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A INFÂNCIA NA VISÃO DE PHILIPPE ÀRIES E NEIL POSTMAN

Adriana Aparecida Rodrigues

RESUMO: O conceito de infância surgiu de forma gradual na sociedade, sendo


historicamente construído. Nas últimas décadas, seja no Brasil como no mundo, a
preocupação com a infância tem se multiplicado, passando a integrar-se nas agendas das
organizações internacionais e também dos governos nacionais. Consequentemente,
possibilitando um aumento significativo de pesquisas referente à infância, nas diferentes
áreas do conhecimento. Atualmente, olhando para os debates sobre a infância
evidenciamos que, em geral, que essas discussões estão centralizadas em questões
microssociais. Por essa razão, a pesquisa se fundamentou em um estudo bibliográfico,
por meio de uma fundamentação teórica embasada no materialismo histórico e dialético,
cuja finalidade é mostrar que a infância é uma construção social. O estudo possui como
objetivo descrever algumas considerações sobre a infância voltada para questões
históricas, centrando tal reflexão nos escritos de Philippe Àries e Neil Postman. A
discussão do estudo se centralizou em dois momentos, primeiramente apresentado a
concepção de infância na visão do escritor francês Philippe Àries. E em seguida,
analisando a infância na visão de Neil Postman. Os resultados mostraram que, o
conceito de infância é uma construção social no qual está atrelada com a produção e a
reprodução da vida material do homem em sociedade, em um período determinado.
Philippe Àries apresenta em seus estudos uma delimitação cronológica sobre o
surgimento da concepção de infância, por meio de analise de obras de artes. Já Neil
Postman, em seus escritos revela de acordo com as transformações na sociedade o
surgimento da infância na sociedade moderna e seu desaparecimento na sociedade
contemporânea

PALAVRAS-CHAVE: infância; história; Philippe Àries; Neil Postman.

INTRODUÇÃO

Buscando alguns elementos da história é possível compreender que a infância


nem sempre se apresentou como aparece nos dias atuais, haja vista, que a infância é
uma construção social. Nesse sentido, conceituá-la não se configura como uma tarefa
fácil, justamente por não temos um conceito único ou um conceito universal de infância.
Direcionamento esse que nos remete a situá-la historicamente.
Na interpretação de Veiga (2007), a infância é o tempo de vida,

[...] caracterizado pela dependência funcional dos adultos e cuja


duração está vinculada a diferentes condições de existência dos


Professora do curso de licenciatura em Pedagogia, na Universidade Estadual do Paraná – Campus de
Paranavaí (UNESPAR) – drikarodrigues66@hotmail.com.
indivíduos, mas fundamentalmente a natureza das relações entre os
adultos e as crianças. Dessa maneira, evidentemente, é impossível
uma história homogênea dessas relações. Isso porque as
caracterizações das distinções geracionais norteadoras dos processos
de apreensão das relações adultos e crianças são produções sócio-
históricas, compondo o conjunto de mudanças e permanências de
comportamentos, hábitos e valores constituidores da identidade de
uma sociedade. Destaca-se, ainda, que as relações da sociedade e da
cultura com a infância são produções elaboradas pela racionalidade
adulta, na qual estão presentes aspectos não somente relacionados à
dependência funcional, como a dependência social (VEIGA, 2007, p.
43).

Veiga (2007) ainda escreve que, essas dependências são indissociáveis em


decorrência das particularidades que marcam a sobrevivência cultural e física. Dessa
maneira, a infância se configura como uma abstração da realidade, que por sua vez, não
decorre de forma única e universal, mas difere ao longo da história.
A fascinação pela história da infância é algo relativamente recente, sendo que
nas últimas décadas, a preocupação com a infância tem se multiplicado, passando a
fazer-se presente nas agendas das organizações internacionais e também dos governos
nacionais, no qual temos a promulgação de diversos documentos e políticas públicas
destinadas à criança. É importante frisar que, os estudos sobre a infância estão em
crescente estatuto teórico, justamente por esse campo temático não ser unânime e
uniforme, no qual temos várias definições epistemológicas, bem como, indefinições
sobre a história da infância.
Diante desses apontamentos, o presente estudo tem como intuito descrever
algumas considerações sobre a infância, centrando tal reflexão nos escritos de Philippe
Àries e Neil Postman. Por meio de um estudo bibliográfico, de cunho teórico, por um
viés qualitativo, que se centralizou em dois momentos, a saber: primeiramente
apresentado a concepção de infância na visão do escritor francês Philippe Àries. E em
seguida, analisando a infância na visão de Neil Postman.

A INFÂNCIA EM PHILIPPE ÁRIES

Os estudos sobre a infância não são unânime e nem linear, no qual temos a
apresentação de várias versões sobre a infância. Conhecer esses estudos faz-se
necessário, para não ficamos limitados a uma única interpretação e reflexão histórica
sobre a infância. Nesse encaminhamento temos os escritos de Philippe Áries, em sua
obra nomeada História social da criança e da família, publicada pela primeira vez em
1962 na França. Geralmente, os estudos sobre a infância são desenvolvidos tomando
como base a obra Philippe Àries, que embora seja descrita detalhadamente, apresenta
uma visão linear sobre a infância.
Na interpretação do autor, na Idade Média a criança era apenas considerada uma
projeção do adulto em escala, ou seja, a criança era tratada como um adulto em tamanho
menor, que participava da vida como se fosse adulto. Naquele período, as idades da
vida1, apresentavam as funções biológicas e sociais, no qual partiam do estado físico.
Àries (2006) explica que, na primeira idade referente à infância, que começa ao nascer e
dura até os sete anos, a criança recebia um tratamento, pois dependia dos cuidados da
mãe. Esse tratamento acontecia, pois nessa fase a criança estava desenvolvendo a
linguagem oral, pois muitas delas não sabiam falar ou não sabiam formar palavras, pela
ausência de dentes firmes e ordenados. A partir do momento em que a criança não
necessitava desse tratamento, a mesma ingressava na sociedade adulta e se livrava da
dependência física, misturava-se aos adultos.
Os estudos de Philippe Áries (2006) foram produzidos embasados em análises de
obras de artes produzidas entre os séculos XIII e XVII. Conforme escreve o autor, “[...]
a arte medieval desconhecia a infância ou não tentava representá-la. É difícil crer que
essa ausência se devesse à incompetência ou à falta de habilidade. É mais provável que
não houvesse lugar para a infância nesse mundo” (ÁRIES, 2006, p. 17). A esse
respeito, Philippe Áries (2006) afirma que,

Tem-se a impressão, portanto, de que, a cada época corresponderiam


uma idade privilegiada e uma periodização particular da vida humana:
a “juventude” é a idade privilegiada do século XVII, a “infância”, do

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Primeira idade seria a infância, que começa ao nascer e dura até os 7 anos de idades. Nessa idade
nascem os dentes e a fala nas crianças, no qual a criança é chamada de enfant, porque quando nasce não
fala. Essa idade também era conhecida como idade dos brinquedos, já que as crianças brincavam com
boneca, cavalo de pau etc. A segunda idade seria a pueritia, que dura até os 14 anos. Essa idade também
era conhecida como idade da escola, pois os meninos aprendiam a ler e a manusear seus materiais
escolares e as meninas aprendiam a fiar. A terceira idade é a adolescência, que dura até os 28 anos, mas
pode se estender até os 30 ou 35 anos. Nessa idade os indivíduos estão crescendo, e com grande
probabilidade de procriar. Essa idade também era conhecida como idade do amor ou dos esportes da
cortes e da cavalaria. A quarta idade é a juventude, que dura de 45 a 50 anos. Nessa idade o individuo
encontra-se na plenitude de suas forças, no qual essa idade também é conhecida como idade da guerra e
da cavalaria. Sendo que essa idade seria um período de transição da juventude para a quinta idade que é a
velhice, que dura até a morte, que também é conhecida como idade sedentária, no qual o estudo era a
ocupação dos mais velhos (ÀRIES, 2006).
século XIX, e a “adolescência”, do século XX. Essas variações de um
século para o outro dependem das relações demográficas. São
testemunhos da interpretação ingênua que a opinião faz em cada época
da estrutura demográfica, mesmo quando nem sempre pode conhecê-
la objetivamente (ÁRIES, 2006, p.16).

Nessa perspectiva, não havia a presença de nenhum sentimento de infância na


Idade Média, no qual as atitudes tomadas em relação à criança naquela época
correspondiam a um sentimento popular e comum na vida das pessoas. Assim, o
conceito de infância foi se desenvolvendo devido às alterações que foram na
acontecendo na sociedade para suprir as necessidades dos homens ao longo da história.
A partir da publicação da obra de Philippe Áries (2006), seus escritos
influenciaram tanto no Brasil, como no mundo, os estudos sobre a infância, servindo de
referência para os estudos da história da infância no Brasil. O que se pode estabelecer
como marco histórico em sua obra, sobre a história da infância, é o período a partir do
qual ele registra o aparecimento da infância, que segundo Áries (2006),

A descoberta da infância começou sem dúvida no século XIII, e sua


evolução pode ser acompanhada na história da arte e na iconografia
dos séculos XV e XVI. Mas os sinais de seu desenvolvimento
tornaram-se particularmente numerosos e significativos a partir do fim
do século XVI e durante o século XVII (ARIÈS, 2006, p. 65).

Contudo, Stearns (2006) na obra intitulada A infância, critica a analise realizada


por Áries, por apresentar uma visão conservadora e limitada. O autor ainda enfatiza que,
“Inúmeros estudiosos se apropriaram das sugestões de Áries a respeito das deficiências
do Ocidente tradicional, embora tenham distorcido sua interpretação mais ampla”
(STEARNS, 2006, p. 75). Sobre a infância nesse período, Stearns (2006) escreve que,

A infância ocidental pré-moderna era diferente da moderna em uma


porção de facetas. Muitas dessas diferenças refletiam taxas de
natalidade e mortalidade e o papel do trabalho infantil nas sociedades
agrícolas. Contudo, existem algumas características especificas como
a presença da amamentação por amas-de-leite, que demandam
interpretação à parte. Apesar disso, com exceção dos revisionistas
extremados, todos admitem que várias mudanças nas idéias, práticas e
contextos ocorreram entre os períodos pré-moderno e moderno
(STEARNS, 2006, p. 80).

Esse direcionamento, também ocorreu no oriente, marcado é claro por uma


disciplina caracteristicamente rigorosa. O autor ressalta que, as modificações
começaram a se propagar no final do século XVII. As primeiras mudanças sobre a
infância no Ocidente se deram por meio da intelectualidade, com John Locke e Jean-
Jacques Rousseau, que de forma distintas propagam a necessidade de modificações na
forma de educar as crianças. Dessa forma, começaram a ser adotados novos tipos de
cuidados com as crianças por volta do final do século XVIII, mas as mudanças não
desapareceram com as práticas anteriores.

A INFÂNCIA EM NEIL POSTMAN

Outro autor que defende o surgimento da infância no início da Idade Moderna é


o escritor norte americano Neil Postman (1999), em seu livro O desaparecimento da
infância. Diferentemente de Philippe Áries, Neil Postman escreve que a concepção de
infância sofre alterações diante das transformações sociais, haja vista que, o sentimento
relativo à infância é modificado diante das transformações socioeconômicas, políticas e
culturais na sociedade, em cada período histórico.
Seu livro encontra-se dividido em duas partes. Na primeira parte referente à
invenção da infância, o autor registra que temos indícios de preocupação com a infância
desde a antiguidade grega e romana, não especificadamente a idéia de infância, mas
pode-se notar em registros que, naquele período histórico, havia uma “[...] extensão da
idéia de que as crianças necessitam de proteção e cuidados, de escolarização e de estar a
salvo dos segredos dos adultos” (POSTMAN, 1999, p. 24). Todavia com a invasão dos
bárbaros e início da Idade Média, ocorreu o desaparecimento da infância.
Na interpretação de Neil Postman (1999), na Idade Média, como o acesso à
leitura e à escrita ficou restrito a poucos, não havia consequentemente a necessidade de
distinguir a criança e o adulto. Portanto, a infância era determinada por um período
relacionado até os sete anos de idade, pois “[...] nesta idade as crianças dominam a
palavra [...]”, e “[...] podem dizer e compreender o que os adultos dizem e
compreendem [...]”. (POSTMAN, 1999, p. 28). O autor ainda destaca que, não havia
escolas primárias destinadas a ensinar a ler e a escrever, sendo que as existentes
estavam relacionadas à Igreja ou eram particulares, no qual não havia diferenciação
entre as idades.
Neil Postman (1999) salienta que, o surgimento da infância se deu a partir da
invenção da prensa tipográfica, por proporcionar a criação de uma nova idade adulta,
pois surgiu à necessidade da criação de um mundo destinado às crianças, a infância.
Com a invenção da tipografia, começou-se a difundir o sentimento individualista, e com
o livro impresso, surgiu o leitor isolado, capaz de realizar suas próprias interpretações.
Conforme ele escreve,

Depois da prensa tipográfica, os jovens teriam de se tornar adultos e,


para isso, teriam de aprender a ler, entrar no mundo da tipografia. E
para realizar isso precisariam de educação. Portanto a civilização
européia reinventou as escolas. E ao fazê-lo, transformou a infância
numa necessidade (POSTMAN, 1999, p. 50).

Nessa perspectiva, a infância passou a ser considerada uma categoria social e


intelectual. Os estágios que a englobam tornaram-se visíveis, como a criação de roupas
específicas, a linguagem diferenciada da linguagem dos adultos, até o “[...] ato de dar
nome às crianças mudou” (POSTMAN, 1999, p. 57). Além do que, a família passou a
se envolver emocionalmente com as crianças, porque passaram a ser responsáveis pela
sua educação. Dessa maneira, torna-se evidente que o desenvolvimento da infância esta
relacionado às transformações sociais.
Contudo, Neil Postman (1999) alerta que, tais transformações aos poucos fariam
com que a idéia de infância começasse a desaparecer. A esse respeito, Postman (1999),
na segunda parte do seu livro, refere-se ao desaparecimento da infância, ao afirmar que
entre o período de 1850 e 1950, as crianças foram alvo de atenção exclusiva. Foram
estabelecidas leis, que classificaram as crianças como diferentes dos adultos. No
entanto, mesmo com tantos avanços em relação à valorização da infância, nesse
período, foi nesse mesmo período que a infância começou a desaparecer.
Para Neil Postman (1999), com a criação do telégrafo, mudou o caráter da
informação do pessoal e regional para o impessoal e global, já que o telégrafo elétrico
rompeu com o vínculo histórico em relação ao transporte e à comunicação, superando
de longe a palavra escrita e impressa. Consequentemente, a criação do telégrafo, passou
a ter repercussões na infância, pois a infância “[...] foi o fruto de um ambiente em que
uma forma especial de informação, exclusivamente controlada por adultos, tornou-se
pouco a pouco disponível para as crianças por meios considerados psicologicamente
assimiláveis” (POSTMAN, 1999, p. 86).
Mas foi no ano de 1950 que precisamente segundo Neil Postman (1999), que se
deu o início do desaparecimento da infância, com a instalação da televisão nos lares
americanos, representando a revolução elétrica e gráfica. Para o autor, a televisão se
configura como a destruidora de uma base histórica de uma linha divisória entre a
infância e o adulto, já que,

A televisão destrói a linha divisória entre infância e idade adulta de


três maneiras, todas relacionadas com sua acessibilidade
indiferenciada: primeiro, porque não requer treinamento para
apreender sua forma; segundo porque não faz exigências complexas
nem à mente nem ao comportamento; e terceiro porque não segrega
seu público. [...] Biologicamente estamos todos equipados para ver e
interpretar imagens e para ouvir a linguagem que se torna necessária
para contextualizar a maioria dessas imagens. O novo ambiente
midiático que está surgindo fornece a todos simultaneamente, a
mesma informação. Dadas as condições que acabo de descrever, a
mídia eletrônica acha impossível reter quaisquer segredos. Sem
segredos, evidentemente, não pode haver uma coisa como infância.
(POSTMAN, 1999, p. 94).

Nesse cenário, a televisão contribui para o desaparecimento da infância. Assim,


as crianças estão se tornando novamente adultos em miniaturas, já que se encontram
ligadas a várias tendências, como a atividade criminal; “[...] o nível elevado de atividade
sexual; [...] o aumento de índices de gravidez na adolescência; adolescentes com
doenças venéreas; o consumo de drogas; o alcoolismo; entre outros” (POSTMAN,
1999, p. 151).
A partir desses levantamentos, evidenciamos que para Postman (1999), a
infância surgiu com a criação da prensa tipográfica, que passou a restringir os
conhecimentos necessários de uma vida adulta em sociedade, aos adultos por meio da
leitura e escrita, no qual surgiu a necessidade de desenvolver uma educação para
crianças. Todavia, com a revolução gráfica e eletrônica, as crianças passaram a ter
acesso ao mundo dos adultos, desenvolvendo novamente uma visão de um miniadulto.
O fato é que, a forma de visualizar a infância se modifica ao longo dos anos,
consequemente a infância não está desaparecendo, mas se modificando.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Concluímos que, a infância é uma construção social e não uma necessidade


biológica, haja vista que, a criança é um estágio biológico, e a infância é construída por
meio das relações sociais ao longo da história, em decorrência das modificações
históricas na forma de organização da vida humana. É importante frisar que,

Ao longo da história da infância é possível adquirir novas percepções


sobre caminhos mais amplos que as sociedades e as famílias trilharam
no passado – visto que a infância revela importantes suposições e
constrangimentos no ambiente social mais amplo. Igualmente
relevante, é possível verificar como muitos aspectos da infância
contemporânea decorrem do passado, o que por seu turno permite
entender bem melhor a infância contemporânea, inclusive alguns
novos problemas que ocupam a nossa atenção (STEARNS, 2006, p.
14).

Nesse sentido, consideramos que seja preciso refletir sobre a historicidade da


infância, visando possibilitar um encaminhamento qualitativo nas ações cotidianas.
Assim, compreender a história da infância nos remete a entender as reais condições de
vida da criança ao longo dos anos. “É preciso considerar como vive a criança no seu
cotidiano. Somente desta maneira é possível compreender a concepção de infância neste
momento” (LOPES; SILVA, 2007, p. 137). Consequentemente é necessário
compreender a historicidade presente na infância, com o intuito de entender sua relação
com a sociedade adulta.
Existe um grande debate de quando o conceito de infância surgiu no campo da
historiografia, bem como que, ao longo dos anos o conceito de infância foi construído
historicamente. Autores como Philippe Àries (2006) apresenta em seus estudos uma
delimitação cronológica sobre o surgimento da concepção de infância, por meio de
analise de obras de artes. Mas como estabelecer uma ordem cronológica e linear, se a
infância não procede de forma igualitária. Já Neil Postman (1999), descreve que, o
aparecimento da infância surgiu no início da modernidade, e como consequência das
transformações socioeconômica e política, presenciamos, atualmente, o
desaparecimento desse sentimento. Porém, diferentemente de Neil Postman (1999), não
evidenciamos o fim da infância, e sim uma nova conformação da infância, dentro de um
novo contexto da sociedade capitalista, que passa a ser no final do século XX
Embora existam autores como Philippe Áries e Neil Postman, que explicam o
aparecimento da infância a partir do início da Idade Moderna, consideramos que, a
infância se configura como uma abstração da realidade, que por sua vez, não decorre de
forma única e universal, mas difere ao longo da história. Dessa forma, existem conceitos
de infância ao longo da história, marcada por particularidades e não um conceito
universal, justamente por ter passado por modificações ao longo dos anos.
O estudo sobre essa temática (infância) não se esgota nesse estudo, haja vista
que, a história da infância nos possibilita uma gama teórica muito ampla a ser
explorada. Autores como Philippe Áries e Neil Postman, nos possibilitam uma pequena
reflexão sobre a história da infância, o que nos remete a um maior aprofundamento
sobre a história da infância.

REFERÊNCIAS

ARIÈS, Philippe. História social da criança e da família. Tradução de: L’enfant et la


vie familiale sous I’Ancien Regime. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2006.

LOPES, Lindicéia Batista de Franca; SILVA, Irizelda Martins de Souza e. Concepção


de infância: uma busca pela trajetória do legalizado. Revista HISTEDBR On-line,
Campinas, n. 25, p. 132-140, mar. 2007.

POSTMAN, Neil. O desaparecimento da infância. Tradução de Suzana Menescal de


A. Carvalho e José Laurenio de meio. Rio de Janeiro: Graphia Editoral, 1999.

STEARNS, Peter N. A infância. São Paulo: Contexto, 2006.

VEIGA, Cynthia Greive. Cultura escrita: representações da criança e o imaginário de


infancia: Brasil, século XIX LOPES, Alberto; FARIA FILHO, Luciano Mendes de;
FERNANDES, Rogério (Orgs.). Para a compreensão histórica da infância. Belo
Horizonte: Autêntica, 2007. p. 39-66.

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