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DISCURSO DIRECTO

João Barbosa - Eu Tenho Três Amores


2007-11-16
Nasceu em Lisboa, onde vive com três gatas. O vinho e a gastronomia são
paixões assumidas deste homem da comunicação, das letras, das artes e da
heráldica.
Fala das suas três bichanas como quem conta travessuras dos filhos mais
novos e com o mesmo brilho nos olhos que um bom tinto lhe suscita.
À Animalia conta, em discurso directo, os porquês desta relação sólida.
João, o infotocopiável

Nasci em Lisboa, na Freguesia do Campo Grande há 37 anos. Respondo pelo nome


de João Barbosa e fui jornalista durante 17 anos, hoje sou consultor de comunicação.
Vivo em Lisboa porque, acho, não conseguiria viver em mais parte nenhuma, embora
tenha no coração Colónia e Edimburgo.
Acho que sou um «pai» babado das minhas gatas, pois todos os dias conto à família,
amigos e colegas as novas aventuras do trio que vive lá em casa. Na verdade, a culpa
é delas, que são muito divertidas.

Os prazeres da mesa e o vinho são duas paixões muito grandes. Quando janto fora
gosto de comer bem e detesto comer mal. Não me importo de pagar bom dinheiro por
uma refeição desde que seja boa. O mesmo se passa com o vinho: detesto beber mal.
Como comida e vinho fazem parte do mesmo universo, não me passa pela cabeça
pedir um vinho modesto com uma bela refeição nem pedir um grande vinho num
restaurante simples. Não me contento em comer, gosto também muito de cozinhar.
Gosto muito de escrever e de arte. Escrevo praticamente todos os dias, desenho e
pinto com regularidade. A fotografia é outra paixão, embora esteja um pouco
esquecida. Para satisfazer estes gostos tenho dois blogues em que escrevo, um só
meu (http://infotocopiavel.blogspot.com) e outro com mais dois amigos (o cavalo de
dom José). Tenho ainda mais três blogues a solo: o João à mesa (vinho e comida); o-
caderno, que é sobre mim; o cavalo-vapor, sobre aviões, navios, comboios e
automóveis, que anda meio abandonado; e o Armorial, sobre heráldica.

De estimação

Duas das minhas bichinhas estão comigo desde Abril ou Maio de 2004, a Granita e a
Lioz. A Paraquedas veio mais tarde. Chegou para tomar conta dela transitoriamente,
foi ficando e hoje é minha.
Gosto de gatos desde que os vi pela primeira vez. Lembro-me de, em miúdo, andar
atrás duma gata no Alentejo. Era parda e muito mansa, mas não gostava
particularmente que andasse atrás dela e que a agarrasse. Só me deixava dar-lhe
mimos quando queria, sobretudo à noite quando ficávamos junto à lareira.

De certa forma as minhas gatas são os meus primeiros animais de estimação. No


entanto, tive outros. O primeiro bicho que tive foi o Pimpão, um gato de que não me
lembro bem, apenas que era um assanhado. Tive um canito podengo, mas o meu pai
acabou por dá-lo, pois achou que valia mais a pena ele estar em liberdade numa
quinta, pois era de caça, do que num apartamento em Lisboa. Tive um outro gatinho
branco e preto, no Alentejo, do qual não me lembro o nome, mas que acabou por
morrer precocemente. No Alentejo houve também uma cadela pastor-alemão, a Lupi,
que era duns primos, mas que sentia como minha. Até ter as minhas gatas actuais, a
Lupi foi o animal que senti mais como meu e de que mais gostei. Houve ainda uma
fase em que tive aquário de água quente, mas os peixes interagem pouco e, na
verdade, não me afeiçoei muito a eles nem tive grande jeito para os criar.

Gatos

Os gatos são uma companhia bestial. Até ter gatos sempre tendi mais para gostar de
cães. Preferi os gatos aos cães por razões práticas e por respeito aos animais. Os
cães são mais dependentes e gostam de viver de forma gregária. Por outro lado,
precisam de ir à rua passear. Ora como algumas vezes tenho de me ausentar e por ter
consciência de que sou preguiçoso, achei que não devia sujeitar um cão a
padecimentos. Os gatos são também muito meigos, mas mais independentes e
asseados. Hoje gosto tanto de gatos como de cães, embora goste das minhas gatas
mais do que qualquer animal.

Numa fase da minha vida senti-me muito triste e achei que os gatos poderiam ser uma
boa companhia. Por outro lado, sempre quis ter animais que fossem verdadeiramente
meus. Sei que a personalidade dos gatos tem a ver com a personalidade das mães,
com o momento em que contacto com os humanos, com a confiança que a
progenitora tem nas pessoas. Por isso, escolhi primeiro a mãe delas, antes de as ter.
A mãe das minhas gatas era a gata do meu irmão, a bichana morreu entretanto, que
era muito mansa, meiga, paciente com miúdos e inteligente. Ela foi mãe das minhas
três gatas, embora a terceira seja duma ninhada um ano posterior. A Paraquedas foi
escolhida pela filha da minha namorada de então e foi um amor à primeira vista. As
razoes da escolha foram as mesma que as das irmãs mais velhas.
A minha gata preta é a Granita e as duas siamesas são a Lioz e a Paraquedas. A
Granita e a Lioz são irmãs de ninhada e foram as primeiras a chegar. Resolvi dar-lhes
nomes de pedra ou derivados, por serem originais. A Granita é por causa do granito
peto e a Lioz porque em bebé tinha a cor da pedra de lioz. O nome Paraquedas foi
posto pela Patrícia, que é a filha duma ex-namorada. Ela tinha, na altura, quatro anos
e achou o nome divertido. Quis o destino que ela me caísse de paraquedas no colo.

Prós e contras

Gosto da amizade desinteressada. Não têm rancores nem remorsos. São muito
meigas, ternas e inteligentes. Só me pedem comida, água e mimo. Vêm ter comigo
quando querem e aceitam os meus mimos quando não estão muito para aí viradas.
Não há nada de que, verdadeiramente, não goste, embora haja umas teimas que me
irritam um pouco. A Granita abre-me portas que eu quero fechadas. A Lioz abre-me as
gavetas onde guardo roupa para lá se deitar. E a Paraquedas tem a mania de me
entornar, e às vezes partir, copos ou jarros com água dentro. Depois há a teima, delas
todas, em afiar as garras nos sofás.
A principal compensação é o afecto desinteressado delas. Mas aprecio também a
inteligência que demonstram e as situações cómicas que criam. Todos os dias me rio
com elas.

Personalidade

As três são muito mansas e meigas. A Granita é a dominadora, manda nas irmãs e, de
vez em quando, persegue as irmãs e dá-lhes uns tabefes, mas nunca é nada de
grave. É também a mais extrovertida com estranhos. A Lioz é a mais tímida: uma
amiga minha duvidava mesmo que eu a tivesse, pois sempre que lá ia a casa a Lioz
escondia-se. A Paraquedas é uma louca desvairada, sempre bem disposta e pronta a
correrias.

Cuidados especiais

Embora sejam três e por isso brinquem muito umas com as outras, na verdade vivem
num apartamento, o que não permite uma vida tão livre quanto se vivessem numa
casa com quintal. Por isso, fazem menos exercício do que fariam nessas condições.
Para não engordarem dou-lhes ração magra. A Paraquedas é a mais mexida pelo que
é magra. A Granita é mais encorpada, mas não é gorda. A Lioz, que é mais sorna, é a
que tem mais peso, mas segundo os veterinários não está obesa.

Outros animais

Não percebo como se têm cães de climas frios em Portugal, pois os animais passam
horrores com o calor. Os maus tratos não são apenas bater ou criá-los para lutas. Nos
gatos há quem os tenha em número exagerado, o que queria problemas de higiene e
de conflito com vizinhos. Contudo, julgo que a generalidade das pessoas tem uma boa
relação com os seus animais.
O abandono dos animais parte o coração. Os animais não são objecto e têm
sentimentos, dão-nos tudo e pouco pedem. O abandono é uma crueldade muito
grande. Confesso que não sei como se resolve a situação. É uma questão de
mentalidades, o que leva tempo e exige campanhas de esclarecimento e
sensibilização.

Gosto de quase todos os animais. Há animais que não aprecio, mas compreendo a
sua importância e acho que os devemos respeitar. Não gosto de insectos. O meu
coração bate mais pelos mamíferos. Depois dos gatos e dos cães, aprecio cavalos,
burros, vacas, porcos, coelhos… até ratos. E é claro, golfinhos e narvais.

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