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RESUMO DA TEORIA DE PIAGET

Jean Piaget é um dos nomes escritos com letras de ouro na psicologia. Sua
teoria sobre a aprendizagem cognitiva infantil faz com que o conheçamos hoje em dia
como o pai da pedagogia moderna. Ele descobriu que os princípios da nossa lógica
começam a se instalar antes da aquisição da linguagem, gerando-se através da atividade
sensorial e motora em interação com o meio, especialmente com o meio sociocultural.O
desenvolvimento psíquico, que se inicia com o nascimento e termina na idade adulta, é
comparável ao crescimento orgânico: assim como este último, consiste essencialmente
em um caminho até o equilíbrio. Da mesma forma que o corpo evolui até um nível
relativamente estável, caracterizado pelo final do crescimento e pela maturidade dos
órgãos, a vida mental também pode ser concebida como se evoluísse na direção de
uma forma de equilíbrio final, representado pela pessoa adulta.

O que as crianças são capazes de aprender em cada estágio de seu


desenvolvimento? Como suas habilidades para reagir e interagir com o ambiente se
desenvolvem e em que ordem? Essas foram algumas das perguntas que o psicólogo
francês Jean Piaget respondeu em 1952, quando publicou sua teoria sobre o
desenvolvimento cognitivo em crianças.

A pesquisa de Piaget começou com seu interesse sobre como as crianças


reagiam aos ambientes. Acontece que suas observações começaram a divergir do
pensamento da época, o levando a criar uma nova teoria sobre desenvolvimento cognitivo
que se tornou a mais conhecida e influente até hoje.

Os quatro estágios cognitivos do desenvolvimento infantil

A teoria do desenvolvimento cognitivo de Jean Piaget sugere que as crianças


passam por quatro estágios diferentes de desenvolvimento mental. Sua teoria se concentra
não apenas na compreensão de como as crianças adquirem conhecimento, mas também
na própria natureza da inteligência.

Fase sensório-motora: Nascimento até cerca de 2 anos

Durante este estágio, as crianças aprendem sobre o mundo por meio dos seus
sentidos e da manipulação de objetos. A principal conquista durante este estágio é a
permanência do objeto, ou seja, saber que um objeto ainda existe, mesmo que você não
possa vê-lo. Isso requer a capacidade de formar uma representação mental dos objetos.

Fase pré-operacional: De 2 a 7 anos

Durante esse estágio, as crianças desenvolvem a imaginação e a memória.


Elas também são capazes de entender a ideia de passado e futuro, e interpretar as coisas
simbolicamente. O pensamento nessa fase ainda é egocêntrico, desse modo, a criança tem
dificuldade em ver o ponto de vista dos outros.

Estágio operacional concreto: 7 a 11 anos

Durante esse estágio, as crianças se tornam mais conscientes do sentimento


dos outros e dos eventos externos. Elas vão se tornando menos egocêntricas, começando
a entender que nem todos compartilham seus pensamentos, crenças ou sentimentos.

Para Piaget, esse estágio é um grande ponto de virada no desenvolvimento


cognitivo da criança, pois marca o início do pensamento lógico ou operacional. Isso
significa que a criança pode resolver as coisas internamente em sua cabeça, em vez de
apenas fisicamente.

Estágio operacional formal: 11 anos ou mais

O estágio operacional formal começa aproximadamente aos onze anos e dura


até a idade adulta. Durante esse estágio, as crianças são capazes de usar a lógica para
resolver problemas, planejar seu futuro e ver o mundo ao seu redor.

Os componentes básicos de sua teoria

Piaget acreditava que as crianças assumem um papel ativo no processo de


aprendizagem, agindo como pequenos cientistas enquanto realizam experimentos, fazem
observações e aprendem sobre o mundo.

À medida que as crianças interagem com o mundo ao seu redor, elas vão
adicionando novos conhecimentos, se baseando no que já conhecem e adaptando ideias
anteriores. Deste modo, o desenvolvimento cognitivo seria uma reorganização
progressiva dos processos mentais, que evolui de acordo com a maturação biológica e a
experiência ambiental.
Esquemas: os blocos de construção do conhecimento

Os esquemas são os conjuntos de representações mentais que relacionamos


com o mundo, que permitem que possamos entender e responder a situações. Ou seja,
eles são a maneira de organizar o conhecimento que temos do mundo.

Esse conhecimento fica armazenado em blocos, cada um relacionado a um


aspecto do mundo, incluindo objetos, ações e conceitos abstratos. Esses esquemas podem
ser considerados como um manual para o cérebro, dizendo ao indivíduo como reagir a
certos estímulos ou informações recebidos. Como estamos sempre recebendo novas
informações e estímulos, esses esquemas estão em constante processo de transição e
reorganização.

Os processos de transição: assimilação e acomodação

Segundo a Teoria da Aprendizagem de Piaget, a aprendizagem é um processo


que só tem sentido diante de situações de mudança. Por isso, aprender é, em parte, saber
se adaptar a estas novidades. Esta teoria explica a dinâmica de adaptação por meio dos
processos de assimilação e acomodação.

Jean Piaget via o crescimento intelectual como um processo de adaptação ao


mundo, que poderia ocorrer por meio dos seguintes modos:

Assimilação

Durante a assimilação, a criança utiliza um esquema já existente para lidar


com um novo objeto ou situação. Por exemplo, uma criança de dois anos vê uma maçã,
mas anteriormente ela apenas conhecia o que era uma laranja. Por ver uma fruta com
formato parecido, a criança ira pensar que a maçã também é uma laranja.

Acomodação

A acomodação acontece quando a criança não consegue assimilar a


informação em um esquema já existente, então ela precisa alterá-lo, ou criar um novo
esquema.
Continuando com o exemplo acima, quando a mãe da criança explicar que
apesar do formato aquela é uma fruta diferente, a criança irá reorganizar o seu esquema
sobre "laranja", sabendo da existência de outras frutas.

O conceito de equilíbrio

Quando os esquemas existentes de uma criança são capazes de explicar o que


ela percebe ao redor, diz-se que ela está em um estado de equilíbrio. No entanto, quando
novas informações não podem ser encaixadas em esquemas existentes, ela entra em um
incômodo estado de desequilíbrio.Como não gostamos de estar frustrados, procuraremos
restaurar o equilíbrio dominando o novo desafio. Deste modo, podemos dizer que o
equilíbrio é a força que impulsiona o processo de aprendizagem.

Esses conceitos criados por Piaget revolucionaram o entendimento sobre o


desenvolvimento infantil, fazendo com que a teoria piagetiana se tornasse a mais
importante na área, guiando professores e especialistas até a atualidade

Contribuições de Piaget para a educação atual

As contribuições de Piaget para a educação são consideradas de extrema


importância. Piaget é o fundador da psicologia genética, que afetou
significativamente a teoria e a prática educativa que foram geradas ao redor desta, que
foi variando através do tempo dando lugar a diferentes formulações. Cabe mencionar que
foram desenvolvidos muitos trabalhos a partir das contribuições de Piaget.

O trabalho de Jean Piaget consiste em suas descobertas do pensar humano a


partir de uma perspectiva biológica, psicológica e lógica. É necessário esclarecer que o
conceito de “psicologia genética” não está aplicado em um contexto unicamente
biológico ou fisiológico, pois não se refere nem se baseia nos genes; é rotulado como
“genética” por ser desenvolvido com respeito à gênese, origem do princípio do
pensamento humano.

Uma das grandes contribuições de Piaget para a educação atual foi a de ter
fundamentado que nos primeiros anos de educação da criança, o objetivo é alcançar
o desenvolvimento cognitivo, a primeira aprendizagem. Para isso é indispensável e
complementar o que a família tenha ensinado e estimulado na criança, permitindo-lhe
aprender algumas regras e normas que possam ser assimiladas em um entorno escolar.
Outra contribuição de Piaget, que podemos ver refletidas nas escolas atuais,
é que a teoria que se dá em uma sala de aula não é suficiente para dizer que o tema
foi assimilado e aprendido. Neste sentido, a aprendizagem envolve mais métodos de
pedagogia, como a aplicação dos conhecimentos, da experimentação e a demonstração.

A meta principal da educação é criar pessoas que sejam capazes de


inovar, não simplesmente repetir o que as outras gerações fizeram. Pessoas que sejam
criativas, inventivas e descobridoras. A segunda meta da educação é a de formar mentes
que sejam críticas, que possam verificar, e não aceitar, tudo que lhes é transmitido como
válido ou verdadeiro.

Um passeio pela teoria de Piaget permitiria a qualquer professor descobrir


como funciona a mente de um aluno. A ideia central da teoria dele é de que
o conhecimento não é uma cópia da realidade, e sim o produto de uma inter-relação da
pessoa com seu entorno. Portanto, seria sempre individual, particular e peculiar.

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