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CAMPUS GARANHUNS
CURSO DE LICENCIATURA EM LETRAS
GARANHUNS – PE
2010
MARIA ESTELA MARQUES DE OLIVEIRA
GARANHUNS – PE
2010
MARIA ESTELA MARQUES DE OLIVEIRA
BANCA EXAMINADORA
______________________________________
Prof. Orientador Dr. Benedito Gomes Bezerra
______________________________________
Prof (a) Examinador(a)
Ao meu pai, (in memoriam), pelo exemplo
de profissional competente, sei que
vibraria com esta conquista.
A minha mãe, por todo o amor e força
oferecida nas horas que mais preciso,
OFEREÇO.
“Todo mundo sempre sabe o que nós
sabemos, certo. Errado! O conhecimento
comum muda com o tempo, assim como
mudam os gêneros e as situações; o
conhecimento comum varia até de pessoa
para pessoa, ou até numa mesma pessoa
em situações e humores diferentes”.
(Charles Bazerman)
AGRADECIMENTOS
INTRODUÇÃO ................................................................................................. 8
CAPÍTULO 1: GÊNEROS TEXTUAIS: UM BREVE PANORAMA ................. 11
1.1 Gêneros emergentes na mídia virtual ............................................................. 13
1.2 A internet e o livro didático como suporte ....................................................... 14
1.3 Outras considerações ..................................................................................... 15
CAPÍTULO 2: INSERÇÃO DOS GÊNEROS DIGITAIS NOS LIVROS
DIDÁTICOS DE LÍNGUA PORTUGUESA ..................................................... 18
2.1 Da internet para o livro didático ...................................................................... 20
2.2 O livro didático na perspectiva dos gêneros digitais e dos PCN ..................... 21
CAPÍTULO 3: ANÁLISE DOS GÊNEROS DIGITAIS NOS LIVROS
DIDÁTICOS DE LÍNGUA PORTUGUESA ..................................................... 24
3.1 Análise dos livros didáticos de Língua Portuguesa ......................................... 24
3.2 Conclusão da análise dos livros didáticos de Língua Portuguesa sobre
o estudo dos gêneros digitais ......................................................................... 39
CONCLUSÃO ................................................................................................. 41
REFERÊNCIAS .............................................................................................. 44
ANEXOS
8
INTRODUÇÃO
gêneros nos livros didáticos e o estudo dos seus aspectos essenciais, avaliando- se
as abordagens e propostas didáticas e mostrando-se que este gênero ainda não é
trabalhado satisfatoriamente com todas as suas potencialidades.
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CAPÍTULO I
GÊNEROS TEXTUAIS: UM BREVE PANORAMA
O estudo dos gêneros iniciou-se por Platão no século XX. Naquela época
a denominação de gênero se restringia apenas aos gêneros literários e suas
subclassificações. Posteriormente Aristóteles conservou os gêneros literários e
ampliou a teoria dos gêneros com a arte retórica. Conforme nos relata Marcuschi
(2008, p.147):
É com Aristóteles que surge uma teoria mais sistemática sobre os gêneros
do discurso, da retórica. Aristóteles diz que há três elementos compondo o
discurso: aquele que fala; aquilo sobre o que se fala e aquele a quem se
fala.
sua composição de texto, forma e conteúdo, mas principalmente pela sua função
sócio-comunicativa na sociedade, pois a distinção entre um gênero e outro não é
predominantemente linguística nem estrutural, mas funcional. Conforme ressalta
Marcuschi (2008, p. 150): “Os gêneros têm uma forma e uma função, bem como um
estilo e um conteúdo, mas sua determinação se dá basicamente pela função e não
pela forma”.
Os gêneros textuais estabilizam as atividades linguísticas denotando um
conjunto de propósitos comunicativos que formam a sua lógica e são incorporados
nas necessidades discursivas dos usuários da língua. Como afirma Swales (2009, p.
224):
Um gênero compreende uma classe de eventos comunicativos,cujos
menbros compartilham um conjunto de propósitos comunicativos. Esses
propósitos são reconhecidos pelos membros experientes da comunidade
discursiva e dessa forma constituem o fundamento lógico do gênero.
específico que reune e fixa os diversos gêneros discursivos, oriundos das inúmeras
manifestações linguísticas sociais.
Quanto à importância do suporte, ele é imprescídivel para que o gênero
circule na sociedade e deve ter alguma influência na natureza do gênero suportado,
pois os suportes sempre participam da própria constituição dos sentidos do discurso,
interferindo de modo significativo nos gêneros que comporta, influenciando-os.
Como afirma Marcuschi (2008, p.174): “O suporte não é neutro e o gênero não fica
indiferente a ele”.
Desta forma a internet, por ter uma presença marcante nas atividades
comunicativas humanas, ajudou a criar, além de abrigar, novos gêneros bastante
característicos e peculiares do meio eletrônico, e estes gêneros se concretizam
numa relação de fatores combinados com o seu contexto emergente.
Para Almeida (2008, p.27): “A transformação no tipo de leitura e escrita
peculiar da internet muitas vezes apresenta-se mais superficial que a tradicional, que
tem como suporte o livro”. Assim nos livros didáticos encontramos uma escrita
uniforme e padrão facilmente reconhecível pelos usuários da língua, pois em tal
suporte há elementos específicos que o distinguem do suporte virtual e tais
elementos são enfatizados tanto na leitura como na escrita.
CAPÍTULO II
INSERÇÃO DOS GÊNEROS DIGITAIS NOS LIVROS DIDÁTICOS DE
LÍNGUA PORTUGUESA
fim de atender essas novas tendências de gêneros que emergem do mundo virtual,
utilizando-os como uma ferramenta didática, pois as nossas práticas pedagógicas
não podem passar despercebidos das práticas discursivas que se atualizam na
sociedade, ignorando os propósitos comunicativos que as movem e os efeitos
pretendidos em cada situação particular de interação e se o professor continuar
alheio às transformações sociais e tecnológicas poderá este ficar à margem da
sociedade informatizada.
CAPÍTULO III
Devido às poucas abordagens dadas ainda aos gêneros digitais nos livros
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didáticos, não foi possível delimitar o estudo apenas a uma série, pois tais gêneros
não são trabalhados especificamente em um segmento ou contemplados em todas
as séries do Ensino Fundamental. Seu estudo ainda é limitado, aparecendo com
pouca frequência nos LDs.
Foram avaliadas 05 (cinco) coleções de livros didáticos do 6º ao 9º ano do
Ensino Fundamental II: a) Linguagem Criação e Interação; b) Para Viver Juntos; c)
Viva Português; d) Português: projeto radix; e e) Tudo é linguagem
Figura 1- Exemplo de uma proposta de atividade com o e-mail do livro Linguagem criação e
interação, p. 20
1)O texto que você leu é uma reportagem que fala sobre Weblog ou
simplesmente blog, uma versão eletrônica do diário pessoal produzido no
papel. Você já conhecia algo a respeito disso?
2) O que o título “Meu querido blog” sugere?
3) A quem você acha que esse texto pode interessar ? Justifique a sua
resposta.
4) Na reportagem, há várias palavras e expressões próprias da área de
informática.Anote no caderno todos os exemplos que encontrar.
30
Figura 4- Proposta de atividade com o e-mail, do livro Para viver juntos, p. 186
Figura 5- Proposta de atividade com o blog, do livro Para viver juntos, p.92
Figura 6- Proposta de atividade com o blog, do livro Para viver juntos, 74.
do blog.
No blog os adolescentes e adultos registram seus relatos, sua
experiências e suas vivências. Desse modo tal gênero torna-se propício para o
ensino da linguagem oral, pois os alunos saberão argumentar bem as suas opiniões
acerca de um gênero que eles utilizam para assuntos tão especiais.
Figura 9- Proposta de atividade com o blog, do livro Português: projeto radix, p.14
Figurara 10- Proposta de atividade com o jornal eletrônico, do Livro Tudo é linguagem, p.195
39
3.2 Conclusão da análise dos livros didáticos de língua portuguesa sobre o estudo
dos gêneros digitais
usados apenas como exemplo do impresso na internet, outros são usados para
promover o ensino da linguagem oral e outros são usados apenas como o assunto
do texto. O ponto positivo na análise é que boa parte das abordagens e propostas
didáticas mostram a função própria e social do gênero estudado.
41
CONCLUSÃO
estudado. Há também propostas nas quais os gêneros digitais são apenas pretextos
para a abordagem de questões alheias à sua natureza e seus efetivos usos, sendo
estes usados apenas como exemplo do impresso na internet ou usados apenas
como o assunto do texto. O ponto positivo na análise é que boa parte das
abordagens e propostas didáticas mostram a função própria e social do gênero
estudado.
Diante de tais resultados percebe-se o quanto os gêneros digitais são
desvalorizados nos livros didáticos, pois estes não apresentam uma proposta eficaz
com esses gêneros, pois não são enxergados em sua dimensão linguística nem
composicional, não há uma compreensão do seu todo significativo, nem das suas
múltiplas possibilidades pedagógicas.
Tais observações são preocupantes, pois as novas concepções de ensino
de Língua Portuguesa favorecem uma postura mais reflexiva em relação às
múltiplas linguagens oriundas da sociedade e os PCNs ressaltam que um dos
objetivos do ensino é levar os alunos a posicionar-se de maneira crítica, responsável
e construtiva nas diferentes situações sociais. Então caberia aos livros didáticos
enfatizar assiduamente e concretamente nas suas abordagens o conhecimento das
novas formas comunicativas com esses novos tipos de gêneros.
Sem contar que os gêneros digitais são novos gêneros dignos de uma
análise criteriosa e não deveriam ser estudados pela vaga interpretação das
abordagens originadas pelos livros didáticos, mas a partir de uma explanação social
e funcional, com uma análise ampla das suas peculiaridades e possibilidades
pedagógicas, pois segundo os PCN (1998) é necessário que se possa dispor tanto
de uma descrição dos elementos regulares e constitutivos do gênero, quanto das
suas particularidades.
Diante de tais resultados percebe-se também que o livro didático nem
sempre está em consonância com as propostas metodológicas atuais que visam
efetivamente à prática social da linguagem. Isto é preocupante, pois tal material é
um importante recurso didático para o trabalho com a língua, uma vez que ele pode
se constituir ou como um material de apoio, ou como material explicitamente
adotado, tornando-se uma referência principal.
Desta forma cabe então aos professores procurar dominar as
particularidades e peculiaridades dos gêneros digitais, para não ficar à margem da
sociedade informatizada, e ao mesmo tempo suprir as deficiências do livro didático
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REFERÊNCIAS
ARAÚJO, J.C. (org.). Internet & Ensino: Novos gêneros, outros desafios. Rio de
Janeiro: Lucerna, 2007.
BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
MARCUSCHI, L.A. A questão dos suportes dos gêneros. In. MEURER, J. L.;
MOTTA-ROTH, D.(org.). DLCV: Língua linguística e literatura. João Pessoa: Ideia,
2003, p.9-40.