Você está na página 1de 3

BRASIL Acesso à informação - Barra GovBr

Contraste normal | Alto Contraste

Parecer Técnico nº 2, de 23 de dezembro de 2009

23 de dezembro de 2009

Assunto: Utilização do DEET e outras substâncias em repelentes para insetos (Revisão do Parecer Técnico Catec nº 2/2006)

Considerando a necessidade de uniformizar a metodologia dos testes de eficácia e segurança realizados em produtos repelentes
de insetos;

Considerando a necessidade de uniformizar a metodologia dos testes de eficácia e segurança realizados em produtos repelentes
de insetos;

Considerando que os repelentes de insetos são utilizados em ambientes externos e expostos ao Sol;

Considerando que o DEET é um composto orgânico denominado N,N-dietil-meta-toluamida e N,N-dietil-3-metilbenzamida,


respectivamente, pela International Union of Pure and Applied Chemistry e pelo Chemical Abstract Service (CAS), sob o nº 134-62-
3 (1 e 2);

Considerando os parâmetros observados nos estudos de biodisponibilidade, as preparações repelentes evidenciaram níveis de
absorção na ordem de 9 a 56% nas primeiras horas (3);

Considerando que o DEET vem sendo usado em larga escala como ingrediente dotado de atividade repelente de insetos (4);

Considerando que o mecanismo de ação do DEET ainda não foi esclarecido, (5 e 3), e que algumas hipóteses a respeito do
assunto estão associadas à capacidade de promover indução neuronal (6 e 7);

Considerando que embora o DEET tenha se mostrado seguro como repelente de insetos, registros de efeitos adversos em
humanos têm sido objeto de discussão (8 e 9), sendo que as crianças tem-se mostrado mais sensíveis aos efeitos neurotóxicos
que os adultos (3);

Considerando que formulações contendo DEET, se ingeridas, podem ocasionar hipotensão, crises convulsivas e coma no decorrer
da 1ª hora da exposição, os casos fatais tem sido associados às concentrações plasmáticas (10 e 11);

Considerando que os efeitos adversos decorrentes do uso tópico do DEET estão relacionados a fatores biofarmacêuticos e das
condições ambientais (3, 12 – 17, 18 - 22),

Considerando que a literatura sugere que a associação de protetores solares e DEET em uma mesma formulação, bem como a
aplicação simultânea de formulações contendo estas substâncias, podem interferir na eficácia das mesmas (23 - 26);

Considerando que a eficácia do produto está relacionada à formulação e a forma de apresentação;

A CATEC recomenda:

A. PARA TODOS OS PRODUTOS REPELENTES DE INSETOS:


A.1 - Comprovação de Eficácia:
Para comprovação de eficácia devem ser apresentados, no ato da solicitação do registro, estudos de eficácia do produto,
efetuados de acordo com as especificações publicadas pela Agência de Proteção Ambiental (EPA) dos Estados Unidos da América
ou outras metodologias validadas e reconhecidas internacionalmente.

A. 2 - Comprovação de Segurança:
Para comprovação de segurança devem ser apresentados, no ato da solicitação do registro, no mínimo, os seguintes estudos
realizados no produto acabado:
- irritação cutânea primária e acumulada
- sensibilização cutânea
- fotossensibilização

A.3 - Rotulagem obrigatória


Na rotulagem dos produtos deverá constar obrigatoriamente:
a) O tempo para reaplicação do produto com base no teste de eficácia do mesmo, obedecendo sempre, quando for o caso, o
número de aplicações máximas;
b) O ingrediente ativo e sua concentração;
c) As frases de advertência a seguir:
Aplicar nas áreas expostas somente quando necessário;
Não aplicar por baixo de roupas;
Não utilizar se a pele estiver irritada ou lesionada;
Evitar o contato com os olhos, boca e narinas;
Depois do uso, lavar as mãos com água e sabão;
Cuidado: perigoso se ingerido;

Em caso de intoxicação e/ou reações adversas, procurar o Centro de Intoxicações ou Serviço de Saúde, levando a embalagem ou
o rótulo do produto;

Conservar o produto longe do alcance de crianças e animais (destaque ou negrito).

Não reutilizar as embalagens vazias;

Manter o produto na embalagem original;


Não aplicar na região dos olhos, boca e mucosas;

Em caso de contato com os olhos, lavar imediatamente com água corrente em abundância;

Atenção: o uso de repelentes não dispensa nem substitui as demais medidas de combate as doenças transmitidas por mosquitos
(destaque ou negrito).
Observação: A menção às doenças transmitidas por mosquitos será permitida na rotulagem primária e secundária desde que não
seja feita de forma destacada. Tais menções não devem constar na parte frontal e devem vir no texto de rotulagem seguindo o
padrão dos demais dizeres (tipo de letra, forma e tamanho).
A.3.1 – Rotulagem obrigatória em preparações tipo aerossóis ou spray
a) Além das frases descritas no item A.3, acrescentar:

Não aplicar as formulações em ambientes fechados;

Evitar a inalação excessiva do produto;

Para aplicar no rosto: aplique primeiramente o produto nas mãos e a seguir leve ao rosto evitando o contato com olhos, boca e
narinas;
B. DISPOSIÇÕES ADICIONAIS PARA REPELENTES QUE CONTENHAM DEET:

Além do que está determinado no item A, produtos repelentes que contenham o ingrediente DEET, também devem cumprir as
seguintes determinações:
1. Não permitir o uso de repelentes para insetos contendo DEET em crianças menores 2 anos.

2. Permitir o uso de repelentes para insetos contendo DEET, em crianças de 2 a 12 anos de idade, desde que a concentração do
referido ingrediente não seja superior a 10%, restrita a apenas 3 (três) aplicações diárias, evitando-se o uso prolongado;

3. Para idades superiores a 12 anos, formulações contendo DEET, em concentrações superiores a 30% poderão ser aceitas para
registro, desde que sejam realizados estudos de avaliação de risco para humanos, levando-se em consideração a freqüência de
aplicação pois, estudos mostraram que formulações com baixas concentrações de DEET são tão efetivas quanto àquelas com
concentrações maiores mesmo permanecendo durante menor período de contato;

4. Que constem na rotulagem, para todas as formulações e concentrações, além dos dizeres descritos no item A.3 os seguintes
dizeres, conforme o caso:
a) Para formulações contendo concentrações de DEET até 10%
Não aplicar em crianças menores de 2 anos de idade;
A aplicação deste produto em crianças deve ser supervisionada por um adulto. Este deve colocar o produto em suas mãos e em
seguida aplicar na criança;
Evitar a aplicação do repelente na palma das mãos da criança;
Em crianças de 2 a 12 anos de idade não aplicar mais do que 3 vezes ao dia.

b) Para formulações contendo DEET de 11 a 30%


Não usar em crianças menores de 12 anos.

A Gerência Geral de Cosméticos adota o presente parecer como referência técnico-científica.

Referências Bibliográficas

1) Health Canada – Ottawa, Ontario, April 15, 2002. Personal insect repellents containing DEET (N,N-diethyl-m-toluamide and
related compounds) Pest Management Regulatory Agency. pmra_publications@hc-sc.gc.ca, www.hc-sc.gc/pmra-arla/
2) Pronczuk, J. IPCS INCHEM – DEET, 1990. www.inchem.og
3) Koren, G; Matsui, D; Bailey, B. DEET – based insect repellents: safety implications for children and pregnant and lactating
women. Canadian Medical Association or its licensors – CMAJ , aug. 5, 169(3): 2003. – Published at www.cmaj.ca on july 15,
p.209-212, 2003.
4) Centers for Disease Control and Prevention. Possible West Nile Virus Transmission to an Infant Through Breast-Feeding.
Michigan. MMWR Morb Mortal Rep, n.51, p.877-878, 2002.
5) Sudakin, D.L; Trevathan, W.R. DEET: A Review and Update of Safety and Risk in the General Population. Journal of Toxicology,
v.41, n.6, p.831-839, 2003.
6) Abu-Qare, A.W; Abou-Donia, M.B. Combined exposure to DEET (N,N-(diethyl-m-toluamide) and permethrin-induced release of
rat brain mitochondrial cytochrome c. J Toxicol Environ Health, n.63, p.243-252, 2001.
7) Abu-Qare AW, Abou-Donia MB. Combined exposure to DEET (N,N-diethyl-m-toluamide) and permethrin: pharmacokinetics and
toxicological effects. J Toxicol Environ Health B Crit Rev, n.6, p.41-53, 2003.
8) Osimitz, T.G; Murphy, J.V. Neurolugical effects associated with use of the insect repellent N,N-diethyl-m-toluamide (DEET). J
Toxicol-Clin Toxicol, n.35, p.435-441, 1997.
9) Garrettson, L. Commentary—DEET: caution for children still needed. J Toxicol-Clin Toxicol, n.35, p.443-445, 1997.
10) Gryboski,J; Weinstein, D; Ordway, N.K.Toxic encephalopathy apparently related to the use of an insect repellent. N Engl F Med,
n.264, p.289-91, 1961.
11) Ellenhorn, M. Ellenborn’s Medical Toxicology: diagnosis and treatment of human poisoning. 2nd ed. Baltimore: William &
Wilkins, 1997.
12) Feldmann, R.J; Maibach, H.I. Absorption of some organic compounds through the skin in man. J Invest Dermato, n.54, p.399-
404, 1970.
13) Selim, S; Hartnagel, R.E.Jr; Osimitz, T.G; Gabriel, K.L; Schoenig, G.P. Absorption, metabolism, and excretion of N,N-diethyl-m-
toluamide following dermal application to human volunteers. Fundam Appl Toxicol,
n.25, p.95-100, 1995.
14) Wu, A; Pearson, M.L; Shekoski, D.L; Soto, R..J; Steward, R.D. High resolution chromarography/mass spectrometric
characterizalion of urinary metababolites of N,N-diethyl-m –toluamide (DEET) in man. J High Res Chromatog. n.2, p.558-562, 1979.
15) Epidemiologic Notes and Reports Seizures Temporally Associated with Use of DEET Insect Repellent – New York and
Connecticut – october 06, 38,39, p.678-680, 1989. www.cdc.org
16) Qiu, H; McCall, J.W; Jun, W.H. Formulation of topical insect repellent N,N-diethyl-m-toluamide (DEET): vehicle effects on DEET
in vitro skin permeation. International Journal of Pharmaceutics, n.163, p.167-176, 1998.
17) Ross, J.S; Shah, J.C. Reduction in skin permeation of N,N-diethyl-m-toluamide (DEET) by altering the skin / vehicle partition
coefficient. Journal of Controlled Release, n.67, p.211-221, 2000.
18) Selim, S; Hartnagel, R.E.Jr; Osimitz, T.G; Gabriel, K.L; Schoenig, G.P. Absorption, metabolism, and excretion of N,N-Diethyl-m-
toluamide follwing dermal application to human volunteers. Fundamental and Applied Toxicology, n.25, p.95-100, 1995.
19) Stinecipher, J; Shah, J. Percutaneous permeation of the meta, ortho and para isomers of N,N-diethyiltoluamide. International
Journal of Pharmaceutics, n.160, p.31-41, 1998.
20) Environmental Protection Agency. Mosquitos: How to Control Them. Pesticides: Topical & Chemical Fact Sheets, April 28, 1998.
www.epa.og
21) Abou-Donia, M.B; Dechkovskaia, A.M; Goldstein, L.B; Abdel-Rahman, A; Bullman, S.L; Khan, W.A. Co-exposure to
pyridostigmine bromide, DEET, and/or permethrin causes sensorimotor deficit and alterations in brain acetylcholinesterase activity.
Pharmacology, Biochemistry and behavior, 2004. www.el.evier.com/locate/pharmabiochembeh
22) National Pesticide Telecommunications Network. DEET General Fact Sheet. NPTN at http://nptn.orst.edu EXTROXNET at
http://extoxnet.orst.edu
23) Murphy, M.C; Montemarano, A.D; Debboun, M.; Gupta, R. The effect of sunscreen on the efficacy of insect repellent: A clinical
trial. J Am Acad Dermatol, vol.43, n.2-I, p.219-222, 2000.
24) Montemarano, A.D; Gupta, R.K; Burge, J.R; Klein, K. Insect repellents and the efficacy of sunscreen. Lancet, n.349, p.1670-1,
1997.
25) Abbot, W.S. A method of computing the effectiveness of an insecticide. J Econ Entomol, n.18, p.265-7, 1925.
26) Mehr, Z.A; Rutledge, L.C; Morales, E.L, Meixsell, V.E; Korte, D.W. Laboratory evaluation of controlled release insect repellent
formulations. Journal Am Mosq Control Assoc, n.1, p.143-7, 1985.

Barra GovBr

Você também pode gostar