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DOUTORES DE FRALDAS

Engraçado como distorcemos a essência da Palavra de Deus. Todos sabemos que o ensino central é
“amar a Deus e ao próximo como a si mesmo”. Entretanto, nosso conceito de vida cristã passa muito
longe desse parâmetro. Nossa espiritualidade distorcida e travestida de farisaísmo prefere
estabelecer outros parâmetros. Espiritual é quem mais frequenta cultos, quem é dizimista fiel, quem
tem vida de oração, quem tem funções na igreja,... Não estou afirmando que essas práticas não são
importantes; só estou afirmando que não são padrão aferidor de uma espiritualidade sadia. A
parábola do publicano e do fariseu nos ensina que nem tudo que parece, é; assim como nem tudo
que reluz é ouro. Sendo o amor parte da natureza divina, Deus não nos pediu algo que Ele mesmo
não tenha exercitado e provado (Rm 5:8). A prova cabal dessa verdade é que quando Jesus, o Deus
encarnado, ordenou algo, Ele sempre colocou a si mesmo como parâmetro. Sua afirmativa é
contundente: “amem uns aos outros como eu vos amei”. Ainda que nos orgulhemos do quanto
somos espirituais, o desamor mostra o quanto somos hipócritas. No geral, nosso “amor” é tão frágil
quanto uma linha e não resiste a qualquer puxão. E o que dizer das pessoas que não simpatizamos,
que não fazemos questão de cumprimentar, que afirmamos não ter nada contra e ao mesmo tempo
temos tudo contra? E o que dizer do rancor, furor e desejos malignos que sentimos? E o que dizer
das brigas, intrigas, fofocas, maledicências que brotam no meio das igrejas? A verdade é que nossa
falta de amor para com o nosso irmão mostra o nosso desamor pelo próprio Deus. João afirmou que
“quem não ama seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê” (I Jo 4:20). De modo
fatal, isso nos atinge em cheio. Não amamos a Deus como pensamos; por isso não amamos ao nosso
irmão. E se isso for assim, demonstramos que amamos é a nós mesmos. Logo, paremos de medir a
nossa espiritualidade e a dos outros por qualquer outra régua que não seja a do amor e assumamos
nossa condição de aprendizes. Em matéria do amor nunca nos graduaremos e nem faremos
doutorado. Na verdade, talvez para muitos de nós, a realidade ainda seja o jardim de infância.
Lembremo-nos sempre que fé sem amor é como a do diabo e doutrina sem amor é diabólica. Em um
mundo superficial precisamos fugir da aparência de ser cristão. Precisamos ser. E a régua do
cristianismo é o amor.
Pr. Reinaldo Pinheiro

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