de trabalho, indique o que vai
ensinar e não o que o aluno vai aprender. E é compreensível nesse caso que, ao final
do ano, tendo cumprido seu plano, ele afirme, diante do fracasso do aluno, que fez sua
parte, ensinando, e que foi o aluno que não aprendeu.
A transição da cultura do ensino para a da aprendizagem não é individual.
A escola deve fazê-la coletivamente, tendo à frente seus gestores para capacitar os
professores em seu dia-a-dia, a fim de que todos se apropriem dessa mudança de
foco. Cabe às instâncias condutoras da política educacional nos estados e nos
municípios elaborar, a partir das Diretrizes e dos Parâmetros Nacionais, Propostas
Curriculares próprias e específicas, prover os recursos humanos, técnicos e didáticos
para que as escolas, em seu projeto pedagógico, estabeleçam os planos de trabalho
que, por sua vez, farão das propostas currículos em ação – como no presente esforço
desta Secretaria.
Páginas 37 a 44
Texto 1
Maria, Eu vô chegá tardi in casa ogi pruque o patrãum avisô que vo percisá fasê
hora eistra.
Texto 2
Maria, Provavelmente chegarei tarde à casa hoje porque fui informado de que
precisarei fazer hora extra.
Texto 3
patrão, podré no Maria extra informado à precisarei today porque fui pelo boss chez
moi de que temprano fazer hora chegar.
importância do letramento, em função das relações que cada sujeito mantém em seu
meio.
Para o trabalho com gêneros textuais torna-se necessário compreender tanto
as características estruturais de determinado texto (ou seja, como ele é feito) como as
condições sociais de produção e recepção, para refletir sobre sua adequação e
funcionalidade. Por exemplo, falar de curriculum vitae, na escola não pode ser
separado do campo da atividade “trabalho”, o que nos leva a pensar tanto em outros
gêneros de discurso associados “entrevista de emprego”, “anúncio de jornal” etc.,
quanto nas questões sociais de desemprego, primeiro emprego e competitividade no
mundo do trabalho.
Centrar o ensino de Língua Portuguesa no texto requer o desenvolvimento de
habilidades que ultrapassam uma visão reducionista dos fenômenos lingüístico e
literário.
Para muitos, falar de literatura é apenas dividir opiniões entre um “eu gosto” e
um “eu não gosto”. E parou aí. É muito comum, o aluno não saber fundamentar o
porquê da sua opinião sobre um determinado texto literário. Também ocorre de o
professor, diante dessa situação, não saber o que fazer. Então o texto ou vira exemplo
da história da literatura com a pergunta “A que escola pertence? Quais as
características?” ou vira exemplo de exercício gramatical ou exercício de localização
de informações, do tipo „qual a cor do cavalo branco do herói?”. Ou, pior, não vira
nada, ficando apenas no „gostou‟ ou „não gostou‟”.
Os textos verbais fazem uso de estruturas gramaticais, é verdade. Muitos
desses textos necessitam da gramática normativa para a sua correta organização na
sociedade. No entanto, a frase é parte menor do texto e como o todo é maior que a
soma das partes, estudar a frase, mesmo que incorporando esse estudo ao texto, não
responde a todas as necessidades daquele que faz uso da língua nas mais diversas
situações. Há estruturas que surgem das relações entre as frases, entre os parágrafos
e, até, entre os textos que a gramática tradicional não dá conta e tais estruturas
merecem abordagem no cotidiano escolar. Além disso, há o aspecto social da língua
que, como organismo vivo e pulsante, se transforma a toda hora e relaciona os textos,
literários ou não, com o momento de produção e de leitura.
Em suma, é importante que a atividade de língua portuguesa evite que o aluno
se sinta um estrangeiro ao utilizar-se de sua própria língua e das literaturas que essa
língua produziu.
Referências bibliográficas
Páginas 59 a 60
ANEXOS II
Atividades Didáticas do Gênero Poema
226
Situação de Aprendizagem 3 – 34
263