Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Otura Meji
1
Òtúrá Meji
*Por mando de Olódúmarè, Îrúnmìlà fiscaliza o àiyé Ökërë e sua boca grande
*O abençoado povo de Ìhehújû Îñun chorava por seu amor
*Òrìñà Ògìyàn cria os alicerces das civilizações O Comerciante linguarudo
*Àlùké, filha de Olódúmarè Olófin se agrada como o awo humilde
*Òñúbùdó e seus muito seguidores A morte da esposa de Òtúrá Meji
*O casamento de Sálúbàtà e Ësë Îrúnmìlà prende os ladrões de sua lavoura
*Gbólú, o visionário e ingênuo A ascensão de Òtú
*A boca do falador é o que o mata Por que a cabeça de Caranguejo é diferente
*Îrúnmìlà apazigua Öbalúwayé, Èñù e Ìyàmi Ñàngó tira a instabilidade de um povo
*O acordo mal sucedido de Îrúnmìlà
*Îrúnmìlà monta Àrokò para seu Ëgbý
*Îrúnmìlà perdoa o povo de Ìpàpó
*O cego mendicante
*Îrúnmìlà vai ao îrun em busca de sabedoria
*Àlùkándí, o matador do îrun
*Os ûwî de Òtúrá Meji
Graças a Òtúrá a riqueza chega ao àiyé
Òtúrá pratica Ìfá entre os árabes
Òtúrá ensina que Verdade é mais poderosa que Mentira
A razão do sofrimento da raça negra
“Traje de Tecido Fino” e seu caminho para a imortalidade
Por que o awo senta-se na esteira para ler Ìfá
Por que os brancos são céticos
Homem jovem recebe àñë de Olófin
Îrúnmìlà é salvo pelo Polvo e pelo Caranguejo
O líder dos Ìmîlû há de prosperar sem grande esforço
O pacto entre Òrìñà Oko e os Espíritos da Terra
Por que os orangotangos não são homens completos
Egún pàribò traz doenças ao povo de Öbanìyèn
O porquê de caprinos não ficarem próximo a plantações
Òtúrá era o preferido de Olófin
Um cavalo não emprenha
O homem que era rico, e tolo
Òrìñà Ìgbò chega no àiyé
Òtúrá faz ëbö por filhos e boa sorte
Ñàngó descobre o ìyàngareò
Ògùn sele derò
2
Òtúrá Meji
Essência
b) Kafere fun Ñàngó, Öbàtàlá, Îñun, Öbalúwayé, Ìyàmi Òñòròngá, Òrìñà Oko,
c) Òtúrá Meji corresponde a uma visão mística do Universo. Quando em ire, o Orí se alinha com Olódúmarè,
favorecendo sabedoria, intuição, religiosidade, trabalho espiritual e consideráveis bênçãos. Quando em ibi, o
alinhamento em questão favorece vaidade, orgulho e o egocentrismo nas mais variadas formas (nacionalismo,
racismo, etc.).
Ire
a) Ao se manifestar em ire, Òtúrá Meji avisa que todas as bênçãos do àiyé serão alcançadas pela pessoa para quem
esse Odù se manifesta. Isso acontece por que em outras ocasiões (nessa ou em outras vidas), a pessoa já serviu mais
do que adequadamente a Olódúmarè, e por isso, nessa vida, será abençoada das maneiras mais distintas.
b) Não são apenas serviços prestados à evolução espiritual da humanidade que atrai a devida recompensa; Òtúrá Meji
ensina que também serão abençoados abundantemente aqueles que perceberem a importância do trabalho sério, e
dedicarem suas vidas a tão abençoada prática. Ou seja, sob a influência desse Odù, o trabalho constante e honesto
atrairá os devidos reconhecimentos, que por sua vez redundarão em vida consideravelmente agradável.
c) O próprio Òtúrá Meji é citado aqui, em sua ascensão à sua considerável prosperidade. Definitivamente, esse Odù,
quando em ire, é um excelente presságio de melhora e desenvolvimento dos aspectos financeiros. É preciso ressaltar
a imensa contribuição que o comportamento pessoal tem nessa questão, como será visto mais à frente. Num outro
ìtan que narra a ascensão social de Òtúrá Meji, a dedicação ao trabalho, mesmo em condições adversas, aparece
como uma importantíssima contribuição ao sucesso.
d) Ìfá revela que a pessoa para quem esse Odù se manifesta, está preocupada se alcançara sucesso financeiro em sua
vida. Ìfá diz que o sucesso certamente será alcançado, se a oferenda adequada for realizada, e ainda mais
3
importante, se o comportamento sugerido por Òtúrá Meji for observado. Ao seguir os conselhos, Ìfá diz que essa
pessoa experimentará a riqueza, a opulência e o amor de outras pessoas, até o final de seus dias.
e) Òtúrá Méjì é um Odù que prenuncia liderança. Ìfá diz que seremos abençoados com muitos seguidores, e que nossa
liderança favorecerá o bem estar de muitos. Também poderemos alcançar a bênção de ser amado, respeitado e
querido por nossos liderados, desde que façamos o ëbö e sigamos as demais orientações de Ìfá a respeito.
f) Em um de seus ìtan, Òtúrá Méjì faz referência a situações de herança. No ìtan em questão, o personagem herda a
posição de liderança de seu pai. Diversas formas de receber um legado por ser consideradas quando esse Odù se
manifesta.
g) Ìfá prevê grande bênção de prosperidade a alguém que, apesar das dificuldades encontradas, persiste em sua
ocupação profissional, quando recebe de Ìfá orientação para assim agir. Ìfá diz que o comportamento visionário dará a
essa pessoa uma posição de destaque em seu meio profissional, e seus produtos ou serviços, quando exclusivos ou
diferenciados, serão muito requisitados, favorecendo assim a manifestação da abundância. Por último, Ìfá enaltece a
importância de saber negociar, valorizando-se profissionalmente.
h) Nos caminhos desse Odù, ao se predispor a servir Olódúmarè tal qual lhe fora pedido, Îrúnmìlà se credenciou a vir
ao àiyé e espalhar as seguintes bênçãos: longevidade, prosperidade, esposas e filhos. Ìfá assegura que todos esses
benefícios encontrarão uma maneira de chegar até nós, se observarmos ìwa pûlû, nos esforçarmos para contribuir
com a obra de Olódúmarè, prestarmos auxílio a quem dele necessitar, e realizarmos as oferendas adequadas às
Divindades citadas na ocasião.
i) Nos caminhos desse Odù, Îrúnmìlà recebeu todo o apoio necessário de seu Ëgbý îrun para conseguir todas as
bênçãos do àiyé, sendo elas vida longa, sucesso financeiro, boas esposas, bons filhos, casa confortável, bons meios de
locomoção. Assim sendo, desde que sejam adequadamente compreendidas as questões de Òtúrá Meji, Ìfá nos fala
sobre circunstâncias abençoadas que garantirão o alcance dessas situações abençoadas, antes que chegue nossa hora
de retornar ao îrun.
j) Nos caminhos de Òtúrá Meji, os serviços de Îrúnmìlà eram requisitados em todos os cantos da terra ioruba, a
ponto dele mal ter tempo de voltar para casa. Ìfá fala sobre bênçãos profissionais à pessoa que se esmerar e se
destacar na prática de sua profissão.
k) Como será visto à frente, Òtúrá Meji é um caminho de inimigos, mas o ponto a ser salientado aqui é a grande
chance de vitória sobre tais inimigos, desde que o ëbö adequado seja realizado e a postura sugerida por Ìfá seja
seguida.
l) Òtúrá Meji foi o Odù Ìfá que viajou para longe, onde hoje estão os países árabes. Ìfá nos fala sobre viagens
potencialmente benéficas quando esse Odù se manifesta.
4
m) Òtúrá Meji exalta a relação existente entre a devoção e as bênçãos. Ìfá diz que a pessoa para quem esse Odù se
manifesta deve se esforçar em levar uma vida de devoção, e que tal postura atrairá consideráveis benefícios à pessoa
em questão. Da maneira que Ìfá expõe essa situação, é muito provável que Öbàtàlá, de uma maneira ou de outra,
esteja indissoluvelmente associado à espiritualidade dessa pessoa.
n) Aqui Òrìñà Oko faz um pacto com os Espíritos da Terra, e desde então suas lavouras são abençoadas com
abundância. Òtúrá Meji é um excelente presságio para sucesso profissional, desde que as oferendas necessárias
sejam realizadas, e o comportamento sugerido por Ìfá seja corretamente seguido.
o) Em mais de uma ocasião, a agricultura recebe destaque nesse Odù. Essa atividade é imensamente abençoada
quando Òtúrá Meji se manifesta, e embora problemas iniciais possam ocorrer, ao final fartas e abundantes colheitas
será a recompensa para aquele que, sob a tutela da sabedoria de Ìfá, trabalhar duro e seguir os demais conselhos. É
óbvio que tal abençoada situação possa ser aplicada a muitas outras atividades profissionais, mas considerando-se o
fato de que esse é o Odù que explica o porquê das lavouras de Òrìñà Oko serem tão profícuas, não parece correto
deixar de dar à agricultura um destaque especial.
p) Ire ömö está presente nos caminhos de Òtúrá Meji. Um dos personagens desse Odù conseguiu “incontáveis filhos
no àiyé”. Esse personagem em questão era o Milho, e seus grãos os respectivos filhos. Isso por si só exprime a
dimensão de ire ömö nesse Odù. Mas é precioso estar atento ao lado perigoso da situação, como será tratado
adequadamente em “ibi”.
q) Òtúrá Meji é o Odù Ìfá que narra como Òñòógìyàn trouxe para o àiyé as “pedras” que serviram de base para a
chegada de novos seres a esse mundo. Independentemente das questões míticas, cósmicas, físicas e metafísicas da
questão, o importante aqui é salientar que esse Odù favorece o “novo”. Novas fundações, novas casas, cidades, vilas,
etc. Novos empreendimentos serão abençoados por Òtúrá Meji, se as oferendas adequadas forem realizadas tal qual
Ìfá as prescrever.
r) Òtúrá Meji traz inspiração à resolução de problemas e desafios profissionais. Ìfá avisa que a engenhosidade ou
criatividade estarão favorecidas sob a manifestação desse Odù. Ele diz que com o apoio do ëbö e de Orí,
encontraremos maneiras criativas de resolver nossas questões profissionais, favorecendo ganhos, desenvolvimento e
lucros.
s) Quando Òtúrá Meji se manifesta em ire, Ìfá nos assegura que oportunidades de crescimento, prosperidade e
reconhecimento se manifestarão. Nosso maior empecilho para que isso ocorra será a falta de ëbö e a impaciência. Aos
bons e pacientes devotos, não faltarão oportunidades com as citadas, mesmo que elas demorem a se manifestar.
t) Aqui Îrúnmìlà recebeu reconhecimento por seu trabalho, desde então sentar-se na esteira para consultar Ìfá é sinal
de honra para quem o faz. Ìfá nos fala que com o correto ëbö e comportamento, teremos nossa atividade profissional
reconhecida; alcançaremos honras e consideráveis honorários pela mesma.
5
Ibi
a) Ìfá nos avisa que, motivados pela inveja, inimigos e conspiradores podem se unir com o objetivo de nos destruir.
Ìfá também diz que esse perigo se estende aos nossos entes queridos. O ëbö e o comportamento apropriado
certamente nos protegerão desse grande infortúnio de Òtúrá Meji. Por último, Ìfá avisa que a força de nossos inimigos
diminuirá consideravelmente, se conseguirmos gerar a desunião ou desconfiança entre eles.
b) Ìfá avisa sobre consideráveis infortúnios que certamente se manifestarão como consequência da verborragia
irresponsável ou estúpida. Manter constante controle sobre as palavras é essencial para evitar perdas e demais
sofrimentos.
c) Inimigos e conspiradores estarão presentes quando Òtúrá Meji se manifestar em ibi. Ìfá diz que com o ëbö e o
comportamento apropriado, sobrepujaremos tais ameaças. As chances de sucesso serão ainda mais acrescidas, caso a
dúvida e a desconfiança se instale entre nossos desafetos.
d) Apesar de evocar com intensidade a presença da prosperidade, quando em ibi, Òtúrá Meji fala sobre ruína
financeira, e associa essa situação à Öbalúwayé e inimigos. Ìfá nos orienta a aplacarmos a ira dessa Divindade com as
oferendas apropriadas, e também a mantermos um comportamento pessoal correto.
e) Òtúrá Meji pode ser considerado um mau presságio quando se manifesta para falar sobre arranjos ou acordos
financeiros. Em seus caminhos, Îrúnmìlà participou de um consórcio que ajudou todos os Ìrúnmîlû prosperar, mas
quando chegou sua vez, esqueceram-se dele. Aqui o jovem engana o velho, quando esse lhe confia a guarda
provisória de seu dinheiro. Em outra ocasião, um homem confia um saco com milho a um amigo, e depois o cobra,
dizendo que no saco havia dinheiro. Ìfá nos orienta a não entrarmos em fundos financeiros, acordos de ajuda mútua
ou em sociedades quando esse Odù se manifesta. Devemos fazer ëbö para evitar prejuízos, e investir nosso dinheiro
de maneira segura. De uma maneira geral, Òtúrá Meji adverte sob a presença de péssimos companheiros financeiros
ou sócios.
f) Ìfá revela que o Ëgbý îrun da pessoa para quem esse Odù se revela sente sua falta, e exige sua presença imediata.
Assim sendo, há o risco de morte iminente quando esse Odù se manifesta em ibi. Por outro lado, ao seguir os
conselhos de Ìfá no que diz respeito a ëbö e conduta, não só evitaremos o risco de morte precoce, como atrairemos
consideráveis bênçãos para nossa vida.
g) Como já foi visto nesse Odù, Îrúnmìlà era tão requisitado em diversas cidades, que mal tinha tempo de voltar para
casa. Graças a essa situação, sua esposa foi espancada e vendida como escravo, pois ele não estava lá para defende -
la. Aqui Ìfá nos fala sobre o alto preço que uma família pode ter que pagar pelo sucesso profissional de seu provedor.
6
h) O povo de Ìpàpó surrou e vendeu como escrava a mulher de Îrúnmìlà, como represália por ele não esta na cidade
para lhes dar assistência. Ìfá nos fala aqui sobre pessoas que acreditam nos possuir, ou pensam que nosso objetivo
na vida é cuidar de seus assuntos. A tais pessoas, Ìfá diz que infortúnios e vergonham serão a recompensa por um
pensamento tão estúpido.
i) Ainda no que diz respeito ao ìtan do povo de Ìpàpó, Ìfá nos avisa sobre grandes traições, vindas por parte de
pessoas que sempre nos esforçamos para auxiliar. Ìfá fala sobre um tipo de traição que nos deixará pasmos, sem
acreditar que tiveram coragem de assim agir conosco.
j) Nos caminhos desse Odù, Ìfá narra uma situação em que um ser poderoso do îrun vem ao àiyé para “fazer justiça”,
matando várias pessoas que ele considerava malfeitores. Esse detalhe de Òtúrá Meji não deixa de ser uma alusão ao
flagelo social conhecido por atentados. Logo, a manifestação esse Odù em ibi requer a realização imediata das
oferendas prescritas para lidarmos preventivamente com esse grande mal.
k) Ainda sobre a questão tratada acima, mesmo que os critérios de atentado não estejam totalmente presentes numa
situação, ainda assim esse Odù fala sobre morte ou infortúnios ocorridos em locais públicos ou abertos. Assim sendo,
o ideal é considerar os aspectos mais amplos desse lado tão perigoso de Òtúrá Meji.
l) Vários personagens desse Odù estiveram próximos a alcançar significativas bênçãos, mas não puderam por que,
apesar de realizarem oferendas, não seguiram as demais orientações trazidas por Ìfá. Aqui, tão importante quanto o
ëbö é conhecer e seguir os tabus desse Odù. Ìfá nos orienta a sermos extremamente cautelosos na observância dos
ûwî de Òtúrá Meji, pois o desleixo a esse respeito atrairá os mais diversos e atrozes sofrimentos à nossa vida.
m) Um dos personagens desse Odù, depois que voltou de viagem, encontrou sua mãe morta de inanição. Ìfá nos fala
aqui sobre infortúnios que podem se abater sobre entes queridos durante nossa ausência.
n) Òtúrá Meji é o Odù Ìfá que trouxe o alerta sobre a perda de àñë dos antigos povos negros, que culminaram na
escravidão imposta pelo homem branco. No contexto, Ìfá ensina que desde o início os povos negros foram avisados
de que entrariam em contato com uma raça diferente, que tentaria explorá-los de toda forma possível. Mas, devido a
um estúpido afastamento das tradições de seus Ancestrais, o homem negro permitiu que o branco adentrasse em seu
meio, e aos poucos fosse lhe dominando totalmente. O resultado disso foram guerras, exploração, dor e escravidão.
o) Ìfá avisa ao vetusto que sua posição, apesar de sua idade, não é garantia de continuidade de bênçãos. Isso é dito
por que Òtúrá Meji narra a situação em que os jovens acabam recebendo tanto àñë quanto os velhos. Ou seja, alguém
que teoricamente goza dos benefícios de sua idade, ou de seu longo tempo prestado a uma determinada causa, Ìfá
diz a essa pessoa para não repousar nos louros da vitória; diz a essa pessoa para que faça ëbö e se mantenha atenta,
pois sua posição pode, do dia para a noite, ser ameaçada por alguém mais jovem.
p) Aqui Îrúnmìlà foi rechaçado por um povo incrédulo, que não queriam conhecer a sabedoria de Ìfá. Graças a ajuda
de Polvo e Caranguejo, Îrúnmìlà sobrevive e mantém intacto os segredos de Ìfá. Devemos estar abertos à
7
possibilidade de, por melhores que sejam nossas intenções, o meio em que vivamos não nos compreendam e nutram
por nós profundo desrespeito ou ódio.
q) Aqui Òrìñà Oko sofreu prejuízos em sua lavoura. Ìfá nos fala sobre consideráveis problemas que podem se abater
sobre os aspectos profissionais de nossa existência, gerando perdas, prejuízos, etc. Felizmente, ao seguir os
conselhos de Ìfá, encontraremos solução para tão complexo problema.
r) Uma vida caracterizada por doenças, dificuldades financeiras ou desarmonia, pode ser um indício de falta de
alinhamento com os Ancestrais. Caso Ìfá confirme tal possibilidade, oferendas devem ser realizadas como as aqui
descritas, para que possamos voltar a contar com o apoio de nossa Ancestralidade, e com tal apoio conquistar uma
vida melhor, em todos os seus aspectos.
s) Nos caminhos desse Odù, o Milho (aqui, um personagem) é abençoado com muitos filhos, mas por sua negligência
em fazer ëbö, alguns desses filhos são atacados por caprinos até hoje. Além da óbvia possibilidade de exposição de
nossos filhos a perigos, Òtúrá Meji nos fala sobre uma possibilidade mais ampla, em que nossas conquistas possam
ser expostas a situações perigosas em geral. Prudência, previdência e ëbö são nossa proteção contra esse perigo
iminente.
t) Òtúrá Meji narra uma situação em que um funcionário aprende uma técnica de trabalho, emancipa-se e depois a
utiliza em suas próprias questões profissionais, levando concorrência e prejuízo ao outrora patrão. Ìfá avisa a um
patrão que seja cuidadoso com seus segredos, e discreto em seu comportamento, para não dar “alimento” a futuros
adversários comerciais.
u) Aqui Îrúnmìlà possuía uma lavoura, que era constantemente saqueada. Ìfá nos avisa que a manifestação de Òtúrá
Meji em ibi pode ser prenúncio de roubos, desfalques, furtos ou situações semelhantes. O ëbö apropriado nos ajudará
a revelar os ladrões.
v) Aqui os chefes criam condições desfavoráveis de trabalho, cometem erros administrativos, e ainda assim cobram
resultado de seus subalternos. Ìfá recomenda ao subalterno que faça ëbö, tal qual o fez o Criador de Cavalos de
Olófin, que recebeu a incumbência de dar potros a seu patrão, mesmo quando não havia éguas para tal. Ìfá assegura
que com ëbö, paciência e inteligência, encontraremos meios de mostrar a nossos superiores quão equivocados estão
na organização das tarefas que nos são confiadas.
u) Ìfá nos fala aqui sobre um grupo de pessoas, que no momento em que Òtúrá Meji se manifesta em ibi, está
desnorteado, sem critérios, sem rumo. Ìfá diz que isso não pode continuar assim, e que oferendas a Ñàngó ajudarão
tais pessoas a se reencontrarem na vida.
Comportamento
8
a) Nos caminhos de Òtúrá Meji, Îrúnmìlà recebe a incumbência de periodicamente vir ao àiyé, a fim de observar se os
planos de Olódúmarè para esse mundo estão se cumprindo; e caso não estejam, de cuidar para que as coisas voltem
aos eixos. Òtúrá Meji representa grandes responsabilidades, grandes ocupações. Por outro lado, desde que se
cumpramos com êxito aquilo que nos foi incumbido, Ìfá diz que seremos regiamente recompensados com uma vida
repleta de ganhos e felicidades.
b) Trabalho árduo é importantíssimo quando Òtúrá Meji se revela. Ìfá assegura sucesso e vida consideravelmente
agradável àqueles que fizerem do trabalho sua bandeira no àiyé. Ele diz que a pessoa trabalhadora, sob a luz de
Òtúrá Meji, tornar-se-á tão abençoada, que outras pessoas a considerarão um modelo, uma referência do que é ter
uma vida agradável. Chega a ser desnecessário que apenas o trabalho, sem a devida orientação profissional ou o
apoio do ëbö, mantém esse aspecto de Òtúrá Meji apenas como um potencial, e não como um fato consumado.
c) É preciso ressaltar a íntima relação existente entre prosperidade e comportamento nesse Odù. Aqui, quando Òtúrá
Meji levou seu desejo de crescimento financeiro a Ìfá, lhe foi dito que ele teria tal bênção, assim como honra e
reconhecimento, se mantivesse uma postura humilde, jovial e acessível, em todos os momentos de sua vida. Então
além do ëbö necessário, Òtúrá Meji foi instruído a observar esse comportamento. Ou seja, as bênçãos inerentes a
esse Odù (que não são poucas) precisam de um ambiente adequado para se manifestarem. Tal ambiente é
primeiramente o trabalho árduo, sério e digno, coroado com a paciência, humildade, gentileza e amor perante todas
as criaturas de Olódúmarè. Aos que seguirem seus conselhos, Ìfá assegura bênçãos e mais bênçãos sob a luz de
Òtúrá Meji.
d) Como já foi visto, Òtúrá Méjì é um Odù que prenuncia liderança. Aqui é importante salientar as características de
tal liderança, quando se manifesta nos caminhos desse Odù. Ìfá diz que seremos levados a uma posição de destaque,
e que muitos estarão sob nossa influência, mas ele também afirma que será nossa humildade, gentileza e
predisposição ao auxílio que não só nos içará para a posição em questão, mas que nos manterá na mesma, recebendo
o afeto e admiração daqueles a quem auxiliamos com a liderança alicerçada em ìwa pûlû. Ou seja, Òtúrá Méjì
prenuncia liderança, quando nos comprometemos com o comportamento aconselhado por Ìfá.
e) Ìfá avisa à pessoa que prosperou em sua vida, que não se enalteça por isso. Ele diz que mesmo que não tenhamos
o desejo, expor nosso sucesso atrairá consideráveis infortúnios para nós mesmo. Aqui, a prosperidade e as conquistas
devem ser acompanhadas de tranquilidade e discrição. Infelizmente sempre estaremos ladeados por pessoas que, ao
ouvirem nossas histórias de sucesso, se sentirão diminuídas e estimuladas em nos fazer sofrer. Ao incauto que já
ocorreu em tal erro, Ìfá aconselha oferendas imediatas a Èñù Îdàrà e uma total mudança comportamental.
f) Como já foi visto, o hábito de falar demais sobre si mesmo pode atrair toda classe de infortúnios à pessoa sob
influência de Òtúrá Meji. Ìfá nos avisa sobre a extrema importância de desenvolvermos a discrição e humildade. O
desejo (consciente ou não) de revelar ao mundo nossas conquistas ou ações, cedo ou tarde causará nossa ruina. Ìfá
avisa que muitos dos que ouvirem nossa conversa conspirarão contra nós. É absolutamente necessário prestar
atenção ao ûsû de Òtúrá Meji que diz, “Ninguém escapa à armadilha criada pela prñpria boca”.
9
g) Demonstrações efusivas de felicidade são altamente desaconselháveis quando Òtúrá Meji se manifesta. Ìfá diz que
ao lançarmos nas faces alheias nossa alegria, estaremos intensificando a dor e o sofrimento de pessoas menos
afortunadas, e cedo ou tarde isso retornará em forma de inveja, perseguição, perdas, ruína, desastres e sérios
problemas matrimoniais. Ìfá nos aconselha a sermos reservados em nosso comportamento; agradeçamos a
Olódúmarè e seus Servos por todas as bênçãos que atinjamos, mas façamos isso de maneira interiorizada, calma e
discreta.
h) Como já foi visto, aqui Îrúnmìlà teve grande prejuízo ao entrar num acordo financeiro com outros Ìrúnmîlû. O
ponto a ser destacado é que Îrúnmìlà foi avisado por Ìfá para abandonar o acordo, mas negou-se a fazê-lo, pois
temia que todos seguissem seu exemplo, e assim ninguém se beneficiaria com o lado bom do acordo financeiro. Aqui
há a tendência pouco sábia em colocar os interesses econômicos alheios à frente dos nossos. Ìfá nos aconselha a
ajudarmos sempre que possível, desde que durante o processo, não venhamos a sofrer consideráveis prejuízos.
Quando esse Odù se manifesta durante uma transação financeira, Ìfá nos avisa a sairmos o quanto antes da situação,
e utilizarmos nosso dinheiro de maneira mais segura.
i) Òtúrá Meji revela que antes de vir ao àiyé, Îrúnmìlà era um membro importantíssimo de seu Ëgbý îrun, e
administrador de todos os assuntos que envolvia sua família espiritual. Situações administrativas são excelentes
opções profissionais quando esse Odù se manifesta. Importantíssimo salientar a importância de desenvolver
popularidade sadia para que sejamos reconhecidos como importantes e imprescindíveis. Por popularidade sadia
considera-se aquela que se baseia em trabalho árduo e beneficente, devoção a Deus e correto cumprimento das
responsabilidades.
j) Como já foi visto, Îrúnmìlà sofreu uma grande traição do povo de Ìpàpó, que em sua ausência surrou e vendeu sua
esposa como escrava. Mas apesar da gravidade desse ato, a mensagem de Ìfá foi para que Îrúnmìlà não se
permitisse ter seu coração contagiado pela maldade, e encontrasse em si forças para o perdão. É importantíssimo
salientar que por maiores que sejam os erros conosco cometidos, a mensagem de Ìfá em Òtúrá Meji é de perdão! Não
significa que seja fácil; significa que é necessário.
k) Nos caminhos de Òtúrá Meji, um rei ao tentar assassinar um mendicante, causou a morte do próprio filho. Uma das
principais premissas de Òtúrá Meji está na sentença: “Se você pratica o bem ou o mal, os faz a si mesmo”. Quando
esse Odù se manifesta, Ìfá nos orienta a nos abstermos totalmente da prática do mal, e nos concentrarmos em
realizarmos obras caracterizadas pela bondade, pois é certo que o resultado de nossas ações não demorarão a
chegarem até nós.
l) Òtúrá Meji é sem dúvida um dos Odù Ìfá que mais abordam questões comportamentais como fundamentais para
boa sorte e desenvolvimento. Ìfá nos avisa que “Durante um vendaval, não se proteja sob uma árvore”; e “Se o rio
está cheio, é melhor não nadar nele”. Ou seja, é imprescindìvel, sob a influência desse Odù, desenvolver a capacidade
de identificar situações perigosas ou no mínimo desconfortáveis. Perante tais situações, Ìfá aconselha considerável
prudência, para que com afobação e estupidez não nos lancem para dentro de problemas ou perigos insolúveis.
10
m) Através de Òtúrá Meji, recebemos de Ìfá a seguinte orientação: “Não se altere nem se enraiveça, sem antes
deliberar sob todos os aspectos de uma situação”. Esse foi o conselho que impediu Îrúnmìlà de matar o próprio filho
que ainda não conhecia, quando, ao chegar de uma viagem, encontrou-o dormindo na mesma esteira que sua mulher.
Ìfá nos avisa que nos depararemos com situações que imediatamente nos gerará raiva, mas ceder a tal impulso
atrairá os mais profundos dissabores. Paciência e autocontrole podem ser a chave evitar situações absurdamente
lancinantes em nossa vida.
n) Nos caminhos de Òtúrá Meji, Îrúnmìlà faz uma longa viagem ao îrun, com o intuito de aprimorar seus
conhecimentos e desenvolver sabedoria. Como consequência, além da sapiência em si, Îrúnmìlà trouxe do îrun
consigo as mais diversas bênçãos que apoiaram sua longa existência no àiyé. Similarmente falando, Ìfá nos inspira
aqui à busca da sabedoria. Estudo e reflexão sobre temas e tópicos de caráter espiritual e filosófico são extremamente
necessários quando Òtúrá Meji se manifesta. Aos que se esforçarem pelo desenvolvimento da sabedoria, Ìfá assegura
oportunidades que conduzirão às mais diversas bênçãos. Por último, Ìfá avisa que a busca pela sabedoria será
consideravelmente favorecida ao nos relacionarmos com pessoas reconhecidamente mais sábias que nós.
o) Um dos personagens desse Odù foi severamente punido por fazer mal uso de um poder adquirido perante
Olódúmarè. O poder em questão foi revogado e o personagem caiu em desgraça. Ìfá avisa à pessoa poderosa que
faça uso adequado, construtivo, bondoso e justo de seu poder, caso contrário perderá sua posição, possivelmente de
maneira permanente.
p) Sob a influência desse Odù, podemos nos perceber acreditando que somos “justiceiros de Deus”; que cabe a nñs
por “os pingos nos is” e dar a cada um conforme seu merecimento. Ìfá avisa que esse comportamento não contará
com o apoio de Olódúmarè, pois somente Ele e os Ìrúnmîlû podem punir os maus feitos realizados nessa vida. Àquele
que se considerar um justiceiro divino, Ìfá prevê descrédito, desaprovação, prisão e vergonha.
p) É extremamente importante observar e respeitar os ûwî de Òtúrá Meji. A desobediência a esses tabus atrairão os
mais diversos sofrimentos, como morte familiar, perdas financeiras, descrédito, repúdio, vícios, etc. O ponto a ser
destacado aqui é que muitas vezes alguém acreditará que sua desdita se deve à ação de inimigos, mas Ìfá afirma que
nenhum inimigo terá o poder de nos prejudicar se observamos os ûwî que Ìfá indica nesse Odù. Há aqui a tendência
responsabilizar outros por nossos sofrimentos, quando na verdade nossa boa sorte sempre esteve e sempre estará
em nossas próprias mãos.
q) Òtúrá Meji fala sobre dificuldades ou sofrimentos que podem se abater sobre nossos entes queridos durante nossa
ausência. Assim sendo, a prudência aconselha a cuidarmos de todos os detalhes referentes ao bem estar daqueles
que amamos, antes de nos ausentarmos por períodos longos ou não.
r) Òtúrá Meji é o Odù Ìfá que enaltece a verdade; que ensina que a mentira, por mais forte e elaborada que seja, será
sempre mais frágil que a pura verdade. Na verdade, mentir é um ûwî desse Odù, pois Ìfá diz que a mentira será
revelada, e vergonha e repulsa social se manifestarão junto com a verdade. Assim sendo, mentir nunca é uma atitude
sábia, mas mentir sob a influência desse Odù pode até ser considerado estupidez.
11
s) Como já foi visto, Òtúrá Meji narra a trajetória da raça negra do apogeu à escravidão imposta pelo homem branco.
Em linhas gerais, Ìfá ensina que o que levou a tudo isso foi a negligência religiosa. O homem negro afastou-se de
suas Divindades, permitiu a profanação de seus espaços sagrados e deixou-se corromper pelo dinheiro. Ìfá diz que tal
comportamento atrairá sobre a pessoa para quem esse Odù se manifesta, a mesma série de infortúnios que ainda
hoje se abatem sobre a raça negra. Sob a influência de Òtúrá Meji é preciso se aproximar de Òrìñà e dos Ancestrais;
louvá-los e propiciá-los da melhor maneira possível. É preciso estreitar os laços com a religiosidade Ancestral, e
manter-se fiel à mesma. Ao agirmos dessa maneira, continuaremos contando com o apoio das Divindades em todas
as questões de nossa vida. Por último, e não menos importante, esse verso de Ìfá de forma alguma pode ser
interpretado como uma permissão à xenofobia. Não se trata aqui de questões de raça, e sim de postura.
t) Os babalawo cubanos ensinam que Òtúrá Meji era o Odù que vivia mais próximo a Olófin, mas tal posição lhe
fomentou a vaidade, e seus privilégios a esse respeito se perderam. Ìfá nos inspira aqui a mantermos humildes
nossas atitudes, caso contrário perdas generalizadas se manifestarão em nossos caminhos.
u) Òtúrá Meji é o Odù que “explica” por que o homem branco tende ao ceticismo. Da maneira que o ìtan expõe a
situação, trata-se de uma falta de paciência em esperar as leis espirituais seguirem seu curso. O homem branco (na
verdade, a pessoa cética, independentemente da raça) interfere na obra de Olódúmarè, com o desejo de aprimorá-la,
mas sem ter conhecimento de todos os detalhes do processo. Similarmente, Ìfá nos fala sobre a impaciência, e como
ela pode se converter em tendências comportamentais céticas, que não nos favorecerão de maneira alguma.
v) Em mais de uma ocasião, Òtúrá Meji nos mostra como é importante resguardar os segredos de caráter religioso ou
espiritual. Sob a manifestação desse Odù, devemos impedir que o sagrado se profane, ou que o profano tenha acesso
ao sagrado; pois se o sagrado se perder ou se contaminar, com ele perderemos o apoio das Divindades e dos
Ancestrais. Se alguém demonstra incredulidade ou desrespeito para o sagrado, devemos seguir os conselhos que Ìfá
nos dá através desse Odù, e proteger nossos mais íntimos credos dos incrédulos.
u) Nos caminhos de Òtúrá Meji, mesquinharia será acompanhada por perdas e sofrimentos. Isso é dito por que aqui,
apesar de realizarem a oferenda prescrita por sua evolução, os orangotangos reclamara às costas do awo, dizendo
que esses os explorara. Isso foi o suficiente para que Èñù não apenas retirasse seu apoio na situação, mas tramasse
para que as bênçãos desejadas não se manifestassem. Ou seja, não é prudente demonstrar mesquinharia ou avareza
quando se está sob a influência de Òtúrá Meji.
t) Aqui o Caranguejo ficou desprovido de uma cabeça, por que saiu pelo mundo avisando a todos que cabeças
estavam sendo distribuídas. Ìfá nos avisa que a verborragia, que muitas vezes caracteriza o comportamento sobre
esse Odù, não deve se apoiar na filantropia como desculpa. Mesmo que nossas intenções sejam puras e verdadeiras,
falar sobre nossas bênçãos podem evitar que as mesmas aconteçam, ou até mesmo poderemos perder as já
realizadas.
u) Por ser extremamente curiosa, a esposa de Òtúrá Meji acabou sendo morta pelos filhos de Ìkú e Àrun. Ìfá nos avisa
que um comportamento indiscreto, dominado pela curiosidade leviana, acarretará consideráveis infortúnios a quem
optar agir dessa maneira.
12
v) Os ìtan dizem que apesar de babalawo, Òtúrá Meji possuía uma bela e produtiva lavoura. Isso era possível por que,
embora não tivesse tempo para lavrar, Òtúrá encontrou quem pudesse fazer por ele. Ìfá nos fala sobre boa sorte
profissional, mas nos avisa sobre a importância que uma boa equipe tem para favorecer essa situação.
x) Aqui o Milho (um personagem) é orientado a fazer ëbö em nome da proteção de seus filhos, mas recusa-se a fazê-
lo. Desde então é comum que os caprinos comam seus filhos, quanto têm oportunidade. Ìfá nos fala aqui sobre uma
tendência comportamental em não avaliar corretamente riscos ou perigos. Situações potencialmente perigosas são
consideradas “besteiras”, e os resultados podem ser catastrñficos. Quando o assunto é proteção pessoal, todo o
cuidado é pouco quando se está sob a influência de Òtúrá Meji. Também é preciso salientar que “filhos” podem
representar conquistas generalizadas; nesse caso, os cuidados em questão são direcionados para a proteção de
nossas realizações, independentemente de quais âmbitos de nossas vidas tais realizações pertençam.
z) Ìfá nos fala aqui sobre a importância da disciplina e planejamento. Ele diz que sem observar esses detalhes tão
importantes, poderemos nos surpreender numa vida errante, sem paradeiro, sem propósito e sentido. Oferendas a
Ñàngó nos ajudarão a encontrar um rumo, e nos aprumar numa realidade norteada e disciplinada.
a) Nos caminhos desse Odù, Ìyàmi tende a arrancar os filhos das pessoas que a tenham ofendido. Ìfá nos orienta a
sermos extremamente cautelosos quanto a saúde e bem estar de nossos filhos, para que eles não venham a sofrer as
consequências de nossos desvios de conduta.
b) Como já foi visto, aqui o Ëgbý îrun de Îrúnmìlà clamava por sua presença. Quanto tal quadro se estabelece, a
prudência manda considerar a possibilidade de situações que possam gerar morte precoce, inesperada ou fulminante.
c) Òtúrá Meji narra situações em que mulheres encontram grandes dificuldades no trabalho de parto. Tal infortúnio
pode se esperado sobre a égide desse Odù, mas felizmente Ìfá também nos mostra como procedermos a respeito.
d) Um dos ìtan de Òtúrá Meji aponta para a possibilidade de alcoolismo ou algum outro tipo de dependência química.
e) Um dos personagens citados por Òtúrá Meji sofria de disfunção erétil. Da maneira que Ìfá expõe a situação, além
de ëbö e tratamento médico apropriado, seria prudente se houvesse mudanças na dieta da pessoa que sofre de tal
mal.
f) Doenças sem causa aparente podem ser manifestação do descontentamento dos Ancestrais. A confirmação de Ìfá a
esse respeito torna necessárias as oferendas prescritas por esse Odù para realinhamento com a Ancestralidade, e
consequente melhora da saúde.
13
g) A esposa de Òtúrá Meji foi morta pelos “filhos” de Ìkú e Àrun; as Divindades da morte e da doença. Ìfá nos avisa a
estarmos sempre atentos à saúde de nosso cônjuge, com o intuito de evitar morte precoce.
Amores e relacionamentos
a) Nos caminhos de Òtúrá Méjì aconteceu o casamento entre Pé e Sandália. Isso por si só evidencia o bom auspício
que esse Odù representa em questões sentimentais. Mas apesar de tamanha positividade, é necessário ressaltar o
bom senso de Sálúbàtà (a Sandália) quando foi se consultar a respeito de um eventual casamento. Para tal,
exporemos a íntegra do texto:
Apesar de estar apaixonado por Ësë (o Pé), Sálúbàtà expôs com clareza suas preocupações, de uma maneira
direta e muito objetiva. Sua paixão não faria sentido para ele, se alguma das questões levadas a Ìfá recebessem não
como resposta. Ou seja, não se trata apenas de se apaixonar e se casar com o alvo da paixão; é preciso ter a
consciência de todas as reais necessidades e obrigações que um matrimônio exige, principalmente no que diz respeito
a reais afinidades, exposta na última pergunta feita pelo personagem. Observando tais cuidados, e realizando as
oferendas pertinentes, Ìfá assegura bênção de bom marido ou amorosa esposa à pessoa para quem esse Odù se
manifesta.
b) Òtúrá Meji explica que Èñù tem o poder de infernizar um casamento, até que a dissolução do mesmo ocorra. Assim
sendo, matrimônios ou relacionamentos que estejam sob ameaças provavelmente estarão sobre o julgo de Èñù
quando esse Odù se manifestar. Ìfá diz que apaziguando adequadamente essa Divindade, e acrescentado oferendas a
Îrúnmìlà, encontraremos meios de reestabelecer a saúde e harmonia de um relacionamento em crise. A discrição
sugerida por Ìfá nos assuntos referentes a Òtúrá Meji, se aplica totalmente no presente contexto.
c) Em mais de uma ocasião, “boas esposas” são citadas como uma das principais bênçãos requeridas pelos
personagens citados em Òtúrá Meji. Assim sendo, pode-se considerar que um matrimônio caracterizado por afinidades
reais e positivas seja não só necessário, como altamente possível quando esse Odù se revela.
d) Aqui a mulher de Îrúnmìlà foi surrada e vendida como escrava em sua ausência. Ìfá nos fala sobre os problemas
que um relacionamento pode enfrentar devido à ausência de uma das partes. Se possível, talvez o melhor fosse
conciliar trabalho e questões familiares, sem permitir que as obrigações do primeiro afetem de forma
irremediavelmente o segundo.
14
e) Nos caminhos desse Odù, Îñun chorava por estar apaixonada, mas distante de seu amor. Ìfá nos avisa sobre
situações semelhantes, em que pelos mais diversos motivos, não possamos estar próximos da pessoa amada.
f) Os ìtan revelam que a esposa de Òtúrá Meji foi morta, por que descobriu um perigoso segredo que seu marido
guardava a sete chaves. Ìfá nos diz que sob a influência desse Odù, é possível que um cônjuge tenha segredos, e que
será bem melhor se o outro não tentar se inteirar do assunto. Respeitar o espaço alheio pode ser vital para a saúde
de um relacionamento.
15
- Instabilidade matrimonial.
- Esse Odù fala sobre a ilusão do conhecimento absoluto. Soberba, orgulho.
- Praticar o bem atrairá bênçãos; praticar o mal atrairá todo tipo de infortúnio.
- Mudanças repentinas de pensamento.
- Não guarde nada de ninguém em sua casa.
- Cuidado com roubos e com o fogo.
- O ëbö realizará sonhos.
- Sono excessivo.
- Inimigos feiticeiros.
- Esse Odù representa renascimento.
- A humildade atrairá bênçãos. Haverá deveres que a princípio não pareçam dignos, mas que devem
devem ser realizados.
- Tendência a falar mais do que deve atrairá consideráveis perdas.
- Há “presentes de grego” nesse Odù.
- A ingestão de álcool é peremptoriamente desaconselhável.
- Odù de abandono e descuido.
- Ensina que os mortos trabalham à noite.
- Fala sobre inconstância e da necessidade de se estabelecer na vida.
- O homem se estabelece hierarquicamente acima dos demais animais.
- Òñàlá nunca deixa seus filhos sem comida.
- O corpo caminha sem alma devido as decepções da vida. Ñàngó é aquele que pode salvá-lo.
- Aqui há sofrimento por viver entre feras.
- Assinala a pureza da mulher.
- Odù de saudações e reverências (lei do bom viver).
- A vaidade é a perdição desse Odù. A conduta vaidosa afastará a pessoa de um caminho abençoado.
- Dinheiro e questões judiciais andam de mãos dadas.
- Òtúrá sugere a gratidão do bem que se recebe.
- A pessoa tem relações com Òdùdúwà, mas Ñàngó lhe apadrinha. Se recebe Îrúnmìlà e se pergunta a
Ñàngó o que quer.
- Desapego ao Ûlûdà.
- Há boa sorte em quase tudo, menos no amor.
- Aqui a desobediência se paga com a morte.
- Não se faz nada religioso na companhia de outra pessoa. Haverá perdas e falta de reconhecimento.
- Kafere fun Òrìñà Oko, Öya, Ñàngó
- Esse Odù ensina que Ìfá já pertenceu aos brancos, mas o perderam.
- O consulente está em sérias dificuldades materiais.
- Diferenças entre irmãos.
16
- Ire mötari.
17
Obras de Òtúrá Meji
2) Ofereceremos dezesseis pombos à Divindade (ou Divindades) indicadas por Ìfá, para que nosso
trabalho árduo nos resulte em vida absolutamente abençoada.
3) Ofereceremos duas tartarugas às Divindades indicadas por Ìfá, para que ire l’ñwñ se manifeste em
nossa vida.
4) Façamos as oferendas sugeridas por esse Odù, para que possamos ser abençoados com uma posição
de liderança, e seguidores que por nós terão amor e respeito.
5) Realizaremos as oferendas adequadas para sermos abençoados com amorosa esposa, ou amoroso e
responsável marido.
6) Èñù Îdàrà (e outras Divindades a serem indicadas por Ìfá) devem ser propiciadas tal qual instruiu o
ìtan específico, para que possamos sair de um difícil momento profissional e financeiro para uma realidade
caracterizada pela abundância.
7) Èñù Îdàrà deve ser propiciado adequadamente, para que recebamos proteção contra inimigos e
conspiradores.
18
8) Öbalúwayé e Îrúnmìlà devem ser propiciados tal qual esse Odù ensina, para que a ruína financeira não
se estabeleça em nossas vidas.
9) Èñù deve ser propiciado tal qual esse Odù ensina, para que nossos problemas matrimoniais não
evoluam a uma situação de insustentabilidade.
10) Ìyàmi Òñòròngá deve ser propiciada tal qual esse Odù ensina, para que o resultado de nossos erros
não se transformem em perigos mortais para nossos filhos.
11) Ìfá deverá ser propiciado tal qual esse Odù ensina, para que possamos escapar sem prejuízos de
acordos financeiros que nos conduzirão ao prejuízo.
12) Aqui monta-se o carrego chamado Àrokò, que visa avisar ao Ëgbý îrun que ainda não é hora de
retornar aos planos imateriais, visto que nossas missões no àiyé ainda não se completaram. Esse carrego
também evoca o auxílio do Ëgbý îrun na conquista de nossas bênçãos, pois desejosos que retornemos
para “casa”, nossos Ancestrais nos darão todo o apoio necessário para nosso sucesso no àiyé.
13) Uma cabra será oferecida como ëbö, para que o flua normalmente um trabalho de parto.
14) Dois cabritos serão oferecidos como ëbö, para que possamos lidar com o desdobramento perigoso e
doloroso de uma grande traição.
15) Uma cabra madura será oferecida como ëbö, para que possamos escapar da profunda maldade que
alguém possa querer nos cometer.
16) Será preciso fazer ëbö com nove bolsas de dinheiro, para que sejamos abençoados em viagens ou
missões. O mesmo ëbö também favorecerá contatos com pessoas cuja sabedoria ou conhecimento podem
fazer enorme diferença positiva em nossas vidas.
17) Um cabrito maduro deve ser oferecido como ëbö, para que possamos evitar situações semelhantes a
atentados, ou mortandade que possam ocorrer em locais públicos ou abertos. A oferenda em questão
deverá ser completada com um galo a Èñù Îdàrà.
18) Èñù será propiciado com um cabrito, para guiar nossos pés a oportunidades que nos conduzirão à
prosperidade.
19
19) Oferendas serão realizadas a Èñù, Ògún, Îrúnmìlà e quaisquer outras Divindades indicadas por Ìfá,
para que tudo corra bem durante uma viagem, e para que nossos entes queridos não sofram durante
nossa ausência.
20) Ìfá recomenda ëbö, tratamento médico e mudança de dieta a uma pessoa que sofre de disfunção
erétil.
21) Devemos propiciar as Divindades relacionadas à honra (Ògún, Ñàngó, Onílû, Îrúnmìlà, Öbàtàlá) para
fazer a verdade se sobrepor à mentira.
22) É preciso sempre realizar o ritual do ìyàngareò após as cerimônias propiciatórias, para manter um
clima de paz e cordialidade entre os participantes.
23) Oferendas a Olófin, coroadas por um comportamento humilde, nos protegerá de consideráveis perdas
em nossa vida.
24) Oferendas a Öbàtàlá, quando acompanhadas por um culto devocional sincero e profundo, atrairão
consideráveis bênçãos a quem assim se comportar.
25) Aqui se prepara uma magia, tal qual esse Odù ensina, para que consigamos o perdão de pessoas que,
de uma maneira ou de outra, possamos ter ofendido ou desapontado.
26) Quando Òtúrá Meji se manifestar em ibi, faremos a oferenda prescrita por Ìfá, à Divindade por ele
indicada, para que alguém mais jovem não ocupe nosso lugar, ou receba uma bênção ou posição que
inicialmente nos pertencesse. Quando em ire, a oferenda deve ser feita para que, apesar de nossa pouca
idade, não sejamos tolhidos do direito ao desenvolvimento ou prosperidade.
27) Òrìñà Oko será propiciado da maneira que Ìfá indicar, para que possamos ser abençoados em nossas
questões profissionais.
28) Egún e Ñàngó devem ser propiciados como esse Odù ensina, para que saúde, paz e prosperidade se
manifeste na vida de quem é perseguido por doenças.
29) Aqui é preciso fazer ëbö e agir com presteza e discrição, para que não sejamos os últimos a chegar, e
assim ficarmos privados de bênçãos ou realizações positivas.
20
30) Realizaremos as oferendas indicadas por Ìfá, para que possamos encontrar uma boa equipe de
trabalho, que cuide de nossos assuntos e favoreça nosso desenvolvimento e prosperidade.
31) Um ëbö, que entre outras coisas possua uma corda, deve ser realizado nos caminhos de Èñù. Isso
será feito pela proteção de nossos filhos, ou de nossas mais caras realizações pessoais.
32) Òñòógìyàn deve ser propiciado da maneira que Ìfá indicar, para que possamos contar com bases
sólidas, sobre as quais construiremos nossos sonhos ou projetos.
33) Faremos oferendas à Divindade indicada por Ìfá, para que possamos encontrar meios e inspirações
que nos possibilitem vencer dificuldades, obstáculos ou desafios profissionais.
35) Olófin deverá ser propiciado da maneira que Ìfá determinar, para que enfim se manifestem em nossa
vida oportunidades de crescimento, prosperidade e reconhecimento.
36) Um ëbö deverá ser montado nos caminhos de Èñù, para que possamos descobrir quem vem há
tempos nos prejudicando com roubos ou furtos. Entre outras coisas, será necessário que uma corda faça
parte desse ëbö.
37) Realizaremos a oferenda indicada por Ìfá, para que nossos superiores percebam seus erros e parem
de nos exigir resultados inexequíveis em nosso trabalho.
38) Faremos a Ñàngó as oferendas que Ìfá prescrever, para que ele nos ajude a organizar nossa vida, nos
mostrando um norte, nos favorecendo com força e disciplina para aprumar nossa existência.
39) Aqui se faz um preparo para ajudar uma mulher considerada estéril a engravidar. Para tal usa-se ewé
dòdo nlá (VOACANGA AFRICANA, Apocynaceae); ewé làálí (LAWSONIA INERMIS, Lythraceae; hena);
alúbïsà eléwé (bulbo de ALLIUM AESCALONICUM, Liliaceae; cebolinha-branca). Tudo deve ser fervido e
acrescido ao iyëfá. Eis o encantamento:
Dòdo nlá kí ó gbïmö sí dodo fún mi Dòdo nlá deve carregar uma criança no umbigo para mim.
Làálí ni kí ó fi la înà ömö fún mi Usarei làálí para abrir o caminho da gravidez para mim.
Àlùbïsà ni kí ó fi sa ömö fún mi Usarei àlúbïsà para colher uma criança para mim.
21
40) Uma das magias de Òtúrá Meji ajudarão um marido a contar com a obediência de sua mulher. Para tal
usaremos a folha e fruto de Coix LACRYMA-JOBI, Gramineae (capim-de-nossa-senhora). Tudo deve ser
queimado, misturado ao iyëfá e posto sobre o erè de Èñù.
41) Caso seja necessário gerar situações de briga para outra pessoa, devemos usar ewé ìjà òké (EHRETIA
CYMOSA, Boraginaceae), e também ewé abíríkolo (CROTALARIA LACHNOPHORA, Leguminosae
Papilionoideae). As folhas devem ser moídas, e o pó será usado para marcar Òtúá Meji. O preparo será
posto sobre o erè de Èñù.
Ìjà òkè ní kí wïn máa bá lámörín já Ìjà òkè diz que devem brigar com fulano
Abíríkolo jý kí lámörín ó máa bínú Abíríkolo, permita que fulano fique sempre zangado
Òtúá méjì tú ìjà bá a. Òtùá méjì, arranje briga para ele
42) Aqui se faz um preparo para auxiliar na cicatrização dos gbûrû da iniciação. Para tal usaremos ewé
añobíabe (DALBERGIA SAXATILIS, Leguminosae Papilionoideae); ewé rìnrin (PEPEROMIA PELLUCIDA,
Piperaceae). As folhas devem ser moídas, e o pó será usado para marcar Òtúá Meji. O preparo será
esfregado nas marcas tribais.
43) Quando Òtúá Meji se manifesta para um ilé àñë, é necessário reforçar o àñë da cumeeira.
44) Em guerras com mulheres, se prepara um boneco representando a si mesmo e se despacha na mata.
45) Se prepara um tronco de árvore sagrada; se enfeita com miçangas do Ûlûdà e come junto com o
mesmo (inñý Îsànyìn).
46) A prenda desse Odù é preparada com feto humano, várias miçangas e oito ötá.
22
Ûwî de Òtúrá Meji
1) Nenhum filho de Òtúrá Meji deve se envolver em situações financeiras comunitárias ou cooperativas, para evitar
ser enganado, logrado ou roubado;
2) Não se deve comer carne de esquilo, para evitar exposições aos inimigos ou conspiradores;
3) Não se deve gabar-se nem pavonear-se, para evitar ser derrubado pelos inimigos;
4) Não se deve beber em excesso, para evitar ações contra o próprio destino;
5) Não se deve envolver em discussões, para não carregar a aura e a espiritualidade com negatividades;
6) As filhas dos filhos de Òtúrá Meji não podem seguir o mesmo caminho profissional das mães, para que elas não
encurtem suas vidas ou sofram profunda e desnecessariamente;
7) Não se pode mudar de emprego ou profissão desnecessariamente, para evitar a ruína do próprio destino financeiro;
8) Não se pode recorrer à vingança, para evitar que mais dores e sofrimentos recaiam sobre si mesmo;
9) Nunca se deve agir maldosamente, para não sermos tratado da mesma maneira por nossa comunidade;
10) Nunca se deve mentir, para evitar ser exposto e ridicularizado publicamente;
11) Não se deve jejuar. Filhos de Òtúrá Meji que jejuam jamais conseguirão alcançar suas metas na vida;
12) Não se deve ter inveja do sucesso alheio, ou isso atrairá o ódio de todos;
13) Não se deve dar muita ênfase à defesa dos próprios direitos, para evitar confrontos com as Anciãs da Noite;
14) Não se deve ser egoísta, para evitar a perda de tudo aquilo que se alcançou na vida;
15) Não se deve usar para nada o pássaro îpýûrû, para evitar perder grandes oportunidades na vida;
16) Não se deve usar nenhuma parte da árvore àràbà, para evitar ser desqualificado para uma posição de liderança
ou destaque.
17) Não se deve comer polvo ou caranguejos, para que não percamos o apoio e a proteção das Divindades
e dos Ancestrais.
23
Por mando de Olódúmarè, Îrúnmìlà fiscaliza o àiyé
Ògbólógbòó babalawo níí ji Um babalawo versátil é aquele que acorda pela manhã,
Nìì f’ôwï t’ôpïn Ìfá E imprime as marcas no öpïn Ìfá;
Ògbólógbòó oniñègún jíí ji, Um oniñègún versátil é aquele que acorda pela manhã,
Nìì f’owï të ðìgìdì l’áyà E prepara seu ñígídí.
Ògbólógbòó Olóòòñà níní ji O grande devoto de Òrìñà acorda pela manhã,
Nìì f’ôwï b’àlà s’ïh÷n-ún E se adorna com as roupas adequadas.
Então Îrúnmìlà disse, “Èmi yññ l’áya m’áya ni’lé ayé” “Estou indo ao àiyé”;
Ele disse, “Kí n tóó wá”? “Quando retornar de lá, tereis esposas”?.
25
O abençoado povo de Ìhehújû
Àkàlà Ìpàpó,
O pássaro da terra de Ìpàpó,
Ele usa suas duas pernas para poder coletar comida.
Essa foi a mensagem de Ìfá para o povo de Ìhehújû,
No dia que eles perguntaram,
Se todas as bênçãos do îrun chegariam até eles.
O povo de Ìhehújû,
Há tempos eles tinham percebido a importância do trabalho árduo;
Eles perceberam que sem esforços,
Não havia sentido em esperar por melhoras;
E criaram as gerações subsequentes sob tal pensamento.
Eles trabalhavam duro, em nome de seu bem estar.
O povo de Ìhehújû;
Alguns buscavam por sucesso financeiro;
Outros queriam boas esposas;
Outros filhos adoráveis;
Outros buscavam por forte e robusta saúde;
Outros ainda desejavam vida longa.
Quando eles foram se consultar com Àkàlà Ìpàpó,
Òtúrá Meji se revelou.
O babalawo disse que todas as coisas boas do àiyé,
Elas chegariam na terra Ìhehújû;
Ele disse que tamanhas seriam as bênçãos,
Que Ìhehújû tornar-se-ia referência na região.
Para que tal situação se concretizasse,
O povo de Ìhehújû foi instruído a fazer ëbö com dezesseis pombos.
Eles ouviram e fizeram a oferenda.
Depois de um tempo,
Aqueles que buscavam por sucesso financeiro, prosperaram.
26
Os que buscavam por esposas, se casaram.
Os que buscavam filhos, os conceberam.
E dessa forma, todas as bênçãos pretendidas foram alcançadas.
Eles cantavam e regozijavam,
Louvavam o awo, que louvava Ìfá,
Pois a palavra mostrou-se verdadeira.
Àkàlà Ìpàpñ nìì f’ësø méjèèjì O pássaro àkàlà possuiu duas pernas
Gbé kolo omi gbé kolo mi E as usa no processo de se alimentar
Ëbö ire gbogbo ni wïn ni ki wïn wáá ñe Oferenda por todas as bênçãos e o que faremos
Díá fun àwïn ará Òde Ìhehújû Ìfá foi criado para o povo de Ìhehújû
N ñ l’ñwñ l’ïwï Eu serei abençoado com dinheiro abundante
Bí ara Òde Ìhehújû Como o povo de Ìhehújû
N ñ l’áya rere Eu serei abençoado com boas esposas
Bí ara Òde Ìhehújû Como o povo de Ìhehújû
N ñ bì’mô rere Eu serei abençoado com filhos adoráveis
Bí ara Òde Ìhehújû Como o povo de Ìhehújû
N ñ kï’lé mï’le Eu serei abençoado com uma casa confortável
Bí ara Òde Ìhehújû Como o povo de Ìhehújû
N ñ j’ogbñ j’atï Eu serei abençoado com feliz longevidade
Bí ara Òde Ìhehújû Como o povo de Ìhehújû
N ñ n’ire gbogbo l’áyé Eu serei abençoado com todas as bênçãos do àiyé
Bí ara Òde Ìhehújû Como o povo de Ìhehújû
27
A ascensão de Òtú
28
Com o passar do tempo,
As pessoas começaram a comentar,
“Quem é o Òtú que todo mundo vive falando”?
Quem o conhecia, respondia:
“Òtú ofereceu duas tartarugas e prosperou”.
Todos passaram a conhecê-lo como “Òtö tñ r’áhun méji”,
A quem nós chamamos até hoje de Òtúrá Méjì.
29
Àlùké, filha de Olódúmarè
30
Que as pessoas lhe fossem amorosas.
O awo lhe aconselhou a oferecer duas ovelhas e dinheiro,
Para que todas as predições se manifestassem.
Àlùké ouviu, e fez o ëbö.
Não demorou muito,
E ela alcançou ire Ajé;
Ela era estimada por todos,
E estava muito feliz.
Viveu uma vida longa,
E até o final de seus dias,
Conheceu a opulência e o esplendor.
Olïbînhùn-bônh÷n nìì f’apá méjèèjì dá gbødu îrun O besouro é aquele que usa dois braços
Díá fun Àlùké, ömö Olódúmarè Ìfá foi criado para Àlùké, filho de Olódúmarè
Ëbö Ajé ní wïn ni kó wáá ñe Ela foi instruída a fazer ëbö por ire Ajé
Ó gb’ëbô, ñ röbô Ela ouviu e fez a oferenda
Àlùké mà mà dé o, ömö Olódúmarè E aí vem Àlùké, filha de Olódúmarè
Ûyin ò mî pé ire Ajé là n sá kiri? Você não sabe que são os esforços que garantem Ajé?
31
Òñúbùdó e seus muito seguidores
32
E tratava a todos da mesma maneira,
Independentemente de posição social;
Por isso era amado por todos em Tahö.
Então um dia Òñúbùdó foi se consultar;
Ele disse, “Conseguirei ter tantos seguidores quanto meu pai”?;
Ele disse, “Terei a mesma liderança e influência de meu pai”?;
Ele disse, “Serei amado e respeitado em minha posição”?.
Essas e outras questões passavam por sua cabeça.
Durante a consulta, Òtúrá Méjì se revelou;
O awo assegurou que haveria amor,
Respeito, liderança e adoração,
Tão grande quanto ocorrera com seu pai.
Ele deveria fazer ëbö com dois pombos,
Duas galinhas-d’angola,
Duas galinhas,
Dois galos,
Dois patos e dinheiro.
Òñúbùdó ouviu e fez o ëbö.
Ele foi instruído a sempre ter comida e bebida em seu lar,
Para que pudesse oferecer a seus visitantes.
Também foi instruído a ser humilde e gentil com todos.
O awo disse que em qualquer lugar que fosse,
Ele deveria tentar deixar uma marca positiva,
Assim como o cavalo,
Que sempre deixa as marcas de seus cascos por onde anda.
Òñúbùdó ouviu e seguiu os conselhos de Ìfá.
Depois de um tempo,
Todos em Ìpàpó sabiam que a qualquer momento,
Encontrariam comida e bebida na casa de Òñúbùdó;
Ele começou a ser louvado por essa situação.
Diziam que quem fosse chorando à casa de Òñúbùdó,
Certamente voltaria de lá com um sorriso.
Como as coisas se mantiveram assim,
Òñúbùdó foi recebendo bênçãos de todas as Divindades.
Ele foi amado, respeitado e aceito por todos;
Tornou-se a personalidade do momento,
E teve uma vida longa e feliz.
33
Ëbö îpî èníyàn ni wïn ni kó wáá ñe Instruíram-no a fazer ëbö para por muitos seguidores
Ko a maa toju àlejò daadaa E a tratar visitantes e estrangeiros com cortesia
Ó gb’ëbô, ñ rö’bô Ele ouviu os conselhos, e fez a oferenda
Njý ôtì ò lè tán ni’lé Òðöb÷dñ, ômô Tahô Vejam! Nunca falta bebidas na casa de Òñúbùdó, filho de Tahö
Òñúbùdó o dé o, ömö Tahö Aí vem Òñúbùdó, filho de Tahö
34
O casamento de Sálúbàtà e Ësë
35
Ele disse, “Poderemos ficar juntos até o final de nossas vidas”?;
Ele disse, “Ela está apaixonada por mim, assim como eu estou por ela”?;
Ele disse, “Ela me amará e cuidará de mim, assim com farei por ela”?;
Ele disse, “Acima de tudo, nñs combinamos fìsica, social e espiritualmente”?.
Essas eram as questões que dominavam a mente de Sálúbàtà,
E durante a consulta, Òtúrá Méjì se manifestou.
O awo lhe assegurou que Ìfá dissera sim,
Para toda as questões levadas até ele;
Ele disse que rapidamente Sálúbàtà deveria propor o casamento,
E que sua vida seria plena e feliz até o final.
Ele foi instruído a oferecer duas galinhas,
Dois preás, dois peixes e dinheiro*.
Sálúbàtà ouviu e fez o ëbö.
Ele expôs toda a situação a sua família,
Que rapidamente mandaram o Alárenà propor o casamento.
A família de Ësë aceitou os termos,
E o casamento enfim aconteceu.
Desde então, ninguém via Ësë,
Se ela não estivesse protegida por Sálúbàtà.
Eles foram felizes em sua abençoada união.
*No caso de uma mulher, as galinhas do ëbö são substituídas por dois galos
36
Gbólú, o visionário e ingênuo
37
Visando a preparação de èlùbî,
Tal qual Ìfá o havia orientado.
Ao mesmo tempo, os outros fazendeiros vendiam seus inhames em natura.
Então veio a seca...
Rapidamente os inhames foram consumidos,
E as plantações ainda na lavoura se perderam.
A fome se instalou, e todos procuraram pelo èlùbî de Gbólú.
Mas ele negava-se a vender.
As pessoas fizeram ofertas melhores,
Mas Gbólú ainda não estava disposto a vender.
Quando o preço oferecido foi de fato muito bom,
Aí então Gbólú vendeu parte de seu èlùbî.
Rapidamente ele tornou-se um homem rico,
Do tipo que todas as pessoas admiram ou invejam.
Depois de um tempo, Gbólú percebeu que ninguém em sua comunidade,
Era tão previdente e próspero quanto ele.
Então ele se decidiu em expor ao mundo seu sucesso,
Pensando que assim inspiraria pessoas a se comportarem igualmente.
Ele começou a cantar para quem quisesse ouvir:
38
Èñù disse a Gbólú que,
Como resultado de sua cantoria,
E por não ter seguido todos os conselhos do awo,
Agora Gbólú tinha vários inimigos que desejavam destruí-lo.
Èñù então ensinou a Gbólú outra cantiga,
Que deveria ser entoada imediatamente.
39
A boca do falador é o que o mata
40
Ela dizia que, agora que era mãe,
Seus dois filhos lhe ocupavam o tempo todo;
Que era muito difícil cuidar de dois filhos ao mesmo tempo;
E que devido seus novos filhos,
Sua casa estava repleta de víveres.
Ela repetia o tempo todo, “Ilé kun ðïðï” (minha casa está abarrotada).
Um dia algumas pessoas ouviram o canto de Òrofó;
Elas pensaram que não era justo passarem por necessidades,
Enquanto a casa de Òrofó estava cheia de comida.
Então essas pessoas tramara ir à casa de Òrofó,
A fim de obterem muito alimento.
Lá chegando, as pessoas mataram Òrofó e seus filhos,
E fizeram deles sua próxima refeição.
Foi assim que Òrofó criou uma armadilha com sua boca,
E caiu dentro dessa armadilha.
41
Îrúnmìlà apazigua Öbalúwayé, Èñù e Ìyàmi
Ará iwájú, wïn ò bá Os que vão à frente, você não pode alcançar
Èrò ûyín, wïn ò dúró dè Os que vêm atrás, você não quer esperar
Bá ò bá bá ará iwájú Se não se pode alcançar quem vai à frente
Èrò ûyín làá dúró dè É melhor esperar quem vem atrás
Ará iwájú, wïn ò bá Os que vão à frente, você não pode alcançar
Èrò ûyín, wïn ò dúró dè Os que vêm atrás, você não quer esperar
Bá ò bá bá ará iwájú Se não se pode alcançar quem vai à frente
Èrò ûyín làá dúró dè É melhor esperar quem vem atrás
42
Ará iwájú, wïn ò bá Os que vão à frente, você não pode alcançar
Èrò ûyín, wïn ò dúró dè Os que vêm atrás, você não quer esperar
Bá ò bá bá ará iwájú Se não se pode alcançar quem vai à frente
Èrò ûyín làá dúró dè É melhor esperar quem vem atrás
Ará iwájú, wïn ò bá Os que vão à frente, você não pode alcançar
Èrò ûyín, wïn ò dúró dè Os que vêm atrás, você não quer esperar
Bá ò bá bá ará iwájú Se não se pode alcançar quem vai à frente
Èrò ûyín làá dúró dè É melhor esperar quem vem atrás
43
Mas como se tratava do öjï awo (dia em que o babalawo consulta para si mesmo),
Îrúnmìlà não pôde atende-los.
Numa segunda ocasião em que chamaram Îrúnmìlà,
Era o àdàbî (dia em que o babalawo cuida de seus assentos pessoais);
E Îrúnmìlà mandou avisar que os atenderia depois.
Ah! Eles viram nisso um sinal de arrogância por parte de Îrúnmìlà,
E decidiram que lhe ensinariam uma amarga lição.
Öbalúwayé jurou que acabaria com a prosperidade de Îrúnmìlà;
Èñù jurou que estragaria os casamentos de Îrúnmìlà;
Ìyàmi Òñòròngá jurou que mataria e comeria os filhos de Îrúnmìlà.
Bem, foi nessa noite que Îrúnmìlà teve um sonho,
Que o deixou extremamente sobressaltado.
Logo pela manhã ele foi se consultar,
E Òtúrá Meji se revelou.
O awo disse que uma conspiração se formava contra ele;
Disse que três irmãos estavam irados,
Devido às conquistas alcançadas por Îrúnmìlà.
Ele disse que Öbalúwayé queria arrasar suas finanças;
Que Èñù queria espalhar suas esposas;
Que Ìyàmi Òñòròngá queria atacar seus filhos;
Por que todos eles estavam descontentes com suas vidas.
Por fim, o awo disse que os planos malévolos,
Seriam postos em prática naquele mesmo dia.
Îrúnmìlà foi instruído a imediatamente fazer ëbö com três galos;
Três moringas cheias de dendê, e dinheiro.
Depois disso, ele deveria montar um cesto com as cabeças e um bom dinheiro;
Deveria levar esse cesto até Öbalúwayé e entregar como presente;
Ele não deveria deixar que Öbalúwayé percebesse seu prévio conhecimento da situação;
Deveria apenas dizer que sentia em seu coração,
Que Öbalúwayé não estava feliz com ele.
Depois ele deveria encher um cesto com dinheiro,
Deveria pegar uma de suas esposas,
E oferecer como presente a Èñù Îdàrà.
Por fim, ele deveria encher outro cesto com dinheiro,
Pegar uma de suas filhas,
E oferece-la a Ìyàmi Òñòròngá.
No final, mais uma vez ele foi alertado,
A não permitir que nenhum deles percebesse,
Que ele já estava a par da conspiração.
Já no outro dia, bem de manhãzinha,
Îrúnmìlà montou o primeiro cesto e foi à casa de Öbalúwayé.
44
Ele o encontrou deitado numa esteira, aparentando considerável desmazelo.
Imediatamente Îrúnmìlà cantou um ìyûrû:
Gbogbo aya timo ní o, tírë ni ö Todas as esposas que possuo são suas
Gbogbo aya timo ní o, tírë ni ö, Lálàlú ò! Todas as esposas que possuo são suas, Làlàlú ò!
Àbí aya tí mo ní o lò nbínú si? É por causa de esposas que está com raiva de mim?
Gbogbo aya timo ní o, tírë ni ö Todas as esposas que possuo são suas
45
Îrúnmìlà explicou a Èñù,
Que não ficava bem ele ter que ir ao mercado,
Cozinhar, lavar roupa, arrumar a casa,
Tudo isso sozinho!
E que por essa razão ele trouxera Agbèrù para viver com Èñù.
Îrúnmìlà disse, “Agora, Èñù, Agbèrù cuidará de suas necessidades”.
Depois Îrúnmìlà ofereceu o cesto com dinheiro;
Quando Èñù viu o montante,
Ele disse, “Para quantas pessoas é esse dinheiro”?
Îrúnmìlà disse, “Apenas para você, Èð÷ Îdàrà”.
Então Èñù pensou consigo mesmo, “Seria certo alguém se comportar assim, e ainda ser destruìdo”?
Èñù decidiu que não participaria da destruição de Îrúnmìlà;
Ele declarou que ninguém poderia estragar os assuntos de Îrúnmìlà,
E que se alguém tentasse, teria que se ver com ele, Èñù!
Finalmente, Îrúnmìlà foi a casa de Ìyàmi.
Levou consigo o cesto com dinheiro, e uma de suas filhas;
Lá chegando, cantou o ìyûrû:
Gbogbo ömö timo ní o, tírë ni ö Todos os filhos que possuo são seus
Gbogbo ömö timo ní o, tírë ni ö, Ìyá ò! Gbogbo ömö timo ní o, tírë ni ö Ìyá ò!
Àbí ömö tí mo ní o lò nbínú si? É por causa de filhos que está com raiva de mim?
Gbogbo ömö timo ní o, tírë ni ö Todos os filhos que possuo são seus
46
Perceberam que nenhum deles o fizera;
Que o próprio Ìfá havia avisado Îrúnmìlà sobre o complô.
Eles então decidiram chamar Îrúnmìlà,
Para selar o pacto de apoio e não agressão entre todos.
Quando Îrúnmìlà chegou,
Foi orientado a oferecer um òkété a cada um deles,
Como forma de firmar o pacto.
Enquanto fazia a oferenda,
Îrúnmìlà entoava o seguinte ìyûrû
47
O acordo mal sucedido de Îrúnmìlà
Ó di ñëwëlë;
Ó di ñûkún;
Esses foram os awo que criaram Ìfá para Îrúnmìlà,
Quando ele se uniu aos quatrocentos Ìrúnmîlû,
Para iniciarem um acordo financeiro.
Sim, os Ìrúnmîlû se uniam a cada cinco dias,
Para discutirem todos os assuntos referentes ao àiyé.
Numa dessas reuniões eles selaram o seguinte acordo:
Todos eles, com exceção de um,
Contribuiria com 2.500 búzios para um fundo comunitário,
Fundo esse que seria repassado a um dos Ìrúnmîlû,
Para que ele pudesse fazer suas oferendas,
E estabelecer um negócio próprio.
Assim sendo, o Ìrúnmîlû felizardo receberia um milhão de búzios,
E demoraria cinquenta e sete meses lunares,
Para que o último Ìrúnmîlû recebesse seu quinhão.
Eles gostaram muito da ideia,
E decidiram que Îñun seria a primeira a receber a contribuição;
Depois dela seria Èñù Îdàrà,
Depois Öbàtàlá, Ògún, Ñàngó;
Enquanto Îrúnmìlà seria o último.
Assim que chegou em casa,
Îrúnmìlà recorreu a seus estudantes para consultar Ìfá,
A fim de saber se aquele negócio lhe seria benéfico.
Durante a consulta, Òtúrá Meji se revelou.
Os estudantes disseram que aquele não seria um bom negócio,
E que para evitar prejuízos,
Îrúnmìlà deveria se retirar do consórcio,
E oferecer com ëbö uma cabra e dinheiro;
48
Ele também deveria oferecer uma galinha,
Dois preás e um peixe a seu Ìfá.
Îrúnmìlà disse que faria a oferenda,
Mas não se retiraria do acordo,
Pois se assim o fizesse,
Praticamente todos os Ìrúnmîlû também o fariam,
E isso acabaria com o sucesso da operação.
Então, a cada encontro, Îrúnmìlà dava sua contribuição.
Îñun recebeu sua parte,
E propiciou seu Òkè Ìpînrí com uma grande porca e uma galinha.
Öbàtàlá recebeu sua parte,
E propiciou seu Òkè Ìpînrí com dezesseis ìgbín e banha de òrí.
Ògún recebeu sua parte,
E propiciou seu Òkè Ìpînrí com um cão.
Ñàngó recebeu sua parte,
E propiciou seu Òkè Ìpînrí com um carneiro.
Òrìñà Oko recebeu sua parte,
E propiciou seu Òkè Ìpînrí com um carneiro,
Que foi cozido no ûgúsí (sopa de melão).
Öbalúwayé recebeu sua parte,
E propiciou seu Òkè Ìpînrí com sopa de inhame e camarões fritos,
Depois lavou tudo com vinho-de-palma fresco.
Isso foi o que os Ìrúnmîlû fizeram,
De depois de realizarem suas oferendas,
Seus negócios prosperaram.
Por fim, chegou a vez Îrúnmìlà;
Só que nenhum Ìrúnmîlû compareceu à reunião.
Îrúnmìlà esperou, e esperou, mas nada...
Ele voltou para casa,
E mandou seus filhos às casas do Ìrúnmîlû;
Cada um deles voltou com uma desculpa diferente.
Ao ver o fracasso da situação,
Îrúnmìlà lembrou-se dos conselhos de Ìfá,
E conformou-se com seu enorme prejuízo.
49
Ògön j’ajá tán Ògún comeu seu cão
Ó padà s’ýyìn Depois voltou atrás
Ó di Ñëwëlë, ó di Ñûkún Saudações a Ñëwëlë e Ñûkún
Ñàngñ j’àgbò tán Ñàngó comeu seu carneiro
Ó padà s’ýyìn Depois voltou atrás
Ó di Ñëwëlë, ó di Ñûkún Saudações a Ñëwëlë e Ñûkún
Öbalöwayé j’àfálá tán Öbalúwayé comeu seu inhame e camarões
Ó padà s’ýyìn Depois voltou atrás
Ó di Ñëwëlë, ó di Ñûkún Saudações a Ñëwëlë e Ñûkún
Èrò Ìpo, èrò Îfà Viajantes de Ìpo, viajantes de Îfà
Ëni gb’ëbô nìbø Por favor, avisem àqueles que foram orientados a fazer ëbö
Kñ wáá ð’ëbô o Que o façam o quanto antes
50
Îrúnmìlà monta Àrokò para seu Ëgbý
51
Estivesse solicitando sua presença.
Enquanto Îrúnmìlà estava no àiyé,
Seu Ëgbý começou a se complicar com situações,
Que até então eram cuidadas por Îrúnmìlà.
As coisas não estavam tão tranquilas quanto antes,
E por mais que eles tentassem,
Não conseguiam lidar com as situações,
De maneira semelhante a Îrúnmìlà.
Cansados dessa situação,
Eles começaram a avisar Îrúnmìlà,
Que já era tempo de retornar ao îrun.
Foi aí que Îrúnmìlà começou a sonhar com seu Ëgbý,
Começou a ver a imagem deles em relance,
Nos cômodos de sua casa.
Quando Îrúnmìlà consultava para si ou para outros,
Via constantes mensagens de seu Ëgbý.
Foi aí que ele que ele soube que era hora de repetir a oferenda;
E ele assim o fez.
Ele juntou todo o material necessário,
E chamou um de seus estudantes,
Para ajuda-lo a montar o Àrokò,
Um carrego especialmente preparado,
Com a finalidade de mostrar ao Ëgbý îrun de uma pessoa,
Que ainda não é hora de retornar para casa;
Que primeiro é preciso alcançar as bênçãos,
E cumprir os deveres do àiyé.
Então o ëbö foi feito,
E o Àrokò montado com as cabeças dos animais imolados,
E todas as frutas que Îrúnmìlà pode encontrar naquela estação.
Bem, exatamente nessa ocasião,
O Ëgbý de Îrúnmìlà havia mandado diligentes ao àiyé,
A fim de escolta-lo de volta ao îrun.
Quando os diligentes chegaram,
Îrúnmìlà mostrou-lhes o Àrokò,
E cantou dessa forma:
N ñ l’ñwñ l’ñwñ nìlé Ayé ki n tññ wá ò Eu receberei minha bênção de dinheiro antes de deixar o àiyé
Ëgbôrô ni’dè Ëgbôrô ni’dè; eu o saúdo
Ajenje ni’règön, ëgbôrô ni’dè Ajenje ni’règön, ëgbôrô ni’dè;
N ñ l’áya m’áya nìlé Ayé ki n tññ wá ò Eu receberei minha bênção de esposas antes de deixar o àiyé
Ëgbôrô ni’dè Ëgbôrô ni’dè; eu o saúdo
52
Ajenje ni’règön, ëgbôrô ni’dè Ajenje ni’règön, ëgbôrô ni’dè;
N ñ bi’mô lé’mô nìlé Ayé ki n tññ wá ò Eu receberei minha bênção de filhos antes de deixar o àiyé
Ëgbôrô ni’dè Ëgbôrô ni’dè; eu o saúdo
Ajenje ni’règön, ëgbôrô ni’dè Ajenje ni’règön, ëgbôrô ni’dè;
N ñ kï’lé mï’lé nìlé Ayé ki n tóó wá ò Eu receberei minha bênção de moradia antes de deixar o àiyé
Ëgbôrô ni’dè Ëgbôrô ni’dè; eu o saúdo
Ajenje ni’règön, ëgbôrô ni’dè Ajenje ni’règön, ëgbôrô ni’dè;
N ñ l’ýðin m’ýðin nìlé Ayé ki n tññ wá ò Eu receberei minha bênção de cavalos antes de deixar o àiyé
Ëgbôrô ni’dè Ëgbôrô ni’dè; eu o saúdo
Ajenje ni’règön, ëgbôrô ni’dè Ajenje ni’règön, ëgbôrô ni’dè;
N ñ j’ogbñ j’atï nìlé Ayé ki n tññ wá ò Eu receberei minha bênção de longevidade antes de deixar o àiyé
Ëgbôrô ni’dè Ëgbörö ni’dè; eu o saúdo
Ajenje ni’règön, ëgbôrô ni’dè Ajenje ni’règön, ëgbôrô ni’dè;
53
Que Îrúnmìlà não estava pronto para voltar ao îrun.
Eles lhe perguntaram quando seria seu regresso,
E Îrúnmìlà respondeu, “Em breve”.
Não entendendo a resposta de Îrúnmìlà,
Perguntaram novamente;
Îrúnmìlà lhes respondeu, “Vai demorar”.
Então os diligentes voltaram ao îrun com o Àrokò,
Mas consigo não trouxeram Îrúnmìlà.
54
Îrúnmìlà perdoa o povo de Ìpàpó
55
Relutantemente, Îrúnmìlà concordou,
Mas no décimo sétimo dia,
Um emissário de Ajerò apareceu,
Dizendo ser urgente a presença de Îrúnmìlà naquele palácio.
Dessa forma, Îrúnmìlà teve que deixar a casa de Alárá,
Antes que o ikösûdáyé e o Imörí da menina fossem realizados.
Quando então chegou à casa de Ajerò,
Îrúnmìlà rapidamente consultou Ìfá,
E mais uma vez Òtúrá Meji apareceu,
Revelando os mesmos problemas já enfrentados na casa de Alárá.
O mesmo ëbö foi prescrito e realizado,
E rapidamente outra menina linda veio ao mundo.
Îrúnmìlà então pediu permissão para voltar à Ìpàpó,
Permissão essa dada por Ajerò.
Îrúnmìlà mais uma vez juntou suas coisas, e partiu.
Quando ele já estava na fronteira de Ìpàpó,
Chegaram em cavalos os emissários de Ajerò.
Eles disseram que assim que Îrúnmìlà virara as costas,
Eles realizaram as cerimônias de nome,
E desde então a menina não parava de chorar.
Eles tentaram de tudo, em vão.
Disseram que Ajerò desesperadamente pedia o retorno de Îrúnmìlà.
Então, resignado, Îrúnmìlà montou um dos cavalos,
E retornou imediatamente a Ìjérò Èkìtì.
Ao chegar lá e realizar as consultas,
Îrúnmìlà disse que o nome escolhido para o bebê,
Tinha sido rejeitado por seu Orí;
Ele disse que aquela criança trouxera um nome consigo do îrun.
Quando Îrúnmìlà lhe deu o nome adequado,
Imediatamente a criança parou de chorar.
Depois disso tudo,
O rei não permitiu que Îrúnmìlà deixasse a cidade,
Nos próximos dois meses.
A essa altura, o povo de Ìpàpó se queixava,
Dizendo que Îrúnmìlà não mais se interessava por eles,
Daí a razão de sua demora em retornar.
Îrúnmìlà passou ao todo cinco meses fora de casa.
Quando enfim retornou para Ìpàpó, não encontrou sua esposa.
Ao perguntar a todos o que acontecera,
Ouvira que sua esposa infelizmente falecera.
Îrúnmìlà não pode acreditar naquilo,
56
Então eles o levaram até a sepultura da mulher.
Ali Îrúnmìlà chorou, e chorou...
Apesar de saber que é um ûwî um babalawo chorar por um morto,
Ele não conseguiu segurar suas lágrimas.
Îrúnmìlà se culpava por estar ausente,
Quando sua esposa mais precisou dele.
Depois de alguns dias,
Finalmente ele teve coragem de consultar Ìfá a respeito.
Ele se perguntava como Ìfá permitira que aquilo acontecesse,
Sem lhe dar nenhum tipo de aviso,
Visto que ele estava fora, servindo Ìfá ao auxiliar outras pessoas?
Então na consulta Òtúrá Meji se revelou,
E Ìfá disse a Îrúnmìlà que sua esposa estava viva!
Ìfá disse que ela tinha sido vendida como escrava na terra Ìbàríba;
O próprio Ìfá avisara àquele povo que enquanto ela estivesse ali,
Infortúnios se abateriam sobre eles.
Dessa forma, o povo de Ìbàríba queria se desfazer da mulher o quanto antes,
Mandando-a de volta a Ìpàpó.
Por fim, Îrúnmìlà foi aconselhado a oferecer dois cabritos e dinheiro como ëbö,
E a ir pela manhã ao mercado de escravos,
Para tentar reaver sua esposa.
Îrúnmìlà rapidamente fez o ëbö,
Depois montou no cavalo presenteado por Ajerò,
E foi ao mercado de escravos de Ìbàríba.
Quando Îrúnmìlà chegou, o mercado estava fechado,
Mas assim que abriu,
Îrúnmìlà começou a procurar por sua esposa,
Até que encontrou-a!
Îrúnmìlà perguntou ao mercador quanto queria pela mulher;
O homem respondeu, “Essa aì? Pode levar de graça”!
Sim, a má sorte daquele povo era tamanha,
Desde que Îsúnfúnlûyö chegara ali,
Que eles não vinham a hora de se desfazerem dela.
Já com sua esposa, Îrúnmìlà perguntou sobre tudo que acontecera.
Ele disse que o povo de Ìpàpó estava descontente,
Dizendo que Îrúnmìlà os havia abandonado,
E que aquilo não estava certo.
Então uma manhã ela foi arrastada da esteira,
Ainda nua,
E seria morta, se alguém não tivesse sugerido vende-la como escrava,
Pois dessa forma, eles se vingariam de Îrúnmìlà,
57
E ainda ganhariam algum dinheiro.
Îrúnmìlà quis dar uma lição àquele povo maldoso!
Pela madrugada ele entrou com sua esposa em Ìpàpó,
E pela manhã, mandou chamar a todos na cidade,
Com a desculpa de que queria oferecer-lhes comida e bebida,
Como agradecimento por terem cuidado das exéquias de sua esposa,
Enquanto ele estava viajando a trabalho.
Quando todos estavam reunidos à casa de Îrúnmìlà,
Ele rogou a Olódúmarè que dessa a seus convidados,
Os mesmos cuidados que eles tinham dado à sua falecida esposa.
Ninguém disse “Àñë”!...
Foi nessa hora que Îsúnfúnlûyö apareceu,
Trazendo comidas, bebidas e obì.
Todos ficaram pasmos com a cena!
Perceberam que Îrúnmìlà sabia de tudo!
Quando eles foram servidos,
Ninguém conseguiu comer ou beber nada.
Um a um, sem nada dizer,
Eles foram deixando a casa de Îrúnmìlà.
Os conspiradores ficaram pensando, “Quem contara a Îrönmílà”?
Essa ideia não lhes saía da cabeça,
E por isso foram se consultar.
Quando o babalawo viu Òtúrá Meji, Ìfá disse;
58
Eles conseguiram convencer um contrariado babalawo,
A acompanha-los até a casa de Îrúnmìlà.
Lá chegando, eles imploraram, e imploraram,
Até que Îrúnmìlà os perdoou.
Mas a situação ainda não tinha acabado...
O rei de Ìpàpó não estava sabendo de nada,
E quando lhe contaram sobre a traição,
Ele chamou os envolvidos, principalmente os anciãos.
O rei pretendia punir a todos severamente,
Mas não o fez,
Por que Îrúnmìlà pediu que todos fossem perdoados.
59
O cego mendicante
60
Se você faz o bem;
Faz a si mesmo.
Se você faz maldades,
As faz para si mesmo.
61
Îrúnmìlà vai ao îrun em busca de sabedoria
Bi afýfý bá nfý, má dörñ l’ábý igi Se houver uma ventania, não se abriga sob uma árvore
62
A tarefa imposta a Îrúnmìlà custou-lhe três anos de reflexões e estudos.
Ao final do período, Îrúnmìlà se apresentou aos Anciões novamente.
Ele foi parabenizado por seu sucesso,
E instruído a oferecer um galo para festejar a situação.
Îrúnmìlà assim o fez,
Mas comunicou aos Anciões que gostaria de aprender mais.
Os Anciões concordaram,
E deram a Îrúnmìlà uma nova tarefa;
Ele deveria repetir mil vezes a frase;
Má bínú öjï kan Não se apresse em se enervar, sem antes deliberar adequadamente sobre o
problema.
63
Mas Mèdúúgú olowo ayé não deu ouvidos a Îrúnmìlà,
Argumentando que já havia feito aquilo outras vezes.
Sem nada poder fazer, Îrúnmìlà se afastou,
E quase que imediatamente depois um vento rompeu um grande galho,
Que matou Mèdúúgú olowo ayé, assim que caiu sobre sua cabeça.
Um pandemônio se instalou,
Mas depois que as coisas se acalmaram,
Îrúnmìlà foi convidado pela comitiva de Mèdúúgú olowo ayé,
A realizar as exéquias.
Assim fez Îrúnmìlà,
E foi regiamente pago por seus serviços.
A vigem para o àiyé continuava,
E quando chegaram ao ponto,
Onde îrun e àiyé são separados por um rio,
Viram que o mesmo estava muito alto.
Naquela época, chovia muito por três meses,
Depois havia estiagem que durava igualmente.
Foi aí que Mèdúúgú olowo îrun decidiu atravessar o rio.
Îrúnmìlà lembrou-se de sua segunda lição,
E tentou dissuadir Mèdúúgú olowo ayé de ali permanecer.
Mas Mèdúúgú olowo îrun não deu ouvidos a Îrúnmìlà,
Argumentando que já havia feito aquilo outras vezes.
Sem nada poder fazer, Îrúnmìlà se afastou,
E quase que imediatamente depois um vento rompeu um grande galho,
Que matou Mèdúúgú olowo îrun, assim que caiu sobre sua cabeça.
Um pandemônio se instalou,
Mas depois que as coisas se acalmaram,
Îrúnmìlà foi convidado pela comitiva de Mèdúúgú olowo îrun,
A realizar as exéquias.
Assim fez Îrúnmìlà,
E foi regiamente pago por seus serviços.
Então finalmente Îrúnmìlà chegou ao àiyé!
Já era noite, e ele preferiu rumar direto para sua casa;
Chegando lá, surpresa!
Îrúnmìlà viu alguém deitado com sua esposa!
Na hora, Îrúnmìlà desejou matar o atrevido,
Mas lembrou-se de sua terceira lição,
E preferiu resolver a situação pela manhã.
Quando um novo dia chegou,
Qual foi a surpresa e alívio de Îrúnmìlà,
Ao descobrir que a pessoa que vira deitado com sua esposa,
64
Ninguém mais era que seu filho,
Que não havia nascido quando ele partira para o îrun!
Îrúnmìlà ficou pensando sobre a tragédia que teria ocorrido,
Caso ele não seguisse as orientações que lhe foram passadas pelos Anciões.
As comitivas dos falecidos Homens Ricos,
Eles levaram à casa de Îrúnmìlà tudo o que ele herdou de valor,
E dessa forma Îrúnmìlà pode viver uma vida próspera no àiyé.
Ele dançava e cantava:
65
Àlùkándí, o matador do îrun
66
E as pessoas fugiram, aterrorizadas.
Bem, essa situação ocorreu muitas outras vezes,
Até que os Anciões resolveram consultar Ìfá a respeito.
Ao ver Òtúrá Meji,
O awo disse que Àlùkándí estava fazendo mal uso do poder que lhe foi concedido;
Ele disse que tal comportamento não tinha a aprovação de Olódúmarè.
Para que aquilo cessasse,
Seria preciso oferecer um cabrito maduro como ëbö;
Seria preciso propiciar Èñù Îdàrà com um galo.
Rapidamente as pessoas ouviram, e fizeram a oferenda.
Então Èñù foi ao îrun,
Reportar a Olódúmarè o que estava ocorrendo no àiyé.
Ah! Assim que soube,
Olódúmarè revogou os poderes outorgados a Àlùkándí.
Quando Èñù voltou ao àiyé,
Ele disse, “Vocês que temem Àl÷kándì”;
Ele disse, “Não precisam temê-lo mais”.
Não demorou muito, e Àlùkándí fez uma nova aparição no mercado.
Ele disse, “Eu sou Àl÷kándì”!
Ele disse, “Aquele que eu quiser matar, assim o farei”!
Só que dessa vez, ninguém saiu correndo...
Quando Àlùkándí tentou matar as pessoas,
Viu que o poder que usava já não estava com ele.
Ah! As pessoas pegaram Àlùkándí,
Amarraram suas mãos e suas pernas,
E Èñù levou-o de volta ao îrun,
De onde Àlùkándí nunca mais recebeu a permissão de sair.
67
Os ûwî de Òtúrá Meji
68
Ele se perguntava, “Como duas filhas tão valiosas podem morrer assim”?
Ele chegou à conclusão que aquilo se devia à ação de seus inimigos,
Ou das Anciãs da Noite.
Bem, quanto a Esélú Mogbe;
Ele havia mudado de profissão várias vezes,
Mas jamais conseguira prosperar.
Ele estava convencido que era melhor que seus amigos em vários aspectos,
E sempre deixava isso claro a eles.
Mas acontece que muito de seus amigos eram prósperos,
E isso o deixava de tal forma amargurado,
Que ele afogava suas dores na bebida.
Quando ele tornou-se um alcoólatra,
Sua esposa e seus filhos o abandonaram.
Esélú Mogbe começou a mentir sobre sua situação,
A fim de esconder as dificuldades de sua vida;
Mas isso só lhe trouxe mais vergonha e repúdio.
Ele então concluiu que seu sofrimento se devia a inimigos,
E jurou vingança a eles.
Quando ele foi apanhado praticando o mal contra seus imaginários inimigos,
Levou a surra de sua vida!
Então um dia Öba Ìjàdó e Esélú Mogbe se conheceram,
E não demorou muito para perceberem aspectos em comum de suas vidas.
Ambos eram ridicularizados em suas comunidades;
Ambos foram da glória à lama;
Ambos eram mal sucedidos em seus negócios,
E essa situação os uniu pela dor.
Öba Ìjàdó revelou que Òtúrá Meji era seu Odù,
E Esélú Mogbe confirmou que o mesmo acontecia com ele.
Há! Ficou claro para ambos que aquilo não era coincidência.
Logo pela manhã,
Esélú Mogbe foi ao awo Ëyë nsunkún eji.
O babalawo lhe disse que sua situação não tinha nada a ver com inimigos,
Não tinha nada a ver com Àjý;
E que suas dificuldades eram oriundas da não observância de seus ûwî
Ah! Cheio de raiva,
Esélú Mogbe rapidamente saiu da casa do babalawo;
Pois ele estava convicto sobre a ação de terceiros em sua desdita.
Os dois amigos, então, decidiram por uma nova estratégia.
Eles voltariam a se consultar,
Dessa vez com dois babalawo diferentes, no mesmo dia;
E depois comparariam as informações recebidas.
69
Por serem filhos do mesmo Odù,
Acreditavam que as informações seriam idênticas,
Ou pelo menos parecidas.
Eles assim o fizeram.
Esélú Mogbe foi se consultar com “Îkan ðoðo ômô’k÷n ñ bï sìnö ok÷n ñ mï roro”;
E Öba Ìjàdó foi se consultar com “Òpñ gbé b÷ölø o d’erinmi”.
Bem, os dois awo disseram a mesma coisa;
Que os sofrimentos atuais de suas vidas eram auto-afligidos;
E que tudo se devia à inobservância dos tabus de Òtúrá Meji.
Os awo também os instruíram sob quais eram esses tabus,
E quais as consequências da inobservância dos mesmos,
Visto que quando ambos passaram por suas cerimônias eram muito jovens,
E os adultos presentes não os instruíram adequadamente ao longo da vida.
Os awo disseram;
1) Nenhum filho de Òtúrá Meji deve se envolver em situações financeiras comunitárias ou cooperativas, para evitar
ser enganado, logrado ou roubado;
2) Não se deve comer carne de esquilo, para evitar exposições aos inimigos ou conspiradores;
3) Não se deve gabar-se nem pavonear-se, para evitar ser derrubado pelos inimigos;
4) Não se deve beber em excesso, para evitar ações contra o próprio destino;
5) Não se deve envolver em discussões, para não carregar a aura e a espiritualidade com negatividades;
6) As filhas dos filhos de Òtúrá Meji não podem seguir o mesmo caminho profissional das mães, para que elas não
encurtem suas vidas ou sofram profunda e desnecessariamente;
7) Não se pode mudar de emprego ou profissão desnecessariamente, para evitar a ruína do próprio destino
financeiro;
8) Não se pode recorrer à vingança, para evitar que mais dores e sofrimentos recaiam sobre si mesmo;
9) Nunca se deve agir maldosamente, para não sermos tratado da mesma maneira por nossa comunidade;
10) Nunca se deve mentir, para evitar ser exposto e ridicularizado publicamente;
11) Não se deve jejuar. Filhos de Òtúrá Meji que jejuam jamais conseguirão alcançar suas metas na vida;
12) Não se deve ter inveja do sucesso alheio, ou isso atrairá o ódio de todos;
70
13) Não se deve dar muita ênfase à defesa dos próprios direitos, para evitar confrontos com as Anciãs da Noite;
14) Não se deve ser egoísta, para evitar a perda de tudo aquilo que se alcançou na vida;
15) Não se deve usar para nada o pássaro îpýûrû, para evitar perder grandes oportunidades na vida;
16) Não se deve usar nenhuma parte da árvore àràbà, para evitar ser desqualificado para uma posição de liderança
ou destaque.
71
Graças a Òtúrá a riqueza chega ao àiyé
72
Òtúrá pratica Ìfá entre os árabes
73
Quando Momodu retornou,
Òtúrá colocou-o a par do acontecido,
Então Momodu disse que jejuaria pelo mesmo período de sua mãe.
Foi assim que os filhos de Momodu começaram a jejuar até hoje.
74
A razão do sofrimento da raça negra
76
E começou a ser amigo deles.
Essas violações dos preceitos irritaram as divindades;
As mesmas a quem o povo de outrora prestara juramentos!
A loucura de Modakeke se espalhou,
Até que chegou o tempo em que ela se tornou norma,
Especialmente entre os conselheiros.
Então, como os anciões haviam dito, a terra saiu de seu eixo.
Coisas que eram anormais tornaram-se normais,
Os ara àiyé viam a glória de seus ancestrais desmoronarem;
Os fracos e anormais, os Incompletos, tomaram a tomar todo o poder.
Os ara àiyé correram aos Babalawo cheios de medo,
Perguntando se o Grande Se (O Criador) havia os desamparado.
Os awo do àiyé consultaram os oráculos ancestrais de vários povos,
E todos diziam a mesma coisa;
Que devido as desrespeitosas violações dos ëwî impostos pelos anciões;
Que por terem permitido que os Incompletos adentrassem ao seu meio;
Que por terem mentido às Divindades;
E vendido a cultura de seu povo,
Os ara àiyé perderam sua natureza divina,
Ou melhor, abriram mão dela.
Eles passaram a se vender como escravos aos Incompletos,
Que assim construíram uma pseudo-civilização, à custa dos ara àiyé.
Mas não foi só isso que aconteceu;
Eles começaram a vender suas tradições aos Incompletos.
Então os awo disseram;
Que coletivamente, como um povo,
Eles corriam o risco de suas Divindades partirem para sempre!
Os aráyé perguntaram, “O que podemos fazer para restaurar as coisas como eram antigamente”?
Perguntaram, “Qual o ëbö para isso”?
Os awo disseram, “Vocês devem interromper essa loucura”;
Disseram “Devem confessar vossa ignorância e pedir perdão às Divindades”;
Eles disseram, “Devem também parar de se associar aos Incompletos”
Disseram, “E o mais importante, devem confrontar e eliminar os traidores entre vocês”;
Disseram, “Assim que eles tentarem estabelecer o mal”!
Até o dia de hoje alguns vêm fazendo esse ëbö, outros não;
E o destino dos ara àiyé ainda é incerto.
77
“Traje de Tecido Fino” e seu caminho para a imortalidade
78
Ògùn sele derò
79
Por que os brancos são céticos
81
Homem jovem recebe àñë de Olófin
83
O pacto entre Òrìñà Oko e os Espíritos da Terra
84
Ökërë e sua boca grande
85
Egún pàribò traz doenças ao povo de Öbanìyèn
86
Por que a cabeça de Caranguejo é diferente
87
A morte da esposa de Òtúrá Meji
88
O porquê de caprinos não ficarem próximo a plantações
89
Òrìñà Ògìyàn cria os alicerces das civilizações
90
O Comerciante linguarudo
91
Olófin se agrada como o awo humilde
92
Um cavalo não emprenha
93
Ñàngó tira a instabilidade de um povo
Ìfá criado para um povo que não tinham eira nem beira;
Tratava-se de pessoas sem estabilidade nenhuma em suas vidas.
Iam para cima e para baixo;
Sem nenhum critério e comprometimento.
Ñàngó disse que as coisas não podiam continuar assim.
Se alguém quisesse subir,
Ñàngó dizia que não poderia mais descer.
Se alguém estivesse embaixo,
Ñàngó dizia que não poderia mais subir.
Assim aquele povo foi finalmente se estabelecendo,
Reconhecendo a importância que a estabilidade tem na vida.
94