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INTRODUÇÃO
Professora do curso de licenciatura em Pedagogia, na Universidade Estadual do Paraná – Campus de
Paranavaí (UNESPAR) – drikarodrigues66@hotmail.com.
indivíduos, mas fundamentalmente a natureza das relações entre os
adultos e as crianças. Dessa maneira, evidentemente, é impossível
uma história homogênea dessas relações. Isso porque as
caracterizações das distinções geracionais norteadoras dos processos
de apreensão das relações adultos e crianças são produções sócio-
históricas, compondo o conjunto de mudanças e permanências de
comportamentos, hábitos e valores constituidores da identidade de
uma sociedade. Destaca-se, ainda, que as relações da sociedade e da
cultura com a infância são produções elaboradas pela racionalidade
adulta, na qual estão presentes aspectos não somente relacionados à
dependência funcional, como a dependência social (VEIGA, 2007, p.
43).
Os estudos sobre a infância não são unânime e nem linear, no qual temos a
apresentação de várias versões sobre a infância. Conhecer esses estudos faz-se
necessário, para não ficamos limitados a uma única interpretação e reflexão histórica
sobre a infância. Nesse encaminhamento temos os escritos de Philippe Áries, em sua
obra nomeada História social da criança e da família, publicada pela primeira vez em
1962 na França. Geralmente, os estudos sobre a infância são desenvolvidos tomando
como base a obra Philippe Àries, que embora seja descrita detalhadamente, apresenta
uma visão linear sobre a infância.
Na interpretação do autor, na Idade Média a criança era apenas considerada uma
projeção do adulto em escala, ou seja, a criança era tratada como um adulto em tamanho
menor, que participava da vida como se fosse adulto. Naquele período, as idades da
vida1, apresentavam as funções biológicas e sociais, no qual partiam do estado físico.
Àries (2006) explica que, na primeira idade referente à infância, que começa ao nascer e
dura até os sete anos, a criança recebia um tratamento, pois dependia dos cuidados da
mãe. Esse tratamento acontecia, pois nessa fase a criança estava desenvolvendo a
linguagem oral, pois muitas delas não sabiam falar ou não sabiam formar palavras, pela
ausência de dentes firmes e ordenados. A partir do momento em que a criança não
necessitava desse tratamento, a mesma ingressava na sociedade adulta e se livrava da
dependência física, misturava-se aos adultos.
Os estudos de Philippe Áries (2006) foram produzidos embasados em análises de
obras de artes produzidas entre os séculos XIII e XVII. Conforme escreve o autor, “[...]
a arte medieval desconhecia a infância ou não tentava representá-la. É difícil crer que
essa ausência se devesse à incompetência ou à falta de habilidade. É mais provável que
não houvesse lugar para a infância nesse mundo” (ÁRIES, 2006, p. 17). A esse
respeito, Philippe Áries (2006) afirma que,
1
Primeira idade seria a infância, que começa ao nascer e dura até os 7 anos de idades. Nessa idade
nascem os dentes e a fala nas crianças, no qual a criança é chamada de enfant, porque quando nasce não
fala. Essa idade também era conhecida como idade dos brinquedos, já que as crianças brincavam com
boneca, cavalo de pau etc. A segunda idade seria a pueritia, que dura até os 14 anos. Essa idade também
era conhecida como idade da escola, pois os meninos aprendiam a ler e a manusear seus materiais
escolares e as meninas aprendiam a fiar. A terceira idade é a adolescência, que dura até os 28 anos, mas
pode se estender até os 30 ou 35 anos. Nessa idade os indivíduos estão crescendo, e com grande
probabilidade de procriar. Essa idade também era conhecida como idade do amor ou dos esportes da
cortes e da cavalaria. A quarta idade é a juventude, que dura de 45 a 50 anos. Nessa idade o individuo
encontra-se na plenitude de suas forças, no qual essa idade também é conhecida como idade da guerra e
da cavalaria. Sendo que essa idade seria um período de transição da juventude para a quinta idade que é a
velhice, que dura até a morte, que também é conhecida como idade sedentária, no qual o estudo era a
ocupação dos mais velhos (ÀRIES, 2006).
século XIX, e a “adolescência”, do século XX. Essas variações de um
século para o outro dependem das relações demográficas. São
testemunhos da interpretação ingênua que a opinião faz em cada época
da estrutura demográfica, mesmo quando nem sempre pode conhecê-
la objetivamente (ÁRIES, 2006, p.16).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS