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elétrica
Modelo petição inicial.
I. DOS FATOS:
A questão jurídica examinada na presente peça, versa, inauguralmente, quanto à (im)
possibilidade de incidência de ICMS sobre os valores cobrados, do consumidor
final (ora demandante), para remunerar as atividades de transmissão e
distribuição de energia elétrica.
Nesse tocante, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) tratou de estabelecer,
na Resolução nº 166/2005, “as disposições consolidadas relativas ao cálculo da tarifa de
uso dos sistemas de distribuição (TUSD) (...)”.
Referido tema já havia sido tratado anteriormente pelas resoluções nº 666, de 29 de
dezembro de 2002, nº 790, de 24 de dezembro de 2002 e nº 152, de 3 de abril de 2003,
conforme consta da Nota Técnica 302 /2005–SRE /ANEEL.
Esses serviços tão e simplesmente permitem que a energia elétrica esteja ao alcance do
usuário. São, portanto, quando muito, atividades-meio, que viabilizam o fornecimento da
energia elétrica (atividade-fim) pelas geradoras aos consumidores finais, motivo pelo
qual não há como se vislumbrar a possibilidade de estarem abrangidas pelo campo de
incidência da referida exação.
II) DO DIREITO:
Como sabido, a matéria já é ventilada pelos Tribunais espalhados pelo Brasil com
julgados bastante distintos, porém, o que se conhece e milita é pela ilegalidade das
cobranças efetuadas.
Tal súmula garante claramente que o ICMS deve excluir da base de cálculo os custos
de transmissão e distribuição do fornecimento de energia elétrica.
Neste contexto, segue recente julgado proferido pelo Colendo STJ sobre o tema:
“(...) É entendimento pacífico desta corte superior que não fazem parte da base de
cálculo do ICMS a Tust (Taxa de Uso do Sistema de Transmissão de Energia Elétrica) e
a Tusd (Taxa de Uso do Sistema de Distribuição de Energia Elétrica)[1].
(AgRg nos EDcl no REsp 1.267.162⁄MG, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA
TURMA, julgado em 16⁄08⁄2012, DJe 24⁄08⁄2012.)
Para tanto, transcrevemos abaixo trechos dos votos proferidos em dois julgados do STJ:
São por tais razões que não podem fazer parte da base de cálculo do ICMS as
cobranças realizadas com o fito de remunerar os custos e encargos oriundos da
utilização do sistema de transmissão e distribuição de energia elétrica. Vale
colacionar, em complemento à exposição acima, as premissas assentadas pelo
Ministro Luiz Fux em brilhante voto no AgRg no REsp 797.826/MT, julgado em
03/05/2007:
O consumo de energia elétrica pressupõe, logicamente, sua produção (pelas
usinas e hidrelétricas) e sua distribuição (por empresas concessionárias ou
permissionárias). De fato, só se pode consumir uma energia elétrica anteriormente
produzida e distribuída.
A distribuidora de energia elétrica, no entanto, não se equipara a um comerciante
atacadista, que revende ao varejista ou ao consumidor final, mercadorias de seu
estoque.
É que a energia elétrica não configura bem suscetível de ser" estocado ", para
ulterior revenda aos interessados. Em boa verdade científica, só há falar em
operação jurídica relativa ao fornecimento de energia elétrica, passível de
tributação por meio de ICMS, no preciso instante em que o interessado,
consumindo-a, vem a transformá-la em outra espécie de bem da vida (luz, calor,
frio, força, movimento ou qualquer outro tipo de utilidade).
Logo, o ICMS - Energia Elétrica levará em conta todas as fases anteriores que
tornaram possível o consumo de energia elétrica. Estas fases anteriores,
entretanto, não são dotadas de autonomia apta a ensejar incidências isoladas,
mas apenas uma, tendo por único sujeito passivo o consumidor final.
A distribuidora, conquanto importante neste contexto, não é - e nem pode vir a ser
- contribuinte do imposto, justamente porque, a rigor, não pratica qualquer
operação mercantil, mas apenas a viabiliza, nos termos acima expostos.
Obviamente, a distribuidora de energia elétrica é passível de tributação por via de
ICMS quando consome, para uso próprio, esta mercadoria. Não, porém, quando se
limita a interligar a fonte produtora ao consumidor final. Este é que é o sujeito
passivo da obrigação tributária, na condição de contribuinte de direito e, ao
mesmo tempo, de contribuinte de fato.
(...)
2. Inexiste a alegada violação do art. 535 do CPC, pois a prestação jurisdicional foi dada
na medida da pretensão deduzida, conforme se depreende da análise do acórdão
recorrido.
3. Esta Corte firmou orientação, sob o rito dos recursos repetitivos (REsp 1.299.303-SC,
DJe 14/8/2012), de que o consumidor final de energia elétrica tem legitimidade ativa
para propor ação declaratória cumulada com repetição de indébito que tenha por escopo
afastar a incidência de ICMS sobre a demanda contratada e não utilizada de energia
elétrica.
Ademais, a Súmula 166/STJ reconhece que “não constitui fato gerador do ICMS o
simples deslocamento de mercadoria de um para outro estabelecimento do
mesmo contribuinte”.
Assim, por evidente, não fazem parte da base de cálculo do ICMS a TUST (Taxa de
Uso do Sistema de Transmissão de Energia Elétrica) e a TUSD (Taxa de Uso do
Sistema de Distribuição de Energia Elétrica).
III) DOS PREQUESTIONAMENTOS:
Vão prequestionados todos os artigos de lei citados na presente peça portal, em
especial o:
6-Seja concedida ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA para a parte autora, uma vez
que não possui condições de arcar com as despesas processuais sem prejuízo de seu
sustento, nos termos da Lei 1.060/50;
7-Requer a produção de todos os meios de provas admissíveis em direito,
especialmente a documental inclusa e apresentação de demais documentos que forem
ordenados, depoimentopessoaletestemunhal;
8- A condenação do réu ao pagamento de HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS ao
procurador da autora, no percentual não inferior a 20% sobre o valor da condenação e
despesas processuais;
Dá-se à presente causa o valor de alçada, somente para fins fiscais.
Pede deferimento.
Santa Cruz do Sul, na data do protocolo.
ADVOGADO
OAB
[1] (...)”(AgRg no REsp 1.408.485, 2ª Turma, relator ministro Humberto Martins, DJe:
19.5.2015
[2] (Recurso Especial nº 729.658 – PA, Primeira Turma, 04.09.2007, Relator Ministro
Luiz Fux
[3] AgRg nos EDcl no RECURSO ESPECIAL Nº 1.127.106 – Segunda Turma - RJ,
06.05.2010, Relator Ministro Humberto Martins
[4] AgRg no REsp 797.826/MT, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Turma, julgado em
3.5.2007, DJ 21.6.2007, p. 283