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PRÉ-REFLEXIVO
Antes da Resolução nº 69/69 (BRASIL, 1969) bastava o antigo primeiro grau,
atual ensino fundamental, para ter acesso ao curso de Educação Física. Mas mesmo
tal Resolução apresentou-se aquém de uma formação universitária, pois
determinava a graduação em Educação Física apenas em nível de licenciatura e em
rápidos três anos, com um mínimo de 1880 horas/aula. Concomitantemente, ainda
era possível ao graduando titular-se como “Técnico Esportivo”, bastando para isso
cursar mais duas disciplinas prático-esportivas oferecidas pela faculdade.
Além disso, a maior parte dos cursos de graduação resumiam-se ao currículo
mínimo estabelecido pela citada Resolução, que previa uma grande gama de
disciplinas que enfocavam os esportes (basquete, atletismo etc.), normalmente
ministradas por ex-atletas; salpicadas de outras que procuravam dar fundamentação
anátomo-funcional (anatomia, fisiologia etc.), normalmente ministradas por médicos,
mais as disciplinas obrigatórias para obtenção do título de licenciado (estrutura e
funcionamento do ensino, estágio supervisionado etc.), normalmente ministradas por
pedagogos. Disciplinas de caráter humanístico não faziam parte do rol curricular.
De qualquer modo, foi durante os idos dos anos 70 que a Educação Física
brasileira teve praticamente o seu surgimento enquanto área de pesquisa,
especialmente alavancada pelo interesse do governo ditatorial no campo esportivo.
Os estudos realizados à época, no entanto, preocupavam-se, predominantemente,
com o aspecto anátomo-funcional, observando crescimento e desenvolvimento
(influências da menarca, evolução da aptidão motora em escolares...), antropometria
(somatotipo de atletas, medida de dobras cutâneas...) e capacidades físicas
* Referência: GONÇALVES JUNIOR, Luiz; RAMOS, Glauco Nunes Souto; MACHADO, Dijnane Fernanda
Vedovato. Formação profissional em educação física no Brasil: o velho problema do currículo e o caso da
UFSCar. In: VI CONGRESSO ESTADUAL PAULISTA SOBRE FORMAÇÃO DE EDUCADORES:
FORMAÇÃO DE EDUCADORES - DESAFIOS E PERPECTIVAS PARA O SÉCULO XXI, 2001, Águas de
Lindóia. Anais.... Lindóia, 2001.
(potência, força, velocidade...), utilizando-se, exclusivamente, de mensurações e
testes de natureza estatística conforme pode-se observar na publicação “10 anos de
contribuição às ciências do esporte” do CELAFISCS (1986).
Assim se “articulava” o corpo de conhecimento da Educação Física!
No início da década de 80, afirmava MEDINA (1992) que a Educação Física
precisava entrar em crise, pois:
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Consideramos que, além dos subsídios dos profissionais/pesquisadores da
área, também temos muito a aprender com aqueles que, em geral são “objetos” das
propostas curriculares, com suas vivências/experiências, através do convívio diário
da estrutura curricular, com suas benesses e mazelas. A perspectiva que se tem,
nessas ocasiões, é a do “compartilhar as particularidades”.
Diante disto buscamos, em termos metodológicos, um enfoque que não
evidenciasse generalizações, quantificações e nem a neutralidade de nós
pesquisadores, portanto, este estudo é caracterizado pela abordagem qualitativa
(ANDRÉ, 1995; MOLINA NETO e TRIVIÑOS, 1999).
Na abordagem qualitativa, a realidade não é algo externo ao sujeito. Valoriza-
se a maneira própria de entendimento da realidade pelo indivíduo, buscando
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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