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%20Dorneles_Tiago%20de%20Oliveira%20Mainieri.doc

Empreendedorismo e Comunicação: o perfil e a formação


empreendedora dos egressos do curso de Comunicação Social da
Unijuí

DORNELES, Felipe Rigon, graduando em Comunicação Social – Habilitação


Jornalismo. UNIJUÍ - Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do
Sul - RS. Bolsista de Iniciação Cientifica – Fapergs. frdorneles@yahoo.com.br;

MAINIERI de Oliveira, Tiago. Professor Mestre do Departamento de Estudos de


Linguagem Arte e Comunicação – DELAC, UNIJUÍ - Universidade Regional do
Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – RS. Doutorando em Ciências da
Comunicação pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo -
ECA/USP. mainieri@usp.br

Resumo

O empreendedorismo vem sendo recentemente introduzido nas universidades. O


artigo tem como objetivo trazer para a área da comunicação essa discussão, levando o
empreendedorismo e características empreendedoras para profissionais de comunicação.
Desse modo, reportamos no artigo um estudo realizado junto aos egressos do curso de
Comunicação Social da Unijuí. Observando o perfil empreendedor, podemos afirmar
que eles apresentam características essenciais aos comunicadores-empreendedores. A
pesquisa revela que a experiência profissional também é determinante para uma
formação empreendedora.

Palavras-Chave: história curso de Comunicação Social - Unijuí; empreendedorismo;


perfil comunicador-empreendedor; formação empreendedora.

Introdução
O empreendedorismo vem sendo recentemente introduzido no ambiente das
universidades de maneira a estimular a formação de novos empreendedores. Inúmeros
cursos de graduação, de diferentes áreas como administração e química, inseriram em
seus currículos o tema do empreendedorismo. Na área de comunicação, são ainda
poucas as iniciativas que estimulam o perfil empreendedor dos alunos.
Porém, podemos considerar o contexto atual extremamente favorável ao
crescimento do empreendedorismo, enquanto alternativa viável aos altos índices de
desemprego e possibilidade de aquecimento dos mais diversos setores produtivos. As
perspectivas e o potencial do empreendedorismo justificam por si só a inserção dessa
discussão no âmbito da comunicação. Se analisarmos o mercado na área da
comunicação organizacional, os dados também apontam um crescimento no número de
empresas de consultoria e assessoria nessa área. Porém não existem estudos/análises
desses empreendimentos, nem mesmo acerca do perfil dos empreendedores da
comunicação.
O artigo tem como objetivo trazer para a área da comunicação a discussão sobre
empreendedorismo, explicitando a evolução de seu conceito, bem como, a importância
de características empreendedoras para os profissionais da área. Para isto, reportamos
neste artigo um estudo realizado junto aos egressos do curso de Comunicação Social da
Unijuí, primeiramente, analisando o histórico e a evolução da proposta político-
pedagógica do Curso. E, posteriormente, analisando o perfil empreendedor dos mesmos.
Para fundamentação teórica, realizou-se uma revisão bibliográfica sobre
empreendedorismo de maneira a permitir o entendimento das várias concepções e
estudos sobre o tema (evolução do conceito de empreendedorismo). O referencial
teórico está fundamentado nos estudos acerca do empreendedorismo e comunicação
organizacional. O histórico do curso e o desenvolvimento de seu currículo foram
analisados a partir de estudos de professores e da proposta político-pedagógica do
mesmo. Quanto ao estudo empírico, utilizaremos de uma pesquisa de campo que trouxe
resultados da área de atuação, do perfil empreendedor e da formação acadêmica dos
egressos do curso de Comunicação Social da Unijuí.

Empreendedorismo e o comunicador-empreendedor
Muitas vezes usamos o termo empreendedorismo ou empreendedor para definir
um ato ou pessoa que realiza um empreendimento, mas isto no sentido de criar ou
administrar uma empresa, ou ainda no sentido de investimento, algo relacionado com
dinheiro. “Os empreendedores eram pessoas que aproveitavam as oportunidades com a
perspectiva de obterem lucros, assumindo os riscos inerentes (...) associou-se
empreendedores à inovação e via-os como agente da mudança”. (FILION, 1999, p.07).
A evolução do conceito do termo empreendedorismo foi dada ao longo de
pesquisas, pois, o termo surgiu com os economistas, que estavam interessados com a
economia das empresas, criação de novos empreendimentos, desenvolvimento e
gerenciamento de negócios e na sua contribuição para o desenvolvimento econômico. A
partir do estudo do empreendedorismo pelos comportamentalistas, passa-se a analisar o
comportamento do empreendedor.
...aos psicólogos, psicanalistas, sociólogos e outros especialistas do
comportamento humano... Max Weber (1930). Ele identificou o sistema de
valores como um elemento fundamental para a explicação do
comportamento empreendedor. Via os empreendedores como inovadores,
pessoas independentes cujo papel de liderança nos negócios inferia uma
fonte de autoridade formal. (FILION, 1999, p.08).

Então começam a surgir novas abordagens acerca do conceito do termo


empreendedorismo. Passa-se de uma definição restrita a investimento e criação de
empresas para uma visão voltada ao comportamento humano, onde empreendedor é
uma pessoa criativa, que tem iniciativa, é capaz de estabelecer metas e atingir objetivos.
A primeira definição apresentada pelos economistas prevalece até hoje, mas o termo
comportamentalista passa a ganhar mais espaço na medida em que surgem pesquisas
sobre o assunto. Segundo Filion:

O empreendedor é uma pessoa criativa (...) marcada pela capacidade


de estabelecer e atingir objetivos (...) e que mantém alto nível de
consciência do ambiente em que vive, usando-a para detectar
oportunidades de negócios. (...) Um empreendedor que continua a
aprender a respeito de possíveis oportunidades de negócios (...) e a
tomar decisões moderadamente arriscadas (...) que objetivaram a
inovação, continuará a desempenhar um papel empreendedor (...) Um
empreendedor é uma pessoa que imagina, desenvolve e realiza
visões. (FILION, 1999, p.19).

A partir do conceito genérico de empreendedor é importante apresentarmos uma


definição de comunicador-empreendedor. Segundo Mainieri:

Poderíamos defini-lo como o profissional de comunicação com forte


perfil para inovação, que é dono de seu próprio negócio ou
empregado de uma organização. É o profissional que, parafraseando
Filion, imagina, desenvolve e realiza soluções de comunicação
permanentemente. É alguém que inova e é agente de mudanças.
(MAINIERI, 2005, p.06)

Segundo Mainieri (2005), podemos categorizar dois tipos de comunicador-


empreendedor, o comunicador-empreendedor: comunicador que é dono de seu próprio
empreendimento em comunicação (agência, assessoria, veículo de comunicação, etc.); e
o comunicador-intraempreendedor: comunicador que é empregado, vinculado a uma
organização. Gerente ou responsável por um setor/departamento de comunicação que
administra a estrutura como se fosse sua própria empresa.
Como característica comum nas duas tipologias, podemos mencionar a inovação,
característica essencial ao comunicador. Para traçarmos o perfil do comunicador-
empreendedor teremos como referência os estudos apresentados por Dolabela (2001) e
Filion (1999). Dolabela (2001), nesses estudos, define as principais características de
um empreendedor de sucesso.
Filion (1999) também apresenta as características mais freqüentemente
atribuídas aos empreendedores. Ele sistematiza as principais características apontadas
por diversos autores em inúmeras publicações. São elas: inovação, liderança,
independência, criatividade, originalidade, flexibilidade, iniciativa, capacidade de
aprendizagem, necessidade de realização, entre outras.
Para o autor, no campo do empreendedorismo ainda não foi possível estabelecer
um perfil científico do empreendedor. Para ele ainda existem muitas diferenças nas
amostragens das pesquisas realizadas, o que dessa forma não nos permitiria definir esse
perfil cientificamente. Porém, “as pesquisas têm sido fonte de várias linhas mestras para
futuros empreendedores, ajudando-os a situarem-se melhor”. (FILION, 1999, p.10)
Apesar desse contexto, vários estudos exploratórios sistematizam as
características dos empreendedores. A partir disso, nossa proposta é comentar algumas
dessas características adaptando-as para a realidade do comunicador-empreendedor, ou
seja, aquelas que julgamos fundamentais na tentativa de delinear o perfil do
comunicador-empreendedor.
Apresentamos então, as principais características do perfil do comunicador-
empreendedor segundo Mainieri (2005):
- Inovação/criatividade – elemento essencial ao comunicador-
empreendedor, é a capacidade de inovar constantemente, de forma
criativa. A inovação deve permear a atuação do comunicador-
empreendedor, exigindo uma ótima capacidade para identificar
oportunidades de comunicação no mercado.
- Independência - outra característica recorrentemente atribuída ao
empreendedor é a necessidade de independência. Podemos dizer que o
comunicador-empreendedor tem essa necessidade de independência na
medida em que quer ser dono de seu próprio negócio, tornando-se
independente, ou livre das “amarras” como empregado de uma
organização.
- Flexibilidade/dinamicidade – a flexibilidade para assumir riscos
calculados é essencial ao comunicador-empreendedor. Um
empreendimento na área de comunicação requer flexibilidade para
permitir adaptações no negócio, diante do ambiente de constantes
transformações. Além disso, o comunicador-empreendedor deve ter
capacidade para tomar decisões e implementar mudanças, ele não deve
acomodar-se.
- Planejamento/organização – o comunicador-empreendedor necessita
planejar os passos de suas atividades. Para garantir o crescimento da
empresa ou instituição que trabalha, o comunicador-empreendedor vai
utilizar sua capacidade de planejamento constantemente.
- Iniciativa/dedicação – a iniciativa é essencial no comunicador-
empreendedor, iniciativa para tomar decisões e implementar ações. Um
empreendimento requer dedicação por parte do comunicador-
empreendedor, para que um negócio cresça e se desenvolva de forma
consistente.
- Liderança – a liderança na condução de um empreendimento de
comunicação garante o envolvimento da equipe. O comunicador-
empreendedor precisa exercer o papel de líder na condução do negócio
ou na execução de atividades setoriais.
- Aprendizagem/conhecimento – o domínio das atividades é
determinante para o sucesso do mesmo. O comunicador-empreendedor
deve ter pleno conhecimento do negócio e capacidade de aprendizagem
para buscar constantemente aperfeiçoar seu nível de conhecimento do
negócio e do mercado.
A categorização ora apresentada delimita apenas alguns itens essenciais ao perfil
do comunicador-empreendedor. Entendemos que são necessários novos estudos para
delinear com maior precisão esse perfil, inclusive testando sua validade junto aos
comunicadores-empreendedores. Dessa forma, o perfil apresentado no artigo reflete um
estudo ainda exploratório em uma área nova. A análise da pesquisa de campo trará a
fundamentação deste perfil.
O curso de Comunicação Social da Unijuí e seus egressos
O curso de Comunicação Social da Unijuí surgiu para atender as necessidades do
mercado regional, ou seja, a região noroeste do estado do RS. Os poucos profissionais
que atuavam nessa região, há menos de 10 anos atrás, vinham dos grandes centros
urbanos como Santa Maria e Porto Alegre, ou ainda nem eram formados na área em que
atuavam.
No mês de setembro de 1993, foi criada uma comissão, que iniciou o projeto de
viabilização do curso de Comunicação Social da Unijuí. Esta comissão foi designada a
realizar uma série de atividades para o desenvolvimento do projeto. Pesquisas de
opinião, seminários, mapeamento de cursos, pesquisas bibliográficas, visita à
universidades e análise da estrutura da Unijuí para instalar o referido curso.
Em 1995, uma comissão elaborou o projeto do curso de Comunicação Social,
que foi aprovado pelo Conselho Universitário. Em julho de 1995 foi realizado o
primeiro vestibular de Comunicação Social da Unijuí, oferecendo vagas para três
habilitações, Jornalismo, Relações Públicas e Publicidade e Propaganda.
Na proposta político-pedagógica do curso, era dada ênfase à
interdisciplinaridade e à comunicação integrada, com a preocupação de ampliar e
qualificar o quadro de profissionais vinculados à realidade local.
A partir de 2000, o curso passa por um processo de mudanças na proposta
político-pedagógico, para assim adaptar-se as mudanças e exigências do mercado. Uma
nova comissão realiza estas atividades, e em 2002, a partir de seminários e estudos
sistemáticos, surgem, a partir da comunicação integrada, os termos gestão e
planejamento em comunicação, para contribuir com o desenvolvimento da formação
acadêmica. Então, o termo, gestão dos processos comunicacionais, passa a integrar a
nova proposta político-pedagógica do curso de Comunicação Social da Unijuí.
Nestes 10 anos de atividades o curso já formou cerca de 200 alunos, sendo 190
pelo currículo antigo e cerca de 15 alunos já no currículo novo. A grande maioria
trabalha na área de formação, atuando em universidades, rádios, assessorias de
comunicação, cooperativas, jornais, internet e empresas privadas, sendo a maioria
empregados. O restante atua em outros setores do mercado por não ter oportunidade na
área de formação ou ainda por ser desempregado.
A implantação do Curso de Comunicação Social na região noroeste
do estado, através da UNIJUÍ, foi o marco decisivo para a
otimização, profissionalização e qualificação dos meios de
comunicação (rádios, jornais, emissoras de televisão, etc), assessorias
de comunicação, empresas privadas e públicas e organizações não
governamentais. Foi com o Curso e pelo seu quadro de
profissionais/professores e pesquisadores que se ampliaram a
aprendizagem e o desenvolvimento da área da Comunicação.
(FORMENTINI; GAGLIARDI; OLIVEIRA, 2005, p.01)

Na medida em que o curso de comunicação desenvolve-se rumo às exigências


do mercado, novas oportunidades surgem para os alunos que permanecem na região. A
valorização do profissional de comunicação tem aumentado no decorrer do tempo, isto,
pelo desenvolvimento da formação acadêmica e também, pelo contato entre
universidade e mercado de trabalho. Termos como interdisciplinaridade, comunicação
integrada, gestão e talvez, futuramente, empreendedorismo, são aspectos importantes na
formação de comunicadores que, ao entrarem no mercado de trabalho, com
conhecimento e dedicação, abriram mais portas para novos profissionais.

O perfil empreendedor e a formação acadêmica dos egressos do curso de


comunicação social da Unijuí
Surge então, no âmbito da Comunicação Social, o termo empreendedorismo,
para formar profissionais que atendam as necessidades de um mercado de trabalho
restrito e exigente. Na proposta político-pedagógica do curso de Comunicação Social da
Unijuí, destacam-se conceitos como interdisciplinaridade, comunicação integrada,
gestão, planejamento e políticas de comunicação. Esses conceitos trazem importantes
fundamentos para a formação de um comunicador-empreendedor.
Uma pesquisa de campo realizada com os egressos do curso de Comunicação
Social da Unijuí trouxe resultados sobre o perfil e sobre a formação empreendedora
destes profissionais. Esta pesquisa é instrumento de análise do projeto de pesquisa
“Estudo do Perfil Empreendedor dos Egressos do Curso de Comunicação Social da
Unijuí”, desenvolvido pelo professor do curso de Comunicação Social da Unijuí, Tiago
Mainieri de Oliveira, e do aluno bolsista, Felipe Rigon Dorneles. Este projeto é
financiado pela FAPERGS – Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio Grande do Sul, e
tem como objetivo geral aprofundar estudos sobre empreendedorismo em especial na
área de Comunicação Social, de maneira a estimular uma visão empreendedora na área;
definir e analisar o perfil empreendedor dos egressos do Curso de Comunicação Social
da UNIJUÍ, a fim de buscar identificar o potencial do empreendedorismo na área.
Um questionário, instrumento da pesquisa elaborado a partir de um pré-teste, foi
enviado via e-mail para 155 egressos do curso de Comunicação Social da UNIJUÍ,
formados no período do 1º semestre de 1999 ao 2º semestre de 2005.
Esta pesquisa de campo nos traz, primeiramente, a área de atuação destes
egressos, de três habilitações: Jornalismo, Relações Públicas e Publicidade e
Propaganda, posteriormente seu perfil profissional e a formação acadêmica dos
mesmos. Neste momento nos interessa discutir o perfil empreendedor dos egressos e as
contribuições que a formação acadêmica trouxe para o desenvolvimento deste perfil.
Questionados sobre seu perfil profissional, os egressos deveriam classificar em
uma escala de 1(pouco) à 10(muito) as características definidas anteriormente como
básicas para um comunicador-empreendedor. Obteve-se então, uma média através da
classificação feita pelos egressos, sendo que a característica mais presente nos egressos
do curso de Comunicação Social da Unijuí foi otimismo, iniciativa/dedicação e
aprendizagem/conhecimento, obtendo média 9. Seguidas de independência, tomada de
decisão, planejamento/organização, flexibilidade/dinamicidade, liderança e trabalho em
equipe, com média 8. Ainda inovação/criatividade obteve média 7. Apesar disto, alguns
egressos mostraram ter dificuldade em trabalhar em equipe, exercer liderança e
independência.

Gráfico 1
Características empreendedoras dos egressos do curso de Comunicação Social
da Unijuí, formados pelo currículo antigo.
trabalho em equipe
aprendizagem/conhecimento
liderança
iniciativa/dedicação
planejamento/organização
flexibilidade/dinamicidade
inovação/criatividade
otimismo
independência
tomada de decisão
0 2 4 6 8 10

As características profissionais de uma pessoa não necessariamente configuram


o perfil ideal para um comunicador-empreendedor. Então, questionou-se uma
classificação por ordem de importância das mesmas características mencionadas acima.
Porém agora de acordo com o que eles consideram ideal para um comunicador-
empreendedor. Como característica mais importante para um comunicador-
empreendedor, os egressos classificaram o planejamento/organização, seguida de
inovação/criatividade, tomada de decisão, iniciativa/dedicação, liderança,
aprendizagem/conhecimento, flexibilidade/ dinamicidade, trabalho em equipe,
independência, e, por último, otimismo.
Destaca-se que a característica classificada como a mais importante,
planejamento/organização, obteve a média 8 no perfil dos egressos, e otimismo, a
última colocada, tem a média mais alta no perfil, 9. E a segunda colocada,
inovação/criatividade, tem a pior média, 7 , no perfil dos profissionais.
Questionados sobre suas atividades diárias, os egressos classificaram em uma
escala de 1(pouco) à 10(muito), suas atividades profissionais. A “exigência quanto á
qualidade e eficiência” destacou-se, obtendo média 9, ao contrário de “correr riscos
calculados”, que obteve média 6. “Planejo ações futuras”, “controlar o resultado final” e
“coleta de informações” obtiveram média 7. “Projeto um trabalho grande dividindo-o
em tarefas”, “costumo estabelecer metas”, “planejo e monitoro minhas atividades” e
“procuro estabelecer e manter redes de contatos” tiveram média 8. Os egressos
mostraram ter dificuldades em correr riscos, planejar, coletar informações e controlar
resultados.
Gráfico 2
Atividades diárias dos egressos do curso de Comunicação Social da Unijuí,
formados pelo currículo antigo.
procuro estabelecer e manter redes de contatos
planejo e monitoro minhas atividades
costumo estabelecer metas
corro riscos calculados
sou exigente quanto à qualidade e eficiência
projeto um trabalho grande dividindo-o
coleta de informações
controlar o resultado final
planejo ações futuras
0 2 4 6 8 10

Analisado o perfil empreendedor dos egressos, podemos afirmar que, em geral,


eles apresentam características essenciais aos comunicadores-empreendedores.
Certamente estes dados baseiam-se nas características de um comunicador-
empreendedor, identificadas a partir do referencial teórico sobre empreendedorismo e
no que os egressos consideram ideal para um comunicador-empreendedor.
Percebemos que as características empreendedoras foram adquiridas pelos
egressos, principalmente, fora da universidade. A pesquisa revela que inúmeros fatores
como a experiência profissional, leituras sobre o tema e cursos profissionalizantes
foram determinantes na formação empreendedora dos egressos. Portanto, não coube
apenas a Universidade desenvolver este perfil.
Levando em consideração o desenvolvimento do mercado de trabalho na área da
comunicação, as exigências e a concorrência do mercado na área, o curso de
Comunicação Social da Unijuí implantou em seu currículo conceitos de gestão,
planejamento, administração e políticas de comunicação. Estes conceitos
proporcionaram aos egressos que aderiam à este currículo uma visão mais voltada ao
empreendedorismo.
Os egressos formados pelo currículo novo, afirmaram que a implantação de
algumas disciplinas voltadas à gestão de processos comunicacionais no currículo do
curso, propiciaram um desenvolvimento empreendedor maior que o adquirido antes, no
currículo antigo.
Estes egressos apresentaram diferenciais em características como trabalho em
equipe, liderança e independência (ver gráfico 3). Bem como nas atividades diárias de
um profissional (ver gráfico 4), destacando a coleta de informações e controle do
resultado final, aspectos que foram menos lembrados pelos egressos do currículo antigo.
Gráfico 3
Características empreendedoras dos egressos do curso de Comunicação Social
da Unijuí, formados pelo currículo novo.

trabalho em equipe
aprendizagem/conhecimento
liderança
iniciativa/dedicação
planejamento/organização
flexibilidade/dinamicidade
inovação/criatividade
otimismo
independência
tomada de decisão
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Gráfico 4
Atividades diárias dos egressos do curso de Comunicação Social da Unijuí,
formados pelo currículo antigo.

procuro estabelecer e manter redes de contatos


planejo e monitoro minhas atividades
costumo estabelecer metas
corro riscos calculados
sou exigente quanto à qualidade e eficiência
projeto um trabalho grande dividindo-o
coleta de informações
controlar o resultado final
planejo ações futuras
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

O curso de Comunicação Social da Unijuí caminha para um aperfeiçoamento de


seu currículo, sempre buscando trazer aos acadêmicos a realidade do mercado de
trabalho, despertando sempre a inovação.

Considerações Finais
Grande parte dos profissionais que saem da universidade, irão aperfeiçoar o
perfil empreendedor somente quando entram no mercado de trabalho. Ao deparar-se
com dificuldades, os profissionais irão buscar novos conhecimentos para permanecer
neste mercado que exige competência e conhecimento. Assim que percebe-se a
importância do estudo do empreendedorismo, é necessário preparar profissionais para
entrar no mercado de trabalho, observando as exigências e obstáculos do mercado da
área de formação.
O curso de Comunicação Social da Unijuí auxiliou na formação de
comunicadores-empreendedores, mesmo sem o objetivo específico de formar
empreendedores, pois trouxe em suas ementas, o objetivo de formar profissionais
capacitados a atuar no mercado da comunicação. Porém, o ensino do
empreendedorismo, pode aprofundar o conhecimento e preparar adequadamente os
futuros profissionais comunicadores-empreendedores.
A partir deste estudo podemos apontar a possibilidade de implantar na proposta
político-pedagógica curso de Comunicação Social da Unijuí, a ênfase no
empreendedorismo, proporcionando aos alunos uma visão ampla sobre o mercado que
eles irão enfrentar, e, principalmente, desenvolvendo características que são
fundamentais para um comunicador-empreendedor.
O mercado exige profissionais cada vez mais completos. O diferencial é muito
valorizado no mercado atual, diferencial este que podemos buscar através de
características empreendedoras. Tomar decisões, desenvolver estratégias através da
criatividade, estabelecer metas e atingir objetivos, e inovar, para eficácia de suas
atividades, são caraterísticas fundamentais na atuação de um profissional de
comunicação.

Referência Bibliográfica
DOLABELA, Fernando. O segredo de Luísa. São Paulo: Cultura Editores Associados, 1999.
_____. Oficina do empreendedor. São Paulo: Cultura Editores Associados, 1999.
FILION, Louis Jacques. O planejamento do seu sistema de aprendizagem empresarial. RAE –
Revista de Administração de Empresas. FGV, São Paulo, jul./set.1991.
_____. Empreendedorismo: empreendedores e proprietários-gerentes de pequenos negócios.
RAUSP – Revista de Administração da Universidade de São Paulo. SP, abril/jun.1999.
FORMENTINI, Marcia; GAGLIARDI, André; MAINIERI de Oliveira, Tiago. A trajetória das
relações públicas na região Noroeste do RS. Anais. Rede ALCAR: GT História das Relações
Públicas, 2005.
MAINIERI de Oliveira, Tiago. Perfil do comunicador empreendedor. Anais do IX Colóquio
Internacional sobre a Escola Latino-Americana de Comunicação. São Bernardo do Campo:
CELACOM, 2005.
Projeto Politico-Pedagógico do Curso de Comunicação Social/UNIJUÍ. Ijuí: Universidade
Regional do Noroeste do Estado do RS, 1995.
Projeto Politico-Pedagógico do Curso de Comunicação Social/UNUUÍ. Ijui: Universidade
Regional do Noroeste do Estado do RS, 2002.

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