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CAMES

Os mecanismos de cames são usados quando se


Figura 2
deseja dar a uma peça movimentos não uniformes e
Movimento
ou intermitentes, a partir de um movimento de do Seguidor
rotação simples ou oscilatório.

O mecanismo de came, normalmente, consiste de


um came e de um seguidor, além, da estrutura que
é o elemento fixo do mecanismo.

As figuras 1; 2 e 3, representam os tipos básicos de Movimento do Came

cames.

Figura 1
Figura 3 Movimento
Movimento do Seguidor
do Seguidor

Movimento do Came
Movimento do Came

1
Ao observarmos as figuras anteriores, é possível Procedimentos fundamentais para a
notar que o movimento do seguidor é função do perfil determinação do perfil de um Came com
do came. seguidor
Para determinar o perfil de um came é necessário
conhecer as características do movimento do
Aplicação dos Cames
seguidor com relação ao movimento do came.
O campo de aplicação dos cames é muito extenso:
1. Em máquinas operatrizes para posicionamento Devemos lembrar, que este tipo de mecanismo tem
de ferramentas; por característica a repetição de movimentos assim,
2. Máquinas de fiação e tecelagem; para determinar o perfil de um came basta conhecer
3. Máquinas de embalagem; o movimento em um ciclo.
4. Motores de combustão interna;
5. Etc. De uma forma mais direta, podemos dizer que é
necessário conhecer do seguidor:
A figura 4 mostra a aplicação de cames em um • A posição inicial no ciclo (que deve coincidir
motor de combustão interna. Figura 4 com a posição final);
• Características do percurso a ser efetuado,
tais como direção e quantidade;
• As características do movimento, tais como
velocidade, aceleração, etc.

Com relação ao came, devemos conhecer:


• O movimento angular para cada percurso do
seguidor e

2
• A posição relativa entre o centro de rotação do isto é ao longo da subida, ou da descida, a variação
came e o eixo do seguidor. de posição do seguidor é função linear da posição do
came.
Antes de desenvolvermos uma técnica para
determinar o perfil de um came, vamos apresentar Se traçarmos um gráfico que relaciona o movimento
um exemplo. Neste exemplo, temos as seguintes do seguidor com o movimento do came, iremos obter
características do seguidor: uma curva semelhante a da figura 5.
• A partir da posição inicial ele sobe 20 mm deslocamento do seguidor
enquanto o came gira 120o.
• Descansa nesta posição nos próximos 120o de 20

deslocamento do
rotação do came. 15

seguidor
• Volta a posição inicial durante os últimos 120o. 10

• O seguidor possui na extremidade um rolete 5

cujo diâmetro é de 16 mm. 0

• Os movimentos do seguidor são feitos com


0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360
ângulo da came
velocidade constante (curva de deslocamento
em linha reta)
Com este diagrama de deslocamento é possível
As características do came são: traça o perfil do came que está representado na
• O centro de rotação está contido na linha de figura 6.
deslocamento do seguidor.
• O seu diâmetro mínimo é de 40 mm. Neste came são feitas algumas indicações
importantes:
Como foi nas características do seguidor, o 1. Ponto Diretor – ponto de inicio do traçado do
movimento deve ser feito com velocidade constante, perfil do came

3
Figura 6
Ponto Diretor

subida

12

α
12


descida

Ponto Crítico
Circunferência
crítica do Came

Perfil do Came Curva Primitiva


120°
repouso do Came

4
2. α = Ângulo de Pressão –ângulo formado entre Devemos, ainda, notar que se fosse alterada alguma
a linha do deslocamento do seguidor e normal característica do seguidor o perfil do came sofreria
comum entre as superfícies em contato. alteração.
3. α = Ângulo de Pressão crítico –maior ângulo
formado entre a linha do deslocamento do Caso mudemos, no exemplo anterior o seguidor para
seguidor e normal comum entre as superfícies um de sapata plana, o perfil fica de maneira
em contato. semelhante ao apresentado na figura 7.
4. Ponto Crítico – posição do seguidor onde
ocorre o ângulo de pressão crítico.
5. Circunferência crítica – é a circunferência que
passa pelo ponto crítico. Esta circunferência,
também, é chamada de Circunferência subida

12

Primitiva.

12


6. Raio crítico (rc) – raio da circunferência crítica. descida
7. Curva primitiva do Came – curva formada pela
união das posições ocupadas pelo centro do
seguidor durante o deslocamento
8. Perfil do Came – Linha tangente à todas as
posições do seguidor, traçada de maneira a
fornecer ao seu centro o movimento esperado
pelo diagrama do deslocamento mostrado na
figura 5.
120°
Importante se faz observar que a curva primitiva do repouso
came não é paralela à curva do perfil do came.
figura 7

5
O próximo exemplo – figura 8 - mostra um came cujo came e o deslocamento do seguidor, mais o came se
movimento do seguidor é de forma semelhante a um aproxima a circunferência.
movimento harmônico simples (MHS).
Estudo Cinemático dos movimentos dos
seguidores

Diagramas de Deslocamento

105

12
12


Todo projeto de mecanismos de cames tem por
ponto de partida o programa de posições que o
R7
5 seguidor deve ocupar em função do tempo. O que
normalmente se conhece é o deslocamento do
seguidor, os tempos em que este deslocamento
deve ocorrer e os tempos em que o seguidor deve
permanecer em repouso.
Ø32
Desta maneira, o primeiro passo de um projeto de
came é determinar o Diagrama dos Deslocamentos
que é um gráfico que tem por ordenada o
deslocamento (y) e por abscissa o ângulo do came.
A origem deste diagrama é formada pela posição
Figura 8 inferior do seguidor e a posição relativa do came em
120°
relação a esta posição inicial.
Uma observação importante a fazer é lembrar que
quanto maior for a relação entre o menor raio do

6
O gráfico mostrado na figura 5 é um exemplo deste y – posição do seguidor no instante “t”
tipo de diagrama. θ - ângulo de posição do came no instante “t”
d – deslocamento do seguidor
β – ângulo do came para que o seguidor tenha o
Curvas Básicas do Movimento deslocamento “d”

As curvas básicas do movimento podem ser


divididas em três grupos: Movimento Uniforme
1. Curvas polinomiais simples Neste tipo de movimento o diagrama de
a. Movimento Uniforme (MU) deslocamento produz uma linha reta, como mostra a
b. Movimento Uniformemente Variado figura 9.
(MUV)
y
c. Movimento de Pulso Constante

2. Curvas Trigonométricas

d
a. Movimento Harmônico Simples (MHS)

γ
b. Movimento Harmônico Duplo (MHD)
c. Movimento Elíptico (ME) θ
β Figura 9
3. Curvas Circulares
a. Movimento Uniforme modificado (MUD) A função que representa este movimento é a de uma
reta com coeficiente angular γ e que contém a
Neste curso estudaremos, apenas, algumas destas origem do diagrama.
curvas básicas de deslocamento.
Assim, podemos escrever:
Para este estudo usaremos a seguinte notação:

7
d acelerações que podem ser consideradas “infinitas”.
y = ×θ Estas acelerações irão gerar esforços muito grandes
β nas superfícies do came e do seguidor.

A velocidade é determinada por:


Movimento Uniforme Modificado.
dy d  d  d dθ Este tipo de movimento procura evitar a condição
v= =  × θ  = × indesejável de acelerações muito grandes no inicio e
dt dt  β  β dt no fim do movimento.

Esta modificação é conseguida fazendo com que no


d
v = ×ϖ inicio e no fim do movimento o deslocamento tenha
β um movimento proveniente de uma função circular.

Com a rotação constante do came, a velocidade Em termos práticos, o início e o fim do movimento
angular (ω) é constante. possuem uma curva que respeita um movimento
circular, como mostra a figura 10.
Como a velocidade angular é constante, a
aceleração (a), ao longo do deslocamento “d”, do
seguidor, é nula. R= Figura 10
d
OBS:- devemos observar que no início e no fim do

d
R=

γ
deslocamento, existe uma mudança brusca na d
velocidade que, sai de zero até o seu valor constante
(no inicio do movimento) instantaneamente. Estas β
variações bruscas de velocidades geram

8
Neste caso existe uma modificação no início e no fim Movimento Harmônico Simples
do movimento fazendo com que a velocidade e a Este movimento tem este nome porque o seguidor
aceleração sofram variações neste intervalo. se move da mesma maneira que a projeção no
diâmetro, de um ponto em movimento circular
As figuras 11 e 12 representam o diagrama da constante.
velocidade e o diagrama da aceleração para este
tipo de movimento. Para este movimento, o diagrama do deslocamento
fica da forma representada na figura 13.
v
Figura 11 y
4
3 Figura 13

d
θ
β 1
φ 0 1 2 3 4 θ
β
a
Figura 12
A equação do movimento fica:

y=
d
(1 − cos φ)
θ 2
β sabendo-se que:
φ θ
=
π β

9
podemos escrever:
v Figura 14
d  π × θ  a
y = 1 − cos  
2  β 

Para obter velocidade basta derivar a função do


θ
deslocamento em relação ao tempo. Assim, temos:
β/2
d× ϖ × π  π×θ β
v= sen 
2×β  β 

A aceleração fica:
Curva Básica Parabólica
2
A principal vantagem deste tipo de curva é que em
ϖ×π d  π×θ cada metade do deslocamento a velocidade é
a =   × × cos 
 β  2  β  uniformemente variável, fazendo com que a
aceleração seja finita e constante. Na segunda
Com estas equações podemos traçar os diagramas metade do deslocamento, a velocidade e a
de velocidade e de aceleração mostrados na figura aceleração possuem os mesmos valores porem com
14. sinal oposto.

O diagrama de deslocamento para este tipo de curva


está representado na figura 15.

10
y
Figura 15 Pelas equações anteriores é possível notar que a
aceleração é constante e a velocidade será a
β
máxima quando θ = 2 . Nesta situação, a
velocidade é igual a:
θ
β/2 d× 2× ϖ
v=
β
β
Para a segunda metade do movimento temos:
Para este tipo de deslocamento as equações do
movimento, para a primeira metade do deslocamento   θ 
2

ficam: y = d × 1 − 2 × 1 −  
  β  
d× 2 2
y= ×θ
β2 d× 4× ϖ  θ 
v= × 1 − 
β  β
d× 4× ϖ × θ
v=
β2 d × 4 × ϖ2
a=−
β2
d × 4 × ϖ2
a=
β2

11
Dimensões Básicas dos Cames α
Estabelecido o diagrama de deslocamento do
seguidor, é necessário determinar as dimensões
básicas dos cames. Três são os fatores que influem
F F1
no estabelecimento destas dimensões:
• O ângulo de pressão F2
• A curvatura do perfil F
• O diâmetro do eixo do cubo

Neste estudo não interessa o diâmetro do eixo do α


cubo, que deve ser determinado por meio das
equações de dimensionamento já estudadas.
rc

O ângulo de pressão e o tamanho do came. c

Para um seguidor de rolo, o ângulo de pressão é o Figura 16


ângulo formado pela linha de ação do centro do rolo
com a normal comum ao ponto de contato entre o Notemos que o torque (T) no eixo do came é dado
rolo e o came. por:

A figura 16 mostra os esforços em um came. T = F×C

onde F é a força de transmissão que ocorre no


contato entre o came e o seguidor.

12
A força F, no seguidor, pode ser decomposta em F1 e É possível, então concluir que quanto menor for o
F2, da seguinte forma: ângulo de pressão, mais suave é o funcionamento
do mecanismo.
F1 = F × cos α
Ocorre, entretanto, que quanto menor for o ângulo
de pressão maior será o came. A figura 17 mostra
F2 = F × sen α dois cames com diâmetros de circunferência crítica
diferentes, que dão ao seguidor o mesmo
Devemos notar que F1 é a componente que atua na deslocamento.
direção do movimento do seguidor e F2 é a
componente que atua comprimindo a haste do 14°
seguidor junto aos mancais.
°
38
O que deve ser observado é que quanto maior for o
ângulo de pressão maior será a componente F2 e
menor será F1. Ou seja, quanto maior α maior deve
ser o torque aplicado no came para que o sistema
consiga vencer um esforço igual a F1.
32
R1
Podemos então definir o que chamamos de
Eficiência da Transmissão (η) como sendo: R1
94

F1
η= e como F1 = F × cos α , podemos escrever:
F
Figura 17
η = cos α

13
O que se observa é que no came de circunferência Podemos, então, concluir que para um mesmo
crítica de raio igual a 132 mm, o ângulo de pressão é ângulo de pressão, o movimento parabólico produz
igual 38o. Para o came com raio de circunferência um came maior que o MHS proporciona e que este é
crítica igual a 194 mm, o ângulo de pressão é de 14o. maior do que aquele que o MU apresenta.

O fator do came “f”.

34°
32°
Em geral, o comprimento do diagrama do

21°
deslocamento representa o perímetro da

d
circunferência crítica. Quando isto é feito, o diagrama
representa o verdadeiro desenvolvimento da curva
primitiva do came. Nesta situação, a tangente à β
curva do deslocamento, em qualquer ponto,
fornecerá o ângulo de pressão naquele ponto. Figura 18

A figura 18 mostra que para um mesmo Convém observar que embora o movimento uniforme
deslocamento “d” e um mesmo comprimento de proporcione um came menor, ele apresenta o
diagrama; o que corresponde a um mesmo raio da inconveniente das grandes acelerações no início e
circunferência crítica, a curva básica do movimento no fim do movimento.
em linha reta , que representa o movimento uniforme
(MU),é a que possui o menor ângulo de pressão. Na figura 19 o comprimento de arco CD , deve ser
Embora o ângulo de pressão da curva que igual ao comprimento do diagrama do deslocamento
representa o movimento harmônico simples seja para a subida do seguidor.
maior que o do movimento uniforme, ele é menor
que o do movimento parabólico. Definiremos como fator do came “f”, a relação:

14
CD A tabela 1 apresenta alguns fatores “f” para
f= diferentes valores de ângulo de pressão.
d
Tabela 1 – Fatores de came : “f”
Tipo de Curva Ângulo de pressão máximo (α máximo)
Básica 20o. 25o. 30o. 35o. 40o. 45o.
Linha Reta 2,75 2,30 1,73 1,55 1,19 1,13
D Circunferência Linha Reta
Crítica 3,10 2,59 2,27 2,03 1,92 1,83
Modificada
β

Movimento
4,32 3,37 2,72 2,24 1,87 1,57
Harmônico Simples
Curva Parabólica 5,50 4,29 3,46 2,86 2,38 2,00
r

Ø3 2 C

Figura 19

Como CD = β × r , podemos escrever:

β×r f ×d
f= ou r=
d β

15
Exercícios: • Tipo de subida e descida em movimento
harmônico simples
1)Desenhar o came com seguidor de rolo com as • Rolo com raio de 10 mm.
seguintes características: Came:
• Eixo deslocado de 15 mm a direita do seguidor
Seguidor: • ângulo de pressão máximo igual a 35o.
• Sobe 30 mm enquanto o came gira 90o. • gira no sentido anti-horário
• Descansa enquanto o came gira 30o.
• Desce 30 mm enquanto o came gira 90o. 3) Desenhar o came com seguidor de rolo pivotado
• Descansa o restante do movimento oscilante com as seguintes características:
• Tipo de subida e descida em curva parabólica
• Rolo com raio de 6 mm. Seguidor:
Came: • Sobe 15o enquanto o came gira 120o.
• Eixo coincidente com o do seguidor • Descansa enquanto o came gira 60o.
• ângulo de pressão máximo igual a 30o. • Desce 15o enquanto o came gira 90o.
• gira no sentido horário • descansa o restante do movimento
• Tipo de subida e descida em movimento
2) Desenhar o came com seguidor de rolo com as harmônico simples
seguintes características: • Rolo com raio de 6 mm.
Came:
Seguidor: • Eixo deslocado de 15 mm do seguidor
• Sobe 20 mm enquanto o came gira 120o. • ângulo de pressão máximo igual a 20o.
• Desce 20 mm enquanto o came gira 120o. • gira no sentido horário
• descansa o restante do movimento

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