Você está na página 1de 81

APOSTILA

HIEN KARATE KYOKAI


Hanshi Benedito Nelson Augusto dos Santos

APOSTILA HIEN KARATE KYOKAI

1ª Edição

Porto Velho
2017

2
Autor:
HANSHI BENEDITO NELSON AUGUSTO DOS SANTOS
(In Memoriam)

Mestre da Hien Karate Kyokai:


Shihan Sidi Gobbi dos Santos

Equipe de produção (organizadores):


Priscila Leite Costa de Souza Mello
Rafael Ademir Oliveira de Andrade
Rodrigo César Silva Moreira
Haroldo de Lima Arouca
Flávio Nogueira Moraes Junior
Rafaele Oliveira de Andrade
Miriã Ortiz Passos de Andrade
Raiane Girard Madeira
Jeniffer da Silva Vieira

Equipe consultiva:
Sidi Gobbi dos Santos
Maria Nayara Tavares Arnaud Augusto dos Santos
Francisco das Chagas Araújo
Rodrigo de Souza Mello
Bruno Mendonça Guimarães
Fernando Portela

Desenhos gráficos e Fotografia:


Daniel Antonelli
Priscila Leite Costa de Souza Mello

S2373a Santos, Benedito Nelson Augusto dos.

Apostila Hien Karate Kyokai / Benedito


Nelson Augusto dos Santos. - Porto Velho,
Rondônia, 2017.
82 p. : il.

ISBN: 978-85-93684-00-5

1. Karate. 2. Hien Karate Kyokai. I Titulo.

CDD 796.815 3

3
SUMÁRIO

HIEN KARATE KYOKAI ................................................................................................. 6


1.1 A HISTÓRIA DO KARATE............................................................................................ 7
1.2 A HIEN KARATE KYOKAI ......................................................................................... 10
1.2.1 A História da Hien Karate Kyokai .............................................................................. 10
1.2.2 A Dinastia da Hien Karate Kyokai .............................................................................. 19
1.3 O QUE É APRENDER KARATE NA HIEN KARATE KYOKAI .............................. 24
1.3.1 O que é Budo ............................................................................................................... 25
1.3.2 Faixas, graduação e exames......................................................................................... 26
1.3.3 Pequeno dicionário de japonês para iniciantes de karate ............................................ 27
1.3.4 As aulas ....................................................................................................................... 28
1.4 AS ARMAS E AS BASES DO KARATE ...................................................................... 29
1.4.1 Posições de base: de espera ou guarda ........................................................................ 29
1.4.2 Armas do karate...........................................................................................................31
I – Armas do pé (perna). ....................................................................................................... 31
II – Armas da mão ................................................................................................................ 31
III – Ude (Braço) .................................................................................................................. 33
V - Pontos vitais ................................................................................................................... 35
1.5 A ETIQUETA DO KARATE-DO ................................................................................. 37
1.6 PRÁTICAS DA ETIQUETA DO KARATE-DO .......................................................... 38

KATA ESTILO SHOTOKAN E GOJU-RYU ................................................................ 42


2.1 KATA: ESTILO SHOTOKAN ...................................................................................... 43
2.2 KATA: ESTILO GOJU-RYU ........................................................................................ 57
2.3 ASSISTIR OS KATA..................................................................................................... 61

AULA DE FAIXA BRANCA A LARANJA ................................................................... 63


3.1 KIHON PARADO .......................................................................................................... 64
3.2 KIHON ANDANDO ...................................................................................................... 65
3.3 IPPON-KUMITE ............................................................................................................ 66
3.4 OS EXAMES DE FAIXA DE BRANCA A LARANJA ............................................... 66
3.4.1. Exame de Faixa Branca para Faixa Amarela.............................................................. 66
3.4.2. Exame de Faixa Amarela para Faixa Vermelha ......................................................... 67
3.4.3. Exame de Faixa Vermelha para Faixa Laranja ........................................................... 67
3.4.4. Exame de Faixa Laranja para Faixa Verde ................................................................. 67

AULAS DE FAIXA VERDE A MARROM .................................................................... 68


4.1 KIHON PARADO .......................................................................................................... 69
4.2 RENZOKU-WAZA (KIHON ANDANDO) .................................................................. 69
4.3 KUMITE ......................................................................................................................... 70
4.4 OS EXAMES DE FAIXA DE ROXA A MARROM .................................................... 72
4.4.1. Exame de Faixa Verde para Faixa Roxa .................................................................... 72
4.4.2. Exame de Faixa Roxa para Faixa Marrom ................................................................. 73

4
4.4.3. Exame de Faixa Marrom para Faixa Preta ................................................................. 73

TREINO DE FAIXAS PRETAS ...................................................................................... 75


5.1 KIHON PARADO .......................................................................................................... 76
5.2 KIHON ANDANDO ...................................................................................................... 76
5.3 KUMITE ......................................................................................................................... 76
5.4 KATA ............................................................................................................................. 76
5.5 OS EXAMES DE DAN (GRADUAÇÕES DENTRO DA PRETA) ............................. 77
5.6 CONHECIMENTOS ADICIONAIS DO FAIXA PRETA ............................................ 77

CARTA AOS ALUNOS .................................................................................................... 78


6.1 REFLEXÃO SOBRE ALUNOS E KARATE...............................................................78
6.2 O QUE APRENDI COM MEUS ALUNOS ATÉ HOJE? ............................................ 79

5
HIEN KARATE KYOKAI

6
1.1 A HISTÓRIA DO KARATE

A história do Karate é formada pela trajetória geográfica e cultural de um grupo de


ensinamentos que foram transmitidos por mestres, que no processo de migração foram se
transformando de acordo com a compreensão do mestre e da aplicação da técnica naquele
momento histórico. Hora aparece como uma forma de ginástica de defesa e ataque, hora como
uma prática vinculada às práticas bélicas ou marciais. Nesta parte do texto, pretende-se
explicar, a partir dos escritos do nosso Mestre Benedito Nelson aqui compilados, quais
caminhos foram trilhados pelo Karate até chegar até nós, os que pretendem seguir o caminho
na Hien Karate Kyokai. Tudo se inicia na Índia, com um monge Bodhidarma.

Equipe organizadora.

...

Bodhidarma, da Índia, leva o budismo para a China e ensina a luta no templo


Shaolin-Zu como forma de ginástica de defesa e ataque, formando daí, vários estilos de luta
no Continente Asiático, com pancadas de pés e de mãos (luta a distância), séc. XIV.

Em Okinawa, ilhas de Ryu-Ryu ao sul do Japão, floresce o combate sem armas


devido à proibição de espadas e lanças (1480), imposta pelo Império Japonês, que mudara na
região pelo Senhor Shimazu de Satsuma (1609±), originando a prática secreta de autodefesa
pelos habitantes de Okinawa. Alguns estudantes de Okinawa aprendem a luta chinesa
WUTSU, KEMPO, CHUANFA, SAKUGAWA, CHATAN YARA e outras artes marciais (1733-
1756).

Iniciou-se então, a dinastia da luta que conhecemos como KARATE, chamando-se


“Tode” ou “Mãos da China”. Estudantes vão à reunião de Fukien, no sul da China e trazem
para Okinawa o segredo do combate sem armas. Em Fukien (1853-1915), Liu Liukung ou
RYU RYOKO ensina Higashiona Hanryo que volta para a cidade de Naha e tem como
melhor aluno Myagui Chojun (1887-1953).

7
Myagui Chojun treina os Katas do que viria a ser o precursor do estilo GOJU-RYU.
Myagui Chogun ensina os Katas: Santin, Tenshu, Seyontin, Saifa, Sanseru, Kururunfa, Sepai
e outros.

Matsumura Kosaku, que já tinha aprendido com o mestre Sakugawa, volta à China
e aperfeiçoa os Katas e Lutas, na cidade de Tomari e inicia seus ensinamentos (1828–1898).

Em Iwah (China) os adidos militares de Okinawa aprendem a lutar KEMPO entre


eles. Matsumura “BUSHI” (guerreiro) que tem como melhor aluno: Itosu Yasutsume, ou
Anko Itosu (1797–1889). Anko Itosu forma escolas em Okinawa de onde vem se originar os
estilos de karate SHORIN que vem a ser SHOTOKAN e WADORYU (1860) na cidade de
SHURI em Okinawa.

Em Choitsu Hou ou Shuchina um aluno aprende a lutar e retorna como professor


Uechi Kambum (1897–1910).

No Japão aporta um navio russo e um lutador de SAMBO desafia qualquer luta


japonesa (1920). Vão de Okinawa para o Japão, Kama Takaesu, Motobu Choyu e Motobu
Choki, aceitar o desafio. O mais novo deles, Motobu Choki acerta em Jeen Kinteru (em
japonês) uma pancada no plexo, que vem a falecer seu oponente, após três dias (1920). E no
momento da luta é que foi dada a origem ao nome “Karate” (mãos limpas), pois acharam que
Motobu Choki estava armado no momento do golpe. É chamado o mestre dessa luta; “Tode
de Okinawa” para mostrar aos japoneses de Tokyo, para o centro de lutas KODO KAN de
JUDO e vem BUTOKU DEM centro de artes marciais do Japão.

Funagoshi Guishin e Itosu Anku vão ao Japão com Motobu Choki e fizeram
várias demonstrações de Kata e defesa pessoal. Iniciando os ensinamentos nas faculdades de
Takudai e Waseda.Os alunos mais antigos de Funagoshi Guishin lutam o estilo de KARATE
SHOTOKAN em 1922 com o mestre e ensinam na Takudai, fundando a NKK (Associação
Japonesa de Karate). Entre os melhores alunos, Otsuka Hiroki não concorda com a luta Jiu-
Kumite como forma esportiva e se desliga de Funagoshi Guishin, fundando o estilo
WADORYU. Neste momento, são fundados alguns estilos de Karate e algumas escolas
importantes aparecem no Japão e no Brasil. A trajetória da história do Karate no Brasil tem
como um dos atores principais o professor Benedito Nelson Augusto dos Santos, o fundador
de nossa escola, a Hien Karate Kyokai.

8
É fundado o estilo GOJU RYU pelo mestre Myagui Chogun, tem entre os melhores
alunos Yamaguchi Goguen (1928).

O professor Mabuni Kenwa aprende os dois tipos de luta de Okinawa de Naha e de


Shuri. Juntam o estilo SHITORYU com Kata dos estilos GOJU e SHOTOKAN.

Matsutatsu Oyama se desliga do GOJU RYU e funda a KYOKUSHINKAI, “Karate


de Contato” ou “Karate de Briga”, difundindo o KARATE no Mundo, lutando contra homens
e touros no Ocidente.

No Brasil, é aberta a primeira academia de KARATE em São Paulo (1957) pelo


professor MITZUZUKE HARADA, vindo da Universidade de Waseda, do estilo
SHOTOKAN. O professor Seiichi Yoshitaka (Shikan) Akamine, 7º grau do estilo GOJU
RYU vem oficialmente ensinar KARATE no Brasil, no clube Santos em São Paulo (1957). O
professor Yoshihide Shinzato divulga o estilo SHORIN em Santos/SP (1958).

A Nihon Karate Kyokai (N.K.K) é representada no Brasil pelos professores Sadamu


Uriu, Yasutaka Tanaka, Juichi Sagara e Tetsuma Higashino, que ensinaram em São
Paulo, na Vila Prudente (1958). Ainda em São Paulo, é difundido o estilo WADO RYU pelos
professores Koji Takamatsu, Michizo Buyo e Susumu Suzuki.

É fundada a CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE KARATE (CBK) no BRASIL e


seu presidente, primeiramente foi Marcelo Arantes seguido de Edegar Ferraz. As primeiras
associações de KARATE oficiais em São Paulo foram: SEIBUKAN do professor Juichi
Sagara, a ABK (Associação Brasileira de Karate) de Shikan Akamine e seus alunos Ryuzo
Watanabe, Paulo Nakaema, Pedro Yukota, Miguel e outros.

No Rio de Janeiro as primeiras associações oficiais são: KOBUKAN do professor


Yasutaka Tanaka e Lirton dos Reis Monassa; SHIDOKAN do professor Sadamu Uriu e
seus alunos Duncan, Willian, Raimundo, Kohara (irmãos) em 1972 e a HIEN KAN do
professor Benedito Nelson A. dos Santos e seus alunos Teruo Furusho e Eurico de
Oliveira Santos em 15 de novembro de 1967.

9
1.2 A HIEN KARATE KYOKAI

A Hien Karate Kyokai é uma associação de artes marciais que tem como finalidade
o aperfeiçoamento interior e exterior do praticante de Karate, tanto na sua parte física – de
condicionamento e saúde – quanto na parte da atenção e construção de uma atitude ética e fiel
para com a justiça e a humanidade.

O nome foi escolhido pelo Hanshi Benedito Nelson


Augusto dos Santos para sua associação devido a grande
admiração que ele cultivava pela ave Andorinha, que de todas
as aves é a única que voa durante as tempestades, ou seja, nem
o temporal faz com que ela desista de seguir em frente. Hien
significa, entre outras definições, a esquiva da andorinha ao se
desvencilhar do gavião, Karate é a arte marcial praticada e
Kyokai significa associação, pois é uma escola que reúne
diversos clubes de prática de karate e outras artes marciais.

O símbolo da HKK é o punho cerrado, significando a união do homem. Este punho


vem inserido num triângulo de cor azul que representa Júpiter. O triângulo significa as três
forças: a positiva, a negativa e a neutralizante. O triângulo se sobressai de dois círculos: o
maior, de cor vermelha, representa o sol, o centro máximo de energia; o menor é a Lua, que
representa as forças da natureza.

1.2.1 A História da Hien Karate Kyokai

A história da Hien Karate Kyokai inicia em 1967 com o retorno do Hanshi Benedito
Nelson, na época 2° dan da NKK, à cidade do Rio de Janeiro.

Neste período, existiam na cidade dois Dojôs de Karate: Kobukan de Yasutaka


Tanaka e Shidokan de Sadamu Uriu. Sadamu Uriu e Hiroyasu Inoki davam aula nas forças
armadas para os paraquedistas e Oswaldo Duncan que era aluno de Uriu e um excelente
professor, dava aula para os fuzileiros navais, ele possuía a maior quantidade de alunos do Rio
de Janeiro.

Após uma demonstração de Karate na Ilha do Governador no Batalhão Humaitá de


Fuzileiros Navais, Benedito Nelson conheceu Joaquim Mamed, responsável por dar um
imenso avanço no Judo do Brasil como fundador da Confederação Brasileira de Judo - CBJ.

10
Mamed era dono de uma grande Academia no local chamado Cacuia (Ilha do Governador),
onde era professor de Judo e Jiu Jitsu e tinha como professor de Karate Lirton Monassa, com
o aumento dos alunos em Botafogo Monassa passou seus alunos da Ilha do Governador para
Benedito Nelson.

Joaquim Mamed foi um grande amigo que auxiliou Benedito Nelson no início de sua
carreira no RJ, adaptando o sistema de ensino que Benedito Nelson aprendera com Juichi
Sagara em São Paulo e aplicava em seus treinos.

 INÍCIO DA HIEN KARATE KYOKAI

Após a adaptação feita por Mamed a quantidade de alunos cresceu


consideravelmente, incentivando-o a fundar a Academia Hien Kan, junto com o professor
Teruo Furusho, que na época era faixa marrom.

Ainda buscando um local para morar, Benedito Nelson encontrou na rua Hadock
Lobo no bairro do Rio Comprido um local para residir e ensinar Karate, assim teve início a
Hien Kan fundada pelo sensei Benedito Nelson. O símbolo usado pela Hien Kan era a meia
lua vermelha que representa o vermelho do sol coberto pela lua. Seu significado é crescimento
e evolução do aprendiz.

Os primeiros alunos a frequentar a academia foram: Kung, Eurico de Oliveira, Verdi


Fiuza, Wagner Fiuza, Cesar Valaperdi, Mauro Gomes, Alan Silvério, Airton Benigno,
Antonio Carlos Bentes, Hilário Da Costa, Messias Do Carmo Leite, Mineiro (Alan Silvero
dos Reis), e outros alunos que participaram da fundação e hoje pertencem a outras
organizações, como: Teruo Furusho (SKI), Fernando Gomes (FKERJ) e Carlos Alberto
Henrique de Melo (Bukai-Kan). Os treinos eram 3 vezes por semana divididos em: Kihon na
segunda-feira, Kata na quarta-feira e Kumite na sexta-feira. Os exames eram supervisionados
pelo seu professor Juichi Sagara

Enquanto isso Benedito Nelson também introduziu o Karate na Aeronáutica no


Bairro Caju e outros quartéis como na BAF e CDA contando com o apoio do Brigadeiro da
Ar. Luiz Freitas do Valle que foi o 1º oficial a se graduar faixa preta de karate como o
Brigadeiro Luiz Felipe Pinheiro e o Major Roberto. Nesta época o treino consistia em correr
diariamente um mínimo de 5 km, 1 hora de makiwara, 50 katas diários e lutar todos os dias
mesmo que fosse com faixas brancas.

11
Os alunos que acompanhavam Benedito Nelson neste treino eram, aqui apresentados
em ordem por antiguidade: Eurico de Oliveira Santos (que fundou o karate no Estado do
Amazonas, Manaus e em Belém do Pará), que teve como auxiliar e aluno Antônio Carlos
Bentes (em Minas Gerais) e Hilário C. Santos, em Roraima Delcimar e Oberlan Jones e em
Mato Grosso - Cuiabá o prof. Dulcidio Vaz Campos.

 ACADEMIA NA RUA BARÃO DE UBÁ E SAMPAIO VIANA

Com o passar do tempo a academia na rua Hadock Lobo foi ficando pequena para o
crescente número de alunos de Judo e karate. Benedito Nelson juntamente com Teruo
Furusho encontraram um local na rua Barão de Ubá, para dar continuidade aos treinos. Após
alguns meses Furusho saiu da HIEN KAN e fundou a Botokukai, em 1979, com o professor
Yoshimassa Nagashima de Judo, um dos mais graduados dessa organização que veio do
Japão.

Os alunos que frequentavam os treinos na rua Barão de Ubá eram os mesmos da


Hadock Lobo e mais (apelido): Lobão, Lobinho, Samurai, Sassaki, César. O que mais marcou
nessa época para Benedito Nelson foi a assiduidade dos alunos nos treinos, que nos finais de
semana iam todos ao Leblon treinar Karate nas pedras, na areia da praia e na beira do mar.
Nessa época também foi intensificado o Kobudo (Bo e Nunchako).

Com o aumento do aluguel da academia, Benedito Nelson resolveu sair da Barão de


Ubá e se mudou para rua Sampaio Viana. Neste local, Benedito Nelson residia no andar de
cima e dava aula no primeiro andar, na parte da frente dava aula de judô e na parte de trás
dava aula de Karate.

 ACADEMIA NA GLÓRIA

Nesta época, devido a intensidade do seu trabalho na Aeronáutica e as viagens que


fazia á trabalho, seus alunos mais antigos dirigiam a maioria dos treinos, como: Verdi Fiúza,
Diabinho (Pedro Soares), César Valaperdi entre outros.

 TREINOS NO IPCN (INSTITUTO DE PESQUISA DA CULTURA NEGRA) -


ESTÁCIO

12
Por ser pequeno o local, os treinamentos aos sábados eram mais dirigidos na parte de
lutas combinadas e jiu-kumite. Os alunos mais assíduos nesta época eram: Benigno,
Diabinho, Valaperdi, Dragão, Melo e Edson Silveira.

 ACADEMIA SOLANGE PUPO - RIO COMPRIDO

O que mais se destacava nesta época era o registro das aulas em atas desde o
aquecimento até o Mokuso, foi uma safra de bons alunos que apareceram de Campo Grande,
alunos do Prof. Mauro Gomes (Dragão) como: Helio Lopes, Alemar Nunes, Ezequiel Espírito
Santo, Varella, Silva e Moacir.

 ACADEMIA ROMILDO MENEZES - PRAÇA DA BANDEIRA - 1983

Nesta época os treinamentos começaram a ter também uma parte esportiva. Entre
seus alunos, César Valaperdi foi o que mais se destacou pela técnica de kata e kumite de
competição. Seu filho Sidi Gobbi começa um treinamento voltado para competição e auxilia
seu pai nas aulas como Waka Sensei com apenas treze anos. Sidi Gobbi seguiu sua trajetória
no Karate Esportivo alcançando vitórias em competições tanto de Kata como de kumite
estaduais, nacionais e internacionais. Nesta época os alunos de Benedito Nelson que se
destacaram foram: Edson Yamaguchi, Francisco das Chagas, Abelaird, Cláudio Neto, Márcia
Yris e João Wiliam.

 HIEN KARATE KYOKAI (1984 a 1990)

Os alunos que se formaram como faixa-preta começaram a dar aula de karate em


vários locais, cada um recebeu o nome de sua academia por Benedito Nelson, como:
Bunkaikan, Ryukan, Kokuriukan, Yamakan, etc. Com o grande número de academias filiais,
foi necessário criar a Associação que uniria todas essas academias, que é a Hien Karate
Kyokai, comandada por Benedito Nelson que foi professor de todos esses professores. Houve
uma reunião onde todos assinaram um documento firmando o regulamento da HKK.

 TREINOS NA RUA BARÃO DE PETRÓPOLIS E RUA DO BISPO - HIEN


KARATE KYOKAI

Morando na Rua Barão de Petrópolis, Benedito Nelson intensificou sua fabricação de


espadas e suas aulas no quartel da Aeronáutica. Com a morte do proprietário da Academia em
que dava aulas, Benedito Nelson teve que mudar seu local de aulas mais uma vez, se

13
mudando para Rua do Bispo 172, onde Benedito Nelson residia com seus filhos. O número de
alunos diminuíra devido a expansão das Academias filiais e Benedito Nelson dava aula para
poucas pessoas e supervisionava mais as Academias de seus faixas pretas dando aulões.

 TREINOS NO VIDIGAL

Quando se mudou para o Vidigal parou de dar aulas para iniciantes, fazendo apenas
pequenos ajustes nos alunos de seus alunos da faixa verde a preta. Estes treinos eram aos
sábados com os alunos antigos e seus alunos das academias filiadas a HKK. Uma das
características marcantes desse treino é que alguns eram na praia em frente a sua casa e
durante a semana existiu um grupo de treinamento de kumiuchi sem kimono e um grupo de
treinamento de Judo (Jorge Hesketh, Felipe, Sidi, Marcos Paulo e Flávio Levicheviski), que
depois Felipe e Marco Paulo foram encaminhados a academia do prof. Jorge Medhi onde se
graduaram na faixa preta.

Foi também nessa época que a quantidade de exames se intensificou, foram feitos
campeonatos da HKK, unindo um grande número de Academias filiadas a Associação sendo
estes grandes momentos de interação entre os alunos antigos e seus alunos representantes.

A HKK cresceu muito, com mais de 30 academias se tornando a maior organização de Karate
do RJ. Depois de tantos anos mudando seus locais de treino, Benedito Nelson compreendeu o
momento que seus alunos estavam passando, tendo que pagar aluguéis absurdos só para ter
um local para treinar. Foi com esse pensamento que Benedito Nelson decidiu construir o Dojô
da HKK como uma sede geral para treinamentos e encontros das academias filiadas. Para
poder construir essa sede, Benedito Nelson teve que se ausentar um pouco dos aulões, treinos
e alguns exames para trabalhar como segurança da família Barata durante dois anos, no intuito
de juntar dinheiro suficiente para construção, já que seus alunos não puderam auxiliar na obra.

 HIEN KARATE KYOKAI (1991 a 2008)

CISÃO NA HIEN KARATE KYOKAI EM SÃO PAULO

Foi na mesma época da ausência de Benedito Nelson que Kung, um de seus alunos
mais antigos, surgiu com um questionamento quanto ao arrecadamento das aulas ministradas
por Benedito Nelson que eram cobradas durante o exame de faixa. A separação dos dois foi
imediata, enfraquecendo de vez a HKK, pois Benedito Nelson não estava tão ativo nas aulas
devido a construção do Dojô. Por se sentirem enfraquecidos com a ausência mesmo que

14
temporária de Benedito Nelson e após o afastamento de Kung, alguns alunos se isolaram,
onde cada um foi para um lado, cuidando só de sua academia e com pouca ligação com a
HKK. Em seguida o mesmo acontece em Manaus com Prof. Gilson e em Roraima com o
professor Oberlan Jones que se filiaram a outras organizações. Os exames ministrados desde
então não seguiam fielmente o regulamento da associação após a separação, sendo mantida a
tradição apenas por seu filho Sidi Gobbi dos Santos, Anderson, Jorginéia e outros.

SEDE DA HKK EM ITABORAÍ

Mesmo enfrentando a separação de um de seus alunos mais antigos e o afastamento


de tantos outros, Benedito Nelson conseguiu construir a Sede Central da HKK em Itaboraí
com dois alojamentos para as equipes de outros estados ficarem, local de treino, banheiro
feminino e masculino, cozinha e jardim.

Benedito Nelson achou que com o término de sua obra os alunos voltariam a HKK e
tudo se estabilizaria novamente, porém foram poucos os treinos realizados no local, os
exames que eram feitos por lá eram esporádicos, nenhum aluno se dispôs a dar aula no local e
nenhum se ofereceu para cuidar da Sede e organizar a união das academias.

Benedito Nelson saiu do serviço de segurança com a conclusão da obra e ficando


desanimado com tal atitude de seus alunos, resolveu se conformar e ir aos exames e
frequentar algumas aulas em Campo Grande com Adriano, Hélio e João William e aulões que
seu filho Sidi promovia no CEI.

UM RECOMEÇO

Já decepcionado e achando que sua contribuição para o karate brasileiro havia


acabado, Benedito Nelson recebeu um convite para ensinar alguns golpes de karate para uma
companhia de dança liderada pela coreógrafa Lia. Nesta mesma época iniciou um grupo de
estudo das palestras de George Ivanovitch Gurdjieff no qual seus integrantes começaram a
praticar karate em Copacabana (Academia GT) e logo em seguida foram para Academia
Pergus, no Botafogo.

Benedito Nelson se casa com Maria Nayara Arnaud Tavares e juntos resolvem dar
mais ênfase ao Karate Budô, resgatando a etiqueta tradicional que aprendeu com Juichi
Sagara, o Kobudo e Goju-ryu do sensei Akamine e a filosofia do Caminho do guerreiro
ensinada por Jiro Takaesu, o Velho. Enquanto o mundo gira em torno do Karate esportivo,

15
Benedito Nelson mergulha na profundeza da raiz de seu karate e resolve ensinar a seus novos
alunos o Karate Tradicional de seus três professores.

Seus alunos e frequentadores do Grupo de Trabalho de Gurdjieff também decidiram


praticar o Karate Budo e juntos resolveram acompanhar Benedito Nelson na sua mudança
para Porto Velho, Rondônia. O processo intensivo de treino antes da viagem foi no
Condomínio Morada do Sol, onde alguns de seus alunos chegaram a se graduar pela
Federação de Karate do Rio de Janeiro - FKERJ, que são: sua mulher Maria Nayara, Andréia
Hirano, Ronaldo Patricio, Guilherme Barros, Bruno Montenegro, Juliana Chalita e Gilmar
Tito (aluno de seu filho).

BENEDITO NELSON EM RONDÔNIA

Benedito Nelson percebeu que toda expansão da HKK gerou a separação e que o
movimento agora é o de introspecção e isolamento do mundo karateca material e esportivo.
Benedito Nelson admira o Karate esporte e com ele conseguiu treinar seu filho, tornando-o
campeão do Pan-Americano no México, mas percebeu que as modificações ocorridas nos dias
atuais fizeram com que esse Karate de hoje não tenha características do karate que aprendeu
em 1957, como se fossem lutas completamente diferentes. Benedito Nelson fica muito feliz ao
reencontrar professores que mantém a tradição e a fidelidade no karate tradicional. Assim
Benedito Nelson continua contribuindo para o Karate brasileiro com mais de 100 alunos da
Hien Karate Kyokai graduados pela FKERJ.

O grupo de alunos que acompanharam Benedito Nelson a Rondônia e continuam ao


seu lado permanecem firmes no seu propósito de se aperfeiçoar através do Karate de forma
tridimensional, como projetava Juichi Sagara. Hoje todos estão estudando as técnicas de
combate no karate dividindo sua vida diária em três aspectos: Karate, estudo de si e
aperfeiçoamento espiritual. Cada participante tem sua vida particular, trabalho, estudo, etc.,
mas um dos objetivos centrais é a formação de um condomínio residencial, que já está em
andamento, para que não haja impedimento aos integrantes para a continuação dos objetivos
citados. Benedito Nelson é mais que um professor de Karate, pois vem ensinando seus alunos
a se verem, ver aos outros, verem a realidade e decidirem o que realmente querem ser e
querem para si, transformando um simples Dojô num local alquímico, onde o ferro da
personalidade se transforma no ouro da consciência.

16
O Hanshi Benedito Nelson dedicou a vida ao aprimoramento do corpo para o
combate e do espírito do guerreiro, não hesitando em transmitir seus conhecimentos. A
proposta de unificar o Karate em âmbito nacional objetivando a formação de professores
qualificados e de atletas desta arte marcial, capazes de afigurar nos pódios das competições
nas quais ingressassem se materializou na fundação da associação de academias Hien Karate
Kyokai.

Esta associação visava aprimorar as técnicas dos professores, assim como permitir
um intercâmbio saudável entre os alunos, mantendo as tradições de nossos mestres
antepassados, ensinando a etiqueta Budo e criando condições para o desenvolvimento
desportivo. Mesmo visando a prática do Karate tradicional, a Hien Karate Kyokai participa e
incentiva os eventos esportivos do Karate, como parte do treinamento, mas não sua finalidade.
Os eventos esportivos envolvem um trabalho com a vaidade, com o respeito ao adversário que
não é de seu clube ou escola, uma série de trabalhos do karate em si.

Após o falecimento do Hanshi Benedito Nelson, em 1º de Agosto de 2013, coube a


responsabilidade de assumir a liderança deste grandioso projeto, que tem como objetivo levar
o Karate para o maior número de praticantes que assim desejarem, ao Shihan Sidi Gobbi dos
Santos, 5º dan (grau).

O Shihan Sidi é filho do Hanshi Benedito Nelson e iniciou a prática do Karate aos 3
anos de idade, com seu pai, em 1975. Os exames de graduação que participou até obtenção da
faixa laranja aconteceram com o Professor Juichi Sagara, professor do nosso Hanshi BNAS.
Ao atingir a faixa roxa, iniciou os treinamentos com o melhor aluno do Hanshi nesta época,
César Vallaperdi, adquirindo a faixa marrom.Nesta época, o Hanshi não tinha possibilidade de
ministrar aulas regulares durante a semana, só podendo aos sábados ministrar aulas aos faixas
pretas.

Aos 13 anos de idade o Shihan Sidi Gobbi começou a ministrar aulas de karate, o que
permanece fazendo até os dias atuais, tendo se graduado em Educação Física pela
Universidade Gama Filho no ano de 1994 e pós-graduando pela Universidade Veiga de
Almeida em Psicomotricidade no ano de 2001.

O Shihan recebeu a graduação de faixa Preta (1º Dan) aos 16 anos, no ano de 1988,
pela Federação de Karate do Estado do Rio de Janeiro (FKERJ). O 2º Dan foi recebido em

17
1993, pelo mesmo organismo organizativo, o 3º dan em 1996 também pela FKERJ e o 4º dan
recebido novamente pela FKERJ, 2002.

O 5º dan foi recebido por três organizações distintas de Karate, no ano de 2010: a
FKERJ, a Confederação Brasileira de Karate e a Shotokan Karate Intenational Federation pelo
mestre Kansho Kanazawa.

Além da extensa experiência enquanto professor, tendo graduado em sua carreira


mais de 40 faixas pretas, o Shihan teve grande sucesso como atleta em campeonatos tendo
recebido mais de 40 títulos em diversas competições. São seus principais títulos:

● Campeão do 1º campeonato estadual de Karate juvenil 1987 - Kumite;


● Campeão do 1º campeonato estadual júnior - Kata e Kumite FKERJ - 1991;
● Diversos títulos estaduais e nacionais pela FKERJ -SKIF e CBK;
● Campeão pan-americano juvenil de Kata SKIF - México 1989;
● Vice-campeão pan-americano juvenil de Kumite SKIF - México 1989;
● Participação do campeonato mundial México - SKIF -1991;
● Campeão Sul americano adulto por equipes SKIF - Mar del Plata - Argentina - 1993;
● Vice-campeão sul americano adulto de Kata SKIF - Mar del Plata - Argentina - 1993.

Desta forma, com respeito aos ensinamentos tradicionais recebidos de seu pai, o
Shihan se encontra em boas condições de continuar e divulgar o trabalho pelo
engrandecimento do Karate iniciado por seu pai, tanto na parte de conduta do guerreiro como
na formação de atletas nesta arte.

O KARATÊ ESPORTIVO E A FEDERAÇÃO DE KARATÊ DE RONDÔNIA

O karate tem como alguns dos seus objetivos trabalhar o condicionamento físico,
moral e da atenção dos seus praticantes. Apesar de haver uma restrição técnica no que tange
ao uso de armas e golpes, os campeonatos de karate são oportunidades importantes, para o
aluno que tiver atento, de treinar estes objetivos. O condicionamento físico é importante para
a realização de inúmeros movimentos em sequência (luta ou kata), a condição moral é
treinada quando o aluno está disposto ao trabalho, a seguir corretamente as regras e se inserir
nas federações de karate e a etiqueta é treinada quando, mesmo em uma luta esportiva,
respeitamos os professores, a integridade corporal dos adversários, a antiguidade, os locais de

18
proteção e auxílio dos mais vulneráveis (como crianças e idosos) e dos mais antigos na prática
do karate.

Além destes pontos, o karate praticado de forma esportiva é uma "vitrine" onde a arte
marcial é exposta à sociedade como um todo, na mídia e nas famílias dos já praticantes, é
também um momento de confraternização onde técnicas são observadas, corrigidas,
apontadas as diferenças e onde todos, dentro de sua linhagem ou escola, podem crescer com
esta diferença.

A Hien Karate Kyokai de Rondônia tem trabalhado para o desenvolvimento da


Federação de Karate de Rondônia - FKR, tendo na sua diretoria alguns membros, desde o
Presidente (Sensei Ronaldo Seraphico de Souza Patricio, Shindokan), Secretária (Sensei
Jeniffer da Silva Vieira, Umahikan), Diretor de Arbitragem (Sensei Erivan Silva de Carvalho,
Shidokan), dentre outros. O grupo tem acreditando nas potencialidades do campeonato de
karate e sua transformação em esporte, se dedicado à expansão saudável desta prática pelo
estado de Rondônia.

Em associação com outros professores, clubes e setores da sociedade a HKK trabalha


para a ampliação deste sentimento e prática, que possibilita a participação anual da seleção de
Karate de Rondônia nas etapas preliminares e finais do Campeonato Brasileiro de Karate
organizado pela CBK, Confederação Brasileira de Karate.

Com o karate sendo esporte olímpico, a HKK e as entidades a que ela se filia
pretende continuar colaborando para o desenvolvimento do esporte e da arte marcial.

Que o karate budô seja praticado em todos os lugares, especialmente onde o karate
está presente, sendo ele marcial ou esportivo, estamos trabalhando pelo karate e pela
transmissão dos saberes dos nossos mestres.

1.2.2 A Dinastia da Hien Karate Kyokai

A dinastia da Hien Karate Kyokai representa todos os mestres que lapidaram e


ensinaram as técnicas do karate até que chegasse aos ensinamentos do professor Benedito
Nelson dos Santos que, por sua vez, ensinou aos faixas pretas da associação e dos seus demais
alunos. Eles são os nossos Veneráveis Mestres e nossos cumprimentos em silêncio são de
gratidão pela vida que dedicaram às técnicas e aos ensinamentos que chegam até nós pela
prática perseverante e humilde do caminho do karate.

19
DINASTIA SHOTOKAN

1º MATSUMURA MUNEHEIDE (Estilo Shorin 1800 – Okinawa)

2º ITOSU YASUTSUNE (Estilo Shorin 1800 – Okinawa)

3º FUNAGOSHI GUISHIN (Estilo Shotokan 1922 – Okinawa – Japão)

4º MASSATOSHI NAKAYAMA (Nihon Karate Kyokai – N.K.K - Japão)

20
4º KOBASHIMA SHIGUERO

4º TAKAGUI MASSOTOMO

4º KOBASHIMA ROKOITIRO

5º HIDETAKA NISHIYAMA (Japan Karate Association – U.S.A)

5º HIROKAZU KANAZAWA (Shotokan Karate Internacional Japão)

5º TSUYAMA KATSUNORI (Takudai)

5º SUZUKI SHIGUERO (Takudai)

5º IOBATA ISAU (Hosi Daigaku)

5º MATSUMOTO SHIGUEO (Hosei Daigaku)

6º JUICHI SAGARA (N.K.K. 1959 – São Paulo – Seibu Kan)

6º TETSUMA HIGASHINO (N.K.K. 1959 – São Paulo – D. Federal – Goiás)

6º SADAMU URIU (N.K.K. 1959 – São Paulo – RJ – Shidokan)

6º YASUTAKA TANAKA (N.K.K. 1959 – São Paulo – RJ – Kobukan)

6º TAKEDU OKUDA (N.K.K. 1973 – RJ- Botuku Kan)

7º BENEDITO NELSON A. DOS SANTOS (N.K.K. 1960 – SKI 1986 – Hien Kan 1967)

7º HIROYASU INOKI (N.K.K. 1960 RJ – Shotokan)

7º YASUITI SASAKI (N.K.K. 1965 – SP – Butokukan)

7º MILTON OSAKA(N.K.K 1960 – SP)

21
7º AYLTON M. DE MENEZES (N.K.K. 1965 – SP)

7º JÚLIO ARAI(N.K.K. – SP – Paraná)

7º ALDO BORGES FIGUEIREDO

7º AILTON DE MENEZES(SP)

8º TERUO FURUSHO (UNICAM/RJ – SKI 1986 – SKICB 1991- CBKI 1994 –FKIRJ)

8º CARLOS ALBERTO HENRIQUE DE MELO (Bukai Kan – RJ)

8º EURICO DE OLIVEIRA SANTOS (Hien Kan Amazonas – Manaus)

8º SEBASTIÃO PEDRO MORAES SOARES (Hien Kan - RJ)

8º VERDI FIUZA CARRILHO (Hien Kan – RJ)

8º WAGNER FIUZA ( Hien Kan – Inglaterra )

8º ANTÔNIO CARLOS LOBÃO (Hien Kan – RJ)

8º CÉZAR VALLAPERDI (Hien Kan – RJ)

8º JOSÉ NUNES (Hien Kan – RJ)

8º MAURO GOMES DE ANDRADE (Kuko Ryu Kan – RJ)

8º ALAN SILVERO DOS REIS (Hien Kan – RJ)

8º JOSÉ COSME DE MENTZINGEN (Hien Kan - RJ)

8º FERNANDO GOMES (ASS. Fluminense de Karate)

8º SIDI GOBBI DOS SANTOS (Hien Kan – RJ)

22
DINASTIA GOJU RYU

1º HIGAONA KANNYU (NAHA TE – SHOREY RYU – OKINAWA)

2º MIYAGI SHOJUN (GOJU RYU – OKINAWA – 1930)

3º HIGA SEIKO (OKINAWA – JAPÃO)

4º SEIICHI YOSHITAKA (SHIKAN) AKAMINE (GOJU RYU – BRASIL – 1957)

23
5º BENEDITO NELSON AUGUSTO DOS SANTOS (GOJU RYU – SP – 1959)

5º PAULO NAKAEMA (GOJU RYU – SP – 1959)

5º MIGUEL KOJIMA (OJU RYU - SP – 1959)

6º SIDI GOBBI DOS SANTOS (Hien Kan – RJ)

6º(TODOS OS FAIXAS PRETAS DA HIEN KARATE-DO KYOKAI, A PARTIR DA 8ª DINASTIA E QUE


POSSUAM FORMAÇÃO EM GOJU-RYU)

1.3 O QUE É APRENDER KARATE NA HIEN KARATE KYOKAI

Palavras do nosso Hanshi Benedito Nelson, fundador da H.K.K., in memoriam:

Não podemos falar que o Karate é somente um esporte como


todos conhecem ou que seja apenas defesa pessoal, é algo muito mais
complexo do que uma simples luta à distância ou corpo a corpo.
Ao longo desses 50 anos venho me aperfeiçoando na Arte
Marcial que tem como seu instrumento principal o Ser Humano.
Sabemos que a estrutura de movimentos tem necessidade dos
neurônios, dos músculos e dos ossos. De uma maneira simples, temos

24
os movimentos naturais do nosso corpo que podemos chamar de
movimentos instintivos e os cinco sentidos. Existem mais dois ainda
em evolução, que são: a percepção emocional do perigo e a percepção
intelectual de algo acontecido longe, com alguém que temos
conhecimento, ou a iminência de algo ruim que pode acontecer com
nosso próprio físico. Esta é a parte instintiva do ser humano.
Outra parte é o canal que liga o mundo exterior com o mundo
interior, a parte intelectual. Inicialmente aprendemos todos os
movimentos com a parte intelectual, posteriormente é que passa para
uma outra parte que chamamos de motora, que é a parte mais
importante para a luta, no caso, o Karate
O Karate ao qual me dedico e ensino nos dias atuais
busca fazer do seu treino um processo de alquimia interior onde o
combatente aperfeiçoa sua parte instintiva, intelectual, motora e
também a emocional. Um combatente de Karate tem como inimigo
principal o seu espírito de agressão, porque apesar de ser uma Arte
Marcial, aquele que pratica o Karate não se aperfeiçoa para lutar, mas
luta para se aperfeiçoar.
Um bom combatente pode se tornar um guerreiro a medida
que vem se tornando uma boa pessoa, um bom familiar e um bom
cidadão. O Karate que procuro transmitir não tem apenas as mãos
limpas, mas principalmente o coração.
Hanshi Benedito Nelson Augusto dos Santos

1.3.1 O que é Budo

Nesses últimos anos percebi que o espírito do combatente foi sumindo e junto com
ele a etiqueta e filosofia do verdadeiro guerreiro.
É necessário que seja seguido por aqueles que pretendem evoluir junto comigo no
caminho do combate e da evolução espiritual através de um treinamento intensivo e diário
durante a vida. Pois treinar apenas o corpo, não é ser guerreiro. O verdadeiro guerreiro treina
mente, corpo e espírito diariamente. Seu verdadeiro combate é contra si mesmo onde não se
deve manifestar a raiva, a inveja, o ódio e principalmente a vaidade.
O Samurai não é um homem comum, no qual os interesses monetários prevalecem
acima de sua honra, pois para querermos elevar nosso nível devemos nos aperfeiçoar no

25
caminho que seguimos. O que não se satisfaz com o que tem e com o que é, treinar sem cessar
para atingir uma perfeição tanto do corpo em combate, como do interior na obediência. Esse é
um verdadeiro guerreiro, um Samurai dos tempos modernos.

1.3.2 Faixas, graduação e exames


Quando o iniciante entra em uma academia de Karate ou de Judo, este tem como
representativa de sua graduação a faixa branca, que é o 7º KYU, significando que está sem
nenhum conhecimento.
Depois de alguns meses de treinamento no karate, adquire a capacidade de
acompanhar uma aula e passa à faixa AMARELA, 6º KYU. Treinando mais alguns meses, vai
a faixa vermelha (Marte), significando que, além de acompanhar aulas, já tem uma pequena
noção de defesa e ataque, 5º KYU.
Após um ano ou mais de treino, o aluno passa a faixa laranja, que é o início das
movimentações com impacto e a cintura já acompanha os golpes de braço. O faixa verde
inicia a fase da luta combinada e sabe no mínimo, três KATAS, igualmente à sua graduação
de 3º KYU.
A faixa roxa (Júpiter) é a abertura para a luta livre, que significa o início do controle
nos golpes de pernas e mãos, 2º KYU.
A faixa marrom é ter o conhecimento básico de estilo, que tem como meta decorar e
fazer todos os KATAS de sua escola, é o 1º KYU, completando uma oitava ascendente de
conhecimento ou um ciclo (dó ré mi fá sol lá si dó). Até este ponto, se está aprendendo e
decorando todos os movimentos.
Ao passar para a faixa preta, dá-se o início de uma nova oitava ascendente (dó) é o 1º
grau ou SHODAN (negro, espaço puro, imaculado “UM”, sem luz), que também vai até o
número sete. É quando o praticante inicia o treino real de luta. O 8º grau, 9º grau e 10º grau
são graus honorários por serviços prestados ao Karate.
Do 1º ao 4º grau é o combatente Professor (Sensei). No 5º grau, o Mestre (Shihan), e
já pode usar a faixa vermelha larga. O 6º grau é o Professor Superior (Renshi). O 7º grau e 8º
grau, Mestre venerável (Kyoshi). O 9º grau, Mestre Superior (Hanshi) e o 10º grau, Grão
Mestre (Meijin).
Cada faixa, a partir da amarela, tem como comprovação, o certificado de grau.
A partir da faixa PRETA (SHODAN) existem três tipos de diploma:

1. JITSU RYOKU-DAN – grau de capacidade de treino e conhecimento direto da luta.

26
2. SUISEN-DAN – grau ganho por antiguidade, dedicação ou mérito de trabalho ao
longo dos anos.
3. MEYO-DAN – grau honorário por serviços prestados ao Karate.

1.3.3 Pequeno dicionário de japonês para iniciantes de karate


BONENKAI - Reunião de fim de ano, encerramento KI-HON - Treino de base
das aulas. KIME - Impacto
BUSHIDO - Caminho do guerreiro KOHAI - Aluno mais novo
CHUDAN - Parte média, tronco KOSHI - Cintura
DAN - Grau KOTO - Local de competição
DANGAI - Abaixo de preta, faixa colorida KUMITE - Troca de técnica, luta entre os
DESHI - Discípulo companheiros
DOJÔ - Local de treino KUMIUCHI - Lutar agarrado
FUKUSHIN - Juízes auxiliares KYOKAI - Associação de clubes
FUSEN GASHI - Sem adversário KYOSHI - Mestre venerável (7º e 8º DAN)
GASHUKU - Treino especial MAWATE – Vire
GUEDAN - Parte baixa, ventre, pernas MEIJIN - Grão Mestre (10º DAN)
HAI - Sim MENJO - Diploma
HANSHI - Mestre Superior (9º DAN) MEYO DAN - Diploma de grau honorário
HANTAI - Contrário, trocar a base MOKUSO - Meditação ou relaxamento
IIE - Não OBI - Faixa
JIKAN - Tempo OSS - Siga em frente sem esmorecimento
JODAN - Parte alta, cabeça OTAGAI - Juízes dirigentes
JODAN -Nível alto (rosto, pescoço, nuca) REI - Cumprimentar
JYTSU RYOKO DAN - Diploma de capacidade RENSHI - Professor Superior (6º DAN)
efetiva RENZOKU - Combinação, secessão, série
KAITE - Voltar, girar RITSU REI - Cumprimento de pé
KAMAE - Guarda RYU - Estilo
KAN - Clube SAGATE - Recuar
KANGUEIKO - Treino de inverno SEITO - Aluno
KARA - Vazia SENPAI - Veterano
KARUI - Leve SENSEI - Professor (1º ao 3º DAN)
KATA - Forma ou modelo SENSHU - Atleta
KAWASHI - Esquiva SHIAI - Luta livre fazendo pontos
KENTO - Raiz das falanges das mãos SHIHAN - Mestre (4º e 5º DAN)
KETO - Desafio por estilo ou por honra SHIMPAI - Juízes
KIAI - Grito de energia máxima SHITEI-KATA - Kata indicado

27
SHOMEN - Mestre ancestral (venerado) TEGUMI - Luta agarrado pela faixa
SHUGUEIKO - Treino de verão TOKUI-KATA - Kata pessoal
SOKUDO - Ritmo USHIRO SAGATE - Volte atrás
SOKUTO - Sabre do pé WAZA - Técnica
SUI SEN DAN - Mérito de trabalho YABURI - Desafio por dinheiro
SUKUI - Colherada, puxada com as mãos YAME - Descansar
TAIKAI - Campeonato YASSUME - Descontrair-se
TAISO - Ginástica YOI – Atenção
TE - Mão ZAREI - Cumprimento ajoelhado

1.3.4 As aulas

Sabemos que nossas aulas são subdivididas em 5 partes:

a. Cerimônia de abertura

Durante a cerimônia de abertura de uma aula, os alunos devem se posicionar lado a


lado, por ordem de graduação, os mais antigos à direita dos mais modernos, um espaço
suficiente para caber uma pessoa no meio da fileira, em frente ao shomen, onde ficam as fotos
da dinastia deve ser reservado. Caso seja necessário, os alunos podem formar fileiras
adicionais.

A cerimônia se inicia com o sensei comandando a todos para assumir a posição seiza.
Em seguida comanda o cumprimento ao shomen com as palavras REI! SHOMEN NI REI! Ao
ouvir este comando, todos, inclusive o sensei devem se voltar ao shomen. REI! Ao ouvir este
comando todos devem realizar o cumprimento zarei ao shomen em silêncio.

Em seguida, o aluno mais antigo, o senpai, convoca a todos para cumprimentar o


sensei com o comando REI! SENSEI NI REI!, ao ouvir este comando, todos devem se voltar
para o sensei. REI! Ao ouvir este comando todos devem realizar o cumprimento zarei
pronunciando a palavra OSS! O senpai, convoca a todos para cumprimenta-lo com o comando
REI! SENPAI NI REI!, ao ouvir este comando, todos devem se voltar para o senpai.

REI! Ao ouvir este comando todos devem realizar o cumprimento zarei


pronunciando a palavra OSS! Em seguida, todos devem se voltar para o sensei e pronunciar
novamente a palavra OSS!

28
O sensei comandará que todos se levantem um por um, começando pelo sensei e de
forma decrescente por faixa, da preta à branca. Pode-se também ler uma parte do DOJÔ kun
no começo da aula, de acordo com o professor, mas sendo uma prática dentro da H.K.K.

1. Aquecimento (calistênica)
2. Kihon parado e andando (ginástica de defesa e ataque)
3. Kata (movimentos de defesa e ataque)
4. Kumite (luta combinada ou livre)
5. Mokuso (relaxamento e desenvolvimento da atenção)

b. Cerimônia de encerramento

A cerimônia de encerramento é igual à cerimônia inicial descrita acima.

1.4 AS ARMAS E AS BASES DO KARATE

1.4.1 Posições de base: de espera ou guarda


HEISOKU-DACHI ZEN-KUTSU
Pés juntos dos calcanhares aos artelhos. Postura para frente. A cintura pode estar de frente
ou de lado.

MUSUBI-DACHI HEIKO-DACHI
Calcanhares juntos, dedos afastados. Pés paralelos.

29
SHIKO-DACHI NEKOASHI-DACHI
Com os pés para fora. Peso dividido igualmente Posição das pernas do gato (pé da frente nas
entre as duas pernas. pontas). Peso concentrado na perna de trás 90% e
10% na da frente

KO-KUTSU
Postura para trás, peso concentrado. Na perna de HANGETSU-DACHI
trás 70% e 30% na perna da frente. Com as pernas mais distantes.
Cintura virada para frente, peso dividido.

KIBA-DACHI
Posição do cavaleiro. Peso dividido nas duas KOSA-DACHI
pernas, postura ereta. Pés cruzados para frente.

SANCHIN-DACHI
Posição do arqueiro. Postura ereta.

30
1.4.2 Armas do karate

I – Armas do pé (perna).
KOSHI KAKATO
Bater com a ponta do pé. Bater com o calcanhar.

HAISOKU SOKUTO
Bater com a parte superior do pé. Faca do pé.

TEISOKO HIZA
Parte interna do pé. Bater com o joelho.

II – Armas da mão
SEIKEN TETSUI
Punho frontal, bater com os dois ossos dos Punho fechado, mão em martelo.
dedos indicador e médio.

31
NAKADAKA IPPON-KENOU NAKADA HIRAKEN
KEN (Punho frontal com a junta)
(Punho de uma junta do dedo médio)

NUKITE IPPON-KEN
(Mão em ponta de lança) (Punho com uma junta do dedo)

NIHON-NUKITE IPPON-NUKITE
(Mão em ponta de lança com dois dedos) (Mão em ponta de lança com um dedo)

SEIRYUTO HAISHU
(Mão de mandíbula de boi) (Costas da mão)

32
TEISHÔ HAITÔ
(Base da palma) (Aresta da mão)

SHUTÔ WASHITE
(Faca da mão) (Mão de águia)

III – Ude (Braço)

URAZUKI KAGUIZUKI
Murro na frente do peito, lateralmente. Murro em ganho, de baixo para cima

TATEZUKI MAWASHIZUKI
Mão com o dedão para cima, direção para Murro circular
frente.

33
YAMAZUKI EMPIUCHI
Murro da montanha, atingindo dois lugares Ataque com o cotovelo.
ao mesmo tempo

EMPI
(Cotovelo)

IV – Hitai (Cabeça)

HITAI

34
V - Pontos vitais

35
36
1.5 A ETIQUETA DO KARATE-DO
Nas artes marciais principalmente quando se possui uma seriedade nos
treinamentos e acima de tudo o respeito, existe a etiqueta. Um guerreiro não é apenas
um lutador bom em combate, mas um cavaleiro que respeita as leis que regem sua vida
e a dos outros. Quando não existem essas leis os lutadores podem ser vândalos,
sanguinários, mercenários ou combatentes, nunca um guerreiro na concepção do
Bushido (caminho do samurai).

Um Bushi (guerreiro) deve ter algumas qualidades e sem as quais não poderia
se considerar como tal: 1ª- fidelidade, 2ª-paciência, 3ª- decisão, 4ª- controle, 5ª-
etiqueta.

FIDELIDADE

Tem a ideia de um clã ou grupo que com uma direção e uma meta traçada
procuram a evolução técnica de combate e o aumento da compreensão e da consciência.
Uma pessoa inicia como neófito um aprendizado (digamos situação Dó), após algum
tempo de esforço adquire uma capacidade e se iguala aos outros.

Se continuar passa a situação Ré e começa a sobressair. Após isso passa a


situação Mi quando já é um dos melhores do clã, nesse ponto já se considera superior e
a vaidade pode destruir aquilo que seria a sua fidelidade de grupo, que o colocaria em
situação de ajudar os outros, a também subir e aumentar o clã em bondade e harmonia.
É fazer tudo pela melhoria do grupo ou clã a que pertence. Sem isso um homem não tem
honra. A obediência é a meta.

PACIÊNCIA

Saber esperar o momento certo de fazer o melhor de si com a atenção em suas


próprias atitudes e ação através de uma observação imparcial de sua vida com os outros.

DECISÃO

Ao decidir algo não temer pela própria vida e confiar no fato e em si mesmo,
tanto para perder como para ganhar. Indiferente ao resultado.

37
CONTROLE
Mesmo diante da morte não perder o controle da ação externa procurando a
impecabilidade da postura e da ação.

ETIQUETA

É o respeito pelo que nos cerca com o trato impessoal as pessoas na sociedade
em que vive.

1.6 PRÁTICAS DA ETIQUETA DO KARATE-DO


1º Antiguidade é o tempo a quem se tem de treino com o mesmo professor ou mestre
mantendo a tradição e linhagem, mesmo que não se esteja treinando, mas tenha
adquirido faixa preta, pois Dangai, faixa colorida pode ser transitória e não ter formado
ainda uma tradição com sua linhagem.

2º Posto – Ao se treinar e ser examinado se ganha graus. Dan de acordo com seu
desenvolvimento técnico e é separado da antiguidade que deve ser sempre respeitado.

3º Postos por antiguidade

1. Moderno - Kohai e de menos tempo presente;


2. Praticante - Seito:treina sem compromisso com a linhagem;
3. Discípulo - Deshi: segue o professor em qualquer ocasião e segue os
treinamentos sem questionamento. Um aluno pode ser graduado ou antigo e não
ser Deshi que é algo pessoal entre o que ensina o que aprende;
4. Mais antigo - Senpai: é o aluno não graduado ou mais antigo independente do
grau que tenha;
5. Professor - Sensei: é o que estiver ensinando o graduado;
6. Mestre - Shihan: é aquele que ensina o professor e seja graduado acima de 5º
grau em sua organização;
7. Grão-Mestre - acima de 7º grau é o mestre mais antigo de todos os presentes e
que seja acima de Renshi.

38
POSTURAS

1º Ao cumprimentar alguém que lute ou que seja japonês, deve-se abaixar a cabeça
olhando para o chão com as mãos coladas ao lado do corpo da pessoa e mulher pode
colocá-la na frente do joelho, se não for lutar com quem cumprimenta.

2º Somente estender as mãos se o mais antigo fizer primeiro.

3º Em caso de competição esportiva, se ganhar não se deslocar ao perdedor e, se perder,


ir cumprimentar o vencedor demonstrando o respeito pela sua técnica.

4º Na medida do possível não demonstrar euforia por vencer, pois a luta não é jogo de
sorte, mas técnica contínua.

5º Ao se cumprimentar o Shomen (antepassados da dinastia) da frente do dojô, podem


ser feito em pé ou ajoelhado, sentado sobre os calcanhares e a antiguidade em pé da
direita pra esquerda.

6º O cumprimento ajoelhado segue de acordo com a antiguidade, o mais antigo fica à


direita e o mais moderno à esquerda.

7º Ao se fazer um cumprimento em pé, todos devem participar no começo e no fim da


aula, mesmo que não vai participar e esteja sem kimono e deve ficar a esquerda em
coluna.

8º Ao entrar no recinto do dojô cumprimentar em voz audível a todos os presentes e se


for entrar no local de treino abaixar a cabeça sem emitir sons.

9º Toda a criança abaixo de 7 anos é considerada aprendiz e não deve ser advertida e
sim ensinada.

10º Se alguém mais antigo ou graduado estiver em algum local e a pessoa quiser se
aproximar, ficar a distância de no mínimo 3 passos, olhando fixamente para o grupo até
ser vista e chamada a se aproximar. Se passar de 3 minutos, tentar em outra
oportunidade.

11º Sempre cumprimentar a pessoa a 2 passos de distância.

39
12º Ao passar por algum conhecido, antigo ou não, fazer um ligeiro cumprimento com a
cabeça sem parar de andar, só se o outro parar ou se quiser falar algo para a pessoa.

13º Quando estiver sentado em algum ambiente aberto ou fechado deve se levantar e
cumprimentar o conhecido praticante de karate, sendo de sua escola ou não, mais antigo
ou não.

14º Se o mais antigo chegar a uma mesa, oferecer a ele o próprio lugar e escalar um
mais moderno para ceder a cadeira a si próprio.

15º Somente se inicia a comer ou beber depois que mais antigo o fizer a mesa.

16º Na fila, oferecer o próprio lugar ao mais antigo.

17º A esposa ou mãe do mais antigo deve ser tratada com a mesma reverência da
antiguidade.

18º Se um mais antigo for dirigir a um mais moderno, o chamará pela faixa, caso não
souber o nome.

19º Ao se dirigir a alguém e este for professor, dizer primeiro o seu nome e depois a
palavra sensei. Exemplo: Chagas Sensei, e se for seu professor direto primeiro sensei.
Exemplo: Sensei Chagas, mesmo que for pronunciado longe da pessoa falado com
alguém.

20º Entre os graduados o mais antigo é sempre senpai. Se estiverem treinando com o
mesmo professor.

21º Quando se estiver corrigindo ou ensinando um kata durante uma aula todos devem
se sentar independente do grau.

22º Ao se chegar atrasado a uma aula e se for menos graduado, deve ficar de joelhos de
frente para o professor, até receber a ordem de poder treinar, antes deve se agrupar fora
da aula atrás do dojô ou em outro lugar.

23º Ao ter vontade de sair durante a aula espere um intervalo, levantar-se, olhar para o
professor e o cumprimente, sem ter a necessidade de falar para onde está indo. E se não
for voltar cumprimentar shomen a frente.

40
24º Se tiver impedido de fazer algum movimento, cumprimente o professor e espere ele
perguntar o motivo e se explique

25º Se estiver passando mal, não há necessidade de cumprimentar, apenas saia, se deite
ou sente, ficando no local que não atrapalhe a aula.

26º É necessário pedir licença para beber água ao sensei dirigente da aula. Em um
kangeiko, treino intensivo, não é permitido.

DUELO E COMBATE

1º Ao ser atingido não mostrar dor e não olhar o sangue escorrendo e não desviar o
olhar de quem o atingiu, ao atingir alguém não olhar nos olhos e nem ferimentos do
oponente e se tiver alguém para ajudar o ferido, ficar sentado de frente para o ferido,
olhando para o solo.

2º Num duelo ao ser atingido nunca parar enquanto puder se locomover e caso
contrário, continuar o ataque enquanto a pessoa mantiver o olhar para você.

3º Se o oponente estiver impossibilitado de se locomover cumprimenta-lo em viva voz e


sair do local

4º Se o vencido pedir ajuda jamais negar e demonstrar zelo e afeição por ele.

5º Se alguém entrar no local de treino sem mostrar respeito ao dojô, todos podem atacar
simultaneamente e até usar o kobudo, técnicas de boken, nunchako, bô e etc.

7º Ao ser desafiado aceitar se estiver em condição de vencer e caso contrário adie o


duelo e se preparar ou treinar algum aluno que vai vencer, mas poderá por alguém para
teste com o desafiante.

41
KATA ESTILO SHOTOKAN E GOJU-RYU

42
A palavra Kata pode ser traduzida literalmente como “forma”, como um
modelo de desenvolvimento de certos movimentos que, por sua vez, podem ter
inúmeros objetivos: a competição, o desenvolvimento da capacidade respiratória, a
transmissão de uma técnica, dentre outros. Mas o Kata é o espírito do Karate,
responsável pela continuação de técnicas criadas nos primeiros momentos desta arte
marcial que buscamos aprender continuamente.

Conta-se na Hien Karate Kyokai que os Kata eram técnicas de família,


transmitidas hereditariamente e como forma de troca de favores e relações de amizade
ou novo parentesco entre os clãs, famílias. Assim, cada Kata carrega a essência desta
família ou “tronco” da gigantesca árvore que é o aprendizado do Karate-do.

Os kata são aprendidos de acordo com o grau do praticante (kyu, dan e


desenvolvimento pessoal) e devem ser treinados pelos muitos motivos apontados nesta
introdução, por exemplo, servindo como uma das questões avaliadas nos exames de
faixa ou campeonatos. Mas não podemos esquecer a palavra “espírito” enquanto
essência daquilo que somos: o kata é a essência do Karate.

Neste capítulo, temos a honra de ler definições dos Kata das mãos do nosso
Grão Mestre e fundador da Hien Karate Kyokai, Benedito Nelson, que deixou todos os
katas do estilo Shotokan descritos com maestria e paciência de uma vida dedicada às
artes marciais. Os Kata de Goju-ryu foram descritos pelos faixa preta Fernando Portela
e Bruno Guimarães, praticantes deste estilo e alunos do Hanshi Benedito Nelson. Então,
veremos uma diferença da escrita e forma de descrição dos três professores. Nós, os
autores, adicionamos informações de livros, apostilas e ensinamentos adquiridos dentro
da Hien Karate Kyokai para colaborar.

2.1 KATA: ESTILO SHOTOKAN

HEIAN - PAZ E TRANQUILIDADE


Kanji: HEIWA-AMTEI

43
No total são cinco Heians, correspondendo a cinco passos, que tem seus nomes
associados à sua posição: de shodan (primeiro passo) a godan (quinto passo). Estes
cinco passos serão explicados abaixo.

Heian também faz referência a um período histórico no Japão de grande


desenvolvimento das religiões, filosofias e artes japonesas, além de forte influência
política da Corte Imperial.

 Heian Shodan

É o mais básico dos cinco, combinação das cinco técnicas: gedan-barai,


chudan-zuki e age-uke em zenkutsu-dachi, shuto-uke em kokutsu-dachi e tettsui-uchi.
Há anos Shodan e Nidan eram um só kata (também na atualidade em outros estilos).
Diz-se que o Sensei Itosu trocou sua ordem para que se praticasse repetidamente depois
de aprender o mais difícil dos dois. Também há quem diga que é uma variação do
Kushanku.

 Heian Nidan

Além das técnicas do Heian Shodan inclui outras básicas como haiwam-jodan-
uke, ura-zuki, mae-geri, yoko-geri, uraken-uchi e shihon-nukite. E mais shuto-uke e
kokutsu-dachi para aperfeiçoar o estilo destas e de outras técnicas.

 Heian Sandan

Começa com yoko-uke e uchi-gedan-barai simultâneos. Inclui uma variedade


de técnicas tais como ataque com giro pelas costas ao ser agarrado ao aplicar nukite e
ataque simultâneo de ushiro-empi e tate-tsuki ao rosto ao ser agarrado por trás.

 Heian Yondan

Começa com as mesmas técnicas de Nidan, porém com as mãos abertas.


Emprega técnicas de pé mae-geri e yoko-geri, e shuto-uke com kokutsu-dachi. Possui
técnicas superiores tais como jodan-mae-geri e Hizageri no rosto depois de agarrar a
cabeça com as duas mãos e kakiwake-uke ao ser agarrado pela frente.

44
 Heian Godan

Depois de uchi-uke em kokutsu-dachi, realiza-se guiaku-zuki sem trocar a


posição, passando a heisoku-dachi e mizu-nagare-no-kamae, possui grande variedade de
técnicas superiores: juji-uke jodan e gedan, mikazuki-geri, mae-empi-uchi, morote-
koho-tsukiage, shuto gedan-uchi komi, jodan-gedan dojiuke e ataque com os punhos e
tíbia evitando um ataque de “do” saltando, etc.

TEKKI – BASE SÓLIDA


Kanji: TETSU-KI
 Tekki Shodan

Também é conhecido por Naihanchi; Sensei Funakoshi o chamou Tekki. É tão


importante para o Shuri-te como os básicos Heian do sensei Itosu o Sanchin para o
Naha-te de sensei Higaonna. Existem três Tekki: Shodan, Nidan e Sandan.

Conta-se que mestre Motobu, herói de Teijikun conhecido pelo sobrenome de


Saru (macaco) de Motobu, conhecia somente este kata e que em sua prática pode
alcançar a essência do Karate. Daí a sua natural dificuldade e profundidade. Uma de
suas características é o Embusen lateral.

A posição varia ligeiramente segundo a escola: uchi-hachi-jidachi, naihanchi-


dachi ou kiba-dachi, como em nossa escola. Com o passar do tempo têm também
trocado alguns detalhes.

Pode chamar-se Karate-Ka aquele que pratica Tekki diariamente, pela manhã e
à tarde. Os instrutores podem conhecer o nível dos alunos ao vê-los praticando este kata.

Os grandes mestres dizem que se deve apresentá-lo somente depois de tê-lo


praticado no mínimo dez mil vezes.

45
 Tekki Nidan, Sandan

Funakoshi trocou o nome de Naihanchi por Tekki. Junto com Heian, é o mais
representativo dos katas básicos do Shuri-te, influenciados por Itosu.

Sabe-se com certeza que Tekki-Shodan praticava-se em Shuri desde os tempos


antigos, não por quem foi seu criador.

Existem várias teorias sobre a explicação do propósito de uma linha horizontal


para o combate; segundo as artes marciais chinesas, serve para o combate sobre barcos
ou a beira de um precipício, um muro, etc..., quer dizer, sem ter saída para trás. Tekki
Nidan e Sandan são criações do mestre Itosu do Shuri-Te, tomando Shodan como
padrão. Em aparências, as técnicas realizadas são semelhantes; entretanto, Nidan e
Sandan são especialmente difíceis, pratica-se somente depois do segundo dan.

Sensei Itosu deixou incluí-los no treinamento do curso ginásio, pois não tem
técnicas perigosas. Funakoshi escreveu que se pratica em haihanchi-dachi (os pés para o
exterior), fazendo força nas pernas para o interior em hachiji-dachi para tekki-sandan.
Atualmente realiza-se em kiba-dachi.

BASSAI – ATRAVESSAR A DEFESA


Kanji: BATSU-SAI
 Bassai-Dai
Trata-se de um kata muito dinâmico e de grande força que varia muito segundo
os Ryu Itosu, Tomari-Te, Ishimine e outros, dividindo-se em Dai e Sho. Acredita-se que
a última delas foi criada por Itosu e é bastante distinta de Daí, não se sabendo com
certeza de que estilo é originária. Diz-se que foi introduzido pelo mestre Oyadomari e
seria necessário levar a cabo um estudo profundo para poder assegurar que sua origem
está mais ligada a Tomari-te que ao Shurite de Itosu, criador de Bassai Sho, pode se não
me engano dizer que não pertence ao Naha-te. Distingui-se pelo dinamismo das técnicas
e pela potência com que se realiza, uke-gaeshi, contra ataques jodan, chudan e gedan
yamatsuki.

46
Em Shotokan é tão representativo do estilo como Kanku, sendo necessário sua
prática depois de ter dominado os katas básicos (heian).
 Bassai-Sho

Como já se explicou na primeira tomada, bassai tem diferentes características


segundo cada escola. Bassais de Itosu, Matsumura, Tomari, Oyadomari e Ishimine,
porém a versão original que corresponde seguramente a Oyadomari. Bassai-Sho é
criação do mestre Itosu, punho sagrado do Shuri-te.

Sua característica principal são as técnicas combinadas de defesa e ataque


contra Bo, técnicas dirigidas as articulações e a importância do centro de gravidade em
kokutsu-dachi e nekoachi-dachi, tanto para bloquear um ataque de Bo com as mãos
abertas como para desequilibrar o inimigo, girando depois para passar ao ataque
seguinte.

Só no estilo de Itosu tem Dai e Sho. A prática de Sho na atualidade é muito


escassa, pelo qual dir-se-ia que praticaram Bassai-Sho pela importância do equilíbrio e
o uso da cintura.

CHINTE – MÃO EXTRAORDINÁRIA


Kanji: MEZURASHI-TE

Sensei Funakoshi o chamou Shoin, porém se desconhece seu significado.

Caracteriza-se pela abundância de técnicas circulares apoiadas no ombro, e


técnicas com as mãos abertas (técnicas raras): nihon nukite aos olhos, nakadaka-ippon-
ken, teisho, shuto... e um só keri. É um kata de defesa pessoal a curta distância, sendo
muito praticado pelas mulheres ao incluir técnicas de grande eficácia que não precisam
de muita força física.

É um kata vistoso, com grandes movimentos circulares e técnicas dinâmicas. É


peculiar na China, praticando-se em Shito-Ryu e Shotokan.

47
KANKU – OLHAR O CÉU
Kanji: MIRU-KUN
 Kanku Dai (grande)

A Escola de Kata de Kushanku foi introduzido provavelmente por Koshokun,


enviado do império Ming da China, que era uma expert em Kempo.

Existe uma grande variedade deste kata: Kanku-Dai e Sho em Shotokan,


conhecendo-se assim mesmo Shiho Kushanku e outros muitos representativos do Shuri-
te. Tais como Chihana Kushanku, Kushanku de Kitayara, de Kuniyoshi, etc.

O sensei Itosu dividiu o kata nos cinco Heian para seu aprendizado na escola
secundária. Se aprendermos corretamente os Heian, o domínio de Kanku será fácil.

Tal qual Bassai, é um dos katas obrigatórios em shotokan e na All Japan


Karate-do Federation: Federação japonesa de karate. Aconselha-se seu estudo.

É o maior kata, contendo 65 passos e durando cerca de 1 minuto e meio,


aproximadamente. Representa a defesa e o contra ataque frente a oito adversários. Em
japonês se denominou Kanku (mirada ao céu, mirada ao nascer do sol) pelo seu
primeiro movimento elevando as mãos. Foi um dos katas preferidos do mestre
Funakoshi.

 Kanku-Sho (pequeno)

Também chamado de segunda forma do Kushanku, como se mencionou no


primeiro volume, é um dos katas tipicamente representativos do shotokan. Kanku-Dai
corresponde a Koshokun, entretanto Kanku-Sho foi criado por Itosu.

Em Shotokan só existe estes dois, existindo outro de Itosu, Shiho Kushanku,


extraído dos outros dois.

48
O primeiro movimento de Dai, donde vem o seu nome, não aparece em Sho,
porém o embusen é muito parecido em ambos. A série de morote-uke em três direções
do início do kata não é tão vistoso nem espetacular por ser superior.

O aluno mais destacado do mestre Itosu,Chibana, estudou e conservou este


kata, ensinando-o aos seus alunos.

MEIKYO – REFLEXO DA LUZ


Kanji: MEI-KAGAMI

No karate existe uma técnica chamada Sankaku-Tobi (salto triangular), que


diz-se ser secreta ou espiritual. É muito parecido com o Sankaku-Tobi horizontal que se
realiza ao final deste kata.

Meikyo é o nome Shotokan dado por sensei Funakoshi. Anteriormente se


chamava Rohai em outros Ryu e se dividia em shodan, nidan e sandan, caracterizando-
se por seu sagi-shi-dachi; em Meikyo não tem tal posição nem se divide em três. Outra
diferença é o Uke contra Bo, que não existe em Rohai. Pela característica principal de
ambos é que começam com Koshi-kamae à frente com as mãos abertas em kiba-dachi, o
qual indica que pertencem ao mesmo estilo.

Se Meikyo é Rohai, o tema de estudo de agora em diante será averiguar a que


grupo pertencem.

Compõe-se de muitas técnicas de combate a curta distância: uke em zenkutsu-


dachi e mikazuki-geri agarrando o braço do adversário, gedan-barai e suigetsu-gedan-
tsuki após derrubar o oponente com makiko-mi-hidari-ashi-barai puxando a munheca.

JION – AMOR E BONDADE


Kanji: JI-ON

49
No princípio acreditou-se que era de origem chinesa por coincidir com a
palavra budista Jion, encontrada nos antigos livros chineses. Se não me engano, sua
verdadeira origem foi seguramente o templo Jion, onde se praticavam as artes marciais
por tradição. Posteriormente passou a Tomari.

Os movimentos deste kata escondem um vigoroso espírito de combate.

Atualmente pratica-se unicamente em shotokan e Wado-Ryu, não sendo um


kata muito difícil; O domínio da série heian ajudará muito em seu aprendizado e
aperfeiçoamento. É um kata representativo do shotokan, com posições básicas: kiba-
dachi, zenkutsu-dachi e kokutsu-dachi: Nos últimos movimentos, ataque-se as costelas
flutuantes, agarra-se o tsuki do adversário, utilizando-se a própria força do atacante.

Recomendo sua prática por ser um kata obrigatório na federação japonesa de


karate.

JITTE - DEZ MÃOS


Kanji: JU-TE

Outro dos katas procedentes da região de tomari, em shotokan serve para


defesa contra “Bo”, sendo de nível intermediário e só 24 movimentos. Inclui técnicas
interessantes de torção de munheca. Diz-se Jitte (10 técnicas) porque quem o domina
pode fazer frente a 10 adversários. Outros dizem que os Yama-Uke recordam a forma
de um Jitte.

É um kata cheio de técnicas okinawenses de luta contra paus de muita força e


Gyaku-Waza, e pequenos segredos de grande afetividade. Utiliza muitas técnicas com
as mãos abertas, bloqueios em kosa-dachi e não inclui keri.

Em outros estilos não tem defesa contra “Bo”, daí as diferentes interpretações
dos mestres.

50
JI’IN – DISSIMULAR O AFETO
Kanji: MAGEMU-KAKUSU

Trata-se possivelmente de um kata do Tomari-te. Funakoshi o nomeou Shokyo.


Atualmente em Shotokan se chamou Ji’in.

Não sabemos com exatidão porque existe a crença de que Jitte, Jion e Ji’in são
do mesmo grupo. São katas intermediários que tem de ser praticados antes de começar o
estudo dos mais avançados.

Não é muito comum em Shotokan moderno devido pertencer ao Tomari-te, a


dado que Itosu não usou muitas modificações.

Funakoshi o ensinou pouco aos seus alunos. Atualmente é pouco praticado na


maioria dos Ryu, pelo qual é necessário seu estudo para não esquecê-lo.

Em Ji’in se repetem as posições zenkutsu, kokutsu e kibadachi,


caracterizando-se pelos movimentos dos pés em kiba-dachi depois de trocar a direção
do corpo, o giro da cintura, a força, o equilíbrio e tamanho dos passos, assim como uma
variedade de técnicas simultâneas como kosa-uke, Rentsuki depois de Keri, etc.

WANKAN – COROA DO REI


Kanji: Ô-KANMURI

Também conhecido por shiofu e hito, é caracteristicamente representativo de


Tomarite.

É muito peculiar por sua técnica de projeção depois de esquivar do ataque do


inimigo, realizada com tanta rapidez que o adversário não deve dar-se conta de quando
será derrubado, pelo qual poderia parecer uma técnica “misteriosa” do karate-do.

51
Wankan pertence ao grupo de Matsumura, tendo sido adotada pelas escolas
shotokan e shito-ryu, porém existe uma grande diferença entre ambas versões. Em
shotokan caracteriza-se pelo grande número de ataque as articulações: Hasami-uke com
ambos os braços levantando um joelho. Jodan soto-uke, tetsui-uchi e koko-uke ao
joelho parando keri, etc.

É o kata mais curto do shotokan, porém de muito difícil realização culminando


em yama-zuki com a cintura muito baixa em fudo-dachi.

HANGETSU – MEIA LUA


Kanji: HAN-SUKI

O mestre Funakoshi o chamou Seishan (41 movimentos em 32 tempos) em seu


livro “Ryu-Kyu karate kenpo” tendo sua origem no Naha-te.
Em shotokan moderno deu-se lhe o nome de hangetsu (meia lua) pela forma
em que se deslocam os pés nesta posição.
Outra de suas características é o mikazuki-geri e as distintas formas de
respiração. Para dominar a respiração, o controle da força e posição é necessário muita
prática.
A separação entre ambos os pés deve ser pouco menos que o dobro da largura
dos ombros; O pé anterior cai 45 graus para o interior, com o pé posterior 45 graus para
o exterior, os joelhos flexionados fazem força para o interior, com os músculos servindo
como defesa ante kinteki.

EMPI – VOAR COMO ANDORINHA


Kanji: TSUBAME-TOBI

52
Diz-se que foi introduzido por Sappushi Nanshu, praticando-se na região de
Tomari. Acredita-se também que é resultado da colaboração do Kempo chinês e das
artes marciais do Okinawa. Mais tarde seria ensinado por Sanaeda, seguido por
Matsumura, caindo atualmente das versões das mesmas, as quais foram modificadas por
Itosu e por Matsumura.

Funakoshi escreveu em seu livro Karate-Kempo de Ryu-Ryu que tem quarenta


movimentos, parecendo confirmar que se trata de um kata de Tomari. Em shotokan
passou a se chamar Empi ao trocar o nome de mão chinesa pelo atual de karate.

Segundo a teoria de Motobu, esta troca política e geográfica que significa a


época Meiji, ambos katas de Wanshu e Rohai eram comuns somente em Tomari,
desconhecidos em Shuri e Naha.

São katas que o mestre Kiyatake do estilo Shorin-Ryu incluiu entre outros
importantes como Wanshu e Nanko em sua obra “Sete Katas Originais do Estilo
Antigo”, reedição do Shuri-Te e do Naha-Te.

Empi em nossa associação é um dos mais antigos, por isso sua transmissão é
muito complicada, acreditando-se que seu nome foi trocado de um mestre para o outro.

GANKAKU – EM EQUILÍBRIO
Kanji: KAN-TSURU

Em shotokan atual se chama Gankaku-Chinto, seu antigo nome, proveniente do


estilo Shorei, segundo explica o mestre Funakoshi em seu livro.

É um kata muito antigo, não se conhecendo o nome de seu criador, sabe-se que
foi demonstrado e ensinado pelo mestre K. Matsumura, praticando-se nas escolas
Shotokan e Shito-Ryu.

Posteriormente foi aperfeiçoado pelos mestres Kiyatake e Itosu; a versão deste


é que é ensinado no shotokan moderno.

53
Seu embusen pertence ao grupo de katas em linha horizontal e perpendicular;
A de Kiyatake é em diagonal e se caracteriza pela posição Sagui-Ashi-Dachi.

Na escola Shotokan denomina-se Gankaku (literalmente, garça sobre a pedra)


por ser parecido com uma garça que se defende de seu inimigo do alto de uma pedra,
entretanto se apoia em uma só pata.

Por isso é importante a concentração da força e o equilíbrio nesta posição para


superar o inimigo, em particular, ao erguer-se sobre uma perna e contra atacar com
yoko-geri e uraken simultâneos. Assim mesmo inclui técnicas muito superiores,
segurando a mão do adversário e trazendo-a à cintura para contra atacar, levantando as
mãos em juji-uke e girando para fazer uma luxação apoiando-se no ombro, etc.

Em shotokan atual, Sagui-Ashi e Gankaku-Dachi se diferenciam. Na primeira


Hiki-Ashi faz-se com a planta do pé contra o interior da perna de apoio, entretanto a
segunda se efetua com o peito do pé atrás da perna de apoio.

SOCHIN – FORÇA TRANQUILA


Kanji: SO-CHIN

É conhecido unicamente em Shito-Ryu e Shotokan-Ryu. No primeiro deles se


classifica dentro do grupo Aragaki; Em Shotokan se chamou Hakko durante algum
tempo.

Há diferenças segundo o estilo, talvez devido a diferentes ideias dos mestres,


bem como as diferentes interpretações do mesmo pelos alunos. Por estas diferenças
entre ambos surgem divergências sobre sua origem, criador e seguidores.

Em Shito-Ryu inicia-se nekoashi-dachi, finalizando em kurotora-game


levantando ambas as mãos e realizando mae-gueri desde yama-no-ji-game ao mesmo
tempo que hasami-uke com o teisho de ambas as mãos.

Em shotokan se caracteriza pela posição tomada de seu nome, Sochin-Dachi ou


Fudo-Dachi, posição intermediária de kiba-dachi e zenkutsu-dachi que se reforça em

54
sentido vertical e horizontal, como se fixassem raízes na terra. É essencial flexionar bem
os joelhos e fazer força com as pernas para o exterior, desprezando o centro de
gravidade para a perna da frente para poder bloquear o ataque inimigo e contra atacar
com grande potência. É, por conseguinte, um kata muito peculiar.

NIJUSHIHO – 24 PASSOS
Kanji: NIJUSHI-BU

Nijushiho ou Niseshi se pratica nos estilos shotokan, shito-ryu e wado-ryu,


sendo incerta a sua origem e criador.

Dado que em vários pontos é parecido a Unsu, seria apropriado dizer que é da
escola de Aragaki, tal qual Sochin e outros.

Inicia-se bloqueando o ataque chudan deslizando-se para frente para contra


atacar em guiaku-zuki seguido de empi-uchi em shizentai, desliza-se para trás de novo e
para frente com yori-ashi. O cadenciamento das técnicas iniciais realiza-se com uma
troca de ritmo único deste kata. Outra de sua peculiaridade é o ataque de empi em cinco
sentidos e diversas técnicas de ataque de punho, assim como teisho jodan e chudan.
Inclui em âmago golpeando com ambas as mãos abertas por cima da cabeça para atacar
seguidamente o joelho, depois de efetuar koku-uke. Finaliza em sanchin-dachi,
concentrando o kime com a respiração.

UNSU – MÃOS SUAVES


Kanji: KUMO-TE

Provavelmente trata-se de um kata muito antigo, porém de origem incerta,


conservado nos estilos Shotokan e Shito-Ryu. Em alguns aspectos se parece a Niseshi
(Nijushiho), podendo pertencer ao estilo de Niigaki.

55
O mestre Funakoshi Gichin, em seu livro “Karate-Do Ichoro” (O Caminho do
Karate-do), trocou os nomes dos katas, por não ter menção de Unsu.

Entretanto em 1922, Funakoshi publicou o livro “Ryukyu Kenpo Karate” onde


inclui os seguintes katas: Heian 1-5, Naihanchi 1-3, Bassai-Dai e Sho, Kushanku-Dai e
Sho, Gojushiho, Seishan, Chinto, Chinte, Ji’in, Jitte, Jion, Wanshu, Wandau, Rohai,
Jumu, Wando, Sochin, Niseshi, Sanseryu, Suparinpei, Wankuwan, Kokan e Unsu, entre
outros sendo a primeira vez que aparece o nome Unsu.

O movimento denominado mãos das nuvens (Unsu) aparece duas vezes neste
kata. Seu significado é separar os braços do inimigo de trás hasami-uke ou bloquear em
tate-shuto a ambos os lados.
Mãos (te ou shu) também implica o sentido da técnica ou habilidade, quer
dizer o movimento das mãos ao unir-se, assemelha-se as nuvens de uma tormenta dando
lugar ao furioso tornado.

É um kata para graus superiores, com repetição de técnicas avançadas tais


como mawashi-geri deitado no chão, mikazuki-geri para frente e ushiro-geri em salto de
360 graus, ippon-nukite, keito-uke.

GOJUSHIHO – 54 PASSOS
Kanji: GOJUSHI-BU
Gojushiho-Dai

Anteriormente chamado Useshi, é o kata mais superior que representa o Shuri-


Te da escola Itosu:

Sensei Funakoshi Gichin o denominou Hotaku ao trocar seu nome de mão


chinesa pelo nome de mão vazia, talvez por sua semelhança com um cutelo (kitsutsuki,
em japonês) que golpeia com seu bico agudo para cortar uma árvore.

56
Cremos que houve alguma confusão entre dai e sho, segundo foram
originariamente criados. Em nossa associação, Dai começa com zenkutsu-dachi à
direita, continuando com chudan kakiwake.

Consiste principalmente em técnicas superiores com a mão aberta, tais como


keito-uke, ippon-nukite e ataque de seiryuto à clavícula com ambas as mãos.

Seu criador denominou Dai àquela na qual se incluem três técnicas


consecutivas: Ryu-un-no-uke, osae-haito-uke e shihon nukite, entretanto Sho se realiza
com Ippon-nukite.

Foi melhorado pelo sensei Mabuni, criador do Shito-Ryu, onde é chamado


Useshi. Em Shotokan teremos Gojushiho-Dai e Sho, desaparecendo o nome de Hotaku
do estilo antigo. Era o favorito do sensei Toyama.

2.2 KATA: ESTILO GOJU-RYU

SANCHIN – LUTAR COM TRÊS


Kanji: SAN-TATAKAU

Trata-se de um treinamento de fechamento e aberturas do corpo e


desenvolvimento de força. No inicio não tinha o embusen de um kata, o exercício se
fazia deslocando-se por todo o dojô e voltando na direção contrária. É o kata mais GO
(força e contração) do estilo. Todos os movimentos são feitos em força e contração
máxima, além de se treinar fechamento do corpo, torção de base para encaixe do quadril
e o desenvolvimento da musculatura externa para absorver golpes, a respiração do
sanchin (ibuki) tem por finalidade manter a mente concentrada no exercício. Pronuncia-
se também Santchin ou Santin.

57
GEKISAI – VENCER RASGANDO
Kanji: GUEKI–YABURERU

São dois kihon-kata: Gekisai Dai-Ichi e Gekisai Dai-Ni, (pronuncia-se kekisai)


criados no início da década de 1940 para treinamento dos alunos das escolas
secundárias,só se foi incorporado no Goju-ryu moderno a partir do final dos anos 60.
Miyagi usava o kata saifa no lugar desses, os gekisai eram usados pra o ensino
elementar ou de noviços. O Gekisai Dai-Ichi consiste em técnicas simples de ataque e
defesa com a mão fechada, no Gekisai Dai-Ni mantém o mesmo ebusen, porém as
técnicas são de mão aberta.

SAIFA – DESPEDAÇAR RASGANDO


Kanji: KUDA-YABURERU

Kata de iniciação ao aprendizado que Miyagi Chojun utilizava, foi o kata que
ele mais ensinou. Têm como características bem marcantes são os movimentos de
projeção do início, seguidos de empi e uraken. Se usa ataques repetidos de morote-
hiraken na linha diafragmática e ataques de curta distância de Urazuki-chudan.

SEYUNTIN – LUTAR CONTROLANDO


Kanji: SEI- HIKO-TATAKAU

Foi um kata que Miyagi Chojun só ensinou a academia de polícia de Okinawa.


Foi difundido mais após a sua morte. Marcante seu início com movimento de defesa

58
com captura, com ápice num contra-ataque a uma cintura com técnica para desarticular
cervical. Não possui chutes, mas movimentos repetidos de Mawashi Empi. Pode ser
pronunciado Seienchin, Seiunchin ou Seionchin, sendo que o professor Akamine usava
a última pronúncia.

SHISOTIN – ENFRENTAR QUATRO


Kanji: SHI-MUKAU

Inicia-se com técnicas de mão aberta, Nukite com Uchi Uke. Os movimentos
mais característicos do kata são as defesas e ataques de “TE” segurando e contra-
atacando em articulação.

TENSHU – GIRAR AS PALMAS DA MÃO


Kanji: TEM TANAGOKORO

É o kata mais Jiu (suave) do estilo. Existem algumas formas e com aplicações
diferentes de se realizar. Respiração forte e técnicas de ataque de defesa e ataque de
mão aberta.

SANSERU – 36 MÃOS
Kanji: SANJUROKU TÊ

Kata com seguidas defesas de agarrada, conjunto também de repetidos ataques


longos de mae gueri e mae empi, movimentos mais característicos do kata. parece ser

59
mais um kata incompleto, que o final foi introduzido depois da morte de Myagui
Shogun.

SEPAI – 18 MÃOS
Kanji: JIHACHI TÊ
Ensinado pelo Shomen Akamine como um kata superior. O seu inicio é
marcante com técnicas de defesa de agarrada. Também possui movimentos de contra-
ataque a cinturada com desarticulação de cervical.

KURURUNFA – LONGO/PARAR/RASGAR
Kanji: HISA/ TOMERU/YABURERU

Mais um kata incompleto do estilo. O final foi criado após a morte de Myagui
Shogun. Possui movimentos marcantes no início de saída de agarrada de pernas com
seguido ataque de empi em cervical. Possui também uma projeção no final, bastante
usada em demonstrações, embusen.

SUPARIMPEI – CEM VEZES CAIR COM 08 MÃOS


Kanji: ICHI-HIAKO-FUNHACHI-TÊ

É o kata mais longo do estilo Goju Ryu, mesmo assim, parece ser um terço da
parte do original, sendo que resgate também foi perdido e o seu final introduzido depois
da morte de Myagui Shogun.

Série de movimentos nas quatros direções. Mawashi ukes seguidos com defesa
de cintura atacando com a cervical e desarticulando. Três saídas em Nekkoashi em

60
movimento da língua do dragão. Possui mais duas sequencias de movimentos nas
quatros direções e o ápice de força no kata é um ataque de nidan gueri com yoko empi,
uraken e defesa cinturada atacando cervical.

SEISAN – TREZE MOVIMENTOS OU “TREZE”


Kanji: JUSAN-HO

Kata de bons movimentos de defesa pessoal para mulheres. Nukite em olhos ou


traqueia.

Defesa de agarrada por trás chute em períneo seguido de hitai para trás.
Também tem técnicas de saída de imobilização de braço com contra-ataque de ippon
ken em traqueia. Kansetsu-geri em articulação também são repetidos.

2.3 ASSISTIR OS KATA


Ao novo praticante de Karate, é comum a iniciativa de buscar conhecimentos
nos vídeos disponíveis na rede mundial de computadores. Sobre isso, deve-se afirmar
que existem diversos estilos e maneiras de praticar os katas.
Nosso Mestre Benedito Nelson aprendeu os katas que praticamos dentro de
uma linhagem (já estudada no primeiro capítulo) o que nos leva a realizar os katas
dentro desta sequência de estudos.
Assim, nesta apostila colocaremos alguns links para que você possa ver o
Hanshi Benedito Nelson e seus alunos realizando kata dentro da linhagem que seguimos
e que pretendemos continuar caminhando.

Kata Heian Shodan – Realizado por um aluno do Shihan Sidi Gobbi, Gustavo.
Disponível no link: https://www.youtube.com/watch?v=QXY8Xat-8WE

Kata Heian Nidan – Realizado por alunos do Shihan Sidi Gobbi, Gustavo e Pedro.
Disponível no link: https://www.youtube.com/watch?v=GPvq67yVHZs

Kata Genkisai-Chodan – Aula do Hanshi Benedito Nelson no condomínio dos


Samurais
Disponível no link: https://www.youtube.com/watch?v=8wwlBCR7gr4

61
Kata Tenshu – realizado pelo Hanshi Benedito Nelson na academia de seu professor
Juichi Sagara.
Disponível no link: https://www.youtube.com/watch?v=NnCDSR_uwT8

Kata Tekki-Shodan – realizado pelos alunos do Hanshi Benedito Nelson na academia


do seu professor Juichi Sagara.
Disponível no link: https://www.youtube.com/watch?v=Of0uAnR01ww

Consulte os kata realizados nos canais do youtube:


Hien Kan (https://www.youtube.com/user/CanalHienKan)
Benedito Nelson (https://www.youtube.com/user/beneditonelson)

62
AULA DE FAIXA BRANCA A LARANJA

63
A aula de Karate para aqueles que estão entre a graduação branca e a laranja
tem como objetivo ensinar noções básicas. Quando o aluno alcança o 4º KYU (faixa
laranja), deverá realizar os movimentos com mais impacto (kime) e movimentos de
cintura.

Até esta graduação, são ensinados os movimentos do kihon (treinamento


básico), parado e andando, ippon kumite e kata.

3.1 KIHON PARADO


O kihon parado é uma série de movimentos de ataque e defesa, repetidos no
início da aula, com o objetivo de aprimorar a técnica, força, velocidade e equilíbrio,
sendo realizado em todos os clubes da Hien Karate Kyokai da seguinte forma e ordem:

1. SHOKU-ZUKI na base KIBADACHI


Murro em linha reta, na altura do peito do atacante. Seguido por repetições de
“sanbon-zuki”, três murros em linha reta, sendo o primeiro na altura da cabela e os dois
últimos primeiros na altura do peito. MAE-GUERI na base ZENKUTSU. Chute frontal.

2. RIKEN na base KIBADASHI


Golpe lateral desferido com as costas do punho cerrado.

3. MAWASHI-GUERI na base FUDODACHI


Chute lateral circular.

4. GUIAKU-ZUKI na base ZENKUTSU


Inicia-se com a defesa GEDAN BARAI, murro frontal reverso, com a mão
contrária à perna da frente.

5. YOKO-GUERI na base SHINZENTAI


Chute lateral.

6. SHUTO-UKE na base KO-KUTSO


Defesa na altura do peito, com a parte externa da mão aberta.

7. USHIRO-GUERI na base SHINZENTAI


Chute para trás, como um coice.

64
3.2 KIHON ANDANDO

O kihon andando, da mesma forma que a modalidade parada, é uma série de


movimentos básicos de ataque e defesa, repetidos no início da aula, com o objetivo de
aprimorar a técnica, força, velocidade e equilíbrio.

Diferencia-se por ser realizado em movimentação na base, e haver combinação


de defesas seguidas por contra ataques.

Na Hien Karate Kyokai é realizado na seguinte forma e ordem (podendo ser


modificada a ordem, a critério do sensei):

1. OIZUKIna base ZENKUTSU


Murro frontal executado com o mesmo punho da perna que avança. NAGASHI
ZUKI: murro recuando em linha reta, na altura do rosto.

2. JODAN-AGUE-UKE(com contragolpe GUIAKU-ZUKI) na base


ZENKUTSU.
Defesa frontal na altura da cabeça.

3. CHUDAN-SOTO-UKE (com contragolpe GUIAKU-ZUKI) na base


ZENKUTSU.
Defesa com a mão de fora para dentro, na altura do ombro.

4. CHUDAN-UCHI-UKE (com contragolpe GUIAKU-ZUKI) na base


ZENKUTSU.
Defesa com a mão de dentro pra fora, na altura do ombro.

5. SHUTO-UKE (com NUKITE) na base KOKUTSU.


Defesa na altura do peito, com a parte externa da mão aberta, em movimento.
Seguido por contra ataque frontal com a mão em formato de espada (nukite)

6. MAE-GUERI na base ZENKUTSU


Chute frontal em movimento.

7. YOKO-GUERI na base KIBADASHI


Chute lateral em movimento.

65
8. SANBON-GUERI com início na base ZENKUTSU
Sequência dos três chutes executados durante o kihon parado, feitos em
movimento e na seguinte ordem: mae gueri (base zenkutso), yoko-gueri (base
kibadashi) e ushiro-gueri (base zenkutso).

3.3 IPPON-KUMITE
O IPPON-KUMITE é uma luta combinada onde o atacante realiza um único
ataque e o companheiro defende e contra-ataca. Antes de realizar o ataque, o atacante
deve anunciar ao companheiro a região que ele pretende atingir, dizendo JODAN
(quando o alvo é o rosto do companheiro) ou CHUDAN (quando o alvo é a região do
tórax do companheiro).
O Treino de IPPON-KUMITE de branca a laranja deve ser executado da
seguinte forma:

(Um ataque com defesa, trocando os lados)

1. Três ataques de murro no rosto JODAN.


2. Retrocedendo cada murro e três CHUDAN no peito
3. Defesa alta JODAN AGUE-UKE
4. Contra-ataque com dois guiaku-zuki, o primeiro no rosto e segundo no peito.
5. Defesa de fora para dentro CHUDAN-SOTO-UKE na altura do peito.

3.4 OS EXAMES DE FAIXA DE BRANCA A LARANJA


Os exames de faixa até a faixa laranja serão realizados duas vezes ao ano,
sendo um no primeiro semestre e outro no segundo semestre do ano. Sempre que
possível, os exames serão comandados pelo Shihan Sidi Gobbi dos Santos.

3.4.1. Exame de Faixa Branca para Faixa Amarela

A carência mínima para que o faixa branca possa realizar o exame para faixa
amarela não é temporal, fica a critério do sensei.

No exame, o faixa branca deverá apresentar todos os movimentos do Kihon


parado, todos os movimentos do Kihon andando e executar corretamente o Kata Heian

66
Shodan. Ao se tornar faixa amarela (6º Kyu) de Karate, indica que o praticante já
consegue acompanhar a aula, entendendo os comandos.

3.4.2. Exame de Faixa Amarela para Faixa Vermelha

A carência mínima para que o faixa amarela possa realizar o exame para faixa
vermelha é de 04 meses de aulas.

No exame, o faixa amarela deverá apresentar todos os movimentos do Kihon


parado, todos os movimentos do Kihon andando e o Kata Heian Shodan todos com
nível técnico mais elevado na execução quando comparado ao faixa branca. Ao
conquistar o direito de usar a faixa vermelha (5º Kyu) de Karate, indica que, além de
acompanhar a aula, o praticante já tem uma pequena noção de defesa e ataque.

3.4.3. Exame de Faixa Vermelha para Faixa Laranja

A carência mínima para que o faixa vermelha possa realizar o exame para faixa
Laranja é de 05 meses de aulas.

No exame, o faixa vermelha deverá apresentar todos os movimentos do Kihon


parado, todos os movimentos do Kihon andando e o Kata Heian Nidan Ao conquistar o
direito de usar a faixa laranja (4º Kyu) de Karate, tem início as movimentações com
impacto e a cintura já acompanha os golpes de braço.

3.4.4. Exame de Faixa Laranja para Faixa Verde

A carência mínima para que o faixa laranja possa realizar o exame para faixa
verde é de 06 meses de aulas.

No exame, o faixa laranja deverá apresentar todos os movimentos do Kihon


parado, todos os movimentos do Kihon andando e o Kata Heian Sandan. Ao conquistar
o direito de usar a faixa verde (3º Kyu) de Karate inicia-se a fase de luta combinada e o
praticante passará a treinar junto aos faixas roxa, marrom e preta.

67
AULAS DE FAIXA VERDE A MARROM

68
Este capítulo é destinado a apresentar informações essenciais a respeito das
aulas de Karate para karatecas da faixa verde até a faixa marrom.

Ao chegar na faixa verde, o karateca inicia os treinos do estilo Goju Ryu. Ele
deve, de imediato aprender os Katas Guekisai Shodan, Guekisai Nidan e Saifa. Pois, o
Kata Saifa será cobrado no exame para faixa roxa. A partir de então o karateca deverá
praticar com igual afinco os estilos Shotokan e Goju Ryu.

4.1 KIHON PARADO

1. SHIRON-ZUKI com RIKEN (KIBA-DACHI)

2. MAE-GERI+ YOKO-GERI (SHIZENTAI)

3. SHUTO-UKE (KOKUTSU) + HAITO-UCHI (ZENKUTSU) + SHUTO-CHI


(ZENKUTSU)

4. KIZAMI-MAWASHI-GUERI + MAE-GUERI (FUDODACHI)

5. KIZAMI-ZUKI + GUIAKO-ZUKI + MAWASHI-GUERI (FUDODACHI)

6. KIZAMI-MAE-GUERI + MAWASHI-GUERI (FUDODACHI), (avançando)

7. USHIRO-GUERI (SHINZENTAI) (dois chutes)

4.2 RENZOKU-WAZA (KIHON ANDANDO)

O Renzoku-Waza é uma um grupo de técnicas onde são aplicadas defesas e


ataques em sequência, realizado em todos os clubes da Hien Karate Kyokai, de acordo
com a seguinte ordem:

1. KIZAMI-ZUKI / MAE-GUERI/ SAMBON-ZUKI

2. JODAN-AGUE-UKE (recuando) / MAWASHI-GUERI / URAKEN/ OIZUKI

3. CHUDAN-SOTO-UKE / EMPI / URAKEN/ GUIAKU-ZUKI.

69
4. CHUDAN-UCHI-UKE / KIZAMI-ZUKI / MAWASHI-GUERI / OIZUKI

5. MAE-GUERI / SHUTO-UCHI / HAITO-UCHI

6. GUIAKO-UCHI-UKE / MAE-GUERI / OIZUKI

7. SHUTO-UKE / MAWASHI-GUERI / OTOSHI-UKE / TEISHO-UCHI

8. MAEGUERI / YOKO-GUERI / MAWASHI-GUERI, todos os golpes em


zenkustu-dachi.

9. YOKO-GUERI / MIKAZUKI-GUERI / MAWASHI-GUERI / USHIRO-GUERI

4.3 KUMITE

Kumite (encontro de mãos) é a parte da aula de Karate onde há combate entre


os karatecas, seja o combate livre ou combinado.

1. COMBATE COMBINADO - é executado, a partir da faixa verde, das


seguintes maneiras:

 IPPON KUMITE: Ataque de um golpe.


PARA FAIXA VERDE:
 Repete-se o Ippon Kumite para faixa branca até laranja (item 3.3 desta
apostila);
 Contra Ataque um murro e um chute MAWASHI-GUERI ou MAE-
GUERI (mão e perna no contra-ataque);

PARA FAIXA ROXA:


 Ataque com um murro JODAN (rosto)
▪ Ataque CHUDAN (peito)
▪ Ataque CHUDAN (Mae Geri no peito)
▪ Ataque CHUDAN (Yoko Geri, chute de lado)
▪ Ataque JODAN (Mawashi Geri no rosto)
 Contra ataque dois murros e um chute MAWASHI-GUERI ou MAE-
GUERI (mão e perna no contra-ataque).

70
PARA FAIXA MARROM:
 Contra ataque dois murros e um chute MAWASHI-GUERI ou MAE-
GUERI (mão e perna no contra-ataque).
 Defesa com desequilíbrio nos pés (ASHI BARAI)

PARA FAIXA PRETA


 Qualquer ataque acima especificado
 Qualquer defesa com contra golpe usando TAI SABAKI e projeções com
a cintura ou pernas NAGUE WAZA.

 SAMBUM KUMITE: Ataque de três golpes.


Os ataques de seguem o sistema de contra ataques do Ippon Kumitê, de acordo
com a graduação;

 GOHON KUMITE: Ataque de cinco golpes.


Os ataques que seguem o sistema de contra ataques do Ippon Kumitê, de
acordo com a graduação;

 4. JIU-IPPON KUMITE: Um ataque semi-livre.


Nesta modalidade de combate combinado, acontece uma luta livre com
somente um movimento, o atacante avisa a altura do seu ataque ("jodan", por exemplo),
e desfere um golpe a sua escolha, podendo se movimentar livremente em até 02
movimentos, sendo que o terceiro deve obrigatoriamente ser o golpe.

2. COMBATE LIVRE - é executado das seguintes maneiras:


 JIU KUMITE:
Após a realização de todas as modalidades de combate combinado, o aluno já
possui algum controle e coordenação motora para executar o combate livre, onde todas
as técnicas ensinadas são permitidas.

 SHIAI KUMITE:
Trata-se de combate de natureza esportiva, o qual envolve sistema de pontuação,
e regras específicas de arbitragem.

71
4.4 OS EXAMES DE FAIXA DE ROXA A MARROM
Os exames de faixa da faixa verde até a marrom serão realizados uma vez ao
ano, no segundo semestre do ano. Todos os exames serão comandados pelo Shihan Sidi
Gobbi dos Santos.

4.4.1. Exame de Faixa Verde para Faixa Roxa


A carência mínima para que o faixa Verde possa realizar o exame para faixa
Roxa é de 09 meses de aulas.
No exame, o faixa roxa deverá apresentar todos os movimentos do Kihon
parado especial, todos os movimentos do Renzoku-waza (Kihon andando), executar
corretamente os Kata Heian Yondan e Saifa, demonstrar corretamente os movimentos
de combate livre e combinado (item 4.3 desta apostila), além de apresentar
conhecimento teórico sobre história e técnica do Karate-Do, através de avaliação escrita
e oral.

Teoria para Exame de faixa de Verde para Roxa:

Tsuki (murro) Keri (chute) Dachi (base) Te (mão)

Oizuki Maegueri Shizentai-Hachiji-dachi Seiken


Guiaku-zuki Yoko-gueri Zenkutso-dachi Tetsui
Kizami-zuki Mawashi-gueri Kokutso-dachi Empi
Tate-zuki Ushiro-gueri Kiba-dachi Nukite
Ura-zuki Uramawashi-gueri Neko-ashi-dachi Nakadaken
Kage-zuki Fumikomi Santin-dachi Shuto
Yama-zuki Kizami-gueri Heiko-dachi Riken
Morote-zuki Kizami-mawashi-gueri Heisoku-dachi Ipon-nukite
Mawashi-zuki Hisa-gueri Mosubi-dachi Haito
Ague-zuki Mikazuki-gueri Fudo-dachi Teisho

72
4.4.2. Exame de Faixa Roxa para Faixa Marrom

A carência mínima para que o faixa Roxa possa realizar o exame para faixa Marrom
é de 12 meses de aulas.

No exame, o faixa Roxa deverá apresentar todos os movimentos do Kihon parado


especial, todos os movimentos do Renzoku-waza (Kihon andando), executar corretamente os
Kata Heian Godan e Seontin, demonstrar corretamente os movimentos de combate livre e
combinado (item 4.3 desta apostila), além de apresentar conhecimento teórico sobre história e
técnica do Karate-Dô, através de avaliação escrita e oral.

Teoria de faixa Roxa para Marrom:

Keri (chute) Dachi (base) Kamae


(posição de combate)
Kingueri Shiko-dachi
Kubi-gueri Tsuriashi-dachi Teko-no-kamae
Yokotobi-gueri Moto-dachi Goshi-no-kamae
Maetobi-gueri Renodji-dachi Maebane-no-kamae
Nidan-gueri Uchi-hachidji-dachi

Te (mão) Ashi (pé) Uke (defesa)

Washite (keiko ) Kakato Haiwain-uke


Kakuto Tsumazaki Kosa-uke
Seriuto Sokuto Kaishu-haiwain-uke
Keito Haisoku Kakewake-uke
Haishu Koshi Osae-uke
Nihon-nukite Mawashi-uke
Otoshi-uke

4.4.3. Exame de Faixa Marrom para Faixa Preta

A carência mínima para que o faixa Marrom possa realizar o exame para faixa Preta
é de 18 meses de aulas.

73
Os exames para faixa preta serão realizados pela Confederação Brasileira de Karate -
CBK, e poderão seguir as especificações abaixo, ou outras, a critério da banca.

No exame, o faixa marrom deverá apresentar todos os movimentos do Kihon parado


especial, todos os movimentos do Renzoku-waza (Kihon andando), ou o que for exigido pela
banca.

O faixa marrom deverá demonstrar corretamente os movimentos de combate livre e


combinado (item 4.3 desta apostila), além de apresentar conhecimento teórico sobre história e
técnica do Karate-Dô, através de avaliação escrita e oral.

Quanto aos kata exigidos, o aluno deverá realizar um os 5 heians, a escolha da banca,
o Tekki-Shodan, e um kata entre os shitei kata - bassai-dai, jion e kanku-dai (a escolha do
aluno)

74
TREINO DE FAIXAS PRETAS

75
As aulas deverão acontecer pelo menos uma vez por mês para manutenção do padrão
da linhagem Hien Kan, do aprimoramento das técnicas e fortalecimento do corpo. Devendo
ter kihon, kata, kumite, ginástica especifica de luta, alongamento, kobudo, tameshiwari e
kumiuchi sendo aulas objetivas de cada item descrito anteriormente, podendo a ginástica
especifica de Karate e kihon serem dadas em todas as aulas.

O faixa preta deve treinar constantemente makiwara, gueta e takiwara, uma


preparação constante para o combate real, prática da defesa pessoal e ataques do Karate.

5.1 KIHON PARADO


O kihon parado é o mesmo da faixa branca a marrom, aplicando-se técnicas
avançadas dos mesmos movimentos, adicionando-se kihon de goju-ryu e kihon específico de
técnicas equivalentes ao grau (dan) dos praticantes.

5.2 KIHON ANDANDO


O kihon andando é o mesmo da faixa verde a marrom, apresentado no capítulo
anterior (capítulo 04). A aula de faixa preta leva em consideração técnicas já aplicadas nas
aulas de branca a marrom, entretanto com técnicas avançadas.

5.3 KUMITE
São praticados os tipos de kumite na aula de faixa preta:
a. Ippon Kumite
b. Sanbom kumite
c. Gohon kumite
d. Kaeshi Ippon kumite
e. Jyu ippon kumite
f. Jyu kumite

5.4 KATA

O faixa preta 1º grau deve saber no mínimo 15 kata shotokan e 3 kata de goju-ryu, o
2º dan, 21 de shotokan e 5 de goju-ryu e o 3º dan 26 katas de shotokan e 7 de goju-ryu e a

76
partir de 4º dan todos os kata de shotokan, isto não impede do shodan saber todos os kata, mas
os faixas pretas que são professores tem saber o máximo de kata para que possam ensinar aos
seus alunos.

Quando a aula é somente de faixa preta, poderá ser treinada por serie de kata, ou
todos os kata, priorizando o aperfeiçoamento da técnica, o bunkai, a quantidade de katas para
treinamento da musculatura do corpo, manutenção dos kata das formas aprendidas pelo
Hanshi.

5.5 OS EXAMES DE DAN (GRADUAÇÕES DENTRO DA PRETA)


Cada confederação tem seus pré-requisitos para os exames de grau (dan). A Hien
Karate Kyokai é filiada à Confederação Brasileira de Karate - CBK e suas regras tendem a se
modificar dentro das mudanças da própria organização. Entretanto, podemos afirmar que
basicamente tem saber o programa de faixa verde e roxa e os seguintes kata, como pré-
requisitos afirmados pelo Hanshi Benedito Nelson e Shihan Sidi Gobbi dos Santos:

1º dan - Tekki Shodan, 05 Heians, Bassai-dai, Kanku-dai e Jion;


2º dan - Tekki Nidan, 05 Heians, Bassai-sho, Kanku-sho, Empi e Jiin;
3º dan - Tekki Sandan 05 Heians, Chinte, Meykio, Nijushiho, Sotin e Jitte;
4º dan - Tekki Sandan, 05 Heians, Tokui Kata (bunkai);
5º dan - Tokui Kata (bunkai);
6º a 10º dan - Memorial e exame técnico.

5.6 CONHECIMENTOS ADICIONAIS DO FAIXA PRETA


Além dos conhecimentos técnicos, o faixa preta deve conhecer a história do Karate,
as nomenclatura dos golpes avançados, noções de primeiros socorros e arbitragem, atuando de
forma prática em todos os momentos do Karate.

77
CARTA AOS ALUNOS

6.1 REFLEXÃO SOBRE ALUNOS E KARATE

Até os dias de hoje muitos me acompanharam, chegaram a um ponto que pode ser o
final de sua evolução técnica e interior. Pois o que busco e faço está além das possibilidades
de muitos que surgiram em meu caminho.
Hoje sei que temos um limite que não aceitamos e todos os que me acompanharam e
se dispersaram chegaram comigo ao ponto máximo daquilo que ensinei como técnica de
combate e esforço para uma evolução e equilíbrio interior. Pergunto qual dos meus alunos
conseguiu isso? Qual dos meus alunos chegou perto da perfeição técnica que durante esses
anos sempre procurei transmitir. Não que eu a tenha de forma perfeita, mas a perfeição dentro
dos meus limites. Eu quis os seguintes itens neste caminho:

 Quero que meus faixas-pretas conheçam os katas Goju-Ryu e Shotokan e que


saibam como usá-los num combate real ou competitivo esportivo.
 Que tenham um equilíbrio interior usando a observação de si de forma imparcial
tanto no Karate como fora dele.
 Que possuam uma condição física atlética para terem uma saúde equilibrada para
poder me acompanhar nos esforços físicos que exijo nos treinamentos.
 Que combatam com todas as forças as fraquezas humanas como ira, ódio, rancor,
inveja, preguiça, orgulho, vaidade e imaginações. Pois com essas fraquezas será
impossível acompanhar as exigências do caminho que sigo, que são as seguintes:
Paciência, Obediência, Perseverança, que são as colunas que sustentarão o que
procuro transmitir.

Sem paciência não conseguirá me suportar pois muitos dos treinamentos e práticas
que conheço não sei ensinar sem isto, pois não são aprendizados que em um dia, mês ou
mesmo em poucos anos se conseguirá. Pois nesses 40 anos que pratico e treino ainda sei que
falta muito para eu conseguir chegar onde quero comigo mesmo e, que meus alunos, para
minha tristeza, não aprenderam 30% do que quero ensinar e daquilo que hoje sei. A
obediência não é aquela de vaquinha de presépio que abaixa a cabeça na minha frente
respeitosamente dizendo OSS, fingindo que me reconhece como mestre de Karate,

78
satisfazendo-se na vaidade de ser discípulo. A obediência é aquela que segue os preceitos de
espera evolutiva física e espiritual fazendo todos os dias esforço físico dirigido por mim para
eu poder saber o que estou conseguindo com aquilo que estou transmitindo.
A perseverança é fazer sempre os exercícios tanto na hora do treino, como em casa,
tanto físico como psicológico, isto é durante anos a fio. Não parar nunca. Cumprir as
obrigações e aquilo que se propôs ser um guerreiro, para poder aguentar o que está para vir
depois.
Hanshi Benedito Nelson Augusto dos Santos

6.2 O QUE APRENDI COM MEUS ALUNOS ATÉ HOJE?

Aprendi que um pequeno defeito no caminho, justamente aquele que menos


importância damos, é exatamente o furinho da maçã que vai apodrecê-la totalmente. A
indulgência com aquela ideia que temos de livre-arbítrio, que é uma ilusão, é o ponto onde
esta solta a âncora que mantém todo o navio preso sem deixá-lo seguir seu rumo. Vi que o
aprendiz não tem como saber chegar onde o professor quer. Talvez até não saiba o que o
professor quer que faça. A sua fraqueza mental, emocional o destrói, junto com a fraqueza
física e a sua vontade é nula, possui apenas pequenos desejos. Então o professor que vê isso,
tem que primeiro ensinar o aluno a acordar para ter a chance de ver seus próprios defeitos. Vi
também que o exemplo não é o suficiente, pois aumenta a distância do lugar que o aluno se
encontra e o lugar que o professor está, então o aluno se acomoda com sua posição e fica
satisfeito em saber mais do que a maioria, então se acha importante, a ponto de querer dar
opinião no que deve fazer para prosseguir, esquecendo que sua opinião é baseada em sua
fraqueza.
Me deparei com 3 espécies de alunos que de uma forma ou de outra ficaram pelo
caminho: o cachorro, o porco e a tartaruga.

1. O cachorro é aquele que faz tudo para comer o máximo engolindo tudo sem
mastigar e aparentemente é o mais comilão e interessado e depois como não
mastigou vomita tudo fora e depois come o próprio vômito e às vezes nem o
vômito come.
2. O porco é aquele que come, come e não usa o que comeu, então engorda, fica
acomodado no seu chiqueiro se achando um grande personagem por ser grande e

79
ter peso e olhando o deu chiqueiro acha que o mundo é tudo o que ele vê então
fica até que alguém o use como alimento, sem que ele saiba de seu destino.
3. A tartaruga é aquele aluno que sempre está presente mas anda com sua
velocidade, isto é, devagar. Anda para todos os lados sem ter objetivo nenhum e
com sua lerdeza não consegue acompanhar os passos de outro animal. Ela até
pode chegar a algum lugar, mas é difícil chegar no tempo certo, se chegar vai ser
atrasado.

Aqueles que durante os anos continuam treinando e ensinando também tem três
categorias:

1. O Leão é aquele que treinou intensamente e mantém o que aprendeu, treinando


Kata e Makiwara , para manter a forma física. É um verdadeiro lutador, seu
corpo é sua máquina, seu material de estudo, está sempre pronto para a batalha
na selva da vida.
2. O Tigre é aquele que sempre treina para competir e se atualizar nas competições
para se manter em evidência. É o caçador . O tigre além de treinar
constantemente, se aperfeiçoa à medida que as regras dos campeonatos vão se
modificando. É caçador porque caça as novidades, justamente por estar
preparado para elas.
3. O Homem Guerreiro é aquele que faz como o Leão e também se prepara
espiritualmente para enfrentar o inimigo final que é a morte, através de um
treinamento de atenção e percepção de outras realidades que traga sua evolução
na consciência de si . O mais importante é não cessar esse treinamento espiritual
pois ele é uma fonte que nunca cessa e se ilude aquele que já se acha um
guerreiro sem manter o treinamento. O Guerreiro, o verdadeiro Samurai,
permanece num aprendizado sem fim no caminho para morte.

No entanto, todos esses tipos de aluno na verdade chegaram ao máximo daquilo que
quero ensinar, uns até faixa-preta, outros ganharam graduações e ficaram satisfeitos com o
que são, por este motivo, não se pode exigir nada além do que já fizeram dentro da
Organização que tem os seguintes objetivos que iniciaram em 1967:

80
 Na academia ou sede central formam os professores ou mestres de combate para
a divulgação dos ensinos, além do treinamento interior individual de cada um.
Nas academias filiadas preparar os alunos para seus professores ou atletas e a
partir da faixa verde pertencer a organização.
 No âmbito esportivo preparar atletas para serem escolhidos dentro do Estado a
formarem um único grupo de crianças, mulheres, homens para competição
estadual. No âmbito nacional escolher os melhores atletas para formarem uma
única equipe.
 Cada professor procurar ter sua própria academia em clubes ou locais para este
fim e finais de semana treinar juntos com aulas de professores e veteranos. Os
atletas terem um local para ficarem concentrados e poderem treinar sem
interferência externa, na Sede Central, onde será executado o Kagueigo-
Shugueiko e treinamentos especializados.

Hanshi Benedito Nelson Augusto dos Santos

81

Você também pode gostar