GERAÇÃO DE ENERGIA
INSTRUMENTAÇÃO INDUSTRIAL
Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
Departamento Regional de Santa Catarina
INSTRUMENTAÇÃO INDUSTRIAL
Tubarão - 2003
Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
Departamento Regional de Santa Catarina
INSTRUMENTAÇÃO INDUSTRIAL
Tubarão - 2003
É autorizada a reprodução total ou parcial deste material por qualquer meio ou
sistema desde que a fonte seja citada.
Equipe Técnica:
Organizadores:
Vanderlei Baldessar
Nelson de Souza
Dinorzete Henrique Nunes
Júlio Cesar Fernandes
Coordenador:
Nelson de Souza
Julio Cesar Fernandes
Digitadores:
Ramon de Souza Martins
Michel Borges Rodrigues
Professor Responsável:
Nelson de Souza
Revisão Técnica:
Engenheiro Dinorzete Henrique Nunes
1.1. HISTÓRICO
Os processos industriais exigem controle na fabricação de seus produtos. Estes
processos são muito variados e abrangem muitos tipos de produtos, como, por exemplo, a
fabricação dos derivados do petróleo, produtos alimentícios, a indústria de papel e
celulose, etc.
Em todos estes processos é absolutamente necessário controlar e manter constantes
algumas variáveis, tais como: pressão, vazão, temperatura, nível, pH, condutividade,
velocidade, umidade, etc. Os instrumentos de medição e controle permitem manter
constantes as variáveis do processo, objetivando a melhoria em qualidade, o aumento em
quantidade do produto e a segurança.
No princípio da era industrial, o operário atingia os objetivos citados através de
controle manual destas variáveis, utilizando somente instrumentos simples (manômetro,
termômetro, válvulas manuais, etc.) e isto era suficiente, porque os processos eram
simples. Com o passar do tempo, estes foram se complicando, exigindo um aumento da
automação nos processos industriais, através dos instrumentos de medição e controle.
Enquanto isso, os operadores iam se liberando de sua atuação física direta no processo e,
ao mesmo tempo, ocorria a centralização das variáveis em uma única sala.
Devido à centralização das variáveis do processo, podemos fabricar produtos que
seriam impossíveis através do controle manual. Mas, para atingir o nível que estamos hoje,
os sistemas de controle sofreram grandes transformações tecnológicas, como: controle
manual, controle mecânico e hidráulico, controle pneumático, controle elétrico, controle
eletrônico e atualmente controle digital.
Os processos industriais podem dividir-se em dois tipos: processos contínuos e
processos descontínuos. Em ambos os tipos, deve-se manter as variáveis próximas aos
valores desejados.
O sistema de controle que permite fazer isto se define como aquele que compara o
valor da variável do processo com o valor desejado e toma uma atitude de correção de
acordo com o desvio existente sem a intervenção do operador.
Para que se possa fazer esta comparação e conseqüentemente a correção, é necessário
que se tenha uma unidade de medida, uma unidade de controle e um elemento final de
controle no processo.
1
Este conjunto de unidades forma uma malha de controle, que pode aberta ou fechada.
Na Figura 1.1 vemos uma malha fechada e na Figura 1.2 vemos uma malha de controle
aberta.
1.2. TERMINOLOGIA
Os instrumentos de controle empregados na indústria de processos (química,
siderúrgica, papel, etc.) têm sua própria terminologia. Os termos utilizados definem as
características próprias de medida e controle dos diversos instrumentos: indicadores,
registradores, controladores, transmissores e válvulas de controle.
A terminologia empregada é unificada entre os fabricantes, os usuários e os
organismos que intervêm diretamente ou indiretamente no campo do instrumentação
industrial.
2
1.2.3. Erro
É a diferença entre o valor lido ou transmitido pelo instrumento em relação ao valor
real da variável medida. Se tivermos o processo em regime permanente, chamaremos de
erro estático , que poderá ser positivo ou negativo, dependendo da indicação do
instrumento, o qual poderá estar indicando a mais ou menos.
Quando tivermos a variável alterando seu valor ao longo do tempo, teremos um
atraso na transferência de energia do meio para o medidor. O valor medido estará
geralmente atrasado em relação ao valor real da variável. Esta diferença entre o valor real e
o valor medido é chamada de erro dinâmico.
1.2.4. Exatidão
Podemos definir como sendo a aptidão de um instrumento de medição para dar
respostas próximas a um valor verdadeiro.
A exatidão pode ser descrita de três maneiras:
- Percentual do Fundo de Escala (% do F.E.)
- Percentual do Span (% do span)
- Percentual do Valor Lido (% do V.L.)
Exemplo: Para um sensor de temperatura com range de 50 a 250 °C e valor medido
100°C, determine o intervalo provável do valor real para as seguintes condições:
· Exatidão 1 % do Fundo de Escala
Valor real = 100°C ± (0,01 x 250) = 100°C ± 2,5°C
· Exatidão 1 % do Span
Valor real = 100°C ± (0,01 x 200) = 100°C ± 2,0°C
· Exatidão 1 % do Valor Lido (Instantâneo)
Valor real = 100°C ± (0,01 x 100) = 100°C ± 1,0°C
3
1.2.7. Sensibilidade
É a mínima variação que a variável pode ter, provocando alteração na indicação ou
sinal de saída de um instrumento.
Exemplo: Um instrumento com range de 0 a 500°C e com sensibilidade de
0,05% terá valor de:
1.2.8. Histerese
É o erro máximo apresentado por um instrumento para um mesmo valor em qualquer
ponto da faixa de trabalho, quando a variável percorre toda a escala nos sentidos
ascendente e descendente.
Exemplo: Num instrumento com range de -50°C a 100°C, sendo sua histerese de
± 0,3 %, o erro será 0,3 % de 150°C = ± 0,45°C.
1.2.9. Repetibilidade
É a máxima diferença entre diversas medidas de um mesmo valor da variável,
adotando sempre o mesmo sentido de variação. Expressa-se em porcentagem do span do
instrumento. O termo repetibilidade não inclui a histerese.
1.2.10. Linearidade
É o desvio máximo da indicação obtida tornando com referência a reta que une os
pontos referentes a 0% e 100% da escala.
4
b) Registrador : Instrumento que registra a traço contínuo ou pontos em um gráfico.
Alguns destes registradores podem ser vistos na figura 1.4.
5
e) Controlador : Instrumento que compara a variável controlada com um valor
desejado e fornece um sinal de saída a fim de manter a variável controlada em um
valor específico ou entre valores determinados. A variável pode ser medida
diretamente pelo controlador ou indiretamente através do sinal de um transmissor
ou transdutor.
P RC 001 02 A
Variável Função Área da No Seqüencial S
U
Atividade Da Malha F
I
Identificação Funcional Identificação da Malha X
O
Identificação do Instrumento (PRC 001 02 A)
6
Onde:
P - Variável medida – Pressão
R - Função passiva ou de informação – Registrador
C - Função ativa ou de saída – Controlador
001 - Área de atividade onde o instrumento atua
02 - Número seqüencial da malha
A - Sufixo
O Quadro 1.2 mostra a simbologia de sinais utilizados nos fluxogramas de processos.
Instrumentos
Discretos
Instrumentos
Compartilhados
Computador de
Processo
Controlador
Lógico
Programável
7
Como se percebe no Quadro 1.4, pode-se obter combinações possíveis de acordo com
o funcionamento dos dispositivos automáticos.
Exemplo: T - Temperatura R - Registrador P - Pressão
I - Indicador F - Vazão V - Válvula
L - Nível G - Visor H - Alto
F Vazão Relação
O Orifício ou Restrição
Q Quantidade Integração
R Remoto Registrador
Velocidade ou Freqüência Chave de Interruptor ou
S Segurança Chave
Transmissão
T Temperatura Transmissor
Cálculo feito por
U Multivariável Computador Multifunção Multifunção
V Vibração Válvula
8
Figura 1.9 – Exemplos de localização de equipamentos, tipos de sinais de transmissão e
funções de equipamentos
9
1.5. PRINCIPAIS SISTEMAS DE MEDIDA
Os sistemas podem ser classificados quanto à natureza de suas unidades
fundamentais, quanto ao valor dessas unidades e também quanto às relações escolhidas na
determinação dos derivados.
Os principais sistemas são:
1.6. TELEMETRIA
Chamamos de telemetria a técnica de transportar medições obtidas no processo a
distância, em função de um instrumento transmissor.
A transmissão a distância dos valores medidos está tão intimamente relacionada com
os processos contínuos, que a necessidade e as vantagens da aplicação da telemetria e do
processamento contínuo se entrelaçam.
Um dos fatores que se destacam na utilização da telemetria é a possibilidade de
centralizar instrumentos e controles de um determinado processo em painéis de controle ou
em uma sala de controle.
Teremos, a partir daqui, inúmeras vantagens as quais não são difíceis de imaginar:
10
• Cresce, consideravelmente, a utilidade e a eficiência dos instrumentos face às
possibilidades de pronta consulta, manutenção e inspeção, em situação mais
acessível, mais protegida e mais confortável.
1.6.1. Transmissores
Os transmissores são instrumentos que medem uma variável do processo e a
transmitem, à distância, a um instrumento receptor, indicador, registrador, controlador ou a
uma combinação destes.
Existem vários tipos de sinais de transmissão: pneumáticos, elétricos, hidráulicos e
eletrônicos.
11
1.6.1.3. Protocolo HART ( Highway Adress Remote Transducer)
É um sistema que combina o padrão 4 a 20 mA com a comunicação digital. É um
sistema a dois fios com taxa de comunicação de 1200 bits/s (BPS) e modulação
FSK (Frequency Shift Keying ). O Hart é baseado no sistema mestre escravo,
permitindo a existência de dois mestres na rede simultaneamente.
As vantagens do protocolo Hart são as seguintes:
· Usa o mesmo par de cabos para o 4 a 20 mA e para a comunicação digital.
· Usa o mesmo tipo de cabo utilizado na instrumentação analógica.
· Disponibilidade de equipamentos de vários fabricantes.
As desvantagens são que existe uma limitação quanto à velocidade de transmissão
das informações e a falta de economia de cabeamento (precisa-se de um par de fios para
cada instrumento).
1.6.1.4. Fieldbus
É um sistema de comunicação digital bidirecional, que interliga equipamentos
inteligentes de campo com o sistema de controle ou com equipamentos
localizados na sala de controle, conforme mostra a Figura 1.10.
Este padrão permite comunicação entre uma variedade de equipamentos, tais como:
transmissores, válvulas, controladores, CLPs, etc. Estes podem ser de fabricantes
diferentes (Interoperabilidade) e ter controle distribuído (cada instrumento tem a
capacidade de processar um sinal recebido e enviar informações a outros instrumentos para
correção de uma variável: pressão, vazão, temperatura, etc.).
Uma grande vantagem é a redução do número de cabos do controlador aos
instrumentos de campo, ou seja, apenas um par de fios é o suficiente para a interligação de
uma rede fieldbus.
12
2. PRESSÃO
Figura 2.1 – Pressão (força por unidade de área), é transmitida em todos os sentidos,
através de um líquido confinado
13
2.1.1. Pressão Atmosférica
É a força exercida pela atmosfera na superfície terrestre. Esta força equivale ao peso
dos gases que estão presentes no ar e que compõem atmosfera.
A pressão atmosférica pode variar de um lugar para o outro, em função da altitude e
das condições meteorológicas (como a umidade e a densidade do ar). Ao nível do mar, esta
pressão é de, aproximadamente, 760 mmHg ou 1 atm. Quanto mais alto o local, mais
rarefeito é o ar e, portanto, menor é a pressão atmosférica. O instrumento que mede a
pressão atmosférica é barômetro.
Pressão Relativa
Pressão Atmosférica
Vácuo
Vácuo Absoluto
14
2.1.5. Pressão Diferencial
15
2.2.2. Dispositivos para Medição de Pressão
O instrumento mais simples para se medir pressão é o manômetro e que pode ter
vários elementos sensíveis. A figura 2.3 mostra alguns tipos de manômetros.
16
O tubo de Bourdon pode-se apresentar nas seguintes formas: tipo C, espiral e
helicoidal, os quais podem ser observados na figura 2.5.
C Espiral Helicoidal
Figura 2.5 – Tipos de tubos de Bourdon
17
2.2.3.3. Fole
É também muito empregado na medição de pressão. Ele é basicamente um cilindro
metálico, corrugado ou sanfonado.
A figura 2.8 ilustra, esquematicamente, a medição de pressão com um tipo de fole.
18
Quando o manômetro está separado da linha de fluído, os dois lados do manômetro
estão com o nível de água no zero da escala. Isso acontece porque os dois lados do
manômetro estão sujeitos à pressão atmosférica. Com um lado do manômetro ligado à
tubulação de distribuição de fluído (para medir a pressão do fluído) e o outro lado ainda
sujeito à pressão atmosférica local, a coluna de água será forçada para baixo no lado
pressurizado e elevada no lado sob ação da atmosfera. A pressão do fluído na tubulação é
medida pelo deslocamento total da coluna de água e seu valor é dado em milímetros de
coluna de água (mmca).
O deslocamento total da coluna de água (DT) é dado pela soma da elevação (E) no
lado atmosférico e do abaixamento (A) no lado pressurizado. O abaixamento (A) no lado
pressurizado é igual à elevação (E) no lado atmosférico. Por isso, o deslocamento total
(DT) pode ser medido multiplicando-se o abaixamento (A) ou a elevação (E) por 2. Isso
pode ser escrito em uma fórmula simples para a leitura da pressão no manômetro:
DT = A + E ou DT = 2 x A ou DT = 2 x E
DT = h ∆P = h . dr
19
2.2.3.5. Tipo Capacitivo
A principal característica dos sensores capacitivos é a completa eliminação dos
sistemas de alavancas na transferência da força/deslocamento entre o processo e o
sensor.
Este tipo de sensor resume-se na deformação pelo processo de uma das armaduras do
capacitor. Tal deformação altera o valor da capacitância total que é medida por um circuito
eletrônico. Esta montagem, se por um lado, elimina os problemas mecânicos das partes
móveis, expõe a célula capacitiva às rudes condições do processo, principalmente a
temperatura. Este inconveniente pode ser superado através de circuitos sensíveis à
temperatura montados junto ao sensor.
Outra característica inerente à montagem é a falta de linearidade entre a capacitância
e a distância das armaduras, devido á deformação não linear. Neste caso, faz-se necessário
uma compensação (linearização) a cargo do circuito eletrônico.
20
O elemento elástico, geralmente um diafragma metálico de aço inoxidável, sofre uma
deformação que é proporcional à pressão diferencial aplicada. As capacitâncias da célula
são medidas através de uma ponte capacitiva alimentada por uma tensão alternada de alta
freqüência (10KHz, por exemplo). A tensão de desequilíbrio da ponte (tensão de saída) é
função das variações das capacitâncias, que é proporcional à deflexão do diafragma.
Onde
R : Resistência do condutor
ρ : Resistividade do material
L : Comprimento do condutor
S : Área da seção transversal
O sensor consiste de um fio firmemente colado sobre uma lâmina de base, dobrando-
se tão compacto quanto possível.
Esta montagem denomina-se tira extensiométrica, como vemos na figura 2.14:
21
precisa estar eletricamente isolado da mesma. Uma das extremidades da lâmina é fixada
em um ponto de apoio rígido, enquanto a outra extremidade será o ponto de aplicação de
força.
Da física tradicional, sabemos que um material, ao sofrer uma flexão, tem suas fibras
internas submetidas a dois tipos de deformação: tração e compressão.
Notamos que a ligação ideal para um Strain Gauge com quatro tiras extensiométricas
é o circuito em ponte de Wheatstone (como mostrado na figura 2.16), que tem a vantagem
adicional de compensar as variações de temperatura ambiente, pois todos os elementos
estão montados em um único bloco.
22
Figura 2.18 – Célula de pressão de silício ressonante
23
3. TEMPERATURA
3.1.1.1. Condução
É um processo pelo qual o calor flui de uma região de alta temperatura para outra
de temperatura mais baixa, dentro de um meio sólido, líquido ou gasoso, ou entre
meios diferentes em contato físico direto.
3.1.1.2. Irradiação
É o processo de transmissão de calor através de ondas eletromagnéticas (ondas de
calor). A energia emitida por um corpo (energia radiante) propaga-se até o outro,
através do espaço que os separa.
Sendo uma transmissão de calor através de ondas eletromagnéticas, a radiação não
exige a presença do meio material para ocorrer, isto é, a radiação ocorre no vácuo e
também em meios materiais. Entretanto, não são todos os meios materiais que permitem a
propagação das ondas de calor através deles.
Toda energia radiante (transportada por onda de rádio, infravermelha, ultravioleta,
luz visível, raios x, raio gama, etc.) pode converter-se em energia térmica por absorção.
Porém, só as radiações infravermelhas são chamadas de ondas de calor.
3.1.1.3. Convecção
Consideremos uma sala na qual liga-se um aquecedor elétrico em sua parte
inferior. O ar em torno do aquecedor se aquece, tornando-se menos denso que o
restante, havendo uma troca de posição do ar quente que sobe e o ar frio que
24
desce. A esse movimento de massas de fluido chamamos convecção, e as
correntes de ar formadas são correntes de convecção. Outros exemplos de
convecção são os fluxos das chaminés, o funcionamento dos radiadores e as
correntes atmosféricas. Portanto, convecção é um movimento de massas de
fluido, trocando de posição entre si. Notemos que não tem significado falar em
convecção no vácuo ou em um sólido, isto é, convecção só ocorre nos fluidos.
25
3.1.3. Escalas de Temperatura
Desde o início da termometria, os cientistas, pesquisadores e fabricantes de
termômetros sentiam a dificuldade para atribuir valores de forma padronizada à
temperatura por meio de escalas reproduzíveis, como existia na época para peso, distância
e tempo.
As escalas que ficaram consagradas pelo uso foram Fahrenheit e Celsius . A escala
Fahrenheit é definida atualmente com o valor 32 no ponto de fusão do gelo e 212 no ponto
de ebulição da água. O intervalo entre estes dois pontos é dividido em 180 partes iguais, e
cada parte é um grau Fahrenheit .
A escala Celsius é definida atualmente com o valor zero no ponto de fusão do gelo e
100 no ponto de ebulição da água. O intervalo entre os dois pontos está dividido em 100
partes iguais, e cada parte é um grau Celsius . A denominação "grau centígrado", utilizada
anteriormente no lugar de "Grau Celsius ", não é mais recomendada, devendo ser evitado o
seu uso.
Tanto a escala Celsius como a Fahrenheit são relativas, ou seja, os seus valores
numéricos de referência são totalmente arbitrários.
Se abaixarmos a temperatura de uma substância continuamente, atingimos um ponto
limite além do qual é impossível ultrapassar pela própria definição de temperatura. Este
ponto, onde cessa praticamente todo movimento atômico, é o zero absoluto de temperatura.
Através da extrapolação das leituras do termômetro a gás, pois os gases se
liquefazem antes de atingir o zero absoluto, calculou-se a temperatura deste ponto na
escala Celsius em -273,15°C.
Existem escalas absolutas de temperatura, assim chamadas porque o zero delas é
fixado no zero absoluto de temperatura e as escalas absolutas atualmente em uso são: a
escala Kelvin e a Rankine .
A escala Kelvin possui a mesma divisão da Celsius , isto é, um grau Kelvin é igual a
um grau Celsius, porém o seu zero se inicia no ponto de temperatura mais baixa possível:
273,15 graus abaixo do zero da escala Celsius .
A escala Rankine possui o mesmo zero da escala Kelvin , porém sua divisão é idêntica
à da escala Fahrenheit . A representação das escalas absolutas é análoga às escalas
relativas: Kelvin → 0 K e Rankine → 0 R (sem o símbolo de grau "°").
A escala Fahrenheit é usada principalmente na Inglaterra e nos Estados Unidos da
América, porém seu uso tem declinado em favor da escala Celsius , de aceitação universal.
A escala Kelvin é utilizada nos meios científicos no mundo inteiro e deve substituir
no futuro a escala Rankine quando estiver em desuso a Fahrenheit . Existe uma outra escala
relativa, a Reamur , hoje praticamente em desuso. Esta escala adota como zero o ponto de
fusão do gelo e 80 como o ponto de ebulição da água. O intervalo é dividido em oitenta
partes iguais. (representação - °Re).
26
Figura 3.1 – Principais escalas de temperatura
Desta comparação, podemos retirar algumas relações básicas entre as escalas:
As conversões de temperatura de uma escala para outra também podem ser feitas de
acordo com as seguintes fórmulas:
°F = 1,8 x °C + 32
°C = (°F - 32)
1,8
K = °C + 273,16
R = °F + 459,67
27
3.2. MEDIDORES DE TEMPERATURA
Os medidores de temperatura podem ser divididos em dois grupos:
• Os que se baseiam nas alterações físicas dos materiais, tais como volume, pressão
etc. Exemplos: termômetros de líquido, termômetros bimetálicos, termômetros a
pressão de vapor ou de gás.
• Os que se baseiam nas propriedades termoelétricas, como diferença de potencial,
resistividade, etc. Exemplos: termopares, termômetros de resistência.
Alguns instrumentos, como os pirômetros óticos, utilizam a radiação emitida por um
corpo quente como propriedade termométrica. Nesse caso, o elemento de medição não
entra em equilíbrio térmico com o corpo sujeito à determinação de temperatura.
3.2.1. Líquido
3.2.1.1. Características
Os termômetros de dilatação de líquidos baseiam-se na lei de expansão
volumétrica de um líquido com a temperatura dentro de um recipiente fechado.
Os tipos podem variar conforme sua construção:
· recipiente de vidro transparente;
· recipiente metálico.
28
Nos termômetros industriais, o bulbo de vidro é protegido por um poço metálico e o
tubo capilar por um invólucro metálico.
No termômetro de mercúrio, pode-se elevar o limite máximo até 550°C, injetando-se
gás inerte sob pressão, evitando a vaporização do mercúrio.
Por ser frágil e impossível registrar sua indicação ou transmití-la à distância, o uso
deste termômetro é mais comum em laboratórios ou em indústrias, com a utilização de
uma proteção metálica.
A figura 3.2 ilustra alguns tipos de termômetros de dilatação de líquido em recipiente
de vidro e formas de utilização com suas respectivas proteções.
29
Características dos elementos básicos deste termômetro:
• Bulbo
Suas dimensões variam de acordo com o tipo de líquido e, principalmente, com a
sensibilidade desejada.
Álcool 50 à +150
• Capilar
Suas dimensões são variáveis, sendo que o diâmetro interno deve ser o menor possível, a
fim de evitar a influência da temperatura ambiente, porém não deve oferecer resistência à
passagem do líquido em expansão.
• Elemento de medição
O elemento usado é o tubo de Bourdon , podendo ser: tipo C, tipo espiral e o tipo
helicoidal, ilustrados na figura 3.4.
30
Os materiais mais usados são bronze fosforoso, cobre-berílio, aço inox e aço-
carbono.
Pelo fato deste sistema utilizar líquido inserido num recipiente e da distância entre o
elemento deformável (elemento sensor) e o bulbo ser considerável, as variações na
temperatura ambiente afetam o líquido do capilar e o elemento deformável (elemento
sensor), causando erro de indicação ou registro. Este efeito da temperatura ambiente é
compensado de duas maneiras que são denominadas classe 1A e classe 1B.
Na classe 1B a compensação é feita somente no sensor, através de uma lâmina bimetálica
(figura 3.5). Este sistema é normalmente preferido por ser mais simples, porém o
comprimento máximo do capilar para este sistema de compensação é de aproximadamente
6 metros.
31
Aplica-se estes termômetros, em geral, na indústria para indicação e registro, pois
permite leituras remotas e é o mais preciso dos sistemas mecânicos de medição de
temperatura. Porém, não é recomendável para controle, por causa de seu tempo de resposta
ser relativamente grande.
Recomenda-se não dobrar o capilar com curvatura acentuada para que não se formem
restrições que prejudiquem o movimento do líquido em seu interior, causando problemas
de medição.
32
3.2.2.2. Características
O gás mais utilizado é o N2, geralmente a uma pressão de 20 a 50 atm, na
temperatura mínima a medir. Sua faixa de medição vai de -100 a 600 °C, sendo o
limite inferior devido à própria temperatura crítica do gás, e o superior devido ao
recipiente apresentar maior permeabilidade ao gás nesta temperatura, o que
acarretaria sua perda, inutilizando o termômetro.
onde:
• P1 e P 2 = Pressões absolutas relativa às temperaturas
• T1 e T2 = Temperaturas absolutas
33
Figura 3.8 – Termômetro a pressão de vapor
34
Figura 3.9 – Princípio de funcionamento do termômetro bimetálico
35
3.2.5. Medição de Temperatura com Termopar
Um termopar consiste de dois condutores metálicos, de natureza distinta, na forma de
metais puros ou de ligas homogêneas. Os fios são soldados em um extremo, ao qual se dá o
nome de junta quente ou junta de medição. A outra extremidade dos fios é levada ao
instrumento de medição de f.e.m. (força eletromotriz), fechando um circuito elétrico por
onde flui a corrente.
O ponto onde os fios que formam o termopar se conectam ao instrumento de medição
é chamado de junta fria ou de referência. A figura 3.12 mostra um desenho esquemático e
os componentes de uma ligação para medição de temperatura por termopar.
Figura 3.12 – Esquemático de ligação de um termopar
36
Quando a temperatura da junta de referência é mantida constante, verifica-se que a
f.e.m. térmica é uma função da temperatura Tm da junção de teste. Este fato permite
utilizar um par termoelétrico como um termômetro.
O efeito Seebeck se produz pelo fato de que os elétrons livres de um metal diferem de um
condutor para outro e dependem da temperatura. Quando dois condutores diferentes são
conectados para formar duas junções, e estas são mantidas a diferentes temperaturas, a
difusão dos elétrons nas junções se produz a ritmos diferentes.
O sinal de f.e.m., gerado pelo gradiente de temperatura ( ∆T ) existente entre as
juntas quente e fria, será, de um modo geral, indicado, registrado ou transmitido.
Um exemplo de aplicação prática desta lei é o fato de podermos ter uma grande
variação de temperatura em um ponto qualquer, ao longo dos fios dos termopares, sem que
esta influencie na f.e.m. produzida pela diferença de temperatura entre as juntas. Portanto,
pode-se fazer medidas de temperaturas em pontos bem definidos com os termopares, pois o
importante é a diferença de temperatura entre as juntas.
• Lei dos Metais Intermediários
“ A soma algébrica das f.e.m. termais, em um circuito composto de um número qualquer de
metais diferentes, é zero, se todo o circuito estiver à mesma temperatura ".
37
Deduz-se daí que em um circuito termoelétrico, composto de dois metais diferentes, a
f.e.m. produzida não será alterada ao inserirmos, em qualquer ponto do circuito, um metal
genérico, desde que as novas junções sejam mantidas a temperaturas iguais (figura 3.15).
Figura 3.15 – Lei dos metais intermediários
Onde se conclui que:
38
prática, padronizou-se a levantamento destas curvas com a junta de referência à
temperatura de 0°C.
Figura 3.17 - Correlação da f.e.m. versus temperatura para os termopares
39
3.2.5.4. Tipos e Características dos Termopares
Existem várias combinações de 2 metais condutores operando como termopares.
As combinações de fios devem possuir uma relação razoavelmente linear entre
temperatura e f.e.m.: devem desenvolver uma f.e.m. por grau de mudança de
temperatura que seja detectável pelos equipamentos normais de medição.
Foram desenvolvidas diversas combinações de pares de ligas metálicas, desde os
mais corriqueiros de uso industrial, até os mais sofisticados para uso especial ou restrito a
laboratório.
Essas combinações foram feitas de modo a obter-se uma alta potência termoelétrica,
aliando-se ainda as melhores características, como homogeneidade dos fios e resistência à
corrosão na faixa de utilização Assim, cada tipo de termopar tem uma faixa de temperatura
ideal de trabalho que deve ser respeitada para que se tenha a maior vida útil do mesmo.
Podemos dividir os termopares em três grupos, a saber:
• Termopares básicos;
• Termopares nobres;
• Termopares especiais.
40
Esta temperatura obtida pelo cálculo está errada, pois o valor da temperatura correta
que o termômetro deve medir é de 50°C.
A leitura agora está correta, pois 2,023 mV corresponde a 50°C, que é a temperatura
do processo.
Hoje em dia a maioria dos instrumentos faz a compensação da junta de referência
automaticamente. A compensação da junta de referência pode ser feita manualmente: pega-
se o valor da mV na tabela correspondente à temperatura ambiente e acrescenta-se o valor
de mV lido por um milivoltímetro.
41
3.2.5.7. Erros de Ligação
• Usando fios de cobre
Geralmente na aplicação industrial, é necessário que o termopar e o instrumento
encontrem-se relativamente afastados, por não convir que o aparelho esteja
demasiadamente próximo ao local onde se mede a temperatura. Nestas circunstâncias,
deve-se processar a ligação entre os terminais do cabeçote e o aparelho através de fios de
extensão ou compensação.
Tal procedimento é executado sem problemas, desde que o cabeçote, onde estão os
terminais do termopar e o registrador, esteja na mesma temperatura de medição.
Vejamos o que acontece (figura 3.19) quando esta norma não é obedecida.
42
Como no caso acima, a f.e.m. efetiva no cabeçote é de 20,735 mV. Do cabeçote até o
registrador, são utilizados fios de extensão ou compensados, os quais adicionam uma
parcela igual a 0,570 mV à f.e.m., fazendo assim com que chegue ao registrador uma f.e.m.
efetiva de 22,265 mV. Este valor corresponderá à temperatura real dentro do forno
(538°C). A vantagem desta técnica provém do fato de que os fios de extensão ou
compensação, além de terem custo menor que os fios do termopar propriamente dito,
também são mais resistentes.
• Inversão simples
Conforme mostra a figura 3.21, os fios de compensação foram invertidos.
43
3.2.6. Associação de Termopares
• Associação série
Podemos ligar os termopares em série simples (figura 3.23) para obter a soma das
mV individuais. É a chamada termopilha. Este tipo de ligação é muito utilizado em
pirômetros de radiação total, ou seja, para soma de pequenas mV.
44
• Associação em paralelo
Ligando 2 ou mais termopares em paralelo a um mesmo instrumento (figura 3.25),
teremos a média das mV geradas nos diversos termopares, se as resistências internas forem
iguais.
45
Figura 3.28 – Poços de proteção para termopares
Os termopares são, geralmente, montados dentro de tubos de proteção metálicos para
torná-los resistentes a eventuais choques mecânicos e corrosão ou abrasão do fluído.
• Termopar de isolação mineral
O termopar de isolação mineral é constituído de um ou dois pares termoelétricos,
envolvidos por um pó isolante de óxido de magnésio, altamente compactado em uma
bainha externa metálica, detalhado pela figura 3.29. Devido a esta construção, os
condutores do par termoelétrico ficam totalmente protegidos contra a atmosfera exterior.
Conseqüentemente, a durabilidade do termopar depende da resistência à corrosão da sua
bainha e não da resistência à corrosão dos condutores. Em função desta característica, a
escolha do material da bainha é fator importante na especificação destes.
46
• Estabilidade na força eletromotriz
A estabilidade da f.e.m. do termopar é caracterizada em função dos condutores
estarem completamente protegidos contra a ação de gases e outras condições ambientais,
que normalmente causam oxidação e, conseqüentemente, perda da f.e.m. gerada.
• Resistência mecânica
O pó muito bem compactado, contido dentro da bainha metálica, mantém os
condutores uniformemente posicionados, permitindo que o cabo seja dobrado ou achatado,
torcido ou estirado, suporte pressões externas e choque térmico, sem qualquer perda das
propriedades termoelétricas.
• Dimensão reduzida
O processo de fabricação permite a produção de termopares de isolação mineral, com
bainhas de diâmetro externo até 1,0 mm, permitindo a medida de temperatura em locais
que não eram anteriormente possíveis com termopares convencionais.
• Impermeabilidade à água, óleo e gás
A bainha metálica assegura a impermeabilidade do termopar à água, óleo e gás.
• Facilidade de instalação
A maleabilidade do cabo, a sua pequena dimensão, longo comprimento e grande
resistência mecânica asseguram facilidade de instalação, mesmo nas situações mais
difíceis.
• Adaptabilidade
A construção do termopar de isolação mineral permite que o mesmo seja tratado
como se fosse um condutor sólido. Em sua capa metálica, podem ser montados acessórios
por soldagem ou brasagem e, quando necessário, sua seção pode ser reduzida ou alterada
em sua configuração.
• Resposta mais rápida
A pequena massa e a alta condutividade térmica do pó de óxido de magnésio
proporcionam ao termopar de isolação mineral um tempo de resposta que é virtualmente
igual ao de um termopar descoberto de dimensão equivalente.
• Resistência a corrosão
As bainhas podem se selecionadas para resistir ao ambiente corrosivo.
• Resistência de isolação elevada
O termopar de isolação mineral tem uma resistência de isolação elevada, numa vasta
gama de temperaturas, a qual pode ser mantida sob condições mais úmidas.
• Blindagem eletrostática
A bainha do termopar de isolação mineral, devidamente aterrada, oferece uma
perfeita blindagem eletrostática ao par termoelétrico.
47
Devido a estas características, esse sensor é padrão internacional para a medição de
temperatura na faixa de -270°C a 660°C, em seu modelo de laboratório.
48
3.2.8.3. Características do Termômetro de Resistência de Platina
Os termômetros de resistência Pt-100 (100Ω à 0°C) são as mais utilizadas
industrialmente, devido a sua grande estabilidade, larga faixa de utilização e alta
precisão. Devido à alta estabilidade dos termômetros de resistência de platina, as
mesmas são utilizadas como padrão de temperatura na faixa de -270°C a
660°C. A estabilidade é um fator de grande importância na indústria, devido a
capacidade do sensor manter e reproduzir suas características (resistência versus
temperatura) dentro da faixa especificada de operação.
Outro fator importante num sensor Pt 100 é a repetibilidade, que é a característica de
confiabilidade do termômetro de resistência. Repetibilidade deve ser medida com leitura de
temperaturas consecutivas, verificando-se a variação encontrada quando da medição
novamente na mesma temperatura.
O tempo de resposta é importante em aplicações onde a temperatura do meio,,em que
se realiza a medição, está sujeita a mudanças bruscas. Considera-se constante de tempo
como tempo necessário para o sensor reagir a uma mudança de temperatura e atingir 63,2
% da variação da temperatura.
Na montagem tipo isolação mineral, tem-se o sensor montado em um tubo metálico
com uma extremidade fechada, e preenchidos todos os espaços com óxido de magnésio,
permitindo uma boa troca térmica e protegendo o sensor de choques mecânicos. A ligação
do bulbo é feita com fios de cobre, prata ou níquel isolados entre si, sendo a extremidade
aberta selada com resina epóxi, vedando o sensor do ambiente em que vai atuar. Este tipo
de montagem permite a redução do diâmetro e apresenta rápida velocidade de resposta
(figura 3.31).
49
3.2.8.4. Princípio de Medição
Os termômetros de resistência são normalmente ligadas a um circuito de medição
tipo Ponte de Wheatstone, sendo que o circuito encontra-se balanceado quando é
respeitada a relação R4 . R2 = R3 . RI e, desta forma, não circula corrente pelo
detector de nulo, pois, se esta relação é verdadeira, os potenciais nos pontos A e
B são idênticos (figura 3.32).
50
Tal disposição resultará em erro na leitura da temperatura, a menos que haja algum
tipo de compensação ou ajuste dos fios do sensor, de modo a equilibrar esta diferença de
resistência.
Deve-se notar que, embora a resistência dos fios não se altere em função do tamanho
dos fios, uma vez já instalados, os mesmos estão sujeitos às variações da temperatura
ambiente, o que introduz uma outra possível fonte de erro na medição.
O método de ligação a dois fios somente deve ser usado quando o sensor estiver a
uma distância de, aproximadamente, 3 metros.
Concluindo, neste tipo de medição a 2 fios, sempre que a temperatura ambiente ao
longo dos fios de ligação variar, a leitura de temperatura do medidor introduzirá um erro,
devido à variação da resistência de linha.
• Ligação a 3 fios
Este é o método mais utilizado para termômetros de resistência na indústria. Neste
circuito, a configuração elétrica é um pouco diferente, fazendo com que a alimentação
fique o mais próximo possível do sensor, permitindo que a RL1 passe para o outro braço
da ponte, balanceando o circuito. Na ligação a 2 fios, as resistências de linha estavam em
série com o sensor e na ligação a 3 fios, elas estão separadas (figura 3.34).
51
temperaturas da ordem de 500°C, este começa a ficar visível, porque começa a emitir
radiações que têm uma fração apreciável com freqüência de luz: o espectro visível.
Ainda assim, a maior parte da intensidade da radiação tem freqüência localizada na
região do infravermelho.
Se pudéssemos aquecer indefinidamente o corpo, ele passaria do rubro para o branco
e para o azul. Isto indica que a predominância da intensidade de radiação emitida dentro do
espectro visível corresponde a freqüências crescentes, à medida que a temperatura do
corpo é elevada.
3.2.9.1. Pirômetros
• Princípio de funcionamento
A energia calorífica irradiada por um corpo é expressa tomando-se como referência um
corpo irradiante ideal denominado corpo negro. Este corpo ideal absorve toda a energia
que incide e irradia mais energia calorífica do que qualquer outro objeto com a mesma
área e temperatura.
Outro conceito importante no estudo da emissão calorífica é o comprimento de onda da
radiação. Esta grandeza determina a cor de um feixe luminoso visível. A unidade adotada
para o comprimento de onda é o micrometro (µm) que representa a milionésima parte do
metro.
A figura 3.35 mostra todo o espectro de radiações conhecidas em função das freqüências e
comprimentos de onda. Observe que o espectro de luz visível representa somente uma
pequena faixa do total (comprimento de onda de 0,38µm a 0,78µm).
52
uma pequena variação da temperatura, há uma variação muito maior na luminosidade, o
que fornece um meio natural para a determinação de temperaturas com boa precisão.
O pirômetro óptico é um instrumento com o qual a luminosidade desconhecida de um
objeto é medida comparando-a com a luminosidade conhecida de uma fonte padrão. Os
pirômetros utilizam dois métodos para comparação:
• Variando a intensidade da luz emitida por uma lâmpada padrão (corrente que passa
através do filamento) até atingir o mesmo brilho da fonte.
• Variando a luminosidade aparente do corpo quente através de dispositivos ópticos
enquanto uma corrente constante atravessa o filamento da lâmpada padrão que
permanece com brilho constante.
A comparação do brilho entre a fonte a ser medida e o filamento da lâmpada é feita
por um observador, o que faz com que essa medida dependa, portanto, da sensibilidade do
olho humano às diferenças no brilho entre duas fontes da mesma cor.
53
3.2.9.3. Pirômetros de Radiação
São instrumentos que operam essencialmente segundo a lei de Stefan-Boltzmann .
São os sistemas mais simples; neles a radiação é coletada por um arranjo óptico
fixo e dirigida a um detector do tipo termopilha (associação em série de
termopares vista na figura 3.37) ou do tipo semicondutor (nos mais modernos),
onde gera um sinal elétrico, no caso da termopilha, ou altera o sinal elétrico, no
caso do semicondutor.
54
Figura 3.38 – Desenho esquemático de um pirômetro de radiação
A apresentação dos resultados é normalmente feita através de mostradores analógicos
e digitais, podendo ainda ser impressa em papel ou gravada em fita magnética para
posterior análise. Alguns pirômetros de radiação são diretamente conectados com unidades
de controle ou registradores através de interface analógica/digital.
Os pirômetros de radiação são usados industrialmente onde:
• As temperaturas estão acima da faixa de operação prática dos termopares;
• A atmosfera do processo for prejudicial aos pares termoelétricos, causando medidas
falsas e pequena durabilidade ao par;
• No interior de fornalhas a vácuo ou pressão, onde os sensores de temperatura danificam
o produto;
• objeto cuja temperatura se vai medir está em movimento;
• Em locais onde os termopares não podem ser instalados, por causa de vibrações, choques
mecânicos ou impossibilidade de montagem.
Ao considerar-se uma aplicação, deve-se levar em conta os seguintes dados:
• A temperatura do alvo e a temperatura normal de operação;
• Sinal de saída é independente da distância do alvo, desde que o campo de visão do
sistema óptico esteja preenchido totalmente pelo mesmo;
• Material da fonte e sua emitância;
• Ângulos de visada com aplicações em corpo não negro (deve-se restringir o ângulo para
uma visada de 45°, ou menos, da perpendicular);
• As condições do ambiente, temperatura e poeira;
• Velocidade do alvo.
Os pirômetros de radiação operam numa faixa entre -30°C a 4000°C, respondendo
em 0,1 ou 0,2 segundos a 98% da mudança de temperatura com precisão de ± 1% da faixa
medida.
55
3.2.10. Medição de Temperatura Superficial
A medição de temperatura superficial é muito utilizada em usinas termoelétricas a
fim de proteger equipamentos como o tambor, coletores e tubos dos superaquecedores da
caldeira e a turbina.
A instalação do sensor (geralmente termopar) requer cuidados especiais para não
alterar a distribuição das temperaturas na superfície metálica em análise. Caso contrário a
temperatura medida será diferente da temperatura real da superfície.
Os principais fatores que afetam a precisão da medida são:
• Transferência de calor entre o transmissor e a superfície devido a condutividade térmica
do sensor;
• Transferência de calor para o meio ambiente;
• Modo de instalação do sensor.
A figura 3.39 mostra três modos de instalação, para medição de temperatura
superficial. O modo mais desfavorável é aquele mostrado em (a), pois existe uma grande
dissipação de calor na superfície do tubo. Para reduzir a influência dessa dissipação de
calor, pode-se aumentar a superfície de contato com o sensor através de uma placa
metálica fina com elevado coeficiente de condutividade térmica. Essa placa deverá ser
soldada a superfície (b). A quantidade de calor cedida é a mesma do modo anterior, mas o
calor transferido por cada ponto da superfície de contato diminui devido a maior área. Em
(c) está representada a melhor situação pois o calor transfere-se para uma extensão maior
do sensor, diminuindo a perda de calor na junção do termopar.
Recomenda-se que o comprimento do sensor em contato com a superfície seja de 150
a 200 vezes o seu diâmetro.
56
4. VAZÃO
vazão instantânea é dada por uma das unidades acima, dividida por uma unidade de tempo
(litros/min, m3 /hora, galões/min). No caso de gases e vapores, a vazão instantânea pode ser
expressa em kg/h ou em m3 /h. Quando se mede a vazão em unidades de volume, devem ser
especificadas as "condições-base" consideradas. Assim, no caso de líquidos, é importante
indicar que a vazão se considera "nas condições de operação", ou a 0°C, 20°C, ou a outra
temperatura qualquer. Na medição de gases, é comum indicar a vazão em Nm3 /h (normais
metros cúbicos por hora, ou seja, à temperatura de 0°C e à pressão atmosférica) ou em
SCFM (pés cúbicos standard por minuto - temperatura 60°F e 14,696 psia de pressão
atmosférica).
Vale dizer que:
1 m3 = 1000 litros 1 galão (americano) = 3,785 litros
1 pé cúbico = 0,0283168 m3 1 libra = 0,4536 kg
57
Figura 4.1 – Tipos de medidores de quantidade
58
Uma vantagem primordial dos medidores de vazão por ∆P é que os mesmos podem
ser aplicados a uma grande variedade de medições, envolvendo a maioria dos gases e
líquidos, inclusive fluidos com sólidos em suspensão, bem como fluidos viscosos, em uma
faixa de temperatura e pressão bastante ampla. Um inconveniente deste tipo de medidor é a
perda de carga que este causa ao processo, sendo a placa de orifício o dispositivo que
provoca a maior perda de carga "irrecuperável" (de 40 a 80% do ∆P gerado).
• Número de Reynolds
É o coeficiente que determina a não laminaridade do escoamento do fluído. Tal
coeficiente é expresso pela relação:
• Distribuição de velocidades
Nas medições de vazões na indústria, o regime de escoamento é turbulento na maioria dos
casos. O regime turbulento é caracterizado por um perfil de velocidades mais uniforme que
e perfil correspondente ao regime laminar.
• Viscosidade
A viscosidade é uma das mais importantes características dos fluidos, já que interfere
diretamente no regime de escoamento do mesmo.
• Equação da continuidade
Supondo um fluxo em regime permanente em uma tubulação, não haverá acumulação
de massa no volume compreendido entre as seções 1 e 2 (Figura 4.3 a seguir), pois, neste
caso, pelo menos a massa específica variaria, deixando de ser regime permanente.
• Principio de Bernoulli
Supondo um fluido perfeito (ideal), que não possui viscosidade, seu deslocamento
ocorre sem atrito e, portanto, sem perdas de energia, no entanto, a diferença de pressão
59
entre seções irá depender do peso específico e da diferença de altura entre seções
(inclinação da tubulação).
Z1 = Z2
P1, P2 = pressões estáticas medida medidas nas seções 1 e 2, em Pa.
δ = peso específico do fluído no trecho considerado, em N/m3.
g = aceleração da gravidade, em m/S2.
ϑ1, ϑ2 = velocidades médias do fluído nas seções 1 e 2, em m/s.
60
4.2.2.3 Instalação e Método de Medição de Vazão por ∆p
Na indústria, o método mais utilizado para medir vazão pelo princípio da pressão
diferencial variável é através da placa de orifício. Uma instalação típica de medição
por placa de orifício pode ser observada na figura 4.4.
61
Onde
Q = Vazão
k = Constante que depende de fatores como:
- Relação entre orifício e tubulação
- Características do fluido
∆P = Diferença entre as pressões a montante a jusante da placa de orifício.
É importante observar que o ∆P varia quadraticamente em função da vazão Q,
conforme ilustrado pela figura 4.6 e a tabela 4.1.
Vazão ∆P
0,0 0,0
50,0 25,0
70,7 50,0
86,6 75,0
100,0 100,0
62
Supondo o fluxograma mostrado na Figura 4.7, sabe-se que esta malha possui como
características: Vazão máxima de 10 m3 /h e o ∆P produzido com esta vazão é de 2500
mmH20. Como saber o sinal de saída do transmissor (FT) calibrado de 3 a 15 psi, quando a
3
vazão for 8 m /h ?
Figura 4.7 – Fluxograma de uma malha de vazão sem extração de raiz quadrada
Determinação do k:
Portanto:
Então:
63
Outro método de trabalho baseia-se no cálculo em porcentagem
p orcentagem adotando-se k
= 10.
Então:
8 m3 /h equivale a 80% da vazão.
Portanto:
Figura 4.8 – Fluxograma de uma malha de vazão com extrator de raiz quadrada
0 3 3 0
50 9 6 25
..... ..... ..... .....
100 15 15 100
64
Portanto:
Supondo que na entrada do extrator a pressão seja 10,68 psi, qual a pressão em sua saída?
65
É essencial que as bordas do orifício estejam sempre perfeitas, porque se ficarem
imprecisas ou corroídas pelo fluido, a precisão da medição será comprometida.
Costumeiramente, é fabricada em aço inox, monel, latão, etc., dependendo do fluido.
VANTAGENS DESVANTAGENS
Instalação fácil Alta perda de carga
Econômica Baixa Rangeabilidade
Construção simples
Manutenção e troca simples
• Orifício concêntrico
Este tipo de placa é utilizado para líquidos, gases e vapor que não contenham sólidos
em suspensão.
• Orifício excêntrico
Utilizado quando o fluido possue sólidos em suspensão, os quais possam ser retidos e
acumulados na base da placa, sendo o orifício posicionado na parte de baixo do tubo.
• Orifício segmental
Esta placa tem a abertura para passagem de fluido, disposta em forma de segmento de
círculo. É destinada para uso em fluidos laminados e com alta porcentagem de sólidos em
suspensão
66
Figura 4.11 – Orifício bordo quadrado e arredondado
67
4.2.2.4.3. Tipos de Tomada de Impulso
A tabela 4.3 mostra a relação entre tomadas de impulso para medição de vazão com
placas de orifício.
Tomadas
Flange em 1” 1”
Taps flanges
Tomadas
Radius aDeD 1D D
Taps 2 2
Tomadas
Córner de Junto Junto
Taps canto
Pipe Tomadas a
Taps 2 1 D e 8D 21D 8D
2 2
68
Figura 4.12 – Diferentes betas (β)
• Tomadas na vena contracta (D e D/2) : usadas em tubulações de 2" a 30" com Ne entre
8000 e 400000 para β entre 0,15 e 0,75.
• Tomadas de canto : são construídas no próprio flange e seu uso principal é em tubulações
menores que 2", tendo como desvantagem a grande possibilidade de entupimento.
• Tomadas de tubulação : possuem o menor diferencial de pressão entre todas tomadas e
perdem muita precisão devido à rugosidade do tubo.
69
O propósito do tubo de Venturi é acelerar o fluido e temporariamente baixar sua
pressão estática. A recuperação de pressão é bastante eficiente, como pode ser visto na
Figura 4.13, sendo seu uso recomendado quando se deseja um maior restabelecimento de
pressão e quando o fluido medido carrega sólidos em suspensão. O Venturi produz um
diferencial menor que uma placa de orifício para uma mesma vazão e diâmetro igual à sua
garganta.
Em geral, utilizam-se quatro furos espaçados de 90° em torno do tubo para fazer a
tomada de pressão. Eles são interligados por meio de um anel, chamado anel piezométrico,
que é destinado a obter a média das pressões em torno do ponto de medição. Na figura 4.14
podem ser vistos detalhes de construção de um tubo de Venturi.
70
4.2.2.6. Bocal
O bocal de vazão (Flow nozzle) é, em muitos aspectos, um meio termo entre
a placa de orificio e o tubo Venturi. O perfil dos bocais de vazão permite sua
aplicação em serviços onde o fluido é abrasivo e corrosivo. O perfil de entrada é
projetado de forma a guiar a veia fluida até atingir a seção mais estrangulada do
elemento de medição, seguindo uma curva elíptica (projeto ASME) ou
pseudoelíptica (projeto ISA). Seu principal uso é em medição de vapor com alta
velocidade, recomendado para tubulações com diâmetro maior que 50 mm.
71
4.2.2.7. Tubo Pitot
É um dispositivo para medição de vazão através da velocidade detectada em um
ponto da tubulação. O tubo de Pitot é um tubo com duas aberturas em sua
extremidade, isoladas entre si, sendo que uma está colocada na direção da corrente
fluida de um duto e a outra normalmente em oposição (90° ou 180°). A diferença da
pressão total e a pressão estática da linha nos dá a pressão dinâmica (figura 4.16), a
qual é proporcional ao quadrado da velocidade.
Onde:
Pd = pressão total - pressão estática
γ = peso específico do fluido
V = velocidade do fluido no ponto de medição
g = aceleração da gravidade
Ao se determinar a velocidade de um fluido em um duto, sabe-se que, ao centro
deste, a velocidade é máxima e, para saber a velocidade média, é necessário usar um fator
"k", o qual é determinado em função do N° de Reynolds e rugosidade da tubulação. Então:
72
Na prática o fator "k" é descoberto, mantendo-se a vazão constante e medindo-se a
velocidade em 10 pontos e, em seguida, calcula-se a média das 10 velocidades e divide-se
pela velocidade máxima.
A parte de alta pressão do sinal de ∆P é produzida pelo impacto do fluido nos furos
do sensor (figura 4.18). O fluido, então, separa-se em torno do sensor Annubar, e uma zona
de baixa pressão (abaixo da pressão estática no tubo) é criada devido ao formato do sensor.
O lado de baixa pressão do sinal de ∆P é sentido pelos furos à jusante do Annubar e é
medido na câmara da jusante.
73
Figura 4.18 – Câmaras de pressão do medidor tipo Annubar
A diferença de pressão é proporcional à raiz quadrada da vazão, assim como os medidores
anteriores.
Onde:
Q = vazão
k = constante
PA = pressão absoluta, bar
TA = temperatura absoluta, Kelvin
∆P = pressão diferencial, bar
A Figura 81 mostra um exemplo de malha para este tipo de aplicação.
74
Figura 4.19 – Malha de vazão com compensação de temperatura e pressão
4.2.3.1. Rotâmetros
Rotâmetros são medidores de vazão por área variável, nos quais um flutuador varia
sua posição dentro de um tubo cônico, proporcionalmente à vazão do fluido.
Basicamente, um rotâmetro consiste de duas partes:
• Um tubo de vidro de formato cônico, o qual é colocado verticalmente na tubulação em
que passará o fluido cuja vazão queremos medir. A extremidade maior do tubo cônico
ficará voltada para cima.
• No interior do tubo cônico, teremos um flutuador que se moverá verticalmente em função
da vazão medida.
75
A figura 4.20 mostra detalhes de um rotâmetro típico.
76
• Esférico (1) - Para baixas vazões e muita incerteza; sofre uma influência considerável da
viscosidade do fluido.
• Cilindro com Bordo Plano (2) - Para vazões médias e elevadas; Sofre uma influência
média da viscosidade do fluido.
• Cilindro com Bordo Saliente de Face Inclinada para o Fluxo (3) - Sofre menor
influência da viscosidade do fluido.
• Cilindro com Bordo Saliente contra o Fluxo (4) - Sofre a mínima influência da
viscosidade do fluido.
MATERIAIS
Inox 316 Alumínio Bronze
Durimet Hastelloy B Hastelloy C
Monel Níquel Tântalo
Teflon Inox 303 Titânio
77
equivalente a de um trecho reto de tubulação, já que não possui qualquer
obstrução. É virtualmente insensível à densidade e à viscosidade do fluido de
medição.
Medidores magnéticos são, portanto, ideais para medição de produtos químicos
altamente corrosivos, fluidos com sólidos em suspensão, lama, água, polpa de papel. Sua
aplicação estende-se desde saneamento até indústrias químicas, papel e celulose,
mineração e indústrias alimentícias. A única restrição, em princípio, é que o fluido tem que
ser eletricamente condutivo. Tem, ainda, como limitação, o fato de fluidos com
propriedades magnéticas adicionarem um certo erro de medição.
4.2.4.1.1. Aplicação
O medidor eletromagnético é um elemento primário de vazão volumétrica,
independente da densidade e das propriedades do fluido. Este medidor não
possui obstrução, portanto, apresenta uma perda de carga equivalente a um
trecho reto de tubulação. Para medição de líquidos limpos com baixa
viscosidade, o medidor eletromagnético é uma opção. Se o líquido de medição
tiver partículas sólidas e abrasivas, como polpa de mineração ou papel, ele é
praticamente a única alternativa.
Já que o mesmo possui como partes úmidas apenas os eletrodos e o revestimento, é
possível, através de uma seleção cuidadosa destes elementos, medir fluidos altamente
corrosivos como ácidos e bases. É possível, por exemplo, a medição de ácido fluorídrico
selecionando-se eletrodos de platina e revestimento de teflon. Outro fluido, particularmente
adequado para medição por essa técnica, é o da indústria alimentícia. Como o sistema de
vedação dos eletrodos não possui reentrâncias, as aprovações para uso sanitário são
facilmente obtidas.
78
Figura 4.22 – Medidor eletromagnético de vazão
A figura 4.23 mostra detalhes de construção de um medidor magnético de vazão.
79
Eletrodos são dois condutores instalados na parede do tubo para receber a tensão
induzida no fluido. Existem vários materiais de fabricação, tais como: aço inox, monel,
hastelloy, platina e outros que dependem do tipo de fluido a ser medido.
• Tubo detector
O tubo do medidor não pode ser de material ferromagnético, tal como aço ou níquel,
pois os mesmos causam distúrbios no campo eletromagnético. Na prática, o aço inox é o
mais usado.
• Influência da condutividade
A influência da condutividade nos medidores de vazão deve ser sempre considerada,
pois ela depende de determinadas combinações entre o elemento primário e o secundário.
Não há problema de influência de condutividade do fluido sobre a precisão da medição,
desde que seja superior aos limites recomendados, porém, se decai do valor de projeto,
ocasiona um erro considerável na indicação.
80
Como visto acima, a freqüência de saída do sensor é proporcional à vazão, de
forma que é possível, para cada turbina, fazer o levantamento do coeficiente de
vazão k, que é o parâmetro de calibração da turbina, expresso em ciclos
(pulsos) por unidade de volume.
Numa turbina ideal, este valor k seria uma constante independente da viscosidade do
fluido medido. Observa-se, entretanto, que, à medida que a viscosidade aumenta, o fator k
deixa de ser uma constante e passa a ser uma função da viscosidade e da freqüência de
saída da turbina. Abaixo de 2 cSt (centi Stokes) de viscosidade, o coeficiente k é
aproximadamente constante para freqüências de saída acima de 50 Hz .
81
Figura 4.26 – Instrumentos receptores que controlam bateladas
82
As duas maiores questões referentes ao desenvolvimento prático de um medidor de
vazão, baseado no princípio vortex, são:
• A criação de um obstáculo gerador de vótices (vortex shedder) que possa gerar vórtices
regulares e de parâmetros totalmente estabilizados (Isto determinará a precisão do
medidor).
• O projeto de um sensor e respectivo sistema eletrônico para detectar e medir a freqüência
dos vórtices (Isto determinará os limites para as condições de operação do medidor).
• Vortex shedder – numerosos tipos de vortex shedder, com diferentes formas, foram
sistematicamente testados e comparados em diversos fabricantes e centros de pesquisa
(Um shedder com formato trapezoidal foi o que obteve um desempenho considerado
ótimo).
83
Ao contrário dos instrumentos anteriores, estes instrumentos não são adequados para
medir vazão de fluidos que contém partículas. Para que a medição seja possível, os
medidores de tempo de trânsito devem medir vazão de fluidos relativamente limpos.
Nestes medidores (Figura 4.29), um transdutor-emissor-receptor de ultra-sons é
fixado à parede externa do tubo, ao longo de duas geratrizes diametralmente opostas.
O eixo que reúne os emissores-receptores formam com o eixo da tubulação um
ângulo α.
Os transdutores transmitem e recebem alternadamente um trem de ondas ultra-
sônicas de duração pequena, ou seja, os pulsos saem de ambos os transdutores ao mesmo
tempo, mas podem chegar com um tempo diferente caso haja vazão.
84
5. NÍVEL
5.1. INTRODUÇÃO
Nível é a altura do conteúdo de um reservatório que pode ser sólido ou líquido. Trata-
se de uma das principais variáveis utilizadas em controle de processos contínuos, pois
através de sua medição torna-se possível:
• Avaliar o volume estocado de materiais em tanques de armazenamento.
• Balanço de materiais de processos contínuos onde existam volumes líquidos ou sólidos
de acumulação temporária, reações, mistura, etc.
• Segurança e controle de alguns processos onde o nível do produto não pode ultrapassar
determinados limites.
85
A determinação do nível se efetuará através da leitura direta do comprimento
molhado na régua pelo líquido.
86
Os visores de caldeira compõem-se de várias seções, cada uma contendo como
elemento visível em vidro temperado com formato cilíndrico.
A figura 5.3 ilustra um visor de nível em tanque fechado.
87
5.2.1.5. Tipo Bóia com Medição Contínua
A bóia pode ser usada para medir continuamente o nível do líquido. A figura 5.6
mostra um medidor contínuo de nível. A bóia está acoplada a um imã permanente que,
através do acoplamento magnético, aciona o ponteiro do indicador de nível.
88
5.2.2. Medição de Nível Indireta
Neste tipo de medição o nível é medido indiretamente em função de grandezas
físicas como: pressão, empuxo, radiação e propriedades elétricas.
89
A pressão diferencial medida é uma indicação correta do nível do líquido no interior
do tanque, somente se a densidade do fluido do processo permanecer constante.
Nas caldeiras modernas de elevada capacidade com tambor, a informação do medidor
de pressão diferencial é corrigida por um sinal proporcional a massa específica dos fluidos
no interior do tambor. Esse fator de correção é normalmente derivado de um medidor de
pressão do tambor.
• Supressão de Zero
Para maior facilidade de manutenção e acesso ao instrumento, muitas vezes o
transmissor é instalado abaixo do tanque. Outras vezes a falta de plataforma fixadora em
torno de um tanque elevado resulta na instalação de um instrumento em um plano situado
em nível inferior à tomada de alta pressão.
Em ambos os casos, uma coluna líquida se formará com a altura do líquido dentro da
tomada de impulso e se o problema não for contornado, o transmissor indicaria um nível
superior ao real. A figura 5.10 ilustra este tipo de montagem.
• Elevação de Zero
Quando o fluído do processo possuir alta viscosidade, ou quando o fluído se
condensa nas tubulações de impulso, ou ainda no caso do fluído ser corrosivo, devemos
utilizar um sistema de selagem nas tubulações de impulso das câmaras de baixa e alta
pressão do transmissor de nível. Selam-se então ambas as tubulações de impulso, bem
como as câmaras do instrumento.
A figura 5.11 apresenta um sistema de medição de nível com selagem, no qual deve
ser feita a elevação de zero, que consiste em anular-se a pressão da coluna líquida na
tubulação de impulso da câmara de baixa pressão do transmissor de nível.
90
Figura 5.11 – Medição de nível com elevação de zero
91
5.2.2.4. Medição de Nível por Empuxo
Baseia-se no princípio de Arquimedes: “Todo o corpo mergulhado em um fluido
sofre a ação de uma força vertical dirigida de baixo para cima igual ao peso do volume do
fluído deslocado”.
A esta força exercida pelo fluído do corpo nele submerso ou flutuante chamamos de
empuxo.
Onde:
E = empuxo
V = volume deslocado
δ = densidade ou peso específico do líquido
Baseado no princípio de Arquimedes usa-se um deslocador que sofre o empuxo do
nível de um líquido, transmitindo para um indicador este movimento, por meio de um tubo
de torque.
Os medidores com deslocador, apesar de ser do tipo indireto, têm funcionamento
similar ao tipo bóia. A única diferença é que o deslocador, por ser mais pesado, fica imerso
no líquido. O nível somente altera a força ascendente produzida pelo empuxo, que é
proporcional ao volume imerso do deslocador. Conseqüentemente, o movimento do
flutuador é bem inferior ao deslocamento sofrido pela bóia, sendo necessário uma
adequada amplificação.
O medidor deve ter um dispositivo de ajuste para densidade do líquido cujo nível
estamos medindo, pois o empuxo varia com a densidade.
A figura 5.12 ilustra um medidor do tipo empuxo. Observa-se que a mola suporta o
peso do deslocador. O nível do líquido altera somente o empuxo provocado no deslocador.
O movimento do deslocador é transmitido para o exterior através de um acoplamento
magnético. Um sistema bico-palheta (ou a variação de resistência de um resistor variável)
permite a amplificação e transmissão pneumática (ou eletrônica) do sinal obtido.
92
5.2.2.5. Medição de Nível por Radiação
Os medidores que utilizam radiações nucleares se distinguem pelo fato de serem
completamente isentos do contato com os produtos que estão sendo medidos. Além disso,
dispensam sondas ou outras técnicas que mantém contato com sólidos ou líquidos tornando
possível, em qualquer momento, realizar a manutenção desses medidores, sem a
interferência ou mesmo a paralisação do processo.
Dessa forma os medidores que utilizam radiações podem ser usados para indicação e
controle de materiais de manuseio extremamente difícil: corrosivos, abrasivos, muito
quentes, sob pressões elevadas ou de alta viscosidade.
O sistema de medição por raios gamas consiste em uma emissão de raios gamas
montado verticalmente na lateral do tanque do outro lado do tanque teremos um câmara de
ionização que transforma a radiação Gama recebida em um sinal elétrico de corrente
contínua (ver figura 5.13). Como a transmissão dos raios é inversamente proporcional a
altura do líquido do tanque, a radiação captada pelo receptor é inversamente proporcional
ao nível do líquido do tanque, já que o material bloquearia parte da energia emitida.
A seleção do tipo de material radioativo a ser usado depende de análise técnica-
econômica. Como regra geral, pode-se dizer que o rádio deve ser usado quando a fonte
radioativa necessária for pequena. Para fontes maiores, deve-se utilizar o césio 137 por
apresentar um custo muito menor que o rádio. O cobalto 60 deve ser utilizado quando um
elevado poder de penetração for requerido.
Uma outra consideração é que os materiais radioativos perdem a potência com o
tempo. A conseqüência natural dessa propriedade é que as fontes radioativas devem ser
recalibradas periodicamente.
Devido aos efeitos maléficos provocados pelas radiações gama no corpo humano
(câncer, esterilidade, etc.), qualquer instalação de sondas radioativas para detecção de nível
deverá ser precedida de um estudo para se determinar a dosagem de radiação a que ficará
sujeito o pessoal trabalhando próximo a instalação.
93
5.2.2.6. Medição de Nível por Capacitância
A capacitância é uma grandeza elétrica que existe entre 2 superfícies condutoras
isoladas entre si.
Um capacitor consiste de dois condutores isolados por um material isolante. Os
condutores são denominados placas, enquanto o material isolante é o dielétrico. Um
capacitor pode armazenar cargas elétricas. Se um capacitor for conectado a uma pilha
(Figura 5.14), os elétrons da placa 2 são atraídos para o pólo positivo da pilha, enquanto
que os elétrons são repelidos para a placa 1 devido ao pólo negativo da pilha. O fluxo de
elétrons permanece até que a voltagem entre as placas do capacitor iguale a voltagem da
pilha. Quanto maior for o capacitor, maior será o fluxo de elétrons.necessário para carregá-
lo. Se ao invés de uma pilha for aplicada uma fonte de corrente alternada, o fluxo de
corrente através do capacitor será diretamente proporcional ao seu tamanho.
94
A medição de nível por capacitância também pode ser feita sem contato, através de
sondas de proximidade . A sonda consiste de um disco compondo uma das placas do
capacitor. A outra placa é a própria superfície do produto ou a base do tanque.
O tamanho de um capacitor é determinado pela sua capacitância em farads (F). Um
capacitor de 1F armazena uma carga de 1 coulomb quando submetido a uma pilha de 1
volt. A capacitância está relacionada às dimensões físicas do capacitor bem como a seu
dielétrico. O dielétrico é definido pela constante dielétrica do material que o compõe:
Vácuo = 1 Água = 40
Teflon = 2 Iodo = 118
A figura 5.16 mostra uma sonda capacitiva de proximidade; a medição é feita sem
contato com o material de processo. A variação de nível altera a capacitância entre a placa
sensora e a superfície do material. O instrumento pode agir como uma chave de nível ou
um medidor contínuo.
95
5.2.2.7. Medição de Nível por Ultra-Som
O ultra-som é uma onda sonora, cuja freqüência de oscilação é maior que aquela
sensível pelo ouvido humano (20 a 50Khz).
A geração ocorre quando uma força externa excita as moléculas de um meio elástico.
Esta excitação é transferida de molécula a molécula do meio, com uma velocidade que
depende da elasticidade e inércia das moléculas. A propagação do ultra-som depende,
portanto, do meio (sólido, líquido ou gasoso). Assim sendo, a velocidade do som é a base
para a medição através da técnica de eco, usada nos dispositivos ultra-sônicos.
As ondas de ultra-som são geradas e captadas pela excitação elétrica de materiais
piezoelétricos. A característica marcante dos materiais piezoelétricos é a produção de uma
freqüência quando aplicamos uma tensão elétrica. Assim sendo, eles podem ser usados
como gerador de ultra-som, compondo, portanto, os transmissores.
Inversamente, quando se aplica uma força em uma material piezoelétrico, ou seja,
quando ele recebe um sinal de freqüência, resulta o aparecimento de uma tensão elétrica no
seu terminal. Nesta modalidade, o material piezoelétrico é usado como receptor do ultra-
som.
Os dispositivos do tipo ultra-sônico podem ser usados, tanto na detecção contínua de
nível, como na descontínua. A figura 5.17 mostra várias alternativas de instalação de
medidores descontínuos de nível por ultra-som.
96
Figura 5.18 - Instalação de medidores de nível contínuos por ultra-som
97
6. MEDIÇÃO ANALÍTICA
6.1. INTRODUÇÃO
Os instrumentos de medição analítica determinam a composição quantitativa de um
determinado componente dentro de uma substância multicomponente. Serão discutidos a
seguir alguns tipos de analisadores comumente utilizados em plantas industriais.
98
de KOH a 50%. Cada ml desta solução pode absorver até 2,3ml de 02. Observa-se
que essa solução também absorve C02.
• CÓ: solução alcalina de cloreto cuproso. Essa solução também absorve 02.
99
• Baixar o frasco 6 além da marca zero da escala. A pressão no interior da bureta 1 é
equalizada com a pressão atmosférica. O nível do líquido na bureta 1 estabiliza abaixo da
marca zero da escala.
• Fechar a válvula de 3 posições 12 . Esperar um determinado tempo até que o gás de
amostra esfrie no interior da bureta 1.
• Elevar um pouco o frasco 6 até que o nível do líquido no interior da bureta 1 estabilize
na marca zero da escala. Se for necessário, abrir momentaneamente a válvula de 3
posições 12 para expulsar o excesso de gás de amostra.
• Fechar a válvula de 3 posições 12 .
• Determinar o conteúdo de C02: Abrir a válvula 7 do vaso de absorção e levantar
lentamente o frasco 6 até que o nível do líquido da bureta 1 alcance a marca superior de
final de escala traçada no tubo capilar.
- Baixar o frasco 6 até que o reagente do vaso de absorção alcance a marca de
controle traçada abaixo da válvula 7 .
- Repetir as 2 últimas operações cerca de 4 a 5 vezes.
- Baixar o frasco 6 até que o reagente alcance a marca de controle. Fechar o válvula
7 .
- Deslocar verticalmente o frasco 6 até que o nível do seu líquido iguale com o
nível do líquido no interior da bureta 1.
- Ler na escala da bureta 1 a redução de volume correspondente a absorção do
reagente. Essa redução corresponde ao conteúdo de C02 na amostra gasosa
original.
- Repetir as mesmas operações com relação ao vaso de absorção de oxigênio
(válvula 8). A reação de absorção do ácido pirogálico é lenta e por isso, é
necessário repetir a operação de absorção no vaso de 6 a 7 vezes.
• Para determinar o conteúdo de CO as operações acima deverão ser repetidas. É
necessário salientar que o reagente absorvedor de CO se satura rapidamente e, às vezes,
os resultados obtidos não são corretos.
100
λ . 104 em W. m . K-1
Gás Temperatura em °C λ100 β . 104
k-1
0 100 200 300 400 500 600
Ar 244 321 393 461 521 574 623 1,0 29
Nitrogênio (N 2) 243 315 385 449 506 558 603 0,98 28
Hidrogênio (H 2) 1721 2197 2640 3070 3477 3873 4268 6,84 27
Bióxido de Carbono (CO 2) 146 228 309 391 472 549 621 0,71 48
Bióxido de Enxofre (SO 2) 84 123 166 212 258 306 358 0,38 -
Oxigênio (O2) 247 329 407 480 550 615 674 1,02 28
Metano (CH4) 307 465 635 823 1020 1221 1442 1,45 48
Óxido de Carbono (CO) 233 301 365 426 485 531 597 0,94 28
Vapor de Água (H 2O) 170 250 333 424 546 667 818 0,78 -
Argônio (Ar) 165 212 257 299 340 379 394 0.66 30
Hélio (He) 1431 1791 2128 2442 2756 3047 3326 5,56 18
Cloro (Cl2) 79 - - - - - - - -
Tabela 1 – Características de condutividade térmica de alguns gases
Conforme visto na tabela 1, a condutividade térmica de diversos gases se aproximam
da condutividade térmica do ar para temperaturas elevadas. Por exemplo, a 600°C as
condutividades térmicas do ar e CO2 são aproximadamente iguais (623 e 621
respectivamente). Portanto, é importante a escolha da temperatura da amostra gasosa a ser
introduzida no analisador.
Os produtos da combustão, em geral, contém N2, 02, C0, CO2, CH4, H2, SO2 e vapor
d'água. As condutividades térmicas do N2, CO e O2 são praticamente iguais para
temperaturas próximas a 100°C. Conseqüentemente, a determinação do conteúdo de C02
através de analisadores termocondutivímetros produz resultados bastante precisos. A
quantidade de metano CH4 é insignificante nos gases de combustão e não introduz
problemas na medição. Contudo, a presença de hidrogênio conduz a uma redução
considerável no resultado obtido devido a sua elevada condutividade térmica. Por isso, ao
determinar o conteúdo de C02 nos produtos da combustão que contém hidrogênio, é
necessário preliminarmente eliminá-lo queimando em um forno especial. Neste caso, o
resultado do conteúdo de C02 será exagerado devido a queima do C0. O gás sulforoso (S02)
deve também ser eliminado, pois influência o resultado da análise. O vapor d'água pode ser
eliminado passando-se a mistura gasosa através de um refrigerador.
A figura 6.2 mostra o circuito elétrico de um analisador termocondutivimétrico
destinado a determinar o conteúdo de C02 ou H2.
101
O filamento sensível sujeito à ação da mistura gasosa é R2, geralmente fabricado com
fio de platina e com uma resistência elétrica de cerca de 10Ω. Este filamento é montado
dentro da câmara de medição sujeita a mistura gasosa. O outro filamento R3 denominado
de comparação, é fabricado também com fio de platina e tem a mesma resistência ôhmica
de R2. Não está sujeito a mistura gasosa, pois é instalado dentro de câmaras
hermeticamente seladas e preenchidas com o gás de referência. Para a determinação do
conteúdo de C02, o gás de referência é o próprio ar. Os filamentos R1 e R 4 são fabricados
com fio cuja resistência ôhmica praticamente independe da temperatura (manganina, por
exemplo) e completa o outro braço do circuito. Suas resistências ôhmicas tem os mesmos
valores de R2 e R3.
O circuito é alimentado pela fonte de alimentação estabilizada (FAE). Os resistores
Rad e R0 permitem efetuar a calibração do analisador.
Quando o filamento sensível R2 é atravessado pela mistura gasosa, as condições da
transferência de calor do filamento sensível R2 para as paredes da câmara de medição
diminuem devido a menor condutividade térmica do C02 presente na mistura gasosa, com
relação ao gás de referência (ar). Conseqüentemente, sobe a temperatura do filamento
sensível R2 aumentando o valor de sua resistência ôhmica. A variação de R2 faz surgir
entre os extremos do circuito uma tensão (mV) que será função da resistência ôhmica de
R2 e, por conseguinte, do conteúdo, em volume, do C02 na mistura gasosa.
Limite da faixa de medição: a alteração da indicação é de ± 25% para 10°C de
variação na temperatura ambiente (5 a 50°C).
Se o mesmo analisador for destinado a medir o conteúdo de H2 no gás de refrigeração
de um alternador com uma escala de 80 - 100% de H2 no ar, o filamento de referência R3
deverá estar selado com uma mistura gasosa de 80% de H2 e 20% de ar. A transferência de
calor do filamento sensível R2 para as paredes da câmara de medição melhorará com o
aumento do conteúdo de H2, diminuindo a resistência do filamento.
O bloco do analisador onde estão instaladas as câmaras de medição é fabricado em
estrutura metálica maciça com material de elevada condutividade térmica (latão, aço
inoxidável, etc). As paredes das câmara.s de medição e comparação devem estar a mesma
temperatura.
Normalmente, os filamentos sensíveis são instalados dentro de ampolas de vidro
abertas. Os filamentos de comparação são montados dentro de ampolas de vidro seladas
preenchidas com o gás de referência.
Todos os filamentos são montados nas câmaras de medição na direção vertical. O gás
de amostra passa por um canal horizontal ortogonal a câmara de medição. O filamento
sensível e banhado pelo gás de amostra através de difusão para que as indicações obtidas
sejam relativamente independentes do fluxo do gás de amostra. A figura 6.3 ilustra a
instalação do filamento em uma câmara de medição.
102
A figura 6.4 mostra dois tipos modernos de analisadores de gás termocondutivimétricos.
(1) (2)
Figura 6.4 - (1) Analisadores de CO2 em argônio e (2) O2 em argônio
103
misturado com uma vazão constante de hidrogênio para formar uma mistura inflamável.
Essa mistura entra na câmara de medição onde existem dois filamentos: o da medição que
fica exposto á mistura e o filamento de referência onde a mistura entra através de um
pequeno orifício. Em ambos os filamentos ocorre a combustão da mistura, mas a
intensidade é maior no filamento de medição pois este está sujeito a uma vazão muito
maior de gás. Quanto maior for a concentração de oxigênio na mistura, maior será a
intensidade da combustão e conseqüentemente maior a temperatura do filamento de
medição. A variação da temperatura do filamento pode ser detectada através de um circuito
em ponte, fornecendo uma medição do percentual de oxigênio na mistura. O filamento de
referência tem a função de compensar as variações de grandezas físicas que ocorrerem no
gás de amostra como: condutividade térmica, calor específico, etc. Após a combustão, os
gases resultantes são exauridos para a atmosfera através de um tubo de descarga. Para
evitar que a temperatura da amostra possa influenciar a medição obtida, o bloco do
analisador é mantido a uma temperatura constante através de um conjunto resistor--
termostato.
104
O efeito paramagnético do oxigênio diminui com o aumento da temperatura do gás.
A figura 6.6 ilustra a célula de medição de um analisador da Hartman & Braun.
A célula é subdividida em duas câmaras: de medição e de referência. Um filamento
espiralado com a forma circular é montado horizontalmente em cada câmara. Os pólos de
um imã permanente produzem um forte campo magnético não-uniforme somente sobre a
câmara de medição. O oxigênio contido no gás de amostra entra na câmara de medição e é
atraído pelo campo magnético do imã. Ao se aproximar do filamento aquecido, o gás eleva
sua temperatura e, conseqüentemente, diminui a sua característica paramagnética. Portanto,
há uma diminuição da força de atração nas moléculas de oxigênio vizinhas ao filamento de
medição em relação as moléculas mais frias distantes.
O campo magnético tende a atrair as moléculas frias de oxigênio para a área
adjacente ao filamento enquanto que as moléculas já aquecidas são repelidas para longe.
Assim, um fluxo contínuo de moléculas de O2 em direção ao filamento de medição é
estabelecido. Esse fluxo, gerado por forças magnéticas, é definido como "vento
magnético ". A velocidade das moléculas é proporcional a porcentagem de oxigênio no gás
de amostra. O vento magnético tende a esfriar o filamento de medição devido ao
movimento das moléculas frias de oxigênio e a sua temperatura depende da velocidade (ou
porcentual de O2 no gás) das moléculas. A alteração da temperatura do filamento de
medição produz a variação da sua resistência que pode ser medida através de um circuito
em ponte.
105
Um segundo filamento, denominado de referência, é montado em outra câmara
adjacente a câmara de medição. Como a câmara de referência não é dotada de imã
permanente, o movimento das moléculas do gás em direção ao filamento de referência é
resultante somente da difusão e convecção térmica. O analisador termomagnético sofre a
influência das seguintes variáveis:
• Temperatura ambiente: a temperatura do bloco de medição é controlada
termostaticamente (usualmente em 50°C).
• Pressão barométrica: o resultado da ponte de medição é afetado pela densidade do
gás e, portanto, pela pressão absoluta vigente. A característica paramagnética do
oxigênio varia com o quadrado da pressão absoluta da amostra.
• Composição do gás de amostra.
• Inclinação da célula de medição: uma inclinação de até 10° em relação a horizontal
não produz efeitos mensuráveis na medição.
106
depende da relação entre as pressões parciais do oxigênio nos dois gases. A pressão parcial
do oxigênio no gás depende da concentração volumétrica do oxigênio no mesmo gás.
As superfícies externa e interna do tubo são revestidas com platina e servem de
eletrodos para a detecção da diferença de potencial produzida. As reações ocorridas nesses
eletrodos podem ser expressas por:
no anodo: O2 + 4e → 2 (0--)
no catodo: 2(0--) → O2 + 4e
As moléculas de oxigênio no anodo (superfície de maior concentração de oxigênio)
ganham elétrons e tornam-se íons. Simultaneamente, moléculas de oxigênio são formadas,
por um processo inverso, no catodo (superfície de menor concentração de oxigênio). Esta
diferença de potencial resultante é proporcional, também, a temperatura da célula. Esse
fato exige um controle preciso da temperatura de todo o bloco de medição.
Devido à elevada temperatura de operação do elemento sensor, qualquer componente
combustível presente no gás de amostra será oxidado. Conseqüentemente, diminuirá a
pressão parcial do oxigênio no gás de amostra acarretando um erro na medição.
107
em finas camadas. Neste cartucho o oxigênio dissolvido se combina com o tálio metálico
formando o hidróxido de tálio monovalente segundo a reação abaixo:
108
O eletrodo de referência tem a função de manter constante o potencial do eletrodo de
medição. Consiste de um eletrodo de talamida que faz contato com a amostra através de
um diafragma e uma solução de KCI.
Um sensor de temperatura da amostra compensa a informação da célula para
variações de temperatura.
109
O eletrolizador E1 cheio de potassa cáustica (KOH) é utilizado para obter oxigênio
puro que é constantemente alimentado à coluna CR. Esta coluna recebe constantemente a
amostra de condensado proveniente da coluna CP, que mantém uma pressão constante na
entrada do orifício D. Como a dimensão do orifício D é constante, o fluxo de condensado
alimentado à coluna CR é também uniforme e constante.
Na coluna CR o condensado entra em contato com o oxigênio puro e desprende
hidrogênio até alcançar o estado de equilíbrio. Para melhorar o contato, a coluna CR é
dotada de um filamento espiral de níquel.
A mistura gasosa composta de oxigênio e hidrogênio atinge o filamento sensível R4
fabricado com fio de platina coberto com vidro. O outro filamento de comparação R3 é
selado em uma ampola de vidro preenchida com oxigênio (o gás de referência) e não fica
exposta à mistura gasosa.
Como a condutividade térmica da mistura gasosa, devido ao hidrogênio, é maior que
o gás de referência (oxigênio), a temperatura do filamento sensível R4 diminui e o mesmo
acontece com o valor de sua resistência ôhmica. Surge, então, uma tensão de desequilíbrio
no circuito em ponte, que é proporcional ao conteúdo do hidrogênio na mistura gasosa da
coluna CR..
A faixa de medição do conteúdo de hidrogênio dissolvido dos analisadores descritos
acima é de 0-20 mg/l e o limite de erro é de ±5%.
110
Figura 6.11 – Sistema de amostragem de gás para análise
6.2.9. Medidores de Ph
A medição de pH permite determinar o grau de acidez ou alcalinidade de uma
solução. O valor do pH é importante em muitas aplicações industriais como por exemplo:
para controle da corrosão da água de caldeiras.
A água apresenta continuamente íons hidrogênio (H+) e íons hidroxila (OH-)
dissociados:
H2 0 H+ + OH-
As concentrações de íons hidrogênio e íons hidroxila são iguais a 10-7 (íons-grama/1) a
25°C.
[H+] = [OH-] = 10-7
O produto das concentrações (denominada constante de dissociação) de H+ e OH-,
portanto, vale 10-14 a 25°C. Para temperaturas superiores, as concentrações são mais
elevadas e a constante de dissociação será maior.
Quando um ácido (fórmula geral HA) é dissolvido em água, as moléculas se
dissociam liberando íons hidrogênio para a solução:
HA → H+ + A-
Conseqüentemente, aumenta a concentração de (H+) na solução. Estes íons hidrogênio
adicionais conferem propriedades ácidas a solução.
Ao se dissolver uma base (fórmula geral BOH) em água, são liberados íons hidroxila
(OH ) à solução. Conseqüentemente aumenta a concentração de (OH-) e diminui a
-
111
Portanto, para t = 25°C, valem as seguintes relações:
Ácidos: [H+] > 10-7
Água : [H+] = 10-7
Bases : [H+] < 10-7
Para definir a alcalinidade ou acidez de uma solução adotou-se uma escala
logarítmica da concentração de íons hidrogênio. A escala logarítmica foi denominada de
pH, ou seja:
pH = colog [H+] = - log [H+]'
Portanto, valem as seguintes relações:
Solução ácida : pH < 7.
Água neutra : pH = 7
Solução básica: pH > 7
A faixa usual de medição de pH estende-se de 0 a 14, embora soluções concentradas
de ácidos ou bases fortes podem extrapolar esses limites.
• Eletrodo de vidro
O eletrodo de vidro, descoberto em 1909 pelo químico alemão Frits Haber, consiste
de uma membrana de vidro com forma esférica sensível ao pH da solução.
Quando este eletrodo é imerso em uma solução, produz uma diferença de potencial
através da membrana, proporcional a concentração de íons hidrogênio da solução. A
diferença de potencial pode ser calculada através da fórmula seguinte:
E (mV) = 0,1984 x T x (7 - pH)
onde
T = t + 273 = temperatura absoluta em °K
Para t = 0°C → E = 54,19mV/pH
Para t = 25°C → E = 59,15mV/pH
Para t = 5O°C → E = 64,11mV/pH
Para a medição do potencial resultante é necessário estabelecer contato com as
superfícies interna e externa da membrana. A conexão à superfície interna é efetuada
através de um fio de prata, recoberto com cloreto de prata, imerso em uma solução estável
com pH=7. Observe que esta configuração estabelece uma outra diferença de potencial,
porém com valor estável e permanente. O contato com a superfície externa da membrana é
efetuado através da solução de amostra e um eletrodo de referência adjacente.
A figura 6.12 mostra, à esquerda, o aspecto de um eletrodo de vidro.
112
Figura 6.12 – Medição de pH com eletrodos
• Eletrodo de referência
O eletrodo de referência é utilizado para completar o circuito elétrico. Aparentemente, a
imersão de um fio na solução resolveria o problema. Contudo, os metais em contato com
soluções desenvolvem diferenças de potencial que dependem não só do pH, mas também
das características dos metais e da solução. Portanto, um eletrodo de referência deve ser
capaz de fornecer uma tensão estável independente das propriedades da solução.
A parte direita da figura 6.12 mostra um eletrodo de referéncia do tipo calomelano.
Consiste de mercúrio em contato com uma pasta de cloreto de mercúrio/cloreto de
potássio. Este conjunto está em contato com uma solução de cloreto de potássio. O contato
com a solução de amostra é feito através de uma membrana cerâmica porosa colocada na
extremidade inferior do eletrodo.
• Termoconpensador
Como visto anteriormente, a d.d.p. produzida pelo eletrodo de vidro é função do pH
da solução e também da sua temperatura. Portanto, para corrigir essa dependência do
eletrodo de vidro é necessário prover o sistema de medição com um compensador. A
compensação de temperatura pode ser feita manualmente ou através de um sensor de
temperatura da solução. Consiste basicamente de um sensor de temperatura (termoresistor
ou termistor) que envia sinal ao amplificador do sistema de medição, alterando o seu fator
de ganho. Note-se que o termocompensador serve para corrigir a indicação obtida somente
em relação a característica de temperatura do eletrodo de vidro. O pH de uma solução
depende da temperatura e essa dependência não é eliminada pelo termocompensador.
113
A medição de condutividade elétrica é utilizada para a determinação da concentração
de soluções aquosas de ácidos, bases ou sais. Ao contrário da medição de pH, que permite
a medição da concentração de íons hidrogênio somente, a medição da condutividade
permite determinar também as concentrações de sais. A principal utilização da
condutividade elétrica é na determinação da concentração de impurezas (sais dissolvidos)
em soluções aquosas como água de caldeiras e equipamentos para tratamento de água.
Neste caso, a concentração é também denominada de dureza.
A capacidade de uma substância em conduzir eletricidade é o inverso da resistência e
é denominada de condutância. A unidade de medida é o mho ou siemens e
representa o inverso do ohm. A condutância de qualquer material depende de sua natureza,
a forma do caminho condutor e sua temperatura. Em instrumentação utiliza-se, mais
usualmente, o conceito de condutividade que é a condutância de um volume de material
com comprimento e área transversal unitários. A condutância pode ser definida como:
114
7.1. INTRODUÇÃO
Existe uma variedade imensa de medidores utilizados especificamente para
supervisão de máquinas industriais. Serão descritos, a seguir, aqueles tipos mais
comumente utilizados.
115
permanente. Todo o conjunto suspenso (enrolamento e molas de suspensão) é amortecido e
possui uma baixa freqüência natural de oscilação (geralmente inferior 15Hz). Quando o
detector de vibração é submetido a uma oscilação cuja freqüência é superior a sua
freqüência natural, o conjunto suspenso torna-se estacionário devido ao amortecimento. O
movimento relativo entre a bobina suspensa e o imã permanente produz uma tensão
induzida no enrolamento cuja amplitude é proporcional a velocidade da vibração e a
freqüência é igual à freqüência de vibração do detector. Esse tipo de detector é utilizado
em equipamentos de supervisão de turbinas.
116
das bobinas que desequilibram o circuito em ponte fazendo surgir uma tensão alternada
proporcional à dilatação diferencial entre o rotor e a carcaça.
rotor curto.
117
8. ELEMENTO FINAL DE CONTROLE
118
No decorrer deste estudo, serão analisados todos esses aspectos, oferecendo assim
uma sólida base para o usuário poder selecionar a melhor válvula para a aplicação em
questão.
• Sede Simples
A figura 8.1. mostra várias montagens da denominada válvula globo tipo sede
simples. É fabricada em diâmetros de ½’’ até 10’’ e com conexões das extremidades
rosqueadas (até 2’’), flangeadas ou soldadas, nas classes de 150 , 300, 600, 900 e 1500lbs.
Neste tipo de válvula, o fluído no interior do corpo, passa através de um único
orifício, conforme podemos notar pela figura 8.1.
119
existindo a possibilidade de montagem do obturador em posição invertida ou por baixo.
Essa válvula em relação ao movimento do obturador de cima para baixo, só pode fechar.
O fato de uma válvula ser normalmente aberta ou normalmente fechada é um fator
muito importante a ser levado em consideração na escolha da válvula. Isso significa que na
posição de descanso, ou seja, sem força de atuação, a válvula pode ficar completamente
aberta ou completamente fechada. Uma válvula normalmente aberta ficará totalmente
aberta em caso de falta de suprimento de energia para operação do atuador, não podendo
ser escolhida para aplicações como, por exemplo, dosagem de um determinado produto.
Nesse caso a escolha certa seria uma válvula normalmente fechada, que ficaria totalmente
fechada em caso de falha no sistema de suprimento de energia.
As principais características da válvula globo sede simples são: proporciona uma boa
vedação e possui obturador estaticamente não balanceado. Assim sendo podemos atingir
um vazamento, quando a válvula estiver totalmente fechada de, no máximo ate 0,01% da
sua capacidade de vazão máxima.
• Sede dupla
A figura 8.2 mostra duas montagens diferentes da válvula globo sede dupla, assim
denominada pelo fato do fluxo passar através de duas passagens ou orifícios.
120
Figura 8.3 – Atuação das forças dinâmicas provenientes do fluído agindo contra o
obturador de uma válvula globo sede dupla
121
Figura 8.4 – Válvula globo de 3 vias
Na válvula tipo convergente, conforme visto pela figura 8.4a, fluidos quaisquer e
separados entram pelas vias (2) e (3), misturando-se numa determinada e desejada
proporção, saindo pela via (1) já misturados. A proporção da mistura é determinada pela
posição do obturador relativa às duas sedes. Um deslocamento do obturador para cima faz
diminuir a entrada do fluido por (2), aumentando simultaneamente a entrada do fluido por
(3). É fabricada em diâmetros de 3/4” até 8” e com conexões nas extremidades rosqueadas
(até 2"), flangeadas ou soldadas. Podemos notar neste tipo de válvula um novo modo de
guia dupla: superior e no anel da sede.
Na figura 8.4b vê-se uma válvula de três vias tipo divergente, na qual o fluido entra
pela via (1) e sai em proporções definidas pelas vias (2) e (3). É fabricada em diâmetros de
3/4" até 12" com extremidades rosqueadas (até 2"), flangeadas ou soldadas.
Uma aplicação bastante conhecida da válvula três vias divergente é o de desvio de
um trocador de calor conforme vemos pelo esquema da figura 8.5.
Figura 8.5 – Válvula globo de 3 vias tipo divergente utilizada para desvio de um
trocador de calor
As válvulas de 3 vias, devido a sua configuração e utilização, não apresentam
vedação completa, pois, enquanto fechamos um orifício, o outro fica completamente
aberto.
122
8.1.3.3. Válvula Globo Tipo Gaiola
Trata-se de uma válvula de concepção antiga, porém totalmente renovada e
aperfeiçoada nos últimos anos, fato esse que lhe possibilitou uma contínua e crescente
utilização na quase totalidade dos processos industriais. A válvula tipo gaiola apresenta
uma concepção de internos substancialmente diferente da globo convencional.
O amplo sucesso deste estilo de válvula está totalmente fundamentado nos seguintes
aspectos:
• Facilidade de remoção das partes internas, pela ausência de roscas o que facilita
bastante a manutenção na própria instalação;
• Alta estabilidade de operação proporcionada pelo exclusivo sistema de guia do
obturador na gaiola, obtendo desta forma uma área de guia da ordem de 30% superior à
obtida pela guia superior e inferior da válvula globo convencional;
• Capacidade de vazão da ordem de 20 a 30% maior que o obtido nas válvulas
globo convencionais;
• Menor peso das partes internas, resultando assim numa freqüência natural maior
dessas partes, o que faz com que a válvula fique menos susceptível à vibração horizontal
do obturador, proporcionando dessa forma menos ruído de origem mecânica do que as
válvulas globo duplamente guiadas;
• Não possuindo flange inferior a válvula é algo mais leve que as válvulas tipo
globo convencionais.
Por não possuir flange inferior, a válvula tipo gaiola não possui corpo reversível, e
assim a montagem dos seus internos é do tipo entra por cima. A drenagem do fluido, se
necessária, pode ser realizada através da parte inferior do corpo, por meio de um tampão
rosqueado.
Dentro da concepção inerente a estilo da válvula gaiola, e dentre os vários tipos de
construção que são oferecidos, alguns são apresentados a seguir:
123
Figura 8.5 – Válvula globo tipo gaiola sede simples
124
Apenas que, neste caso, o obturador é balanceado dinamicamente (como acontece na
válvula globo sede dupla) devido ao orifício interno no obturador, que faz com que a
pressão do fluido comunique-se com ambos os lados do obturador, formando-se assim um
balanceamento de forças. Precisamos, portanto, de uma menor força de atuação neste caso
do que no anterior sede simples. O fluido neste tipo de construção entra por cima,
conforme uma flecha indicativa presa ao corpo da válvula. Porém, da mesma forma que
acontece com a globo convencional sede dupla, a válvula tipo gaiola balanceada, não
apresenta boa vedação, permitindo um vazamento de até 0,5% da máxima capacidade de
vazão da válvula.
É fabricada em diâmetros de ¾” até 6” nas classes de 150, 300 e 600lbs. As conexões
podem ser rosqueadas (até 2”), flangeadas ou soldadas.
Figura 8.7 – Válvula globo tipo gaiola com internos de baixo ruído
Na figura 8.7a, vê-se um sistema de internos tipo gaiola de baixo ruído. Basicamente
trata-se de vários anéis circulares e concêntricos formando um conjunto, como pode ser
notado pela figura 8.7b. O número de anéis utilizados depende das condições de operação e
da atenuação de ruído requerida.
Pela figura 8.7c, é possível notar melhor o seu funcionamento. O fluído entra, à
pressão Pe, através dos orifícios do primeiro elemento, após o que, distribui-se pelo anel de
estagnação, onde perde velocidade antes de entrar nos orifícios do segundo elemento.
Repete-se o processo no seguinte anel de estagnação e próximo elemento até que o fluído
125
atinja a saída após o último elemento, a uma pressão, então, de Ps. O número de orifícios,
em cada elemento, é calculado de forma a manter a velocidade média de escoamento igual
em todos os elementos.
126
8.1.3.5. Válvula de Controle Bi-partida
Trata-se de uma válvula desenvolvida para aplicações altamente corrosivas,
principalmente em plantas de processos químicos, aplicações nas quais torna-se necessária
uma freqüente inspeção ou substituição dos internos da válvula.
A válvula de controle de corpo bi-partido conforme vista na figura 8.9, foi desenhada
para tais situações possibilitando uma fácil manutenção devido à facilidade de acesso aos
internos. Neste tipo de válvula, o anel da sede é preso (ao contrário da globo convencional
onde é rosqueado) entre as duas metades do corpo, podendo ser facilmente removido.
127
È uma válvula de concepção simples, sem castelo conforme pode ser observada pela figura
8.10.
128
da sede, guia e gaiola (no caso das válvulas tipo gaiola), conforme pode ser vista pela
figura 8.11.
129
Existem, e vão ser vistas mais adiante com maiores detalhes, quatro tipos básicos de
características de vazão: Linear , Igual Porcentagem, Parabólica Modificada e Abertura
Rápida.
130
Figura 8.13 – Princípio de funcionamento da ação de controle dos internos tipo gaiola:
a) Sede simples e b) Balanceado
131
• Guia superior : possui uma bucha a qual guia o obturador superiormente (figura
8.14a).
• Guia superior e inferior : é utilizada com obturadores tipo contorno ou passagem
em “V” maciço, cujas extremidades são guiadas superior e inferiormente
(figura 8.14b).
• Guia na Sede: o obturador é guiado apenas na sede por meio da saia do obturador.
É utilizados em válvulas com obturadores de passagem em “V” ocos e nas
válvulas globo de três vias (figura 8.14c).
• Guia na gaiola: conforme vê-se na figura 8.14d, a gaiola é que guia o obturador.
Outros tipos secundários de guias são combinações dos quatro tipos principais
dados acima como se pode notar pela figura 8.14e, onde é mostrado um obturador guiado
na parte superior e na sede.
8.1.3.11. Castelo
O castelo, geralmente uma parte separada do corpo da válvula que pode ser removida
para dar acesso às partes internas das válvulas, é definido como sendo "um conjunto que
inclui a parte através da qual uma haste do obturador de válvula move-se, e um meio para
produzir selagem contra vazamento através da haste ". Ele proporciona também um meio
para montagem do atuador.
Sendo uma peça sujeita à pressão do fluido, tem de satisfazer aos mesmos requisitos
de projeto que o corpo.
No próprio castelo dispõem-se os meios para prender o atuador, conter a caixa de
gaxetas e poder ainda conter a bucha de guia superior para guiar o obturador como
acontece no caso das válvulas globo convencional, conforme se pode notar pela figura
8.15a onde se mostra um castelo tipo normal para utilização nas válvulas globo
convencionais.
132
O castelo é, portanto um subconjunto do corpo na maioria das válvulas de controle,
embora existem tipos de válvulas como as rotativas (borboleta, esfera e excêntrica), e a
bipartida nas quais o castelo é parte integral ao corpo, não se constituindo, portanto, de
parte independente.
Assim sendo, os exemplos de castelos que aqui serão dados servem apenas para aquelas
válvulas nas quais o castelo é uma peça separada.
Os castelos classificam-se em:
• Castelo Normal (figura 8.15a): é o castelo padrão utilizado para fluído entre –18 a
232ºC. Esta limitação é imposta pelo material da gaxeta já que a sua localização
está bem próxima ao fluído
• Castelo Longo (figura 8.15b): é semelhante ao interior, a menos da sua altura que
faz com que a caixa de gaxeta fique um pouco mais afastada do fluído.
Recomenda-se sua utilização para aplicações com fluídos em temperaturas de –45
a –18°C e 232º à 430ºC.
• Castelo Extra-Longo (figura 8.15c): é fabricado de tubo ou fundido possuindo
uma maior altura que o anterior. É especificado para aplicações em baixíssimas
temperaturas ou criogenias como –100 à –45ºC para evitar que o teflon das
gaxetas congele.
• Castelo com fole de selagem (figura 8.15d): este tipo de castelo é especificado em
casos especiais nos quais seja proibitivo um vazamento para o meio ambiente
através da gaxeta. Englobam-se neste tipo aplicações especiais, caso tais como,
fluídos radioativos, tóxicos ou explosivos. Ele possui no interior um fole metálico
de aço inoxidável e soldado de modo a formar uma câmara de pressurização
interna, entre a parte do fole e as superfície da haste.
Caso não haja boa selagem por meio do conjunto da caixa de gaxetas, haverá sempre
um vazamento do fluído para o meio ambiente, sempre que a pressão do fluído seja
superior á pressão atmosférica, ou uma entrada de ar, caso a válvula esteja trabalhando em
pressões de vácuo.
133
O conjunto geral da caixa de gaxetas é formado conforme podemos acompanhar
através da figura 8.16, pelos seguintes componentes: flange do prensa gaxetas, prensa
gaxeta , anéis da gaxeta , retentor de graxa , subconjunto de lubrificação e mola de
compressão (caso a gaxeta seja de anéis em “V” de teflon). No caso de gaxeta em anéis
quadrados, como os à base de amianto, a mola não é necessária, sendo a compressão feita
pelo aperto do prensa gaxeta.
O sistema de lubrificação externa (utilizando caso o material da gaxeta necessite de
lubrificação) pode ser observado pela figura 8.16c. A válvula de bloqueio produz uma
selagem entre a caixa de gaxetas e o lubrificador evitando assim que o fluído do processo
impossibilite a introdução da graxa lubrificante.
As principais características do material utilizado para a gaxeta, devem ter
elasticidade, para facilitar a deformação; produzir o mínimo atrito e deve ser de material
adequado para resistir as condições de pressão, temperatura e corrosão do fluído de
processo.
Os principais materiais de gaxeta são: Teflon e amianto impregnado.
• Teflon (TFE): é o material mais amplamente utilizado devido as suas notáveis
características de mínimo coeficiente de atrito, e de ser praticamente inerte
quimicamente a qualquer fluído. Devido as suas características, a gaxeta de teflon
não requer lubrificação externa e a sua principal limitação é a temperatura. A
gaxeta de teflon é formada de anéis em “V” de teflon sólido, e requer uma
constante compressão para o seu posicionamento firme e compacto, provida por
meio de uma mola compressão.
• Amianto impregnado: é ainda um material de gaxeta bastante popular devido às
características do amianto adicionadas às de alguns aditivos e à facilidade de
manutenção e operação. Não sendo autolubrificante, utiliza-se o amianto
impregnado com aditivos tais como teflon, mica, inconel, grafite, etc. Este tipo de
gaxeta é do tipo quadrada e comprimida por meio do prensa gaxeta. Requer
lubrificação externa, com exceção ao amianto impregnado com teflon.
Recentemente surgiu um novo material de gaxeta denominado de Grafoil. Trata-se de
material á base de grafite e comercializado em fitas flexíveis de vários tamanhos. É um
material praticamente inerte quimicamente e suporta temperaturas altíssimas (o ponto de
volatilização é de 3650ºC). Seu único inconveniente reside no fato de que produz um certo
travamento da haste, já que por ser fita, ela deve ser enrolada ao redor da haste e socada
para compactá-la formando diversos anéis.
134
sede nesta válvula é a própria parede interna do corpo. Nota-se desde já uma enorme
simplicidade de desenho. O seu corpo na maioria dos desenhos é sem flange. Sua
construção é possível em diâmetros de 2’’ até 24’’. Admite o fluído em qualquer direção.
135
Quando adequadamente selecionada, a válvula borboleta, geralmente em diâmetros
de 4” e superiores, oferece a vantagem de simplicidade, baixo custo, pouco peso, menor
espaço de instalação e razoável características de vazão.
Para temperaturas e pressões moderadas, a válvula borboleta com corpo internamente
revestido oferece ainda uma vedação estanque.
Da mesma forma que foi feita na válvula globo, a análise do desempenho da força do
fluído sobre o disco da válvula borboleta também será feita.
Quando a válvula está fechada ou completamente aberta (figura 8.19a), as forças
originárias da pressão do fluído são balanceadas em ambos os lados e, portanto, não há
resultante de força torsora para nenhum lado.
Quando, porém, a válvula está parcialmente aberta como mostra a figura 8.19b, não
existe mais tal equilíbrio, surgindo uma força resultante, que tende fechar sempre a
válvula, qualquer que seja a direção do fluído. Pode-se notar pela figura 8.19b, que a
resultante das forças atuantes desde a primeira borda até o centro do disco, é maior que a
resultante das forças agindo do centro do disco até a segunda borda.
Essa desigualdade de força produz um momento torsor que tende fechar a válvula, e é
esse momento torsor que limita a pressão diferencial de operação da válvula em diferentes
graus de abertura, já que para cada ângulo de abertura teremos uma força torsora diferente
e portanto um momento torsor diferente.
Do lado do disco á jusante temos a formação de forças que aumentam conforme a
velocidade do fluxo.
A válvula de controle tipo borboleta é fabricada em diâmetros de 2” até 60”, sendo
até 24” com corpo tipo “wafer ” e de 30” até 60” com corpo flangeado.
Possuindo um corpo cujo formato lhe possibilita a utilização de revestimento interno
com elastômeros, a válvula borboleta encontra uma ampla faixa de aplicações, mesmo em
fluídos corrosivos, tornando-se para tais aplicações uma solução bastante econômica.
136
Em função do tipo de assentamento podemos classificar as válvulas borboleta da
seguinte forma:
• Válvula borboleta com corpo revestido internamente e Assento tipo composto , ou
seja, metal-elastômero, conforme mostra a figura 8.20a. É utilizada em
aplicações, onde a vedação estanque seja uma necessidade, ou ainda em
aplicações com fluídos corrosivos, através da seleção de um elastômero
quimicamente inerte ao fluído, evitando-se assim, o encarecimento da válvula.
• Válvula borboleta com corpo sem revestimento e assento tipo composto ,
conforme mostram as figuras 8.20b e 8.20c. É normalmente utilizada em
aplicações com fluídos auxiliares e à baixa temperatura, tais como água e ar, por
exemplo.
• Válvula borboleta com corpo sem revestimento e assento tipo metal-metal,
conforme mostra a figura 8.20d. É utilizada em aplicações onde a temperatura do
fluído não permite o uso de algum elastômero para possibilitar a vedação.
137
controle modulado), permite, ainda, uma total estanqueidade quando totalmente fechada.
Na figura 8.21 vê-se um corpo típico de uma válvula esfera.
138
A válvula de controle esfera com anéis sede de teflon é recomendada para aplicações
com fluídos a temperaturas de até 200ºC. Neste tipo de construção apresenta um nível de
vazamento quando totalmente fechada de algumas bolhas por minuto.
Em casos de temperaturas superiores especificam-se anéis sede de aço inoxidável
tipo 316 com revestimento em Stellite. Com este tipo de assentamento metal-metal, a
válvula esfera apresenta um vazamento permissível de até 0,01% da sua máxima
capacidade.
139
8.2. ATUADORES PARA VÁLVULAS DE CONTROLE
8.2.1. Introdução
O atuador constitui-se no elemento responsável em proporcionar a necessária força
motriz ao funcionamento da válvula de controle. Sendo parte integrante do sistema de
controle ele, quando corretamente selecionado, deve proporcionar à válvula meios de
operacionalidade estáveis e suaves, contra a ação variável das forças dinâmicas e estáticas
originadas na válvula através da ação do fluído de processo.
O atuador em si é um dispositivo que em resposta ao sinal enviado pelo controlador,
produz a força motriz necessária para movimentar o elemento vedante da válvula de
controle.
Dependendo basicamente do meio de produção da força motriz, o atuador utilizado
em aplicações de controle modulado, classifica-se em cinco tipos principais:
• Pneumático à mola ou diafragma;
• Pneumático a pistão;
• Elétrico;
• Elétrico-hidraúlico;
• Hidráulico
Um fator importante que deve ser mencionado, antes de iniciar a análise detalhada
dos diversos tipos de atuadores, é que o atuador selecionado deve ser compatível com o
sinal de saída do controlador. Um exemplo claro disso, é o caso da instrumentação
eletrônica utilizada hoje em dia na maioria dos sistemas de controle de processo. O sinal de
saída do controlador é normalmente 4 - 20mA, sinal este que não é compatível, por
exemplo, com os atuadores pneumáticos. Há, então, necessidade da conversão do sinal de
elétrico para pneumático, caso seja utilizado o atuador pneumático, como acontece na
grande maioria das aplicações.
140
Figura 8.24 – Atuadores pneumáticos tipo mola e diafragma
A escolha entre esses dois tipos de construção depende de qual a posição de
segurança que o processo exige em caso de falha ou falta de energia de suprimento. Assim
numa válvula globo convencional com o obturador entrando por cima e utilizando-se de
um atuador de ação direta, em caso de falha no sistema de suprimento de ar a válvula abre,
enquanto que no caso tivesse sido utilizado um atuador inverso, a válvula fecharia.
O tamanho do atuador tipo mola e diafragma é definido em função do diâmetro do
diafragma. Quanto maior ele for, maior será a força produzida, independente do sinal de
pressão de carga.
Este tipo de atuador é o mais amplamente utilizado para atuar as válvulas de controle,
face a inúmeras vantagens e poucas desvantagens.
O amplo sucesso deste atuador, talvez seja pelo fato de até hoje não ter sido
desenvolvido um outro tipo de atuador mais versátil, confiável e econômico. Não requer o
uso obrigatório de posicionador para operar em sistema de controle modulado. O
posicionador consiste de um dispositivo que ajusta o atuador e a haste da válvula a uma
determinada posição em função do sinal de pressão de carga.
A sua principal desvantagem é a da limitação da força de atuação, pois devido ao
diafragma, os níveis de pressão de carga não podem exceder 50 ou 60psig, o que de fato
limita a sua aplicação em determinados tipos de válvulas que exigem uma elevada força de
atuação como é o caso das válvulas rotativas, ou ainda em casos de pressões extremamente
altas mesmo se tratando de válvulas de deslocamento linear. Nesses casos o atuador
pneumático à mola e diafragma deixa de ser uma escolha conveniente, podendo-se tornar
excessivamente onerosa a sua utilização em tamanhos superdimensionados.
141
8.2.3. Atuador Pneumático Tipo Pistão
O atuador pneumático tipo pistão, embora não muito utilizado nas válvulas de
deslocamento linear em relação ao tipo á mola e diafragma, tem apresentado uma crescente
tendência de uso junto às válvulas tipo rotativas. Apresenta como principal vantagem em
relação ao anterior, uma capacidade de operação em níveis superiores de pressão de carga
(e, portanto, uma produção de maior força de atuação), uma maior capacidade e ainda uma
maior velocidade de resposta.
O atuador pneumático tipo pistão, substitui o uso do diafragma flexível por um pistão
metálico, fato esse que lhe possibilita operar em níveis de pressão de carga superiores.
São dois tipos básicos de atuadores a pistão, dependendo do tipo de válvula que irá
operar. Um, conforme mostra a figura 8.25a, destina-se á utilização em válvulas de
deslocamento linear como a globo, enquanto que na figura 8.25b vê-se o tipo utilizado para
acionar válvulas de deslocamento rotativo, como a borboleta e esfera.
142
8.2.4. Atuador Elétrico
Os atuadores elétricos utilizados em alguns tipos de situações de processo,
geralmente consistem de um motor elétrico com um conjunto de engrenagens, que lhe
possibilitam a capacidade de uma elevada faixa de torque de saída.
Este tipo de atuador, mostrado esquematicamente na figura 8.26., embora não muito
utilizado em controle, oferece amplas vantagens em instalações remotas onde nenhuma
outra fonte de suprimento seja disponível. O atuador elétrico tanto pode ser utilizado para
acionar válvulas de deslocamento linear quanto rotativas.
143
magnético, o que faz deslocar uma palheta, obstruindo mais ou menos um bocal através do
qual escoa óleo a uma alta pressão, indo para o pistão onde produz-se uma elevada força de
atuação que irá movimentar a válvula de controle.
O atuador eletro-hidráulico apresenta como os tipos precedentes, vantagens e
desvantagens. As suas principais desvantagens, fato esse que tem limitado em muito a sua
utilização, tem sido o seu custo excessivamente alto comparado ao conjunto pneumático à
mola e diafragma, mais conversor eletro-pneumático necessário, para utilização compatível
junto à instrumentação eletrônica. Além disso, devido ao fato de necessitar da alimentação
de óleo para o pistão, este tipo de atuador requer uma fonte de pressão constante o que
significa alimentação elétrica constante para bombear o óleo para o pistão. Não possui
posição de segurança inerente, em caso de falha de energia.
144
Na figura 8.28., vê-se, esquematicamente, as diversas possíveis combinações de
montagens atuador-corpo para diversas válvulas e as suas respectivas posições de
segurança por falha.
No caso dos atuadores, como por exemplo o tipo pistão pneumático, que não
possuem de forma integral ou inerente meios de possibilitar uma posição de segurança em
caso de falha, assumem uma posição estacionária permanecendo o pistão na posição que
estava quando da falha. A posição de segurança somente poderá ser obtida através de rede
de retorno, ou ainda através da utilização de uma mola de retorno, ou ainda através da
utilização de um sistema de armazenamento de energia externo conforme mostra a figura
8.29 onde se vê o esquema do sistema de segurança auxiliar em caso de falha. Nele um
reservatório de ar comprimido envia ar através da válvula solenóide de 3 vias, fazendo
operar o pistão em caráter de emergência para a posição predeterminada de segurança.
145
8.3. ACESSÓRIOS DE UMA VÁLVULA DE CONTROLE
8.3.1. Introdução
Aqui serão descritos os principais e mais comuns acessórios de uma válvula de
controle. Como acessórios pode-se definir, determinados dispositivos que se utilizam na
válvula para obter determinadas adaptações com o sistema de controle ou sofisticações
quanto á operação da controlabilidade.
Os principais tipos de acessórios utilizados são os pocisionadores, válvulas
solenóides, reguladores de ar, transdutores eletropneumáticos, volantes auxiliares manuais,
etc.
Dentre todos, é sem dúvida alguma o posicionador o mais comumente utilizado,
sendo que em alguns tipos de válvulas, realmente deixa de ser considerado como acessório
passando a ser parte integrante da própria válvula. O posicionador pode ser pneumático ou
eletropneumático.
146
adequadamente quando o seu tempo de resposta junto com a válvula é muito mais rápido
que o do processo.
147
O sinal de saída típico de um controlador pneumático varia de um mínimo de 0psig
até um máximo de 20psig. A faixa de mola mais comum nas válvulas opera de 3 a 15psig.
São necessários, portanto, 15psig para comprimir a mola da válvula. A pressão de ar
excedente a esses 15psig é utilizada para fechar a válvula contra a pressão do fluído à
montante.
Na figura 8.31b vê-se, esquematicamente, a mesma válvula, porém, operada
diretamente por um posicionador intercalado entre o controlador e a válvula. O sinal de
saída do controlador, neste caso, vai para a entrada do posicionador ao invés de ir para a
válvula como nos esquema da figura 8.31a. O posicionador então compara o sinal que
recebe do controlador com a posição da haste da válvula através do seu braço de
realimentação. Se a haste não está corretamente posicionada, então ele manda para o
atuador mais ar (ou retira mais ar) até que acuse a correta posição da haste.
Um acompanhamento de forma mais detalhada do seu funcionamento pode ser feito
através do esquema da figura 8.32.
148
8.3.2.2. Aplicações Recomendadas para a Utilização do Posicionador
São, basicamente, os seguintes motivos da necessidade da utilização de um
posicionador numa válvula de controle.
• Para compensar a força gerada pelo atrito : Nas aplicações em processos de alta
pressão ou aplicações outras onde a gaxeta esteja bastante apertada para evitar
vazamentos, há o surgimento de um atrito considerável contra a haste, produzindo-se
uma histerese e tempo morto maior que o limite normalmente aceito. Nesse caso,
aconselha-se a utilização de um posicionador para enviar maior volume de ar,
compensando o atraso na resposta da válvula devido ás excessivas forças de atrito nas
gaxetas.
• Para aumentar a força de assentamento nas válvulas tipo sede simples : Uma
aplicação comum é a de utilização de um posicionador, com pressão de alimentação
de 35psig, numa válvula tipo sede simples. Se usarmos uma mola com faixa 3-
15psig, os primeiros 15psig enviados pelo posicionador serão suficientes para
comprimir a mola. Os restantes 20psig, são disponíveis para produzir uma maior
força de assentamento do obturador contra a sede, vencendo a força estática de
desequilíbrio do fluído, atuando contra o obturador com posição totalmente fechada.
• Para aumentar a velocidade de resposta da válvula : Se uma válvula de controle for
operada diretamente por um controlador pneumático, a velocidade de operação da
válvula depende de: a) distância entre controlador à válvula; b) volume do atuador e,
c) capacidade do relê do controlador.
Ao se utilizar um posicionador na válvula, o sinal do controlador indo diretamente ao
posicionador, e este não requer um volume de ar muito grande, evita-se o transporte
de grandes quantidades de ar entre o controlador e o posicionador. Isso faz aumentar
a velocidade de resposta da válvula. Geralmente, o relê piloto do posicionador possui
uma área de passagem maior que a do controlador e, portanto, o ar do posicionador
para a válvula desloca-se mais rapidamente e em maior volume obtendo-se, assim,
também, maior velocidade na resposta da válvula.
• Para permitir uma operação de faixa dividida (“splitrange”) : Às vezes é desejável
operar uma válvula de controle, utilizando-se apenas de uma parte da faixa do sinal
de saída do controlador. Isto pode ser realizado se especificarmos um posicionador
para esta utilização particular. Um arranjo comum é o de ter uma válvula e um
posicionador operando sobre 3 a 9psig de sinal de saída do controlador, enquanto que
outra válvula e posicionador opera sobre 9 a 15psig de saída do mesmo controlador.
• Para inverter a ação da válvula : Um posicionador cuja pressão de ar de saída
aumenta conforme aumenta o sinal de entrada, é denominado de posicionador de
ação direta. Um posicionador cujo sinal de saída diminui conforme aumenta o sinal
de entrada, é denominado de posicionador de ação inversa. A mudança da ação do
posicionador é facilmente realizado no próprio campo.
• Para modificar a característica de vazão da válvula : A maioria dos posicionadores
são lineares, isto é, eles mudam a posição da haste da válvula linearmente em relação
à pressão de saída do controlador. Contudo, alguns posicionadores possuem meios,
geralmente um excêntrico, de mudar essa relação linear, e portanto, alteram a
característica de vazão da válvula, como também, o seu ganho que são afetados pelo
formato do excêntrico.
149
• Para aplicações de banda larga proporcional : Quando a válvula deve responder a
variações muito pequenas na pressão de ar (menos do que 0,25psig), é recomendada a
utilização de um posicionador.
• Natureza do meio fluído: Se o fluído do processo tende a grudar ou aglomerar-se nas
partes da válvula de controle provocando um aumento do atrito entre as partes
móveis, o uso do posicionador é recomendado para proporcionar força adicional
necessária para vencer esses atritos.
Um posicionador, contudo, não pode corrigir um mau desempenho, quando:
• A válvula de controle é super ou subdimensionada;
• O controlador possue uma excessiva banda morta e histerese;
• A resposta dinâmica do sistema completo de um controle é muito lenta para
satisfazer os desejados requisitos do processo que está sendo controlado.
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8.3.4. Válvulas Solenóides
A sua utilização principal é em aplicações de controle biestável, pilotando uma
válvula de controle pneumático, conforme pode ser visto através do esquema mostrado na
figura 8.34.
Figura 8.34 – Esquema da utilização da válvula solenóide de 3 vias para atuar numa
válvula de controle pneumática, em controle biestável
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8.3.5. CHAVES InDICADORAS DE POSIÇÃO
São utilizadas para indicação remota da posição da haste da válvula. Essa indicação
fornecida pela chave indicadora é do tipo de duas posições, ou seja, possibilita a indicação,
por exemplo, de válvula fechada e de válvula aberta. São montadas diretamente na torre do
atuador (caso seja atuador do tipo de deslocamento linear) ou no adaptador (caso seja
atuador tipo rotativo).
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A sua máxima capacidade de ar é ao redor de 20SCFM. A sua função é a de fornecer
ar limpo, à uma pressão constante compatível com os limites de alimentação dos
posicionadores, “booster´s”, etc.
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8.4. CARACTERÍSTICAS DAS VÁLVULAS DE CONTROLE
O desenvolvimento de válvulas com características especiais de vazão tem sido
comandado, até hoje, por considerações práticas. Estas características dividem-se em dois
tipos básicos:
• Características de vazão obtidas matematicamente, que incluem a característica
linear e a de igual percentagem;
• Características de vazão resultantes de várias construções básicas, que incluem a
característica parabólica modificada e a de abertura rápida. Outros sistemas
(válvulas borboletas, Saunders, de três vias, gavetas, etc.) encaixam-se nesta
classificação.
Onde
Q = vazão, com queda de pressão constante;
K = abertura da válvula;
Y = constante.
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Figura 8.40 – Características de vazão tipo igual porcentagem
A propriedade comum de todas estas curvas é que iguais incrementos no movimento
da haste produzem mudanças de igual porcentagem na vazão a uma queda de pressão
constante, baseada na vazão que existia antes da mudança efetuar-se. Portanto, conclui-se
que a válvula deixa passar a mesma percentagem de vazão para uma mesma percentagem
de abertura.
A expressão matemática da característica de igual porcentagem raramente é usada,
porque esta característica torna-se uma linha reta quando plotada em coordenadas semi-
logarítmicas.
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8.4.4. Característica de Abertura Rápida
Trata-se de uma característica que produz uma máxima variação da vazão através da
válvula com o mínimo curso. Este tipo de válvula possibilita a passagem de quase que a
totalidade da vazão nominal com apenas uma abertura de 25% do curso total. Não é
definível matematicamente e sua curva é mostrada na figura 8.42.
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8.5. OUTROS TIPOS DE ATUADORES
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8.5.1.2. Outras Versões de Válvulas Reguladoras
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8.5.2. Válvulas de Segurança
São válvulas destinadas a aliviar excesso de pressão nos mais variados processos
industriais e, em outros casos, a bloquear um vazamento para o meio. São válvulas de
acionamento rápido para fechamento ou abertura, visando proteger o processo ou o meio
onde estaria pondo em risco os operadores ou mesmo uma comunidade.
Em alguns casos, quando uma válvula desta é acionada e o processo volta a situação
de normalidade, a válvula volta a assumir sua situação inicial, visando proteger o sistema
para o qual ela foi dimensionada. Em outros sistemas mais críticos, a válvula retém as
situações de segurança, sendo necessária a interferência do operador para rearmá-la, a fim
de proteger novamente o sistema para o qual ela foi dimensionada. Os seus mecanismos
são enquadrados nos descritos acima, principalmente nas válvulas auto-operadas. A figura
8.45 ilustra detalhes de algumas configurações de válvulas de segurança.
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Figura 8.47 - Atuador dos Ventiladores Forçados e Induzidos
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