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5.1 Introdução
A etimologia da palavra cerâmica se origina do termo grego keramiké, e na Grécia
antiga o oleiro era chamado “kerameus”, e “keramos” era o nome dado tanto à argila,
como ao produto manufaturado (PILEGGI, 1958, apud WENDT, 2001).
Cerâmica pode ser definida como o conjunto de atividades destinadas à elaboração
de toda a espécie de objetos, com barros de qualquer classe, decorados ou não, utilizando-
se a propriedade que possui a argila de se moldar facilmente no estado de barro cru
(úmido), adquirindo dureza à medida que avança a sua secagem ou por efeito da cozedura.
Embora mantendo o seu significado original, a palavra “cerâmica” designa,
atualmente, um dos grandes grupos de materiais utilizados em engenharia, englobando as
cerâmicas finas, os cimentos, as cerâmicas vítreas (porcelanas e refratários) e os vidros.
Na fabricação dos materiais cerâmicos ou cerâmicas, os insumos são submetidos a
altas temperaturas, resultando em reações termoquímicas que produzem as ligações
atômicas no material.
Os materiais cerâmicos são conhecidos por representarem uma classe de materiais
com elevada dureza, alta fragilidade e resistência a temperaturas elevadas, conforme
mostram as Tabelas 5.1 e 5.2.
Essas características estão diretamente ligadas à natureza das ligações e arranjos que
os átomos dos materiais cerâmicos exibem. Esses materiais são definidos como substâncias
inorgânicas e não metálicas, e são constituídos por elementos metálicos e não metálicos
unidos por meio de ligações iônicas ou covalentes. A Figura 5.1 ilustra a contribuição
relativa de diversos tipos de ligações para as quatro categorias fundamentais de materiais
de engenharia.
Covalente
Semicondutores
Metais Polímeros
Metálica Secundária
Cerâmicas e vidros
Iônica
estrutura como a de outros materiais, é determinada pela natureza das ligações atômicas
presentes, bem como das características dos elementos envolvidos em tais ligações.
Na maioria dos materiais cerâmicos, a estrutura é o resultado da quantidade relativa
de ligações iônicas e covalentes presentes, cujas parcelas dependem basicamente da
eletronegatividade dos átomos envolvido.
De acordo com o critério de Pauling, o caráter iônico de um composto tipo AB é
dado pela equação:
2
( X A−XB )
−
% Caráter Iônico = 1 − e 4
100% ,
onde XA e XB são as eletronegatividades dos átomos A e B, respectivamente. A Tabela 5.4
fornece o caráter iônico para alguns materiais cerâmicos.
• Existe uma relação ideal (r/R)ideal, onde o ajuste geométrico é perfeito (Tabela 5.5);
• Geralmente, os ânions são maiores que os cátions (Tabela 5.6). Este fato está
relacionado à força que o núcleo exerce na eletrosfera: com a perda de elétrons (gerando
cátions), os elétrons restantes são atraídos em direção ao núcleo de maneira mais forte, o
que reduz o raio iônico; com o ganho de elétrons (gerando ânions) o raio iônico
aumenta.
Estrutura do NaCl
• Neste tipo de estrutura, ilustrada na Figura 5.2, existe um número equivalente de cátions
e ânions;
• O NC (obtido da relação r/R = 0,564, maior que 0,414 e menor que 0,732) é igual a 6;
• Como o número de cátions é igual ao de ânions, o NC é igual para ambos os íons;
• A estrutura desse composto é gerada a partir de um arranjo CFC dos ânions, tendo em
seus interstícios, os cátions;
Na+ Cl–
• Exemplos de compostos cerâmicos que apresentam este tipo de arranjo estrutural: NaCl,
MgO, MnS e o LiF.
Estrutura do CsCl
• Esse tipo de estrutura, esquematizada na Figura 5.3, Também é formado por um número
equivalente de cátions e ânions;
• O NC nesse caso (r = 0,170 nm e R = 0,181 nm, r/R = 0,939) é igual a 8;
• A estrutura desse composto é gerada a partir de um arranjo CS dos ânions, tendo em
seus interstícios, os cátions;
• A troca de posições dos ânions e dos cátions não conduz a qualquer alteração do arranjo
iônico.
Estrutura do ZnS
• Nessa estrutura (Figura 5.4), o composto ZnS tem estrutura formada a partir de um
arranjo CFC do enxofre com o Zn ocupando interstícios tetraédricos;
• O caráter das ligações é altamente covalente;
• Além do ZnS, os compostos que exibem este tipo de arranjo são: ZnTe e SiC.
• Dos cristais AnXm, os mais simples são do tipo AX2. O número de cátions e ânions é
diferente devido à necessidade de um balanço de cargas, o que resulta em dois ânions
para cada cátion:
Estrutura do CaF2
• Esse composto forma uma estrutura relativamente simples onde os ânions exibem o
arranjo CS e os cátions ocupam posições intersticiais (Figura 5.5);
• O NC é agora diferente para o cátion e para o ânion. Para os íons do Ca, o NC é igual a
8, enquanto para os íons do F, é de 4. A estrutura desse composto é mostrada na figura.
VAN VLACK, L.H. Princípios de ciência dos materiais. 3.d. São Paulo: Edgard Blücher,
1977.