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APELAÇÃO CÍVEL Nº 0007955-84.2015.4.04.9999/RS D.E.


RELATOR : Des. Federal ROGER RAUPP RIOS Publicado em 06/07/2016
APELANTE : IRMA PERINE
ADVOGADO : Luiz Alfredo Ost e outro
APELADO : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
ADVOGADO : Procuradoria Regional da PFE-INSS

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. ADICIONAL DE 25%. ART. 45 DA LEI 8.213/91.


EXTENSÃO DEMAIS BENEFÍCIOS. PRINCÍPIO DA ISONOMIA.
CONSECTÁRIOS. LEI 11.960/2009. CUSTAS. HONORÁRIOS.
1. A possibilidade de acréscimo, nos termos do art. 45 da Lei nº 8.213/91, do
adicional de 25% ao valor percebido pela segurada, em caso de ela necessitar de assistência
permanente de outra pessoa, é prevista regularmente para beneficiários da aposentadoria por
invalidez, podendo ser estendida aos demais casos de aposentadoria em face do princípio da
isonomia. In casu, face as provas contidas nos autos, resta evidenciado que a autora necessita do
auxílio permanente de terceiros, razão pela qual faz jus ao adicional.
2. Declarada pelo Supremo Tribunal Federal a inconstitucionalidade do art. 1º-F da
Lei nº 9.494/97, com a redação dada pela Lei nº 11.960/2009, os juros moratórios devem
ser equivalentes aos índices de juros aplicáveis à caderneta de poupança (STJ, REsp
1.270.439/PR, 1ª Seção, Relator Ministro Castro Meira, 26/06/2013). No que tange à correção
monetária, permanece a aplicação da TR, como estabelecido naquela lei, e demais índices
oficiais consagrados pela jurisprudência.
3. Havendo o feito tramitado perante a Justiça Estadual do Rio Grande do Sul, o
INSS está isento do pagamento de custas, consoante o disposto no art. 11 da Lei Estadual n.
8.121/85, na redação dada pela Lei n. 13.471, de 23 de junho de 2010.
4. Os honorários advocatícios são devidos pelo INSS no percentual de 10% sobre o
valor das parcelas vencidas até a data da sentença de procedência ou do acórdão que reforma a
sentença de improcedência, nos termos da Súmula nº 111 do Superior Tribunal de Justiça e
Súmula nº 76 deste TRF.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a
Egrégia 5ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, por unanimidade, dar provimento
ao apelo da parte autora, nos termos do relatório, votos e notas de julgamento que ficam fazendo
parte integrante do presente julgado.
Porto Alegre, 28 de junho de 2016.

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Des. Federal ROGER RAUPP RIOS


Relator

Documento eletrônico assinado por Des. Federal ROGER RAUPP RIOS, Relator, na forma do artigo
1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de
março de 2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico
http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador
8233846v8 e, se solicitado, do código CRC 15318079.
Informações adicionais da assinatura:
Signatário (a): Roger Raupp Rios
Data e Hora: 30/06/2016 11:22

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APELAÇÃO CÍVEL Nº 0007955-84.2015.4.04.9999/RS


RELATOR : Des. Federal ROGER RAUPP RIOS
APELANTE : IRMA PERINE
ADVOGADO : Luiz Alfredo Ost e outro
APELADO : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
ADVOGADO : Procuradoria Regional da PFE-INSS

RELATÓRIO

Trata-se de apelação interposta contra sentença que julgou improcedente, a teor do


art. 269, I, do CPC/73, o feito no qual a parte autora objetiva que a Autarquia Previdenciária
conceda o acréscimo de 25% sobre sua aposentadoria por idade. Entendeu o Magistrado que a
possibilidade de concessão do acréscimo de 25% restringe-se ao benefício de aposentadoria por
invalidez. A parte autora foi condenada ao pagamento das despesas processuais e de honorários
advocatícios, fixados em setecentos e oitenta e oito reais, suspensos face à Assistência Judiciária
Gratuita.
Em suas razões recursais, a ora apelante sustenta que necessita de cuidados
permanentes de terceiros. Aduz, ainda, que a distinção entre a aposentadoria por invalidez e os
demais benefícios previdenciários para a concessão do adicional de 25% atenta contra a
dignidade da pessoa humana. Requer seja prolatado novo comando judicial, julgando-se o mérito
com a procedência dos pedidos postos na inicial ou a remessa dos autos à origem para produção
da prova requerida, alegando cerceamento de defesa.
O MPF opinou pela improcedência da demanda.
Com contrarrazões, vieram os autos para julgamento.
É o relatório.

VOTO

Do novo CPC (Lei 13.105/2015)

Consoante a norma inserta no art. 14 do atual CPC, Lei 13.105, de 16/03/2015, "a
norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente aos processos em curso,
respeitados os atos processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a vigência da
norma revogada". Portanto, apesar da nova normatização processual ter aplicação imediata aos
processos em curso, os atos processuais já praticados, perfeitos e acabados não podem mais ser
atingidos pela mudança ocorrida a posteriori.

Nesse sentido, serão examinados segundo as normas do CPC de 2015 tão somente

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os recursos e remessas em face de sentenças publicadas a contar do dia 18/03/2016.

Da ordem cronológica dos processos

Dispõe o art. 12 do atual CPC (Lei nº 13.105/2015, com redação da Lei nº


13.256/2016) que "os juízes e os tribunais atenderão, preferencialmente, à ordem cronológica de
conclusão para proferir sentença ou acórdão", estando, contudo, excluídos da regra do caput,
entre outros, "as preferências legais e as metas estabelecidas pelo Conselho Nacional de Justiça"
(§2º, inciso VII), bem como "a causa que exija urgência no julgamento, assim reconhecida por
decisão fundamentada" (§2º, inciso IX).

O caso presente encontra-se dentre aqueles considerados urgentes no julgamento,


vez que se refere a benefício por incapacidade, estando a parte autora, hipossuficiente,
hipoteticamente impossibilitada de laborar e obter o sustento seu e de familiares.

Do adicional de 25%

A controvérsia restringe-se à possibilidade de concessão do acréscimo de 25%,


previsto no art. 45, caput, da Lei de Benefícios, no benefício de aposentadoria por idade.

O art. 45 da Lei 8.213/91 estatui:

"O valor da aposentadoria por invalidez do segurado que necessitar da assistência


permanente de outra pessoa será acrescido de 25% (vinte e cinco por cento).

Discute-se se há ofensa à igualdade na ausência de previsão do acréscimo


monetário a benefício decorrente de aposentadoria por idade. O princípio da igualdade impõe que
se dê idêntico tratamento a indivíduos e situações semelhantes, exigindo um ônus de justificação
para a imposição de tratamento diferenciado. Todo juízo de igualdade implica a eleição de um
aspecto da realidade comparada. A norma jurídica deve, de modo justo, eleger qual o aspecto da
realidade justifica tratamento igual e qual outro pode, eventualmente, justificar tratamento
desigual. Assim, por exemplo, homens e mulheres merecem tratamento igual quanto à não-
discriminação na remuneração pelo exercício de mesma atividade (aqui a desigualdade fática
parcial - sexo - não justifica tratamento diferenciado), e merecem tratamento desigual quanto à
licença-gestante (agora, a desigualdade fática justifica o tratamento desigual).

Na hipótese sub judice, apresenta-se situação onde há igualdade quanto (a) à


condição de segurado aposentado da Previdência Social e (b) à condição de invalidez e a
necessidade de auxílio de terceiros.

Nos contornos em que discutida a matéria, a desigualdade parcial encontrada na


legislação, que enseja valor de benefício diverso, é a origem do benefício de aposentadoria.
Aqueles aposentados por invalidez percebem adicional; os demais, não. Qual a razão do
tratamento diferenciado? Tal discrimen tem fundamento racional que justifique a disparidade? Tal
diferenciação está conforme o sistema jurídico vigente? No debate jurisprudencial, invoca-se que
a aposentadoria por invalidez é, via de regra, imprevisível; aduz-se, ademais, que pode haver
diferença de renda (na aposentadoria por invalidez, ela será de 100%, ao passo que nas demais
pode haver variações). Como já foi dito, ausentes razões que justifiquem o tratamento
diferenciado, é obrigatório igual tratamento. Essa a síntese do mandamento normativo da

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igualdade. Privilegiar determinada prestação a pessoa em condição de invalidez em virtude da


espécie de benefício outorgado na proteção previdenciária é, s.m.j., desarrazoado.

O motivo que justifica a proteção securitária como um todo é o risco social,


fundamento de todo sistema de seguridade social. Os benefícios, previdenciários e assistenciais,
informam-se, em sua gênese constitucional, configuração legislativa e concretização
administrativa, pela mesma razão.

Se o sistema jurídico considera a necessidade decorrente da invalidez como


pressuposto de benefício, daí extraindo regimes jurídicos e os respectivos direitos subjetivos
(acréscimo de 25% para quem necessita auxílio de terceiros), não pode desconsiderar tal
elemento pelo mero fato de tratar-se de outra espécie de benefício; isto porque o discrimen não é
o tipo de benefício, mas a invalidez, sob pena de atuação em desconformidade com a finalidade
constitucional de toda a seguridade social e, com a razão de ser dos benefícios, sejam eles quais
forem.

A propósito, assim consta da fundamentação da Rcl 4.374/PE, em que o STF


alterou a interpretação da anterior ADI, em que afirmada a constitucionalidade do requisito
econômico de 1/4 do salário mínimo per capita para a concessão de BPC, "...o legislador deve
tratar a matéria de forma sistemática. Isso significa dizer que todos os benefícios da seguridade
social (assistenciais e previdenciários) devem compor um sistema consistente e coerente. Como
isso, podem-se evitar incongruências na concessão de benefícios, cuja consequência mais óbvia
é o tratamento anti-isonômico entre os diversos beneficiários das políticas governamentais de
assistência social." Saliente-se: "todos os benefícios da seguridade social (assistenciais e
previdenciários) devem compor um sistema consistente e coerente."

Diante desse quadro normativo evidente a lacuna legislativa, a ensejar o uso da


analogia como técnica calcada numa interpretação finalística e sistemática do direito da
seguridade social, afastando exclusão, discriminação ou tratamento privilegiado no âmbito do
sistema legal securitário.

Tomando como premissas (a) o fundamento constitucional da seguridade social,


suas finalidades e princípios, (b) o princípio da igualdade e a proibição de discriminação entre
segurados aposentados que experimentam invalidez e necessitam de cuidados de terceiros, (c) o
sistema jurídico previdenciário infraconstitucional e (d) a relevância por ele atribuída ao
fenômeno da invalidez como risco social protegido, conclui-se que se trata de lacuna legal, a ser
suprida pela aplicação de igual direito ao caso concreto.

Exemplificam a solução por analogia os seguintes julgados:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. INCORPORAÇÃO DA


GRATIFICAÇÃO DE INSALUBRIDADE. LEI COMPLEMENTAR ESTADUAL Nº 322/06.
ANÁLISE DE LEGISLAÇÃO LOCAL. INCIDÊNCIA DO ENUNCIADO DA SÚMULA N. 280 DO
STF. PRECEDENTES. 1. O direito local acaso violado por decisão judicial não autoriza a
interposição de recurso extraordinário. Precedentes: ARE n. 658.684-AgR, Segunda Turma,
Relator o Ministro Ricardo Lewandowski, Dje de 14.12.2011, e RE n. 470.188-AgR, Segunda
Turma, Relatora a Ministra Ellen Gracie, Dje de 25.06.2010. 2. In casu, o acórdão recorrido
assentou: "ADMINISTRATIVO - SERVIDOR DO PODER JUDICIÁRIO - INCORPORAÇÃO DA
GRATIFICAÇÃO DE INSALUBRIDADE - LCE Nº 322/06 - LEI QUE ABRANGE APENAS OS
SERVIDORES DO PODER EXECUTIVO - POSSIBILIDADE DE EXTENSÃO AOS SERVIDORES
DO JUDICIÁRIO - EXEGESE DO PRINCÍPIO DA IGUALDADE - MANUTENÇÃO DA

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SENTENÇA - IMPROVIMENTO DA APELAÇÃO CÍVEL E DA REMESSA NECESSÁRIA. Em


aplicação ao princípio constitucional da igualdade, é possível aplicar aos servidores do Poder
Judiciário a possibilidade de incorporação da gratificação de insalubridade, concedida
expressamente aos servidores do Poder Executivo por força da Lei Complementar Estadual n.
322/06. Esta interpretação constitucional da norma não implica em afronta ao disposto na Súmula
n. 339 do STF, porque não há aplicação de regra de uma categoria em favor de outra por analogia,
mas sim revelação do verdadeiro alcance da norma." 3. Agravo regimental a que se nega
provimento. (RE 603107 AgR, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, julgado em
28/08/2012, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-180 DIVULG 12-09-2012 PUBLIC 13-09-2012)

Valendo-se da analogia em matéria securitária, exemplificativamente, decidiu o


STJ:

ADMINISTRATIVO. MILITAR INATIVO. AUXÍLIO-INVALIDEZ. TERMO INICIAL. OMISSÃO DA


LEI. ANALOGIA.
- As leis de natureza social devem ser interpretadas e aplicadas de modo teleológico, buscando,
inclusive, luzes na analogia, de modo a atingir os seus elevados fins.
- Em face do silêncio da Lei nº 5.787/72 no tocante ao termo inicial do auxílio invalidez devido ao
militar julgado definitivamente incapaz para o serviço, é razoável a decisão que defere o benefício
a partir do requerimento administrativo, aplicando-se, por analogia, a legislação previdenciária.
- Recurso especial não conhecido. (REsp 271.845/SP, Rel. Ministro VICENTE LEAL, SEXTA
TURMA, julgado em 17/04/2001, DJ 13/08/2001, p. 304)

Neste tribunal, também aplicando o critério da analogia e suprindo lacuna legal:

PREVIDÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO CONCEDIDO ENTRE A DATA DA PROMULGAÇÃO DA


CONSTITUIÇÃO E A DATA DA VIGÊNCIA DOS NOVOS PLANOS DE CUSTEIO E BENEFÍCIO
DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CRITÉRIOS DE CÁLCULO DO VALOR INICIAL DO BENEFÍCIO.
CRITÉRIO DE REAJUSTE DO SEU VALOR. 1. A jurisprudência do TRF - 4ª firmou-se no sentido
de não considerar auto-aplicável o art. 202, caput, da CF. 2. Aos benefícios concedidos após a
data da promulgação da Constituição e antes da entrada em vigor das Leis n° 8.212/91 e n°
8.213/91 deve ser atribuído, por imperioso princípio de analogia, regime de reajustamento idêntico
ao estabelecido pelo art. 58 do ADCT. 3. Recurso parcialmente provido. (TRF4, AC 91.04.23661-0,
Segunda Turma, Relator Teori Albino Zavascki, DJ 05/08/1993)

Na hipótese vertente, a autora é aposentada por idade. A requerente (95 anos de


idade), representada por seu procurador, juntou documentos, entre os quais o atestado médico, de
fls. 12, datado de 09/11/2013, no qual o Dr. José Luiz Costa, médico cirurgião, consignou que a
ora recorrente "é totalmente dependente de terceiros para as atividades diárias, como higiene,
alimentação, etc..."
Portanto, trata-se de pessoa com alto grau de invalidez e que necessita de cuidados
permanentes de terceiros. Incontroversa, assim, a necessidade de auxílio permanente. Ao demais,
como explicitou o MPF, em relação ao pedido de produção de prova pericial, "entendo-a
desnecessária, uma vez que o fato de a autora depender de auxílio de terceiro não foi contestado
pela ré. Assim, a controvérsia refere-se unicamente a matéria de direito, comportando o feito
julgamento antecipado." (fls.30-verso).
Saliento que, com 95 anos de idade, nas condições mencionadas supra, fica claro
que a autora necessita do auxílio permanente de terceiros, sendo desnecessária a realização da
perícia judicial, a fim de verificar tal situação, razão pela qual faz jus ao adicional de 25%
estabelecido no artigo 45 da Lei nº 8.213/91.
É, pois, de se deferir o acréscimo pleiteado desde a época em que o adicional foi
requerido na via administrativa (13/11/2013 - fls. 15), haja vista que as provas constantes dos
autos evidenciam que, à ocasião, a necessidade permanente de auxílio de terceiros já se fazia

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presente.
Reformado, no ponto, o julgado para deferir o acréscimo de 25%, previsto no art.
45, caput, da Lei de Benefícios, sobre benefício de aposentadoria por idade, desde a data em que
requerido administrativamente.

Correção monetária

A correção monetária, segundo o entendimento consolidado na 3ª Seção deste


TRF4, incidirá a contar do vencimento de cada prestação e será calculada pelos índices oficiais e
aceitos na jurisprudência, quais sejam:

- ORTN (10/64 a 02/86, Lei nº 4.257/64);


- OTN (03/86 a 01/89, Decreto-Lei nº 2.284/86);
- BTN (02/89 a 02/91, Lei nº 7.777/89);
- INPC (03/91 a 12/92, Lei nº 8.213/91);
- IRSM (01/93 a 02/94, Lei nº 8.542/92);
- URV (03 a 06/94, Lei nº 8.880/94);
- IPC-r (07/94 a 06/95, Lei nº 8.880/94);
- INPC (07/95 a 04/96, MP nº 1.053/95);
- IGP-DI (05/96 a 03/2006, art. 10 da Lei n.º 9.711/98, combinado com o art. 20,
§§5º e 6.º, da Lei n.º 8.880/94);
- INPC (de 04/2006 a 29/06/2009, conforme o art. 31 da Lei n.º 10.741/03,
combinado com a Lei n.º 11.430/06, precedida da MP n.º 316, de 11/08/2006, que acrescentou o
art. 41-A à Lei n.º 8.213/91).
- TR (a partir de 30/06/2009, conforme art. 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação
dada pelo art. 5º da Lei 11.960/2009)

O Supremo Tribunal Federal, quando do julgamento das ADIs 4.357 e 4.425,


declarou a inconstitucionalidade por arrastamento do art. 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação
dada pelo art. 5º da Lei 11.960/2009, afastando a utilização da TR como fator de correção
monetária dos débitos judiciais da Fazenda Pública, relativamente ao período entre a respectiva
inscrição em precatório e o efetivo pagamento.

Em consequência dessa decisão, e tendo presente a sua ratio, a 3ª Seção desta Corte
vinha adotando, para fins de atualização dos débitos judiciais da Fazenda Pública, a sistemática
anterior à Lei nº 11.960/2009, o que significava, nos termos da legislação então vigente, apurar-se
a correção monetária segundo a variação do INPC, salvo no período subsequente à inscrição em
precatório, quando se determinava a utilização do IPCA-E.

Entretanto, a questão da constitucionalidade do uso da TR como índice de


atualização das condenações judiciais da Fazenda Pública, antes da inscrição do débito em
precatório, teve sua repercussão geral reconhecida no RE 870.947, e aguarda pronunciamento de
mérito do STF. A relevância e a transcendência da matéria foram reconhecidas especialmente em
razão das interpretações que vinham ocorrendo nas demais instâncias quanto à abrangência do
julgamento nas ADIs 4.357 e 4.425.

Recentemente, em sucessivas Reclamações, a Suprema Corte vem afirmando que,

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no julgamento das ADIs em referência, a questão constitucional decidida restringiu-se à


inaplicabilidade da TR ao período de tramitação dos precatórios, de forma que a decisão de
inconstitucionalidade por arrastamento foi limitada à pertinência lógica entre o art. 100, § 12, da
CRFB e o artigo 1º-F da Lei 9.494/97, na redação dada pelo art. 5º da Lei 11.960/2009. Em
consequência, as Reclamações vêm sendo acolhidas, assegurando-se que, ao menos até que
sobrevenha decisão específica do STF, seja aplicada a legislação em referência na atualização das
condenações impostas à Fazenda Pública, salvo após inscrição em precatório. Os
pronunciamentos sinalizam, inclusive, para eventual modulação de efeitos, acaso sobrevenha
decisão mais ampla quanto à inconstitucionalidade do uso da TR para correção dos débitos
judiciais da Fazenda Pública (Rcl 19.050, Rel. Min. Roberto Barroso; Rcl 21.147, Rel. Min.
Cármen Lúcia; Rcl 19.095, Rel. Min. Gilmar Mendes).

Em tais condições, com o objetivo de guardar coerência com os mais recentes


posicionamentos do STF sobre o tema, e para prevenir a necessidade de futuro sobrestamento dos
feitos apenas em razão dos consectários, a melhor solução a ser adotada, por ora, é orientar para
aplicação do critério de atualização estabelecido no art. 1º-F da Lei 9.494/97, na redação da Lei
11.960/2009.

Este entendimento não obsta a que o juízo de execução observe, quando da


liquidação e atualização das condenações impostas ao INSS, o que vier a ser decidido pelo STF
em regime de repercussão geral, bem como eventual regramento de transição que sobrevenha em
sede de modulação de efeitos.

Juros de mora

Até 29-06-2009 os juros de mora, apurados a contar da data da citação, devem ser
fixados à taxa de 1% ao mês, com base no art. 3º do Decreto-Lei n. 2.322/87, aplicável
analogicamente aos benefícios pagos com atraso, tendo em vista o seu caráter eminentemente
alimentar, consoante firme entendimento consagrado na jurisprudência do STJ e na Súmula 75
desta Corte.

A partir de então, deve haver incidência dos juros, uma única vez, até o efetivo
pagamento do débito, segundo o índice oficial de remuneração básica aplicado à caderneta de
poupança, nos termos estabelecidos no art. 1º-F, da Lei 9.494/97, na redação da Lei 11.960/2009.
Os juros devem ser calculados sem capitalização, tendo em vista que o dispositivo determina que
os índices devem ser aplicados "uma única vez" e porque a capitalização, no direito brasileiro,
pressupõe expressa autorização legal (STJ, 5ª Turma, AgRg no AgRg no Ag 1211604/SP, Rel.
Min. Laurita Vaz).

Quanto ao ponto, esta Corte já vinha entendendo que no julgamento das ADIs 4.357
e 4.425 não houvera pronunciamento de inconstitucionalidade sobre o critério de incidência dos
juros de mora previsto na legislação em referência.

Esta interpretação foi, agora, chancelada, pois, no exame do Recurso Extraordinário


870.947, o STF reconheceu repercussão geral não apenas à questão constitucional pertinente ao
regime de atualização monetária das condenações judiciais da Fazenda Pública, mas também à
controvérsia pertinente aos juros de mora incidentes.

Em tendo havido a citação já sob a vigência das novas normas, inaplicáveis as

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disposições do Decreto-lei 2.322/87, incidindo apenas os juros da caderneta de poupança, sem


capitalização.

Honorários advocatícios

Os honorários advocatícios são devidos pelo INSS no percentual de 10% sobre o


valor das parcelas vencidas até a data da sentença de procedência ou do acórdão que reforma a
sentença de improcedência, nos termos da Súmula nº 111 do Superior Tribunal de Justiça e
Súmula nº 76 deste TRF.
Honorários periciais a cargo da parte vencida.

Custas
Havendo o feito tramitado perante a Justiça Estadual do Rio Grande do Sul, o INSS
está isento do pagamento de custas, mas obrigado ao pagamento de eventuais despesas
processuais, consoante o disposto no art. 11 da Lei Estadual n. 8.121/85, na redação dada pela Lei
n. 13.471, de 23 de junho de 20 10. A distinção entre custas e despesas processuais aparece nítida
nos julgados seguintes:

PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ERRO MATERIAL CONFIGURADO.


(RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543-C, DO CPC.
EXECUÇÃO FISCAL. PAGAMENTO ANTECIPADO PARA EXPEDIÇÃO DE OFÍCIO AO
CARTÓRIO DE TÍTULOS E DOCUMENTOS E CIVIL DE PESSOAS JURÍDICAS PELA
FAZENDA PÚBLICA. DESNECESSIDADE. ART. 39, DA LEI Nº 6.830/80. ART. 27, DO CPC.
DIFERENÇA ENTRE OS CONCEITOS DE CUSTAS E DESPESAS PROCESSUAIS.
PRECEDENTES.)
1. Os embargos de declaração são cabíveis quando houver no acórdão ou sentença, omissão,
contrariedade ou obscuridade, nos termos do art. 535, I e II, do CPC.
2. Deveras, restou assentado no acórdão recorrido que, in verbis: "A isenção de que goza a
Fazenda Pública, nos termos do art. 39, da Lei de Execuções Fiscais, está adstrita às custas
efetivamente estatais, cuja natureza jurídica é de taxa judiciária, consoante posicionamento do
Pretório Excelso (RE 108.845), sendo certo que os atos realizados fora desse âmbito,
cujos titulares sejam pessoas estranhas ao corpo funcional do Poder Judiciário, como o leiloeiro e
o depositário, são de responsabilidade do autor exeqüente, porquanto essas despesas não assumem
a natureza de taxa, estando excluídas, portanto, da norma insculpida no art. 39, da LEF.
Diferença entre os conceitos de custas e despesas processuais." 3. Destarte, incorreu em erro
material o julgado, porquanto o pedido declinado nas razões recursais referiu-se à isenção das
custas processuais, sendo que, no dispositivo constou o provimento do recurso especial, com o
adendo de que, se vencida, a Fazenda Nacional deveria efetuar o pagamento das custas ao final.
4. Embargos de declaração providos para determinar que se faça constar da parte dispositiva do
recurso especial: "Ex positis, DOU PROVIMENTO ao recurso especial para determinar a
expedição da certidão requerida pela Fazenda Pública, cabendo-lhe, se vencida, efetuar o
pagamento das despesas ao final."
(EDcl no REsp 1107543/SP, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 23/06/2010,
DJe 01/07/2010)

PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. PAGAMENTO DE POSTAGEM DE CARTA


CITATÓRIA PELA FAZENDA PÚBLICA. DESNECESSIDADE. ART. 39, DA LEI Nº 6.830/80.
ART. 27, DO CPC. DIFERENÇAS ENTRE OS CONCEITOS DE CUSTAS E DESPESAS
PROCESSUAIS.
1. Consoante a orientação jurisprudencial firmada pela Primeira Seção esta Corte, a citação
postal constitui ato processual abrangido no conceito de custas processuais, de cujo pagamento a
Fazenda está dispensada, por força do art. 39 da Lei 6.830/80. Não se confunde com despesas
processuais, tais como os honorários de perito e os valores relativos a diligências promovidas por
Oficial de Justiça. É indevida, portanto, a exigência de prévio adimplemento do valor equivalente à
postagem de carta citatória. Precedentes.

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2. Recurso especial provido.


(REsp 1342857/MG, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado
em 25/09/2012, DJe 28/09/2012)

Conclusão

Restou provida a apelação da parte autora para condenar o INSS ao deferimento do


acréscimo de 25%, previsto no art. 45, caput, da Lei de Benefícios, sobre benefício de
aposentadoria por idade, desde a época em que o adicional foi requerido na via administrativa.

Dispositivo

Ante o exposto, voto no sentido de dar provimento à apelação da parte autora.

É o voto.

Des. Federal ROGER RAUPP RIOS


Relator

Documento eletrônico assinado por Des. Federal ROGER RAUPP RIOS, Relator, na forma do artigo
1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de
março de 2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico
http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador
8233845v13 e, se solicitado, do código CRC 5291CC83.
Informações adicionais da assinatura:
Signatário (a): Roger Raupp Rios
Data e Hora: 30/06/2016 11:22

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EXTRATO DE ATA DA SESSÃO DE 28/06/2016


APELAÇÃO CÍVEL Nº 0007955-84.2015.4.04.9999/RS
ORIGEM: RS 00026218820138210119
RELATOR : Des. Federal ROGER RAUPP RIOS
PRESIDENTE : Paulo Afonso Brum Vaz
PROCURADOR : Dr.Domingos Sávio Dresch da Silveira
APELANTE : IRMA PERINE
ADVOGADO : Luiz Alfredo Ost e outro
APELADO : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
ADVOGADO : Procuradoria Regional da PFE-INSS

Certifico que este processo foi incluído na Pauta do dia 28/06/2016, na seqüência
59, disponibilizada no DE de 07/06/2016, da qual foi intimado(a) INSTITUTO NACIONAL DO
SEGURO SOCIAL - INSS, o MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, a DEFENSORIA PÚBLICA
e as demais PROCURADORIAS FEDERAIS.
Certifico que o(a) 5ª TURMA, ao apreciar os autos do processo em epígrafe, em
sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
A TURMA, POR UNANIMIDADE, DECIDIU DAR PROVIMENTO À
APELAÇÃO DA PARTE AUTORA.
RELATOR
: Des. Federal ROGER RAUPP RIOS
ACÓRDÃO
VOTANTE(S) : Des. Federal ROGER RAUPP RIOS
: Des. Federal PAULO AFONSO BRUM VAZ
: Des. Federal ROGERIO FAVRETO

Lídice Peña Thomaz


Secretária de Turma

Documento eletrônico assinado por Lídice Peña Thomaz, Secretária de Turma, na forma do artigo 1º,
inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março
de 2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico
http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador
8419459v1 e, se solicitado, do código CRC 982DB425.
Informações adicionais da assinatura:
Signatário (a): Lídice Peña Thomaz
Data e Hora: 29/06/2016 01:54

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