SÃO PAULO
2008
Contextualização histórica do ensino da ética nos cursos de
Administração de Empresas.
Convivência em Sociedade
Relacionamentos
Objetivos
Natureza Individual Coletiva
(particular) (Toda a sociedade ou parte da mesma)
Comportamento Humano
Influência Ambiente
Crenças Valores
Conflitos
Pitty - Anacrônico
Pitty
É claro que somos as mesmas pessoas
Mas pare e perceba como seu dia-a-dia mudou
Mudaram os horários, hábitos, lugares
Inclusive as pessoas ao redor
São outros rostos, outras vozes
Interagindo e modificando você
E aí surgem novos valores
Vindos de outras vontades
Alguns caindo por terra
Pra outros poderem crescer
Caem 1, 2, 3, caem 4
A terra girando não se pode parar
Pode-se-á dizer que, em cada um de nós , existem dois seres que, para serem
inseparáveis que não por abstração, não deixam de ser distintos. Um, é constituído por
todos os estados mentais que apenas se referem a nós próprios e aos acontecimentos
relacionados com a nossa própria vida pessoal: é aquilo a que poderíamos chamar o ser
individual. O outro, é um sistema de idéias, de sentimentos e de hábitos que expressam
em nós, não a a nossa personalidade, mas sim o grupo, ou diferentes grupos de que
fazemos parte; é o caso das crenças religiosas, credos e práticas morais, tradições
nacionais ou profissionais, opiniões colectivas de qualquer espécie. [...].
Com efeito, não só este ser social se não encontra totalmente formado na primitiva
constituição do homem, como também não resultou de um desenvolvimento
espontâneo. Espontaneamente, o homem não era propenso a submeter-se a uma
autoridade política, a respeitar uma disciplina moral, a dedicar-se e a sacrificar-se.[...]
Foi a própria natureza que, à medida que se foi formando e consolidando, extraiu do
próprio seio essas poderosas forças morais, perante a quais o homem sentiu a sua
inferioridade. Ora, se pusermos de parte as vagas e incertezas tendências que podem ser
devidas à hereditariedade, a criança, ao entrar na vida, apenas é portadora da sua
natureza de indivíduo. A sociedade encontra-se pois, aquando de cada nova geração,
em presença de uma quase tábua rasa em que terá de investir novos encargos. Torna-se
mais rápido que o ser egoísta e insocial que acaba de nascer, a sociedade lhe acrescente
um outro, capaz de levar uma vida moral e social.
REFLEXÕES SOBRE A ÉTICA E A SUA PRESENÇA
Resumo
Palavras-chave
Abstract
Key words
Introdução
1
Mestre em Educação pelo Centro Universitário Nove de Julho e professora do Departamento de
Gerenciais da mesma instituição.
O conceito de ética, embora sempre mencionado na mídia, nas ações
coletivas e nas discussões filosóficas, principalmente nos dias atuais por decorrência do
cenário político nacional, ainda é de difícil entendimento em função de uma forte
tendência a se aceitar conceitos preestabelecidos muitas vezes baseados no senso
comum, o que provoca, em algumas circunstâncias, interpretações ambíguas e
equivocadas. Para evitar essa situação, procurou-se neste artigo o entendimento do
termo ética perseguindo alguns autores.
Primeiramente, segundo o dicionário Hollanda (1999), ética é “o estudo dos
juízos de apreciação referentes à conduta humana suscetível de qualificação do ponto de
vista do bem e do mal, seja relativamente a determinada sociedade, seja de modo
absoluto”.
Complementando, no dicionário Houaiss (2001: 1271), ética é a “parte da
filosofia responsável pela investigação dos princípios que motivam, distorcem,
disciplinam ou orientam o comportamento humano, refletindo a respeito da essência das
normas, valores, prescrições e exortações presentes em qualquer realidade social”.
A palavra ética vem do vocábulo grego ethos, que significa ‘caráter, modo
de ser’. “O ethos é a casa do homem [...] o espaço do ethos, enquanto espaço humano,
não é dado ao homem, mas por ele construído ou incessantemente reconstruído” (VAZ,
apud RIOS, 1999: 22)
Rios (1999: 23) afirma que:
Sobre a moral, Bicudo (1982: 15) argumenta que: “Por um lado, verifica-
se que ela se encontra ligada aos usos, aos costumes, aos padrões, às regras sociais,
às leis; por outro, que se encontra ligada a princípios de decisões individuais sobre o
bom”.
Assim, a ética reflete com base na existência da moral, tomando como ponto
de partida a diversidade de morais no tempo, entendendo que cada sociedade que baliza
as relações entre indivíduos e instituições tem sido caracterizada por um conjunto de
regras, normas e valores. A ética possui elementos de caráter mais universal, embora
também seja afetada pela história e seu tempo. Por isso, não se identifica com os
princípios e as normas de nenhuma moral em particular, nem adota atitudes indiferentes
ou ecléticas diante delas (ALENCASTRO, 1997).
Para Durkheim (1978: 104): “Quanto à moral humana, essa reduz-se então a
um pequeno número de princípios cuja violação se limita a ser debilmente reprimida”.
Desse questionamento, pode-se concluir que a reflexão moral tanto agrega valor nas
ações do sujeito quanto reduz a liberdade de ação, pois existe uma relação direta entre
moral e comportamento humano determinado por uma sociedade, gerando o tempo todo
contradições entre os interesses do particular e do universal.
Essa contradição moral dá origem a normas e padrões de conduta do
indivíduo que podem ser classificadas como voluntárias ou involuntárias. As ações de
caráter involuntário podem ser classificadas como inatas. Ou seja, são atitudes que
surgem por compulsão ou por ignorância, e que dificilmente serão transformadas. Já os
comportamentos voluntários são aqueles sobre os quais o indivíduo tem controle.
Portanto, podem ser aprendidos e nascem de um processo de decisão que dependerá das
circunstâncias e da finalidade da ação. (ARISTÓTELES, 1991).
Segundo Aristóteles (1991: 43), “tudo o que se faz constrangido ou por
ignorância é involuntário, o voluntário parece ser aquilo cujo princípio motor se
encontra no próprio agente que tenha conhecimento das circunstâncias particulares do
ato”. Os comportamentos voluntários podem ser de dois tipos: vícios e virtudes que
juntos compõem o caráter da pessoa, sendo que as virtudes podem ser entendidas como
intelectuais e morais.
Ainda para Aristóteles, a virtude intelectual necessita ser desenvolvida por
um processo educativo, de formação e ensino, e a virtude moral é adquirida como
resultado do hábito, isto é, da repetição de atitudes moralmente aceitas.
2
Mestre em Educação pelo Centro Universitário Nove de Julho e professora do Departamento de
Gerenciais da mesma instituição.
Resumo
Palavras-chave
Abstract
Key words
Introdução
O conceito de ética, embora sempre mencionado na mídia, nas ações
coletivas e nas discussões filosóficas, principalmente nos dias atuais por decorrência do
cenário político nacional, ainda é de difícil entendimento em função de uma forte
tendência a se aceitar conceitos preestabelecidos muitas vezes baseados no senso
comum, o que provoca, em algumas circunstâncias, interpretações ambíguas e
equivocadas. Para evitar essa situação, procurou-se neste artigo o entendimento do
termo ética perseguindo alguns autores.
Primeiramente, segundo o dicionário Hollanda (1999), ética é “o estudo dos
juízos de apreciação referentes à conduta humana suscetível de qualificação do ponto de
vista do bem e do mal, seja relativamente a determinada sociedade, seja de modo
absoluto”.
Complementando, no dicionário Houaiss (2001: 1271), ética é a “parte da
filosofia responsável pela investigação dos princípios que motivam, distorcem,
disciplinam ou orientam o comportamento humano, refletindo a respeito da essência das
normas, valores, prescrições e exortações presentes em qualquer realidade social”.
A palavra ética vem do vocábulo grego ethos, que significa ‘caráter, modo
de ser’. “O ethos é a casa do homem [...] o espaço do ethos, enquanto espaço humano,
não é dado ao homem, mas por ele construído ou incessantemente reconstruído” (VAZ,
apud RIOS, 1999: 22)
Rios (1999: 23) afirma que:
Sobre a moral, Bicudo (1982: 15) argumenta que: “Por um lado, verifica-
se que ela se encontra ligada aos usos, aos costumes, aos padrões, às regras sociais,
às leis; por outro, que se encontra ligada a princípios de decisões individuais sobre o
bom”.
Assim, a ética reflete com base na existência da moral, tomando como ponto
de partida a diversidade de morais no tempo, entendendo que cada sociedade que baliza
as relações entre indivíduos e instituições tem sido caracterizada por um conjunto de
regras, normas e valores. A ética possui elementos de caráter mais universal, embora
também seja afetada pela história e seu tempo. Por isso, não se identifica com os
princípios e as normas de nenhuma moral em particular, nem adota atitudes indiferentes
ou ecléticas diante delas (ALENCASTRO, 1997).
Para Durkheim (1978: 104): “Quanto à moral humana, essa reduz-se então a
um pequeno número de princípios cuja violação se limita a ser debilmente reprimida”.
Desse questionamento, pode-se concluir que a reflexão moral tanto agrega valor nas
ações do sujeito quanto reduz a liberdade de ação, pois existe uma relação direta entre
moral e comportamento humano determinado por uma sociedade, gerando o tempo todo
contradições entre os interesses do particular e do universal.
Essa contradição moral dá origem a normas e padrões de conduta do
indivíduo que podem ser classificadas como voluntárias ou involuntárias. As ações de
caráter involuntário podem ser classificadas como inatas. Ou seja, são atitudes que
surgem por compulsão ou por ignorância, e que dificilmente serão transformadas. Já os
comportamentos voluntários são aqueles sobre os quais o indivíduo tem controle.
Portanto, podem ser aprendidos e nascem de um processo de decisão que dependerá das
circunstâncias e da finalidade da ação. (ARISTÓTELES, 1991).
Segundo Aristóteles (1991: 43), “tudo o que se faz constrangido ou por
ignorância é involuntário, o voluntário parece ser aquilo cujo princípio motor se
encontra no próprio agente que tenha conhecimento das circunstâncias particulares do
ato”. Os comportamentos voluntários podem ser de dois tipos: vícios e virtudes que
juntos compõem o caráter da pessoa, sendo que as virtudes podem ser entendidas como
intelectuais e morais.
Ainda para Aristóteles, a virtude intelectual necessita ser desenvolvida por
um processo educativo, de formação e ensino, e a virtude moral é adquirida como
resultado do hábito, isto é, da repetição de atitudes moralmente aceitas.
Resumo
Palavras-chave
Abstract
Key words
Introdução
O conceito de ética, embora sempre mencionado na mídia, nas ações
coletivas e nas discussões filosóficas, principalmente nos dias atuais por decorrência do
cenário político nacional, ainda é de difícil entendimento em função de uma forte
tendência a se aceitar conceitos preestabelecidos muitas vezes baseados no senso
comum, o que provoca, em algumas circunstâncias, interpretações ambíguas e
equivocadas. Para evitar essa situação, procurou-se neste artigo o entendimento do
termo ética perseguindo alguns autores.
Primeiramente, segundo o dicionário Hollanda (1999), ética é “o estudo dos
juízos de apreciação referentes à conduta humana suscetível de qualificação do ponto de
vista do bem e do mal, seja relativamente a determinada sociedade, seja de modo
absoluto”.
Complementando, no dicionário Houaiss (2001: 1271), ética é a “parte da
filosofia responsável pela investigação dos princípios que motivam, distorcem,
disciplinam ou orientam o comportamento humano, refletindo a respeito da essência das
normas, valores, prescrições e exortações presentes em qualquer realidade social”.
A palavra ética vem do vocábulo grego ethos, que significa ‘caráter, modo
de ser’. “O ethos é a casa do homem [...] o espaço do ethos, enquanto espaço humano,
não é dado ao homem, mas por ele construído ou incessantemente reconstruído” (VAZ,
apud RIOS, 1999: 22)
Rios (1999: 23) afirma que:
Sobre a moral, Bicudo (1982: 15) argumenta que: “Por um lado, verifica-
se que ela se encontra ligada aos usos, aos costumes, aos padrões, às regras sociais,
às leis; por outro, que se encontra ligada a princípios de decisões individuais sobre o
bom”.
Assim, a ética reflete com base na existência da moral, tomando como ponto
de partida a diversidade de morais no tempo, entendendo que cada sociedade que baliza
as relações entre indivíduos e instituições tem sido caracterizada por um conjunto de
regras, normas e valores. A ética possui elementos de caráter mais universal, embora
também seja afetada pela história e seu tempo. Por isso, não se identifica com os
princípios e as normas de nenhuma moral em particular, nem adota atitudes indiferentes
ou ecléticas diante delas (ALENCASTRO, 1997).
Para Durkheim (1978: 104): “Quanto à moral humana, essa reduz-se então a
um pequeno número de princípios cuja violação se limita a ser debilmente reprimida”.
Desse questionamento, pode-se concluir que a reflexão moral tanto agrega valor nas
ações do sujeito quanto reduz a liberdade de ação, pois existe uma relação direta entre
moral e comportamento humano determinado por uma sociedade, gerando o tempo todo
contradições entre os interesses do particular e do universal.
Essa contradição moral dá origem a normas e padrões de conduta do
indivíduo que podem ser classificadas como voluntárias ou involuntárias. As ações de
caráter involuntário podem ser classificadas como inatas. Ou seja, são atitudes que
surgem por compulsão ou por ignorância, e que dificilmente serão transformadas. Já os
comportamentos voluntários são aqueles sobre os quais o indivíduo tem controle.
Portanto, podem ser aprendidos e nascem de um processo de decisão que dependerá das
circunstâncias e da finalidade da ação. (ARISTÓTELES, 1991).
Segundo Aristóteles (1991: 43), “tudo o que se faz constrangido ou por
ignorância é involuntário, o voluntário parece ser aquilo cujo princípio motor se
encontra no próprio agente que tenha conhecimento das circunstâncias particulares do
ato”. Os comportamentos voluntários podem ser de dois tipos: vícios e virtudes que
juntos compõem o caráter da pessoa, sendo que as virtudes podem ser entendidas como
intelectuais e morais.
Ainda para Aristóteles, a virtude intelectual necessita ser desenvolvida por
um processo educativo, de formação e ensino, e a virtude moral é adquirida como
resultado do hábito, isto é, da repetição de atitudes moralmente aceitas.
A virtude moral é adquirida em resultado do hábito, donde ter-se
formado o seu nome (ethiké) por uma pequena modificação na
palavra êthos (hábito). Por tudo isso, evidencia-se também que
nenhuma das virtudes morais surge em nós por natureza
(ARISTÓTELES, 1991: 27).
Terceira semana
TUDO BEM, FILHO, TODO MUNDO FAZ ISSO
JACK GRIFFIN
Quando tinha oito anos, deixaram que ele assistisse a uma reunião
De família, dirigida pelo tio George, sobre as maneiras mais
Seguras de sonegar o imposto de renda. “Está tudo bem, garoto”,
Disse o tio. “Todo mundo faz isso”.
Aos nove anos, a mãe levou-o pela primeira vez ao teatro. O bilheteiro
Não conseguiu lugares até que a mãe de Johnny lhe deu,
Por fora, cinco dólares. “Está tudo bem, garoto”, disse ela. “Todo mundo faz isso”.
Com doze anos, ele quebrou os óculos a caminho da escola. A tia Francine
convenceu a companhia de seguro de que eles haviam sido roubados e recebeu uma
indenização de 75 dólares. “Está tudo bem, garoto”, disse ela. “Todo mundo faz
isso.”
Aos quinze anos, foi escolhido para jogar como lateral-direito no time de futebol
da escola. Os treinamentos lhe ensinaram como interceptar e, ao mesmo tempo,
agarrar o adversário pela camisa sem ser visto pelo juiz. “ Tudo bem, garoto”,
disse o treinado. “Todo mundo faz isso”.
Aos dezesseis , arranjou seu primeiro emprego nas férias de verão, trabalhando
num supermercado. Seu trabalho: pôr os morangos maduros demais no fundo das
caixas e os bons em cima, para ludibriar o freguês. “Tudo bem, garoto”, disse o
gerente. “Todo mundo faz isso”.
Quando tinha dezenove anos, um colega mais adiantado lhe ofereceu, por
cinqüenta dólares, as questões que iam cair numa prova. “Tudo bem, garoto, disse
ele. “Todo mundo faz isso”.
Se há uma coisa que o mundo não pode tolerar, é um garoto que cola nos exames...
.
REFLEXÃO FREI LUIZ CARLOS SUSIN, OFM. Por uma ética da Liberdade e da
Libertação. São Paulo:Editora .
O ser humano não habita apenas uma casa feita de tábuas ou de tijolos. Como
ser “ humano “, vivendo junto com outros seres humanos, sua habitação – seu ethos – é
feito de hábitos, de costumes e tradições , de sonhos e de trabalho, formando um
verdadeiro habitat, um ambiente vital onde a vida humana pode nascer, crescer , se
multiplicar.
Como toda casa, há alicerces para a ética: são os princípios, os fundamentos da
ética, algo absolutamente necessário para que a ética se sustente. Há também vigas
mestras para apoiar os assoalhos e as paredes : são os padrões, os modelos que
determinam os espaços do que seja ético e do que fica do lado de fora da ética. Há,
evidentemente, o telhado, ou seja, aquilo que irá proteger a ética para que não fique
exposta continuamente às crises das intempéries e dos ventos de doutrinas estranhas.
Os detalhes e acabamento também são importantes. As repartições que
organizam de modo harmonioso o lugar de dormir, o lugar de comer, o lugar de acolher
o hóspede, podem ser comparadas com as diversas orientações da ética: a intimidade
das pessoas, a necessidade de economia, o desejo de relações sociais. Enfim, como na
casa, a ética ganha vida através de tantos pequenos detalhes cotidianos. O lar é feito de
um café da manhã, e uma música na sala, de um remédio à cabeceira, das fraldas do
menino, do chinelo na porta....E a ética acaba se dando através de tantos pequenos e
firmes costumes, que, afinal, como na casa, esquecemos os alicerces, as vigas mestras
internas às paredes até o telhado, para nos deixar tomar simplesmente pelo gosto de
abrir a janela e respirar as folhas orvalhadas ao primeiro raio de sol ou pelo costume de
tomar chá antes do repouso, ou de beijar a amada ao sair para o trabalho. Esquecemos a
ética e nos fixamos na moral, ou seja, nos hábitos e nas leis que governam nosso dia-a-
dia.
A palavra moral é considerada normalmente sinônimo da ética. Mas,olhando
com mais atenção para a casa e os pequenos detalhes que regulam o dia-a-dia da vida na
casa, podemos fazer uma distinção muito útil sobretudo para pequenos detalhes que
regulam o dia-a-dia da vida na casa, podemos fazer uma distinção muito útil sobretudo
para os tempos críticos, quando os ventos e os terremotos se abatem sobre a casa: Ética
é a casa, a estrutura global, feita de alicerces, paredes e telhados. Moral abrange os
costumes estabelecidos, as normas de funcionamento da vida dentro da casa, os detalhes
variados e às vezes tão arraigados de costumes.
O CAMPO DA ÉTICA
www.watchtower.org
ÉTICA E LEI
Não concordamos com tal corrente de pensamento . Por essa razão , para nós
os comportamentos valorados à luz das regras ética só podem ser éticos ou
antiéticos.
A lei é uma norma aprovada pelo povo de um país, que possui as seguintes
características fundamentais:
- Resulta de um processo formal de elaboração, do qual a sociedade
participa diretamente ou através de seus representantes.
- É dotada de sanção, ou seja, a sua desobediência gera uma penalidade.
- É sempre atribuída, o que significa que cada direito outorgado a alguém
impõe um dever, para a mesma ou para outra pessoa.
Relação entre as regras éticas e as legais
LEI
A
M
B
A
S
ÉTICA
ÉTIC
A
Reflexão
O que a ética almeja é procurar normas que tornem mais harmoniosa a
convivência entre s homens. Um homem ético não é apenas aquele que
obedece a normas. Vejamos, pois, a questão em torno do homicídio. Um
homem não mata simplesmente porque está proibido pelo Código Penal. Por
detrás disto, há um princípio maior a que todos devem obedecer: o direito à
vida, que é imanente ao homem. Tem-se por ético um homem que tenha um
comportamento justo e correto, mesmo em situações em que ele não esteja
tangido pelo Direto. Honestidade, integridade e justiça são valores que
transcendem ao Direito. A sociedade valoriza a honestidade da pessoa
cumpridora da sua palavra. Estas e outras virtudes éticas são altamente
enaltecidas pela sociedade. O importante a notar é que a Moral representa
esse mínimo que o homem percebe que ele tem de cumprir sob pena de estar-
se desqualificando perante a si mesmo e à sociedade.. O Homem precisa
sacrificar-se para que espécie humana ascenda, e este papel está mais
próximo da Moral do que do Direito. (MARTINS, org. 1999: 222)
Resultado da Ação
ATIVIDADE
As teorias éticas: Convicção e responsabilidade ( Weber, Max, Lê Savant et lê
Politique. Paris, 1959: 172).
Uma mocinha de 15 anos procura o pai e pede-lhe ajuda para poder abortar.
Exige, no entanto, que a mãe não saiba. Abalado, o pai quer saber quem a
engravidou . Num rasgo de maturidade, a mocinha lhe mostra que o menino
tem 16 anos e, portanto, é tão criança quanto ela. Vamos consultar a mãe,
sugere o pai. "Para quê", pergunta a garota, "se já sabemos a resposta?"
Segundo a mãe, uma católica praticante, o aborto constitui um atentado contra
a vida e ponto final.
A moral católica abriga-se sob as asas de uma ética do dever e sentencia: "
Faça o que está prescrito." Como o pai é agnóstico, a filha aposta mo diálogo.
Ele não costuma repetir: " Respondo por meus atos?" Quem sabe possa
sensibilizar-se com a situação dela? Quiçá venha a considerar as implicações
de uma gravidez prematura e a hipoteca que recairá sobre seu futuro de
adolescente? " Não empate minha vida, pai; me dê uma chance", suplica a
garota.
O pai, então cai em si. Uma vez que sua esposa já tem posição tomada, -ara
que consultá-la? Diante de convicções religiosas que tacham o aborto como
um pecado abominável, não resta margem de manobra . A resposta será
sempre um não sonoro. Isso não corresponde ao modo de pensar e de agir do
pai que nunca deixou de avaliar as conseqüências do que faz. Assim, diante do
desamparo da filha, como não se comover? Algumas interrogações começam a
assaltá-lo: Faz sentido minha menina ter um bebê, fruto da imprudência? É
sensato criar uma criança que não foi desejada? Como reagirão os parentes,
as amigas, os vizinhos, os conhecidos do clube, os professores, as colegas da
minha filha? O que dirão as pessoas com as quais me relaciono? E aquelas
com as quais trabalho? Isso tudo não vai comprometer o destino dela? E se eu
concordar com o abordo, e alguém souber, o que vai acontecer?".
O pai reflete sobre as circunstâncias e mede os efeitos possíveis de cada uma
das opções que lhe apresentam. Sua avaliação é decisiva. A tensão , porém, o
deixa exausto, num processo de crescente angústia. Em que estado ficaria a
mulher dele se soubesse? Certamente não ficaria desnorteada, graças à
resposta pronta que tem . É provável que aceite com resignação a vinda
daquela criança ao mundo e que não venha a atormentar-se com os
desdobramentos do fato. Por que isso? Porque as implicações do cumprimento
do dever não são de sua alçada- simplesmente pertencem a Deus.
Povo heróico oficialmente, como está no Hino Nacional, ouvimos sempre as mais
arroubadas alusões à nossa bondade, nossa fortaleza, nosso espírito de solidariedade,
nossa grandeza. O povo é generoso, o povo luta com honestidade e afinco por uma
sobrevivência cada vez mais difícil, grande povo. Quem não presta são os dirigentes,
essa corja de larápios aproveitadores e mentirosos, na qual ninguém é exceção. Não
passa dia sem que cidadãos indignados bradem isto retumbantemente, em cartas à
redação e conversas de bar. (...) O dono do laboratório que, em lugar de antibiótico,
botou talco dentro da cápsula e, pesarosíssimo, lê que alguns fregueses morreram de
septicemia também está revoltado. Se não fosse a burocracia e os preços absurdos da
matéria-prima, claro que ele não teria feito isso, foi uma contingência, forçada pela
corrupção dos políticos. Da mesma forma o pobre do empacotador de feijão que, por
causa da má qualidade das balanças e máquinas nacionais (o funcionário encarregado
da guia de importação só a solta se lhe molharem a mão, é uma vergonha, até porque
ele não leva em conta os brindes que vem recebendo todos esses anos), vende 800
gramas piamente convicto de que está vendendo um quilo, o que fabrica mortadela com
90% de amido e 10% de sebo, o que desconta do trabalhador o que este consome na
“cooperativa” da fazenda e assim sempre fica devendo, e assim prossegue a vida. No
tráfego, enquanto atravessa a rua uma velhinha atemorizada com uma criança ao lado,
o motorista, típico homem do povo, é obrigado a parar por causa do guarda, não
resiste e, na hora em que a velha está na frente do ônibus, dá uma acelerada em ponto
morto, somente para avivar um pouco o ambiente e ver se o sistema cardiovascular da
conterrânea está funcionando bem. No restaurante, O garçom, típico homem do povo,
calcula que sete vezes cinco são 82 e, quando o contestamos, somos obrigados a adotar
um discurso elitista, em que o fato de sabermos aritmética elementar avulta como mais
um símbolo de privilégio e opressão”. ( João Ubaldo Ribeiro - Enigma Brasileiro”:
"Precisa-se de Matéria-Prima para construir um País"
A crença geral anterior era que Collor não servia, bem como Itamar e Fernando
Henrique. Agora dizemos que Lula não serve. E o que vier depois de Lula
também não servirá para nada. Por isso estou começando a suspeitar que o
problema não está no ladrão corrupto que foi Collor, ou na farsa que é o Lula.
O problema está em nós. Nós como POVO. Nós como matéria prima de um
país. Porque pertenço a um país onde a ESPERTEZA" é a moeda que sempre
é valorizada, tanto ou mais do que o dólar. Um país onde ficar rico da noite
para o dia é uma virtude mais apreciada do que formar uma família, baseada
em valores e respeito aos demais. Pertenço a um país onde, lamentavelmente,
os jornais jamais poderão ser vendidos como em outros países, isto é, pondo
umas caixas nas calçadas onde se paga por um só jornal E SE TIRA UM SÓ
JORNAL, DEIXANDO OS DEMAIS ONDE ESTÃO.
Onde não existe a cultura pela leitura (exemplo maior nosso atual Presidente,
que recentemente falou que é "muito chato ter que ler") e não há consciência
nem memória política, histórica nem econômica. Onde nossos congressistas
trabalham dois dias por semana para aprovar projetos e leis que só servem
para afundar ao que não tem, encher o saco ao que tem pouco e beneficiar só
a alguns.
Não. Não. Não. Já basta como "Matéria Prima" de um país, temos muitas
coisas boas, mas nos falta muito para sermos os homens e mulheres que
nosso país precisa. Esses efeitos, essa "ESPERTEZA BRASILEIRA"
congênita, essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui
até converter-se em casos de escândalo, essa falta de qualidade humana, mais
do que Collor, Itamar, Fernando Henrique ou Lula, é que é real e honestamente
ruim, porque todos eles são brasileiros como nós, ELEITOS POR NÓS.
Nascidos aqui, não em outra parte... Me entristeço. Porque, ainda que Lula
renunciasse hoje mesmo, o próximo presidente que o suceder terá que
continuar trabalhando com a mesma matéria prima defeituosa que, como povo,
somos nós mesmos. E não poderá fazer nada... Não tenho nenhuma garantia
de que alguém o possa fazer melhor, mas enquanto alguém não sinalizar um
caminho destinado a erradicar primeiro os vícios que temos como povo,
ninguém servirá. Nem serviu Collor, nem serviu Itamar, não serviu Fernando
Henrique, e nem serve Lula, nem servirá o que vier. Qual é a alternativa?
Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a força e
por meio do terror? Aqui faz falta outra coisa. E enquanto essa "outra coisa"
não comece a surgir de baixo para cima, ou de cima para baixo, ou do centro
para os lados, ou como queiram, seguiremos igualmente condenados,
igualmente estancados... Igualmente sacaneados!!! É muito gostoso ser
brasileiro. Mas quando essa brasilinidade autóctone começa a ser um
empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação, aí a
coisa muda... Não esperemos acender uma vela a todos os Santos, a ver se
nos mandam um Messias.
Nós temos que mudar um novo governador com os mesmos brasileiros não
poderá fazer nada. Está muito claro. Somos nós os que temos que mudar.
Sim, creio que isto encaixa muito bem em tudo o que anda nos acontecendo;
desculpamos a mediocridade mediante programas de televisão nefastos e
francamente tolerantes com o fracasso. É a indústria da desculpa e da
estupidez. Agora, depois desta mensagem, francamente decidi procurar o
responsável, não para castigá-lo, senão para exigir-lhe (sim, exigir-lhe) que
melhore seu comportamento e que não se faça de surdo, de desentendido.
Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO QUE O
ENCONTRAREI QUANDO ME OLHAR NO ESPELHO. AÍ ESTÁ. NÃO
PRECISO PROCURÁ-LO EM OUTRO LADO. E você, o que pensa?....
MEDITE!!!!!"
Perguntamos aos brasileiros como eles reagiriam a várias situações do dia-a-dia. As respostas
foram fascinantes – e reveladoras. (Por Barbara Axt e Renata Klar - Publicado
originalmente na revista Seleções de agosto/2005)
No último dia de férias no Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, você faz as malas. As belas
e felpudas toalhas do hotel, ainda limpas, estão penduradas ali perto. Você pega uma e guarda
na mala?
• Você paga por apenas um ponto de conexão da sua TV por assinatura, mas descobre como
conectar rapidamente as outras TVs da casa. Você faz isso?
• Ao deixar o supermercado, você percebe que a caixa lhe deu troco a mais. Você vai embora
ou volta e devolve o dinheiro?
Mais cedo ou mais tarde, todos deparamos com situações como estas. Você faria o que é
certo? Por quê? Para descobrir, Seleções encomendou uma pesquisa ao Instituto Gerp,
realizada em dez capitais brasileiras: São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte,
Brasília, Fortaleza, Porto Alegre, Curitiba, Recife e Belém. Em cada uma, 140 pessoas, com
pelo menos 18 anos, foram confrontadas com 12 situações do dia-a-dia, para testar sua noção
de certo e errado.
Os resultados não são um barômetro científico da virtude dos brasileiros, mas sim um
instigante exercício de auto-avaliação – talvez um teste para a capacidade de responder a
perguntas com honestidade. No geral, nós brasileiros não nos saímos mal.
Toalhas do hotel
Apenas 13% dos entrevistados, por exemplo, disseram que pegariam uma toalha do hotel. E
por que não pegariam? Adriano Cunha, 24 anos, advogado de Recife, disse: “Não levaria
porque as toalhas não são minhas.” Liliane Nogueira Paulo, de Curitiba, explicou: “Levar a
toalha daria prejuízo para o hotel, o que provavelmente encareceria o preço da hospedagem.”
Já Rutilene do Socorro Silva, estudante de enfermagem em Belém, não teve dúvidas na hora
de responder: “Levaria sim, com certeza! Elas são tão lindas! Vejo nas novelas aquelas toalhas
maravilhosas. Eu ia querer levar uma de lembrança. E uma só não ia fazer falta, não é?” Em
hotéis é fácil guardar as toalhas na bolsa sem maiores conseqüências. Em motéis, entretanto,
os quartos são revistados antes que o cliente seja liberado. Mas parece que nem todos se
lembram disso.
“Um amigo foi ao motel com a mulher, que guardou duas toalhas na bolsa. Na hora de pagar a
conta, as peças foram cobradas. Meu amigo ficou com tanta vergonha que fingiu que mal
conhecia a própria mulher, dizendo ‘A gente conhece cada pessoa por aí, não é mesmo?’”,
conta uma dentista de Porto Alegre.
O fato de estar fazendo algo errado não parece incomodar os 41% dos moradores de São
Paulo que declararam que fariam um “gato” da TV por assinatura. Não muito diferente dos 36%
de potenciais “gatos” de Belo Horizonte – que estão um pouco acima da média brasileira de
31%.
Diego Fonseca, de Belo Horizonte, é um dos que não teriam pudor em fazer um “gato” em
casa. “Não tenho TV a cabo, mas os meus amigos que têm fazem ‘gato’. Nenhum deles teve
problema por isso”, justifica.
Na hora de fazer a coisa certa, a diferença entre homens e mulheres é, na média nacional,
estatisticamente irrelevante: entre os brasileiros que declararam que fariam um “gato” da TV
por assinatura, 52% são homens e 48%, mulheres. A diferença entre o comportamento dos
sexos foi maior em Porto Alegre – 43% dos homens fariam um gato contra apenas 26% das
mulheres –, mas no Rio, o porcentual de homens e mulheres que fariam um gato foi o mesmo:
23%.
Encontramos pelo país jovens (de 18 a 35 anos) que não acreditam ser menos honestos do
que os mais velhos. Diego Barbosa, promotor de vendas em Curitiba, tem 19 anos e afirma que
esta não é uma questão ligada à idade: “Honestidade depende da criação da pessoa. Tem
jovem que faz tudo direitinho, e gente mais velha que é bem malandra”, explica.
No entanto, em Recife, 25% dos jovens levariam canetas e envelopes do trabalho para usar em
casa, enquanto apenas 6% daqueles de mais de 45 anos o fariam.
Material de escritório
Ainda em relação ao material de escritório, quem se saiu pior foi São Paulo: 27% confessaram
que levariam artigos para casa – contra 4% em Belo Horizonte e 17% da média nacional.
Outro ponto perdido pelos paulistanos: parar o carro em espaços reservados para deficientes.
Dos entrevistados, 31% admitiram que fariam isso, caso fossem comprar apenas um artigo no
supermercado e o estacionamento estivesse lotado. Isso contrasta com os 23% de todos os
brasileiros e com apenas 14% das pessoas do Rio de Janeiro.
Lilian Mendonça estuda jornalismo em Brasília e, mesmo numa situação extrema, não
estaciona em vagas para deficientes. “Se existem essas vagas, temos de respeitar.” No
entanto, admite que muitos não agem assim: “Já vi gente que não é deficiente parar nessas
vagas”, diz ela. “Mas nunca falei nada. Não adianta, vai entrar por um ouvido e sair pelo outro.”
Digamos que você esteja numa longa fila à espera do ônibus. Chove muito e, quando o ônibus
chega, você percebe que não vai conseguir entrar – a menos que fure a fila. O que você faz?
Em Recife, 40% dos moradores disseram que furariam a fila, contra apenas 6% dos moradores
de Salvador e 17% da média nacional.
Uma das entrevistadas de Recife, Maria de Lourdes, 25 anos, admitiu que furaria a fila porque
“é horrível ficar molhada em um dia chuvoso”.
Em Belém, 32% afirmaram que furariam a fila. O que o técnico de informática Anderson Neves,
de Belo Horizonte, não faria. “Mesmo que meu ônibus tivesse fila, eu não passaria a frente. É
falta de respeito.”
Tem gente que procura justificativas: “Se tiver um monte de crianças fazendo bagunça, saindo
da escola e atrapalhando a entrada do ônibus, aí furo a fila”, afirma o motoqueiro José Alves,
29 anos, de Curitiba.
Sonegação de impostos
Perguntamos aos entrevistados se esconderiam parte do seu rendimento para sonegar imposto
de renda. A média nacional de respostas positivas foi de 29%. Em Curitiba, porém, 39%
sonegariam.
No Rio de Janeiro, um funcionário da UFRJ de 45 anos explica as razões que teria para
sonegar o imposto: “Sou funcionário público e a tributação sobre o meu salário é muito alta.
Mas a principal razão é que a gente não vê o retorno desse dinheiro em serviços públicos. Se
as pessoas vissem o imposto de renda sendo investido, pagariam com satisfação.”
Ele não é o único que pensa assim: no Brasil, a sonegação de impostos é vista como reação à
atitude dos políticos. “Apesar de nunca ter pensado em sonegar impostos, considero o imposto
de renda muito injusto. O dinheiro é meu, fui eu que trabalhei. Se, mesmo com as disparidades,
o dinheiro fosse utilizado para a educação e a saúde pública, eu até pagaria sem reclamar,
mas na verdade vai tudo para o bolso dos políticos”, revolta-se Simone, 39 anos, psicóloga do
Rio de Janeiro.
Perguntados se dirigiriam a uma velocidade 20 km/h acima do limite, às 21 horas, numa via
expressa quase vazia, 63% dos moradores de Recife admitiram que sim – comparados à
média nacional de 51%. O estudante de engenharia Djan Bernardo, de Recife, justifica sua
resposta: “Ultrapasso o limite por segurança. É melhor correr o risco por uma falha minha do
que ser assaltado. Ficar parado na rua à noite pode ser perigoso.”
E quanto a beber e dirigir? Suponha que você tenha bebido demais em uma festa, e suspeite
estar acima do teor de álcool permitido pela lei. Ainda assim, você volta para casa dirigindo?
Rio de Janeiro e São Paulo, com respectivamente 14% e 13%, ficaram em posição bem
parecida com a média nacional – 16% de respostas positivas –, contrastando com os 26% de
Fortaleza.
Raquel Brasileira (o nome dela é este mesmo!), 26 anos, é de Fortaleza, mas tem uma solução
segura para o impasse. “Não gosto de pegar o carro depois de beber. Costumo levar comigo
uma pessoa que não bebe, que volta dirigindo.”
Devolução de troco
Situação clássica: no supermercado, você percebe que a caixa lhe deu troco a mais. Você
devolve? Três quartos dos brasileiros responderam que sim, e os moradores do Rio de Janeiro
e de Salvador alcançaram marca ainda mais expressiva: 93%.
Uma analista de sistemas do Rio de Janeiro de 35 anos pensa no funcionário que errou na
conta. “Devolvo o troco a mais porque sei que é o atendente que vai ter de repor o dinheiro.”
Esse também é o argumento da estudante Fabiane Lopes, de Brasília. “Isso aconteceu comigo
uma vez. Voltei e devolvi para a caixa do supermercado porque no fim do dia o dinheiro ia estar
faltando e isso a prejudicaria no emprego.”
Isso é algo que nunca tinha passado pela cabeça de Isabela do Nascimento, advogada de
Fortaleza que já ficou uma vez com o troco a mais. “Acho errado ficar com o dinheiro, mas uma
vez já fiquei”, confessa. “Existe uma grande diferença entre o que a gente diz e o que faz na
hora. Foi bom responder a essas perguntas, porque tive a chance de parar para pensar no
assunto.”
Eda Zanatta, 35 anos, é uma dentista de Porto Alegre que usa uma situação semelhante para
ilustrar sua opinião sobre honestidade. “Estava no caixa de uma loja de roupas e a vendedora
retirava as etiquetas de proteção que apitam quando você passa pela porta. Ela tirou a etiqueta
de uma jaqueta, mas esqueceu de registrar o valor. Avisei à vendedora e, na mesma hora,
senti um chute na perna. Era o meu marido me repreendendo por ter avisado – e por ter
deixado de levar uma roupa de graça. Hoje ele é meu ex-marido. Isso prova que honestidade é
algo que faz parte de cada pessoa.”
Software pirata
Certas atitudes, como a utilização de um software pirata, são motivadas pela praticidade.
“Nunca comprei programas de computador. É muito fácil conseguir uma cópia de software com
um amigo”, explica Rafael Marques Risso, 24 anos, estudante de direito de Recife. “Mas sei
que não é certo.”
É mais ou menos a visão de 39% dos entrevistados em Curitiba, embora apenas 6% admitam
que utilizariam programas piratas em Belo Horizonte e 22% no Brasil como um todo. Em Porto
Alegre, com 32% de respostas positivas, um prestador de serviços de manutenção predial
explica: “Se o meu computador apresenta um problema, quero que o técnico resolva rápido.
Não pergunto se ele utiliza um software pirata. Mas se eu for comprar um programa, invisto
num original. Acontece que alguns softwares são caros demais e as pessoas não podem pagar
por eles. Meu irmão, engenheiro, precisou se juntar com quatro amigos para dividir o valor de
um programa original.”
Delação
Pode não existir resposta certa ou errada, mas a pergunta que causou mais angústia foi se o
entrevistado contaria a uma amiga ou amigo ter visto seu marido/sua mulher de mãos dadas
com um(a) estranho(a). Em Fortaleza e Belo Horizonte, 46% disseram que sim, ao passo que
em São Paulo apenas 16% contariam. No Brasil todo, 27% abririam os olhos do amigo(a).
Raquel Rosário da Silva é de Belém e faz parte da maioria que não se mete no casamento dos
outros. “Se eu contasse uma coisa dessas, poderiam dizer que era intriga minha ou que eu
estava interessada naquela pessoa. Se a situação fosse o oposto e alguém viesse falar algo
assim do meu namorado, eu também ia desconfiar. Só acredito vendo.”
Paulo Cézar Souza, de Curitiba, tem 22 anos e afirma que não deixaria de alertar o amigo
mesmo correndo o risco de ser acusado de mentiroso: “Se ele não acreditar em mim, digo pelo
menos para ficar de olho na mulher.”
Foram poucas as questões que tiveram respostas tão divididas conforme a idade do
entrevistado. Enquanto 36% dos jovens brasileiros contariam ao amigo, apenas 15% daqueles
com mais de 45 anos interviriam.
O brasileiro vê a honestidade como algo que se aprende em casa, com a família. “Tento dar um
bom exemplo para os meus filhos porque acho que ser uma pessoa correta é algo que vem de
berço”, explica Luiz, 50 anos, comerciante de Porto Alegre.
A doméstica Vera Moraes, 48 anos, de Curitiba, complementa: “No trabalho, se você for
desonesto, alguém acaba desconfiando e você é demitido. No meu caso, para que eu possa
trabalhar, é preciso que o patrão tenha confiança. Ser honesto é uma questão de
sobrevivência.”
1. Ao sair de um supermercado, você percebe que a caixa lhe deu R$ 50 a mais de troco.
Você volta e devolve o dinheiro?
Sim Não
2. Você bebeu demais em uma festa e suspeita que está acima do limite legal para dirigir.
Você volta dirigindo para casa?
Sim Não
3. Você encontrou uma brecha para sonegar imposto de renda, escondendo parte do seu
rendimento. Você faz isso?
Sim Não
4. O estacionamento do shopping está lotado – exceto pelas vagas reservadas a
deficientes físicos. Você estaciona o carro numa dessas vagas?
Sim Não
5. Você descobre que é possível fazer um “gato” da sua TV por assinatura pagando
apenas um ponto. Você faz isso?
Sim Não
6. Você precisa de envelopes e canetas em casa. Você os pega na empresa em que
trabalha?
Sim Não
7. Você encontra uma carteira na rua com R$ 100, sem endereço do dono. Você entrega a
carteira numa delegacia?
Sim Não
8. Você vê o marido/a mulher de sua melhor amiga/seu melhor amigo andando de mãos
dadas com um estranho. Você se sente obrigado a contar ao seu amigo(a)?
Sim Não
9. As toalhas do banheiro do hotel em que você está hospedado são muito bonitas e de
boa qualidade. Você coloca uma delas na mala e a leva para casa?
Sim Não
10. Está chovendo e você espera pelo ônibus numa longa fila. Quando o ônibus chega,
você percebe que não há lugar para todos e você não vai conseguir entrar se não passar a
frente das pessoas. Você fura a fila?
Sim Não
11. Você está dirigindo, voltando para casa, às 9 horas da noite e a rua está quase vazia.
Você excede o limite de velocidade em 20 km/h para chegar em casa mais rápido?
Sim Não
12. Um amigo oferece a você, de graça, uma cópia ilegal de um caro software de
computador. Você o aceita e o instala no seu computador?
Sim Não
Consulta: 10/02/2006( www.eticaempresarial.com.br).
Poema: O Homem no espelho
a) Você acha que ao enviar os convites o sr. "X" queria apenas partilhar com os
parceiros comerciais a sua alegria pelo casamento da filha, ou estava
interessado nos presentes?
c) Caso sua resposta à pergunta anterior seja negativa, ela mudaria em relação
às empresas nas quais o executivo principal mantivesse relações sociais com o
sr. "X".
Estudo de Caso : Os Miseráveis
“Eu gosto da empresa. Tudo que tenho foi dela que recebi. Não quero que ela
seja prejudicada”.
Questões :
ENTENDA
Especialistas afirmam que a decisão é correta
Pereira diz que o monitoramento por parte da empresa não deve incluir apenas
o uso do equipamento para fins considerados "moralmente censuráveis" -no
caso, o envio de fotos de mulheres nuas aos colegas de trabalho.
DA REPORTAGEM LOCAL
Estudo de caso
www.watchtower.org
ética e Pesquisa
Comite de ética
É um grupo de pessoas a quem a instituição onde se realiza a pesquisa atribui a função
de apreciar os aspectos éticos envolvidos na pesquisa. Essa apreciação tem como
objetivo principal proteger os direitos e interesses e garantir os benefícios dos sujeitos
da pesquisa, individual e coletivamente.
Aspectos Legais
Aspectos Morais
Os cientistas não devem fazer pesquisas que possam causar riscos não justificados às
pessoas envolvidas; violar as normas do consentimento informado; converter recursos
públicos em benefícios pessoais; prejudicar seriamente o meio ambiente ou conter erros
previssíveis ou evitáveis .
Aspectos Éticos
A relação da pesquisa com a sociedade pode ser abordada tanto nos aspectos relativos à
proteção dos indiviíduos (sujeitos da pesquisa, pesquisadores e trabalhadores
envolvidos), à divulgação de resultados e como na avaliação do retorno social da
mesma.
Goldim JR. Ética na pesquisa. Revista HCPA 1993;13(2):107-111.
TEXTOS COMPLEMENTARES
Ética e indiferença
A série Ser ou Não Ser traz hoje uma questão delicada e importante para nossa vida. O que é ética? Por
que ela é importante na vida em sociedade? Qual a relação entre ética e indiferença?
Uma foto, publicada no jornal "O Globo" no início de setembro, deixou os leitores indignados. O corpo
de um turista cego, que morreu afogado na Praia Vermelha, ficou horas no calçadão, enquanto não era
removido. Mas esse estranho elemento em um dos cenários mais bonitos do Rio de Janeiro não abalou os
outros visitantes. Eles simplesmente ignoraram o cadáver ao lado.
“Você vê que as pessoas estão sorrindo. Elas fotografavam, passavam, brincavam, transitavam ao lado
do corpo. É como se não estivesse ali. Essa indiferença, esse descaso, é que me chamou a atenção”,
conta o fotógrafo Michel Filho.
Por que esta cena não foi capaz de afetar as pessoas em volta? A relação entre ética e indiferença é o
tema de hoje em Ser ou Não Ser.
"Indiferença" é uma palavra que não faz parte da vida de Áurea, uma assessora parlamentar de Brasília
que hoje lida com a questão indígena. Ela já perdeu a conta de quantas vezes abriu a porta de casa para
índios, meninos de rua, ou qualquer um que precisasse de ajuda.
“A pessoa fala assim: ‘Ah, você mexe com índios, né? Você mexe com crianças de rua’. Eu falo: ‘Não,
eles é que mexem demais comigo’”, conta Áurea.
Áurea teve sete filhos de três casamentos. E assim, ela formou uma grande família de artistas e
músicos: Abaetê, Jandira, Flora, Zé, Caetano, Dario e Julia.
“O resultado disso, eu quero dizer, é de bênção. Eu sou uma pessoa sete vezes abençoada”, agradece
Áurea.
“A gente sempre foi criado muito solto, minha mãe estava sempre trabalhando, a gente ficava aqui
nesse caos. Agora, quando tinha alguma repreensão, era interessante porque - isso é uma coisa que eu
lembro até hoje - minha mãe sempre batia numa coisa de caráter”, lembra Zé, hoje designer gráfico.
Como tantas outras mães, Áurea sempre se esforçou para que os filhos tivessem uma postura ética na
vida.
“Escolhe o que você quiser, mas tem que ter dignidade”, ensina Áurea.
Mas o que é ética? Qual a relação entre ética e moral? Moral é o conjunto de regras, válidas para todo
mundo, que determinam nossa conduta em sociedade: como devemos agir para não ferir o direito do
outro e respeitar o bem comum.
Mas dessas regras universais - não matar, por exemplo - podem surgir dilemas particulares: a eutanásia
pode ser uma saída para aliviar o sofrimento de uma pessoa presa a uma cama?
Como agir diante dos diferentes desafios morais? É daí que nasce a ética.
A falta dessa "atenção" com a vida é o que a foto na Praia Vermelha sugere. Uma conduta ética é antes
de tudo uma tomada de posição. Uma atitude. Por isso, nada mais antiético do que a indiferença. Estar
indiferente é abandonar toda tentativa de interferir nas coisas, de mudar - o que acaba tornando a
violência, a corrupção, o desrespeito, um hábito. A indiferença é a banalização do mal.
“O que é a banalização? Se um de nós se deitar hoje à noite, ouve o tic tac do relógio durante poucos
segundos. Num determinado momento, desapareceu o tic tac. Sempre que alguém é exposto a um
estímulo repetido, semelhante, banaliza, não se percebe mais”, explica o psquiatra José Outeiral.
“Se alguém é exposto demasiadamente à violência, como acontece hoje, banaliza a experiência da
violência. Então, nós vivemos num mundo extremamente banalizado”, complementa o psiquiatra.
A banalização leva à indiferença. E o que a indiferença faz é desconsiderar e desqualificar o outro. Uma
pessoa ignorada é como um objeto, sem vida, sem importância.
“Quantas vezes passamos por uma criança no chão, dormindo, e sequer paramos para olhar para ela? Ao
contrário. Tratamos de virar o rosto”, alerta José Outeiral.
O psicanalista e filósofo Jurandir Freire Costa fala de três tipos de indiferença na nossa sociedade. O
primeiro é o das classes dirigentes e das elites em relação aos pobres, que são vistos como "coisas", não
como pessoas.
Um exemplo extremo disso é o assassinato do índio Galdino de Jesus, há nove anos. Foi para as
comemorações do Dia do Índio que o pataxó Galdino de Jesus foi a Brasília. Depois de se perder de seus
amigos, deitou num banco e adormeceu. De madrugada, cinco jovens da classe média de Brasília
desceram de um carro, atearam fogo em seu corpo e desapareceram.
Galdino morreu horas depois, vítima da indiferença e da banalização da vida humana. Todos os anos, os
pataxós se reúnem em um monumento, para realizar uma cerimônia em sua memória.
Todo esse processo gera uma reação. Quem não foi reconhecido como cidadão também passa a não
reconhecer o valor do outro. A explosão da violência urbana é o resultado do segundo tipo de
indiferença: a dos excluídos em relação às elites.
A vida dos privilegiados deixa de ser vista como algo importante por aqueles que estão à margem da
sociedade. E assim, pode-se matar para conseguir um tênis, por exemplo.
“A palavra barbárie pode se aplicar perfeitamente a isso. Nós vivemos, agora, a barbárie”, define
Outeiral.
O terceiro tipo de indiferença apontada por Jurandir Freire Costa é o das elites em relação a elas
mesmas. Enquanto o caos toma conta das cidades, multiplica-se o consumo de tranqüilizantes,
antidepressivos e drogas, como a cocaína.
“Por exemplo, se alguém se sente um pouco mais gordo, se falta desejo pelo companheiro ou pela
companheira, se alguém perdeu uma pessoa querida e está triste, rapidamente é medicado. A pílula vai
resolver o seu problema. E com isso, se plastifica o afeto das pessoas”, analisa Outeiral.
Diante de uma sociedade que parece desabar, a única coisa a fazer é salvar a si mesmo. Na falta de um
projeto coletivo, a busca pelo sucesso individual, pelo bem-estar e realização pessoal, se torna cada vez
mais importante. Da mesma forma, o horror ao fracasso.
O que choca no Brasil hoje não é tanto a quantidade de crimes e escândalos políticos que vemos todos
os dias nos jornais, mas a absoluta indiferença com que reagimos a tudo isso. Talvez este seja o sinal de
um desejo de destruir o que não temos coragem de transformar.
“Eu acho que as pessoas precisam pensar mais de forma coletiva”, diz o fotógrafo Michel Filho.
“Tem uma série de valores a serem preservados: a solidariedade, o respeito pelo outro, a tolerância
àquilo que é humano”, enumera José Outeiral.
“Isso é o nosso poder, para o bem e para o mal, é o nosso poder”, garante Áurea.
“Nós temos que parar e pensar. Pensar profundamente, por mais que isso seja difícil, provoque
sofrimento, provoque angústia, e que a curto e médio prazo nós não tenhamos nenhuma resposta. Mas é
fundamental parar e refletir sobre isso”, avisa Outeiral.
Da Grécia antiga ao pensamento oriental: qual a relação entre Sócrates e Buda? A discussão sobre ética
continua domingo que vem. Não perca!
Pra pensar.....
Fui criado com princípios morais comuns. Quando criança, ladrões tinham a aparência
de ladrões e nossa única preocupação em relação à segurança era a de que os
“lanterninhas” dos cinemas nos expulsassem devido às batidas com os pés no chão
quando uma determinada música era tocada no início dos filmes, nas matinês de
domingo.
Mães, pais, professores, avós, tios, vizinhos eram autoridades presumidas, dignas de
respeito e consideração. Quanto mais próximos, e/ou mais velhos, mais afeto.
Inimaginável responder deseducadamente à policiais, mestres,aos mais idosos,
autoridades.Confiávamos nos adultos porque todos eram pais e mães de todas as
crianças da rua, do bairro, da cidade.
Tínhamos medo apenas do escuro, de sapos, de filmes de terror.
Hoje me deu uma tristeza infinita por tudo que perdemos. Por tudo que meus filhos um
dia temerão. Pelo medo no olhar de crianças, jovens, velhos e adultos.
Matar os pais, os avós, violentar crianças, sequestrar, roubar, enganar, passar a perna,
tudo virou banalidade de notícias policiais, esquecidas após o primeiro intervalo
comercial.
Agentes de trânsito multando infratores são exploradores, funcionários de indústrias de
multas. Policiais em blitz são abuso de autoridade.
Regalias em presídios são matéria votada em reuniões. Direitos humanos para
criminosos, deveres ilimitados para cidadões honestos.
Não levar vantagem é ser otário. Pagar dívidas em dia é bancar o bobo, anistia para os
caloteiros de plantão.Ladrões de terno e gravata, assassinos com cara de anjo, pedófilos
de cabelos brancos.
O que aconteceu conosco?
Professores surrados em salas de aula, comerciantes ameaçados por traficantes, grades
em nossas janelas e portas.Crianças morrendo de fome de morte. Que valores são esses?
Carros que valem mais que abraço, filhos querendo-os como brindes por passar de ano.
Celulares nas mochilas dos recém saídos das fraldas.
TV,DVD, vídeo-games, o que vai querer em troca desse abraço, meu filho?
Mais vale um Armani do que um diploma. Mais vale um telão do que um papo. Mais
vale um baseado do que um sorvete. Mais valem dois vinténs do que um gosto.
Que lares são esses?
Jovens ausentes, pais ausentes, droga presente e o presente uma droga.
O que é aquilo? Uma árvore, uma galinha, uma estrela, uma flor.
Quando foi que tudo sumiu ou virou ridículo?
Quando foi que esqueci o nome do meu vizinho?Quando foi que olhei nos olhos de
quem me pede roupa, comida, calçado sem sentir medo?
Quando foi que me fechei?
Quero de volta a minha dignidade, a minha paz. Quero de volta a lei e a ordem, a
liberdade com segurança. Quero tirar as grades da minha janela para tocar as flores.
Quero sentar na calçada e ter a porta aberta nas noites de verão. Quero a honestidade
como motivo de orgulho. Quero a retidão de caráter, a cara limpa e o olho no olho.
Quero a vergonha, a solidariedade. Quero a esperança, a alegria. Teto para todos,
comida na mesa, saúde a mil
Não quero listas de animais em extinção. Não quero clone de gente, quero cópia das
letras de músicas, cultura e ciência.
Eu quero voltar a ser feliz! Quero dizer basta a esta inversão de valores e ideais.
Quero calar a boca de quem diz: “a nível de”, enquanto pessoa.
Abaixo o “TER”, viva o “SER”!
E viva o retorno da verdadeira vida, simples como uma gota de chuva, limpa como um
céu de abril, leve como a brisa da manhã! E definitivamente comum, como eu.
Adoro o meu mundo simples e comum.
Vamos voltar a ser “gente”? Ter o amor, a solidariedade, a fraternidade como base. A
indignação diante da falta de ética, de moral, de respeito... Discordar do absurdo.
Construir sempre um mundo melhor, mais justo, mais humano, onde as pessoas
respeitem as pessoas.
Utopia? Não...se você e eu fizermos nossa parte e contaminarmos mais pessoas, e essas
pessoas contaminarem mais pessoas...hein?
Quem sabe?... (Autor desconhecido....ou todos nós!)
Ana Carolina & Seu Jorge - Brasil Corrupção (unimultiplicidade)
Ana Carolina e Seu Jorge
Neste Brasil corrupção
pontapé bundão
puto saco de mau cheiro
do Acre ao Rio de Janeiro
Neste país de manda-chuvas
cheio de mãos e luvas
tem sempre alguém se dando bem
de São Paulo a Belém
Pego meu violão de guerra
pra responder essa sujeira
E como começo de caminho
quero a unimultiplicidade
onde cada homem é sozinho
a casa da humanidade
Não tenho nada na cabeça
a não ser o céu
não tenho nada por sapato
a não ser o passo
Neste país de pouca renda
senhoras costurando
pela injustiça vão rezando
da Bahia ao Espírito Santo
Brasília tem suas estradas
mas eu navego é noutras águas
E como começo de caminho
quero a unimultiplicidade
onde cada homem é sozinho
a casa da humanidade
Ana Carolina & Seu Jorge - Problema Social
Guará / Fernandinho
Se eu pudesse, eu dava um toque em meu destino
Não seria um peregrino nesse imenso mundo cão
Nem o bom menino que vendeu limão
E trabalhou na feira pra comprar seu pão
Não aprendi as maldades que essa vida tem
Mataria a minha fome sem ter que roubar ninguém
Juro que eu não conhecia a famosa funabem
Onde foi minha morada desde os tempos de neném
É ruim acordar de madrugada pra vender bala no trem
Se eu pudesse eu tocava em meu destino
Hoje eu seria alguém
Seria eu um intelectual
Mas como não tive chance de ter estudado em colégio
legal
Muitos me chamam de pivete
Mas poucos me deram um apoio moral
Se eu pudesse eu não seria um problema social
Ana Carolina - Notícias Populares
Ana Carolina
Tudo se acaba
Olho o noticiário
Água se acaba
Se acaba a prece do vigário
Tomei um tiro
No vidro do meu carro
É a pobreza
Tirando o seu sarro
Foi meu dinheiro
Foi meu livro caro
Que façam bom proveito
Da grana que roubaram
Porque eu trabalho
E outro dinheiro eu vou ganhar
Tomei um táxi
O motorista, me estigando,
Veio falando sobre o onze de setembro.
Havia um homem na calçada lendo o Código Da Vinci
Ou lia o código da venda?
Notícias populares
Voam pelos ares
E amanhã, meu nêgo, ninguém sabe
Se alguém recua ou se alguém invade
Se alguém tem nome ou se alguém tem fome.
Que façam bom proveito
Do pouco que restar
Se tanta gente vive
Só com o que dá pra aproveitar.
Tudo se acaba.
Olha o noticiário!
(2x)
É negro, é branco, é nissae
é verde, é indio peladão
é mameluco, é cafuso, é confusão
(2x)
Oh Pindorama quero seu Porto Seguro
Suas palmeiras, suas pêras, seu café
suas riquezas, praias, cachoeiras
quero ver o seu povo de cabeça em pé
São Paulo, terça-feira, 17 de maio de 2005.
TRABALHO
Ministros admitem o uso dessas provas para dispensas por justa causa
Empresa pode violar e-mail para demitir, decide TST SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O TST (Tribunal Superior do Trabalho) decidiu que, para obter provas que
justifiquem a demissão por justa causa, o empregador tem o direito de violar o
sigilo de correspondência de caixa eletrônica que ela tiver colocado à
disposição do funcionário.
Essa foi a primeira vez que o TST julgou esse tema. Os tribunais regionais já
vêm adotando esse entendimento no julgamento de casos semelhantes. Em
tese, o ex-funcionário do HSBC Seguros ainda pode recorrer ao STF (Supremo
Tribunal Federal), alegando que há matéria constitucional na causa: o direito
ao sigilo de correspondência.
Controle moderado
Pela decisão do TST, o empregador pode exercer "de forma moderada,
generalizada e impessoal" o controle de mensagens enviadas e recebidas por
meio de caixa de e-mail fornecida por ela, porque ela poderia ser
eventualmente responsabilizada por eventuais abusos.
Dalazen disse que o e-mail criado pelo empregador tem natureza jurídica
equivalente a uma ferramenta de trabalho e, por isso, dependeria de
autorização expressa para ser usado para fins não-profissionais. Ele admitiu a
"utilização comedida" do correio eletrônico para interesses pessoais, desde
que sejam respeitados a moral e os bons costumes.
Senha pessoal
A 13ª Vara do Trabalho de Brasília considerou que as provas obtidas contra ele
eram inválidas, porque foram obtidas de forma indevida, por meio da violação
do sigilo de correspondência, assegurado pela Constituição.
ENTENDA
Especialistas afirmam que a decisão é correta
Pereira diz que o monitoramento por parte da empresa não deve incluir apenas
o uso do equipamento para fins considerados "moralmente censuráveis" -no
caso, o envio de fotos de mulheres nuas aos colegas de trabalho.
"Desde que [o envio de e-mail] atrapalhe o trabalho do empregado e prejudique
a empresa, esta pode valer-se do monitoramento, inclusive para demitir o
empregado por justa causa."
DA REPORTAGEM LOCAL
Como esta parte é digna de nota e de ser imitada, não quero deixa-la para trás.
Tendo conquistado a Romanha e vendo-a controlada por senhores ineptos, os
quais mais haviam espoliado do que governado os súditos, que haviam
fomentado a discórdia, tanto que a região estava cheia de latrocínios, de
disputas e de todo tipo de violência, julgou ser necessário, para torná-la
pacífica e obediente à sua autoridade, dar-lhe um bom governo. Confiou-a
Remirro de Orço, homem duro e decidido, ao qual deu plenos poderes. Este,
em pouco tempo, tornou-a pacífica e unida, conquistando ótima reputação.
Depois, julgou o duque não ser necessária uma autoridade tão forte, pois
acreditava que se tornaria odiosa. Entregou a Romanha a uma assembléia
civil, no meio da região, com um presidente de grande prestígio e onde cada
cidade contava com um representante. Por saber que os rigores passados
haviam gerado alguns ódios, para purgar a alma do povo e conquista-lo
inteiramente, quis demonstrar que se houvera alguma crueldade, não era de
responsabilidade sua, mas da natureza acerba do ministro. Tomando uma
oportunidade, mandou exibi-lo, certa manhã, em Cesena, cortado em dois, com
um pedaço de madeira e uma faca ensangüentada ao lado. A ferocidade do
espetáculo deixou o povo, ao mesmo tempo, satisfeito e estupefato (1996: 47-
48).
Aqui deve-se notar que o ódio é conquistado seja com as boas obras como
com as más. Mas, como já disse antes, querendo manter o Estado, muitas
vezes, um príncipe é forçado a não ser bom. Quando o grupo, seja o povo, os
soldados ou os nobres, que julgas precisar para te manter é corrupto, convém
que te adaptes ao humor dele para satisfaze-lo. Nesse caso, as boas obras são
prejudiciais ( 1996: 114).
Assim qualidade de vida significa recuperar conceitos importantes como " reino
das necessidades", " reino da liberdade", onde prevalecem a justiça, a paz, a
alegria; onde o ser humano vence a fome, a doença, a ignorância, a servidão,
a angústia e o medo.
Para que a vida seja vida é necessário ao ser humano um espaço físico
( moradia, pátio, áreas comuns de lazer, áreas verdes); vestimenta e casa
compatíveis com o clima quente ou frio; alimentação constituída de vitaminas,
proteínas e calorias e livre de agrotóxicos; Ter pessoas ao seu redor ( família,
vizinhos, amigos, colegas de trabalho e lazer); espaço/lugar para amar, sorrir,
brincar e chorar, para externar tudo aquilo que está relacionado com a sua
vida; viver em liberdade, produzir cultura, consumir cultura, produzir arte e
consumir arte; Ter o direito de escolher o ligar de morar e os direitos de
trabalhar, estudar, aprender, formar, informa-se e Ter garantias de saúde e
proteção. Para que tudo isso seja concreto é preciso emprego, cuja
remuneração possibilite este desenvolvimento da vida.
Qualificar a qualidade significa, pois, multiplicar tudo aquilo a que a maioria dos
incluídos do mundo da economia neoliberal ou sistêmico tem acesso. Por isso
a busca pela qualidade não pode estar dissociada da qualidade, da capacidade
de alcançar os excluídos do sistema.
Mas para isso ela deve ser reconstruída dentro de um novo critério. Par
Marques,
" O critério básico para a aferição da qualidade da educação deve, assim, ser
buscado a partir de determinada política, isto é, das opções fundamentais
éticas que se tomem frente à função que se pretende desempenhe a educação
no espaço das lutas sociais mais amplas.
Radicalmente se trata de valores éticos: que tipo de sociedade queremos
construir e que tipo de cidadão queremos educar essa sociedade?" (1994,p.82-
3).