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b) Espécies
– Simples: “Matar alguém” - “caput” do artigo.
O homicídio simples pode ser hediondo, se praticado em atividade típica de
grupo de extermínio, conforme previsto na Lei 8.072/90 (Lei de Crimes Hediondos).
Ainda que cometido por uma só pessoa.
– Qualificado:
Homicídio qualificado
§ 2° Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
Motivo torpe: motivo que tem caráter pecuniário. O agente tem o intuito de ter
algo mensurável. - há interpretação analógica.
Ex: matar por conta do tráfico, dívida de drogas, herança, pensão alimentícia.
II - por motivo fútil;
Motivo fútil: desproporção entre a causa da morte e a própria morte.
Ex: matar por discussão; torcida rival de futebol;
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio
insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
Obs: há interpretação analógica também. Qualificará o crime qualquer outro
meio insidioso ou cruel ou de que possa resultar perigo comum, além dos elencados no
inciso.
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que
dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;
Feminicídio
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino;
Mulher:
– Em razão de violência doméstica e familiar (Lei Maria da Penha – 11.340/03):
companheira, cônjuge, filha, avó, etc.
– Em razão de discriminação do sexo feminino. Não há relação doméstica e
familiar.
Ex: mulher feminista que é morta no meio de um movimento, por um homem
que não concorda com o fato da mulher ser feminista.
Obs: Não há como encaixar no feminicídio o homicídio contra uma pessoa que
pensa e age como se fosse uma mulher e é morta por questões homossexuais, salvo se,
no documento civil houver alteração para o sexo feminino.
Obs 2: o autor pode ser tanto homem quanto mulher.
Funcional:
– Para alguns doutrinadores, como, por exemplo, o Bitencourt, autoridade ou
agente descrito nos arts. seriam dois grupos. Autoridade seriam quaisquer autoridades,
como juízes, promotores, ministros, desembargadores. Já os agentes descritos nos arts.
seriam aqueles descritos na Constituição Federal.
Para outros doutrinadores, autoridades seriam as autoridades (pessoas que
possuem o mando) descritas no art. 142 e 144 CF/88 e os agentes também os que estão
descritos. Juízes, promotores, ministros, desembargadores, na verdade, se enquadrariam
no inciso V (para assegurar impunidade).
– O crime deve ser cometido em virtude de sua profissão e deve-se saber desta
profissão. Pode ser realizado, inclusive, dentro da casa da autoridade ou agente, desde
que o crime tenha sido cometido em razão da função.
– Parentesco consanguíneo ≠ parentesco civil (filho adotivo).
* Para a primeira corrente, com não há previsão na lei, não seria possível aplicar
a qualificadora ao crime cometido contra o filho adotivo de uma autoridade ou agente,
uma vez que é vedada analogia in malam partem. Logo, matar um filho adotivo de um
policial seria homicídio simples.
* Para a segunda corrente, o legislador disse menos do que deveria. Logo, é
necessário fazer uma interpretação extensiva, equiparando o parentesco consanguíneo
com o civil, uma vez que a própria Constituição Federal assim o fez.
Obs: o homicídio funcional é um crime hediondo.
– Culposo:
§ 3o Se o homicídio é culposo:
Pena - detenção, de um a três anos.
Atenção: a pena mínima do homicídio culposo é de 1 ano. Portanto, cabe
suspensão condicional do processo.
2 – PARTICIPAÇÃO NO SUICÍDIO
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio
Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para
que o faça:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um
a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.
Parágrafo único - A pena é duplicada:
Aumento de pena
I - se o crime é praticado por motivo egoístico;
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de
resistência.
a) Crime condicionado: para que possa responder por esse delito, é necessário
que ocorra o resultado lesão corporal grave ou morte. - condição objetiva de
punibilidade.
Ex: Roleta russa.
3 – INFANTICÍDIO
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o
parto ou logo após:
Pena - detenção, de dois a seis anos.
b) Art. 125:
– O terceiro é quem provoca o aborto, sem o consentimento da gestante.
– É um crime de dupla subjetividade passiva (mãe e feto).
c) Aborto permitido:
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:
Aborto necessário
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da
gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
– Aborto necessário:
* Risco de vida da gestante.
* Não é necessário autorização judicial.
* É necessário ser médico. Caso outra pessoa faça o aborto para salvar a vida da
gestante e comprove, não será punido por estar amparado pelo estado de necessidade.
– Aborto no caso de gravidez resultante de estupro / aborto sentimental:
* Deve haver prova do estupro.
* O estupro pode ser comprovado por um Boletim de Ocorrência.
* Não precisa de autorização judicial.
* Por analogia in bonam partem pode fazer aborto no caso de gravidez
proveniente de atentado violento ao pudor (antigo art. 214, do Código Penal).
Obs: Hoje, o crime de atentado violento ao pudor não existe mais. Ele foi
unificado com o crime de estupro (art. 213, do Código Penal), em 2009.
d) ADPF 54:
* Aborto de feto anencéfalo.
* Não está previsto na lei, mas, por ser uma ADPF, há eficácia erga omnes.
* Não precisa de autorização judicial.
Obs: Para essa prova, discussão de aborto permitido até o 3o mês da gravidez
não é considerada.
5 – LESÕES CORPORAIS
II - perigo de vida;
– Crime preterdoloso, pois há dolo na conduta de lesionar e culpa no resultado
perigo de vida.
Se houvesse dolo no resultado perigo de vida, a conduta se enquadraria como
tentativa de homicídio.
IV - deformidade permanente;
– Pode ser uma cicatriz, um dano estético.
– A deformidade é considerada permanente mesmo que haja uma cirurgia
estética reparadora, uma vez que se considera o tempo do fato da ação ou omissão
V - aborto:
– Crime preterdoloso, pois há dolo na conduta de lesionar e culpa no resultado
aborto. Se houvesse dolo no resultado aborto, se enquadraria como crime de aborto (art.
125, CP).
f) Violência doméstica
§ 9o
Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou
companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o
agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos
– Pode ser praticado contra homem ou mulher.
– É um crime de lesão corporal leve, praticada em relações domésticas.
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as circunstâncias são as
indicadas no §
9o
deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço).
– Lesão grave, gravíssima ou seguida de morte em situação de violência
doméstica.
– As penas aumentadas de 1/3 são as dos §§ 1o, 2o ou 3o.
Obs: Se a vítima for mulher, aplica-se a Lei 11.340/06, adotando o procedimento
necessário, como, por exemplo, a concessão de medidas protetivas.
– Ação penal incondicionada, por aplicação do art. 100, do Código Penal.
a) Furto majorado:
§ 1o - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso
noturno.
– Não é necessário que tenham pessoas dormindo.
– É necessário que seja praticado durante a noite. Para a prova, considera-se
noite de 18h em diante.
– Pode ocorrer em estabelecimento comercial.
b) Furto privilegiado
§ 2o - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz
pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou
aplicar somente a pena de multa.
– Diferentemente do princípio da insignificância, pode ser aplicado ao §4o (furto
qualificado).
└> Súmula 511, STJ: “É possível o reconhecimento do privilégio previsto no §
2o. do art. 155 do
CP nos casos de furto qualificado, se estiverem presentes a primariedade do
agente, o pequeno valor da coisa e a qualificadora for de ordem objetiva.” (só não são
de ordem objetiva as qualificadoras de abuso de confiança e fraude).
c) Furto de Energia Elétrica
§3o - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha
valor econômico.
– Ex: “gato-luz”, adulteração de medidor.
– O “gato-net” feito por meio de cabo não tem previsão legal e, de acordo com o
STF, não se enquadra na hipótese do parágrafo, tendo em vista que a internet se propaga
mediante ondas, enquanto a energia elétrica se propaga mediante fios condutores.
Equiparar fios condutores com ondas seria uma analogia in malam partem, vedada no
ordenamento.
– O “gato-net” feito por radiofrequência tem tipificação no art. 183 da Lei
9.472/97.
└> Súmula 606, STJ: “Não se aplica o princípio da insignificância a casos de
transmissão clandestina de sinal de internet via radiofrequência, que caracteriza o fato
típico previsto no artigo 183 da Lei 9.472/97”.
d) Furto qualificado
§4o - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:
1 – FURTO
a) Furto qualificado
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
– Abuso de confiança: a posse inicial é ilegítima.
≠ Apropriação indébita (art. 168, CPP) – posse legítima
Ex: Empregada doméstica pega um bem de sua patroa, sem que ela deixe, e leva
para sua casa –
Furto qualificado.
A patroa empresta uma joia para a empregada doméstica, esperando que ela
devolva futuramente, mas, ela não devolve – Apropriação indébita.
– Destreza: quando o agente tem uma habilidade incomum. Deve ter o mínimo
de esforço.
Ex: Mágico; pescar dinheiro; punguista.
– Escalada: deve transpor o bem. Deve ter um mínimo de esforço.
Ex: uso de escada, pular uma cerca alta.
Obs: pode ser passar por debaixo, como, por exemplo, cavar um buraco e passar
por debaixo da cerca ou do muro.
2 – ROUBO
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave
ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à
impossibilidade de resistência:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
– Crime cometido com violência ou grave ameaça.
– Se consuma com a mera inversão da posse (Teoria da amotio/apprehensio)
– É um crime complexo: crime composto de dois tipos penais dentro de um só
(furto e constrangimento ilegal).
– Não cabe o roubo de uso, uma vez que se a pessoa subtrai para devolver
depois, já praticou o crime de roubo quando, para subtrair a coisa (furto), empregou
violência ou grave ameaça (constrangimento ilegal).
– Violência própria/ real / física: arma de fogo na cabeça, coronhada, empurro,
gravata, etc.
– Violência imprópria/ ficta/ psíquica: “depois de havê-la, por qualquer meio,
reduzido à impossibilidade de resistência”. Ex: hipnose, drogar a vítima, embriagá-la,
etc. - Deve ter o intuito prévio de redução da resistência para subtrair.
a) Espécies de roubo
Próprio: quando o agente usa violência ou grave ameaça antes da subtração.
Impróprio:
§ 1o - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega
violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou
a detenção da coisa para si ou para terceiro.
b) Roubo majorado
§ 2o A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade:
I - Revogado
– passou para o inciso I do §3o, ficando mais grave.
– não houve descriminalização e sim aplicação do princípio da continuidade
normativo típica.
– havia previsão da arma branca.
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal
circunstância.
– O agente deve saber que a vítima está em serviço de transporte. Deve saber
que é um carro- forte, saber que tem uma carga pesada, que é um transporte
profissional.
§ 3o Se da violência resulta:
I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e
multa;
4 – RECEPTAÇÃO
Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito
próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de
boa-fé, a adquira, receba ou oculte:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Ex: comprar bolsa e celular falsificado no Shopping Oiapoque.
a) Receptação qualificada
§ 1o - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito,
desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em
proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que
deve saber ser produto de crime:
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa.
b) Receptação culposa
§ 3o - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção
entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida
por meio criminoso:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as penas.
– Único crime culposo dentro dos crimes patrimoniais.
– A pessoa não sabe que a coisa é produto de crime.
– Há uma desproporção no valor.
5 – ESCUSAS ABSOLUTÓRIAS
Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste
título, em prejuízo:
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja
civil ou natural.
6 – IMUNIDADE FORMAL
Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste
título é cometido em prejuízo:
I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;
II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;
III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.
– Nesse caso, para que o procedimento do crime prossiga, deve haver
representação do prejudicado previsto nos incisos, no prazo de 6 meses.
Obs:
Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores:
I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de
grave ameaça ou violência à pessoa;
II - ao estranho que participa do crime.
III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60
(sessenta) anos
1 – ESTUPRO
Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter
conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso:
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.
– Houve uma continuidade normativo típica, pois englobou o previsto no art.
214, CP (atentado violento ao pudor), revogando-o.
– O crime de estupro se consuma com qualquer ato libidinoso amplo
(penetração, sexo oral, apalpar a pessoa, etc.), desde que praticado com violência ou
grave ameaça.
– Pode ser praticado por qualquer pessoa, homem ou mulher.
– Aplica-se o art. 71, CP (crime continuado). Se os atos libidinosos forem
praticados no prazo de 30 dias, na mesma comarca e maneira de execução, por ser o
mesmo tipo penal, ao invés da pena se somar, ela é aumentada de 1/6.
– Se durante um ato só forem praticados diversos atos libidinosos, será praticado
um crime só.
– É um crime hediondo.
a) Estupro qualificado
§ 1o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é
menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos.
§ 2o Se da conduta resulta morte:
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
– Se a pessoa é menor de 18 e maior de 14 e o ato for consentido, o fato é
atípico.
– Só será estupro de vulnerável se a vítima for menos de 14 anos e, nesse caso,
não há consentimento válido.
2 – IMPORTUNAÇÃO SEXUAL
Art. 215-A. Praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o
objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato não constitui crime mais
grave.
Ex: Caso do homem que ejacula na mulher no ônibus; homem quem “encoxa” a
mulher no ônibus.
– É um tipo novo e não retroage.
– Não há violência ou grave ameaça.
– Se houver vulnerabilidade, aplica-se o art. 217-A.
– Cabe suspensão condicional do processo.
3 – ESTUPRO DE VULNERÁVEL
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de
14 (catorze) anos:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
§ 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com
alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento
para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência.
– São considerados vulneráveis os menores de 14 anos, o doente mental e o
vulnerável momentâneo.
– Há presunção absoluta de violência.
2 – EXPLOSÃO
Art. 251 - Expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem,
mediante explosão, arremesso ou simples colocação de engenho de dinamite ou de
substância de efeitos análogos:
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.
a) Explosão culposa
§ 3o - No caso de culpa, se a explosão é de dinamite ou substância de efeitos
análogos, a pena é de detenção, de seis meses a dois anos; nos demais casos, é de
detenção, de três meses a um ano.
O policial militar poderá praticar tanto os crimes deste capítulo, por ser
funcionário público, quanto os do Código Penal Militar. Neste último caso, devem se
atender as especificidades no art. 9, do CPM.
Lembrar que, quando há casos de crime comum e crime militar, eles serão
separados para serem julgados em procedimentos distintos.
Ex: Policial solicita vantagem em uma blitz (pratica corrupção), leva a pessoa
para o quartel e seu superior solicita vantagem (pratica crime militar). Neste caso, a
competência será separada. O policial será julgado na Justiça Comum, enquanto seu
superior na Justiça Militar.
1 – FUNCIONÁRIO PÚBLICO
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem,
embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função
pública.
§ 1o - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função
em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada
ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública.
– Funcionário público pode estar lá de forma transitória ou sem remuneração.
Ex: Estagiário, jurado, mesário.
– É uma elementar que se comunica para quem não é funcionário público (art.
30, CP)
Ex: Você, funcionário público, vai com seu irmão, que sabe da sua condição de
funcionário público e subtrai algo da administração pública. Neste caso, ambos praticam
peculato.
2 – PECULATO
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer
outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou
desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
Peculato-apropriação: “Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor
ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do
cargo”
Peculato-desvio: “desviá-lo, em proveito próprio ou alheio”. Ex: um
funcionário público recebe um valor para investir na saúde, e, em vez de investir na
saúde, investe em fins particulares (carro, joias, imóveis para ele e terceiros).
≠ do caso em que o funcionário recebe a verba para investir na saúde, mas
investe em educação – neste caso, pratica o crime do art. 315, CP (Emprego irregular de
verbas ou rendas públicas)
Peculato-furto:
§ 1o - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a
posse do dinheiro,
valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio
ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.
Ex: Valendo o acesso que tem, o funcionário público entra em seu local de
trabalho e subtrai impressora, dinheiro, etc.
Nesse caso, o funcionário público não tem a posse da coisa subtraída, ≠ do
peculato-apropriação.
Peculato culposo:
§ 2o - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
§ 3o - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença
irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.
Peculato-estelionato:
Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do
cargo, recebeu por erro de outrem:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Peculato-eletrônico:
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados
falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou
bancos de dados da Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida para
si ou para outrem ou para causar dano:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Ex: Funcionário que, pedindo vantagem, insere o nome de pessoa reprovada no
teste de direção, como aprovada. - Afasta-se a corrupção e aplica-se o peculato
eletrônico, pelo princípio da especialidade, por ter sido praticado nos sistemas
informatizados ou bancos de dados.
3 – CONCUSSÃO x CORRUPÇÃO PASSIVA x CORRUPÇÃO ATIVA
Concussão
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora
da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
Corrupção passiva
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente,
ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida,
ou aceitar promessa de tal vantagem:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Corrupção ativa
Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para
determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.