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Esse será um dos temas de fundo que serão tratados na sessão plenária da OAB,
para que a entidade possa lançar um posicionamento quanto à crise política que tem
atingido a confiança do cidadão. Durante entrevista concedida nesta manhã, Roberto
Busato afirmou que essa pode ser a oportunidade de se buscar saídas mais agudas
para uma “refundação” da República.
“Nesse ponto, a crise nos mostra que há uma fragilidade na legislação eleitoral e
pior, há uma enorme fragilidade ética e moral por parte de pessoas que estavam acima
de qualquer sentimento de dúvida por parte da população”, afirmou Roberto Busato,
ressaltando que a crise está levando a sociedade a um descrédito total com relação ao
Poder Executivo.
1
Hesse, Konrad. A força normativa da Constituição. Tradução de Gilmar Ferreira Mendes. Porto Alegre. SAFE,
1.991
Traduzida por Gilmar Ferreira Mendes, atual Ministro do Egrégio Supremo
Tribunal Federal brasileiro, Hesse nos brinda em seu livro com o proferido na aula
inaugural da Universidade de Freiburg – RFA, no ano de 1.959, naquilo que Gilmar
Mendes denominou, na apresentação do livro, de “ um dos textos mais significativos do
Direito Constitucional moderno.
Lassale, numa visão sociológica da Constituição, chegou a assentar que ela seria
simplesmente uma “folha de papel” , visto que a sociedade não poderia ser usurpada
de sua soberania em virtude de um texto a que denominavam de Maior.
Opositor, então, das idéias de Lassale, Konrad Hesse cria a idéia de “vontade da
Constituição”2 . Tal idéia remete à sua força normativa.
Isso quer dizer que a feitura de uma Constituição é fruto de pressão dos mais
diversos grupos sociais.
Assim sendo, não se pode olvidar, jamais, de seu caráter político, fruto das forças
da sociedade em um determinado momento.
E, em se chegando a tal situação, aí sim, Lassale teria razão, uma vez que a
Constituição jurídica fatalmente sucumbiria frente à Constituição real, aquela se tornaria
uma simples “folha de papel”.
2
Em alemão, Wille zur Verfassung.
Tal desenho deve ser ao máximo evitado, pois desmoralizaria o sentimento de que
a Constituição rege, daria a imagem da fraqueza total de seus propósitos.
Na expressão de Hesse:
Hesse faz questão de nos advertir de que, para isso, a Constituição não deve ser
mudada ao sabor do vento, em qualquer quebra da harmonia acima referida.
Mas, por outro lado, não deve ser negado o poder de reformá-la por parte do
constituinte derivado.
“Se o sentido de uma proposição normativa não pode mais ser realizado, a revisão
constitucional afigura-se inevitável. Do contrário, ter-se-ia a supressão da tensão entre
norma e realidade com a supressão do próprio direito. Uma interpretação construtiva é
sempre possível e necessária dentro desses limites. A dinâmica existente na
interpretação construtiva constitui condição fundamental da força normativa da
Constituição e, por conseguinte, de sua estabilidade. Caso ela venha a faltar, tornar-
se-á inevitável, cedo ou tarde, a ruptura da situação jurídica vigente.”
Nela, havia previsão de que a taxa de juros real praticada na economia não
poderia ser superior a 12 % anuais.
Contudo, a realidade da economia brasileira nunca permitiu que tal norma fosse
efetivamente implementada.
Mas, como havia ainda, Magistrados que tomavam tal dispositivo como auto-
aplicável, então, o constituinte derivado, via a emenda constitucional nr. 40, de 2.003,
veio a suprimir, textualmente, tal ordem do seu texto.
3
Streck, Lênio Luiz. Jurisdição constitucional e hermenêutica. Porto Alegre, Livraria do Advogado, 2.002.
limites. Até porque a força normativa da Constituição é apenas uma das forças de cuja
atuação resulta a realidade do Estado.”
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS :