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0 = demonstrativo
I = identificador geral
II = artigo definido a todos os substantivos (o uso do artigo torna-se cada vez mais
redundante)
III = todos os substantivos (pura marca nominal)
Século 17
Manuel da Costa (1601 - 1667) Arte de Furtar (52.867 palavras).
António Vieira (1608 - 1697) Sermões (53.855 palavras).
António Vieira (1608 – 1697) Cartas (57.088 palavras).
F. Manuel de Melo (1608 - 1666) Cartas (58.070 palavras).
António das Chagas (1631-1682) Cartas Espirituais (54.445 palavras).
Manuel Bernardes (1644 - 1710) Nova Floresta (52.374 palavras).
J. Cunha Brochado (1651 - 1735) Cartas (35.058 palavras).
Maria do Céu (1658-1753) Rellacao da Vida e Morte da Serva de Deos a Veneravel Madre
Elenna da Crus (27.410 palavras).
André de Barros (1675-1754) A Vida do Padre António Vieira (52.055 palavras).
Alexandre de Gusmão (1675-?) Cartas (32.433 palavras).
Século 18
Cavaleiro de Oliveira (1702 – 1783) Cartas (51.080 palavras).
Matias Aires (1705 - 1763) Reflexão sobre a Vaidade dos Homens e Cartas sobre a Fortuna
(56.479 palavras).
Luís António Verney (1713-1792) Verdadeiro Método de Estudar (49.335 palavras).
Antonio da Costa (1714-?) Cartas do Abade Antônio da Costa (27.096 palavras).
Correia Garção (1724 - 1772) Obras Completas (24.924 palavras).
Marquesa D'Alorna (1750-1839) Cartas e outros Escritos (49.512 palavras).
Almeida Garrett (1799-1854) Viagens na minha terra (51.784 palavras).
Século 19
Ramalho Ortigão (1836 - 1915) Cartas a Emília (32.441 palavras).
Neste artigo publicado em 2009, a pesquisadora Ane Schei tem o objetivo de detectar
o uso do artigo definido frente a pronomes possessivos pelos escritores brasileiros do século
XIX nos casos em que há uma variação pelo menos relativamente livre. A partir de uma
análise quantitativa, Schei pretende confrontar os dados coletados nesse corpus com aqueles
de Silva (1982), verificando se os fatores elencados pela autora como favorecedores (ou
desfavorecedores) da presença ou ausência do artigo são corroboráveis.
A autora parte de um pressuposto estabelecido: o português europeu (PE), como
verificado em Said Ali (1964) sofreu uma crescente gramaticalização do possessivo
precedido de artigo definido que, com o passar do tempo, tornou-se praticamente obrigatório.
Porém, no português brasileiro (PB), apesar da presença do artigo nessas condições ser
verificável, ela não parece seguir categoricamente uma regra. As primeiras partes do artigo se
dedicam a sustentar essas afirmações a partir dos estudos dos autores citados e do corpus do
Projeto NURC, entre outras fontes.
Os romances elencados pela autora para análise são: A moreninha, de Joaquim
Manuel de Macedo (1844); Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio de
Almeida (1854-55); Lucíola, de José de Alencar (1862); O garimpeiro, de Bernardo
Guimarães (1872); Inocência, de Visconde de Taunay (1872); O cortiço de Aluísio Azevedo
(1890); e Dom Casmurro, de Machado de Assis (1899).
A análise quantitativa proposta pela autora parte de uma curiosa separação: a narrativa
dos livros (trechos descritivos e dissertativos) é colocada como centro da pesquisa, enquanto
os diálogos (em oposição à narrativa) são estudados resumidamente e à parte
(presumidamente por emularem uma voz que não a do narrador/escritor).
Alguns fatores são levantados e discutidos como possíveis explicações para a escolha
do uso do artigo definido antes do pronome possessivo, como a existência de uma pressão
normativa (aqui refutada com base nos dados do NURC) e o fator de “especificidade” que,
para Silva, “favorece a ausência do artigo nos casos em que o falante não necessita destacar
elementos do conjunto, pois a informação não é necessária ou já está bem clara” (como em
nomes de parentesco, ex.: pai e irmão). Considerando esse fator de difícil definição, Schei
não o considera neste trabalho.
Apesar do artigo não ser categórico em nenhuma das variáveis elencadas, alguns
fatores levantados por Silva são discutidos posteriormente no artigo de Schei:
- O artigo é menos frequente: no plural do que no singular; quando o possessivo vem depois
de uma pausa (vírgula, em oposição a vir precedido de outra palavra); com o pronome “seu”
do que com os demais possessivos”.
- O artigo é mais frequente: quando o possessivo é precedido de preposição.