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Corbã

7.9-13 - Jesus continua desafiando a autoridade da lei oral: "Jeitosamente rejeitais o


preceito de Deus para guardardes a vossa própria tradição". Ele os acusa diretamente, citando
um exemplo de substituição do que Moisés disse (v. 10) por "vós (enfático) dizeis"(v. 11). As
tradições deles não são baseadas no mandamento divino falado por Moisés (como defendem
os doutores da lei); na verdade, elas contradizem os propósitos de Deus. Como resultado, a
palavra de Deus é invalidada.

Como um exemplo de como a obediência aos mandamentos escritos está sendo


anulada com a sanção da lei oral, Jesus escolhe um dos dez mandamentos que define a
responsabilidade de uns com relação aos outros: "Honra a teu pai e tua mãe"(Ex 20.12; Dt
5.16). Então (v. 10) ele cita a lei referente às conseqüências legais de maldizer os pais (Ex 21.17;
Lv 20.9). Com sanção oficial, foi criado um caminho para se desviar desse mandamento, que
enfatiza a família. Declarando uma propriedade Corban (ou seja: "oferta ao Senhor"), um filho
"não a dava ao templo nem era proibido de fazer uso dela para si, mas ele legalmente excluía
seus pais do direito de se beneficiarem de tal propriedade". 1 Os escribas não permitiam que o
filho renegasse seu voto, ainda que seus pais estivessem desesperadamente necessitados; pois
a Lei mandava que ele "não quebrasse sua palavra, mas fizesse tudo o que dissera"(Nm 30.1-
16; Dt 23.21-23). Assim, votos pessoais (mesmo os maus) era sagrados, mais sagrados que as
leis de Deus.

Jesus insiste que os filhos — mesmo os adultos — são responsáveis por honrar e cuidar
de seus pais. Essa é uma responsabilidade primária e vitalícia (cf. 1 Tm 5.8). Jesus põe a
vontade de Deus para a vida humana bem no topo da lista.

Ele não está sendo parcial quando denuncia a fonte de tais atos anti-éticos.Quando as
tradições humanas são colocadas acima do mandamento divino, elas minam a força das leis de
Deus. As tradições humanas podem levar as pessoas a violarem os mandamentos de Deus.

As tentativas de reduzir a vida cristã a um conjunto de regras era um grande problema


na igreja primitiva. As declarações de Jesus aqui devem, também, alertar os cristãos de hoje ao
fato de que a ênfase exagerada sobre certas verdades leva à distorção e corre o risco de perder
o sentido e valor originais.

Nota

v. 10 - Taylor (310) enfatiza que "apesar da tradição oral ser atacada por Jesus, a lei no
decálogo é aceita por ele como normativa; o que Deus diz por intermédio de Moisés continua
valendo (cf. 10.3)".

• Uma vez que "Toda Escritura é inspirada por Deus" (2 Tm 3.16), a interpretação da
Bíblia deve refletir a unidade de toda Escritura. Uma passagem não deve ser
1
Lane, 251.
interpretada de forma a contradizer uma outra. Quando 2 passagens estão
aparentemente em contradição, o sentido de uma delas só pode ser adequadamente
determinado à luz da outra. Neste contexto, esse princípio significa que qualquer vota
que negar o "honrar os pais" não pode ser válido.

SÉRIE CULTURA BÍBLICA.

Marcos (William Barclay) 173 UMA REGULAMENTAÇÃO INÍQUA


Marcos 7:9-13
É muito difícil descobrir o significado exato desta passagem. Gira em torno
da palavra Corbã, e pareceria que esta palavra realmente passou por duas etapas
em sua significação no uso judeu.
(1) A palavra significa presente, dom. Era empregada para descrever algo que
estava especialmente dedicado a Deus. Uma coisa que era Corbã era como se já
tivesse sido colocada sobre o altar. Quer dizer, estava completamente separada de
todos os propósitos e usos ordinários e se tornava propriedade de Deus. Se alguém
queria dedicar algo de seu dinheiro ou sua propriedade a Deus, declarava-o Corbã, e
depois já não podia ser empregado para nenhum propósito comum ou secular. Parece
que, já nesta etapa, a palavra podia prestar-se a usos muito sagazes .
Por exemplo, um credor podia ter um devedor que se negava a pagar ou
tardava o pagamento. O credor podia dizer então: "O que me deve é Corbã", quer
dizer: "O que me deve está consagrado a Deus." Desde esse momento o devedor
deixava de estar em dívida com seu semelhante e começava a estar em dívida com
Deus, o que era muito mais grave. E o credor bem poderia descarregar sua parte
na questão fazendo uma pequena doação simbólica ao templo, e guardando o
resto. Em todo caso, o introduzir a idéia do Corbã neste tipo de dívidas era um
modo de chantagem religiosa, que transformava uma dívida ao homem em uma
dívida a Deus.
Ao que parece, a idéia do Corbã já era suscetível de abusos. Se esta for a
idéia que há por trás desta passagem, significaria que alguém declarou
Corbã sua propriedade, consagrada e dedicada a Deus, como colocada
sobre o altar, e logo quando seu pai ou sua mãe, em um momento de
necessidade vai a ele em busca de ajuda, ele diz: "Sinto muito, mas não
posso lhe ajudar porque nada do que tenho pode usar-se em seu favor,
pois está dedicado a Deus." O voto se convertia em uma desculpa ou uma
razão para evitar ajudar a um pai em necessidade. O
Marcos (William Barclay) 174 voto que alegava o escriba em realidade
implicava a violação de um dos Dez Mandamentos, que são a verdadeira lei de
Deus.
(2) Parece que chegou um momento em que a palavra Corbã se converteu em
um juramento muito mais comum. Quando alguém declarava Corbã uma coisa,
alienava-a totalmente, e a separava da pessoa com quem estava falando. Podia-se
dizer: "Corbã tudo aquilo com o qual pudesse me aproveitar" e com isso se
obrigava a não tocar, gostar, ter ou manipular algo que possuísse a pessoa assim
aludida. Ou poderia dizer: "Corbã tudo aquilo com que eu poderia aproveitar em
seu favor", e ao dizer assim se obrigava a não ajudar ou beneficiar a pessoa
aludida com nada que fora de sua pertença.
Se este for o uso a que se faz referência aqui, a passagem significa que em
alguma ocasião, talvez em um acesso de ira ou rebelião, o homem havia dito a
seus pais: "Corbã tudo aquilo com o qual pudessem ser ajudados por mim", e que
depois, embora se arrependesse de seu precipitado juramento, os legalistas
escribas declaravam que era inquebrantável e que nunca mais poderia emprestar
nenhuma ajuda a seus pais. Seja qual for o caso e não é possível ter nenhuma
certeza, o certo é que havia casos em que o cumprimento estrito da Lei dos
escribas fazia impossível o cumprimento da Lei dos Dez Mandamentos.
Jesus estava atacando um sistema que punha as regras e regulamentações
acima dos reclamos da necessidade humana. O mandamento de Deus era
que as reclamações do amor e os vínculos humanos deviam ser o primeiro;
o mandamento dos escribas era que deviam ir primeira as reclamações das
regras e regulamentações legais. Jesus estava seguro de que qualquer regra
ou regulamento que impedisse alguém de prestar ajuda quando
necessária, era nada menos que uma contradição da Lei de Deus. Devemos
tomar cuidado para não permitir jamais que as regras e regulamentações
paralisem as reclamações da caridade e o amor. Nada que nos impeça
ajudar a um semelhante pode ser jamais uma norma aprovada por Deus.

Ainda hoje, muitos segmentos evangélicos coam mosquito e


engolem camelo. Os escribas e fariseus em nome de uma
espiritualidade sadia negligenciaram o mandamento de Deus (7.8),
jeitosamente rejeitaram o preceito de Deus (7.9) e invalidaram a
Palavra de Deus (7.13).
A refutação (7.6-13)
Três fatos são dignos de observação:
Em primeiro lugar, Jesus descreve o carater dos acusadores
(7.6). Jesus chama os seus contendores de hipócritas. O hipócrita é
um ator, ele desempenha o papel de outra pessoa. Ele não é quem
aparenta. Os lábios são de uma pessoa, mas o coração é de outra.533
John Charles Ryle alerta para o perigo de estarmos fisicamente na
igreja e deixarmos nosso coração em casa, de sermos uma pessoa
aqui e outra acolá.534
William Barclay diz que a palavra hypokrites tem uma história
interessante e reveladora. Começa significando simplesmente uma
contestação; para significar logo aquele que contesta num diálogo
ou um ator teatral, e finalmente significa alguém cuja vida é uma
atuação sem nenhuma sinceridade.535 O hipócrita é o homem que
esconde, ou tenta esconder, suas intenções reais por trás de uma
máscara de virtude simulada.536
O hipócrita é aquele que fala uma coisa e sente outra. Há um
abismo entre as suas palavras e seus sentimentos, um hiato entre
suas ações e seu coração, uma esquizofrenia entre seu mundo
interior e o exterior.
532 WIERSBE, Warren W., Be Diligent, 1987: p. 70.
533 MCGEE, J. Vernon, Mark, 1991: p. 88.
534 RYLE, John Charles, Mark, 1993: p. 100.
535 BARCKAY, William, Marcos, 1974: p. 181,182.
536 HENDRIKSEN, William, Marcos, 2003: p. 352.

William Hendriksen diz que um hipócrita é um enganador,


fraudulento, impostor, uma serpente sobre a relva, e um lobo em
pele de cordeiro. Ele finge ser o que, na verdade, não é.537
Em segundo lugar, Jesus revela a inversao de valores dos
acusadores (7.8). Os escribas e fariseus proclamavam ser
defensores da ortodoxia. Mas o zelo deles não era em preservar e
proclamar a Palavra de Deus, mas em manter a tradição dos
anciãos. Eles haviam trocado a verdade pela mentira. William
Hendriksen diz que eles eram culpados de colocar a mera tradição
humana acima do mandamento divino, uma regra feita pelo homem
acima de um mandamento dado por Deus. Os rabinos haviam
dividido a Lei Mosaica, ou Torá, em 613 decretos distintos, com
365 deles contendo proibições, enquanto 248 eram orientações
positivas. Além disso, em conexão com cada decreto, haviam
desenvolvido distinções arbitrárias entre o que consideravam
“permitido”, e o que “não era permitido”. Por meio dessas
distinções, eles tentavam regular cada detalhe da conduta dos
judeus: seus sábados, viagens, comida, jejuns, abluções, comércio,
relações interpessoais etc.538
Em terceiro lugar, Jesus aponta os desvios dos acusadores (7.7-
13). Os escribas e fariseus tentaram reprovar os discípulos de
Cristo para destruí-lo. Eles foram denunciados de cometer vários
desvios na prática da verdadeira espiritualidade:
O culto deles era em vao (7.7). Jesus responde aos escribas e
fariseus citando para eles a lei e os profetas, ou seja, Isaías 29.13 e
Êxodo 20.12. A autoridade não está nos escritos dos rabinos, mas
na Palavra de Deus. O culto só é verdadeiro quando é regido pela
verdade de Deus e pela sinceridade de coração. Palavras bonitas
sem verdade no íntimo desagradam a Deus. É uma grande tragédia
que pessoas religiosas praticam a sua religião e se tornam ainda
piores.539
537 HENDRIKSEN, William, Marcos, 2003: p. 353.
538 HENDRIKSEN, William, Marcos, 2003: p. 353.

Eles negligenciam o mandamento de Deus (7.8). Como vimos,


os escribas e fariseus eram culpados de colocar a mera tradição
humana acima do mandamento divino, uma regra feita pelo homem
acima de um mandamento dado por Deus.540 Eles deturparam o
mandamento de Deus para manter a tradição dos homens. Eles
deram mais valor à sua tradição oral do que à Palavra escrita de
Deus.
Eles rejeitaram jeitosamente o preceito de Deus (7.9-12). Os
escribas e fariseus chegaram a ponto de anular e invalidar um
preceito infalível de Deus para confirmar sua tradição fraca e
miserável.541 Jesus fala sobre o arranjo jeitoso que os rabinos
fizeram para deturpar o quinto mandamento e liberar os filhos
avarentos da responsabilidade de cuidarem de seus pais na velhice.
Esses líderes proclamavam amar a Deus, mas não tinham amor
pelos pais. O mandamento para honrar pai e mãe está fartamente
documentado nas Escrituras.542 Honrar pai e mãe é mais do que
simplesmente obedecer-lhes. O que realmente importa é a atitude
interior do filho em relação aos seus pais. Essa atitude é o que, na
verdade, produz honra. Toda obediência interesseira e relutante, ou
produzida pelo terror é, descartada. Honra implica amor e alta
consideração.
Como os escribas e fariseus anularam esse preceito bíblico? Pela
errada aplicação da lei de Corbã. Quando um filho mau tinha a
intenção de desamparar pai e mãe, sonegando a eles a assistência
devida, dizia a eles que não poderia ajudá-los, porque havia
dedicado esses recursos financeiros como oferta ao Senhor. Dessa
539 WIERSBE, Warren W., Be Diligent, 1987: p. 71.
540 HENDRIKSEN, William, Marcos, 2003: p. 353.
541 HENDRIKSEN, William, Marcos, 2003: p. 355.
542 Êxodo 20.12; Deuteronômio 5.16; Provérbios 1.8; 6.20-22;
Malaquias 1.6; Mateus 19.19; Marcos 7.10-13; Efésios 6.1;
Colossenses 3.20.

maneira, ficavam “legalmente” isentos de socorrer os pais e não


necessariamente, dedicavam essas ofertas a Deus. O filho que
declarava: É Corbã, poderia, simplesmente, conservar o dom para
seu próprio uso.543 Ernesto Trenchard coloca essa questão como
segue:
A palavra Corbã quer dizer “dedicado a Deus”, e se empregava quando
um homem queria dedicar seus bens à tesouraria do Templo. Contudo,
por um acordo com os sacerdotes israelitas, podia “dedicar” seu dinheiro
ou sua propriedade ao Templo, ao mesmo tempo, em que os desfrutava
durante a sua vida, deixando-os como um legado a serviço do Templo.
Caso esse homem, segundo a santa obrigação natural e legal, tivesse o
dever de manter os pais idosos ou enfermos, os mesmos sacerdotes lhe
impediam de ajudá-los com esses fundos que eram “Corbã”, para não
subtrair o legado do Templo. Esse caso suscitou a justa indignação do
Senhor, pois por um ímpio subterfúgio, e sob uma aparência de piedade,
se violava um dos principais mandamentos de Deus. 544
Eles invalidaram a Palavra de Deus (7.13). Os escribas e
fariseus estavam não apenas ignorando, mas também invalidando a
Palavra de Deus. Eles estavam retirando a autoridade divina do
quinto mandamento. De outro lado, estavam colocando em seu
lugar uma tradição injusta e iníqua. Jesus deixa claro que a oferta
de Corbã era apenas um exemplo dos muitos desvios desses falsos
mestres.
O grande pilar da ortodoxia evangélica é a verdade de que a
Palavra de Deus é nossa única regra de fé e prática. Esse marco tem
sido removido ainda hoje. Preceitos de homens têm sido colocados
no lugar da bendita Palavra de Deus.
O preceito (7.14-16)
Duas verdades são aqui destacadas:
543 HENDRIKSEN, William, Marcos, 2003: p.357.
544 TRENCHARD, Ernesto, Una Exposición del Evangelio según
Marcos. 1971: p. 85,86.

areia! Em seguida, Jesus, com a palavra de Isaías, reforça a expressão. Ele não os acusa de
insuficiência e superficialidade somente, mas de flagrante religiosidade contrária. Ele detecta
desobediência consciente e distorção de conteúdo: vontade humana em lugar do mandamento de
Deus. A única coisa que permite suportar este estado de coisas terrível é o fato de que ele representa
cumprimento da Escritura. Deus vem também através dos vales. Assim, Jesus não se desvia do
problema, mas o formula com todas as letras:
8 Negligenciando o mandamento de Deus, guardais a tradição dos homens. Neste ponto também
fica claro por que ele os chamou de “hipócritas” no v. 6 (cf. v. 6n). Os judeus viviam em contradição
interna. Por um lado eram povo de Deus, e queriam sê-lo. Só Deus deve reinar sobre eles. Também
acreditavam que isto se concretizava quando eles seguiam suas tradições; tanto nas suas tradições
como na Torá manifestava-se o único Deus (12.32). Mas Jesus pronuncia a condenação deles: Nas
tradições de vocês Deus foi abandonado e a autoridade dos homens passou a vigorar.
9 Para uma acusação tão grave, Jesus não fica devendo a prova. “Jeitosamente”, no início da
comprovação, é a mesma palavra que “bem” no v. 6, mas desta vez não é um elogio, pelo contrário,
está cheia de tristeza amarga (cf. 2Co 11.4). De início Jesus repete o que disse no fim do v. 8. Ele
quer a acusação de infidelidade e até hostilidade contra os mandamentos de Deus ilustrar. Com
freqüência Jesus se faz de defensor dos mandamentos (10.5,19; 12.28,31). E disse-lhes ainda:
Jeitosamente rejeitais o preceito de Deus para guardardes a vossa própria tradição.
10 Como prova, Jesus seleciona textos ligados ao 4º Mandamento, citando-o antes, de acordo com
Êx 20.12; 21.17; Lv 10.9; Dt 5.16: Pois Moisés disse: Honra a teu pai e a tua mãe; e: Quem
maldisser a seu pai ou a sua mãe seja punido de morte.
11,12 Ao lado disso, ele coloca agora a prática vergonhosa dos professores da lei: Vós, porém,
dizeis: Se um homem disser a seu pai ou a sua mãe: Aquilo que poderias aproveitar de mim é
Corbã, isto é, oferta para o Senhor, então, o dispensais de fazer qualquer coisa em favor de seu
pai ou de sua mãe. A opr 4 descreveu a instituição judaica do corbã. Em nosso contexto, os
professores da lei são questionados como mestres (v. 7), não necessariamente como praticantes. O v.
12 também fala do que eles dispensam outros de fazer, não o que eles mesmos estivessem
praticando em relação aos seus pais. Podemos, portanto, partir da suposição de que um caso difícil
destes lhes tinha sido proposto para solução. Os implicados estão pedindo aos especialistas da lei
que os liberassem do corbã e não permitissem que os pais ficassem sem sustento. Os sábios de
Israel, contudo, se lembram de Nm 30.4 e começam: É preciso obedecer mais a Deus do que às
pessoas, inclusive os pais queridos… É claro que eles sabiam que muitos juramentos eram imorais,
mas eles estavam emaranhados em sua tradição que, uma vez “estabelecida” (v. 9,13), agora tinha de
ser “guardada” (v. 3,5,9). Como a imagem de um ídolo ela reinava sobre eles e, protegida por ela –
não quebrada pela Palavra de Deus – reinava a maldade do coração de muitos filhos e filhas.
Certamente os professores da lei amealhavam para o seu sistema este ou aquele versículo, mas quem
interpreta e põe a Escritura a seu serviço, contra o amor de Deus, está anulando a Palavra de Deus.
Se Deus não existe mais para as pessoas, ele deixa de ser divino, para tornar-se um ídolo.
13 Pela terceira e última vez (v. 8,9,13) Jesus pronuncia uma acusação fulminante contra aqueles
que se consideravam guardiães da Torá e se tinham colocado como juízes dele: invalidando a
palavra de Deus pela vossa própria tradição, que vós mesmos transmitistes; e fazeis muitas
outras coisas semelhantes. Na passagem paralela de Mt 15.13s, Jesus nega diretamente que a
motivação deles tenha qualquer origem divina. Por isso Deus haveria de exterminá-los. A seus
discípulos ele ordena que se separem radicalmente deles. No fundo da cena pode-se ver a figura do
tentador para a apostasia de Dn 7.15, cuja principal característica é a anulação dos mandamentos de
Deus. Emoção semelhante, à beira da explosão, constatamos no missionário Paulo quando encontra
tendências judaizantes nas igrejas (Gl 1.6-9; 2.5,14; 3.1; 4.16-20; Fp 3.2). Legalismo e missões
combinam como fogo e água.
5. Revelação do que é puro e impuro, 7.14-23
(Mt 15.10-20)
Convocando ele, de novo, a multidão, disse-lhes: Ouvi-me, todos, e entendei.
Nada há fora do homem que, entrando nele, o possa contaminar; mas o que sai do
homem é o que o contamina.

COMENTARIO ESPERANÇA
ορβαν indecl. (palavra hebraica) corbã,
uma dádiva consagrada a Deus Mc 7.11.* Lexico

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