Dorval Roncaglio1
Mara Flatau de Oliveira2
Resumo
Este artigo visa realizar uma pesquisa bibliográfica de caráter exploratório que estimule a
compreensão do leitor quanto ao papel do professor do século XXI, frente às novas
tecnologias que estão mudando os rumos das instituições educacionais e também da educação
de um modo geral. Buscaremos neste trabalho apresentar os impactos e os desafios que as
tecnologias digitais estão proporcionando na área educacional e, principalmente, qual o papel
do professor diante dessas novas tecnologias que estão adentrando nas ―salas de aula do novo
milênio‖.
Abstract
This article aims to carry out an exploratory bibliographical research that stimulates the
reader's understanding of the role of the teacher of the 21st century, in face of new
technologies that are changing the direction of educational institutions and of education in
general. We will try to present the impacts and challenges that digital technologies are
providing in the educational area, and especially the role of the teacher in face of these new
technologies that are entering the "classrooms of the new millennium".
1
Pós-Graduando em Administração Escolar, Supervisão e Orientação. Centro Universitário Leonardo Da Vinci-
Uniasselvi. E-mail: zinho87@gmail.com
2
Graduada em Pedagogia. Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC. E-mail: maraflatau@gmail.com
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1 INTRODUÇÃO
Quando James Paul Gee afirma que as ferramentas tecnologias não nos tornarão mais
inteligentes por elas mesmas, entendo que ele está coberto de razão, pois ainda sim
precisaríamos de um intermediário entre a tecnologia e o aluno que possa filtrar essas
informações para um melhor aprendizado.
Com o surgimento das mais diversas tecnologias e seu uso com tamanha intensidade
pelas pessoas nos dias atuais, um grande desafio se forma para as instituições educacionais,
gestores e principalmente para os educadores que estão na linha de frente e tem um papel
importantíssimo frente a esse tema.
Faz-se necessário lembrar que atualmente não cabe mais aquele tipo de aula rígida e
engessada, centralizada somente na figura de apenas uma pessoa, ou seja, o professor. Na
―Era Digital‖ é fundamental conciliar, combinar, unir e até harmonizar a educação e as
tecnologias digitais. Com o acesso muito mais facilitado a ―web‖ e redes de computadores, o
docente deve ser alguém não apenas que detenha os conhecimentos e os repasse aos discentes,
mas que os ensine a pensar, criar e inovar.
Diante dessa situação podemos fazer alguns questionamentos que são bem pertinentes,
dada à importância do tema. Os professores nos dias atuais estão se preparando para esses
novos desafios tecnológicos que estarão cada vez mais presentes nas salas de aula? Será
possível usar nas salas de aula as mesmas tecnologias que os próprios alunos usam
frequentemente durante suas horas de lazer? Os professores serão capazes de aliar a
tecnologia existente atualmente no processo de ensino-aprendizagem dos discentes? Essas
serão questões cada vez mais debatidas nos congressos de educação, palestras e cursos da área
esse trabalho visa compreender qual o papel de professor na ―Era Digital‖.
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Certamente você, caro leitor, já deve ter ouvido falar: ―Os alunos são digitais e os
professores são analógicos‖. Bem, os alunos são digitais, pois nasceram numa época de
grande avanço tecnológico global e naturalmente que o uso da tecnologia se tornou frequente
mesmo antes de conseguir dar os primeiros passos. Já grande parte dos professores, que
convivem com os alunos ditos digitais, provavelmente tinham como tecnologia uma televisão
sem cores ou o rádio a pilha. Também você já deve ter ouvido, ou até mesmo dito a frase em
algum momento da sua vida: ―Escolas do século XIX, professores do século XX e alunos do
século XXI‖. Nunca frases como estas mencionadas anteriormente fizeram tanto sentido para
a educação.
Realmente, o que mais vemos acontecendo hoje nas salas de aula são professores
usando metodologias ultrapassadas para lecionar e isso já não contribui mais para o processo
de ensino-aprendizagem dos discentes do século XXI. Lembrando que isso não é uma crítica
ao educador, apenas a constatação de fatos, que acontecem pelos mais diversos motivos na
qual abordarei mais adiante neste artigo.
Num quadro de intenso processo de globalização como o que se vive neste início de
século, em que as forças de mudança influenciam significativas reconceitualizações a vários
níveis, educar é cada vez mais uma tarefa exigente e de enorme responsabilidade que requer
equilíbrio e coerência entre orientação formativa, procedimentos pedagógicos adotados e
expectativas dos implicados no processo. Levar esta tarefa a bom porto exige, da parte do
professor, reunir um conjunto de saberes e competências que lhe permitam a construção de
um ensino de qualidade, entendido este, como um ensino capaz de atender às exigências da
contemporaneidade, marcada pela multiculturalidade, complexidade, constante avanço
científico e processos de permanente mudança. O século XXI evidencia por isso, a
importância, cada vez maior, da formação pessoal e profissional dos professores, para que
estes possam pela sua competência e fatores pessoais, associados a níveis de rendimento e
desempenho elevados, contribuir para uma educação que leve o aluno a pensar, a refletir, a
formar conceitos, ao discernimento e a terem capacidade para aplicar o que foi elaborado para
alterar a sua própria realidade, visando a inserção e o crescimento, isto é, indivíduos capazes
de no futuro ajudarem a conduzir com sucesso os destinos do país. (CUNHA, 2009)
Em entrevista para revista ―VEJA‖, de autoria de Bianca Bibiano (2014), Mota, ao ser
questionado sobre que tipo de transformação ele vê para as escolas, responde: ―O modelo de
escola que conhecemos hoje será completamente extinto. O papel do professor, também. Ele
poderá até receber outra denominação, como ―designer educacional‖, um profissional
dedicado à organização de conteúdo. Mas ele não poderá fazer essa tarefa sozinho: o processo
de ensino e aprendizado será cada vez mais coletivo. O designer educacional de física que se
propuser a colocar o conteúdo de aula em uma plataforma on-line contará com ajuda de gente
que saiba usar a plataforma, alguém que entenda de design, usabilidade e ferramentas no
ambiente virtual. Não será uma pessoa só, vai ser um time. No começo do processo de
mudança, provavelmente ainda contaremos com um professor clássico, que domina o
conteúdo de uma disciplina. Mas ao lado dele, veremos um menino de 14 anos, responsável
por fazer a interface gráfica da plataforma. É um fenômeno que já está acontecendo: as
grandes funcionalidades dos portais educacionais são desenvolvidas hoje por jovens que
dominam os sistemas digitais graças à afinidade que possuem com o universo dos games. Se
resolver ficar sozinho, o professor perderá essa corrida. ‖
―Grande parte dos jovens já aprende parte do conteúdo escolar em canais que não
dependem da escola. Os alunos já podem estudar em casa e até obter diploma pela
internet. Mas muitos professores ainda não perceberam esse movimento: serão
engolidos pela tecnologia e perderão a atenção dos estudantes. Não é o fim da
escola, mas uma chance que se apresenta para aqueles alunos que não aguentam
permanecer em sala de aula e que procuram mecanismos alternativos para adquirir o
próprio conhecimento. Há muitos adolescentes criativos, que serão profissionais
muito competentes e que simplesmente vivem em conflito com a escola. É um
processo que vai acontecer cada vez mais. Até pouco tempo, existia um conflito do
professor, que era alguém não digital, com o aluno, um nativo digital. Já estamos na
fase seguinte, do não diálogo. As crianças já chegaram a uma etapa em que abstraem
o conflito e simplesmente aprendem por conta própria, independente da escola. Seria
um erro concluir que a escola não é mais importante. Ela é, mas desde que
reconheça a existência do novo processo e que saiba se inserir nessa realidade. Se a
escola entender isso como um confronto, vai perder. ‖ (MOTA, 2014 apud
BIBIANO, 2014)
Assim, somos capazes dizer que o ―professor do século XXI‖ tem e terá um papel
muito mais de mediador no processo de ensino-aprendizado e não mais o detentor único do
conhecimento. Com a infinidade de informações que a tecnologia proporcionará aos
educandos, caberá ao docente transformar toda essa informação em conhecimento para formar
cidadãos críticos e formadores de opinião.
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Fontoura (2018) diz que nesse cenário a busca por novas formas de explorar os
recursos tecnológicos depende da iniciativa do próprio professor. Trujillo (2018) apud
Fontoura (2018), afirma que a própria instituição educacional pode ajudar a reverter o quadro
apoiando o docente. ―É necessário que a equipe pedagógica tenha um especialista em
tecnologia educacional. Esse é um novo profissional de extrema importância‖, afirma.
―Essa rejeição acontece, muitas vezes, por causa da falta de conhecimento dos
próprios educadores, sobre como utilizar as tecnologias para adquirir praticidade no
processo de ensino e aprendizagem. E agora, entramos no conflito de muitos
professores: o medo do novo. Medo de ser substituído pelas novas tecnologias e pela
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Talvez a palavra certa para a ocasião não seja o ―medo‖, mas sim a ―insegurança‖ que
essas novas tecnologias trazem para o ambiente escolar, gestores e professores.
Uma pesquisa inédita realizada com a iniciativa do movimento ―Todos Pela educação‖
além de vários outros parceiros e contou com a participação 4 mil professores da rede pública,
mostra os desafios que educadores enfrentam em relação ao uso de tecnologia digital em sala
de aula. Segundo o próprio site desse movimento, o resultado do estudo ―O que pensam os
professores brasileiros sobre a tecnologia digital em sala de aula‖ foram coletados através de
entrevistas por telefone e plataforma online e foram ponderados de acordo com a distribuição
de docentes segundo dados do Censo de Educação Básica 2015 do INEP. Esse estudo foi
realizado pelo Instituto de Pesquisas DataFolha e pela consultoria Din4mo.
Fazendo uma conexão com os impactos para a própria formação docente, 96% dos
entrevistados acreditam que, com o uso da tecnologia, suas habilidades como docente se
ampliam.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
É notório que a concepção de ensino como simples difusão de conteúdos vai perder
espaço para as novidades metodológicas digitais que ajudam no desenvolvimento das
competências dos estudantes, e torná-los cidadãos mais críticos e independentes. No entanto
não podemos esquecer que ainda sim a base primordial, essencial e imprescindível da
qualidade no processo educativo é atribuição exclusiva do educador, que será o responsável
direto por aliar à tecnologia digital a educação dos estudantes.
REFERÊNCIAS
CUNHA, Maria José dos Santos. Formação de Professores: Um Desafio para o Século
XXI. Actas do X Congresso Internacional Galego-Português de Psicopedagogia. Braga,
Portugal. Universidade do Minho, 2009. Disponível em:<
http://www.educacion.udc.es/grupos/gipdae/documentos/congreso/xcongreso/pdfs/t3/t3c73.pd
f> Acesso em: 17/09/2018.
BIBIANO, Bianca. Para Professores e Escolas, é Mudar ou Morrer. Revista Veja. Editora
Abril. São Paulo, SP. 2014. Disponível em:< https://veja.abril.com.br/educacao/para-
professores-e-escolas-e-mudar-ou-morrer-diz-estudioso/> Acesso em: 22/09/2018.
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