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Caio de Omulu - O Sacrifício de Animais Nos Cultos Afro PDF
Caio de Omulu - O Sacrifício de Animais Nos Cultos Afro PDF
NA UMBANDA
Por Caio de Omulu
ÍNDICE
PALAVRAS INICIAIS
OS ARGUMENTOS
•
º
1 Argumento – A Evolução da Vida
•
º
2 Argumento – As Leis de Sobrevivência, Preservação das Espécies; A Vida, a Alma
e a Morte
•
º
4 Argumento – Magia, a Lei das Manifestações e o Sangue
•
º
5 Argumento – Os Orixás e os Seres Elementais
OS FUNDAMENTOS
•
º
1 Fundamento – Da Ancestralidade
•
º
2 Fundamento – Da Ética
•
º
3 Fundamento – Da Magia
• Algumas considerações
PALAVRAS FINAIS
BIBLIOGRAFIA DA PESQUISADA
PALAVRAS INICIAIS
Este trabalho é fruto das discussões e debates realizados na nossa lista de
umbanda. Também é resultado de uma promessa feita por mim de que forneceria
um material sobre esta questão.
Na verdade o tema, Sacrifício de Animais nos Cultos Afro-Brasileiros e na
Umbanda, nunca tinha sido um assunto pesquisado por mim de forma racional.
Este ritual era aceito por minha fé, meio como um dogma. Embora eu esteja
procurando responder as dúvidas e inquirições de muitos que questionam e
questionaram isto na lista, na verdade eu estou nestas páginas formando minha
própria opinião sobre um assunto, ou melhor dizendo, fundamentando a minha fé
de forma racional sobre esta polêmica. Talvez por isso tenha demorado tanto a
sair.
A maior luta que eu travei foi comigo mesmo para conseguir extrair do meu
consciente o que a minha fé tranqüilamente já havia resolvido no meu
subconsciente.
Acho que consegui.
Se para alguém que ler tudo o que aqui foi escrito, de nada valer ou facilmente
conseguir contestar, o que posso fazer.
Para mim no entanto, já fiquei feliz em saber que consegui desenvolver um
trabalho que respaldou racionalmente a fé que possuo nas instruções e
ensinamentos que recebo no Culto Omolocô do Brasil, através da minha Mãe de
Santo, dos guias, meus mestres espirituais e do Pai Joaquim de Angola, preto-
velho, mentor do terreiro que freqüento.
Minha intenção aqui jamais foi de convencer ninguém. Que isto fique bem claro.
Outra questão é que muito do que aqui será citado se encontra espalhado em uma
diversidade de literatura Umbandista ou não e que a minha participação nisto tudo
foi apenas de juntar estas pérolas com o cordão da minha opinião e da minha
intuição.
Eis, portanto um colar que ofereço como presente a todos os meus irmãos na lista.
Para podermos compreender o verdadeiro sentido dos sacrifícios de animais tanto
no Candomblé, como nos rituais do Culto Omolocô, ou em qualquer páramo que o
mesmo se realizar, estando é claro incluso dentro do universo daquilo que
denominamos religiões afro-brasileiras e Umbanda, temos que ir a busca de
informações diversas que juntas comporão o arcabouço de nossos fundamentos,
são os argumentos de sustentação.
Era portanto necessário dentro desta via de evolução criar duas coisas:
1º) Uma forma em que pudesse fornecer a eles meios de vivenciar esta energia-
massa.
2º) Um processo evolutivo de harmonização com a nova ordem das coisas para
que suas lições não fossem desperdiçadas.
Deus-Pai assim providenciou as condições necessárias de ambas as
necessidades.
Encurtando a história pois longa ela é, e trazendo mais de perto para o nosso
planeta começamos a vivenciar o que a ciência defende como a evolução
darwiniana, evidentemente acrescentada de valores que vão além do campo
científico.
(TABELA I)
(Tabela II)
As Propriedades Primordiais dos Reinos adquiridos pelos Espíritos
REINO - PROPRIEDADE
ELEMENTAL - Os primeiros contatos com o plano físico
MINERAL - Estrutura e organização molecular.
VEGETAL - Sentimento e sensações
ANIMAL - Instinto, preservação e sobrevivência
A vida que aqui nos referimos é o prana dos Iogues, o princípio vital dos Teósofos,
a força vital (ou energia essencial de vida) dos rosacruzes, tattvas dos Vedas e o
Nephesh da Bíblia Sagrada que significa o alento da vida, anima, mens, vita, a
vida ou alma vital, que existe em todos os seres vivos, em toda a molécula
animada e até de cada átomo mineral. Não é o espírito, nem é individual.
O SANGUE
O Sangue é a linfa da vida e elemento imprescindível no ser vivo,
pois, além de sua função propriamente física, ainda capta e absorve
as forças vitalizantes do Sol, como o "prana", o magnetismo lunar e
certos fluidos do mundo astral. A sua circulação rapidíssima é
imantada pela eletricidade animal e nutrida pelos éteres que se
emana dos diferentes planos de manifestação do espírito e flui
através do perispírito. Portanto, denota-se claramente, que a
circulação sangüínea é por onde trafega a força vital tendo em vista,
que sem a circulação do sangue no organismo o corpo morre
entrando em pouco tempo em estado de decomposição. O
importante a se destacar o papel que o sangue possui nos estudos
oculistas e magísticos. Ramatsariar já dizia que o sangue "contém
todos os mistérios secretos da existência", e Levi "é a primeira
encarnação do fluido universal, a luz vital materializada".
No ser humano representa a fonte de vitalização mais material da
unificação das energias que possibilitam a harmonização da
sustentação da unificação corpo material, perispírito e espírito. No
reino animal é a base material do Nepesh ou força vital. Com este
significado no reino animal o sangue é vitalidade pura, repositório de
energias imponderáveis, fluido magístico com grande poder
energético de efeito adicionador. Por ser plasma, seiva, linfa material
mas com emanações etéricas e agregações fluídicas espirituais em
sua formação a força coadjuvante do sangue em plasmar e vitalizar
qualquer coisa no reino astral é muito poderosa. Seu potencial
vitalizador de formas-pensamento, de ideações, desejos e emoções
é incontestável. O sangue possui o efeito cristalizador para qualquer
efeito mágico e sobrenatural. A formação de égregoras
consangüíneas, familías, irmandades, pactos de sangue
exemplificam o seu poder catalizador.
1º Fundamento – Da Ancestralidade
Com certeza, o Sacrifício de Animais é um ritual herdado de forma hereditária dos
fundamentos dos Cultos praticados na África. O Candomblé desenvolve esta
prática e antes dele as inúmeras seitas e cultos africanos.
Infelizmente o ecletismo e pluralidade de doutrina dentro da Umbanda e dos
Cultos Afro-Brasileiros são inúmeras. Não existe codificação e as ramificações são
incontáveis. Do advento de Zélio de Moraes e muito antes dele, da Umbanda
Esotérica, OICD e outros, dos Candomblés de Caboclo, do Culto Omolocô, da
Pajelança, dos diversos Xangôs, do Batuque de Minas e partindo para fora, em
Cuba, somente para citar um exemplo, com suas Santerias. Tudo está envolvido
em um grande guarda-chuva chamado Umbanda.
O que podemos retirar como sumo vital de tudo isto ? O que é comum a todos ?
Os Orixás, as entidades e a manifestação mediúnica. O resto se perde num
emaranhado de ritos e doutrinas que muda de terreiro para terreiro, de Pai ou Mãe
de Santo para Pai ou Mãe de Santo.
O importante nisso tudo é que o trabalho de entidades e Orixás estão sendo
realizados. Dentro de um grande plano divino, os objetivos gerais que são: de
permitir a cada grau conscencional sua evolução e a difusão da assistência
caritativa aos que buscam esperançosos os diversos templos, bem como a difusão
do perdão, do bem do amor etc., estão claro com muitas restrições, caminhando.
O que eu quero dizer, com estas colocações é que por tudo isso ninguém pode
chegar com autoridade o suficiente para dizer: "Sacrifício de animais é algo
primitivo e não possui mais razão de ser". Se as coisas funcionassem desta forma
a Umbanda hoje, estaria devidamente codificada e plenamente definida, e esta
miscelânea que vivenciamos teria perdido totalmente o sentido.
Por isso, a ancestralidade deste rito é válida como fundamento.
Se considerarmos do ponto de vista bíblico, o sacrifício de animais é algo que vem
desde a história de Caim e Abel. Deus se agradou do sacrifício de Abel que imolou
em oferenda os primogênitos de seu rebanho e recusou a oferta de Caim que
tinha sido parte de sua colheita agrícola.
Já antes do Dilúvio, os animais eram mortos a fim de prover roupa ao homem e
para fins sacrificiais. (Gên 3:21; 4:4) Os animais são almas viventes que não são
humanas. (Núm 31:28)
Dentro de uma ótica cristã – judaica, o sangue era o principal elemento catalisador
de ofertas e oferendas a Deus. Havia apenas um uso do sangue aprovado por
Deus, a saber, para sacrifícios. Ele mandou que os que estavam sob a Lei
mosaica oferecessem sacrifícios de animais para expiar pecados. (Le 17:10, 11)
Estava também em harmonia com a Sua vontade que Seu Filho, Jesus Cristo,
oferecesse sua perfeita vida humana em sacrifício pelos pecados (He 10:5, 10).
A aplicação do sangue de Cristo, para salvar vidas, foi prefigurada de diversas
maneiras nas Escrituras Hebraicas. Por ocasião da primeira Páscoa, no Egito, o
sangue na parte superior das portas e nas ombreiras das casas israelitas protegeu
o primogênito lá dentro de ser morto pela mão do anjo de Deus. (Êx 12:7, 22, 23;
1Co 5:7) O pacto da Lei, que tinha uma particularidade típica para a remoção dos
pecados, foi validado pelo sangue de animais. (Êx 24:5–8) Os numerosos
sacrifícios de sangue, especialmente os oferecidos no Dia da Expiação, eram para
a típica expiação de pecados, apontando para a verdadeira remoção dos pecados
por meio do sacrifício de Cristo (Le 16:11, 15-18).
O poder jurídico do sangue aos olhos de Deus, conforme aceito por ele para fins
de expiação, foi ilustrado pelo derramamento de sangue à base, ou junto ao
alicerce, do altar e de ser posto os chifres do animal imolado no altar. O arranjo de
expiação tinha como base, ou alicerce, o sangue, e o poder (representado pelos
chifres). (Le 9:9; He 9:22; 1Co 1:18).
Mas o sangue e o sacrifício de animais dentro do contexto bíblico, não era
somente ligado a expiação dos pecados, mas também significava purificação.
O lugar de moradia de Jeová ou qualquer lugar em que ele more de forma
representativa é um lugar santificado ou santo, um santuário. O tabernáculo no
ermo e os templos mais tarde construídos por Salomão e por Zorobadel
(reconstruído e ampliado por Herodes, o Grande) eram chamados de "miq dásh"
ou qó dhesh, lugares "postos à parte" ou "santos". Situados no meio de um povo
pecaminoso, estes lugares tinham de ser periodicamente purificados (em sentido
típico ou pictórico) do aviltamento, por meio da aspersão de sangue de animais
sacrificiais. (Le 16:16)
Nas festividades também, que sempre possuíam um caráter religioso, o sacrifício
de animais era largamente utilizado. Como na Festividade dos Pães Não
Fermentados ocorrida de 15 a 21 de abide (nisã) realizadas pelo Rei Ezequias,
depois de ele ter limpado o templo. celebração que naquela ocasião, foi
prolongada por mais sete dias. O relato diz que o próprio Ezequias contribui para o
sacrifício de 1.000 novilhos e 7.000 ovelhas, e que os príncipes contribuíram com
1.000 novilhos e 10.000 ovelhas. (2Cr 30:21-24)
Na história bíblica as duas maiores alianças realizadas por Jeová uma com
Abraão e a outra com Moisés foram firmadas através de sacrifícios de animais e
sangue como elementos principais de confirmação.
No caso de Abraão visto que Sara continuava estéril, parecia que Eliezer, o fiel
mordomo doméstico, de Damasco, receberia a herança de Abraão. Todavia,
Jeová de novo assegurou a Abraão que sua própria prole seria inumerável, como
as estrelas do céu, e, assim, Abraão "depositou fé em Jeová; e este passou a
imputar-lhe isso como justiça. (Gên 15:1-6; Ro 4:9, 10) Jeová concluiu então com
Abraão um pacto formal, à base de sacrifícios de animais, e, ao mesmo tempo,
revelou que a descendência seria afligida por um período de 400 anos, sendo até
levada cativa em escravidão. (Gên 15:7-21).
O Pacto da Lei foi quando da transmissão da Tábuas, transmitida por meio de
anjos, pela mão de um mediador, Moisés, e que entrou em vigor com o sacrifício
de animais no Monte Sinai. (Gál 3:19; He 2:2; 9:16-20)
Naquela oportunidade, Moisés aspergiu sobre o altar a metade dos sangue dos
animais sacrificados, daí, leu o livro do pacto para o povo, que concordou em ser
obediente. Depois disso, ele aspergiu o sangue sobre o livro e sobre o povo. (Êx
24:3-8).
E finalmente das dez pragas lançadas sobre o Egito duas envolveram o sangue e
o sacrifício de animais. Uma foi a transformação de todas as águas em sangue e
outra a, já relatada, da morte dos primogênitos. (Êx 7 a 13)
O Antigo Testamento está, portanto permeado de sacrifícios de animais com
derramamento de sangue. Sob a jurisdição cristã, a santidade do sangue foi
enfatizada com vigor ainda maior no Novo Testamento, com a imolação do
Cordeiro Divino Nosso Senhor Jesus Cristo que derramou o seu sangue para lavar
os pecados da face da Terra. Até nos dias atuais o vinho simbolicamente significa
o sangue de Jesus e é bebido e consagrado pelo Padre.
Partindo para as escolas iniciáticas dos grandes mistérios, vemos no berço da
cerimônias de iniciação, o Egito, os famosos Mistérios de Ísis. Papus em seu livro
"ABC do Ocultismo" revela toda a ritualística destes mistérios iniciáticos, com
riqueza de detalhes. Na descrição do Templo existe o destaque para a
OUSEKTH-KHA: A sala da elevação ou ofertório em que eram expostas as
oferendas vegetais e animais feitas ao templo.
Nessa sala, por meio da força vital dos animais sacrificados, os sacerdotes
preparavam as aparições e as evocações das salas de mistério, localizadas
no fundo do templo e construídas como grutas naturais.
Nos sacrifícios de animais, considerados atualmente como primitivo e
desnecessário estão séculos de ancestralidade e tradição.
2º Fundamento – Da Ética
A Ética está muito arraigada ao 5º Mandamento "Não Matarás".
Mas como vimos, ao receber as Tábuas da Lei, Jeová confirmou com Moisés um
pacto a base de sacrifícios de animais, logo o sacrifício de animais não estava
incluso no âmbito deste quinto mandamento. Percebe-se, que este sacrifício
permitido esta ligado a práticas ritualísticas (ofertas, oferendas, purificação,
pactos, alianças, expiação, misericórdia, etc.) e mesmo iniciáticas. (evocatória e
invocatória).
E por que o quinto mandamento não inclui a matança de animais como contrária a
Lei de Deus ?
Um primeiro motivo é óbvio, a alimentação carnívora faz parte da nutrição do ser
humano desde que o mundo é mundo. O segundo motivo, já largamente explicado
nos argumentos é revisado agora dentro do contexto bíblico. O Nephesh, que
anima o reino animal e por todo Gênese, quando esta palavra é citada, indica a
Criação do Reino animal, sendo assim totalmente diferenciado de Neshamah o
fôlego de Deus nas narinas de Adão.
Ora, muitos neste momento deve estar estranhando as minhas diversas
comparações, citações bíblicas e digressões principalmente no tocante a Gênese,
Moisés e o Pentateuco (os cinco livros atribuídos a Moisés). A questão é que
Moisés como é sabido, era príncipe egípcio, iniciado nos Mistérios de Ísis por
Jehtro, seu sogro e sumo-sacerdote da Escolas Iniciáticas.
Portanto, conhecia Moisés todos os segredos e mistérios Mágicos e Cabalísticos.
E como conhecedor destes mistérios, podia como o fez, transmitir para o povo
judeu a verdade só que sobre uma capa velada. Velada ou não as verdades
apreendidas por Moisés de fonte fidedigna pode não estar clara na Bíblia, ter sido
alterada, adulterada, manipulada, suprimida e muito mais, mas estão ali. "Buscais
a verdade e ela vos revelará a sua face".
Logo, ao sacrificarmos animais, dentro de uma ritualística própria, organizada e
dirigida a um determinado fim, não estamos matando um ser vivo com alma
individualizada, um ser que possui um direcionamento kármico definido e que a
morte através do sacrifício esteja brutalmente sendo interrompida.
O segredo dessa história está em que na morte do ser humano não existe
transformação da energia, já que somente o corpo material se desagrega, o
espírito não.
No caso dos animais o seu Nephesh retorna ao seu lócus original, sendo
absorvida pela Alma Grupo e devidamente transformado em experiência e outros
atributos em benefício da mesma.
Matar um ser humano sim, fere gravemente as Leis de Deus, pois destrói ou
interrompe todo um processo reencarnatório, arquitetado, planejado pelos
responsáveis dos processos kármicos, além de impedir um espírito de continuar o
seu processo evolutivo.
3º Fundamento – Da Magia
No sacrifício dos animais encontramos todas as Leis da Magia em ação.
Antes de mais nada, a mente e a dinâmica de pensamento são os motores
básicos do direcionamento magístico e este movimento provocado pela emissão
do pensamento produz energia que pode ser positiva ou negativa conforme o
direcionamento dado ao sacrifício. Estudemos a composição do ritual mágico do
sacrifício de animais, vulgarmente chamado de matança para podemos
compreender toda a sua amplitude.
Como membro do Culto Omolocô do Brasil apenas posso dissertar sobre o que
acontece dentro deste universo religioso. Embora exista diferenças de ritual e
direcionamento nos diversos cultos que praticam o sacrifício de animais, a
mecânica não muda muito.
A utilização dos sacrifícios de animais são apenas relacionados aos Orixás e
Exús e pelos os seguintes motivos: oferendas, obrigações com os mesmos,
evocação e invocação.
Em todas as situações existem a presença do emissor (Pai de Santo ou Mãe de
Santo), objetos físicos (alguidar, velas e demais elementos inerentes aos Orixás
ou Exús, os seus axés) e a presença ou não do consulente, filho(a) de santo ou de
pessoas que formam a corrente vibratória e ajudam no ritual.
Esquematicamente:
Algumas Considerações
O momento do derramamento do sangue dos animais sacrificados é o instante
mágico em que é feito o elo de ligação entre todas as energias envolvidas
(pensamentos, desejos e emoções de um lado; com o poder de projeção dos
objetos manipulados pelo magista; mais a ação astro-etérica das entidades
espirituais evocadas ou invocadas no referido trabalho; bem como a força vital ou
Nephesh que se esvai com a morte do animal).
O sangue jorrado funciona como catalizador explosivo, a ignição que canaliza a
poderosa corrente de energias etéricas, imprimindo velocidade para que
rapidamente se elimine o espaço, ou seja a distância entre o emissor e o receptor.
Mais do que isso, o sangue derramado potencializa nos objetos manipulados
quando neles aspergidos o efeito de transferência já citado. Por isso, estes objetos
somente podem ser removidos após um determinado tempo.
Esta potencialização também é transformada em magnetização ou imantação
deixando parte desta energia como fonte de recursos talismânicos nos objetos
usados no sacrifício.
De forma nenhuma, embora muitos queiram dar este sentido, as entidades
envolvidas no processo se alimentam deste sangue, nem tão pouco os
participantes físicos. O intuito é apenas de caráter energético. Isto pelo menos, no
Culto Omolocô.
Todo o ritual, seus apetrechos, cânticos, organização, posicionamento,
arrumação, utilização e colocação de cada coisa em determinadas posições, bem
como, o resguardo para o desmanche da obrigação, o que comumente chamamos
de levantar o trabalho, visa exclusivamente a montagem e manutenção da
égregora magística e mística que se forma.
PALAVRAS FINAIS
A bem da verdade, quero deixar, bem claro, que acredito que chegará época não
muito distante que tanto o sacrifício de animais, como outras práticas ditas
ultrapassadas ou primitivas, deixem de existir. Quando este tempo chegar elas
serão substituídas por métodos mais avançados ou evoluídos espiritualmente. No
entanto, até que esta evolução aconteça o sacrifício de animais ainda é um
instrumento útil, válido para prática nos cultos que a utilizam e poderoso nos seus
elementos magísticos e ritualísticos.
Como disse no início a minha intenção ao escrever estas páginas não foi de
convencer ninguém e sim de contribuir para fundamentar e explicar com base nos
estudos mais avançados que possuímos o ritual, as vezes tão mal compreendido
e que vive na maioria das vezes sem explicação.
Não sei se alcancei os objetivos e satisfiz a contento a expectativa de todos.
Mas com certeza eu sei que entreguei para quem vier a ler estes escritos muita
coisa para pensar.
Quaisquer dúvidas pela lista ou através do meu e-mail particular:
crqo@mcanet.com.br
Namastê
Caio de Omulu
CULTO OMOLOCÔ
crqo@mcanet.com.br
ICQ 28589256
BIBLIOGRAFIA PESQUISADA
Umbanda A Proto-Síntese Cósmica – F. Rivas Neto
Umbanda Essa Desconhecida – Roger Feraudy
O Código de Umbanda – Rubens Saraceni
Serões do Pai Velho – Babajinanda
Magia de Redenção – Ramatis
Fundamentos de Teosofia – C. Jinarajadasa
Glossário Teosófico – Helena P. Blavatsky
Orixás – Pierre Fatumbi Verger
ABC do Ocultismo – Papus
Manual Rosacruz – H. Spencer Lewis
Anatomia Esotérica – Douglas Baker
Estudo Perspicaz das Escrituras – Sociedade de Torre de Vigia de Bíblias e
Tratados
Catecismo da Igreja Católica – Concílio Ecumênico Vaticano II
Bíblia Sagrada – Edição Pastoral