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TEORIA DA CONTABILIDADE - EVOLUÇÃO DA CONTABILIDADE
Apostila 1
A PROFISSÃO CONTÁBIL
TEORIA DA CONTABILIDADE APOSTILA 1 A EVOLUÇÃO DA CONTABILIDADE 2019
Fonte: Iudícibus, Marion e Faria (6ª ed. 2017)
Caro Aluno, aqui você tem um rápido comentário da estabilidade da profissão contábil.
O Profissional Contábil tem hoje uma posição bem definida na economia global, um
campo de trabalho bastante amplo e diversificado, e objetivos bem claros de onde ele
pretende chegar.
Esta estabilidade profissional, estes horizontes bem definidos têm uma longa história.
Atenção aluno:
Aqui entra a função da Contabilidade já no início da civilização: avaliar a riqueza do
homem; avaliar os acréscimos ou decréscimos dessa riqueza. Como o homem
naturalmente é ambicioso, a Contabilidade existe desde o início da civilização. Alguns
teóricos preferem dizer que ela existe, pelos menos, desde 4.000 antes de Cristo.
Como contar o rebanho e avaliar seu crescimento se não existiam números (da forma
que sabemos hoje), nem escrita e, muito menos, moeda? Na monotonia do inverno,
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entre os balidos (voz de ovelha ou cordeiro) ininterruptos das ovelhas, o homem tem
uma ideia. Havendo um pequeno monte de pedrinhas ao seu lado, o homem separa
uma pedrinha para cada cabeça de ovelha, executando assim o que o contabilista
chamaria hoje de inventário. Após o término dessa missão o homem separa o conjunto
de pedrinhas, guardando-as com muito cuidado, pois o conjunto representava a sua
riqueza num determinado momento.
Resultado da Contagem
Cada símbolo (pedrinha) corresponde a uma cabeça de ovelha
ACRÉSCIMO DE
1º INVENTÁRIO 2º INVENTÁRIO CABEÇAS DE
OVELHAS
Todavia, o pastor não estava satisfeito pelo fato de apenas avaliar o crescimento do
plantel. Ela sabia que seu rebanho havia produzido lã naquele período. A lã
proporcionara não só agasalho para proteger sua família como também fora utilizado
como meio de troca na aquisição de instrumentos de caça e pesca.
ACRÉSCIMO DO PERÍODO
Instrumentos Estoque de Lã
1º Inverno 2º Inverno Agasalhos Caça/Pesca
OOOOO PP A C/P X
OOOOO PP A C/P X
OOOOO P C/P X
1.1.5.RELATÓRIO CONTÁBIL
O acréscimo do primeiro para o segundo inverno foi o correspondente a 14 ovelhas que,
num sentido econômico, podemos chamar de lucro. O pastor da antiguidade certamente
iria vibrar, pois sua riqueza praticamente dobrou no período analisado.
“E era o seu gado sete mil ovelhas, e três mil camelos, e quinhentas juntas de bois e
quinhentas jumentas.”
No final do livro de Jó, algo inesperado acontece.... Por motivos espirituais, ele recupera
a sua fortuna e não deixa de reencontrar um contador que, num certo momento,
apresenta um relatório surpreendente: sua riqueza estava duplicada em relação ao
primeiro inventário:
“E assim abençoou o Senhor o último estado de Jó, mais do que o primeiro; porque teve
catorze mil ovelhas, e seis mil camelos, e mil juntas de bois e mil jumentas” (Descrito no
capítulo 42, versículo 12 do Livro de Jó).
A história dos números no Ocidente começa com o livro Liber Abaci (Livro do Ábaco),
escrito em 1202 por Leonardo Pisano, conhecido como Fibonacci (“cabeça dura”). Esse
livro, entre inúmeras contribuições, inclui Contabilidade (cálculo de margem de lucro,
moedas, câmbio etc.) e juros.
Aliás, em tudo o que fazemos na vida, precisamos dos métodos quantitativos, dos
números. Desde o momento em que levantamos submetemo-nos aos números:
identificamos no relógio que horas são; o nosso café está sujeito a uma quantidade de
colheres de açúcar ou gotas de adoçantes; a velocidade do carro; o nosso salário,
recebimentos e pagamentos; o canal de televisão; as vantagens e desvantagens, em
tudo se envolvem números.
Pode-se afirmar, com certa segurança, que a origem do campo de conhecimento do que
mais tarde se consubstanciaria como Contabilidade (Accounting em inglês, Ragioneria
em italiano) situa-se em torno de 4.000 anos a.C. Alguns historiadores fazem remontar
a bem antes, por volta do sexto milênio a. C.
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1.4.1.Números
Na verdade, não se pode falar em Contabilidade, mesmo que rudimentar, sem a
invenção da escrita e, dentro dela, da habilidade de contar, ou seja, antes das primeiras
manifestações da capacidade matemática do ser humano.
1.4.2.Moeda
Outro fator que impulsionou enormemente o progresso das formas rudimentares de
Contabilidade (que, até o aparecimento da partida dobrada, nada mais era do que uma
espécie de inventário de bens, direitos e obrigações) é o aparecimento da moeda (em
forma de moeda mesmo), como base de troca, por volta, aproximadamente, do ano
2000 a. C. (embora certos metais preciosos fossem utilizados, como moeda, desde bem
antes).
Antes mesmo da partida dobrada que, como visto, somente apareceria bem mais tarde,
provavelmente na Itália, a Contabilidade, em sua forma rudimentar, era capaz de avaliar
bens, direitos e obrigações, periodicamente, derivar, portanto, o Patrimônio Líquido das
entidades.
1.4.3.Balanço
O resultado dos períodos possivelmente era computado por diferença entre os
patrimônios líquidos em datas distintas, sem grande preocupação em identificar as
causas das variações do mesmo. Assim, uma forma rudimentar de Balanço Geral foi a
primeira exteriorização do trabalho contábil.
A forma sistêmica de registro que, em sua fase final, produziria as demonstrações
contábeis, somente apareceria mais tarde, de forma desconexa e episódica (partidas
simples), até o advento das partidas dobradas e dos processos de escrituração.
Note-se que Luca Pacioli, um frade franciscano, era um matemático e que o mecanismo
das partidas dobradas é, basicamente, um mecanismo algébrico, com premissas iniciais
convencionais (o fato de o lado esquerdo do Balanço ser, por convenção, o lado do Ativo
força a que, como consequência, o lado esquerdo de uma conta de Ativo deva ser
debitado pela criação de Ativos ou por seus incrementos [aumento]).
Antes do trabalho de Pacioli, entretanto, é preciso ressaltar que alguns autores, os quais
tratavam principalmente de práticas comerciais da época e de matemática comercial e
financeira, tiveram grande importância como precursores de seu trabalho. Destacamos
os seguintes:
1202
Leonardo Fibonacci lança seu Liber abaci, um compêndio sobre cálculo comercial que,
na verdade, pode ser considerado o marco que separa a Contabilidade antiga da
moderna.
1340
Francesco di Balduccio Pegolotti escreve La pratica della mercatura, uma espécie de
Manual do comerciante de então é uma obra muito importante para a análise da
evolução da Contabilidade e, principalmente, dos usos e costumes comerciais.
1458
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Benedetto Cotrugu lança Della mercatura et del mercante perfeto, que o famoso
historiador Federigo Meus considera como o mais perfeito trabalho sobre práticas
comerciais, antes de Pacioli.
Como se vê, aparece cerca de um trabalho de fundamental importância mais ou menos
a cada cem anos, até a obra de Pacioli; e assim ocorre aproximadamente até o século
XIX quando, pelo menos, uma dezena de grandes obras marca o século, tão importante
para a caracterização científica da Contabilidade.
O século XIX caracteriza-se como uma fase de grande progresso da disciplina, na qual
pelo menos nas intenções e, em parte, nas realizações, esse campo de conhecimento
se transforma em algo de interesse para uma melhor administração das entidades e
digno de uma metodologia científica.
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Nos Estados Unidos apareceram Hatfield, Paton, Littleton, Moonitz, Anthony, Horngren,
Edwards e Bell, apenas para ficarmos com alguns dos autores que marcaram a primeira
metade do século XX com suas obras de grande impacto. Obras que se inserem de
forma válida no contexto da avaliação de entidades, divisões e aspectos micro e macro
da Contabilidade; enfim, no vasto campo de estudos e aplicação abrangido por essa
disciplina.
Essa citação é parcial, não só no que se refere aos nomes de autores, como a de países.
Hoje em dia fervilham, principalmente nas grandes universidades, as pesquisas
contábeis, levando a disciplina a fronteiras avançadas nunca antes imaginadas.
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Sem pretender esgotar o tema, apresentamos alguns motivos que levaram à mudança
do cenário internacional da Contabilidade, no que diz respeito às razões da queda da
Escola Europeia e a ascensão da Escola Norte-Americana.
1.8.3.A inflação
Adicionalmente, devido ao fenômeno inflacionário, crônico entre nós vivido até 1994,
desenvolvemos técnicas de correção avançadas, destacando-se a Correção Monetária
Integral, que é um aperfeiçoamento dos ajustamentos pela variação do poder aquisitivo
da moeda (Price Level Accounting), que hoje é adotada pelo Comitê de Normas
Contábeis Internacionais (IASC), e até pela ONU.
1.8.5.Entidades contábeis
As entidades mais atuantes no campo contábil têm sido tradicionalmente, o Conselho
Federal de Contabilidade (CFC, de cujas normas técnicas trataremos mais adiante), o
Instituto Brasileiro de Contadores (IBRACON) e a Comissão de Valores Mobiliários
(CVM). Assinam, talvez, os melhores pronunciamentos e contribuições mais recentes
para a Contabilidade.
A partir de 2007, com a promulgação da Lei 11.638/07, seguida pela Lei 11.941/09, que
veio alterar em alguns aspectos a lei 6.404/76, a Lei das Sociedades por Ações, foi
constituído o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), com membros de diversas
entidades relevantes à Contabilidade no Brasil (ABRASCA; APIMEC NACIONAL;
BOVESPA; CFC; FIPECAFI; IBRACON). O CPC vem divulgando alguns
pronunciamentos relevantes e que estão se tornando Instruções da CVM e Normas
Brasileiras de Contabilidade. O Banco Central e a Receita Federal também têm tido
atuação nas legislações contábeis.
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A Contabilidade no Brasil, tem todas as condições para, entre as mais avançadas do
mundo, formar bons profissionais, faltando um maior investimento na área educacional
e de pesquisa.
Fonte: Iudícibus, Sérgio de. Marion, J. Carlos e Faria, Ana Cristina de. Introdução
à teoria da contabilidade: para o nível de graduação. 6ª edição. SP: Atlas, 2017.
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Leitura Complementar
O notável Franciscano
Em seu livro, Desafio aos Deuses, Bernstein (1997), relata, entre outras citações, no
Capítulo 3, “O Jogador do Renascimento”, um breve resumo sobre Luca Pacioli:
Relacione três livros que se destaquem sobre Pacioli. Desses livros pesquisados, após
citá-los, selecione um texto de um deles, transcreva-o explicando por que você o
escolheu.
2.Questionário
1. Por que a Contabilidade trabalha com números, mas não é tratada como uma
ciência exata? O que é Ciência Social?
2. Qual é o momento em que a Contabilidade é vista como Ciência? O que se
poderia entender como Ciência?
3. Pode-se dizer que Pacioli é o criador do método das partidas dobradas?
Explique.
4. Quais são as vantagens da Escola Contábil Norte-americana em relação à
Europeia?
5. Por que a realidade inflacionária no Brasil até 1994 trouxe grandes contribuições
à Contabilidade?
6. Faça um breve resumo de como surgiu a Contabilidade no princípio.