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ILNIK. Raquel. A cidade ea lei: legislagao. politica urbana ¢ territorios na cidade de Sao Paulo. Sao Paulo: FAPESP/NOBEL. 1997. p 241.” Elaine Mundim BORTOLETO™ No presente livro. a autora fay um resgate sobre a histéria da legislagiio da cidade de Sao Paulo. iniciando no ano de 1886. chegando até i década de 1990. Neste resgate ¢ evidenciado como a Jogislagao c a politica urbana perpassam a vida das cidades, regulando c gerindo a produgio do espago urbane em seus diferentes tempos. livro apresenta-se organizado em cinco capitulos. com os seguintes titulos: I- Génese hasce uma nova ordem urbanistica; 2- Fronteiras: unicidade da lei ¢ multiplicidade dos territérios: 3 Mercados: legislagio urbana ¢ valorizagio imobilidria: 4- Compromissos: legislagaio urbana © cidadania: 5 Conclusio: contimuidade ¢ mudanga (1886-1990). A parur da capitulo um. verifica-se que até a promulgacae da Let de Terras (1850), 0 Brasil nao possuia ainda uma legislagdo que gerenciasse a posse da terra. E a partir dela que se desenvolvem as primeiras legislagoes para a regularizacao urbana da cidade de Sio Paulo. que de burgo passa a metropole do café. Estas primeiras leis tinham como meta maior a definigdo de como deveriam: ser as edificagdes e os tragados das ruas. como uma forma de “limpar” 0 territério. scparando as classes soctais diferentes. Ha nesta primeira fase da legistagao urbanisti jo cm separar 0 piblico (rua) do privado (casa). uma preoc a ten Dando seqiién atica iniciada. no capitulo dois aponta-se como a legislagao urbana desenvolvida para a cidade de Sto Paulo, possuia um cariter ambiguo. uma ver que propunha © modele de habitagdes higiénicas para os pobres. definindo a ocupagao saudvel dos espacos piiblicos. Contude. permitia ‘que as habitagdes coletivas (cortigas) viessem a ocorrer nas areas suburbanas. Devido a essas ambigilidades. surgem os espacos caletivos. ocupados primeiramente pelos escescravos ¢ seus descendemtes c. postcriormente, pelos imigrantes que chegam para trabalhar nas fabricas Paulistas. Estcs novos espacos constituem-se em territorios extremamente marcados por diferentes costumes €tnicos. sendo considerados por muitos como um espace promiscuo. nos quais as relagdes familiares ¢ soci iio imorais. ou seja. sto territérios considerados @ margem da So Paulo “legal” Ja no capitulo trés. a autora mostra como toda legislagio urbana interfere diretam produgio dos territories. assim como na utilizagdo destes, o que se verificou tambem na cidade de S20 Paulo, onde em fins do século XIX ¢ iniero do séeulo XX configuraram-se novos eixos de valorizagdo do solo urbano. diversificando o mercado imobiliiirio urbano, Neste memento de valorizagio imobiliaria, muda-se a fungao do centro que passa a ser visto como um espage comercial clegante. surgem os bairros residenciais exclusives, iniciam-se as primeiras regras para a cidade vertical c os subuirbios populares sdo colocados cada vex. mais distantes da elite, Constata-se ainda neste capitulo, que mesmo com a existéncia de uma legistagao urbana. esta possui um carter ambiguo que permitin no caso da cidade de Sio Paulo a valorizagaa de areas e espagos improprios ou cm desacordo com a legislagao vigente ¢ que foram apropriades pelo mercado imobilidrio (companhias privadas). que viram nos loteamentos populares um negécio bastante rentavel. No capitulo quatro. a autora aborda a questio do compromisso da legislagio urbana em relagio @ cidadania, No entanto. constata-se que io Brasil ¢ no caso especifica da cidade de Sao Paulo. desde a Repiiblica Velha até a atualidade. as legislagées urbanas acabaim por privilegiar apenas as classes mais abastadas. mle na Neste sentido. verifica-sc que os investimentos piblicos sio muito mais voltides aos interesses dos mio necessitados ¢ a classe trabalhadora, que ocupa os grandes loteamentos. nio ¢ considerada prioridade nos investimentos para implantagdo de infra-estrutura e equipamenios urbanos buisicos. A crise ocasionada com a grande densidade nos loteamentos irregulares aumenta. ¢ far. com que sejam criados varios Atos ¢ Leis que objetivam regular ¢ legitimar os cspagos ilegais. Entretanto. essa tegularizagio do espago vem mais em funcdo de proteger o espaco da elite que se sentia ameagada em seu espaco. "Trabalho apresentado como exigéncia da disciplina ~“Urbanizagao e Produco da Cidade”. ministrada pela Prof. Dra. Maria Enearnagdio Beltre Sposito, ” Mestranda no Curso de Pés-Graduagao em Geografia — Faculdade de Ciéneias ¢ Tecnolog) 19060-900 ~ Presidente Prudente ~ SP — Brasil, ia ~ UNESP 191 Como conclusio. no capitulo cinco a autora ressalta que 0 espaco urbane estara sempre em constante evolugdo ¢ transformagao ¢ que wma cidade sempre ira conter o espaco legal co ilegal. uma vez que estes espacos coexistem. Porém. ndo se deve entender esse “ilegal” apenas como os cortigos ¢ as favelas. pois mmuitas vezes. dentro das formas ditas legais. encontram-se grandes desequilibrios urbanos. a propria ambigilidade da legislago permite ¢ produc 0 “ilegal” O importante na visio da autora, é que se tente através da elaboragio de uma legislagiio comprometida. justa © nao excludente. a recuperagio da qualidade dos espagos urbanos de form participativa por parte do cidade. Como cxemplo dessa possibilidade sio cilados os esforgos por parte do Governo Municipal (Gestiio de Luiza Erundina/PT) em regulametar a legislagio urbana de Sito Paulo. dando mais énfase ao social. partindo do real ¢ nao de modelos abstratos O livro é bastante imeressante. pois Raquel Rolnik. conseguc através deste resgate histOrico da legislagao urbana, mostrar como esta foi criadaa partir de “interesses particulares” ¢ nao para assegurar uma expansio equilibrada do espaco urbano Assim. através dos exemplos acorridos ita cidade de Sao Paulo, relatados pela autora. pode-s vislumbrar como as demais cidades brasilciras foram se desenvolvendo ¢ tendo seus espagos ~ legalizads sendo possivel ainda compreender com maior clareza a origem de parte dos problemas e desequilibrios urbanos mais, 192

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