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A HUMANIDADE ESTÁ NA UTI - E A TERRA TAMBÉM!

(I E II)

Para meditar: II Tim 3; Mt 24 e 25

O dilema humano hoje é de um tamanho inimaginável; isso se compararmos o que temos


como circunstância de existência em nossos dias, com as coisas e realidades que
caracterizavam os problemas de outras gerações. Como nunca antes, ninguém mais pode
negar que o problema da Terra, o único problema da Terra, é a humanidade! Se alguém é
consciente do que o cerca, esse ou sofre o tempo todo, ou, então, a fim de não se tornar
cínico, precisa encontrar a Armadura que proteja a sua mente. O cerco é de todos os lados.
Muitas vezes as lutas são feitas, como disse Paulo, de angustias por fora e tristezas por dentro.
A diferença é que o dia mal a cada dia mais, é todo dia. Assim, a Armadura é para todo dia,
cada dia mais.

São conflitos existenciais — é um terrível sentimento de “desamparo”; é uma angustia de


“encontro” que consome a alma; é sede de afeto; é vontade de provar a vida toda antes que o
mundo acabe; é uma esmagadora carência de amor; é uma crescente síndrome de pânico; é
um existir necessitado de anti-depressivo; é um crescente desafeto; é o reino do egoísmo; é o
culto ao prazer pelo prazer; é o reino dos programas feitos de lugares e não de emoções de
verdadeira alegria; é o império da foto digital sem significado na cena; é o cerimonial do medo;
é a gala da insegurança; é o exílio da reverencia; é a tirania da ganância; é o governo dos
medíocres; é a Informação como estelionato feito mídia; é a conectividade global sem
intimidade dentro de casa; é a morte da família; é o enterro da pureza; é a macumba da
maldade.

É a morte da Terra — com todas as manifestações apocalípticas relacionadas à natureza. O


Mar está zangado; os ventos enlouqueceram; os vírus e bactérias tornam-se mutantes
incontroláveis; o ar vai se tornando bafo quente ou frio cortante; as florestas são canibalizadas
e comidas; as cidades se estrangulam; as populações se escondem; a morte virou premio pela
coragem de morrer; todos os que podem, terminam podendo tudo o que podem, sem
escrúpulos; e todos os nossos confortos se tornaram o acolchoamento de nosso próprio caixão
global. O espírito suicida individual está se tornando um espírito genecida coletivo; global! A
pobreza econômica é somente menor do que a pobreza de espírito. Até o sonho de justiça
social unanimente defendido por todos, se fossem feitas reais-concretas, tornar-se-iam num
fator de morte do mundo em poucas décadas; pois, o que chamamos de bom, se executado
como conforto movido a petróleo — é um sonho de morte confortável. Nosso melhor recurso
é transformar a Terra numa UTI. Sim, porque nossos melhores recursos podem apenas nos
ajudar numa boa morte. A menos que um espírito de eutanásia possua os líderes mundiais e
eles ao invés de optarem pela morte lenta, apertem os botões da Eutanásia Civilizatória. No
entanto, com ou sem a tal Eutanásia, ainda chegará a hora na qual precisaremos de balões de
oxigênio para aliviarmos nossa falta de ar. Como disse João, os homens dirão aos montes: “Por
favor, caiam sobre nós e nos sepultem!” Isto tudo sem que se fale do que espiritualmente se
sente no ar. As forças da fobia da morte suscitam os uivos de medo que quase ouço quando
converso com certas pessoas. Ora, esse medo se torna pulsão auto-destrutiva
frequentemente. No indivíduo simples, ele é sua crise angustia sem foco. No homem de poder
o medo provoca seu surto de onipotência. E para quem deseja amar, ele cria a ansiedade do
“encontro”, que acaba por tornar a pessoa num ser dedicado à estética, e, frequentemente,
entregue à idolatria afetiva, que nada mais é que “projeção”. No enfretamento desse tempo
no qual o dia mal é todo dia, Jesus disse que era para estarmos “apercebidos”, “vigilantes”,
para “orarmos” —; e para mantermos o coração na bondade que cuida bem do próximo, na
disposição de não deixar a chama da lâmpada de nosso ser apagar como a das Virgens Néscias;
mas, ao contrario, manter o coração com ambição de ser, como na Parábola dos Talentos; e
como servos do amor, sem a intenção da recompensa, como os “assustados bem-
aventurados” da Parábola das Ovelhas e das Cabras. Mais do que nunca é hora de parar de
perder tempo com besteira e com os emaranhamentos da religião das caças às bruxas; e
focarmos toda nossa intenção, paixão, inteligência, possibilidades, meios, dinheiro e coragem
amorosa — a fim de anunciarmos a Palavra para esta geração de humanos; especialmente
nesta época em que a própria “igreja” precisa conhecer o Evangelho tanto quanto o resto do
Planeta. Já perdemos muito tempo; e o que não temos mais, é tempo! Quem diz crê, esse não
pode ter outra agenda na qual o anuncio da Palavra do Evangelho não seja a prioridade
absoluta.

Pense nisto. Mas também busque a Deus; e, segundo a Sua Graça manifesta a você, disponha-
se! Nele, que é nossa Segurança todos os dias, até a consumação dos séculos,

Caio

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ESTOU APAVORADO COM A “HUMANIDADE NA UTI”

----- Original Message -----


From: ESTOU APAVORADO COM A “HUMANIDADE NA UTI”

To: contato@caiofabio.com Sent: Thursday, June 22, 2006 7:58 PM

Subject: O que fazer?

Caio, Seu texto "A humanidade está na UTI", chega a ser aterrorizante. Como vou levantar da
cama agora e trabalhar? O entardecer vai perder a poesia? O sol da manhã vai alegrar e colorir
o dia das criaturas e dos homens? Vou sentir ainda prazer de brincar com meus filhos? Vou
trabalhar, ainda, feliz por poder manter minha família? Ah, Caio, será que estou sendo
pessimista; negativo? Faz tempo que não consigo falar de Jesus... Tenho vergonha dos
evangélicos. Aliás, faz tempo que não sinto alegria por ser filho de Deus. Paixão? Há muito que
não tenho paixão por nada, com exceção dos meus filhos. Seu texto me atingiu, porque sinto
que o que mais faço é perder tempo, e o que menos tenho é talento, recursos, coragem... Sei
lá!... Em algum lugar desta estrada eu me perdi e perdi meus referenciais. Não tenho ambições
e nem planos. Agora, depois do que li, adiantaria ter tais coisas? Sou um ET neste mundo.
Depois de ser massacrado e humilhado na igreja Batista que freqüentava há quinze anos, saí
para lugar nenhum. Então encontrei seu site. Uma fonte neste deserto! Uma cidade situada
sobre os montes! Uma luz bem colocada no velador! Caio, meu irmão e amigo, como vou
andar agora? Já era difícil antes! Senti-me mal quando li que tenho, mais que tudo, de
anunciar o evangelho. Nem sei mais como fazer isto. Acho que não tenho nem coragem! De
qualquer maneira, obrigado por sua sinceridade que fere às vezes, mas que também é como o
bálsamo de Gileade.

De seu amigo-irmão, desde o nascimento,

Márcio

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Resposta: Meu amado amigo Marcio: Graça e Paz!

Para quem vê a vida com os olhos do Evangelho, o tempo presente é apenas o prelúdio da
Glória por vir a ser revelada em nós, em todos os filhos de Deus, e em toda a criação (Rm 8).
Paulo disse que se a nossa esperança em Cristo se limitasse “apenas” a esta vida, que nós
seríamos “os mais infelizes de todos os homens”. A questão, portanto, não é como o mundo é;
e, nem tampouco se a vida vai ficar mais difícil ou não. Jesus disse que ficaria cada vez pior.

E Paulo e todos os apóstolos deram testemunho do mesmo. E o Apocalipse fecha tudo sem
deixar nenhuma dúvida sobre onde o “progresso humano” nos levaria: à destruição da Terra.
“No mundo tereis aflições; mas tende bom ânimo: eu venci o mundo” — disse Aquele que
também afirmou: “Quando todas essas coisas começarem a acontecer, exultai e erguei as
vossas cabeças; pois a vossa redenção se aproxima”. Eu tenho filhos e netos. Como você acha
que me sinto quando olho para o futuro, quando vejo todos os sinais da morte ao meu redor, e
quando percebo que quase ninguém se importa com o que está acontecendo; e também
quando vejo as pessoas passarem “dormentes” em seu caminho contributivo para a morte?
Sim, até eu que nunca dei a mínima para quando iria ser “levado”, hoje peço ao Pai mais
tempo; pois gostaria de estar bem perto dos meus; e ajuda-los a compreender esta hora da
Terra e da Civilização Humana. Entretanto, meu mano, como tenho uma esperança
incorruptível, e como me alimento das coisas que olhos não viram, ouvidos não ouviram e que
nunca chegaram ao coração de homem algum, mas que Deus nos tem revelado pelo Espírito
— não deixo de ver o sol se por, nem deixo de apreciar na noite a lua e as estrelas; assim como
não deixo de amar a todos os que posso, e também não deixo de provar o prazer do encontro
amoroso todos os dias com a minha amada mulher. Não há porque haver pânico! Afinal, todos
sabem que o mundo acaba sempre! Tem seu fim todos os dias para milhares de pessoas. E
todos sabem que a morte é o apocalipse desta existência, tanto coletiva quanto individual.
Assim, mesmo “quem foi” há muito tempo, já provou o fim do mundo. Sim, por exemplo, o
mundo acabou para meu filho Lukas há dois anos! Paulo trata esse tempo com uma atitude
dupla. De um lado ele diz que serão “tempos difíceis”; pois, a desumanização será total (II Tim
3).

De outro lado ele olha para a absorção da morte pela vida, olha para o corpo transformado,
olha para a ressurreição dos mortos, e busca ouvir o clangor da última trombeta, e se vê
arrebatado, indo ao encontro do Senhor nos ares — e se regozija ao extremo! Assim, sem um
coração fixo na esperança do Evangelho, o que Jesus disse que aconteceria neste tempo, é que
“os homens desmaiariam de terror pela expectativa das coisas que sobrevirão ao mundo”. Os
próximos anos serão de crescente angustia humana. O mundo sofrerá de Síndrome do Pânico
cada vez mais; que é a doença psicológica do desamparo e da desesperança apavorada! O que
lhe falta hoje é confiança no Evangelho. Além disso, sua mente ainda confunde o Evangelho
com a mensagem da “igreja evangélica” de “doutrinação salvadora” — e que é chamada de
“pregação do evangelho”; mas que de fato é a pregação do “evangelho dos evangélicos”; e
não do Evangelho Segundo Jesus. Foi por esta razão que você associou sua incapacidade para
pregar o Evangelho com sua vergonha dos “evangélicos”. Ora, eu passei a vida com vergonha
de me confessar “evangélico”. Desde 1981 que digo isto. Aliás, nesse ano de 81, escrevi no
Jornal do Brasil um artigo intitulado “Não me envergonho do Evangelho, mas me envergonho
dos evangélicos”. Portanto, não é de hoje que assim me sinto. Não sentir vergonha dos
evangélicos e do que fazem em nome de Jesus é um sinal de dormência em relação ao
Evangelho! Além disso, lhe falta também saber e crer que a vida com Deus no mundo da
morte, é um caminho de fé simples e sem stress; por mais paradoxal que seja! Aliás, tudo isto
tem que ser vivido com bom-senso e paz. Jesus mandou trabalhar, cuidar do próximo, se
solidarizar com toda a humanidade, e deixar o potencial do ser (talento) se abrir em amor e
serviço a Deus e à vida (Mt 24 e 25). Todos têm talento. O talento é o potencial do ser. “Bem-
aventurado aquele servo a quem o seu Senhor, quando voltar, o encontrar fazendo assim” —
disse Jesus. Pregar o Evangelho é algo impossível de ser contido quando o Evangelho está em
nós. No entanto, você também ainda pensa que pregar o evangelho é aquele esquema
“evangelístico evangélico”; o qual nem sempre carrega o conteúdo do Evangelho, mas apenas
as doutrinas de salvação proselitista da “igreja”. E, sem dúvida, “pregar” essa mensagem tão
farisaicamente comprometida apenas em inchar a “igreja” numericamente, porém sem
nenhum compromisso com o ensino do Ensino de Jesus (pois o “evangelho da igreja” é apenas
um “sistema de doutrinas”) — causa vergonha em quem quer que conheça o conteúdo real do
Evangelho.

Desse modo, amigo, digo que também lhe falta um lugar do Evangelho para você se reunir
com amigos e irmãos; e com sua família também. Agora, mais do que nunca, sem proselitismo
religioso, chegou o tempo de sermos sal dessa terra podre e luz desse mundo tenebroso; e
cujo futuro assombroso, hoje, já não é descrito por profetas da fé, mas por cientistas
empiristas. Portanto, com estudos, estatísticas e fatos verificáveis. Saia com seus filhos, ame a
natureza, ensine-os a preservarem a si mesmos e ao planeta; ame sua mulher, possua-a com
toda ternura; seja amigo dos amigos e generoso com os adversários; perdoe a quem lhe deve;
ore por quem o persegue; vive a consciência do Evangelho em seus atos; não tema pregar
Jesus, pois o Evangelho nada tem a ver com o “evangelismo da religião” —; e se alguém crer,
batize até mesmo no escritório. “Quando todas estas coisas começarem a acontecer, levantai
as vossas cabeças; pois a vossa salvação está próxima” — consolou-nos Jesus. Receba meu
carinho e meu estimulo para que você não se amedronte; mas ao contrário: que você saia da
letargia e comece a pregar a Palavra; pois, o fenômeno é que quando você voltar a abrir a
boca, a alegria volta também! Afinal, seu trauma é com a “igreja”. E eu pergunto: o que Jesus
tem a ver com isto?

Um beijão!
Nele, que está conosco todos os dias até o fim do mundo, em todos os mundos, e na vida
eterna,

Caio

(CF)

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