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Memorial

“Qual a relação que estabeleço com uma pessoa com necessidades


especiais”

Quando penso em alguém atípico imagino logo a improbabilidade desse


indivíduo de se aproximar, de colher informações, de se relacionar com o espaço
e com pessoas. Aquele ‘coitado’ nasceu de forma errada, ou obteve essa forma
ao longo da vida e logo aquilo tomou-se uma proporção tão imensa que engoliu
toda a subjetividade que aquela pessoa tinha.

Não são defeitos, são características. E é isso que eu quero dizer do meu
primo, que é um homem atípico, me relacionando apenas no ponto de vista
pessoa, relevando apenas alguns fatos sobre algumas das suas dificuldades em
relação a preconceitos e descriminação.

Henrique nasceu e logo mostrou ser diferente das outras crianças. Seu
raciocínio e sua função motora eram mais vagarosa, seus gestos mais curtos.
Eu não o conheci, se o conheci não me lembro, ele não foi na minha vida algo
que eu fui apresentada, já que quando eu nasci ele já estava lá, fazendo parte
da minha família.

Henrique não é tratado de forma irrelevante, porém também não é


enaltecido. Por ser um jovem muito educado é até mesmo visto como exemplo.
Dentro de toda a área onde ele está que descendem dos mesmos ascendentes,
percebe-se a sua integração no ambiente.

Uma das maiores dificuldades de Henrique na qual eu presenciei foi a ida


em uma escola estadual, a qual, não estava preparada para o seu recebimento.
Henrique acabou sofrendo Bullying de colegas e virando motivo pra piadas
devido ao seu desempenho. Vendo aquilo tudo acontecer, a mãe de Henrique
decidiu questionar-se: será que o filho dela não tinha direito de ter um tratamento
digno em uma escola?

Toda vez que vejo Henrique me surpreendo mais, seus pedidos de ajuda
acompanhados de “ grandes obrigados” felizes mostra que quando a educação
e a inclusão trabalham juntas, o sujeito atípico torna-se apenas um sujeito: que
pode estudar, que pode trabalhar e que merece conhecer o mundo como todos.

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