Ogunda Meji
Ìtan
Essência
1) Em seus caminhos nascem as presas das serpentes; a logística; a queima de arquivo; os túneis cavados por ladrões;
a separação entre Estado e Religião; os enxertos vegetais; a consulta aos filhos através da mãe; o mau hálito e a
higiene bucal; as armas de ferro; as estratégias de guerra; a cirurgia e as ações agressivas como cortar, amputar,
dilacerar, castrar, etc.; as bebidas alcoólicas; a hipertensão; a peritonite; a ereção peniana; as DST; a lepra; as doenças
de cabeça e pescoço; a escravidão; a autópsia; o uso do îpûlû; a espionagem praticada pela mulher; o pulo do gato; o
conteúdo do lábà de Ñàngó; o tambor de Olókun; a coroa e o ìlûkû de Èñù; o toque de recolher; as flechas envenenadas;
a higiene bucal;
2) Kafere fun Ògún, Èñù, Îñîïsì, Olófin, Îrúnmìlà, Yemöja, Èrinlû, Ñàngó, Ömölu, Îsànyìn, Olókun.
3) Quando em ire, Ògúndá está associado ao progresso para a realização do destino, progresso, trabalho, oportunidades,
caminhos abertos, energia, justiça, ação. Ògúndá cria um bom caminho ou uma estrada aberta, tornando possíveis as
conquistas de nosso destino. Ògúndá é a elisão de “Ògún dá”, o Espírito do Ferro cria. Ògúndá exprime a idéia de
clareamento de um caminho ou abertura de uma estrada. Historicamente está associado ao processo de organização
de estruturas sociais e cidades.
4) Em ibi exprime destruição sem propósito, caos e desorganização, brigas, intrigas, tragédias violentas, ingratidão,
falta de reconhecimento, desorganização, atrasos, obstáculos, dificuldades em ver o caminho a seguir.
Comportamento
1) Ògúndá está associado genericamente ao progresso. Isso o coloca na vanguarda das pesquisas e conquistas
tecnológicas. Quanto a esse fato, Ìfá faz uma citação sobre os erros que a humanidade cometeria na busca pelo
aperfeiçoamento de suas ciências, e os conseqüentes perigos e prejuízos inerentes à situação. Ìfá deixa claro que sem
a devida sabedoria o avanço tecnológico poderá colocar o homem em sérios riscos, graças a nosso potencial de criar
“monstros” que não podem ser controlados. Em outra possibilidade interpretativa, Ìfá nos aconselha a não criarmos
“cobras para nos picar”. A falta de prudência em situações semelhantes às aqui expostas no forçará a buscar ajuda de
terceiros para conter o “monstro” que criamos.
2) Ògúndá é o Odù Ìfá que exprime com clareza o conceito de justiça e merecimento. Aqui há o mito de que Ògúndá
fez ëbö por um destino abençoado, e depois foi buscar essa bênção na casa de Olódúmarè. Lá chegando, escolheu o
melhor destino que encontrou, pois julgou-se merecedor do mesmo devido à grande oferenda que realizará. Eis aqui o
simples (mas não simplista) conceito de merecimento inerente a esse Odù.
3) Ìfá assegura aqui a resolução de nossos principais problemas. Ele diz que haverá prosperidade, crescimento contínuo
e harmonia familiar, desde que façamos ëbö e que nossas atitudes sejam caracterizadas por calma e suavidade. Apesar
de estar relacionado a atritos em geral, o caminho para uma vida agradável em Ògúndá está na capacidade de manter
um estado interno de paz, harmonia e alegria, ao mesmo tempo em que se faz esforços para que esse estado interno
caracterize nossa vida como um todo. Um aparente paradoxo desse Odù está no fato de mesmo estando relacionado à
Divindade da guerra, Ògúndá é aquele que pode levar paz a um campo de batalha.
4) Como será visto, Ògúndá Meji é um Odù de conquistas e prosperidade. Ìfá nos avisa que um de nossos grandes
desafios será a manutenção de um caráter digno e justo, mesmo quando as coisas melhorarem e estivermos usufruindo
de prosperidade e popularidade. Um apá òsi de Ògúndá é representado pelo rei que se torna um déspota. Quando em
ibi esse Odù fala sobre diversas formas de abuso de poder e prevaricações. Ìfá nos avisa que se nos permitirmos mudar
nosso comportamento para pior, perderemos nossa credibilidade e as pessoas jamais voltarão a nos olhar com os
mesmos olhos.
5) Nos caminhos desse Odù, é importantíssimo ter acesso a informações privilegiadas, pois as mesmas farão toda a
diferença a nosso favor em momentos de crise ou dificuldades. Aqui Ògúndá descobre o poder do ferro, durante uma
guerra em que só o cobre era usado; ele também aprende segredos de relação a Ìkú, o que lhe deu condições de salvar
os babalawo. Esses são apenas dois exemplos que evidenciam a importância em ter acesso a informações privilegiadas.
É importantíssimo salientar que além do ëbö, para ter acesso a essas mesmas informações (ou a pessoas que poderiam
dá-las), Ògúndá foi aconselhado a se comprometer com a compaixão e sincera preocupação com o bem estar alheio.
Ou seja, além das questões litúrgicas inerentes à realização de uma bênção, Ìfá nos orienta a cultivarmos um nobre e
compassivo comportamento, o que certamente despertará a atenção abençoada das Divindades protetoras.
6) Ògúndá Meji é um Odù de disputas. Aqui dois servos brigam para ocuparem uma vaga de destaque perante os olhos
de seu senhor. Ìfá avisa que situações perigosas podem nascer de tais disputas; perigosas e incontroláveis.
7) Ìfá nos avisa aqui que teremos um papel importante no bem estar alheio. Consideráveis responsabilidades pesarão
sob nossos ombros, e cumpri-las a contento pode ser a diferença de levar ou não felicidade a muitas pessoas. Ìfá
também avisa que o devido cumprimento dessa missão estará associado à preparação para realizá-la. Preparar-se para
assumir responsabilidades coletivas é uma das tônicas de Ògúndá Meji.
8) Alguns ìtan e oferendas de Ògúndá Meji sugerem certo poder de persuasão; uma força mental que gerará considerável
influência sobre as pessoas. Ìfá ensina que quando apoiados na sabedoria, essa característica de Ògúndá favorecerá o
cumprimento de nosso destino pessoal. Se a ignorância nos dominar, esse poder será usado por motivos egoístas,
caracterizando feitiços e manipulações.
9) Esse Odù fala sobre a preocupação com a segurança e o bem estar alheio. Ìfá afirma que pessoas dependerão de
nós, e nosso potencial para zelar por elas será testado. Um pormenor para essa questão é o fato de que atos de bondade
e compaixão nos favorecerão no futuro a zelar por aqueles que amamos.
10) Ìfá fala sobre uma pessoa corajosa e valiosa, que não hesita ao enfrentar inimigos ou dificuldades. Essa atitude
levará ao aparecimento de oportunidades especiais para conquistas e prosperidade, embora Ìfá também avise que
tentarão colher os frutos arduamente plantados por nossas mãos. Será prudente sempre manter alguma prova de
nossas ações, para frustrar os planos daqueles que tentarem nos deixar para trás.
11) Foi nos caminhos de Ògúndá Meji que Òrìñànlá mandou Ògún ao àiyé, para que ele sempre preparasse bons
caminhos para o desenvolvimento que aconteceria. Ìfá ensina que Ògún foi sentenciado a trabalhar constantemente,
embora nem sempre fosse receber o devido reconhecimento. Através desse mito Ìfá evidencia que o trabalho com
características comunitárias fará parte da vida da pessoa a quem Ògúndá Meji acompanha. Oferendas a Ògún facilitarão
os trabalhos em questão, além de trazer proteção contra doenças, dificuldades ou obstáculos que possam influir
negativamente nessa questão.
12) Ìfá avisa que ao longo de nossa vida nos depararemos com situações que gerarão dívidas ou sérios compromissos
financeiros. Ìfá diz que apesar de dificuldades não deveremos nos desesperar, pois com ëbö algo inesperado acontecerá,
favorecendo nossa prosperidade e a conseqüente quitação de nossas dívidas ou compromissos. Um pormenor para essa
situação é o conselho de Ìfá para que sejamos extremamente discretos quanto a origem de nossas riquezas. Ìfá dá a
entender que se as pessoas conhecerem a origem de nossos recursos, nos gerarão algum tipo de problema de difícil
solução.
13) Aqui alguém não se incomoda a seguir uma tradição, apesar da mesma parecer sem sentido. Mas quando essa
mesma tradição ameaça os interesses pessoais, rapidamente se encontram meio de burlá-la ou substituí-la por outra
mais razoável.
14) Como já foi visto, um dos aparentes paradoxos envolvendo esse Odù consiste em sua estreita relação com Ògún, a
Divindade iorubana da guerra, e ao mesmo tempo com sua mensagem de manutenção da paz e ausência de
agressividade. Essa situação aponta para outro aspecto de Ògún, o desbravador. Considerando que Ògúndá está
diretamente associado à geração de caminhos e oportunidades, parece muito mais lógico considerar que a presença
maciça do àñë de Ògún nesse Odù está relacionada aos aspectos benéficos dessa Divindade, e não de seu temperamento
agressivo e belicoso.
15) Uma das razões de Ìfá aconselhar a manutenção da paz quando esse Odù se manifesta se baseia no mito em que
Îsànyìn contesta a superioridade de Èñù, e por isso mesmo o desafia para uma luta. O resultado não foi nada benéfico
para a Divindade da medicina, pois a mesma saiu mutilada da contenda. Ou seja, devemos nos abster de altercações
desnecessárias, pois as chances de nos depararmos com um oponente mais poderoso e dotado de capacidade para nos
vencer são enormes. Favorecer guerras pode ser considerado um ëwî quando Ògúndá se manifesta.
16) Um dos clássicos ìtan de Ògúndá Meji explica por que Orí é a única Divindade que acompanha seu devoto a qualquer
momento e sob quaisquer circunstâncias. Na prática o mito evidencia que o homem tem em seu próprio bom senso
(aqui simbolizado por Orí) seu maior aliado para vencer as batalhas que caracterizam a existência no àiyé. Em outra
ocasião Ìfá nos ensina que “Orí transforma um homem em rei”. Ou seja, a pessoa para quem esse Odù aparece tem
em si mesma todo o potencial para as transformações positivas que a conduzirão à felicidade. Esforços conscientes no
sentido de desenvolver um Orí sóbrio, sábio e justo constituem o caminho aconselhado por Ìfá para se atingir as bênçãos
inerentes a esse Odù. As Divindades não poderão fazer por nós nada que nosso próprio Orí não favoreça.
17) Aqui três Divindades receberam de Olófin a missão de criar um povo. Duas Divindades falharam e apenas Îrúnmìlà
teve sucesso, graças ao seu bom senso em alimentar seu povo da maneira adequada. Ìfá nos ensina através desse ìtan
que poderemos receber grandes responsabilidades que envolvam a sorte alheia. Impor nossos pensamentos, tradições
ou condutas pode ser a maneira mais rápida de falhar; estar atento às reais necessidades de nosso comandados será o
caminho que nos conduzirá ao sucesso e posterior reconhecimento.
18) Ògúndá Meji é o Odù Ìfá que narra a utilização do îpûlû nas divinações. O mito diz que até então o mesmo era
desconhecido, e esse fato evidencia o aspecto de vanguarda que caracteriza Ògúndá. Através desse Odù somos
inspirados a encontrar novas e mais eficazes maneiras de realizar antigos ou complexos trabalhos ou atividades. Novas
descobertas, desenvolvimentos ou técnicas têm em Ògúndá Meji um caminho aberto para se manifestarem.
19) Em mais de uma ocasião Ìfá aborda assuntos referentes a liderança nos caminhos de Ògúndá Meji. Isso por si só já
faz desse Odù um bom presságio no que diz respeito à possibilidade de se atingir uma posição de destaque e influência
social. Mas além desse assunto, que também é tratado e abordado por outros Odù, Ìfá fala aqui sobre o
comprometimento de um líder ou governante com a manutenção da paz e justiça entre todos seus comandados. Além
dos óbvios benefícios de uma existência caracterizada pela paz, especificamente nesse Odù essa bênção é acompanhada
por significativas e abundantes oportunidades de desenvolvimento, crescimento e prosperidade. Ou seja, Ìfá assegura
a um líder e a seu povo uma vida materialmente favorável, se houver o comprometimento com a paz, gentileza,
suavidade e justiça.
20) Ògúndá Meji é o Odù Ìfá que explica o porquê das serpentes serem muito pacientes, a ponto de ficarem imóveis
por horas esperando por suas presas. Essa mesma paciência e autocontrole são recomendadas à pessoa para quem
esse Odù aparece, pois Ìfá diz que oportunidades de ganhos e sucessos passarão à nossa frente, mas só poderemos
aproveitá-las se tivermos a devida paciência para esperar pelas mesmas.
21) Aqui o poder militar recorre à magia para obter vitórias, o que caracteriza feitiçaria. Metaforicamente Ìfá nos fala
sobre alguém de prestígio e poder que pretende usar as artes ocultas para atingir fins não pacíficos ou abençoados.
Ògún agiu dessa maneira, por isso foi duramente repreendido por Olófin através de prisão. Analogicamente Ìfá revela
que aquele que procurar magia para fins egoístas, certamente será repreendido pelas forças positivas do Universo, essa
repreensão poderá representar consideráveis tormentos e sofrimentos. Numa outra abordagem interpretativa, essa
característica de Ògúndá Meji deve servir de alerta à autoridade que rejeita a ética e torna-se capaz de qualquer coisa
para expandir ou prolongar seu poder. A prisão muito provavelmente será a “recompensa” por tais atitudes.
22) Ògúndá Meji fala sobre o medo ou o desconforto em relação a solidão. Aqui o espaço aberto (Òde) faz ëbö para
acabar com sua solidão. Ìfá avisa que alguém que sofre desse infortúnio será capaz de atitudes inusitadas (ou até
mesmo antiéticas) para acabar com seu mal. A tentativa de acabar com a solidão de maneira artificial não garantirá
felicidade, ou ao menos garantias de que a solidão em questão não retornará eventualmente. Mas quando em ire, os
subterfúgios para terminar com a solidão podem até ser considerados válidos, desde que haja compreensão de todas
as questões envolvidas.
23) Ògúndá Meji fala sobre a preocupação excessiva dos pais em relação ã proteção dos filhos. Tal preocupação pode
ser tamanha, a ponto dos pais começaram a interferir na liberdade e nas escolhas de seus filhos. Ìfá adverte que esse
comportamento é inapropriado, pois não viver pode ser pior que morrer. Aqui os filhos se sentem aprisionados pela
vigilância desmedida dos pais ou guardiães.
Bênçãos e oportunidades
1) Ògúndá Meji é o Odù Ìfá que escolheu para si um destino de prosperidade e grandiosidade. Independentemente das
circunstâncias mitológicas que envolvem tal escolha, o fato é que Ògúndá Meji exprime a idéia de sucesso, abundância
e prosperidade.
2) É importante salientar a importância da coragem para se alcançar uma situação próspera. Ògúndá tomou para si um
destino dentro da casa de Olódúmarè, mesmo sem ninguém para o orientar; ele ousou ignorar um toque de recolher
para que pudesse criar Ìfá para um rei, que regiamente o recompensou. Em mais de uma ocasião o comportamento
audaz (mas baseado na consciência do que é correto) auxiliou Ògúndá a tornar-se um Odù próspero. Analogicamente,
o mesmo pode ser dito àqueles para quem esse Odù se manifesta.
3) Ògúndá Meji é o Odù Ìfá que retrata a vitória de um exército sobre o outro, devido ao melhor aparelhamento do
primeiro. Aqui Ìfá nos avisa que vencerá uma batalha aqueles que estiver mais bem preparado, ou que puder descobrir
novas armas, ainda desconhecidas por seus oponentes. Ter um ás na manga pode fazer toda a diferença em questões
que envolvam ganhos ou perdas.
5) Ìfá revela que Olókun tem um interesse pessoal pela pessoa para quem esse Odù aparece. Uma série de cuidados
ritualísticos está prevista, e uma vez realizados favorecerão consideravelmente a manifestação da prosperidade. Ainda
relacionado a esse assunto, Ìfá nos aconselha a não nos assustarmos facilmente com aparições inusitadas. Ele diz que
Olókun pode ser maneiras pouco convencionais de nos favorecer, por isso convém nos manter atentos e de espírito
aberto.
6) Ògúndá Meji narra como o îpûlû foi introduzido em Ìfá, vindo das distantes terras do leste (?!). Esse fato sugere
viagens, mudanças de ares e intercâmbios de idéias ou conceitos culturais. Ìfá nos fala aqui sobre a real possibilidade
de encontrarmos em terras distantes os meios ou conhecimentos necessários para tornar nossa vida menos difícil e
consequentemente mais próspera e feliz.
7) Ìfá narra aqui a história de Aganmurerè, um rei do Benin cujo reinado foi caracterizado pela paz e prosperidade. É
importante salientar que antes de se tornar rei, ele levou a Ìfá a preocupação em formar um reino pacífico. Ìfá ajudou-
o através de ëbö, e a conseqüência disso tudo foram as constantes oportunidades de negócios que se manifestaram,
pois os povos vizinhos vinham em Aganmurerè um monarca estável, justo e confiável. Analogicamente Ìfá aconselha
ao líder ou empreendedor que desenvolva um caráter semelhante ao personagem; que tenha sincera preocupação não
apenas em conquistar, mas também com a qualidade de vida daqueles que estarão sobre seu julgo; que dê à vida
pacífica e justa a devida importância, reconhecendo que sem paz não pode haver felicidade. A observância desses
conselhos atrairá ao homem sábio ótimas oportunidades de negócios, o que favorecerá sua prosperidade, a de seu povo
(empregados, comandados, etc.) e permitirá a passagem de um importante legado às futuras gerações.
8) É através de Ògúndá Meji que Ìfá nos revela a relação entre crianças e alegria. Ele nos ensina que as crianças
representam alegria na vida dos mais velhos, assim como esperança de continuidade e renovação. Uma pessoa de
idade, que vive em excessiva preocupação ou tristeza será imensamente beneficiada se puder conviver com crianças.
9) Ìfá nos revela que Ògúndá Meji fala sobre dívidas, mas felizmente aponta para os caminhos que nos ajudarão a nos
livrarmos desse infortúnio. Há sinais de que o trabalho duro está associado ao processo de organização financeira, mas
o inusitado se manifestará e nos favorecerá imensamente para sanar nossas dívidas. Ìfá também nos orienta a sermos
cautelosos e não fazermos comentários quando situações inesperadas se manifestarem, pois se não agirmos assim
poderemos perder ou não aproveitar positividades que aparecerão em nossos caminhos.
10) É nesse Odù que Ìfá nos ensina como Ògún adquiriu a virtude de ser imbatível na guerra. Ìfá nos avisa aqui que
nos depararemos com contratempos e dificuldades, mas através de ëbö e do comportamento sugerido para esse Odù
não haverá dificuldades que não possamos vencer.
11) Como será visto à frente, Ògúndá fala sobre a pessoa que não tem seu valor reconhecido. Mas isso acontecerá
quando esse Odù se manifestar em ibi, pois em ire ocorrerá exatamente o oposto, visto que foi nos caminhos desse
Odù que Èñù finalmente foi reconhecido como aquele que mais trabalha para o crescimento e bem estar do ser humano.
Ìfá nos aconselha a fazer as oferendas necessárias para que enfim nossos esforços sejam publicamente reconhecidos.
Infortúnios e negatividades
1) Por ser um Odù que “traz” a força de Ògún ao àiyé, é natural que Ògúndá esteja relacionado a guerras. Mas Ìfá deixa
claro que também foi esse Odù que acabou com a guerra entre duas cidades, assim que deixou claro aos soldados que
não havia nenhum motivo razoável para a peleja. Analisado dessa forma, Ògúndá representa não apenas a possibilidade
de conflitos, mas uma grande chance de acabar com o conflito em questão, de forma a promover paz e entendimento
entre os envolvidos. Em outra oportunidade, Ògún acaba com a disputa entre dois pescadores por um peixe, partindo-
o ao meio. A força (aqui representada por Ògún) às vezes pode ser tornar um mal necessário, mas a finalidade do
mesmo jamais deve ser ferir, e sim promover a concórdia. Ao longo de toda a obra de Ògúndá Meji fica clara a noção
de paz, gentileza, suavidade e harmonia. Apenas sobre tal comportamento as bênçãos desse Odù poderão se manifestar.
2) Como será visto mais à frente, Ògúndá Meji é um Odù de múltiplos relacionamentos, que não raro redundarão em
infidelidade. Aqui há o grande risco de nos envolvermos com pessoas já comprometidas, o que representará perigo
imediato para nossa integridade física. Ìfá nos aconselha a fazer as oferendas necessárias para que não nos envolvemos
em tais relacionamentos, e para que possamos resistir às tentações que poderiam nos conduzir a consideráveis perigos.
3) Situações complicadas e perigosas estarão presentes quando Ògúndá Meji se manifestar em ibi. Ìfá nos fala sobre a
possibilidade de nos envolvermos com pessoas perigosas, que por vários motivos podem desejar nossa cabeça. Ìfá
também nos aconselha a fazermos ëbö nessas situações, para que possamos receber o auxílio de um amigo ou pessoa
influente que nos ajudará a sairmos ilesos de tais complicações.
4) Ògúndá Meji é um Odù que restaura a ordem e promove a paz. Aqui alguém pode ser prejudicado ou perseguido
devido suas boas ações. O poder estabelecido (e corrompido) usará diversos meios para manter seu domínio, mesmo
que seja perseguindo aqueles que, apesar das dificuldades do mundo, tentam ajudar ou alentar os sofredores. Através
de Ògúndá Meji, Ìfá garante proteção àqueles que se exporem a perigos para proteger inocentes.
5) Alguns aspectos dos ìtan desse Odù infelizmente sugerem a séria possibilidade de Ûwîn (a Prisão) se manifestar. Em
virtude desse aspecto negativo de Ògúndá, é óbvio que devemos nos inspirar nos sublimes e elevados ensinamentos
de Ìfá para desenvolvermos um caráter que por si só nos livre desse mal. Mas aqui Ûwîn pode se manifestar através
de injustiças ou perseguições, e mesmo um caráter digno pode não ser suficiente para impedir tal infortúnio. Essa é a
razão de Ìfá nos aconselhar a realização de periódicas oferendas às Divindades portadoras de ire Òmnida (bênção de
liberdade), pois tais oferendas, quando associadas a ìwa pûlû (comportamento nobre), certamente nos protegerão da
ação de Ûwîn.
6) Em Ògúndá Meji ocorre a situação em que pessoas tentam se aproveitar do esforço alheio para se beneficiarem. Ìfá
nos aconselha a documentarmos nossos feitos ou descobertas, pois oportunistas tentarão usurpar os frutos de nosso
trabalho.
7) Esse é o Odù Ìfá que narra as disputas entre Òñàlá e Òdùdúwà. Ìfá nos fala aqui sobre uma guerra ou uma disputa
entre dois poderosos. Ele diz que essa disputa só terminará quando as duas partes envolvidas reconhecerem o poder e
o valor dos seus adversários. Isso gerará respeito, e todos os envolvidos perceberão que a manutenção de um espírito
belicoso só atrairá maiores negatividades. Mas até que esse sábio pensamento se imponha, Ìfá nos fala sobre traições
ou estratagemas de ambas as partes. É preciso fazer ëbö para terminar uma guerra, e também para não sermos
vitimados pelas traições ou armadilhas de nossos inimigos.
8) Ìfá nos aconselha aqui a desenvolvermos um caráter sereno. Esse Odù explica que as serpentes foram os últimos
animais a receberem “ferramentas” para caçar e sobreviver, pois Olófin temia dar um poder demasiado a elas devido
sua tendência em agir agressivamente. Analogicamente Ìfá nos avisa que poderemos ser preteridos em situações
benéficas se as pessoas nos virem como agressivas ou ameaçadoras. A manutenção de um comportamento gentil e
sereno atrairá consideráveis oportunidades de vitória perante as dificuldades que caracterizam a vida no àiyé.
9) Através de Ògúndá Meji recebemos de Ìfá a informação que o Coelho era ajudante de Olófin, e essa posição lhe
protegia dos ataques de predadores. Mas Coelho perdeu esse privilégio quando abusou de sua influência e prevaricou.
Similarmente Ìfá adverte àquele que goza de uma situação hierárquica confortável que justifique tal bênção com um
comportamento digno e amável. O abuso de uma posição de destaque retirará o auxílio e a proteção das Divindades,
nos expondo aos inúmeros perigos que esse mundo oferece.
10) Ìfá adverte à possibilidade de por várias razões não podermos desfrutar os resultados de nossos esforços. Quando
em ibi, Ògúndá nos fala que trabalharemos e nos esforçaremos, mas circunstâncias alheias a nossa vontade poderão
frustrar nossas expectativas de sucesso ou reconhecimento. Para que nossos trabalhos sejam efetivos, para que
possamos colher o que plantamos, Ìfá nos aconselha oferendas a Ògún e Îrúnmìlà.
11) Como já foi visto, nesse Odù os poderosos infelizmente podem prevaricar. Um dos estímulos a esse comportamento
nasce da inveja de um governante a um poder paralelo, popular e crescente. Para não ter seu prestígio maculado, um
governante pode encontrar meios torpes de diminuir ou liquidar a popularidade de um concorrente, mesmo que essa
concorrência só exista de fato em sua mente egoísta. Para evitar ser vítima de tramóias, Ìfá aconselha àqueles que
possui influência, mas não é o líder de fato, que decline-se de presentes ou elogios, pois atrás de uma atitude “amigável”
estará na verdade o desejo do governante de destruir ou humilhar seu opositor em ascensão. Foi em uma situação
semelhante a essa que ocorreu a separação entre Estado e Religião.
12) Ìfá nos aconselha aqui a sermos muito cautelosos em demonstrarmos compaixão, pois infelizmente poderemos
fazê-lo por quem não o merece. Aqui um caçador poupou a vida de um animal por compaixão, mesmo Ìfá tendo
aconselhado a não fazê-lo, e no futuro esse mesmo animal quase foi a causa de sua total perdição. Analogicamente Ìfá
nos orienta a sermos duros quando realmente isso for preciso, e o temos no próprio Ìfá uma orientação segura para
saber quando de fato precisaremos agir dessa maneira. Por outro lado, quando demonstramos compaixão pelas pessoas
corretas, essas nos auxiliarão consideravelmente em nosso futuro, mesmo que a princípio não possamos entender como
de fato isso ocorrerá.
13) Quando em ibi, Ògúndá nos fala sobre a possibilidade de não conseguirmos desfrutar dos resultados de nossos
esforços. Aqui o leopardo abatia suas presas, mas não conseguia devorá-las por vários motivos. Ìfá nos aconselha a
fazer as oferendas necessárias, para que a frustração em não colher os frutos de nosso trabalho não nos acompanhe.
14) A ingratidão poderá nos acompanhar quando Ògúndá se manifestar em ibi. Ìfá conta aqui a história de Îñîïsì, que
após salvar o povo de uma cidade de algumas feras acabou sendo expulso pelas pessoas dali. O argumento para tal
comportamento foi o temor das pessoas deu que se alguém poderia abater feras tão perigosas, o que aconteceria se
um dia essa pessoa se rebelasse? Ìfá diz que a demonstração de poder sem a devida sabedoria nos causará tribulações.
A falta de sabedoria aqui é representada pela recusa de Îñîïsì em fazer a oferenda que lhe livraria das ingratidões.
Infelizmente há a possibilidade de sermos dispensados pelas pessoas que ajudamos, quando nosso auxílio já não se
mostrar necessário.
15) Ògúndá Meji narra a história de um povo que vivia em sofrimento e agonia. Ìfá avisa que esses infortúnios podem
se abater sobre toda uma comunidade, e que oferendas muito bem elaboradas devem ser realizadas para ajudar todo
um povo a conseguir dias melhores.
16) Como já foi visto, Ògúndá Meji fala sobre os pais que sufocam os filhos devido a preocupações exageradas de
segurança. Mas é preciso considerar aqui outra possibilidade interpretativa, o cárcere privado. Aqui Òñàlá temia pela
segurança de Ògún, e para “evitar” problemas o deixava trancafiado em casa. O awo deverá saber que se Ìfá confirmar
a possibilidade de cárcere privado, o mesmo pode estar acontecendo não apenas numa relação entre pais e filhos.
Ampliando ainda mais as possibilidades interpretativas, esse Odù também aborda situações que sugerem Ûwîn (prisão)
num sentido mais amplo ou até mesmo literal.
17) Há um aspecto macabro de Ògúndá Meji que precisa ser salientado: sua relação com pactos funestos. Aqui Àbita
(personificação dos males e da maldade humana) faz um pacto com uma serpente. O detalhe a ser considerado é que
a serpente conseguiu seu objetivo, mas depois não honrou o pacto. O resultado disso foi uma maldição que faz das
serpentes seres odiosos aos olhos de quase todos os animais. Como explica o ìtan desse Odù, uma pessoa pode nascer
amaldiçoada devido aos erros cometidos por seus pais. Além das características lúgubres da situação, também seria
prudente considerar a mesma quebra de pactos acontecendo em diversos aspectos da existência humana.
18) É em Ògúndá Meji que nasce o “pulo do gato”. Ìfá avisa a um mestre, um professor ou orientador que seja
parcimonioso ao transmitir seus conhecimentos a um pupilo, pois chegará o dia em que esse aprendiz se rebelará e
mostrará sua verdadeira face, que é feita de ingratidão e agressividade. O mestre deve reter para si o mínimo de
conhecimento que lhe permitirá escapar da traição de um pupilo, que infelizmente se manifestará cedo ou tarde quando
esse Odù se manifestar em ibi.
19) Ògúndá Meji é Odù de delação. Aqui o Galo delatou Ògún e Èñù, e por isso teve privilégios na casa de Olófin. Ìfá
nos aconselha a sermos cumpridores de nossos deveres, pois se assim não for nos exporemos a ação de delatores, que
usarão nosso mal comportamento como uma oportunidade de melhorar sua imagem perante um superior imediato. Mas
outro aspecto da delação deve ser considerado aqui; a vingança do delatado. Por isso Ìfá avisa a um delator que pense
duas vezes antes de fazê-lo, pois cedo ou tarde o delatado se vingará e as conseqüências tirarão a paz da vida de quem
usou o defeito alheio para se promover.
20) Os Ajogún podem se manifestar juntamente com esse Odù quando o mesmo vier em ibi. Nessas ocasiões Ìfá nos
aconselha a propiciarmos Îrúnmìlà, cujo àñë e sabedoria nos auxiliará a vencer os perigos inerentes a essa complicada
situação.
21) Ìfá ensina aqui que se caso não for possível impedir uma peleja, vencerá aquele que possuir as melhores armas.
Ìfá diz que sob sua orientação nós seremos os vencedores, mas os benefícios da conquista poderão nos corromper. Ìfá
ensina que se permitirmos nos corromper pelas facilidades que nascem de nossas conquistas, não demorará para que
percamos o respeito adquirido a duras penas.
22) Ìfá avisa que nos depararemos com adversários poderosos. Lutar contra os mesmos será derrota certa, até por que
tal luta será desprovida de bom senso, além de ser desnecessária. Ìfá afirma que se insistirmos em levar adiante uma
disputa fadada a derrota, sairemos seriamente machucados da situação. O aspecto físico dessa questão também deve
ser considerado.
23) Ògúndá Meji é um Odù que fala sobre disputas de prestígio. Pessoas poderosas ou influentes se confrontam numa
disputa de popularidade e reconhecimento. Os adversários poderão se transformar em inimigos, e oferendas serão
necessárias para nos protegermos de suas ações. Ìfá avisa que apenas os verdadeiros valores receberão a devida
atenção, especialmente das gerações vindouras.
24) É através de Ògúndá que Ìfá nos fala sobre as intrigas que geraram a separação entre o poder temporal e o religioso.
O poder estabelecido teme a genialidade ou popularidade de uma personalidade emergente. Ìfá nos adverte a sermos
cuidadosos em situações referentes a liderança, disputas de poder ou títulos sociais, pois tentarão nos prejudicar ou
humilhar, na tentativa de diminuir nosso poder ou prestígio. Quando a esse pormenor, Ìfá nos aconselha a declinar de
falsos presentes ou benefícios, que ao invés de nos ajudarem ou enaltecerem, na verdade só nos colocarão em situações
complicadas ou vexatórias.
25) Ògúndá Meji é um Odù de ibáwìjó. Ìfá avisa que uma testemunha pode ser silenciada para não depor. Ìfá também
nos diz que poderemos ser levados ao tribunal por não seguirmos exatamente suas orientações. Quando a esse
pormenor, ele ensina que devemos agir com compaixão na maioria das vezes, mas haverá situações em que teremos
que optar pela justiça, para que não corramos o risco de sermos demasiadamente bons com aqueles que nos
prejudicarão no futuro.
26) Ògúndá é o Odù onde o potencial ou talento de uma pessoa pode ser excepcional, mas a longo prazo isso poderá
gerar problemas, pois as pessoas temerão tais talentos a ponto de em sua ignorância banirem ou desejarem o banimento
do talentoso. Por essa razão Ìfá aconselha humildade, discrição e oferendas a Èñù e Îñîïsì, para que nosso valor receba
o devido reconhecimento.
27) Nesse Odù nasce o pulo do gato. Ìfá nos orienta a sermos cuidadosos em relação àqueles a quem ensinamos alguma
coisa ou revelamos algum segredo, pois são grandes as chances de nossos ensinamentos serem usados contra nós
mesmos. Graças a tal fato Ìfá nos aconselha a sermos prudentes antes de considerar alguém como nosso amigo.
28) Ìfá fala aqui sobre problemas inerentes a sociedades ou divisão de bens. Ìfá diz que as partes envolvidas continuarão
a brigar por não perceberem que a partilha justa é a única forma de lidar com o problema. Se não houver consenso,
uma força superior imporá a justiça, independentemente do que cada parte considere ser justo ou não.
Relacionamentos
1) Ògúndá Meji é um Odù que fala sobre vida sentimental agitada. Múltiplos relacionamentos e a possibilidade de
infidelidade devem ser considerados. Ìfá avisa a um homem que o mesmo poderá se envolver sentimentalmente com
uma mulher já comprometida, e que a parte traída da situação poderá representar um grande risco. Aqui Ìfá nos
aconselha a fazermos ëbö para que não venhamos a nos meter em relacionamentos que poderão nos colocar em perigo.
2) Ìfá fala sobre uma vida sentimental agitada, onde possivelmente ocorrerá mais de um casamento. Ìfá fala sobre a
tendência de encontrar defeitos na personalidade do cônjuge, e que esse hábito deteriorará qualquer relacionamento.
Ìfá diz haverá mais chances de sucesso se a mulher se casar com um sacerdote (alguém sério, justo e sábio também
se encaixa ao perfil), e se o homem se casar com alguém que o acompanhe, religiosa ou ideologicamente falando.
3) Ògúndá Meji fala sobre a pessoa bonita, que acredita ser sua aparência física o predicado mais importante para sua
felicidade sentimental. Ìfá revela que isso é um equívoco, e que se detalhes do comportamento pessoal não forem
mudados, a felicidade tão esperada simplesmente não se manifestará. É por isso que a manifestação desse Odù sugere
múltiplos casamentos, até que finalmente encontremos alguém que de fato se encaixe a nosso perfil.
4) Ìfá fala sobre o constante descontentamento de uma mulher, que não encontra num relacionamento o que acredita
ser necessário para sua felicidade. Essa situação pode favorecer o adultério, ou simplesmente o passar de um
relacionamento a outro, até que finalmente seja possível encontrar um que gere contentamento e desejo de se aquietar.
Ògúndá Meji também nos fala sobre um relacionamento que pode terminar devido a falta de consenso entre o casal no
que diz respeito à quantidade de filhos que ambos desejam. Quanto ao homem, Ìfá o orienta a fazer oferendas para
que sua esposa não deseje deixá-lo
5) Ìfá avisa que devido a uma considerável carência sentimental, podemos nos valer de subterfúgios para conseguir um
relacionamento ou uma amizade. O mesmo vale para impedir que um relacionamento já existente não acabe por algum
motivo. Ìfá deixa claro que essa atitude não nos favorecerá, pois um relacionamento que nasce sob bases frágeis
simplesmente não se sustenta perante a vida. Ìfá nos aconselha oferendas a Ògún e Îñîïsì para que não precisemos
de tais subterfúgios para ser felizes, e também para que não caiamos nas armadilhas afetivas que alguém possa nos
fazer. Outra possibilidade interpretativa faz de Ògúndá Meji um Odù propenso para a manifestação de “amarrações”.
6) Há mais de um ìtan de Ògúndá que fala sobre subterfúgios ou estratagemas para evitar a solidão. O ponto que
merece atenção é o fato de que mesmo quando os personagens têm êxito em suas tentativas, os resultados das mesmas
são temporários. Esse fato sugere a possibilidade de para não ficarmos com nada, nos contentamos com pouco. Em ire
essa situação sugere a capacidade de ver aspectos positivos num quadro de negatividades; em ibi é possível que Ìfá
esteja nos orientando à nossa tendência em nos subestimar, a ponto de aceitar viver relacionamentos em que apenas
um dos lados esteja feliz ou comprometido.
Saúde
1) A vitalidade e força física é algo presente nesse Odù. Quando em ibi, pode denotar problemas relacionados à libido.
Em seus caminhos se faz oferenda para que uma pessoa recupere sua atividade sexual.
2) Ògúndá fala sobre saúde, mas também sobre a negligência em relação à mesma. As doenças que por ventura
ocorrerem estarão relacionadas à falta de sabedoria e cuidados pessoais. Ìfá avisa que atitudes bondosas e
desinteressadas criarão méritos espirituais para que uma doença não nos mate, mas a falta de sabedoria não impedirá
que Àrun se manifeste, havendo inclusive a possibilidade de nos deixar permanentemente incapacitados.
3) Ìfá aponta para a possibilidade de problemas gestacionais ou de infertilidade. Ele afirma que tais problemas são
solucionáveis, mas devemos ser cuidadosos em relação aos meios que procuraremos para resolver tais situações, para
que não aconteça de ao resolver um problema, criemos outro ainda maior.
4) Ògúndá é o Odù Ìfá que fala sobre mutilações de guerra. Além da situação óbvia, seria prudente considerar outras
atividades ou doenças que possam favorecer mutilações, principalmente se considerarmos a relação de Ògúndá Meji
com as cirurgias.
5) Ògúndá Meji fala sobre afecções bucais. Ìfá nos aconselha a zelarmos pela saúde e higiene bucal, para evitar os
contratempos médicos e sociais que tais males envolvem.
6) Esse Odù explica que no princípio as serpentes de água tinham dificuldades para segurar gravidez. Analogicamente
Ìfá nos avisa sobre problemas semelhantes que podem acontecer com uma mulher. A circunstância narrada por Ìfá
aponta para a possibilidade de diversas afecções ou inflamações serem a causa desse mal. Através do tratamento devido
a situação poderá ser contornada.
Ìfá diz,
2) Îsànyìn receberá oferendas para nos proteger de inimigos poderosos, que por vários motivos desejarão nossas
cabeças.
3) Öya receberá oferendas para nos ajudar a lidar com as conseqüências de nossa ousadia ou curiosidade, antes que
essas mesmas conseqüências nos destruam ou prejudiquem outras pessoas.
4) Ìfá nos aconselha a fazermos as oferendas necessárias para que possamos encontrar um bom casamento, pois aqui
a tendência é alguém pular de um relacionamento a outro, passando por várias frustrações por não encontrar alguém
que se encaixe em seu perfil
5) Oferendas serão feitas com flechas envenenadas para nos ajudar a vencer um grande desafio, pois a vitória em
questão representará sucesso, glórias e conquistas.
6) Orí receberá constantes oferendas para que jamais sejamos abandonados por Orí ìnú.
7) Aqui se prepara o tambor de Olókun, que na verdade é um pilão especialmente consagrado; e também o öpá que
será usado para tocá-lo, chamado öpárî. A finalidade desse ritual é atrair bênçãos, especialmente a prosperidade.
8) Um poderoso amuleto de proteção deve ser preparado nos caminhos de Òdùdúwà. Isso será feito para frustrar os
planos de nossos inimigos em nos destruir.
9) Îrúnmìlà e Èñù receberão oferendas para nos proteger das armadilhas impostas por poderosos ou governantes, cujo
real objetivo seja nos humilhar ou destruir.
10) Oferendas a Ìbejì trarão alegria e esperança à vida de uma pessoa já madura ou idosa, cuja vida é caracterizada
por preocupações ou tristezas.
11) Îrúnmìlà e Ògún receberão oferendas para nos ajudar a colhermos os frutos de nosso trabalho; para que a
frustração profissional ou pessoal não se torne uma característica de nossa vida.
12) Ìfá aconselha ao homem que pretende se casar que faça as oferendas necessárias, para que sua esposa não deseje
abandoná-lo depois de um tempo.
13) Ñàngó receberá oferendas para nos ajudar a reorganizarmos nossa vida financeira e nos livrarmos de dívidas que
nos incomodam sobremaneira.
14) Îñîïsì receberá oferendas para nos proteger da ingratidão, pois aqui as pessoas são dispensadas ou expulsas depois
de praticarem o bem.
15) Ògún receberá oferendas para livrar alguém do subjugo mental imposto por um feiticeiro, e também para cortar os
laços que criam uma amarração.
16) São realizados rituais com pimentas para ajudar alguém a se livrar da solidão.
18) Ògún e Olófin receberão oferendas para ajudar alguém a se livrar da prisão ou do cárcere privado.
19) Èñù e Ògún receberão oferendas para punir um delator que ascendeu a uma determinada posição ao expor ao
público os defeitos de outra pessoa.
20) Èñù, Ògún e Òñàlá receberão oferendas para nos ajudar a termos nosso valor reconhecido e nossos esforços
recompensados.
21) Îrúnmìlà receberá oferendas para nos ajudar nos proteger da perigosa ação dos Ajogún.
22) Para atenuar ou acabar com a força de uma maldição, Ìfá nos ensina a preparamos ògùn com folhas de brejo, mas
usando água de rio. Sobre esse ògùn se faz oferendas a Öya.
23) Palitos de talo de dendezeiro devem ser consagrados nos caminhos de Ògún e Òñàlá, e depois serão mascados pela
pessoa que busca ire ìlera.
24) Um Òñàlá receberá oferenda de frutas para auxiliar uma pessoa que está sendo incomodada por vulto ou outros
fenômenos estranhos.
25) Ömölu e Yewà receberão oferendas para auxiliar alguém que esteja sofrendo com doenças contagiosas. Ìfá
determinará a necessidade ou não de dar assento a essas Divindades.
26) Olófin receberá oferendas para nos abençoar com os meios ou ferramentas necessários para o devido cumprimento
de nossas atividades, trabalhos, missão, etc.
27) Îrúnmìlà receberá oferendas para que nossa honra ou imagem não seja maculada por intrigas ou maldades
28) Èñù receberá oferendas para que não recebamos acusações num tribunal.
29) Ògún e Îñîïsì receberão oferendas para que não desejemos tecer armadilhas sentimentais, nem caiamos nas
armadilhas alheias.
30) Yemöja e Olófin receberão oferendas para que ajudar a proteger nossos filhos do mundo.
32) Aqui é preparado ìgûgún (magia para incorporação) para Ñàngó. O àgbo será usado para lavar as pedras de raio e
o corpo da pessoa a ser possuída. As folhas usadas são:
a) ewé màrìwò;
b) ewé pèrègún;
c) ewé îsàn (laranjeira);
d) èso òro (fruto de IRVINGIA GABONENSIS, Ixonanthaceae);
e) ewé ayùnrý (ALBIZIA, Leguminosae Mimosoideae);
f) ewé arýhìnkosùn (SCADOXUS CINNABARINUS, Amaryllidaceae;
g) ewé igbá (LAGENARIA SICERARIA, Cucurbitáceas);
h) ewé wérénjéjé (ABRUS PRECATORIUS, Leguminosae Papilionoideae - olho-de-cabra);
i) ewé làbëlàbë (SCLERIA NAUMANNIANA, Cyperaceae);
j) ewé tûtûrûgún (COSTUS AFER, Costaceae - cana-de-macaco).
32) Em Ògúndá Meji é feito um preparo que se chama apakán, cuja finalidade é tratar infestação de cupins. Usa-se èso
apìkán (fruto de Datura metel, Solanaceae - trombeta-roxa), òrombó jàganyín (Citrus aurantium, Rutaceae - laranja),
irun îyà (pelos de preá). A trombeta-roxa deve ser queimada junto aos pelos de preá. A esse preparo se colocará iyëfá.
O suco de laranja será acrescentado ao final, e esse preparo será borrifado nos locais onde há cupins.
33) Aqui também se prepara uma magia chamada asögbà (encantamento para que ouçam nossas opiniões). Usa-se
ewé arádò (DANIELLIA OOEA, Leguminosae Caesalpinioideae), folha de olho-de-cabra, folha de vassourinha. As folhas
serão piladas ao som do encantamento. Dendê será acrescido ao preparo, que depois deve ser Lambido. Eis o
encantamento:
34) Outra magia para que ouçam nossas opiniões ou para que possamos persuadir pessoas é feita com o àñë de ewé
akòko (NEWBOULDIA LAEVIS, Bignoniaceae), ewé irú (PARKIA BIGLOBOSA, Leguminosae Mimosoideae), ewé ata
(ZANTHOXYLUM SENEGALENSE, Rutaceae), uma cabaça quebrada e sal. Os ingredientes devem ser moídos e acrescidos
a iyëfá. Tudo deve ser colocado num saco branco, que deve ser aberto pela manhã e a noite.
35) Nesse Odù também se faz trabalhos para enlouquecer alguém. Usa-se ewé apìkán (DATURA METEL, Solanaceae -
trompeta-roxa), uma fava de atàre, fruto de àìdan (TETRAPLEURA TETRAPTERA, Leguminosae Mimosoideae), àlùbïsà
(cebolinha-branca), ilé agbïn (ninho de vespa), imí ëlýdû (excremento de porco). Tudo deve ser pilado ao som do
encantamento e depois acrescido de iyëfá.
Apìkán abiìñe mö níwín wìrì-wìrì Apìkán, faz a loucura pegar uma criança na hora
Àìdan l ó ní wèrè tí n ó dán wò lára lámörín k ó mú um Àìdan diz que a loucura que eu testo pegará fulano
Torótoró l agbïn rìn A vespa anda por aí com seu veneno
Pûlú ìñòro ni kí lámörín ó máa rìn ká o Fulano deve andar por aí, em sofrimento
Ëlýdû kö imí ajá O porco rejeita o excremento do cachorro
Kí lámörín ó kö gbogbo àwön ènìyàn rû Que fulano rejeite todo o seu povo
Àlùbïsà lö rèé ña wèrè bá lámörín Àlùbïsà, apanhe a loucura e leve até fulano
36) Aqui se prepara uma magia para virilidade chamada aremö. Usa-se ewé ëký ilû (MELIA AZEDERACH, Meliácea -
amargoseira), ewé îsúnsún (CARPOLOBIA LUTEA, Polygalaceae), ewé àrínigo (MICRODESMIS PUBERULA, Pandácea),
ewé aka (LECANIODISCUS CUPANIOIDES, Sapindaceae), uma cobra, uma tartaruga. Os ingredientes devem ser
queimados e depois o Odù será riscado na preparação, enquanto se faz o encantamento. Depois tudo será lambido com
mel.
37) Aqui se faz um preparo para tratar leucorréia. Usa-se ewé alàgbà (RAUVOLFIA CAFFRA, Apocynaceae), raiz de awújë
(DESPLATSIA DEWEVREI, Tiliácea), raiz de kasan (SMILAX KRAUSSIANA, Smilacaceae), kán ún bílálà (potássio
concentrado -?-). Tudo será pilado enquanto se entoa o encantamento. O preparo será tomado com àkàsà todos os
dias.
Alàgbà bá mi gbé àrùn yìí lö Alàgbà, ajude-me a levar essa doença embora
Awújë bá mi gbé àrùn yìí lö Awújë, ajude-me a levar essa doença embora
Kasan ó ní kí àrùn ó sàn Kasan diz que a doença vai acabar
Kán ún bílálà bá mi ká àrùn lö. Kán ún bílálà, ajude-me a amarrar essa doença e levá-la embora
Ògúndá vem ao àiyé e adquire um destino de grande prosperidade
“Ekun, é a saudação para o povo de Îyï; Òkí é a saudação para o povo de Ìjèñà”;
“A má ação cometida hoje não trará benefício nenhum amanhã”;
Esses foram os awo que criaram Ìfá para Ògúndá Meji, no dia que ele vivia em Îyï.
Sim, Îyï estava em guerra com Ìjèñà. Em função disso a cidade estava sob toque de recolher.
Quando Ìjèñà estava vencendo, o Àlàfìn precisou de um awo, mas ninguém quis romper o toque de recolher.
Èñù disse a Ògúndá Meji que ele deveria consultar para o rei. Ògúndá Meji fez várias oferendas,
Que entre outras coisas ia uma cabra. Èñù disse que com a pele da cabra ele deveria confeccionar um atabaque;
Èñù disse que assim ele conseguiria chegar ao palácio sem ser morto pelos guardas.
Ògúndá Meji fez como Èñù orientou. Durante o trajeto ele cantava;
“Ekun, é a saudação para o povo de Îyï; Òkí é a saudação para o povo de Ìjèñà”;
“A má ação cometida hoje não trará benefício nenhum amanhã”;
Os soldados de Ìjèñà ouviram a canção; os soldados de Îyï ouviram a canção;
Eles não quiseram mais brigar. Quando Ògúndá chegou ao palácio, Àlàfìn disse que ele trouxera a paz.
Ògúndá Meji foi escolhido como awo real. Ele dançava e regozijava.
Ìfá foi criado para Ògúndá Meji, no dia que ele era rei e estava no meio de uma grande guerra.
Ele estava perdendo terreno para o inimigo, e Ìfá aconselhou-o fazer ëbö para inverter a situação.
Ògúndá ouviu e fez o ëbö. Então naquela noite ele sonhou com Òñàlá,
Que lhe aconselhou falar com Ògún para resolver seu problema.
No sonho Òñàlá também lhe disse que ele seria vitorioso,
Mas não deveria permitir que isso o transformasse num déspota.
Assim que acordou Ògúndá mandou mensageiros atrás de Ògún. Quando recebeu o recado Ògún disse,
“É simples. Basta fazer armas com ferro, e não com cobre”. Sim, naquela época os homens usavam armas de cobre.
Ògún ensinou metalurgia aos mensageiros, e quando eles regressaram começaram a confeccionar armas de ferro.
Quando as usaram contras às dos inimigos, cortavam-nas em duas.
Rapidamente o exército de Ògúndá subjugou os invasores.
Depois disso ele se tornou um rei popular, até que se engraçou com a esposa de um de seus generais.
Na primeira divergência com esse general, Ògúndá mandou-o para a linha de frente, e dali ele nunca mais retornou.
Ògúndá ficou com caminho livre para cortejar a viúva, mas nunca mais foi respeitado como rei.
Ìfá foi criado para Eji Oko, no dia que ele foi avisado para não se meter com uma bela mulher que encontraria,
Pois ela seria casada com uma pessoa poderosa e perigosa. Ele foi instruído a oferecer um cabrito por essa divinação,
Mas como não desejava se relacionar com a mulher citada, achou que a oferenda seria desnecessária e não a fez.
Nesse meio tempo Ìkú também consultou Ìfá e foi instruído a oferecer um cabrito para que não sofresse uma perda.
Ìkú ordenou a sua esposa de pele avermelhada, chamada Epipayemi que fosse ao mercado buscar o cabrito.
Acontece que Eji Oko tinha refletido melhor, e achou por bem fazer o ëbö. Ele também foi ao mercado,
Mas quando lá chegou o único cabrito já havia sido comprado por Epipayemi.
Eji Oko quis convencê-la a vender o cabrito para ele, mas Epipayemi recusou-se.
Eles discutiram e Eji Oko tomou o cabrito à força. Mesmo assim Epipayemi não desistiu,
E continuou segurando a corda do cabrito firmemente. Dessa forma Eji Oko arrastou-a até sua casa,
Onde eles chegaram já a noite. Bem, Epipayemi tinha medo de ir embora sozinha e no escuro,
Por isso não teve outra opção e pernoitou na casa de Eji Oko. Quando a disputa terminou,
Eji Oko percebeu Epipayemi extremamente bela, e começou a seduzi-la até que fizeram amor.
Quando acabaram Epipayemi disse que seu marido era Ìkú, e então Eji Oko lembrou-se da palavra de Ìfá.
Ele pensou que não havia nada que pudesse fazer, por isso entregou-se à própria sorte.
Ele permaneceu nesse estado de espírito até o amanhecer, quando Epipayemi foi embora.
Ela sabia que era tolice esconder algo de Ìkú, por isso assim que chegou narrou-lhe todos os acontecimentos.
Ah! Ìkú disse que ele pagaria com a vida aquele insulto. Nesse ínterim Îsànyìn foi visitar Eji Oko,
E encontrou-o melancólico. Îsànyìn perguntou do que se tratava, e Eji Oko colocou-o a par da situação.
Îsànyìn disse que ele não se preocupasse e recobrasse o ânimo, pois ele resolveria a situação.
Então Îsànyìn foi à casa de Ìkú, dizendo ser um mensageiro de Eji Oko. Ele foi anunciado a Ìkú,
Que achou aquilo uma ousadia e determinou a seus servos que matassem Îsànyìn e o lançasse no mato.
Os servos de Ìkú assim o fizeram, mas quando voltaram para casa Îsànyìn já estava lá esperando por eles.
Eles ficaram assustados e foram narrar a Ìkú o acontecido. Ìkú determinou que o matassem novamente,
Mas dessa vez deveriam picar seu corpo e lançar os pedaços ao rio, para alimentar os peixes.
Os servos de Ìkú assim o fizeram, mas quando voltaram para casa, Îsànyìn já estava lá,
Dizendo não entender por que Ìkú não o recebia. Mais uma vez os servos de Ìkú narraram-lhe o acontecido,
E Ìkú determinou que Îsànyìn fosse morto uma terceira vez,
E depois eles deveriam picar o corpo e incinerar as partes. Os servos de Ìkú assim o fizeram,
Mas quando chegaram em casa, Îsànyìn estava esperando por eles. Quando Ìkú soube do último acontecimento,
Chegou a conclusão que Îsànyìn era imune a morte e pensou, "Se o servo é assim, imagine o senhor!"
Então ele disse a Îsànyìn que avisasse a Eji Oko que poderia ficar com Epipayemi,
E que por ele, Ìkú, o assunto estava encerrado. Îsànyìn voltou para a casa de Eji Oko e disse a boa nova.
Eji Oko dançava e regozijava. Ìkú não sabia que aquilo que seus servos matavam,
Na verdade era um encantamento de Îsànyìn, feito de barro.
É assim que Ìfá nos ensina como Îsànyìn ajudou Eji Oko a escapar de Ìkú.
Ìfá foi criado para Aganmurerè, herdeiro do trono do Benin, no dia que ele subiu ao trono.
Aganmurerè foi aconselhado a fazer oferendas a Ògún, Ògerà, Orí e Ûlûdà,
Para que pudesse vencer uma guerra iminente e para que houvesse um reinado pacífico e próspero após a guerra.
Aganmurerè ouviu e fez o ëbö. Pouco tempo depois os tápa se rebelaram e atacaram o Benin.
Aganmurerè liderou as tropas e expulsou os invasores. O povo o clamava com um grande rei;
Os reinos vizinhos o tinham como um grande rei; Aganmurerè fez muitos negócios naquele tempo,
Enquanto foi rei não houve mais guerras. Seu povo foi próspero, seu reinado foi pacífico, assim como Ìfá previra.
Eji Oko toma uma segunda esposa
Ìfá foi criado para Bela Moça, no dia que ela foi instruída a fazer ëbö,
Para que não precisasse de vários casamentos na vida. Como Bela Moça achava-se atraente o suficiente,
Achou que não passaria por esses tipos de dificuldades, não fez o ëbö prescrito.
Ìfá também foi criado para Galo e Papagaio, no dia que eles foram instruídos a fazer ëbö,
Para que suas características pessoais não atrapalhassem suas vidas amorosas.
Ambos ouviram, mas não fizeram o ëbö. Bem, aconteceu que Bela Moça conheceu Galo.
Eles se apaixonaram e logo estavam casados. Quando Bela Moça acordou pela manhã,
Viu que seu marido havia defecado nos lençóis. Quando ela foi reclamar ele disse,
"Não sabes que os galos defecam em qualquer lugar? É assim que nós somos".
Bela Moça achou que aquilo era demais para ele, e divorciou-se. Pouco tempo depois ela conheceu Papagaio.
Ambos se apaixonaram e logo se casaram. Quando eles começaram a viver juntos,
Ela viu que Papagaio usava os pés para comer e que só comia a polpa do milho, espalhando as cascas pela casa.
Quando ela foi reclamar Papagaio disse, "Não sabes que é assim que os papagaios comem? Não posso fazer nada” Bela
Moça desgostou-se com a situação e divorciou-se de Papagaio. Ao perceber que a palavra de Ìfá se cumpriu,
Ela voltou aos awo. Eles disseram que agora ela deveria oferecer um cabrito a Èñù e um carneiro (?) ao Ìfá do pai.
Ela só tinha dinheiro para o cabrito, e sem o carneiro ela não poderia se casar cm um babalawo.
Pensando em como resolver seu problema ela saiu pelo mundo, sem saber ao certo para onde ia.
Bem, também aconteceu que naquela noite Eji Oko teve um sonho eu que tomava uma segunda esposa.
Quando ele acordou consultou Ìfá. Os awo disseram que uma jovem chegaria e ele deveria aceitá-la como esposa.
Eles começaram a preparar o casamento, e os ruídos cerimoniais chamaram a atenção de Bela Moça.
Quando ela entrou na casa para saber do que se tratava, Eji Oko disse, "Eis minha nova esposa!".
Eji Oko dançava, Bela Moça regozijava. Eles se casaram e foram felizes.
É assim que Ìfá nos fala como Eji Oko conseguiu sua segunda esposa.
Ìfá foi criado para Îká (uma serpente africana), no dia que ela se queixava por não ter armas para caçar.
Sim, Olófin tinha dado a cada animal uma virtude para sobreviver, mas nada fora passado para Îká.
Os awo a orientaram a fazer ëbö com flechas, obì, folhas e dinheiro. Îká ouviu e fez o ëbö.
Eles disseram que os obì deveriam ser oferecidos a Orí, depois ela os colocaria ao largo da estrada e esperaria.
Îká esperou por muito tempo, é por isso que as serpentes são pacientes até hoje.
Depois de um tempo apareceram Olófin e seu servo, Coelho. Eles estavam indo para uma missão,
E Olófin se lamentava, pois havia esquecido os obì que seriam precisos no trabalho.
Ah! Foi Coelho que viu os obì deixados na estrada por Îká. Ele os recolheu e os deu a Olófin.
Nessa hora Îká apareceu e disse, "Não basta ter me deixado sem armas, ainda pega minha oferenda”?
Então Îká explicou o porquê dos obì estarem ali. Olófin analisou o caso e disse, "Resolvamos isso";
Ele disse, "As flechas que você ofereceu serão suas presas; com elas abaterá seu alimento";
Ele disse, "Mas não deves jamais abater meu servo, Coelho".
Îká aceitou as condições e passou a ter armas terríveis em sua boca.
Quando Olófin seguiu seu caminho, percebeu que havia esquecido os obì novamente, e mandou Coelho buscá-los.
Quando Coelho regressou, começou a irritar Îká. Tanto fez que ela acabou atacando-o;
Mas devido a inexperiência com a nova arma, Coelho acabou escapando e dizendo a Olófin o que aconteceu.
Baba usou seu àñë e soube que Coelho provocara Îká. Ele disse, "Por seu comportamento, sempre fugirá de Îká";
Depois ele disse a Îká, "Por sua desobediência, as pessoas sempre desejarão de perseguir". To iban Èñù!
Ìfá foi criado para Ògúndá Meji, no dia que ele teve que abater um grande monstro.
Sim, existia uma terra onde havia um grande e voraz monstro, cuja fome era aplacada com sacrifícios de virgens.
Os reis vinham seguindo há muito essa tradição, até que não havia mais nenhuma virgem no lugar, exceto a princesa.
Foi aí que o rei disse ao mundo que quem destruísse o monstro teria riquezas e a mão de sua filha.
Ògúndá imediatamente quis vencer o monstro, mas antes foi consultar-se.
Ìfá aconselhou-o fazer ëbö com flechas. Os awo prepararam essas flechas com ervas, deixando-as venenosas.
Quando Ògúndá foi atrás do monstro, abateu-o com uma das flechas e a fera logo morreu.
Os outros caçadores viram a cena, e cada um correu para o rei dizendo ser ele o autor da façanha.
Mas apenas Ògúndá tinha prova do que acontecera, pois retirara do monstro a flecha que estava cravada.
Quando ele foi reclamar seus prêmios, encaixou a flecha na ferida do monstro,
E o rei viu que ele era o matador de fato. Dessa forma Ògúndá conseguiu fama e riqueza.
Ìfá foi criado para Ògúndá Meji, no dia que Ìkú quis tirar os awo do àiyé.
Por que Ìkú desejava isso? Por que graças a eles muitas pessoas estavam sendo salvas da morte.
Então ele mandava chamar os awo como pretexto de que estava doente.
Quando os awo chegavam, antes de cuidar de Ìkú precisavam provar suas habilidades.
Ìkú os colocava numa câmara, dizendo que deveriam golpear o öpárèrè no chão, até que ele ficasse curado.
Mas essa mesma câmera tinha o chão rochoso, e os awo falhavam na prova.
Ìkú via nisso um pretexto para prendê-los e depois matá-los. Bem, assim que recebeu o convite de Ìkú,
Ògúndá consultou Ìfá. Ele foi instruído a fazer ëbö, e o fez. Ele também foi instruído a ser compassivo com todos.
No caminho para a casa de Ìkú, Ògúndá encontrou uma anciã, que parecia doente e faminta.
As comidas referentes a seu ëbö, ele as deu para ela. A anciã agradeceu e Ògúndá seguiu viagem.
Quando ele chegou à casa de Ìkú, Encontrou uma bela jovem à entrada.
A jovem disse, “Você não está me reconhecendo”? Foi aí que ele viu que se tratava da anciã,
Que de alguma forma tinha recuperado o frescor de sua juventude e era mantida como escrava para entreter Ìkú,
Ògúndá revelou-lhe o motivo de sua presença ali, e o que Ìkú vinha fazendo com os awo que ali chegavam.
Ela também revelou a Ògúndá que na sala onde o öpárèrè deveria ser fincado,
Havia apenas um ponto com terra macia, que poderia ser reconhecido pelas poucas ervas que ali nascia.
Bem, quando Ògúndá se apresentou levaram-lhe perante Ìkú, que lhe propôs a prova em questão.
Assim que Ògúndá foi levado à câmara viu o ponto de terra revelado pela jovem, e ali cravou o öpárèrè.
Ìkú assustou-se com a proeza e teve que perguntar a Ògúndá o que ele queria
.Ele disse, “Que você liberte os awo e deixe de persegui-los”.
Assim o foi. Por isso dizemos que Ògúndá Meji protege o awo.
Ìfá foi criado para Yemöja, no dia que ela sentiu que seus filhos, Inlû e Îñïsì estavam em perigo.
Sim, Àrun estava escondida nas flechas e nos anzóis que eles usavam (tétano);
Àrun estava decidida em destruí-los. Yemöja sentiu isso em seu coração e foi aos Babalawo.
Inlû já tinha saído para pescar, Îñïsì já tinha saído para caçar;
Nenhum dos dois estava disponível para consultar; então os awo fizeram a consulta através de Yemöja.
O ëbö foi definido e feito. Àrun foi tirada do caminho dos filhos de Yemöja.
Ìfá foi criado para Ògún, no dia que ele recebeu de Olófin a missão de povoar o àiyé.
Ògún foi instruído a fazer ëbö e seguir bons conselhos, a fim de completar sua missão.
Ògún ouviu mas não seguiu a palavra de Ìfá. Olófin colocou sob sua responsabilidade duzentos seres humanos.
Bem, quando eles chegaram no àiyé, as pessoas sentiram fome.
Ah! Ògún não havia trazido nada do îrun para alimentá-las. Os gravetos que usamos para limpar os dentes,
Esses foram os gravetos que Ògún lhes deu para comer; por isso nós o chamamos Öba Jëgijëgi.
Mas os gravetos não alimentavam as pessoas, e elas começaram a morrer. Assim fracassou a missão de Ògún.
Foi aí que Olófin determinou a Olókun que continuasse a missão de Ògún;
Mas assim como seu antecessor, Olókun agiu sem se organizar nem ouvir conselhos.
Sob sua responsabilidade também foram postas duzentas pessoas;
Quando chegaram ao àiyé, elas começaram a sentir fome. Olókun não havia trazido nada para alimentá-las,
Por isso ordenou que bebessem água. Daí chamarmos Olókun de Öba Jömijömi.
Dessa forma ele teve que regressar ao îrun sem ter cumprido sua missão.
Foi aí que Olófin chamou Îrúnmìlà para povoar o àiyé. Ele foi a Ìfá e disse,
"O que devo fazer para não falhar nessa missão". Os awo lhe orientaram a fazer ëbö,
Que entre outras coisas continha terra, grãos e mudas que existiam no îrun.
Îrúnmìlà ouviu e fez o ëbö. Sob sua responsabilidade também foram colocados duzentos seres humanos.
Quando eles chegaram ao àiyé as pessoas começaram a sentir fome. Essa foi a hora que Èñù orientou Îrúnmìlà;
Ele disse que a terra deveria ser espalhada, e que as sementes e mudas deveriam ser plantadas sobre ela.
Ah! As plantas começaram a germinar. As pessoas começaram a comê-las, assim como os animais do ëbö.
A missão de Îrúnmìlà não falhou. Ele usou a força de Ògún, a abundância de Olókun e sua sabedoria.
Foi isso que Îrúnmìlà fez para ter sucesso. Desde então nós o chamamos Öba Jëunjëun.
Ìfá foi consultado para os anciões de uma cidade, no dia que eles desejavam alegria em suas vidas.
Eles foram aconselhados a fazer ëbö, pois a alegria esperada se revelaria.
O que eles ofereceram? Doces, mel, brinquedos e jogos.
Depois de um tempo, quando eles colocaram o carrego na praça, apareceram muitas crianças para brincar e comer.
As crianças brincavam, comiam, e os anciões regozijavam.
Isso é quando Ìfá nos ensina que as crianças são as maiores fontes de alegria que uma pessoa pode ter.
Quando Ògúndá se apresenta, Ìfá nos fala que houve um tempo em que Ömölu não reconhecia o poder de Ògún.
Ògún não gostava da situação, e resolveu que mostraria a Ömölu o seu valor.
Então aconteceu que Ömölu precisava fazer uma viagem, e Ògún descobriu o caminho que ele usava para viajar.
Então rapidamente, usando seu facão, Ògún abriu um caminho que parecia ser um atalho bem mais curto.
Quando Ömölu viu o novo caminho resolveu ir por ele, crente que chegaria mais rápido ao seu destino.
Mas conforme ele ia avançando no novo caminho, Ògún ia cortando galhos e cerrando o caminho por ele aberto.
Então aconteceu que Ömölu, não encontrando mais um caminho aberto, quis regressar, mas não pode.
Ele tentou e tentou, usou suas mãos para tentar abrir um novo caminho pela mata, mas só conseguiu ferimentos.
Então Ògún apareceu e com seu facão voltou a abrir um outro caminho, que levava ao antigo.
Quando Ömölu, ao tomar o caminho recém aberto por Ògún, chegou na estrada que já conhecia,
Ele percebeu o quão poderoso, forte e engenhoso era Ògún. Desde então Ömölu o respeita profundamente.
Olófin manda Ògún para o àiyé
“Agogô owo kose fapokosi”; esse foi o awo que criou Ìfá para Olófin Ajalîrun,
Quando ele ordenou a Ògún que viesse para o àiyé, para que ele, Ògún, criasse um caminho para a vida.
Ele foi avisado que nunca, por mais que trabalhasse, jamais terminaria seu trabalho.
Os awo disseram que mesmo assim ele deveria fazer ëbö contra doenças e morte.
Até hoje Ògún prepara os caminhos, mas ninguém quer dividir com ele suas tristezas.
Nasce o uso do îpûlû (o mito fala sobre Ömölu, mas faria mais sentido se fosse Îrúnmìlà)
Ìfá foi criado para Olu Popo, no dia que ele adoeceu em terras muito distantes.
Sim, em suas andanças Olu Popo conheceu terras muito mais ao leste de onde vivia.
Foi ali que ele contraiu lepra e achou que morreria. Então ele ouviu alguém rezando em sua língua natal.
Quando ele aproximou-se para ver quem era, viu que era Fokà,
Um awo antigo em cuja iniciação Olu Popo esteve presente. Fokà consultou-lhe Ìfá e através de ëbö o curou;
Mas infelizmente Fokà ficou mortalmente doente. Antes que ele morresse,
Olu Popo perguntou-lhe sobre a estranha parafernália que ele usava para divinar.
Fokà respondeu, “Isso eu aprendi aqui, nas terras do leste. Quando eu morrer, enterre minha corrente comigo”.
Pouco tempo depois Fokà morreu, e Olu Popo enterrou a estranha corrente junto dele.
Não demorou muito e uma palmeira nasceu. Os frutos dessa palmeira se pareciam com os elos da corrente de Fokà.
Olu Popo os examinou e percebeu que em seu interior tinha Odù riscado.
Então ele soube que esse era um segredo de Fokà. Quando retornou para o oeste,
Trouxe consigo os frutos da palmeira. Esses frutos são îpûlû, que usamos até hoje para conhecer a palavra de Ìfá.
Quando Ògúndá Meji aparece, Ìfá nos fala sobre as disputas entre Òñàlá e Òdùdúwà, assim que o àiyé foi criado.
Bem, coube a Òdùdúwà criar o mundo, e a Òñàlá povoá-lo com diversos seres vivos.
Desde esse momento houve diferença entre esses dois. Para alguns Òñàlá era o mais poderoso, por isso o seguiam.
Outros acreditavam que Òdùdúwà era o mais poderoso, por isso o seguiam também.
Um dia Òdùdúwà descobriu que Òñàlá queria acabar com ele. Foi aí que ele consultou Ìfá.
Aconselharam-no a fazer ëbö. O que ele deveria oferecer? Disseram, “Uma vaca sem chifres, uma cabra”,
Disseram, “Um carneiro, um pombo, um ìgbín e um bom dinheiro”. Òdùdúwà fez o ëbö.
Îrúnmìlà preparou ògùn para ele; e lhe entregou um amuleto para proteção.
Aqueles que queriam matar Òdùdúwà aos poucos foram morrendo, dos mais diferentes infortúnios.
Mas ainda assim Òñàlá queria acabar com Òdùdúwà. Ele ficou sabendo sobre os amuletos,
Por isso determinou que o atacassem durante o banho, quando ele punha o amuleto de lado.
Quando tentaram pegar Òdùdúwà no banho, ele jogou sabão nos olhos de seus perseguidores, e escapou.
Depois disso, Òdùdúwà quis se vingar. Ele foi à casa de Òñàlá e disse, “Baba, reconheço que és mais poderoso”;
Ele disse, “Por mim essa guerra está terminada. Venha até minha casa para selar a paz”.
Òñàlá aceitou prontamente. No outro dia Òdùdúwà mandou que cavassem um buraco à entrada de seu palácio.
Quando Òñàlá passasse por ali, cairia e certamente morreria. Quando Baba chegou,
Andou sobre as esteiras que escondiam a armadilha, mas nada aconteceu.
Ele chamou Òdùdúwà para fazer-lhe companhia, mas quando Òdùdúwà andou sobre as esteiras,
Ah! Ele imediatamente caiu no buraco. Depois disso as pessoas ovacionavam Òñàlá,
Que assim demonstrou todo o seu poder.
Ìfá foi criado para Tinñömö, no dia que ele se deparou com um ser estranho.
Tinñömö vivia à beira do rio, e ali ele cuidava de sua prenda, que era preparada num pilão.
Tinñömö usava o pilão como atabaque, e ali cantava e tocava por longos períodos.
Numa dessas ocasiões apareceu um ser estranho, com uma cara horrenda.
Esse ser não falava, mas tinha poder mental para subjugar qualquer pessoa.
Como era feito de santo, Tinñömö não sucumbiu ao ser, mas teve que fugir dali.
Sua primeira reação foi ir à casa de Îrúnmìlà, que ao consultar Ìfá viu Ògúndá Meji.
Îrúnmìlà revelou-lhe que o ser era um enviado de Olókun. Sim, Olókun gostava do tambor do pilão sendo tocado,
E mandou um de seus servos para saber do que se tratava.
Îrúnmìlà também lhe disse que Olókun queria que ele voltasse a tocar,
Mas para isso Îrúnmìlà aconselhou-o a preparar um öpá especial para tocar.
Îrúnmìlà ofereceu um peixe ao Orí de Tinñömö, e com o peixe preparou ìyëfá,
Que depois foi usado como carga do öpá. Então Tinñömö voltou a tocar,
E como recompensa Olókun tornou sua vida próspera.
Ìfá foi consultado para Èñù, no dia que lhe aconselharam a fazer ëbö para que seu valor fosse reconhecido.
Èñù ouviu e ofereceu o ëbö. Então Òñàlá quis homenagear aquele que mais trabalhava pelo bem da humanidade.
Ele reconheceu que Èñù era esse alguém. Ele determinou que Ògún confeccionasse uma coroa para Èñù,
E que também lhe preparasse um ìlûkû. Esses seriam os presentes pelos esforços de Èñù no àiyé.
Èñù dançava e regozijava.
Ògún é preso por usar feitiços
Ògúndá Meji é Odù que nos fala sobre quando Ògún e Ñàngó foram guerrear entre os Congos.
Quando eles lá chegaram viram que além de armas, aquele povo usava feitiços em suas guerras.
Eles aprenderam essa arte, e quando voltaram para suas guerras “caseiras” começaram a usá-las.
Ah! Quando Òñàlá soube disso, ordenou que ambos parassem com essa prática.
Ele disse, “Se precisam de magia, recorram a Îsànyìn”. Apenas Ñàngó cumpriu a ordem de Òñàlá,
Então Òñàlá mandou que prendessem Ògún, e incumbiu Îsànyìn de reparar o estrago que já estava feito.
“Bons feitos não são recompensados; as más atitudes raramente serão impedidas”;
“Atividades que não ofereçam resultados visíveis, mesmo se corretas, são consideradas perdidas”.
Essa foi a mensagem de Ìfá para Ògún, no dia que ele foi guerrear contra os seus inimigos.
Aconselharam-no a fazer ëbö devido a possíveis contratempos.
Ògún ouviu e ofereceu o ëbö. Foi aí que prepararam ògùn para ele, e não houve quem pudesse vencê-lo na guerra.
“Pó-de-folha-de-palmeira”; esse foi o awo que criou Ìfá para Leopardo, no dia que ele quis sair para caçar.
Ìfá aconselhou-o a fazer ëbö para que ele colhesse os frutos de seus esforços;
Mas Leopardo estava relutante em fazê-lo. Então ele saiu para caçar e abateu um veado.
Ele arrastou sua presa para debaixo de uma palmeira, e quando ele foi comer, o pó da palmeira caiu sobre o veado,
Tornando-o sagrado. Leopardo não pôde mais comê-lo. Ele saiu novamente para caçar, e abateu um antílope.
Leopardo arrastou-o para perto de um formigueiro, e quando ele foi comer, as formigas cobriram o antílope!
Então Leopardo voltou aos awo para fazer o ëbö. Desde então Tigre consegue comer todas as presas que abate.
Ìfá nos aconselha propiciarmos Îrúnmìlà e Ògún, para que possamos desfrutar o resultado de nossos esforços.
Oyí, a mulher que gerava muitos casais de gêmeos
Ìfá foi criado para Oyí, no dia que ela chorava por que não conseguia conceber filhos.
Ela foi instruída a fazer ëbö para resolver essa situação. Oyí ouviu e fez o ëbö.
Depois disso, ela teve três casais de gêmeos. Seu marido ficou feliz, mas disse que não queria mais filhos.
Como ela queria continuar a ter filhos, mudou-se para outro lugar e casou-se com outro homem.
Com o novo marido ela teve quatro casais de gêmeos. O marido ficou feliz, mas disse que não queria mais crianças.
Como ela queria continuar a ter filhos, mudou-se para outro lugar e casou-se com outro homem.
Então ela se casou com terceiro marido, e com ele teve mais cinco casais de gêmeos.
Como ela queria continuar a ter filhos, mudou-se para outro lugar e procurou um novo marido.
Um dia ela viu um caçador que voltava da mata com muita caça abatida; mas percebeu que o homem estava triste.
Ela perguntou sobre o porquê da tristeza, o caçador respondeu, "Não tenho uma esposa para preparar essa comida".
Ah! Oyí casou-se com o caçador. Bem, o caçador foi a Ìfá para saber sobre esse casamento.
Os awo disseram que seria preciso ëbö, para que depois de um tempo sua esposa não quisesse partir.
O caçador ouviu e fez o ëbö. Então Oyí começou a engravidar e teve três casais de gêmeos.
Quando ela pensou em ir embora sua menstruação abandonou, e com ela o desejo de ter mais filhos.
Dessa forma Oyí ficou casada com o caçador até o final de seus dias.
“O lèkèlèkè (um pássaro africano) não põe ovos pretos; brancos, brancos são os seus ovos”;
“O pássaro àgbigbo paira impressionantemente sobre a floresta”;
Esses foram os awo que criaram Ìfá para Tëla Òkò, quando ele trouxe para casa riquezas da lavoura.
Tëla Òkò estava trabalhando para seu credor, para poder pagar uma dívida.
Ele poderia se tornar rico? O que ele deveria fazer? Disseram que ele deveria vinte e quatro búzios,
Deveria oferecer doze òrògbò, um galo, doze pedras. Das pedras que ele ofereceu,
Pegaram duas e deram a ele. Disseram que ele deveria comprar uma bolsa.
Tëla Òkò pegou os òrògbò e os colocou dentro da bolsa, juntamente com as duas pedras. Então ele foi para a lavoura.
Quando chegou lá, seu credor havia enterrado dinheiro no chão, no meio de alguns arbustos,
Tëla Òkò encontrou o dinheiro e o desenterrou. Ele dizia, “Eu sozinho, eu mesmo!”
Ele disse, “Eu ganhei dinheiro em casa e na lavoura!”. Seu credor apareceu e disse, “Você encontrou meu dinheiro”?.
Ele disse, “Eu não o encontrei. Eu já possuía esse dinheiro em casa. Esse é o dinheiro que guardei para mim mesmo”.
Então Tëla Òkò pagou todas as suas dívidas e voltou para casa. Tëla Òkò tornou-se rico.
Ìfá diz que uma bênção de dinheiro é o que ele prevê para essa pessoa.
Ìfá diz que quando você encontra algo, deve permanecer de boca fechada.
Essa pessoa dever fazer oferendas a Ñàngó. Como sabemos disso? Tëla Òkò é aquele que chamamos de Ñàngó.
Ìfá assegura a resolução de nossos problemas
Ele diz, “Aja suavemente, muito calmamente; tal qual o dinheiro novo que vamos receber”;
Ele diz, “Para tal, dois pombos é o ëbö”.
Ele diz, “Aja suavemente, muito calmamente; tal qual a esposa que desposaremos”;
Ele diz, “Aja suavemente, muito calmamente; tal qual o novo filho que iremos gerar”.
Ele diz, “Gerar um filho após o outro, como a plante ñeñeki. Grande será a fecundidade de nossa esposa”;
Ele diz, “Para tal, três galos é o ëbö”.
Ele diz, “Aja suavemente, muito calmamente; tal qual a nova casa que iremos construir!”
Ele diz, “Crescer sobre si mesmo, é assim que o pèrègún faz”;
Ele diz, “Anualmente ele renova suas folhas, e nós descansamos sob ele”;
Ele diz, “Para tal, uma cabra e um bom dinheiro é o ëbö”.
Ele diz, “Aja suavemente, muito calmamente; tal qual o novo oyè que alcançaremos!”
Ele diz, “Nomeio a oferenda que permitirá obter o novo oyè, e fazer com que ele dure muito tempo”.
Ele diz, “O ëbö é composto por folhas, algumas peças de tecido branco, uma cuia com yerosùn e dinheiro”.
Ele diz, “Assim eu poderei cantar e minha cabeça tornar-se-á branca como o ûfun do Benin”;
Ele diz, “Todos virão festejar meus cabelos brancos!”
Ìfá diz aqui que encontraremos a solução para nossos problemas; e alcançaremos nosso objetivo.
Quando Ògúndá Meji se apresenta, Ìfá nos fala de quando Îsànyìn não queria mais viver sozinho nas matas,
E para resolver essa situação preparou um encanto, a fim de usá-lo na primeira pessoa que aparecesse,
Para que ela não desejasse mais ir embora e ficasse ali lhe fazendo companhia.
Foi nessa mesma situação que Ìfá foi criado para Yemöja, no dia que ela foi avisada a fazer ëbö,
Para que um filho seu não se metesse em grandes problemas. Ela foi para casa para avisar seus filhos,
Mas um deles, Igbò, já tinha saído para caçar. Yemöja então fez a oferenda e Ògún apareceu para ajudar seu filho.
Bem, assim que Îsànyìn viu Igbò, convidou-o para comer; e o feitiço já estava posto na comida.
Igbò comeu e aos poucos seu juízo lhe abandonou. Ele já não sabia mais quem era, nem o que estava fazendo ali.
Îsànyìn aproveitou a situação e convenceu a Igbò que aquela era sua casa; que ali era seu lugar.
Quando Îsànyìn estava quase alcançando seu objetivo, Ògún apareceu e rapidamente resgatou Igbò.
Ògún o devolveu à Yemöja, que até hoje lhe é eternamente grata por isso.
Ògúndá Meji criou Ìfá para Òde, no dia que ele se viu sozinho no mundo.
Sim, durante um tempo o céu ficou escuro e as pessoas não saíam de suas casas, nem para os afazeres necessários.
Embora corressem o risco da fome, as pessoas continuavam em suas casas,
Com medo do céu escuro que desconheciam. Nessa situação Òde se viu sozinho;
Não havia uma só pessoa para desfrutar seu espaço; ninguém para trocar experiências.
Com esse sentimento ele foi a Ìfá e Ògúndá Meji aconselhou-o oferecer um cabrito,
Ìfá aconselhou-o a oferecer vários tipos de pimenta e dinheiro. Ele foi instruído a queimar as pimentas;
Òde seguiu os conselhos de Ìfá. A fumaça resultante da queima das pimentas era muito forte;
Encheu o ar e invadiu as casas. As pessoas se sentiam sufocadas, com a garganta ardendo e com lágrimas nos olhos.
Era impossível permanecer no interior das casas, e elas finalmente vieram para fora. Òde dançava e regozijava.
“Àtànkoribìtì”. Ìfá foi criado para Îrúnmìlà quando ele estava indo comprar Îsànyìn como um escravo.
Îsànyìn havia ido pedir um empréstimo a Îrúnmìlà. Îrúnmìlà disse, “Minha lavoura. Você a cultivará para mim”.
Îsànyìn disse, “O lugar para onde estou indo; o que posso fazer para que tudo dê certo lá”?.
Disseram que Îsànyìn deveria oferecer um ëbö. Disseram que ele deveria oferecer doze búzios,
Deveria oferecer uma galinha preta, deveria oferecer um pombo preto, a roupa preta que estivesse vestindo.
Disseram que ele retornaria de tal lugar com bênçãos. Îsànyìn juntou e ofereceu o ëbö. Ele apaziguou as deidades.
Quando Îsànyìn chegou na lavoura, ele viu várias folhas lá. “Essa é a folha que traz riquezas”.
“Essa é a folha que traz esposas”. Então Îsànyìn não roçou nenhuma delas. Depois de seis dias, Îrúnmìlà apareceu.
“O que está acontecendo”?.Îsànyìn disse que não havia encontrado nenhuma erva daninha para roçar.
Îsànyìn cantava, “Àtànkoribìtì”. “Quais eu devo roçar? Essa é a folha da riqueza”. “Àtànkoribìtì”.
“Quais eu devo roçar? Essa é a folha de esposas”. “Àtànkoribìtì”. “Quais eu devo roçar? Essa é a folha de filhos”.
Îsànyìn estava explicando a Îrúnmìlà. “Se alguém tem dor de estômago, é essa folha que você deve lhe dar”.
“Se alguém está com dor de cabeça, é essa folha que você deve lhe dar”.
“Se alguém está procurando por filhos, é essa folha que você deve lhe dar”.
Então Îrúnmìlà disse, “Não pegue nenhuma dessas folhas de minha lavoura”.
Îsànyìn não teve como pagar o dinheiro que havia emprestado. Ele não trabalhava mais.
Ìfá diz que bênçãos são o que ele prevê. Ìfá diz que uma pequena ocupação,
Uma pequena ocupação é o que essa pessoa precisa para enriquecer.
Essa pessoa deve ser completamente devotada ao trabalho que está fazendo.
Îsànyìn dançava e regozijava. Ele louvava os adivinhos, e os adivinhos louvavam Ìfá.
Os mesmos adivinhos que haviam dito a verdade.
“O antílope e o búfalo gritam em Ìfû, e as pessoas morrem”; Ìfá foi consultado para Oñagè,
Aquele a quem chamamos Îñîïsì, no dia que um antílope e um búfalo pisoteavam pessoas em Ìfû.
Ele disse que abateria os animais. Aconselharam-no a fazer ëbö; mas ele disse que não seria preciso.
Então ele ergueu uma casa sem paredes, e deixou apenas um orifício para atirar suas flechas.
Assim escondido, ele aguardou os animais. Quando o antílope e búfalo apareceram,
Oñagè os acertou com suas flechas. Quando as pessoas souberam começaram a comentar,
Elas disseram, “Qualquer um que atira sem mirar e consegue matar grandes animais";
Elas disseram, "Essa pessoa pode nos matar a qualquer instante”. Então as pessoas temeram Oñagè e o expulsaram.
Isso é quando Ìfá nos aconselha a faze ëbö, para que nossos esforços sejam reconhecidos.
Quando Ògúndá Meji se apresenta, Ìfá nos fala sobre as preocupações de Òñàlá em relação à proteção de Ògún.
Sim, tamanha era essa preocupação que Òñàlá preparou uma prenda com a espada de Ògún,
Para que essa nunca se ferisse, e se isso acontecesse, para que Ògún não perecesse graças a uma infecção.
Mas a preocupação não parou por aí. Aconteceu que sempre que Òñàlá precisava sair deixava Ògún acorrentado.
Ògún ficava preso sem ter o que comer ou beber e sua saliva engrossava, causando um terrível mau hálito.
Foi Òdùdúwà que descobriu toda essa situação e recorreu a Olófin para consertá-la.
Ficou então definido que as preocupações de Òñàlá eram legítimas, mas suas reações eram exageradas.
Ele foi obrigado a liberar Ògún das correntes e a providenciar alguns palitos de talo de dendezeiro.
Esses são os palitos que Ògún usa para manter sua boca limpa até hoje.
O pacto entre Abità e a Serpente
Ìfá foi criado para Serpente do Rio, no dia que ela não conseguia segurar gravidez.
Sim, havia inflamações em seu interior que impediam que isso acontecesse.
Abità ficou sabendo da situação. Ele procurou Serpente do Rio e propôs um pacto.
Ele disse, “Te ajudo a ter seus filhos, mas quando eles crescerem serão meus servos”.
Serpente do Rio aceitou o pacto. Então Abità preparou um ògùn com plantas do pântano e deu a Serpente.
Ela tomou e pouco tempo depois engravidou. Dessa vez a gravidez foi até o final.
Quando ela teve seus filhos, logo depois que eles cresceram Abità apareceu, exigindo a guarda deles.
Serpente do Rio não quis cumprir o pacto, e Abità expulsou-a de sua casa e amaldiçoou-a.
Até hoje Serpente do Rio e seus filhos vivem sob a maldição de Abità.
Ìfá foi criado para certo homem, no dia que ele foi aconselhado a fazer ëbö, pois Àrun o visitaria.
O homem ouviu, mas disse que não precisava de nenhuma oferenda.
Então Òdùdúwà foi visitar aquelas terras, no intuito de saber quem estava obedecendo Ìfá.
De tanto andar ele acabou ficando com sede, e deparou-se com o homem que havia se consultado com Îrúnmìlà.
Òdùdúwà pediu-lhe água e o homem deu a única que carregava consigo.
Enquanto bebia Òdùdúwà percebeu que o homem não parecia bem.
Quando indagado a respeito, ele disse que de fato estava doente;
Disse que Îrúnmìlà lhe aconselhara a fazer ëbö e que ele negligenciara o conselho.
Então Òdùdúwà disse, “Por não ter obedecido a Îrúnmìlà de fato ficarás doente”;
Ele disse, “Não poderá se apoiar nas próprias pernas e precisará de uma bengala”;
Ele disse, “Mas como foste bondoso comigo não permitirei que Àrun te mate”.
Ògúndá Meji apareceu para Gato, no dia que ele foi aconselhado a fazer ëbö,
Pois alguém aparentemente frágil e tolo se rebelaria contra ele. Gato ouviu e fez o ëbö.
Bem, naquela época Gato e Cão eram amigos. Cão sempre pedia a Gato que o ensinasse a subir em árvores,
Gato respondia que primeiro ele deveria desenvolver mais habilidades caçando.
Certa vez ambos saíram juntos para caçar, mas após a caçada não houve consenso sobre a divisão da presa.
A discussão foi se acalorando, até que Cão pulou sobre gato e mordeu-o.
Nessa hora Gato cravou suas unhas no focinho de Cão, que foi obrigado a soltá-lo.
Gato imediatamente subiu numa árvore. Cão tentou alcançá-lo, mas não pode.
Gato disse, “Eu sábia que isso um dia aconteceria!”;
Ele disse, “Se lhe tivesse ensinado a subir em árvores, o que seria de mim agora”?
Cão pediu desculpa, dizendo estar arrependido, mas Gato não acreditou naquelas palavras.
Desde então não são mais amigos.
Por que os galos brigam entre si e por que são usados como oferendas
Ìfá foi consultado para Galo, no dia que lhe aconselharam a fazer ëbö, para não perder uma boa posição na vida.
Galo ouviu, mas não fez o ëbö. Bem, aconteceu que naqueles dias, Èñù e Ògún estavam preguiçosos.
Eles passavam quase o dia todo deitados, sem fazer nada.
Quando Galo viu aquilo, foi correndo contar para Òñàlá o que estava acontecendo.
Baba chamou os dois preguiçosos, e lhes deu uma grande bronca.
Depois desse acontecimento, Galo gozou de liberdade e prestígio na casa de Òñàlá.
Ah! Èñù disse que se vingaria. Ele sabia que Òñàlá guardava os protótipos humanos em seu quarto.
Èñù disse, “Você, Òñàlá. Você se faz de correto, mas há orgias no seu quarto durante a noite!”
Baba enfureceu-se, “Quem te contou essa história pérfida”?. Èñù disse, “Ora, foi o Galo”.
Então Baba determinou que a partir daquele dia tanto Èñù como Ògún comeriam Galo,
E como Galo não dera valor à paz da casa de Òñàlá, sempre brigaria com seus rivais assim que os visse.
“A bondade não tem preço”;
“A maldade não se paga”.
“Fazendo bondade com más intenções”,
“As causas da bondade tornam-se injustificáveis”.
“O que eles fazem com a galinha é ingratidão”.
“Depois de um tempo, nós fazemos sopa com ela”.
Consultaram o oráculo para Aganna,
Quando ele estava indo tornar-se Olókò (Rei de Òkò)
Ele era um estrangeiro em Òkò
Ele montou uma lavoura ao lado da estrada.
Se uma mulher passasse por lá, ele lhe dava alguma coisa,
Como milho ou inhame.
Se um homem passasse por lá, ocorria o mesmo.
Aganna fazia isso. Independente do que ele conseguisse,
Uma parte ele doava.
Se alguém estivesse precisando de dinheiro,
Aganna dava dinheiro a essa pessoa.
No princípio dos tempos, somente os anciões recebiam títulos.
Quando Olókò morreu
Disseram, “Quem o sucederá”?
Disseram, “Que tal Aganna”?
“Há!”. As mulheres disseram, “Aganna deveria ser o rei”.
Então fizeram de Aganna o rei.
Aganna tornou-se próspero e rico.
Tornou-se uma pessoa a quem todas as outras serviam.
Aganna dançava e regojizava
Ele louvava os adivinhos, enquanto os adivinhos louvavam os Òrìñà
Os mesmos adivinhos que haviam dito a verdade.
“A bondade não tem preço”;
“A maldade não se paga”.
“Fazendo bondade com más intenções”,
“As causas da bondade tornam-se injustificáveis”.
“O que eles fazem com a galinha é ingratidão”.
“Depois de um tempo, nós fazemos sopa com ela”.
Consultaram o oráculo para Aganna,
Quando ele estava indo tornar-se Olókò (Rei de Òkò)
“O que fez Aganna para tornar-se Olókò e ter dinheiro”?.
“Bondade foi o que fez Aganna tornar-se Olókò”
“O que fez Aganna tornar-se rei”?.
“Bondade foi o que fez Aganna tornar-se rei”.
“O que fez Aganna tornar-se Olókò e não morrer”?
“Bondade foi o que fez Aganna tornar-se rei e não morrer”.
Òrìñà diz que bênçãos são o que ele profetiza
Quando nós vemos o Segundo Ancião no Àtë
Òrìñà diz, “Todas as bênçãos”.
Uma bênção de dinheiro, de filhos e de vida longa é o que ele prevê.
Essa pessoa não deve parar de fazer bondades.
Bondade é o que deve fazer.