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legislativo, porem, não é indefinido; os direitos naturais limitam-no, “ o poderé, no seu

princípio, a capacidade de se ser livre”. Desta forma, todo o poder,para se


transformar em político, deve ser em primeiro lugar justo, e
paraLOCKE, bem como para KANT, o problema do poder reduz-se a uma
questãomoral.
AResistência aoPoder
Muito embora o poder prejudique os direitos naturais, sobretudo a liberdade apropriedade,
LOCKE reconhece aos governantes o direito de se insurgirem. Odireito de
resistência, porem, segundo LOCKE, é muito diferente da
teoriac a l v i n i s t a , q u e a s s e n t a n a s o b e r a n i a p o p u l a r . O e m p r e g o
d o d i r e i t o d e resistência, para LOCKE, não tende a realizar as aspirações
populares, massim defender ou a restaurar a ordem estabelecida. A teoria de
LOCKE é deinspiração conservadora; o reconhecimento do direito de
resistência é ummeio de fazer reflectir o príncipe e de o obrigar a
respeitar a legalidade.Permite afastar o perigo de uma revolta popular, mas
não constitui de formaalguma um convite à insurreição. Numa palavra, o
direito de resistência épara LOCKE um apelo à sensatez e ao compromisso.
O pensamento político de LOCKE é fundamentalmente laico
. Separacom rigor o temporal do espiritual e, ao contrário de HOBBES,
declara que“ t o d o o p o d e r d o g o v e r n o c i v i l s ó s e r e l a c i o n a c o m
o s i n t e r e s s e s c i v i s ” . Doutrinador de uma revolução, LOCKE, no entanto,
não é de forma
algumar e v o l u c i o n á r i o . A s u a p r i n c i p a l p r e o c u p a ç ã o é a o r
d e m , a c a l m a e a segurança.O ideal político de LOCKE, coincide
com o da classe média em expansão.Defesa da propriedade e apelo à
moral, preocupação de um poder eficaz enecessidade de assentimento,
um individualismo que se inclina diante damaioria, empirismo e
racionalismo, tolerância e dogmatismo: o pensamentode LOCKE é complexo.
Kant
A única obra directamente politica de KANT (1724-1804) é o seu
Projecto dePaz Perpétua (1795).
Filosofia de KANT
É, no seu conjunto, do idealismo transcendental e moral de KANT que a
suareflexão sobre a política e sobre a história adquire sentido e tem lugar.
ParaKANT, não há saber absoluto do real em si. O saber é apenas o domínio
doconhecimento, a acção é o domínio da moral. Para constituir os postulados
das u a m o r a l e d a s u a m e t a f í s i c a , r e c o r r e à “ f o r m a p u r a ”
d o d e v e r , a o imperativo moral categórico.
Fontese Origens

Alem dos escritores da antiguidade, KANT esta penetrado de MONTESQUIEU,DE


ROUSSEAU principalmente.A MONTESQUIEU vai buscar a ideia da
separação e do equilíbrio dos trêspoderes. Transforma a teoria do contrato
social de ROUSSEAU, que sucede aum estado de natureza: não se trata já de uma
espécie de hipótese
histórica,m a s e u m a “ i d e i a d a r a z ã o ” q u e c o n s t i t u i o f u n d a m
e n t o l e g i t i m o d a autoridade publica. A ideia da igualdade fundamental
dos homens e a teoriada vontade geral não são já, como em
ROUSSEAU, os elementos de
umad o u t r i n a d e m o c r á t i c a : K A N T é r e p u b l i c a n o , e n ã o d e
m o c r a t a ; n o s e u pensamento deparam-se-nos apenas postulados que
derivam do imperativomoral e proíbem que o soberano (isto é, a
republica
, e não o povo no sentidode ROUSSEAU) possa decretar uma decisão que não
poderá ser tomada porcada sujeito moral.
As consequências políticas da filosofia geral
A universalidade da moral implica a igualdade de todos os indivíduos na
suaqualidade de sujeitos morais. A autonomia de cada um deles implica a
suad i g n i d a d e . D i g n o s , p o r q u e p e s s o a s p o l í t i c a s r a z o á v e i s , e s t
e s s u j e i t o s merecem a liberdade política. Sendo o mundo moral (e, portanto,
o mundodas realidades politicas e sociais) dominado pelo reinado dos fins, dai resultaq u e
este mundo só pode ser regido por um estado de direito em
q u e a politica deve estar numa subordinação absoluta a respeito da
moral, cujocarácter é absoluto e rígido. Não se trata aqui, de uma teoria
aplicada só àinvestigação da verdade em si, mas bem de um esforço prático da
parte dafilosofia.
C o m o R O U S S E A U , K AN T s ó r e c o n h e c e u m m é r i t o à s u a filosof
ia, o de ajudar os homens a estabelecer os seus direitos.
A política fundada no Direito
KANT definiu o Direito: “ o conjunto das condições pelas quais o livre-
arbitriod e u m p o d e h a r m o n i z a r -
s e c o m o d e o u t r o s e g u n d o u m a l e i g e r a l d a liberdade”Definiç
ão, que, por outro lado, deriva da ideia Kantiana de autonomia
davontade e do reinado dos fins e, por outro lado, transcreve a própria
formulada Declaração dos Direitos de 1789.Os direitos do homem são: a
liberdade como homem; a igualdade comosujeito perante uma mesma Lei
moral; O direito a ser cidadão, isto é, o direitode todos aqueles que não estão
num estatuto de dependência (que excluicriados e operários) a acharem-
se num estado de igual fraternidade peranteuma lei comum.A defesa e o respeito
destes direitos inalienáveis são o fundamento de toda aordem política legítima. É esta
defesa que é o fim de toda a política, e não afelicidade e a satisfação dos cidadãos.
A única forma politica que correspondea este fim é a forma republicana, que
implica como únicos mecanismosconcretos o sistema representativo e a
separação dos poderes.

Politica e moral.
A razão prática não é de modo algum para KANT uma razão oportunista.
Ospreceitos da razão prática (isto é, da razão aplicada ao mundo da
acção)impõem-se como absolutos relativamente aos quais nenhuma transgressão
éadmissível. O preceito moral contido nos fins não pode em caso algum
sersubordinado aos meios, mesmo quando estes permitiriam abreviar o caminhoq u e
conduz aos fins. O ideal de KANT é o “politico moralista”, e
n ã o o maquiavélico. A moral é sempre o juiz inapelável da política

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