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XXII Semana de Teologia | Simpósio Internacional de Mariologia | Maria no Mistério de Cristo e da Igreja
Recife, 10 a 12 de maio de 2017
Introdução
2014, p.33.
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O maniqueísmo teve sua origem com o persa Mani, que nasceu por volta
de 216 d.C. Mani, proclamou-se paráclito, isto é, aquele que deveria trazer a
doutrina cristã à sua perfeição. Essa seita esteve presente principalmente na Pérsia,
Egito, Síria, África do Norte e Itália. A base da religião maniqueísta foi a
racionalidade, o materialismo e o dualismo ao que diz respeito ao entendimento de
bem e mal. A teoria dualista, afirma a existência de duas naturezas ou substâncias,
uma conhecida como o bem e a outra como o mal, que existem desde sempre e que
se mesclam. O bem está ligado ao Reino da Luz, esse é reino de Deus. Já o mal ao
Reino das Trevas.
O envolvimento de Santo Agostinho com os maniqueus deu-se em função
de suas dúvidas, inclusive em relação ao problema do mal.
Para os maniqueístas, o homem pratica o mal, pois tem uma natureza má.
Essa natureza má o afasta do bem. Se o homem possui duas naturezas,
consequentemente, não pode ser totalmente livre, pois possui uma
inclinação para o mal. Quando o mal se mistura com o bem, quando as
duas naturezas se mesclam, o pecado pode acontecer. No entanto o bem
não é responsável pelo mal. É natural no homem o mal, deste modo, ele
não é culpado disso, pois ele não possui liberdade no que se refere ao mal.9
O maniqueísmo aparentemente reunia os dois elementos que Agostinho
tanto buscava. Primeiro, o apreço à sabedoria. Em segundo, o nome de Cristo,
apresentando-se como uma religião cristã, ou melhor, o ‘verdadeiro’ cristianismo10.
Agostinho nunca foi um maniqueu convicto, sempre se manteve
desconfiado, e tal desconfiança só fazia aumentar a partir da leitura das ciências
gregas onde encontrou pontos de embaraço com a doutrina maniqueísta.11 O bispo
de Hipona resolve então abandonar a seita dos maniqueus após quase nove anos
associado. Seu afastamento definitivo se deu por não encontrar respostas
satisfatórias mesmo depois do diálogo com Fausto, bispo dos maniqueístas, por não
9 AGOSTINHO, Santo. Reflexões e Estudos. Org. Pedro Gilberto da Silva Leite Junior, Lucas Duarte
da Silva. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2014, p. 294.
10 COSTA, Marcos Roberto Nunes. 10 lições sobre sobre Santos Agostinho. 4ª ed. Petrópolis:
A avidez, com que durante tanto tempo esperei por aquele homem, era
satisfeita agora pelo calor e animação de sua dialética, e por suas palavras
tão bem escolhidas e que lhe ocorriam com facilidade para revestir seu
pensamento. Eu estava encantado, e, como muitos outros, ou antes, mais
do que muitos outros, eu o louvava e exaltava. Todavia, aborrecia-me o fato
de não conseguir, entre a multidão de ouvintes, comunicar-lhe as
dificuldades que me angustiavam, compartilhando-as familiarmente com ele,
ouvindo respondendo a seus argumentos. Quando, finalmentem e me foi
possível, com alguns amigos, fazer que ele me escutasse num momento
oportuno, então lhe apresentei algumas dificuldades que me perturbavam.
Descobri logo que ele nada entendia das disciplinas liberais, com exceção
da gramática, da qual conhecia apenas o corriqueiro. Tinha lido alguns
discursos de Cícero, pouquíssimas obras de Sêneca, algumas obras de
poetas, e umas poucas, de seus correligionários, escritas em latim mais
cuidado.12
Algumas das dúvidas maniquéias que lhe consumiam eram: Qual a
origem do mal? Deus era limitado por sua forma corpórea, tinha cabelo e unhas?
“Mas levava ainda consigo alguns princípios metodológicos dos maniqueístas como
o racionalismo, o materialismo e o dualismo (corpo e alma). Para os maniqueus
Deus é luz, um ente corpóreo e as almas são partículas desta luz divina”13.
18 COSTA, Marcos Roberto Nunes. 10 lições sobre sobre Santos Agostinho. 4ª ed. Petrópolis:
Vozes, 2014, p. 35.
19 COSTA, 2014, p. 35.
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Considerações finais
Referências
COSTA, Marcos Roberto Nunes. 10 lições sobre sobre Santos Agostinho. 4ª ed.
Petrópolis: Vozes, 2014.
MECONI, Vicenti; STRUMP, Eleonore. Agostinho. São Paulo: Ideas e Letras, 2016.