Você está na página 1de 25

O SACRIFÍCIO DE ANIMAIS NOS CULTOS AFRO-BRASILEIROS E

NA UMBANDA
Por Caio de Omulu

ÍNDICE
PALAVRAS INICIAIS
OS ARGUMENTOS

º
1 Argumento – A Evolução da Vida


º
2 Argumento – As Leis de Sobrevivência, Preservação das Espécies; A Vida, a Alma
e a Morte

• 3º Argumento – A Diferença entre o Nephesh e a Alma do Ser Humano


º
4 Argumento – Magia, a Lei das Manifestações e o Sangue


º
5 Argumento – Os Orixás e os Seres Elementais

OS FUNDAMENTOS

º
1 Fundamento – Da Ancestralidade


º
2 Fundamento – Da Ética


º
3 Fundamento – Da Magia

• Algumas considerações

PALAVRAS FINAIS
BIBLIOGRAFIA DA PESQUISADA

PALAVRAS INICIAIS
Este trabalho é fruto das discussões e debates realizados na nossa lista de
umbanda. Também é resultado de uma promessa feita por mim de que forneceria
um material sobre esta questão.
Na verdade o tema, Sacrifício de Animais nos Cultos Afro-Brasileiros e na
Umbanda, nunca tinha sido um assunto pesquisado por mim de forma racional.
Este ritual era aceito por minha fé, meio como um dogma. Embora eu esteja
procurando responder as dúvidas e inquirições de muitos que questionam e
questionaram isto na lista, na verdade eu estou nestas páginas formando minha
própria opinião sobre um assunto, ou melhor dizendo, fundamentando a minha fé
de forma racional sobre esta polêmica. Talvez por isso tenha demorado tanto a
sair.
A maior luta que eu travei foi comigo mesmo para conseguir extrair do meu
consciente o que a minha fé tranqüilamente já havia resolvido no meu
subconsciente.
Acho que consegui.
Se para alguém que ler tudo o que aqui foi escrito, de nada valer ou facilmente
conseguir contestar, o que posso fazer.
Para mim no entanto, já fiquei feliz em saber que consegui desenvolver um
trabalho que respaldou racionalmente a fé que possuo nas instruções e
ensinamentos que recebo no Culto Omolocô do Brasil, através da minha Mãe de
Santo, dos guias, meus mestres espirituais e do Pai Joaquim de Angola, preto-
velho, mentor do terreiro que freqüento.
Minha intenção aqui jamais foi de convencer ninguém. Que isto fique bem claro.
Outra questão é que muito do que aqui será citado se encontra espalhado em uma
diversidade de literatura Umbandista ou não e que a minha participação nisto tudo
foi apenas de juntar estas pérolas com o cordão da minha opinião e da minha
intuição.
Eis, portanto um colar que ofereço como presente a todos os meus irmãos na lista.
Para podermos compreender o verdadeiro sentido dos sacrifícios de animais tanto
no Candomblé, como nos rituais do Culto Omolocô, ou em qualquer páramo que o
mesmo se realizar, estando é claro incluso dentro do universo daquilo que
denominamos religiões afro-brasileiras e Umbanda, temos que ir a busca de
informações diversas que juntas comporão o arcabouço de nossos fundamentos,
são os argumentos de sustentação.

1º Argumento – A Evolução da Vida.


Vivíamos uma vida evolutiva sem a necessidade do que chamamos matéria.
Éramos por assim dizer espíritos em sua mais pura essência. Matéria ou energia-
massa não existia. Tínhamos então uma Via de Evolução que chamo de Original
possuindo nesta via um Karma que denomino Causal. Se vivíamos em pares ou
não, e como se conduzia este processo evolutivo, sem a existência de matéria, ou
o que era este Karma Causal, nesta linha de argumentação é irrelevante.
Importante é que para a nossa linha de raciocínio em algum instante, individual ou
coletivamente, houve um desequilíbrio provocado por uma necessidade de
experimentação mais objetiva desta individualidade. Foi esta necessidade de
experimentação, que se consubstanciou em uma vontade interior de vivenciar a si
mesmo de forma mais concreta, este sentimento maior de complementação que
provocou, quando alcançou proporções indescritíveis, ou seja, contagiou por
assim dizer a um número inigualável de seres espirituais, uma exsudação que se
transmutou naquilo que denominamos de energia-massa ou na sua forma mais
densa a matéria.
Esta exsudação é fácil de ser entendida já que seu fenômeno é uma Lei Divina.
Se pararmos por um instante e nos concentrarmos mentalmente em um elefante
cor de rosa imediatamente no mundo espiritual é criado esta forma-pensamento
que durará o tempo que a energia despendida pela nossa mentalização durar.
Imaginemos agora o poder que uma ansiedade, um sentimento, uma necessidade
intrínseca de uma multidão inigualável de espíritos pode criar coletivamente ?
Realmente é a formação de algo indescritível.
O que esta exsudação formou (energia-massa) criou a primeira existência de algo
que não pertencia ao mundo do Cosmo Espiritual. Como esta energia-massa era
algo indefinido, sem ordenação, totalmente desequilibrada podemos denominá-la
de Caos. A Gênese de Moisés começa a contar a história exatamente deste
ponto.
Ora, Deus como Pai misericordioso que é vendo que era inevitável esta
experimentação e percebendo que da forma como a energia-massa estava se
formando não proporcionava condições aos espíritos de alcançarem os seus
objetivos, resolveu em sua Sabedoria Divina intervir colocando ordem no Caos, ou
melhor dizendo moldando esta energia-massa de forma que os espíritos
pudessem realizar as suas experimentações e retirarem as lições que tanto
ansiavam.
Neste instante a ciência, na Teoria do Big Bang, começa a contar a história do
universo.
Vejamos que a exsudação formou o Caos de energia-massa como um elemento
extrínseco ao Cosmo Espiritual, Deus, Grande Arquiteto do Universo, no seu Fiat
Lux gerou a expansão desta energia-massa como uma grande explosão de onde
o que não possuía forma começava a ser moldado para possuí-la.
Assim começou a formação do que denomino Universo-astral ou reino da energia-
massa que na sua forma mais densa se transformou naquilo que entendemos por
matéria. Os espíritos geravam uma segunda via de evolução e por conseqüência
um Karma constituído ou adquirido.
Iniciava para todos nós uma longa e profunda queda nos reino denso da matéria e
uma longa jornada de retorno a verdadeira pátria, o Cosmo Espiritual.
A Física Quântica defende desde a muito a expansão contínua do Universo e mais
recentemente experimentações científicas determinam uma ligeira curvatura neste
processo expansivo o que determina, ainda de forma empírica, uma possível
desaceleração desta expansão seguida de uma posterior retração. Para um bom
entendedor meia palavra basta...
Bom, voltando aos espíritos...
Esta 2ª Via de Evolução embora tivesse sido ocasionada por eles lhes era
totalmente desconhecida, e mais seus tônus vibratórios espirituais não se
harmonizavam com esta nova realidade.

Era portanto necessário dentro desta via de evolução criar duas coisas:
1º) Uma forma em que pudesse fornecer a eles meios de vivenciar esta energia-
massa.
2º) Um processo evolutivo de harmonização com a nova ordem das coisas para
que suas lições não fossem desperdiçadas.
Deus-Pai assim providenciou as condições necessárias de ambas as
necessidades.
Encurtando a história pois longa ela é, e trazendo mais de perto para o nosso
planeta começamos a vivenciar o que a ciência defende como a evolução
darwiniana, evidentemente acrescentada de valores que vão além do campo
científico.

(TABELA I)

EVOLUÇÃO DA VIDA NO PLANETA TERRA

PLANO FÍSICO - PLANO ESPIRITUAL - SITUAÇÃO


REINO ELEMENTAL (*) - Essência Elemental - Coletiva

REINO MINERAL - Alma Grupo Mineral - Coletiva


REINO VEGETAL - Alma Grupo Vegetal - Coletiva
REINO ANIMAL(Invertebrados e Vertebrados)- Alma Grupo Animal -
Coletiva

REINO HUMANO(Ser Humano) - Alma Individualizadas - Individual


(*) Este reino elemental está relacionado aos princípios básicos de formação da
vida no planeta Terra, ou seja, as essências ou estruturas primitivas de
estruturação, portanto não confundir com os Elementais que possuem evolução
paralela totalmente diferente, embora estejam relacionados com a nossa inclusive
com funções bastantes específicas.
A bem da verdade, quando envolvidos pela energia-massa, gerada pela
exsudação deles próprios, não foi possível um envolvimento imediato já que, como
já disse, o tônus vibratório espiritual dos espíritos não conseguia interagir com a
energia massa. Lógico que sem um envolvimento completo com a energia-massa
o intuito pelo qual os espíritos abdicaram de sua evolução original não seria
alcançado. Se do lado espiritual Deus-Pai juntamente com sua Coroa Divina (os
Orixás), providenciavam a formação de diversos veículos para o completo
envolvimento dos espíritos na energia-massa, com a modelação de corpos de
diferentes densidades. No Plano físico a luta das espécies para a sobrevivência
evolutiva do mais forte, ou melhor explicando das espécies que conseguissem se
adaptar as intempéries da natureza em formação continuava (a mais pura
manifestação da Lei de Darwin).
Isto é demonstrado claramente nas duas atividades básicas que primeiro se
manifestam nos seres vivos no caminho evolutivo das formas: a primeira é a
atividade onde o organismo deseja conservar a vida o maior tempo possível, o que
consegue pela nutrição; a segunda é o desejo de produzir um outro organismo
semelhante a si. Sob o impulso de tais instintos, haverá evolução, isto é, de
simples que era, veremos o organismo assumir uma estrutura complexa. O
processo prosseguirá de estágio em estágio, até que, de modo gradual, apareça
no planeta os diversos reinos, tal qual vemos em nossa Terra.
Cada um dos períodos sucessivos terá por ponto de partida o período precedente,
e estará mais bem organizado que este, para prolongar a sua existência e produzir
descendentes. Cada um será mais "evoluído" do que o precedeu. Das estruturas
atômicas básicas à complexidade das cadeias moleculares no reino mineral; dos
organismos unicelulares, bactérias, algas, cogumelos desenvolver-se-ão plantas
com esporos e posteriormente as plantas com sementes no reino vegetal; dos
protozoários, organismos unicelulares muito simples, aos organismos
multicelulares, com tecidos, sistemas nervoso, sistema circulatório, dos
invertebrados a nova etapa de construção dos organismos, com o envolvimento
do tronco central nervoso pelas vértebras, o que nos dá os vertebrados a
complexidade vai aumentando de grupo para grupo no reino animal.
Dos répteis, uma ordem dos vertebrados, vêm os mamíferos; entre os mais
elevados mamíferos aparecem os primatas. Nessa última ordem do reino animal o
homem é o mais bem organizado.
Os dois instintos de conservação e de propagação encontram-se também no reino
animal.
Quanto mais complexa a estrutura, mais bem preparado o organismo para
adaptar-se a seu mutável ambiente, e mais apto para viver e produzir organismos
semelhantes, com um dispêndio cada vez menor de energia.
Em suma, o processo evolutivo no plano físico decorria da necessidade primordial
que se tinha para formar o corpo denso material que viria a ser o veículo da
manifestação dos espíritos no plano terra de um lado, bem como de criar os
organismos de sustentação para natureza e o ecossistema que se formará a partir
da criação do nosso planeta. Este processo que gerou o corpo humano como
conhecemos nos dias atuais visava a proporcionar ao espírito seu total
envolvimento com a matéria, ou seja, o clímax da sua auto-experimentação, sua
necessidade extrema de objetivação, a concretização de sua necessidade
completista.
Nas colunas Plano Espiritual e Situação (Tabela I), está a chave para
compreendermos o que desejamos formular neste primeiro argumento. Da
essência elemental ao reino animal toda a situação de envolvimento dos espíritos
neste processo foi coletiva.
Quando fomos pelo nosso livre-arbítrio enredados na energia-massa, vivenciamos
duas situações alheias a nossa condição original: a primeira foi de contato com
algo caótico e totalmente desequilibrado o que ocasionava um choque profundo
que impedia uma interação que permitisse um aprendizado profícuo; a segunda
situação, após a criação do universo astral, por Deus-Pai e sua Coroa Divina que
em sua misericórdia Divina resolveu desta forma a primeira situação, passamos a
ter a necessidade de nos amoldarmos a nova condição evolutiva que exigia um
total insulamento na matéria para que alcançássemos os objetivos que nossas
necessidades objetivaram.
Ora, este contato profundo com a matéria não significava desde o início
encarnação e posteriores reencarnações nos reinos elemental, mineral, vegetal e
animal, tendo em vista que os espíritos apenas necessitavam, como poderei
explicar, adquirir determinadas propriedades destes ditos reinos para
conseguirmos a harmonização perfeita para a definitiva encarnação no corpo
humano.
Vejam bem, o corpo humano é o último e derradeiro estágio de nossa
experimentação. Após esta experimentação, cumprida esta etapa, passamos
gradativamente, através dos processos evolutivos do Karma Constituído, a nos
elevarmos em busca do retorno ao Cosmo Espiritual em um processo lento de nos
destituirmos dos diversos veículos adquiridos no reino da energia-massa, até
alcançarmos uma condição que nos permitirá cruzarmos os portais cósmicos que
nos devolverá a nossa via de evolução original (esta é a nossa 2ª Morte, por assim
dizer).

(Tabela II)
As Propriedades Primordiais dos Reinos adquiridos pelos Espíritos

REINO - PROPRIEDADE
ELEMENTAL - Os primeiros contatos com o plano físico
MINERAL - Estrutura e organização molecular.
VEGETAL - Sentimento e sensações
ANIMAL - Instinto, preservação e sobrevivência

Para esta consecução o espírito não tinha a necessidade de encarnar em uma


pedra, em uma planta ou em um animal.
Necessário era portanto, que os espíritos coexistissem coletivamente imantados a
cada uma desses reinos, para que pudessem se impregnar destas propriedades e
outras aqui não relacionadas, formando todo um arcabouço de memória,
experiência e vivências, ao mesmo tempo que harmonizando os seus perispíritos
em formação (entenda-se aqui perispírito como o conjunto dos diversos veículos
adquiridos pelo espírito em sua queda vertiginosa no mundo da energia-massa,
que proporcionaram a sua adequada manifestação neste universo) para a
definitiva ligação ao corpo material.
Esta imantação aos diversos reinos, o que gerou as almas grupos, não era dada
de forma consciente, na verdade, desde a sua entrada no universo astral os
espíritos passaram a conviver com uma inconsciência coletiva tendo em vista que
não seria possível conseguir a total harmonização deles neste novo lócus tendo
que administrar as diversas interferências conscientes que os mesmos realizariam
neste processo. Podemos constatar então que a nossa consciência somente foi
inteiramente devolvida com a encarnação como ser humano. Para
compreendermos melhor esse assunto, realizemos a correlação com um médico
que vai operar um paciente e necessita para que tudo ocorra a contento, de
anestesiá-lo, de forma a conseguir operá-lo sem que haja interferência por parte
do mesmo.
Este é o verdadeiro sentido da alma-grupo, Deus e sua Coroa Divina zelava por
todos nós, afim de que tudo ocorresse como deveria ser e alcançássemos os
nossos objetivos.
Na verdade todo este estágio evolutivo, de forma bem simplista, é como a câmara
de descompressão que o mergulhador tem que passar após mergulhar grandes
profundidades, para se adaptar novamente as condições normais de temperatura
e pressão do nível do ambiente.
Portanto, quando falamos em reinos elemental, mineral, vegetal e animal não
estamos falando em individualização, em uma alma em cada indivíduo desta
espécie. Estamos sim, dissertando sobre alma grupo, encarnação ou melhor
explicando em existência coletiva de aprendizado.
É como se os reinos existissem com suas diferentes espécies e imantados em um
mesmo lócus de existência estivessem os espíritos interligados etérea e
psiquicamente com o todo da espécie. A passagem (imantação) por diferentes
espécies provoca o aprendizado e a apropriação das propriedades inerentes a
cada espécie e lócus(reino) necessária mais tarde para que a conjunção Espírito,
Perispírito e Matéria possam se agrupar e formar o ser humano completo de todas
as condições para iniciar o seu processo evolutivo consciente.
O importante para finalizar este argumento é que quando falamos em pedras e
seus correlato, plantas, animais e assemelhados, não estamos falando de almas
individualizadas, individualização da alma somente pode ser relacionado a
espécie humana.

2º Argumento – As Leis de Sobrevivência, Preservação das


Espécies; a Vida, a Alma e a Morte.
Está bem claro no 1º Argumento, que uma das atividades que moviam as espécies
era a que incitava o organismo a conservar a vida o maior tempo possível. Esta
atividade representa especificamente a nutrição (alimentação) e os instintos de
sobrevivência e preservação. Importante se notar que muitas das espécies, já no
reino animal, matavam tanto para se alimentar como para sobreviver. Esta
situação não se consubstancia de forma nenhuma em crime para as Leis Divinas
pois, elas são manifestações puras do processo de seleção natural. Consideremos
também que neste processo de seleção natural, sobrevivência, alimentação e
preservação das espécies, a morte de um indivíduo não representava um ataque a
um espírito individualizado e sim a vida que num determinado período conservou
um grupo de compostos químicos como um organismo vivo. Enquanto ela o
manteve assim, foi ganhando em complexidade pelas experiências filtradas pelo
seu receptáculo. O que devemos considerar como morte do organismo, não é
outra coisa senão a retirada da vida que, por certo tempo, existirá separada das
formas mais ínfimas e físicas da matéria, embora permaneça ainda associada a
variedades hiperfísicas de matéria.
Ao retirar-se do organismo com a morte, as experiências recebidas através dele
são conservadas como hábitos apreendidos em vida, os quais são transmutados
em novas capacidades para a construção da forma (propriedades), e utilizadas
em seu esforço de construção de um novo organismo (pela Alma Grupo em
questão).

Considerando apenas a forma, não vemos senão um lado da evolução, porque


toda forma há uma vida. Quando morre uma planta, a vida que a mantém viva e
que a impeliu a responder às excitações do meio não morre. Quando uma rosa
murcha e se torna pó, sabemos que a sua matéria não se destrói. Cada partícula
subsiste ainda, porque a matéria não pode ser aniquilada. Dá-se o mesmo com a
vida, a qual contando com tais elementos químicos, organizou a rosa. Só por um
instante a vida se retira, para reaparecer logo, em vias de produzir uma outra rosa.
A experiência que, na primeira rosa, recebeu do calor solar e das tempestades, da
luta pela existência, será gradualmente utilizada para compor uma segunda rosa,
mais bem dotada para viver e propagar a sua espécie.
Da mesma maneira que um organismo individual é uma unidade num grupo mais
vasto, também a vida que se oculta no íntimo desse organismo faz parte de uma
alma grupo, mas não é um espírito individualizado, com livre-arbítrio e consciente
do seu processo evolutivo.
Por trás dos organismos do reino vegetal há a alma grupo vegetal, reservatório
indestrutível das forças vitais que se tornam cada vez mais complexas, ao edificar
as formas vegetais. Cada uma das unidades de vida dessa alma grupo, ao
aparecer na Terra embutida num organismo, vem provida da soma total da
experiência adquirida na construção dos organismos precedentes. Cada unidade,
pela morte do organismo, volta à alma grupo e lhe traz, como contribuição, o que
aprendeu em sua capacidade de reagir, de acordo com os novos métodos, às
excitações exteriores. Verifica-se o mesmo no reino animal: cada espécie, cada
gênero, cada família tem seu compartimento especial na alma grupo animal e
coletiva.
Diante destes fatos percebemos nitidamente o poder da máxima em que no
"Universo nada se cria tudo se transforma"

A vida que aqui nos referimos é o prana dos Iogues, o princípio vital dos Teósofos,
a força vital (ou energia essencial de vida) dos rosacruzes, tattvas dos Vedas e o
Nephesh da Bíblia Sagrada que significa o alento da vida, anima, mens, vita, a
vida ou alma vital, que existe em todos os seres vivos, em toda a molécula
animada e até de cada átomo mineral. Não é o espírito, nem é individual.

3º Argumento – A Diferença entre o Nephesh e a Alma do Ser


Humano
A alma do ser humano é sua condição de ser encarnado dentro do reino da
energia-massa, seja na condição de espírito ou seja como ser humano encarnado
na matéria, pois onde o espírito esteja, neste universo astral, ele está envolvido
por um ou vários corpos de manifestação.
Já o Nephesh não possui veículos de manifestação pois ele é o alento de vida
destes veículos, ou seja, o Nephesh é o que em uma comparação minimizada ,
fica mantendo um corpo físico quando da morte clínica de um ser humano. O
organismo continua vivo (já que o corpo humano é construção fundamentada na
composição orgânica do reino animal) mas já sem a presença do espírito que o
ocupava. Ele existe em tudo e em todos desde a essência elemental até o ser
humano, passando pelo mineral, o vegetal e o animal.

4º Argumento – Magia, a Lei das Manifestações e o Sangue


O que é Magia?
Magia é o ato consciente de ativar e direcionar energias positivas ou negativas,
universais ou cósmicas, através do movimento produzido pela vontade, capaz de
produzir uma modificação, alteração, supressão, agregação para um objetivo(s)
predefinido(s). Enfim é a ciência e arte de utilizarmos conscientemente poderes
invisíveis (espirituais) para produzir efeitos visíveis.
A Magia está subordinada a diversas Leis que passamos a enunciar:

Toda e qualquer Magia é mental.


Toda e qualquer Magia está baseada na dinâmica do pensamento.
Pensamento atrai pensamento na razão direta de sua qualidade, intensidade e
vontade,tanto de quem as emite, quando de quem as recebe.
Todo o movimento provocado pela vontade do pensamento produz energia, que
pode ser positiva ou negativa.
Na energia produzida pela emissão do pensamento é eliminado o espaço, este
deixa de existir, porém não o tempo.
Toda Magia é regida pela Lei da Causalidade.
Toda causa corresponde a um efeito, imediato ou tardio.
Nenhuma Magia alcançará seus objetivos se não for projetado sobre
determinados elementos físicos densos e etéricos, os quais servirão de canais da
Magia ou elementos espelhos, os quais se projetaram os pensamentos e os
desejos, que alcançara ou não, o objetivo visado.
Toda Magia possui mecanismos básicos de evocação e invocação próprios a cada
ritualística utilizada para tal mister.
Toda a Magia obedece a Lei das Manifestações.
Toda e qualquer Magia é mental.
O dínamo, o gerador de toda e qualquer Magia é a mente que transforma a
energia abstrata em concreta. Há de haver a ideação, concretizando-se em forma
de corrente de pensamentos, os quais imantarão e atrairão certas energias, ou
classes de Entidades que vibram afins com a corrente de pensamentos emitidas.
A mente consegue realizar este efeito através de três atributos inerentes a própria
mente. Estes atributos, em Magia, são denominados de as três chaves
superiores: Sabedoria, Vontade e Atividade.
O pensador deve possuir o conhecimento – SABEDORIA (que tipo ou qualidade
de magia será efetuada), VONTADE para imprimir nesta energia mental o efeito
que deseja e, finalmente, ATIVIDADE, para pôr em movimento, em ação,
direcionar esta energia.
Toda e qualquer Magia está baseada na dinâmica do pensamento.
O pensamento é dinâmico em sua manifestação, ou seja, ele vem e vai por todo
mundo astral e psíquico utilizando como seu veículo o éter espiritual.
Esta dinâmica causa a mobilização das mais diferentes correntes de pensamento
que se agregam, se fundem, se completam e vice-versa. Um exemplo claro deste
dinamismo da energia mental é a comparação as ondas de rádio das mais
diferentes sintonias coexistindo harmonicamente ou não pelo espaço.
Os pensamentos são nada mais que ondas mentais sutis e densas conforme a
qualidade do seu emissor.
Pensamento atrai pensamento na razão direta de sua qualidade, intensidade
e vontade, tanto de quem as emite, quando de quem as recebe.
Todo o movimento provocado pela vontade do pensamento produz energia,
que pode ser positiva ou negativa.
Na energia produzida pela emissão do pensamento é eliminado o espaço,
este deixa de existir, porém não o tempo.
Toda Magia é regida pela Lei da Causalidade.
Toda causa corresponde a um efeito, imediato ou tardio.
Por sua ação dinâmica o pensamento cria energia, que pode ser positiva ou
negativa. Pela liberação da energia é eliminado o espaço, ou seja, não existe
distância que essa energia assim criada não possa atingir. Sendo o tempo a
dimensão da energia, podemos facilmente chegar a um outro enunciado:
Toda energia liberada por um pensador através da Vontade, Sabedoria e
Atividade e direcionada a fim de produzir uma modificação terá um tempo de
duração variável.
Um pensador A emite uma energia positiva ou negativa para um pensador B.
Porém, B não está neste momento receptivo, está vibrando numa faixa de onda
diferente de A. Esta energia ao chegar até B, não penetra, não o envolve e volta
para o seu emitente, A. Isso se denomina Retorno. Na volta da energia para o
pensador A, todos aqueles que estiverem vibrando na mesma tônica, no mesmo
campo vibratório do pensador A, receberão esta energia.
Isto funciona tanto para emissão de Energia positiva quanto negativa.
Consequentemente, teremos: Retorno positivo e Retorno Negativo.
Logo, podemos concluir, que a dinâmica do pensamento funciona como a
eletricidade: pólo positivo e pólo negativo. Sendo que neste caso semelhante atrai
semelhante e dissemelhante se repulsam.

A duração variável da emissão de pensamento – Magia – está condicionada aquilo


que denominamos Retorno tardio.
O Retorno imediato, já observamos, é quando o receptor está vibrando em
campos vibratórios diferentes. O Retorno tardio é sempre ocasionado pela Lei
imutável da natureza – o Karma. A toda causa corresponde um efeito. Assim que
dirige, quem orienta uma emissão de pensamento, quer positivo, quer negativo,
receberá, embora tardiamente, o efeito da causa provocada.
Já podemos enunciar a Lei Maior da Magia: TODA CAUSA CORRESPONDE A
UM EFEITO, IGUAL EM SENTIDO CONTRÁRIO.
Na aura do planeta Terra, existem núcleos de pensamentos de todas as espécies.
Quando um pensamento positivo é emitido, primeiro é captado pelo núcleo
positivo existente e daí se dirige ao receptor. Os pensamentos afins captados,
quando esta emissão é negativa, captam todas as negatividades contidas neste
núcleo de pensamentos negativos, daí se dirigindo ao receptor.
A Lei Maior da Magia já pode ser enunciada em sua forma definitiva: A energia-
pensamento tende a somar às existentes de acordo com sua intensidade,
qualidade e afinidade. Logo, A TODA CAUSA CORRESPONDE UM EFEITO
ADICIONADO E CONTRÁRIO.
O Retorno Imediato pode ser evitado pelo mago ou magista, que usa o recurso
que denominamos Transferência. Nos objetos utilizados para este fim, o mago
transfere sua poderosa energia mental. Depois, imanta e dirige a sua magia para o
fim a que se destina. Se o receptor estiver vibrando em outra faixa, o retorno desta
operação voltará, não para o emitente, mas para os objetos imantados que o
receberão e imediatamente o devolverão. Este mecanismo funcionará pelo tempo
que for determinado pela imantação e poder de vontade do magista, até atingir o
seu objetivo, que será alcançado ou não, dependendo do poder do mago. Durante
a transferência o magista se protege com uma "Concha Etérica". A concha ou
resguardo se faz por um esforço da vontade e da imaginação. Pode-se fazê-la de
duas maneiras: pode-se densificar a periferia da aura etérica, que tomará a forma
do corpo físico e será ligeiramente maior do que este; ou então, se constrói uma
concha ovóide de matéria etérica da atmosfera circundante.
Nenhuma Magia alcançará seus objetivos se não for projetado sobre
determinados elementos físicos densos e etéricos, os quais servirão de
canais da Magia ou elementos espelhos, os quais se projetaram os
pensamentos e os desejos, que alcançara ou não, o objetivo visado.
Essa parte física seria a ação ou execução propriamente dita. Os elementos ou
materiais servirão como elementos radicais, os quais serão movimentados do
físico ao etérico e desse ao astral. Assim, há uma forte reação no astral,
dependendo de certos elementos colocados no ato mágico ou oferenda
ritualística, a qual visa projetar ou ativar certas energias etéreo-físicas ou mesmo
astro-etéricas para depois desencadearam a atuação na matéria.
Deixemos claro o seguinte mecanismo: para haver Magia há necessidade de
elementos materiais específicos e especiais, os quais são manipulados em seus
elementos etéricos e transformados em matéria astral, a qual desencadeia
determinado ciclo e ritmo vibratório no campo astral envolvido, retornando ao
campo etérico e físico, carreando certo código, que encontrará através de
emissários astralizados os objetivos visados. Este mecanismo, embora seja
simples, é básico para o magismo.
(*) Os éteres são os 4 estados superiores da matéria neste Universo-astral
(Reino da Energia Massa). Os estados da matéria, portanto são: Sólido,
Líquido, Gasoso, Éter Químico, Éter Refletor, Éter Luminoso e Éter Vital.
Estes estados são comuns a todos os planos de manifestação do Espírito.
Toda Magia possui mecanismos básicos de evocação e invocação próprios a
cada ritualística utilizada para tal mister
Toda Evocatória (Evocar = chamar de algum lugar; ordenar) ou Invocatória
(Invocar = implorar; pedir; rogar; pedir proteção) alcança vários níveis,
dependendo é claro de quem evoca ou invoca, desejos, pensamentos, emoções,
necessidades, etc. Mas se o magista sabe como realizar, o que fazer, tudo se
passa como se houvesse uma fonte emissora (o magista) que visa alcançar a
estação receptora (as energias etéricas ou entidades evocadas ou invocadas). É
sabido que a evocatória ou invocatória estará na dependência de quem a faz,
dependendo é claro da potência do pensamento emitido ou grau de freqüência
das ondas mentais (ondas alfa, beta e gama). Depende também da modulação
dada aos desejos, ou seja, a intensidade. Na dependência desses fatores, pode-
se ou não atingir a recepção, pois se os dois pólos (emissor e receptor) não
estiverem em mesma sintonia não se conseguirá o objeto visado no ato mágico.
Todo ato mágico só é viável se as afinidades vibratória se "casarem". Do ponto de
vista técnico, a evocatória ou invocatória forma ondas eletromagnéticas, que
poderão ser dinamizadas ou dissipadas através do desejo, que poderá tornar-se
condutor ou resistor. A evocatória ou invocatória é dirigida através da vontade, do
desejo, que sem dúvida é manancial de poder, que na dependência da petição
poderá ou não alcançar os objetivos ou as Entidades evocadas ou invocadas.
Assim, toda evocação ou invocação é uma ação que provocará uma reação, na
dependência da natureza do pedido e de força mentoastral que foi emitida.

Toda a Magia obedece a Lei das Manifestações


A Lei das Manifestações nada mais é do que a Lei Universal do Triângulo.
Em qualquer coisa que realizamos devemos levar em consideração a necessidade
de dois elementos gerando um terceiro. Somos o elementos motor, o elemento
ativo. O outro elemento é a pessoa ou condição sobre a a qual vamos atuar, o
elemento relativamente passivo. O resultado de nossa ação, o efeito que dela
ocorre, é o terceiro elemento ou a terceira ponta do triângulo.

• • A Magia obedece estritamente está Lei. Temos 1 elemento, ativo (emissor) o


º
º
magista, o 2 elemento, passivo (receptor) os objetos manipulados pelo Mago e o
º
3 elemento, a manifestação provocada pelo rito mágico (objetivo visado).
Evidentemente que no caso da Magia Negra este triângulo é invertido. O sentido
da ponta para cima ou para baixo esta na, podemos assim dizer ou comparar, na
intenção positiva ou negativa que se deseje alcançar.
O Mago antes de mais nada deve ser um profundo conhecedor das
Leis de Manifestações para que ele possa conseguir algum resultado
com os seus ritos mágicos. Sem as condições propícias ou
conhecimento profundo dos dois elementos ativo e passivo de um
rito mágico não será possível para um magista conseguir o objetivo
visado.

O SANGUE
O Sangue é a linfa da vida e elemento imprescindível no ser vivo,
pois, além de sua função propriamente física, ainda capta e absorve
as forças vitalizantes do Sol, como o "prana", o magnetismo lunar e
certos fluidos do mundo astral. A sua circulação rapidíssima é
imantada pela eletricidade animal e nutrida pelos éteres que se
emana dos diferentes planos de manifestação do espírito e flui
através do perispírito. Portanto, denota-se claramente, que a
circulação sangüínea é por onde trafega a força vital tendo em vista,
que sem a circulação do sangue no organismo o corpo morre
entrando em pouco tempo em estado de decomposição. O
importante a se destacar o papel que o sangue possui nos estudos
oculistas e magísticos. Ramatsariar já dizia que o sangue "contém
todos os mistérios secretos da existência", e Levi "é a primeira
encarnação do fluido universal, a luz vital materializada".
No ser humano representa a fonte de vitalização mais material da
unificação das energias que possibilitam a harmonização da
sustentação da unificação corpo material, perispírito e espírito. No
reino animal é a base material do Nepesh ou força vital. Com este
significado no reino animal o sangue é vitalidade pura, repositório de
energias imponderáveis, fluido magístico com grande poder
energético de efeito adicionador. Por ser plasma, seiva, linfa material
mas com emanações etéricas e agregações fluídicas espirituais em
sua formação a força coadjuvante do sangue em plasmar e vitalizar
qualquer coisa no reino astral é muito poderosa. Seu potencial
vitalizador de formas-pensamento, de ideações, desejos e emoções
é incontestável. O sangue possui o efeito cristalizador para qualquer
efeito mágico e sobrenatural. A formação de égregoras
consangüíneas, familías, irmandades, pactos de sangue
exemplificam o seu poder catalizador.

5º Argumento – Os Orixás e os Seres Elementais


Deixando de lado o caráter de arquétipo das personalidades do
seres humanos que neste estudo é irrelevante, consideremos os
Orixás como componentes da Coroa Divina que ficaram, por assim
dizer, no Universo Astral (Reino da Energia-Massa) para reger toda
obra criativa do Deus-Pai. Hierarquicamente falando, para efeitos
desta fundamentação, os Orixás a que nos referimos são os que
estão mais próximos do planeta Terra e que regem as forças da
natureza. Esses Orixás são cultuados diretamente pelos Cultos Afro-
Brasileiros e a Umbanda. No Culto Omolocô do Brasil são eles: Exú,
Nanã, Omulu, Ogum, Oxum, Xangô, Iansã, Oxossi, Iemanjá e Oxalá.
Seu caráter é de forças divinas e cósmicas, que nunca tiveram
encarnação na Terra, representantes de Deus (Obatalá) e regentes
diretos das forças imponderáveis da natureza.
Portanto, estão sobre seu comando imediato os Seres Elementais
que cuidam de todo o Ecossistema, são conhecidos também como
espíritos da natureza porque regem os elementos básicos: terra,
água, ar e fogo e neles habitam. Os espíritos da natureza ou seres
elementais são em número infinito e, embora habitem o mesmo
planeta, têm uma evolução completamente diferenciada da raça
humana. Sendo assim jamais encarnarão na condição de ser
humano. Os corpos dos espíritos da natureza carecem de estrutura
interna por essa razão não podem ser molestados ou agredidos
pelos agentes externos. As suas formas são várias, podendo
assumir à vontade qualquer aparência.
Fundamentos – O Sacrifício de Animais nos Cultos Afro-Brasileiros
e na Umbanda
Indubitavelmente, os argumentos anteriormente descritos, seriam por si próprios, a
fundamentação necessária para finalizar este assunto. No entanto, é necessário
se colocar mais alguns pontos com intuito de proporcionar outros esclarecimentos
que fundamentem a nossa explicação.

1º Fundamento – Da Ancestralidade
Com certeza, o Sacrifício de Animais é um ritual herdado de forma hereditária dos
fundamentos dos Cultos praticados na África. O Candomblé desenvolve esta
prática e antes dele as inúmeras seitas e cultos africanos.
Infelizmente o ecletismo e pluralidade de doutrina dentro da Umbanda e dos
Cultos Afro-Brasileiros são inúmeras. Não existe codificação e as ramificações são
incontáveis. Do advento de Zélio de Moraes e muito antes dele, da Umbanda
Esotérica, OICD e outros, dos Candomblés de Caboclo, do Culto Omolocô, da
Pajelança, dos diversos Xangôs, do Batuque de Minas e partindo para fora, em
Cuba, somente para citar um exemplo, com suas Santerias. Tudo está envolvido
em um grande guarda-chuva chamado Umbanda.
O que podemos retirar como sumo vital de tudo isto ? O que é comum a todos ?
Os Orixás, as entidades e a manifestação mediúnica. O resto se perde num
emaranhado de ritos e doutrinas que muda de terreiro para terreiro, de Pai ou Mãe
de Santo para Pai ou Mãe de Santo.
O importante nisso tudo é que o trabalho de entidades e Orixás estão sendo
realizados. Dentro de um grande plano divino, os objetivos gerais que são: de
permitir a cada grau conscencional sua evolução e a difusão da assistência
caritativa aos que buscam esperançosos os diversos templos, bem como a difusão
do perdão, do bem do amor etc., estão claro com muitas restrições, caminhando.
O que eu quero dizer, com estas colocações é que por tudo isso ninguém pode
chegar com autoridade o suficiente para dizer: "Sacrifício de animais é algo
primitivo e não possui mais razão de ser". Se as coisas funcionassem desta forma
a Umbanda hoje, estaria devidamente codificada e plenamente definida, e esta
miscelânea que vivenciamos teria perdido totalmente o sentido.
Por isso, a ancestralidade deste rito é válida como fundamento.
Se considerarmos do ponto de vista bíblico, o sacrifício de animais é algo que vem
desde a história de Caim e Abel. Deus se agradou do sacrifício de Abel que imolou
em oferenda os primogênitos de seu rebanho e recusou a oferta de Caim que
tinha sido parte de sua colheita agrícola.
Já antes do Dilúvio, os animais eram mortos a fim de prover roupa ao homem e
para fins sacrificiais. (Gên 3:21; 4:4) Os animais são almas viventes que não são
humanas. (Núm 31:28)
Dentro de uma ótica cristã – judaica, o sangue era o principal elemento catalisador
de ofertas e oferendas a Deus. Havia apenas um uso do sangue aprovado por
Deus, a saber, para sacrifícios. Ele mandou que os que estavam sob a Lei
mosaica oferecessem sacrifícios de animais para expiar pecados. (Le 17:10, 11)
Estava também em harmonia com a Sua vontade que Seu Filho, Jesus Cristo,
oferecesse sua perfeita vida humana em sacrifício pelos pecados (He 10:5, 10).
A aplicação do sangue de Cristo, para salvar vidas, foi prefigurada de diversas
maneiras nas Escrituras Hebraicas. Por ocasião da primeira Páscoa, no Egito, o
sangue na parte superior das portas e nas ombreiras das casas israelitas protegeu
o primogênito lá dentro de ser morto pela mão do anjo de Deus. (Êx 12:7, 22, 23;
1Co 5:7) O pacto da Lei, que tinha uma particularidade típica para a remoção dos
pecados, foi validado pelo sangue de animais. (Êx 24:5–8) Os numerosos
sacrifícios de sangue, especialmente os oferecidos no Dia da Expiação, eram para
a típica expiação de pecados, apontando para a verdadeira remoção dos pecados
por meio do sacrifício de Cristo (Le 16:11, 15-18).
O poder jurídico do sangue aos olhos de Deus, conforme aceito por ele para fins
de expiação, foi ilustrado pelo derramamento de sangue à base, ou junto ao
alicerce, do altar e de ser posto os chifres do animal imolado no altar. O arranjo de
expiação tinha como base, ou alicerce, o sangue, e o poder (representado pelos
chifres). (Le 9:9; He 9:22; 1Co 1:18).
Mas o sangue e o sacrifício de animais dentro do contexto bíblico, não era
somente ligado a expiação dos pecados, mas também significava purificação.
O lugar de moradia de Jeová ou qualquer lugar em que ele more de forma
representativa é um lugar santificado ou santo, um santuário. O tabernáculo no
ermo e os templos mais tarde construídos por Salomão e por Zorobadel
(reconstruído e ampliado por Herodes, o Grande) eram chamados de "miq dásh"
ou qó dhesh, lugares "postos à parte" ou "santos". Situados no meio de um povo
pecaminoso, estes lugares tinham de ser periodicamente purificados (em sentido
típico ou pictórico) do aviltamento, por meio da aspersão de sangue de animais
sacrificiais. (Le 16:16)
Nas festividades também, que sempre possuíam um caráter religioso, o sacrifício
de animais era largamente utilizado. Como na Festividade dos Pães Não
Fermentados ocorrida de 15 a 21 de abide (nisã) realizadas pelo Rei Ezequias,
depois de ele ter limpado o templo. celebração que naquela ocasião, foi
prolongada por mais sete dias. O relato diz que o próprio Ezequias contribui para o
sacrifício de 1.000 novilhos e 7.000 ovelhas, e que os príncipes contribuíram com
1.000 novilhos e 10.000 ovelhas. (2Cr 30:21-24)
Na história bíblica as duas maiores alianças realizadas por Jeová uma com
Abraão e a outra com Moisés foram firmadas através de sacrifícios de animais e
sangue como elementos principais de confirmação.
No caso de Abraão visto que Sara continuava estéril, parecia que Eliezer, o fiel
mordomo doméstico, de Damasco, receberia a herança de Abraão. Todavia,
Jeová de novo assegurou a Abraão que sua própria prole seria inumerável, como
as estrelas do céu, e, assim, Abraão "depositou fé em Jeová; e este passou a
imputar-lhe isso como justiça. (Gên 15:1-6; Ro 4:9, 10) Jeová concluiu então com
Abraão um pacto formal, à base de sacrifícios de animais, e, ao mesmo tempo,
revelou que a descendência seria afligida por um período de 400 anos, sendo até
levada cativa em escravidão. (Gên 15:7-21).
O Pacto da Lei foi quando da transmissão da Tábuas, transmitida por meio de
anjos, pela mão de um mediador, Moisés, e que entrou em vigor com o sacrifício
de animais no Monte Sinai. (Gál 3:19; He 2:2; 9:16-20)
Naquela oportunidade, Moisés aspergiu sobre o altar a metade dos sangue dos
animais sacrificados, daí, leu o livro do pacto para o povo, que concordou em ser
obediente. Depois disso, ele aspergiu o sangue sobre o livro e sobre o povo. (Êx
24:3-8).
E finalmente das dez pragas lançadas sobre o Egito duas envolveram o sangue e
o sacrifício de animais. Uma foi a transformação de todas as águas em sangue e
outra a, já relatada, da morte dos primogênitos. (Êx 7 a 13)
O Antigo Testamento está, portanto permeado de sacrifícios de animais com
derramamento de sangue. Sob a jurisdição cristã, a santidade do sangue foi
enfatizada com vigor ainda maior no Novo Testamento, com a imolação do
Cordeiro Divino Nosso Senhor Jesus Cristo que derramou o seu sangue para lavar
os pecados da face da Terra. Até nos dias atuais o vinho simbolicamente significa
o sangue de Jesus e é bebido e consagrado pelo Padre.
Partindo para as escolas iniciáticas dos grandes mistérios, vemos no berço da
cerimônias de iniciação, o Egito, os famosos Mistérios de Ísis. Papus em seu livro
"ABC do Ocultismo" revela toda a ritualística destes mistérios iniciáticos, com
riqueza de detalhes. Na descrição do Templo existe o destaque para a
OUSEKTH-KHA: A sala da elevação ou ofertório em que eram expostas as
oferendas vegetais e animais feitas ao templo.
Nessa sala, por meio da força vital dos animais sacrificados, os sacerdotes
preparavam as aparições e as evocações das salas de mistério, localizadas
no fundo do templo e construídas como grutas naturais.
Nos sacrifícios de animais, considerados atualmente como primitivo e
desnecessário estão séculos de ancestralidade e tradição.

2º Fundamento – Da Ética
A Ética está muito arraigada ao 5º Mandamento "Não Matarás".

Mas como vimos, ao receber as Tábuas da Lei, Jeová confirmou com Moisés um
pacto a base de sacrifícios de animais, logo o sacrifício de animais não estava
incluso no âmbito deste quinto mandamento. Percebe-se, que este sacrifício
permitido esta ligado a práticas ritualísticas (ofertas, oferendas, purificação,
pactos, alianças, expiação, misericórdia, etc.) e mesmo iniciáticas. (evocatória e
invocatória).
E por que o quinto mandamento não inclui a matança de animais como contrária a
Lei de Deus ?
Um primeiro motivo é óbvio, a alimentação carnívora faz parte da nutrição do ser
humano desde que o mundo é mundo. O segundo motivo, já largamente explicado
nos argumentos é revisado agora dentro do contexto bíblico. O Nephesh, que
anima o reino animal e por todo Gênese, quando esta palavra é citada, indica a
Criação do Reino animal, sendo assim totalmente diferenciado de Neshamah o
fôlego de Deus nas narinas de Adão.
Ora, muitos neste momento deve estar estranhando as minhas diversas
comparações, citações bíblicas e digressões principalmente no tocante a Gênese,
Moisés e o Pentateuco (os cinco livros atribuídos a Moisés). A questão é que
Moisés como é sabido, era príncipe egípcio, iniciado nos Mistérios de Ísis por
Jehtro, seu sogro e sumo-sacerdote da Escolas Iniciáticas.
Portanto, conhecia Moisés todos os segredos e mistérios Mágicos e Cabalísticos.
E como conhecedor destes mistérios, podia como o fez, transmitir para o povo
judeu a verdade só que sobre uma capa velada. Velada ou não as verdades
apreendidas por Moisés de fonte fidedigna pode não estar clara na Bíblia, ter sido
alterada, adulterada, manipulada, suprimida e muito mais, mas estão ali. "Buscais
a verdade e ela vos revelará a sua face".
Logo, ao sacrificarmos animais, dentro de uma ritualística própria, organizada e
dirigida a um determinado fim, não estamos matando um ser vivo com alma
individualizada, um ser que possui um direcionamento kármico definido e que a
morte através do sacrifício esteja brutalmente sendo interrompida.
O segredo dessa história está em que na morte do ser humano não existe
transformação da energia, já que somente o corpo material se desagrega, o
espírito não.
No caso dos animais o seu Nephesh retorna ao seu lócus original, sendo
absorvida pela Alma Grupo e devidamente transformado em experiência e outros
atributos em benefício da mesma.
Matar um ser humano sim, fere gravemente as Leis de Deus, pois destrói ou
interrompe todo um processo reencarnatório, arquitetado, planejado pelos
responsáveis dos processos kármicos, além de impedir um espírito de continuar o
seu processo evolutivo.

3º Fundamento – Da Magia
No sacrifício dos animais encontramos todas as Leis da Magia em ação.
Antes de mais nada, a mente e a dinâmica de pensamento são os motores
básicos do direcionamento magístico e este movimento provocado pela emissão
do pensamento produz energia que pode ser positiva ou negativa conforme o
direcionamento dado ao sacrifício. Estudemos a composição do ritual mágico do
sacrifício de animais, vulgarmente chamado de matança para podemos
compreender toda a sua amplitude.
Como membro do Culto Omolocô do Brasil apenas posso dissertar sobre o que
acontece dentro deste universo religioso. Embora exista diferenças de ritual e
direcionamento nos diversos cultos que praticam o sacrifício de animais, a
mecânica não muda muito.
A utilização dos sacrifícios de animais são apenas relacionados aos Orixás e
Exús e pelos os seguintes motivos: oferendas, obrigações com os mesmos,
evocação e invocação.
Em todas as situações existem a presença do emissor (Pai de Santo ou Mãe de
Santo), objetos físicos (alguidar, velas e demais elementos inerentes aos Orixás
ou Exús, os seus axés) e a presença ou não do consulente, filho(a) de santo ou de
pessoas que formam a corrente vibratória e ajudam no ritual.
Esquematicamente:
Algumas Considerações
O momento do derramamento do sangue dos animais sacrificados é o instante
mágico em que é feito o elo de ligação entre todas as energias envolvidas
(pensamentos, desejos e emoções de um lado; com o poder de projeção dos
objetos manipulados pelo magista; mais a ação astro-etérica das entidades
espirituais evocadas ou invocadas no referido trabalho; bem como a força vital ou
Nephesh que se esvai com a morte do animal).
O sangue jorrado funciona como catalizador explosivo, a ignição que canaliza a
poderosa corrente de energias etéricas, imprimindo velocidade para que
rapidamente se elimine o espaço, ou seja a distância entre o emissor e o receptor.
Mais do que isso, o sangue derramado potencializa nos objetos manipulados
quando neles aspergidos o efeito de transferência já citado. Por isso, estes objetos
somente podem ser removidos após um determinado tempo.
Esta potencialização também é transformada em magnetização ou imantação
deixando parte desta energia como fonte de recursos talismânicos nos objetos
usados no sacrifício.
De forma nenhuma, embora muitos queiram dar este sentido, as entidades
envolvidas no processo se alimentam deste sangue, nem tão pouco os
participantes físicos. O intuito é apenas de caráter energético. Isto pelo menos, no
Culto Omolocô.
Todo o ritual, seus apetrechos, cânticos, organização, posicionamento,
arrumação, utilização e colocação de cada coisa em determinadas posições, bem
como, o resguardo para o desmanche da obrigação, o que comumente chamamos
de levantar o trabalho, visa exclusivamente a montagem e manutenção da
égregora magística e mística que se forma.

PALAVRAS FINAIS
A bem da verdade, quero deixar, bem claro, que acredito que chegará época não
muito distante que tanto o sacrifício de animais, como outras práticas ditas
ultrapassadas ou primitivas, deixem de existir. Quando este tempo chegar elas
serão substituídas por métodos mais avançados ou evoluídos espiritualmente. No
entanto, até que esta evolução aconteça o sacrifício de animais ainda é um
instrumento útil, válido para prática nos cultos que a utilizam e poderoso nos seus
elementos magísticos e ritualísticos.
Como disse no início a minha intenção ao escrever estas páginas não foi de
convencer ninguém e sim de contribuir para fundamentar e explicar com base nos
estudos mais avançados que possuímos o ritual, as vezes tão mal compreendido
e que vive na maioria das vezes sem explicação.
Não sei se alcancei os objetivos e satisfiz a contento a expectativa de todos.
Mas com certeza eu sei que entreguei para quem vier a ler estes escritos muita
coisa para pensar.
Quaisquer dúvidas pela lista ou através do meu e-mail particular:
crqo@mcanet.com.br
Namastê
Caio de Omulu

CULTO OMOLOCÔ

O Culto Omoloco do Brasil foi fundado pelo Tata Ti Inkice Tancredo da


Silva Pinto que foi iniciado pelos doze ministros de Xangô em Angola na
Africa.

É um Culto que tem como base os Orixás e os Caboclos,Pretos-velhos,


Crianças, Exus e demais entidades como Boiadeiros, Marujos, Ciganos,
Mestres de Jurema, etc.

Nesta Naçao se faz feituras de cabeças, matanças e a maioria dos


trabalhos que são feitos no Candomble só que dentro de uma ritualística
própria. Como tambem se faz trabalhos e incorporaçoes com as
entidades citadas.

As reuniões constam de uma abertura onde se sauda os Orixás. Não


existe manifestação dos mesmos e após este rito inicial os médiuns
iniciam os trabalhos com seus guias e protetores.

Os trabalhos com Orixás são realizados apenas nas datas festivas do


calendário anual, que é parecido com o que se comemora na maioria
dos terreiros , com saídas de santos, onde os filhos de santo feito,
vestem o seu santo e se mediunizam com a energia do mesmo para
dançar no salão.

As reuniões de Exus sao realizadas em separado, sem que haja a


mistura das energias deles com de outras entidades.No terreiro do Culto
Omoloco existe assentamentos básicos. Como a Cafua do Exu. A casa do
Omulu na entrada do terreiro. Um roncó e o salão dos trabalhos
semanais. Existe Ogãs, cambonos, ekedis e toda hierarquia
administrativa e espiritual.

Autor: Caio de Omulu

Abassá de Oxala Ilê de Oxum

Chefe Espiritual: Pai Joaquim de Angola

Yalorixá: Alade Eba Valdívia Aleluia de Souza

crqo@mcanet.com.br

ICQ 28589256

BIBLIOGRAFIA PESQUISADA
Umbanda A Proto-Síntese Cósmica – F. Rivas Neto
Umbanda Essa Desconhecida – Roger Feraudy
O Código de Umbanda – Rubens Saraceni
Serões do Pai Velho – Babajinanda
Magia de Redenção – Ramatis
Fundamentos de Teosofia – C. Jinarajadasa
Glossário Teosófico – Helena P. Blavatsky
Orixás – Pierre Fatumbi Verger
ABC do Ocultismo – Papus
Manual Rosacruz – H. Spencer Lewis
Anatomia Esotérica – Douglas Baker
Estudo Perspicaz das Escrituras – Sociedade de Torre de Vigia de Bíblias e
Tratados
Catecismo da Igreja Católica – Concílio Ecumênico Vaticano II
Bíblia Sagrada – Edição Pastoral

Você também pode gostar