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Orientador:_________________________
Prof. Dr. Adalberto Pandolfo
Faculdade de Engenharia e Arquitetura, UPF
___________________________________
Prof. Dra. Aline Ferrão Custódio Passini
Faculdade de Engenharia e Arquitetura, UPF
___________________________________
Prof. Msc. Eduardo Pavan Korf
Faculdade de Engenharia e Arquitetura, UPF
RESUMO
Os resíduos sólidos urbanos estão no centro de uma das principais discussões sobre qualidade
ambiental. O Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil de 2010 revelou que o país produziu
195 mil toneladas de resíduos por dia, sendo que a quantidade de matéria orgânica representa,
em peso, mais de 50% deste total. As usinas de triagem e compostagem são alternativas
dentro do contexto que envolve o gerenciamento de resíduos sólidos urbanos (RSU). Estudos
de viabilidade econômica voltados a compostagem de RSU ainda são pouco realizados no
nosso país, mesmo porque esta prática somente ganhará força a partir do real cumprimento da
Política Nacional de Resíduos Sólidos, sancionada pela Lei Federal 12.305/2010. Sendo assim
este trabalho objetivou avaliar economicamente, através da construção de um fluxo de caixa, a
implantação de um sistema de compostagem acelerada para resíduos sólidos orgânicos,
buscando a redução destes resíduos na disposição final em aterros e produzindo um composto
de valor agregado. Para esta análise determinou-se as estimativas de investimentos e gastos e
receitas envolvidas no processo de implantação e operação de um sistema desta natureza.
Com base na mensuração de valores para a implantação e operação de um sistema de
compostagem acelerada para RSU, bem como nas pesquisas de mercado sobre o preço
praticado na comercialização do composto, observou-se que este empreendimento é viável,
sob o ponto de vista econômico, tendo o mesmo apresentado uma Taxa Interna de Retorno de
24,91%. O Valor Presente Líquido para este empreendimento foi de R$ 1.216.357,00 e o
Valor Anual foi de R$ 165.264,00. Com base nos levantamentos realizados e construção do
fluxo de caixa para implantação e operação de um Sistema de Compostagem Acelerada para
Resíduos Sólidos Urbanos com capacidade para 30 toneladas diárias, o estudo demostrou-se
viável do ponto de vista econômico e vantajoso do ponto de vista ambiental.
ABSTRACT
The solid wastes are at the heart of one of the main discussions on environmental
quality. The Overview of Solid Waste in Brazil in 2010 revealed that the country
produced 195.000 tonnes of waste per day, and the amount of organic matter is by
weight more than 50% of this total. The sorting and composting plants are alternatives within
the context that surrounds the management of solid waste (MSW). Economic feasibility
studies aimed at MSW composting are still largely carried out in our country, even
if only because this practice will gain strength from the actual enforcement of the National
Solid Waste Policy, approved by Federal Law 12.305/2010. Therefore this study aimed to
evaluated economically, by building a cash flow, the implementation of an accelerated
composting system for organic solid waste, seeking to reduce the final disposal of these
wastes in landfills and producing a compound value. For this analysis we determined the
estimates ofrevenues and expenditures and investments involved in the implementation and
operation of such a system. Based on the measurement of values for thedeployment and
operation of a system for accelerated composting municipal solid waste as well as in market
research on prices in the marketing of the compound, it was noted that this project
is feasible from the point of view of economics , and the same presentedan Internal Rate
Return of 24.91%. The Liquid Present Value for this project was R $ 1.216.357,00 and
the Annual Value of R$ 165.264,00. It was concluded before the surveys and construction
cash flow for the implementation of an Acelerated Composting System for municipal solid
waste, the study demonstrates is viable economically advantageous and environmentally.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente aos meus pais, Lauro Bertussi Pires e Beloni Borges Pires,
aos quais faço questão de citar, eles que sempre motivaram, compreenderam, apoiaram e
acima de tudo serviram de exemplo para que todo e qualquer passo dado fosse realizado de
forma honesta e dedicada, esta conquista é graças a vocês. A minha irmã que é simplesmente
um exemplo de organização e trabalho bem feito e me motiva, mesmo que de forma indireta.
À minha namorada, a quem devo estes anos incríveis, agradeço a paciência,
companheirismo, sabedoria, troca de valiosas experiência de vida e acima de tudo amor
recíproco durante estes períodos de mudança e adaptações que enfrentamos.
Aos professores, de uma forma geral, que passaram e deixaram suas experiências e
conhecimentos e que com certeza nos ajudarão na longa jornada que enfrentaremos como
profissionais da grande área de engenharia ambiental a ser conquistada e defendida e suas
infinitas vertentes.
Em especial, agradeço ao professor e orientador, Adalberto Pandolfo, que já
anteriormente quando ministrou a disciplina de economia ambiental mostrou-se parceiro e
profissional diferenciado e que desde o início das conversas sobre este trabalho dedicou-se e
jamais se abdicou de me auxiliar, tenha certeza que ficou para mim um modelo profissional e
pessoal.
Aos amigos, que fiz nesta jornada inicialmente desconhecida, mas que nos mostra que
a batalha somente fortalece aos que são de coragem e fé e nos proporcionam no final, alianças
duradouras e verdadeiras.
Por fim a agradeço a Deus e as positivas vibrações agregadoras que movem o
universo, mostrando que os bons são mesmo maioria e a caminhada é construída de acordo
com nossas decisões e atitudes e devemos esperar o melhor sempre, porém estando
preparados para o que vier.
6
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 8
1.1 Considerações iniciais ............................................................................................ 8
1.2 Problema de pesquisa ............................................................................................. 9
1.3 Justificativa .......................................................................................................... 10
1.4 Objetivos .............................................................................................................. 11
1.4.1 Objetivo geral ................................................................................................. 11
1.4.2 Objetivos específicos ...................................................................................... 11
3 METODOLOGIA ....................................................................................................... 39
3.1 Caracterização do município de Vacaria ............................................................... 39
3.2 Classificação da pesquisa...................................................................................... 40
3.3 Procedimentos e métodos ..................................................................................... 41
4 RESULTADOS ............................................................................................................ 47
4.1 Determinação dos parâmetros de investimentos e gastos ....................................... 47
4.2 Levantamento das receitas e tributos ..................................................................... 51
4.3 Análise de viabilidade econômica ......................................................................... 53
4.3.1 Depreciação .................................................................................................... 53
4.3.2 Avaliação Econômica da Compostagem Acelerada de RSU ............................ 54
5 CONCLUSÃO ............................................................................................................. 56
5.1 Conclusão do trabalho .......................................................................................... 56
5.2 Recomendações para trabalhos futuros ................................................................. 57
1 INTRODUÇÃO
Os resíduos sólidos urbanos estão, hoje, no centro de uma das principais discussões
sobre qualidade ambiental. Eles representam um grande desafio porque demandam espaço
físico adequado para sua disposição, apresentam riscos potenciais de contaminação de solos e
águas subterrâneas e superficiais, através do percolado, e, na decomposição anaeróbica que
ocorre nos aterros de RSU, existe a liberação de gases que contribuem para o agravamento do
efeito estufa, como, por exemplo, o metano (CH4). No caso do Brasil, a população representa
3% da população mundial e é responsável por 6,5% da produção de resíduos sólidos no
mundo. (SMA, 2003).
Conforme o último Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil, divulgado em 2010 pela
Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais - Abrelpe, o
relatório revelou que o país produziu, em 2010, 195 mil toneladas de resíduos por dia, sendo
que a quantidade de matéria orgânica representa, em peso, uma quantidade superior a 50%
deste total. A pesquisa ainda aponta que aproximadamente 6,5 milhões de toneladas não
receberam coleta e 42,4% não foram adequadamente destinadas, ou seja, acabaram em
“lixões” ou aterros controlados.
Conforme Ribeiro e Lima (2000), ao ser disposto no solo, os resíduos sólidos urbanos
(RSU) estão sujeitos a sofrerem infiltrações de águas superficiais, que ao percolar através da
massa de resíduos se soma à água resultante da umidade natural do lixo, à água de
constituição de várias substâncias e aos líquidos que resultam da dissolução da matéria
orgânica, pela ação de microrganismos.
A questão dos RSU constitui problemas de ordem econômica, social, ambiental e
cultural, exigindo a participação total da sociedade para o sucesso na implantação de soluções.
Como exemplo, cita-se os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, através da
Pesquisa Nacional de Saneamento Básico – IBGE/PNSB (2000), que indicam a presença de
aproximadamente 24.340 pessoas trabalhando em lixões de municípios brasileiros, sendo
5.393 crianças com idade até 14 anos e, do total apontado, residem em lixões 7.274 pessoas,
das quais 2.435 são crianças.
Um dos principais desafios para a problemática dos resíduos sólidos urbanos no Brasil
está no campo do gerenciamento. As usinas de triagem e compostagem são alternativas dentro
10
deste gerenciamento. As primeiras unidades deste tipo foram instaladas na década de 1960,
mas devido a problemas de ordem gerencial e operacional, somente no fim da década de
1980, como resultado de um programa desenvolvido pelo Banco Nacional do
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que tinha como objetivo solucionar os
problemas existentes nos lixões, é que algumas unidades iniciaram operações.
O foco principal da análise deste trabalho está no estudo da viabilidade econômica da
um sistema de compostagem acelerada para resíduos sólidos, contribuindo com um
tratamento diferenciado dos resíduos gerados no município de Vacaria-RS, no que se refere à
redução do volume dos resíduos enviados ao aterro sanitário municipal e produzindo um
composto de valor agregado.
1.3 Justificativa
Segundo Zaneti (2003), a questão dos resíduos sólidos urbanos constitui uma das
maiores preocupações e fonte de despesas das administrações municipais na atualidade.
Algumas soluções técnicas isoladas têm resolvido parcialmente o problema, mas com o passar
do tempo, a quantidade e a complexidade dos resíduos vêm crescendo transformando-se em
ameaça ao meio ambiente e à saúde pública.
Tränkler et al (2002) afirma que, quando a compostagem antecede o aterramento de
resíduos, a demanda química oxigênio (DQO) e os compostos nitrogenados do percolado do
aterro podem ser reduzidos em, respectivamente, 77% e 89%. Além disto em 20 anos a
formação de gás pode ser reduzida em mais que 35%, e o aquecimento global potencial
abatido em mais que 63%. O impacto será ainda menor se, ao invés ser aterrado, o composto
for aplicado no solo.
A compostagem pode ser utilizada como alternativa para transformação de resíduos
sólidos orgânicos, integrada a um sistema de reciclagem de materiais ou como único sistema
de tratamento da fração orgânica dos resíduos aliando a isto a valoração com um produto de
valor agregado.
Como afirma Bley Jr. (2001), a grande justificativa de se construir unidades de
triagem e compostagem reside nas vantagens diretas de saneamento com redução de volumes
a aterrar, tornando-se uma opção essencial dos administradores públicos, pois através da
adoção do processamento em usina de triagem e compostagem configurasse como uma
alternativa segura e de longo prazo.
11
1.4 Objetivos
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Os resíduos sólidos podem ser classificados de acordo com sua natureza física (seco
ou molhado), sua composição química (orgânico e inorgânico) e sua fonte geradora
(domiciliar, industrial, hospitalar, etc.). Uma classificação que se sobrepõe a todas as demais é
aquela que considera os riscos potenciais dos resíduos ao ambiente, dividindo-os em
perigosos, inertes e não inertes, segundo a norma da ABNT, NBR 10.004 de 2004 existem as
seguintes classes de resíduos:
Classe I – Perigosos: apresentam periculosidade ou uma das características de
inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade ou patogenicidade;
Classe II A – Não perigosos e não inertes: não se enquadram nas classificações de
resíduos classe I - Perigosos ou de resíduos classe II B – Inertes. Podem ter propriedades, tais
como: biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água;
Classe II B – Não perigosos e inertes: quando submetidos a um contato dinâmico e
estático com água destilada ou desionizada, à temperatura ambiente, não possuem nenhum de
seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade de
água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor.
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), por meio da Norma Brasileira
Regulamentadora (NBR) 10004 de 2004, define resíduos sólidos como:
2.2 Compostagem
2.2.1 Histórico
Uma das referências mais antigas de uso de composto na agricultura aparece nas
placas de argila no Vale da Mesopotâmia, 1000 anos antes de Moisés. Os romanos, os gregos
e tribos de Israel já conheciam a compostagem, textos medievais religiosos e a literatura
Renascentista apresentam também comentários a respeito do composto. Os chineses
sistematicamente aplicavam os princípios da compostagem (OWEN, 2003).
No Brasil foi Dafert, diretor do Instituto Agronômico de Campinas, que entre 1888 e
1893, apresentou relatórios explicando como preparar e incentivando o uso de composto
orgânico. Trinta anos mais tarde, no mesmo Instituto, D´Utra, desenvolveu trabalhos que
fomentava o preparo no meio agrícola. Em 1945, os resultados dos trabalhos de Aloisi
Sobrinho indicavam uma técnica para inoculação do composto com água e estrumes animais.
Em 1950, Luiz de Queiroz, da Escola Superior de Agricultura, passou a fomentar o uso do
composto (KIEHL, 1985).
2.2.2 Definição
Conforme Pereira Neto (1996), o termo “composto orgânico” tem sido utilizado para
designar o material orgânico, rico em carbono, produzido através da decomposição aeróbia de
resíduos da preparação de alimentos e de atividades de manutenção de parques, praças e
jardins públicos ou particulares.
O resultado final do processo de compostagem é a humificação quase total da matéria
orgânica, que poderá desta forma, ser utilizada na agricultura. O composto é, portanto, o
resultado de um processo controlado de decomposição microbiológica, de uma massa
heterogênea de matéria orgânica no estado sólido e úmido, em presença de oxigênio, passando
pelas fases de (1) fitotoxidade ou composto cru ou imaturo, (2) semicura ou bioestabilização,
(3) cura, maturação ou humificação, acompanhada da mineralização de determinados
componentes da matéria orgânica (compostagem).
O processo de transformação da matéria orgânica através da compostagem acelerada é
semelhante ao que ocorre na natureza com a diferença que naquele são oferecidas condições
para facilitar e reduzir o tempo de decomposição (JARDIM et. al., 1995; PEREIRA NETO,
1996; KIEHL, 1998; FERNANDES e SILVA, 1999, HICKMANN, 2004).
14
De acordo Pereira Neto (1996) e Kiehl (1998), a compostagem pode ser classificada,
de forma geral, quanto aos seguintes aspectos: biologia, temperatura, ambiente e processo.
2.3.1.1 Biologia
2.3.1.2 Temperatura
2.3.1.3 Ambiente
2.3.1.4 Processo
1. estático/lento: é o processo natural, ocorre de forma passiva uma vez que as leiras de
compostagem ficam sobre pátios. O período, neste caso, para obtenção de um
composto geralmente supera os 100 dias.
2. dinâmico/rápido: é o processo acelerado da compostagem, onde são oferecidas
condições especiais tais como adição de enzimas, aeração forçada ou mesmo
revolvimento mecânico. Existem casos de compostos finalizados no período de 35 a
40 dias.
16
Neste método, a compostagem consiste em formar pilhas com a matéria orgânica a ser
degradada, conforme a Figura 2, com aproximadamente 1 m de altura e 2 m de largura de
base, para revolvimento manual, e 2 m de altura e 4 m de base para revolvimento mecânico. A
mistura deve conter a proporção de Carbono e Nitrogênio entre 25:1 e 35:1. Em virtude das
reações metabólicas dos microrganismos, em alguns dias, a temperatura se eleva para
aproximadamente 70 ºC.
o composto estará pronto para uso entre 90 e 120 dias (McKINNEY, 1962, PEREIRA NETO,
1996; KIEHL, 1998; CEMPRE, 2001).
A compostagem natural apresenta alguns problemas como a necessidade de grandes
áreas para a formação da leira e o revolvimento. Outros impactos ambientais inerentes ao
processo, tais como a formação de líquidos percolados (chorume), produção de gases, geração
de odores e a proliferação de vetores são de difícil controle (KNEER, 1978).
O processo com aeração forçada foi desenvolvido nos Estados Unidos, pelo
Departamento de Pesquisa Agrícola de Beltsville, Maryland, como pilhas estáticas aeradas.
Desenvolvido originalmente para compostar lodo de esgoto, pode, contudo, ser usado para
uma variedade de resíduos orgânicos, entre eles resíduo doméstico e resíduo de poda vegetal
(TCHOBANOGLOUS, 1993).
O processo de aeração de pilhas estáticas consiste em um sistema de tubos perfurados
para aeração ou exaustão sobre os quais é depositada a fração orgânica a ser decomposta.
Uma pilha pode ter de 2 a 2,5 m de altura e, geralmente, é coberta com uma camada de
composto curado e peneirado, para reduzir os odores característicos. Cada pilha tem um
soprador ou exaustor individual para melhor controlar a aeração, conforme Figura 3. O ar é
introduzido para prover de oxigênio a transformação biológica que ocorre dentro da pilha. O
tempo de compostagem é de três a quatro semanas, e depois mais quatro a cinco semanas para
a cura do material. Cavacos de madeira podem ser utilizados para melhorar e controlar a
granulometria e a temperatura do material a ser compostado (TCHOBANOGLOUS, 1993;
KIEHL, 1998) .
18
Para este caso, além da aeração forçada, tem-se uma construção fechada que abriga a
matéria orgânica a ser compostada. Um número grande de formas pode ser usado como reator
neste sistema: torres verticais, horizontais (retangulares ou circulares), e tanques rotativos
circulares (TCHOBANOGLOUS, 1993; USEPA, 1989). A Figura 4 apresenta um biorreator
de alimentação vertical para compostagem de RSU em pequena escala.
19
2.5.1 Matéria-prima
O resíduo sólido urbano pode ser usado como matéria-prima na compostagem devido
à quantidade de matéria orgânica presente, desde que precedida de uma triagem dos resíduos
sólidos.
A matéria orgânica do resíduo doméstico é constituída de carboidratos, como amidos e
açúcares, e de um grande número de proteínas. A qualidade do composto está relacionada
com uma boa decomposição da matéria orgânica e com a retirada de materiais não
degradáveis ou pouco degradáveis (metal, vidro, inertes). As substâncias orgânicas presentes
podem ser classificadas quanto à degradabilidade como:
• Facilmente degradáveis (carboidratos e proteínas);
• Pouco degradáveis ou resistentes à degradação (celulose, gordura);
• Não degradáveis ou lentamente degradáveis (ligninas, queratinas).
2.5.2 Organismos
2.5.3 Umidade
para as necessidades fisiológicas dos organismos. Ainda que esse parâmetro varie muito com
a natureza do material a ser compostado, a literatura sugere que o conteúdo de umidade para
otimização dos resultados deva estar entre 50% e 70%, não excedendo 75% (RODRIGUES et
al. 1995).
Em geral, os autores sugerem que a umidade não exceda 75%, pois acima desse valor
os poros no interior da matriz sólida começam a ser preenchidos com água livre, impedindo a
difusão de oxigênio o que permite que condições anaeróbias se desenvolvam (GRAY et al.
1973; DE BERTOLDI et al. 1983; KIEHL 1985; LOPEZREAL 1990). Entretanto, teores de
umidade abaixo de 40% retardam o processo por inibir a atividade microbiológica, sendo o
valor 55% de umidade considerado ótimo para o processo de compostagem (LOPEZ-REAL
1990, KIEHL 1998). Os valores, em porcentagem, no processo de compostagem e no produto
acabado são apresentados na Figura 7.
2.5.4 Aeração
2.5.5 Temperatura
carbono, entre outras funções, fornece energia para as atividades dos microrganismos,
enquanto o nitrogênio é fonte para a reprodução protoplasmática.
Conforme Pereira Neto (1996) para uma alta eficiência nos processos de
compostagem, a literatura apresenta como valor ótimo para a relação C/N a variação em torno
de 25 a 35 para 1, em torno de 18:1 para o composto semicurado ou bioestabilizado, e 8:1 a
12:1 para composto humificado.
Uma relação C/N inicial elevada, em torno de 60 a 80:1, fará com que o tempo de
compostagem seja maior, devido à deficiência de nitrogênio para os microrganismos,
enquanto o carbono será eliminado na forma de gás carbônico. Por outro lado, para uma
relação inicial baixa, em torno de 6:1, os microrganismos eliminarão o nitrogênio na forma de
amônia, que pode ser identificada pelo aparecimento de odores característicos. A eliminação
do nitrogênio do meio poderá causar alterações, elevando a relação até 30:1, e assim o
processo passa a ocorrer de maneira ideal (PEREIRA NETO, 1996).
Uma relação C/N baixa, próxima de 6:1, apresenta níveis de pH mais elevados, em
virtude da liberação de nitrogênio na forma de amônia (FERNANDES e SILVA, 1999).
O pH da mistura deve ser cuidadosamente controlado. Apesar de a literatura indicar
uma faixa entre 6,5 e 8,0 (KIEHL, 1998), algumas experiências realizadas por PEREIRA
NETO (1996), apresentaram uma faixa mais ampla, de 4,5 a 9,5.
Ao final do processo, o composto orgânico apresenta, normalmente, pH entre 7,5 e 9.
(McKINNEY, 1962; PEREIRA NETO, 1996).
2.5.7 Granulometria
2.8.1.1 Gasto
2.8.1.2 Investimento
2.8.1.3 Despesa
2.8.1.4 Custo
1. custos diretos: são aqueles cuja alocação aos produtos pode ser feita de forma direta,
sem necessidade de estimativas. Os custos diretos são aqueles enfrentados para
adquirir os insumos necessários para a geração dos bens e serviços que compõe o
30
2.8.1.5 Receitas
2.8.1.6 Depreciação
e rejeitando os projetos com valor negativo. Para a obtenção do VLP é necessária a aplicação
de matemática financeira, consistindo em trazer para o momento presente o fluxo de caixa dos
“n” períodos de um projeto, a uma taxa de juros conhecida e descontar o valor do
investimento inicial, chegando-se com isto ao VLP.
O cálculo do valor presente líquido (VPL) está apresentado na equação (1), ele
consiste em transferir para o instante atual todas as variações de caixa esperadas, descontá-las
a uma determinada taxa de juros, e somá-las algebricamente.
n
FC t
VPL = I + ∑ (1)
t =1 (1 + i ) t
Em que VPL é o valor presente líquido; “I” é o investimento de capital na data zero,
“FCt” representa o retorno na data t do fluxo de caixa; “n” é o prazo de análise do projeto; e,
“i” é a taxa mínima para realizar o investimento, ou custo de capital do projeto de
investimento (PONCIANO et al., 2004).
O Valor Presente Líquido (VPL) é um bom coeficiente para a determinação do mérito
do projeto, uma vez que ele representa, em valores atuais, o total de recursos que permanecem
em mãos da empresa ao final de toda a sua vida útil, ou seja, o VPL representa o retorno
líquido atualizado gerado pelo projeto (BUARQUE, 2004).
Para Bruni e Famá apud Fonseca (2003), as principais vantagens do VPL são:
1. identificar se há aumento ou não do valor da empresa;
2. analisar todos os fluxos de caixa;
3. permitir a adição de todos os fluxos de caixa na data zero;
4. considerar o custo de capital;
5. embutir o risco no custo de capital.
A principal dificuldade deste método seria a definição da taxa de atratividade do
mercado, principalmente quando o fluxo é muito longo.
O método do Valor Anual (VA) consiste em achar a série uniforme anual equivalente
ao fluxo de caixa dos investimentos à Taxa Mínima de Atratividade, ou seja, encontra-se a
série uniforme a todos os custos e receitas para cada projeto utilizando-se a TMA. O melhor
projeto é aquele que tiver o maior saldo positivo (FILHO E KOPITTKE, 1988).
36
De acordo com Motta e Calôba (2002), a Taxa Interna de Retorno (TIR) é um índice
relativo que mede a rentabilidade do investimento por unidade de tempo, necessitando para
isso, que haja receitas envolvidas, assim como investimentos.
A Taxa Interna de Retorno (TIR) ou Internal Rate Return (IRR) é uma das formas
adequadas para se avaliar propostas de investimentos de capital. Representa segundo Cohen e
Franco (2000), a rentabilidade média do dinheiro utilizado no projeto durante toda a sua
duração.
A Taxa Interna de Retorno (TIR), na equação (2), de um projeto é a taxa que torna
nulo o VPL do fluxo de caixa do investimento. Logo, é a taxa que torna o valor presente dos
lucros futuros equivalentes aos dos gastos realizados com o projeto, caracterizando, assim, a
taxa de remuneração do capital investido. Pode ainda ser entendida como a taxa de
remuneração do capital.
n
FC t
0 = −I + ∑ (2)
t =1 (1 + TIR ) t
É considerado rentável o investimento que apresentar TIR > TMA. Ela iguala o Valor
Presente Líquido a zero, e é uma das formas mais completas de analisar as propostas de
investimentos de capital (PEREIRA, 2009).
O Quadro 3 apresenta as condições de viabilidade levando-se em conta a Taxa Interna
de Retorno e a Taxa Mínima de Atratividade:
Quadro 3: Condições de viabilidade de projetos
TIR Condição TMA Viabilidade do Projeto
TIR > TMA Economicamente Viável
TIR < TMA Economicamente Inviável
Indiferente considerando
TIR = TMA realizar o investimento ou
aplicar o dinheiro na poupança
Fonte: Motta e Calôba (2002, apud VANZIN et al., 2009)
37
InvestimentoInicial
PB = (3)
∑ FC ano
3 METODOLOGIA
Aplicada, sob o ponto de vista da natureza, pois objetiva gerar conhecimentos para
aplicação prática dirigida à solução de problemas específicos, envolvendo verdades e
interesses locais (SILVA e MENEZES, 2005), sendo que o pesquisador é movido pela
necessidade de contribuir para fins práticos, buscando soluções para problemas concretos
41
Gastos
Investimentos
Etapa Determinar
1 Parâmetros Despesas
Instalação e
Custos Operação do
Sistema de
Compostagem
Acelerada de
Resíduos Sólidos
Impostos Urbanos
(SICA-RSU)
Etapa Levantamento
2 de Parâmetros Preços de
Venda
Receitas
Análise de
Etapa Viabilidade Elaboração do Fluxo de Caixa
3 Econômica
Em que VPL é o valor presente líquido; “I” é o investimento de capital na data zero,
“FCt” representa o valor final na data t do fluxo de caixa; “n” é o prazo de análise do projeto;
e, “i” é a Taxa Mínima de Atratividade (TMA) para realizar o investimento, ou custo de
capital do projeto de investimento.
46
O cálculo da TIR se faz através da determinação da taxa de juros que anula o Fluxo de
Caixa no horizonte de tempo do projeto.
Para se determinar a Taxa Interna de Retorno (TIR) faz-se uso da fórmula (2).
n
FC t
0 = −I + ∑ (2)
t =1 (1 + TIR ) t
Consiste em achar uma série uniforme anual equivalente (pela TMA) ao fluxo de caixa
do investimento. Este valor uniforme anual (VA) determina o quanto este investimento
retornaria anualmente a mais que a Taxa Mínima de Atratividade.
4 RESULTADOS
Com base nos dados de entrada, acima apresentados, pode-se dimensionar o sistema
de compostagem, conforme mostra a Tabela 3.
48
Nos custos variáveis de produção, a matéria-prima foi adotada como valor zero por
representar a utilização de um resíduo como fonte principal, ou seja, somente serão
necessários transportes da mesma dependendo da localização do SICA-RSU e a fonte de
matéria-prima.
Os custos fixos de operação, bem como as percentagens de encargos, seguros e
manutenção de equipamentos e construções são apresentados na Tabela 8.
Na Tabela 13, os dados apresentados são da estimativa inicial, ou seja, produto direto
de quantidade vezes preço de venda, não sendo aqui deduzidos valores de impostos.
A programação de vendas adotada foi realizada para um período de 10 anos, sendo
que a produção no ano 1 corresponde a 75% da capacidade total e nos anos 2 a 10 a 100%. A
receita desta programação de vendas é apresentada na Tabela 14, na qual também destaca-se
as receitas considerando-se o imposto sobre produtos industrializados (IPI).
53
4.3.1 Depreciação
5 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRUNI, A.L.; FAMÁ, R. & SIQUEIRA, J.O. Análise de risco na avaliação de projetos de
investimento: uma aplicação do Método de Monte Carlo. São Paulo, 1998. Disponível em
<http://www.infinitaweb.com.br/albruni/academicos/bruni9802.pdf>. Acesso em: 26 set. de
2011.
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