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Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Flecha e Tensão de Montagem nas Linhas Aéreas com


Cadeias de Isoladores em Suspensão

Nuno João da Silva Ferreira


Versão Provisória(v1.2)

Dissertação realizada no âmbito do


Mestrado Integrado em Eng. Electrotécnica e de Computadores
Major Energia

Orientador: Prof. Doutor Hélder Filipe Duarte Leite

Julho de 2010

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Índice
LISTA DE FIGURAS ................................................................................................. 4

LISTA DE TABELAS................................................................................................. 5

CAPÍTULO 1 .............................................................................................................. 6

CAPÍTULO 2 .............................................................................................................. 7

CÁLCULO MECÂNICO ........................................................................................... 7

2.1 Introdução ..................................................................................................... 7


2.2 Objectivo ....................................................................................................... 7
2.3 Acções produzidas sobre as estruturas de suporte das linhas .......................... 8
2.3.1 Tensões mecânicas máximas ...................................................................... 8
2.3.2 Acções mecânicas produzidas pelos condutores ......................................... 9
2.3.3 Acções mecânicas produzidas no poste ...................................................... 9
2.4 Estados atmosféricos tipo, coeficiente de sobrecarga ................................... 10
2.4.1 Acção do Vento ....................................................................................... 11
2.4.2 Velocidade do Vento ............................................................................... 11
2.4.3 Pressão dinâmica do vento ....................................................................... 13
2.4.4 Forças do vento sobre os elementos da linha ............................................ 14
2.4.5 Acção do gelo .......................................................................................... 15
2.4.6 Acção da temperatura .............................................................................. 16
2.4.7 Coeficiente de Sobrecarga........................................................................ 16
2.4.8 Vão Crítico .............................................................................................. 19
2.4.9 Estado atmosférico mais desfavorável – Árvore de decisão ...................... 20
2.5 Determinação da Tensão de Montagem ....................................................... 21
2.6 Vão equivalente fictício ............................................................................... 24
2.7 Geometria das linhas ................................................................................... 25
2.7.1 Aproximação Parabólica .......................................................................... 26
2.8 Vãos em declive .......................................................................................... 28
2.9 Vãos em patamar ......................................................................................... 27
2.10 Desvio transversal nas cadeias de suspensão ................................................ 34
2.11 Estabilidade dos Apoios............................................................................... 35
2.11.1 Apoios de alinhamento......................................................................... 36

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2.11.2 Apoios de ângulo (também apoios de amarração) ................................. 37
2.11.3 Apoios de derivação ............................................................................. 38
2.11.4 Apoios fim de linha (DE) ..................................................................... 39
2.11.5 Apoios de reforço de alinhamento ........................................................ 40
2.11.6 Apoios de reforço de ângulo (RA) ........................................................ 41
2.11.7 Apoios de reforço de derivação (RB) ................................................... 42
2.12 Distâncias mínimas entre condutores das linhas e obstáculos ....................... 43
2.13 Conclusão ....................................................... Erro! Marcador não definido.

3. REFERÊNCIAS ................................................................................................ 49

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Lista de Figuras

Figura 1 – Forças aplicadas sobre um condutor ........................................................... 17


Figura 2 – Árvore de decisão [2] ................................................................................. 21
Figura 3 – Representação de um Vão em declive......................................................... 29
Figura 4 – Vão em patamar [2] .................................................................................... 28
Figura 5 - Desvio Transversal da cadeia de isoladores, adaptado de [3]. ...................... 34

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Lista de Tabelas

Tabela 1- Velocidades do vento para a Zona A e B [1] ................................................ 13


Tabela 2 – Pressão dinâmica do vento em função da altura h e da zona de vento [1] .... 13
Tabela 3 – Coeficiente de forma para condutores e cabos de guarda [1] ...................... 15
Tabela 4 – Acção da Temperatura sobre os condutores e cabos de guarda ................... 16
Tabela 6 – Condições de carga [1]............................................................................... 36
Tabela 7 – Distâncias mínimas dos condutores das linhas a obstáculos [1] .................. 44

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Capítulo 1

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CAPÍTULO 2

CÁLCULO MECÂNICO

2.1 Introdução

Uma linha aérea é um circuito de corrente alternada polifásico, suportada ao longo


do seu trajecto por postes. Os postes que a sustentam poderão ser de constituição
metálica ou de betão, de acordo com os esforços a que irão estar sujeitos e com a
avaliação económica, estando a avaliação destes esforços inteiramente dependente dos
factores mecânicos que actuam sobre os mesmos, resultantes da acção dos agentes
atmosféricos (temperatura, vento, gelo) e dos pesos próprios dos elementos que
suportam a linha.

Este capítulo tem o propósito de realizar uma revisão da literatura ao nível do


cálculo mecânico, estabelecendo os procedimentos e critérios básicos para o
dimensionamento mecânico das estruturas e postes de sustentação das linhas aéreas do
território nacional, segundo a norma EN50341-3-17 [1], aplicando-se a linhas novas,
reformas ou aumentos das mesmas.

2.2 Objectivo do cálculo mecânico

É fundamental nos projectos de linhas aéreas de transmissão de energia eléctrica,


assegurar todas as condições de segurança, de modo a que os diversos postes presentes
no projecto suportem todas as tensões solicitadas, nas mais adversas condições. Para tal
é essencial realizar um adequado cálculo mecânico, cálculo este que tem como
principais fundamentos os seguintes objectivos [2]:

a) Determinação das condições de montagem da linha para cada poste, de modo


a que, sob as condições atmosféricas aceites como as mais desfavoráveis, não se

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estabeleça nos condutores e nos apoios da linha, tensões mecânicas superiores às
tensões mecânicas de segurança fixadas pelas normas e regulamento em vigor.

b) Escolha dos apoios da linha, de modo a que estes cumpram com as normas de
segurança, determinando assim sua resistência mecânica com base nas hipóteses
de cálculo associadas a cada tipo de apoio, patentes nas recomendações para
Linhas Aéreas de Alta Tensão até 30kV da Direcção Geral de Energia, bem
como a verificação da estabilidade dos maciços de fundação;

c) Determinação da altura correcta dos postes, de modo a garantir que os


condutores assegurem as distâncias mínimas impostas pela norma EN50341-3
17, evitando uma aproximação excessiva dos condutores a objectos próximos da
linha.

d) Avaliação das distâncias entre os condutores da linha, evitando assim a


ocorrência de eventuais arcos eléctricos aquando da ocorrência de descargas,
garantindo o correcto isolamento e consequente funcionamento dos condutores.

2.3 Forças e Tensões produzidas sobre as estruturas de


suporte das linhas

Nas linhas aéreas existem diversas forças e tensões aplicadas sobre as estruturas
de suporte das linhas aéreas, são estas estruturas os apoios. Estas forças e tensões têm
origem no próprio peso do apoio, nos condutores das linhas e em factores de origem
meteorológica, nomeadamente o vento e a manga de gelo.

2.3.1 Tensões mecânicas máximas suportadas

As tensões mecânicas máximas, são aquelas para as quais os cabos condutores


terão de aguentar sem risco de ruptura, quando se verificarem as condições atmosféricas
mais desfavoráveis, incluindo a máxima pressão dinâmica do vento. De acordo com a
norma EN50341-3-17 [1], o projecto da linha deve garantir que a tracção máxima

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admissível nos condutores não exceda 40% da tracção de ruptura dos mesmos. Assim, o
limite máximo de tensão que os condutores aguentam sem risco de ruptura é:

0,4×T R
t seg = [daN/mm2 ] (Equação 1)
ς

Onde:

𝐭 𝐬𝐞𝐠 – Tensão de segurança [daN/mm2 ];

𝑻𝑹 - Tensão de ruptura [daN];

𝛔- Secção do condutor [mm2].

2.3.2 Acções mecânicas produzidas pelos condutores

Este tipo de acções são originadas pela função essencial dos postes, que é
suportar os condutores que em si se apoiam, podendo ter várias origens, nomeadamente
[4]:

(i) Peso próprio dos cabos;

(ii) Acção do vento sobre os cabos;

(iii) Variação de temperaturas dos condutores;

(iv) Forças de desvio em apoios de ângulo;

(v) Forças de amarração em apoios terminais;

(vi) Rebentamento de cabos – acção de tipo excepcional;

(vii) Acção do gelo acumulado, em casos eventuais.

Para além das acções de índole regulamentar desta secção (2.3.2), considera-se
ainda as acções incidentes sobre os isoladores que suportam os condutores,
particularmente o seu peso próprio e o vento que sobre estes incide.

2.3.3 Acções mecânicas produzidas no poste: peso próprio e a


acção do vento
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Além das acções incidentes sobre os condutores, define-se de um modo similar
as condicionantes que actuam sobre o próprio poste, são estas: o peso próprio do poste e
o vento que sobre ele incide. Seria também importante ter em consideração a acção
sismológica, mas devido à reduzida manifestação da mesma no nosso país, tal acção
perde significado face às restantes.

Todas estas acções dependem somente das características próprias do poste, não
sendo dependentes do tipo e condições da linha que suportam.

2.4 Estados atmosféricos e coeficiente de sobrecarga

Ao longo de uma linha são várias as solicitações aplicadas sobre os vários


elementos que a constituem, nomeadamente sobre os condutores, mais especificamente,
solicitações elásticas aplicadas por forças que sobre eles se exercem e solicitações
térmicas originadas pelas variações de temperatura. As variações de temperatura variam
ao longo do ano, conforme as respectivas estações e tendo em consideração a região
onde a linha é implementada.
É agora evidenciada a diferente variação dos agentes atmosféricos,
designadamente o vento, o gelo e a temperatura, nas diferentes estações do ano. Cada
um destes agentes é considerado como característico de determinada estação do ano.
Além disso estes agentes variam de região para região e de acordo com as
características de cada uma.

Geralmente são definidos três estados atmosféricos ou estados climáticos [4]:

a) Estado de vento reduzido (também designado por estado de Inverno)


caracterizado pela temperatura mínima das regiões atravessadas pela linha, por um
vento de velocidade média e, eventualmente, pela formação de uma manga de gelo
em volta dos condutores.

b) Estado de vento máximo (também designado como estado de Primavera)


caracterizado pela temperatura média das regiões atravessadas pela linha e por um
vento de rajada.

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c) Estado de flecha máxima (também designado como estado de Verão) que
pressupõe a temperatura máxima do condutor e ausência de vento, observando-se
que e neste estado que se verificam as maiores flechas dos condutores.

Além das considerações anteriormente descritas, é necessário referir que em


situações em que as características climáticas, das regiões atravessadas pelas linhas
aéreas, evoquem maiores preocupações, é completamente aconselhável serem antevistas
condições mais severas.

2.4.1 Acção do Vento sobre a linha

Quando o vento embate na superfície dos elementos constituintes da linha,


encontra uma certa resistência, manifestando-se sobre a forma de pressão resultante
desta resistência. Esta pressão criada, é proporcional à velocidade do vento, que para
efeitos de dimensionamento se considera actuando na direcção horizontal normal à
superfície onde incide, e transmite aos apoios uma acção transversal.

De forma a obter uma quantificação das acções do vento nas linhas aéreas em
território Português, são consideradas duas zonas [1]:

 Zona A – A totalidade do território Português, com a excepção das regiões


pertencentes à zona B;
 Zona B – As regiões autónomas dos Açores e da Madeira e as regiões
continentais situadas no interior de uma faixa de 5 km de largura ao longo da
costa ou em altitudes acima dos 600 m.

2.4.2 Velocidade do Vento

Com o intuito de se determinarem as velocidades do vento, assim como a


pressão dinâmica do vento, são agora definidas as regras e processos de cálculo
segundo [1]:

- Velocidade média do vento Vmédia : É a velocidade média do vento em [m/s] ao longo


de um período de 10 minutos a uma altura de 10 metros acima do solo em terreno
relativamente aberto.

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- Velocidade do vento de rajada Vg : É um valor máximo característico da turbulência
momentânea do vento, baseado na velocidade média do vento ao longo de 2 segundos:

Vg = k g . Vmédia [m/s] (Equação 2)

Onde:

𝐕𝐠 - velocidade do vento rajada [m/s];

𝐕𝐦é𝐝𝐢𝐚 - velocidade média do vento [m/s];

𝐤 𝐠 − factor de velocidade do vento de rajada de valor 1,5.

- Velocidade do vento de referência VR : É a velocidade do vento em [m/s] a ter em


conta a 10 metros acima do solo, no local em questão medido ou no local de medição
mais próximo.

- Velocidade do vento a uma altura arbitrária h acima do solo Vh : Dada pela


seguinte lei exponencial em [m/s]:

h 0,2
Vh = VR . [m/s] (Equação 3)
10

Onde:

𝐕𝐡 - Velocidade do vento a uma altura arbitrária h acima do solo [m/s];

𝐕𝐑 - Velocidade de referência [m/s];

𝐡 - altura acima do solo m .

A Equação 3 é válida para alturas (h) até 100 m acima do solo, em situações que
este valor seja ultrapassado, ou em casos especiais de terreno montanhoso onde a acção
do vento deva ser localmente aumentada ou diminuída, será necessário efectuar-se uma
avaliação específica.

São agora apresentados os valores específicos para as velocidades de vento atrás


mencionadas [1]:

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Tabela 1- Velocidades do vento para a Zona A e B [1]

Zona A Zona B
Vmédia 20 m/s 22 m/s
Vg 30 m/s 33 m/s
VR 30m/s 33 m/s

2.4.3 Pressão dinâmica do vento

A pressão dinâmica do vento (qh ) é calculada pela seguinte expressão:

1
qh = 2 . ρ . Vh 2 (Equação 4)

Onde:

𝛒 − é a densidade do ar de valor 1.225 kg m3 a 150 C e pressão atmosférica de 1013 hPa;

𝐕𝐡 − é a velocidade do vento a uma altura h acima do solo [m/s]

Com esta expressão é possível expressar alguns valores típicos para as alturas
acima do solo (h), nas duas zonas de vento, e a respectiva pressão dinâmica do vento:

Tabela 2 – Pressão dinâmica do vento em função da altura h e da zona de vento [1]

qh [Pa]
h [m]
Zona A Zona B
0 727 880
10 727 880
20 727 880
30 855 1035
40 960 1161
50 1049 1270
60 1129 1366
70 1201 1453
80 1266 1532
90 1328 1606
Onde:

[Pa] – unidade Pascal do S.I.

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Nota: As alturas referem-se à distância desde o solo até aos respectivos pontos de
fixação dos condutores e cabos de guarda.

2.4.4 Forças do vento sobre os condutores e cabos de guarda da


linha

Na acção do vento supõe-se que este actua segundo uma direcção horizontal e a
força resultante deste é considerada paralela em relação à primeira direcção, sendo
determinada a sua força pela seguinte expressão [2]:

Fv = α . c . q . S [daN/m] (Equação 5)

Sendo que:

𝛂 − Coeficiente de redução que traduz o facto de não ser constante a velocidade


do vento ao longo de toda a linha. Considera − se 0,6 para condutores
e cabos de guarda e 1,0 para apoios, travessas e isoladores [sem unidade];

𝐜 − Coeficiente de forma dos condutores, resultante de não ser plana


a secção oferecida ao vento pelos condutores[sem unidade];

𝐪 − Pressão dinâmica do vento, expressa em Pascal Pa , tabela 2;

𝐒 − Área da superfície exposta à acção do vento [m2 ].

Também poderá ser aplicada a seguinte fórmula, segundo a norma EN50341-3-


17 [1], que tem exactamente o mesmo propósito que a anterior:

Q w = Gx . Gq . Cx . qh . A [daN/m] (Equação 6)

Sendo que:

𝐆𝐱 – Factor de ressonância estrutural da elemento da linha considerado, 0,6 para condutores


e cabos de guarda e 1,0 para apoios, travessas e isoladores [sem unidade];
𝐆𝐪 – Factor de rajada, de valor 1 [sem unidade];
𝐂𝐱 – Coeficiente de forma do elemento da linha considerado sem unidade ;
𝐪𝐡 – Pressão dinâmica do vento Pa ;
𝐀 – Área da superfície exposta à acção do vento [m2 ].

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A aplicação da expressão anterior, referente à força do vento, pressupõe a
consulta de todos os parâmetros que a ela estão inerentes, e que serão descritos de
seguida.

Na Tabela 2 são apresentados os valores referentes à pressão dinâmica do vento


(q). Estes parâmetros são definidos de acordo com a altura acima do solo a que se
encontram as estruturas que suportam os condutores e cabos de guarda.

Na escolha do coeficiente de forma dos condutores e cabos de guarda (c), são


definidos os seguintes valores [1]:

Tabela 3 – Coeficiente de forma para condutores e cabos de guarda [1]

Coeficiente de forma c
Diâmetro (mm)
[sem unidades]

até 12,5 1,2


de 12,5 a 15,8 1,1
acima de 15,8 1,0

2.4.5 Acção do gelo sobre os condutores e cabos de guarda da linha

A inclusão da manga de gelo num projecto de uma linha aérea, tem de ter em
conta factores como: a temperatura, humidade do ar e a altitude dos locais atravessados
pela mesma. As cargas de gelo contribuem para o aumento do peso, do diâmetro
aparente e consequentemente da superfície batida pelo vento, dos condutores e cabos de
guarda.
As cargas de gelo devem ser consideradas para zonas em que as altitudes sejam
superiores a 600m para os seguintes distritos [1]:

(i) Viana do Castelo; (ii) Braga; (iii) Vila Real; (iv) Bragança; (v) Porto;
(vi) Viseu; (vii) Guarda; (viii) Castelo Branco; (ix) Coimbra; (x) Portalegre.

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O modelo para cargas de gelo é consistente com a deposição de neve húmida ou
de gelo duro sobre condutores e cabos de guarda. Para efeito de projecto não são
consideradas cargas de gelo sobre estruturas ou isoladores.

A carga de gelo característica para o território português é dada por:

11×(10+d)
Ik = [N/m] (Equação 7)
40

Onde:
𝐈𝐤 - Carga de gelo nos condutores da linha [N/m];
𝐝 – Espessura da manga de gelo [mm].

A manga de gelo no cálculo dos condutores e dos cabos de guarda das linhas
aéreas poderá também ser considerada como uma espessura uniforme, de pelo menos
10 mm e com uma densidade de 900 kg/m3.

2.4.6 Acção da temperatura

Ao nível da acção da temperatura sobre os condutores e cabos de guarda,


definem-se os seguintes valores:

Tabela 4 – Acção da Temperatura sobre os condutores e cabos de guarda [1]

-5ºC sem manga de gelo


Estado de Inverno
-10ºC com manga de gelo

Estado de Primavera +15ºC

+75ºC para condutores


Estado de Verão
+50ºC para cabos de guarda

2.4.7 Coeficiente de Sobrecarga

Conforme já foi mencionado, os condutores de uma linha aérea estão sujeitos a


contínuas solicitações mecânicas resultantes do seu peso próprio, da acção do vento e,

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se for caso disso, do peso da manga de gelo, todas por unidade de comprimento do
condutor. A figura 1 apresenta as forcas aplicadas sobre um condutor.

Figura 1 – Forças aplicadas sobre um condutor

Onde:

𝐏𝐜 − acção da gravidade sobre o condutor (Peso do próprio condutor) [daN/m];

𝐏𝐠 − acção da gravidade sobre a manga de gelo eventualmente existente


(Peso da manga de gelo)[daN/m];

𝐅𝐯 − força exercida pelo vento [daN/m];

𝐅𝐫 – força resultante [daN/m];

d – diâmetro do condutor [mm];

c – espessura da manga de gelo [mm].

Aplicando o teorema de Pitágoras, obtemos a Força resultante (Fr):

Fr = Pc + Pg 2 + Fv2 (Equação 8)

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O valor do peso próprio do condutor, encontra-se indicado em tabelas dos
fornecedores, que incluem as características principais das secções normalizadas dos
diferentes tipos de condutores, ou então poderá ser calculado através da seguinte
expressão:

Pc = ωv × ς (Equação 9)

Onde:

𝐏𝐜 − peso próprio do condutor [daN/m];

𝛚𝐯 − peso específico volumétrico da substância de que o condutor

é constituído Kg/mm2 ;

𝛔 − secção do condutor [mm2].

O peso específico do gelo, é obtido através da expressão seguinte:

ω g +π 2
Pg = d + 2e − d2 (Equação 10)
4

Onde:

𝛚𝐠 − Peso especifico do gelo (0,9 [Kg/dm3 ]);

𝐝 − diâmetro do condutor m ;

𝐞 − espessura da manga de gelo [mm2 ]).

Através das expressões já deduzidas de Pg e de Fv, obtemos assim a força


resultante (Fr) por unidade comprimento:

ω g ×π 2
Fr = ωv . ς + d + 2. e 2 − d2 + Fv2 (Equação 11)
4

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Associado a um dado estado atmosférico, está o coeficiente de carga (m), que
confere ao peso próprio do condutor um agravamento que traduz a acção do vento e do
gelo como se as respectivas acções se resumissem a um aumento de peso dos
condutores.

A expressão que determina o coeficiente de sobrecarga é a seguinte:

Sendo m=Fr /Pc , obtemos:

π 2
ω v .ς+ω g d+2.e 2 −d 2 +Fv 2
4
m= (Equação 12)
ω v .ς

Onde:

𝛔 − secção do condutor m ;

𝛚𝐯 − Peso especifico do condutor daN/m ;

𝛚𝐠 − Peso especifico do gelo (0,9 [Kg/dm3 ]);

𝐝 − diâmetro do condutor m ;

𝐞 − espessura da manga de gelo [mm2 ]).

Na situação de estado em que a flecha é máxima, ou seja, para o estado de


Verão, m é igual à unidade, uma vez que q 0 (Pressão dinâmica do vento), para
qualquer temperatura.

2.4.8 Vão Crítico

Denomina-se por vão crítico, o vão para o qual os condutores submetidos à


tensão máxima (tmax), num dos estados de Primavera ou Inverno, adquirem essa mesma
tensão. A expressão do vão crítico é obtida a partir da equação de estados aplicando-a
aos estados de Primavera e Inverno considerando as tensões de ambos os estados igual a
tensão máxima, em que t1 = t 2 = t max e L = Lcr .

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Deste modo o valor do vão crítico é obtido pela seguinte expressão:

ς.t máx 24.α d .(θ 2 −θ 1 )


Lcr = m (Equação 13)
ω m 2 2 −m 1 2

Onde:

𝛔 − secção do condutor mm2 ;

𝐭 𝐦𝐚𝐱 − tensão mecânica máxima aplicada ao condutor daN/mm2 ;

𝛚 − Peso linear do cabo condutor [Kg/m]);

0 −1
𝛂𝐝 − coeficiente de dilatação linear do cabo condutor C ;

𝛉𝟏 𝐞 𝛉𝟐 − Temperatura no estado atmosférico de Inverno e Primavera


0
respectivamente C );

𝐦𝟏 𝐞 𝐦𝟐 − Coeficientes de sobrecarga dos estados atmosféricos de Inverno


e Primavera respectivamente [sem unidade];

A importância do calculo do vão crítico, assenta na determinação de qual o pior


estado atmosférico, ou seja, a situação de estado mais desfavorável, analisando para isso
a árvore de decisão que se segue.

2.4.9 Estado atmosférico mais desfavorável – Árvore de decisão

É através da árvore de decisão que se define o estado atmosférico mais


desfavorável, assumindo para isso, o estado de Inverno como o estado 1 ao qual
corresponde m1 e θ1 , e o estado de Primavera como estado 2 ao qual corresponde m2 e
θ2 .

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Figura 2 – Árvore de decisão [2]

2.5 Determinação da Tensão de Montagem


A equação de estados, relaciona a tensão mecânica nos condutores de uma
linha aérea num determinado estado atmosférico, a partir da tensão existente nos
condutores num outro estado atmosférico conhecido.

Deste modo, é possível determinar qual a tensão de montagem a aplicar aos


condutores em situações de diferentes temperaturas, e consequentemente determinar as
correspondentes flechas fundamentais para a montagem dos condutores na linha, através
da equação de estados (Equação 22) que será agora deduzida.

Quando um condutor passa do estado Ek ao estado E, este alonga-se


termicamente e elasticamente, este alongamento térmico e dado pela expressão [3]:

∆Sθ = α . Sk . θ − θk (Equação 14)

Onde:

𝛂 − coeficiente de dilatacao linear do condutor[sem unidade];

𝛉 𝐞 𝛉𝐤 − temperatura[ 0C ];

𝐒 𝐞 𝐒𝐤 − comprimento do arco realizado pelo condutor [m].

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O alongamento elástico, em resultado da variação da tensão mecânica aplicada
ao condutor, resulta da variação de comprimento de cada elemento dS que constitui o
condutor:

S k T−T k
∆Se = 0
dS (Equação 15)
ς.E

Onde:

𝛔 − secção do condutor [mm2 ];

𝐄 − módulo de elasticidade [daN/mm2 ];

𝐓 𝐞 𝐓𝐤 − Tensão mecânica total[daN/mm2 ].

Para vãos inferiores a 500 m e declives pouco acentuados, ou seja, de pequena


inclinação, a tracção T sofre uma variação pouco significativa ao longo do comprimento
do condutor. Assim, admite-se a tensão constante ao longo do vão e de valor igual ao
seu valor no ponto médio do vão.
Pode-se então traduzir o alongamento elástico por:

S k T m −T mk T m −T mk Sk t m −t mk .S k
∆Se = 0
ds = 0
ds = (Equação 16)
ς.E ς.E E

Onde:

𝐭 𝐦 𝐞 𝐭 𝐦𝐤 − tensão por unidade de superfície no ponto médio do vão [daN/mm2 ];

𝐓𝐤 𝐞 𝐓𝐦𝐤 − tracção por unidade de superfície no ponto médio do vão[daN/mm2 ].

O alongamento total da passagem do estado Ek ao estado E, é dado pela soma do


alongamento térmico com o elástico:

t m −t mk .S k
∆ST = S − Sk = ∆Sθ + ∆Se = α . Sk . θ − θk + (Equação 17)
E

Considerando agora a aproximação parabólica:

m 2 .ω 2 .L 1 .L 2
S = L1 + (Equação 18)
24.ς 2 .t m 2

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m k 2 .ω 2 .L 1 .L 2
Sk = L1 + (Equação 19)
24.ς 2 .t mk 2

m2 . ω2 . L1 . L2 mk 2 . ω2 . L1 . L2 ω2 . L1 . L2 m2 mk 2
S − Sk = L1 + − L1 + = −
24. ς2 . t m 2 24. ς2 . t mk 2 24. ς2 t m 2 t mk 2

(Equação 20)

Igualando as Equações 17 e 20, obtemos:

ω 2 .L 1 .L 2 m2 mk 2 t m −t mk .S k
2 −t 2 = α . Sk . θ − θk + (Equação 21)
24.ς 2 tm mk E

Tendo em consideração que 𝐿1 ≅ Sk e dividindo ambos os membros por α . Sk ,


obtém-se finalmente a equação de estados:

t mk m 2 .ω 2 .L 2 t m 2 .ω 2 .L 2
θk + − 24 .αk .ς 2 .t 2 = θ + αm.E − 24 .α .ς 2 .t 2 (Equação 22)
α.E mk m

Onde:

𝛉 𝐞 𝛉𝐤 − temperatura[ 0C ];

𝐭 𝐦 𝐞 𝐭 𝐦𝐤 − tensão de montagem aplicada aos condutores no estado atmosférico mk e m


respectivamente [daN/mm2 ];

𝐄 − módulo de elas tecidade ou módulo de Young [kg/mm2 ];

𝛚 − peso específico linear [kg/m];

0 −1
𝛂 − coeficiente de dilatação térmica C ;

𝛔 − secção dos condutores [mm2 ];

𝐋 − comprimento do vão m ;

𝐦 𝐞 𝐦𝐤 − coeficiente de sobrecarga dos dois estados atmosféricos sem unidade .

Através da equação de estados (Equação 22), é possível realizar o cálculo da


tensão de montagem a aplicar aos condutores em situações de diferentes temperaturas.

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Na secção 2.6 é abordado o cálculo do vão fictício, vão em que se assume que as
tensões horizontais vão reagir a mudanças na carga e temperatura como um único vão.

2.6 Vão Equivalente Fictício

Em secções de múltiplos vãos, é usual assumir que as tensões horizontais vão


reagir a mudanças de carga e temperatura como um único vão, geralmente conhecido
por “vão equivalente fictício".

O vão equivalente fictício (Lf) de um cantão, isto é, um conjunto de vãos


contíguos entre dois apoios de amarração, é o vão que se existisse no cantão, deixaria as
cadeias de suspensão sempre verticais para qualquer estado atmosférico. Deste modo, o
vão equivalente fictício é calculado através da seguinte expressão [5]:

3
i Li
Lf = [m] (Equação 23)
i Li

Onde:

Lf -Vão fictício [m];

Li - Vão i pertencente ao cantão [m].

Desde o princípio da criação das linhas de transmissão, que as teorias têm sido
progressivamente desenvolvidas para definir a flecha e o comportamento tensão dos
condutores. O tratamento matemático para obter o vão equivalente fictício baseia-se na
teoria da parabólica, e não existe o conceito similar, usando as equações da catenária.
Embora estes métodos produzam resultados aceitáveis e práticos para a maioria das
linhas, normalmente construídas em terreno praticamente plano, em linhas áreas
montanhosas estas teorias produzem erros significativos.

Os Engenheiros de projectos de Linhas aéreas estão actualmente cientes deste


problema. A experiência recente em projectos de linhas aéreas, na aplicação este
método para terrenos muito montanhosos, destacou a presença de imprecisões, que irão
resultar em cargas muito superiores ao definido pelo projecto nos postes e condutores.

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É objectivo do Capítulo 3, provar os erros que estes cálculos provocam na
determinação das forças que são aplicadas sobre os postes e condutores e a definição de
uma nova teoria capaz de definir uma rigorosa precisão a este método de cálculo.

2.7 Geometria das linhas


Desde o princípio da criação das linhas de transmissão, que as teorias têm sido
progressivamente desenvolvidas para definir a flecha e o comportamento tensão dos
condutores. Inicialmente, estes foram orientados no sentido de instruções de cálculos
manuais e, consequentemente, na teoria da parabólica (secção 2.7.2). Com a introdução
dos computadores a maioria das teorias passou a ser baseada nas equações da catenária
(secção 2.7.1).

2.7.1 Equação Catenária

O estudo do equilíbrio dos cabos condutores suspensos das linhas aéreas é


realizado, adoptando-se certas hipóteses simplificativas. Admite-se, assim, que os
condutores são perfeitamente flexíveis e inextensíveis, e deste modo define-se a curva
de equilíbrio de um cabo suspenso em dois dos seus pontos como sendo uma catenária
homogénea.
A equação da catenária e dada pela Equação 24 [6]:

x
y = P. cosh P − P [m] (Equação 24)

Onde:

P é o parâmetro da catenária dado por:

t.ς
P= m (Equação 25)
ω

𝐭 − tensão de montagem daN/mm2

𝛔 − secção do condutor mm2

𝛚 − peso próprio do condutor daN/m

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Este parâmetro P da catenária, caracteriza geometricamente o raio de curvatura
no ponto x onde a tangente à curva e horizontal.

Embora a curva adoptada seja uma aproximação, pois na realidade os condutores


de linhas aéreas não são perfeitamente flexíveis e são elasticamente deformáveis, esta
aproximação, que se traduz por excesso, é a que representa melhor as curvas dos
condutores. Além disso, os condutores sofrem geralmente ventos em forma de rajadas
irregulares, impondo à curvatura que deveria ser plana e em equilíbrio, outros estados
como a curvatura dupla e movimento.

Porém, antes do aparecimento dos primeiros cálculos computacionais, a


utilização da catenária levava a uma morosidade na realização dos cálculos relativos ao
projecto de linhas aéreas. Devido a este facto, foi considerada uma outra aproximação,
que passou pela substituição da catenária pela parábola osculatriz.

2.7.2 Aproximação Parabólica

Esta aproximação parabólica é representada por uma curva mais simples, sendo
válida dentro de certos limites sem que suceda uma perda exagerada de rigor.
Os limites para a aproximação parabólica são aceites para os cálculos de linhas
considerando vãos inferiores a 500 m [3; 4].

Evidenciando novamente a equação da catenária, Equação 24:

x
y = P. cosh P − P [m] (Equação 26)

Desenvolvendo esta expressão (Equação 26) numa série de Maclaurin vem que:

𝑥2 𝑥4
y=P. 1 + 2!𝑃 2 + 4!𝑃 4 +. . . − P (Equação 27)

O parâmetro P é função da tensão de montagem e da secção e peso linear dos


condutores. Segundo os materiais constituintes dos condutores de linhas aéreas, os
valores adoptados segundo o parâmetro P virão compreendidos entre algumas centenas
de metros e cerca de 3000 metros.
Poderão então ser desprezados os termos em que a potência de exponente seja
superior a 2, pois nas condições atrás referidas o parâmetro P será muito grande

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comparado com o valor da maior parte dos vãos L, empregues em linhas aéreas, sendo
mesmo a razão x/P da ordem das décimas. Assim define-se a seguinte equação da
parábola osculatriz:

x2
y= (Equação 28)
2.P

Onde:

x – altura do poste [m];

P – parâmetro da catenária [m].

2.8 Vãos em patamar


Nos vãos em patamar, os pontos de fixação dos condutores encontram-se
situados ao mesmo nível, por tal determinam-se as seguintes afirmações [2]:

ℎ=0

𝐿1 = 0

𝑡𝑚 = 𝑡ℎ

Através das deduções já atrás evidenciadas, obtém-se:

L
xa =
2
(Equação 29)
xa 2
ya =
2P

Onde:

xa - distância na vertical desde o meio do vão até o apoio [m];

ya - flecha máxima do vão [m];

L - distância entre apoios [m];

P - parâmetro da catenária [m];

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y

xa x

ya

Figura 3 – Vão em patamar [2]

Quando os postes se encontram ao mesmo nível a determinação da flecha máxima


atingida pelo condutor é de fácil determinação, já o mesmo não acontece quando existe
um desnível entre os mesmos, como é demonstrado na secção seguinte (2.9).

2.9 Vãos em declive


Nos vãos em declive os pontos de fixação dos condutores encontram-se em
níveis diferentes, como retrata a figura seguinte:

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Figura 4 – Representação de um Vão em declive

Serão determinadas algumas relações imprescindíveis ao cálculo mecânico,


deste tipo de situações. A partir da Figura 3 e tendo em conta a equação da catenária é
possível estabelecer as seguintes relações:

xa
ya = Pcosh −P
P
xb
yb = Pcosh −P
P
L = xa − xb
h = ya − yb (Equação 30)
x a +x b
xm = 2
h
tgα = L
L = L1 cosα

Onde:

ya −

L − distância na horizontal entre os apoios A e B [m];

L − distância topo a topo entre os apoios A e B [m]

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h − distância na vertical da diferença de nível entre os apoios A e B [m]

Definidas estas expressões é possível determinar a expressão para o cálculo do


desnível h, entre os dois apoios:

xa xb
h = ya − yb = P. cosh − cosh (Equação 31)
P P

Colocando em evidência na Equação 30 o parâmetro P, para ajudar na


simplificação, obtém-se:

x a +x b x a +x b
2P. senh . senh (Equação 32)
2P 2P

Substituindo os elementos da Equação 31, pelo seu correspondente na


Equação 29:

xm L
2P. senh . senh 2P = ( Equação 33)
P

xm x 3
m x 5
m L L3 L5
= 2P + 3!P 3 + 5!P 5 +. . . × + 3!×8P 3 + 3!×32P 5 +. . . (Equação 34)
P 2P

Pelo facto de xm /P e L/P ser da ordem das décimas, pode desprezar-se, os


termos de grau igual ou superior a 3, resultando:

xm L
h ≈ 2P × × 2P (Equação 35)
P

Simplificando a Equação 31, obtemos:

x m ×L
h≈ (Equação 36)
P

O valor da derivada de y no ponto (xm ≅ P × h/L) será:

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dy d x2 x P×h h
= = P×h
= = = tgα
dx x=
P×h dx 2P x=
P×h P x= P×L L
L L L
(Equação 37)

Da expressão anterior determina-se que no ponto M c, a tangente à parábola tem


a mesma inclinação que a recta que une os pontos de amarração do condutor.

A flecha f é a distância vertical entre o ponto médio da recta que une os dois
apoios da linha e o ponto M. A expressão que permite o cálculo da flecha f, é deduzida
da seguinte forma:

y A +y B
f= − ym (Equação 38)
2

Substituindo yA , yA e ym pelas respectivas expressões atrás deduzidas, obtemos:

1 xa xb xm
f= P. cosh + P. cosh − 2P − P. cosh −P
2 P P P

Colocando em evidência o parâmetro P, na Equação 37:

P xa xb xm
f= cosh + cosh − P − P. cosh +P
2 P P P

P xa + xb xb − xb xm
f= . 2cosh . cosh − P. cosh
2 2P 2P P
(Equação 39)

Como:

xm = (xa + xb )/2

L = xa − xb

Obtemos:

xm L xm
f = P. cosh . cosh − P. cosh
P 2P P

xm L
f = P. cosh . cosh − 1
P 2P

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xm 2 xm 4 L2 L4
f = P 1+ + +. . . × 1 + + +. . . −1
2! × P 2 4! × P 4 2! × 4P 2 4! × 16P 4
(Equação 40)

L2 L4
f≅P + +⋯
8P 2 384P 4

L2 L2
f ≅ 8P 1 + 48P 2 (Equação 41)

Substituindo na expressão o parâmetro P por:

th . ς
P=
m .ω

Obtemos:

m ×ω ×L 2 m 2 ×ω 2 ×L 2
f= 1 + 48×ς 2 ×t 2 (Equação 42)
8×ς×t h h

Através da Figura 3 é possível deduzir a seguinte relação:

th L

t m L1

2
m ×ω ×L×L 1 m 2 ×ω 2 ×L 1
f= 1+ (Equação 43)
8×ς×t m 48 ×ς 2 ×t m 2

Em terrenos pouco acidentados e para vãos não muito distantes do vão médio, é
suficiente calcular-se a flecha através da seguinte expressão [2]:

m ×ω ×L×L 1
f= (Equação 44)
8×ς×t h

O comprimento do arco da curva de equilíbrio (S) compreendido entre os pontos


A e B (Figura 3), será:

xa xb
S = Sa − Sb = P × senh − P × senh
P P

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xa + xb xa − xb
S = 2P × cosh × senh
2P 2P

xm L
S = 2P × cosh × senh
P 2P

xm 2 xm 4 L L3
S = 2P × 1 + + + ... + + ...
2! × P 2 4! × P 4 2P 3! × 8P 3

L L3
S ≅ 2P × + 48P 3 (Equação 45)
2P

Sabendo que:

L1
tm ≅ th
L

Então obtemos a seguinte expressão para o comprimento do arco:

m 2 ×ω 2 ×L 1 ×L 2
S = L1 + (Equação 46)
24×ς 2 ×t m 2

As tensões mecânicas nos pontos A, M e B serão dadas pelas seguintes


expressões [Vale]:

m ×ω
ta = tm + ya − ym (Equação 47)
ς

Tendo em conta que:

h
ya − ym = +f
2

Do mesmo modo obtém-se a tensão para o ponto B:

Sabendo que:

h
ym − yb = −f
2

m × ω h
tb = tm + × −f
ς 2

Tendo ainda em conta que:

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L
xa = xm +
2

L
xb = xm −
2

P×h
xm ≅
L

É possível estabelecer as seguintes relações:

P×h L
xa ≅ +2 (Equação 48)
L

P×h L
xb ≅ −2 (Equação 49)
L

2.10 Desvio transversal nas cadeias de suspensão


A acção do vento transversal sobre os condutores da linha e sobre a própria
cadeia em suspensão de isoladores pode provocar o desvio desta, podendo mesmo levar
os condutores a aproximarem-se demasiado dos apoios.

Estando os condutores fixos nas extremidades de cadeias de isoladores livres de


se deslocarem angularmente, estas deslocam-se no sentido do momento dominante, de
modo a aumentar a flecha no vão que determina o maior momento e consequentemente
diminui-la no outro vão [3].

A figura 5 ilustra o desvio de uma cadeia de comprimento S L, e mostra também


as forcas aplicadas na mesma.

Figura 5 - Desvio Transversal da cadeia de isoladores, adaptado de [3].

Sendo:

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𝐏𝐯 − Força do Vento nos cabos condutores daN ;

𝐐𝐯 − Força do Vento na cadeia de isoladores daN ;

𝐏 − Peso dos condutores sobre o apoio daN ;

𝐐 − Peso da cadeia de isoladores daN .

Matematicamente o desvio transversal ( i ) e dado por:

Qv
Pv +
−1 2
i = tg Q [grados] (Equação 50)
P+
2

i não poderá ultrapassar os 1,22 [rad] (aproximadamente 700). Caso contrário, deverá
optar-se por cadeias de isoladores em amarração ou optar por um apoio com maior
distância entre condutores.

2.11 Estabilidade dos Apoios


Os apoios sofrem diversas solicitações mecânicas, por tal é necessário verificar a
estabilidade dos mesmos perante as mais adversas situações. A determinação das
solicitações mecânicas permite a escolha do tipo de apoio que melhor se ajusta, podendo
estas serem dos seguintes tipos [2]:

- Sobrecarga de vento sobre o apoio, travessas, isoladores e condutores e cabos


de guarda;

- Tracções mecânicas exercidas pelos condutores das linhas principais;

- Peso do próprio apoio, das travessas, isoladores, dos condutores das linhas e
derivadas.

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Tabela 5 – Condições de carga [1]

Caso de
Condições
Carga
1a Carga de vento extrema
1b Carga de Vento a uma temperatura mínima

2a Carga de gelo uniforme em todos os vãos


2b Carga de gelo uniforme, flexão transversal
2c Carga de gelo desequilibrada, curvatura longitudinal
2d Carga de gelo desequilibrada, torção de flexão

3 Cargas combinadas de vento e gelo

4 Cargas de construção e manutenção

5a Cargas de segurança, cargas de torção


5b Cargas de segurança, cargas longitudinais

2.11.1 Apoios de alinhamento

Os apoios de alinhamento devem ser dimensionados para as seguintes hipóteses


de cálculo e respectivas solicitações segundo a norma EN50341-3-17 [1]:

Hipótese 1
(caso de carga 1a e 1b tabela 6)

- Vento na direcção perpendicular à linha sobre o apoio, isoladores, condutores e cabos


de guarda;
- Componentes horizontais das tensões dos condutores e cabos de guarda nos seus
pontos de fixação;
- Peso próprio de apoio, isoladores, condutores e cabos de guarda.

Hipótese 2
(caso de carga 5b tabela 6)

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- 30% das forcas resultantes da acção do vento perpendicular à linha sobre condutores e
cabos de guarda aplicada no eixo do apoio, na direcção da linha, à altura da resultante;
- Peso próprio de apoio, isoladores, condutores e cabos de guarda.

Hipótese 3
(caso de carga 5a tabela 6)

- Força horizontal resultante da anulação da tensão de qualquer sub-condutor ou cabo de


guarda, mantendo os restantes sub-condutores e cabos de guarda uma tensão igual à
tensão máxima residual horizontal, na ausência de cargas de vento ou gelo sobre os
apoios, numa direcção paralela ao eixo longitudinal do apoios, numa direcção paralela
ao eixo longitudinal do apoio;
- Peso próprio de apoio, isoladores, condutores e cabos de guarda.

2.11.2 Apoios de ângulo (também apoios de amarração)

É considerado que este tipo de apoio tem o seu eixo transversal ao longo da
bissectriz do ângulo da linha.

Hipótese 1
(caso de carga 1a tabela 6)

- Vento na direcção da bissectriz do ângulo da linha sobre o apoio, isoladores,


condutores e cabos de guarda;
- Componentes horizontais das tensões dos condutores e cabos de guarda nos seus
pontos de fixação, resultantes da carga de vento à temperatura de referência (vento
sempre na direcção da bissectriz do ângulo da linha;
- Peso próprio de apoio, isoladores, condutores e cabos de guarda.

Hipótese 2
(caso de carga 5b tabela 6)

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- 30% das forças resultantes da acção do vento ao longo da bissectriz do ângulo da linha
sobre condutores e cabos de guarda aplicada no eixo do apoio, na direcção
perpendicular à bissectriz do ângulo, à altura da resultante;
- Peso próprio de apoio, isoladores, condutores e cabos de guarda.

Hipótese 3
(caso de carga 5a tabela 6)

- Força horizontal resultante da anulação da tensão de qualquer sub-condutor ou cabo de


guarda, mantendo os restantes sub-condutores e cabos de guarda uma tensão igual à
tensão máxima residual horizontal, na ausência de cargas de vento ou gelo sobre os
apoios, numa direcção paralela ao eixo longitudinal do apoio, numa direcção paralela ao
eixo longitudinal do apoio;
- Peso próprio de apoio, isoladores, condutores e cabos de guarda.

2.11.3 Apoios de derivação

Os apoios de derivação são apoios de alinhamento ou de ângulo a partir dos


quais é derivada uma outra linha.

Hipótese 1
(caso de carga 1a tabela 6)

- Vento actuando perpendicularmente à linha principal, se o apoio for de alinhamento ou


na direcção da bissectriz do ângulo da linha principal se o apoio for um apoio de ângulo,
sobre o apoio, braços, isoladores, condutores e cabos de guarda da linha principal.
- Vento actuando na mesma direcção considerada acima sobre condutores e cabos de
guarda do meio vão contíguo da linha derivada.
- As componentes horizontais das tensões dos condutores e cabos de guarda da linha
principal e da linha derivada, nos seus pontos de fixação, devem ser consideradas para a
carga de vento à temperatura de referência (vento actuando na mesma direcção
considerada acima).

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- Peso próprio de apoio, braços, isoladores, condutores e cabos de guarda.

Hipótese 2
(caso de carga 1a tabela 6)

O mesmo que para a hipótese 1 excepto para a direcção do vento a qual deverá
ser ao longo da linha principal no caso de um apoio de alinhamento ou perpendicular à
bissectriz do ângulo da linha principal no caso de um apoio de ângulo.

Cargas de segurança

Devem ser consideradas as cargas longitudinais e de tracção tal como indicadas para os
apoios T e A. Deve ser pesquisada a combinação mais desfavorável tendo em
consideração também a linha derivada.

2.11.4 Apoios fim de linha (DE)

Estes apoios são entendidos como tendo o seu eixo longitudinal na direcção da
linha e com condutores e cabos de guarda amarrados de um só lado do apoio.

Hipótese 1
(caso de carga 1a tabela 6)

- Carga unilateral de vento na direcção perpendicular à linha sobre o apoio, isoladores,


condutores e cabos de guarda;
- Componentes unilaterais horizontais das tensões dos condutores e cabos de guarda nos
seus pontos de fixação, resultantes da carga de vento à temperatura de referência (vento
actuando perpendicular à linha);
- Peso próprio de apoio, isoladores, condutores e cabos de guarda.

Hipótese 2
(caso de carga 5a tabela 6)

- Força horizontal resultante da anulação da tensão de qualquer sub-condutor ou cabo de


guarda, mantendo os restantes sub-condutores e cabos de guarda uma tensão igual à
tensão máxima residual horizontal, na ausência de cargas de vento ou gelo sobre os
apoios, numa direcção paralela ao eixo longitudinal do apoio, numa direcção paralela ao
eixo longitudinal do apoio.
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- Peso próprio de apoio, isoladores, condutores e cabos de guarda.

2.11.5 Apoios de reforço de alinhamento

Hipótese 1
(caso de carga 1a e 1b tabela 6)

- Vento na direcção perpendicular à linha sobre o apoio, isoladores, condutores e cabos


de guarda;
- Componentes horizontais das tensões dos condutores e cabos de guarda nos seus
pontos de fixação;
- Peso próprio de apoio, isoladores, condutores e cabos de guarda.

Hipótese 2
(caso de carga 5b tabela 6)

Apoios de circuito simples:


- 90% da tensão horizontal máxima de condutores e cabos de guarda para um lado do
apoio na direcção longitudinal da linha, nos seus pontos de fixação.
- Peso próprio de apoio, isoladores, condutores e cabos de guarda.

Apoios de circuito duplo ou condutores em feixe:


- 70% da tensão horizontal máxima de condutores e cabos de guarda para um lado do
apoio na direcção longitudinal da linha, nos seus pontos de fixação.
- Peso próprio de apoio, isoladores, condutores e cabos de guarda.

Hipótese 3
(caso de carga 5a tabela 6)

- Força horizontal resultante da anulação da tensão de qualquer sub-condutor ou cabo de


guarda, mantendo os restantes sub-condutores e cabos de guarda uma tensão igual à
tensão máxima residual horizontal, na ausência de cargas de vento ou gelo sobre os
apoios, numa direcção paralela ao eixo longitudinal do apoios, numa direcção paralela
ao eixo longitudinal do apoio;

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- Peso próprio de apoio, isoladores, condutores e cabos de guarda.

Nota: A hipótese 3 não necessita ser verificada, no caso de apoios com braços
articulados, se o cálculo comprovar que o apoio não fica sujeito a cargas de torção.

2.11.6 Apoios de reforço de ângulo (RA)

Estes apoios são entendidos como tendo o seu eixo transversal ao longo da
bissectriz do ângulo da linha.

Hipótese 1
(caso de carga 1a tabela 6)

- Vento na direcção da bissectriz do ângulo da linha sobre o apoio, isoladores,


condutores e cabos de guarda;
- Componentes horizontais das tensões dos condutores e cabos de guarda, nos seus
pontos de fixação, resultantes da carga de vento à temperatura de referência (vento
sempre na direcção da bissectriz do ângulo da linha);
- Peso próprio de apoio, isoladores, condutores e cabos de guarda.

Hipótese 2
(caso de carga 5b tabela 6)

Apoios de circuito simples:


- 90% da tensão horizontal máxima de condutores e cabos de guarda para um lado do
apoio na direcção longitudinal da linha, nos seus pontos de fixação.
- Peso próprio de apoio, isoladores, condutores e cabos de guarda.

Apoios de circuito duplo ou condutores em feixe:


- 70% da tensão horizontal máxima de condutores e cabos de guarda para um lado do
apoio na direcção longitudinal da linha, nos seus pontos de fixação.
- Peso próprio de apoio, isoladores, condutores e cabos de guarda.

Hipótese 3
(caso de carga 5a tabela 6)

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- Força horizontal resultante da anulação da tensão de qualquer sub-condutor ou cabo de
guarda, mantendo os restantes sub-condutores e cabos de guarda uma tensão igual à
tensão máxima residual horizontal, na ausência de cargas de vento ou gelo sobre os
apoios, numa direcção paralela ao eixo longitudinal do apoios, numa direcção paralela
ao eixo longitudinal do apoio;
- Peso próprio de apoio, isoladores, condutores e cabos de guarda.

Nota: É aceitável considerar que o vento actua perpendicularmente aos condutores e


cabos de guarda quando se efectua o cálculo da tensão horizontal dos condutores e
cabos de guarda para as hipóteses 2 e 3 acima.

2.11.7 Apoios de reforço de derivação (RB)

Estes apoios são considerados de alinhamento ou de ângulo a partir dos quais é


derivada uma outra linha.

Hipótese 1
(caso de carga 1a tabela 6)

- Vento actuando perpendicularmente à linha principal, se o apoio for de alinhamento,


ou na direcção da bissectriz do ângulo da linha principal se o apoio for de ângulo, sobre
o apoio, braços isoladores, condutores e cabos de guarda da linha principal.
- Vento actuando na mesma direcção considerada acima sobre condutores e cabos de
guarda do meio vão contíguo da linha derivada.
- As componentes horizontais das tensões dos condutores e cabos de guarda da linha
principal e da linha derivada, nos seus pontos de fixação, devem ser consideradas para a
carga de vento à temperatura de referência (vento actuando na mesma direcção
considerada acima).
- Peso próprio de apoio, braços, isoladores, condutores e cabos de guarda.

Hipótese 2
(caso de carga 5b tabela 6)

Apoios de circuito simples:

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- 90% da tensão horizontal máxima dos condutores e cabos de guarda nos seus pontos
de fixação para um lado dos lados do apoio na direcção longitudinal da linha principal
no caso de um apoio de alinhamento ou perpendicular à bissectriz do ângulo da linha
principal no caso de um apoio de ângulo.
- Peso próprio de apoio, isoladores, condutores e cabos de guarda.

Apoios de circuito duplo ou condutores em feixe:


- 70% da tensão horizontal máxima de condutores e cabos de guarda nos seus pontos de
fixação para um dos lados do apoio na direcção longitudinal da linha principal no caso
de uma apoio de alinhamento ou perpendicular à bissectriz do ângulo da linha principal
no caso de um apoio de ângulo.
- Peso próprio de apoio, isoladores, condutores e cabos de guarda.

Cargas de segurança
As cargas de segurança longitudinais e de torção tal como indicadas para os apoios RT
ou RA devem ser consideradas. Deve ser encontrada a combinação mais desfavorável
tendo em consideração também a linha derivada.

2.12 Distâncias mínimas entre condutores das linhas e


obstáculos
Segundo a norma EN50341-3-17, a distância de segurança entre condutores de
fase de um circuito ou entre condutores de fase de diferentes circuitos no mesmo apoio
não deve ser inferior a Dpp (distância entre fases e/ou circuitos). Além disto, os
condutores nus devem manter distâncias entre si não inferiores a D, dada pela seguinte
expressão:

D = k. f + SL + Dpp m (Equação 51)

Onde:
𝐃 − distância mínima [m]
𝐤 − coeficiente de material [sem unidades];
𝐟 − flecha do condutor à temperatura máxima de projecto +750 C
na ausência de vento [m]

𝐒𝐋 − comprimento do troço oscilante da cadeia de isoladores na direcção


perpendicular à linha [m]

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Nota: Fora das zonas de gelo, a distância D entre condutores pode ser reduzida a (2/3),
desde que a distância horizontal entre os planos verticais que passam através dos pontos
de fixação não seja inferior a (2/3) de D.

As distâncias mínimas admissíveis em relação ao solo, estruturas e objectos


diversos, serão apresentadas através da tabela seguinte de acordo com a norma
EN50341-3-17:

Tabela 6 – Distâncias mínimas dos condutores das linhas a obstáculos [1]

Cláusula da
Expressão Mínimo
Definição Norma
matemática [m]
EN50341-3-17
Distância dos condutores ao solo 5.4.4 D = 5m + Del 6
Distância dos condutores às árvores D = 2m + Del 2,5
5.4.4/PT.1
Largura da faixa de protecção - 25
Ver requisitos
Linha sobre edifícios 5.4.5.2/PT.1 4
Distância dos especiais
condutores a edifícios Linha adjacente a
5.4.5.2/PT.1 D = 2m + Del 3
edifícios (horizontal
Distância dos condutores a Antenas, candeeiros de
iluminação, mastros de bandeira, sinalização 5.4.5.2/PT.4 D = 2m + Del 3
publicitária, etc.
Distância dos condutores nos cruzamentos com
5.4.5.3/PT.1 D = 7m + Del 7m + Del
estradas e caminhos-de-ferro não electrificados
Distância dos condutores nos cruzamentos com
5.4.5.3/PT.1 D = 12m + Del 13,5
caminhos-de-ferro não electrificados
Distância entre duas linhas (energia e de 5.4.5.4/PT.1 e
D = 1m + Dpp 2m
telecomunicações) 5.4.5.4/PT.2

Requisitos especiais [EN50341-3-17]:

- Nas distâncias a árvores define-se uma faixa de protecção centrada no eixo da linha,
no interior da qual as árvores podem ser abatidas ou podadas de forma a assegurar em
permanência a distância mínima destas aos condutores, estando incluídas árvores que,

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em caso de queda, não mantenham uma distância mínima aos condutores de 1,5m. Isto
não se aplica, no entanto, a espécies protegidas pela Lei Portuguesa.

- Nas distâncias a edifícios, para telhados com inclinação maior que 15 o e resistentes ao
fogo a distância deverá ser calculada por: D=2m+Del ; Para telhados com inclinação
menor ou igual a 15 o e resistentes ao fogo por: D=4m+Del ; Para telhados não resistentes
ao fogo e instalações sensíveis ao fogo por: D=10m+Del;

- Para auto-estradas os apoios devem situar-se a uma distância horizontal não inferior a
5 m do limite da zona de auto-estrada; Para outras estradas essa distância é de 3m.

Nas situações em que no caso de colapso do apoio, este possa cair sobre uma estrada as
suas fundações devem ser dimensionadas para 1,5 vezes os valores das cargas
normalizadas;

- É estabelecida uma distância horizontal mínima de 5 m para apoios na vizinhança de


caminhos-de-ferro;

- No cruzamento de linhas, deve ser tido em consideração a posição relativa das linhas,
isto é, no cruzamento de linhas de tensão diferente, a de maior tensão deverá cruzar
superiormente.

- No cruzamento de uma linha AT com uma linha de telecomunicação, a linha AT


deverá cruzar superiormente. Além disso, é fortemente recomendado que o ângulo de
cruzamento seja superior a 15o.

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2.13 Sumário

Este capítulo definiu todos os processos de cálculo necessários para a realização


do estudo das acções mecânicas impostas sobre os postes que suportam as linhas aéreas.
Com isto foram definidas as expressões matemáticas que permitem o cálculo das flechas
mínimas e máximas da linha, para diversas temperaturas, possibilitando a verificação do
cumprimento de todas as distâncias de segurança a obstáculos.

Além disso, o cálculo das flechas para diversas temperaturas permite às equipas
técnicas de montagem da linha, no dia de implementação da mesma, saberem qual a
flecha a aplicar à temperatura ambiente nesse mesmo dia.

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CAPÍTULO 3

ESTABILIDADE DOS APOIOS

As principais forças presentes são:

 Força do vento sobre um condutor, segundo o eixo indicado: FV_CD_eixo.


 Força do vento sobre um condutor da derivação, segundo o eixo indicado:
FV_CD_D_eixo.
 Força do vento sobre os isoladores: FV_Isol.
 Tracção de um condutor, segundo o eixo indicado: tCD_eixo
 Tracção de um condutor da derivação, segundo o eixo indicado: tCD_D__eixo
 Peso de uma cadeia de isoladores: PIsol

Para realizar o cálculo da força do vento sobre a cadeia de isoladores é necessário


recorrer à seguinte expressão matemática, em que se considera a cadeia de isoladores
como em rectângulo sujeito a uma força do vento normal à sua superfície:

F_(v_isol ) = α . c . q . S [daN/m] (Equação 52)

Sendo que:

𝛂 − Coeficiente de redução que traduz o facto de não ser constante a velocidade


do vento ao longo de toda a linha. Considera − se 1,0 [sem unidade];
𝐜 − Coeficiente de forma dos condutores, resultante de não ser plana
a secção oferecida ao vento pelos isoladores. Considera − se 1,0 [sem unidade];

𝐪 − Pressão dinâmica do vento, expressa em Pascal Pa , tabela 2;

𝐒 − Área da superfície exposta à acção do vento [m2 ].

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3. Referências
[1] EN50341-3-17 (2001). Aspectos Normativos Nacionais para Portugal referentes a
EN50341-17, Instituto Português da Qualidade.

[2] Leite, Hélder. (2008). "Apontamentos de RTDI 2008/2009- Elaboração de Projectos


de Linhas Aéreas", Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.

[3] Távora, Francisco. Sebenta: "Linhas de Transmissão de Energia Eléctrica.",


Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.

[4] Vale, António Almeida do. "Linhas Aéreas de Transmissão de Energia.", Faculdade
de Engenharia da Universidade do Porto.

[5] Lummis, J.; Fischer, H. D.; , "Practical Application of Sag and Tension Calculations
to Transmission-Line Design," Power Apparatus and Systems, Part III. Transactions of
the American Institute of Electrical Engineers, vol.74, no.3, pp.402-416, Jan. 1955.

[6] Bradbury, J.; Kuska, G.F.; Tarr, D.J.; , "Sag and tension calculations for
mountainous terrain," Generation, Transmission and Distribution, IEE Proceedings C ,
vol.129, no.5, pp.213-220, September 1982.

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