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Introdução:

Serão estudados os crimes contra a pessoa, contra o patrimônio, crimes contra a


dignidade sexual, crimes contra a incolumidade pública e crimes contra a administração
pública.
Na prova do CFO, a banca tem selecionado os capítulos mais pertinentes no dia
a dia do oficial, que seriam os crimes contra a pessoa e dentro deles os crimes contra a
vida, crimes patrimoniais, exceto os federais e previdenciários, alguns crimes contra a
dignidade sexual e contra a incolumidade pública.

CRIMES CONTRA A PESSOA


1 – HOMICÍDIO
a) Classificação
– Crime material: o crime de homicídio necessita de um resultado
material/natural. Portanto, é necessário haver o resultado morte.
(≠ crime formal, que necessita apenas de resultado jurídico, como, por exemplo,
o crime de extorsão mediante sequestro).
Obs: Não confundir crime material com um crime não-transeunte, que seria é o
delito que deixa vestígios e, por este motivo, necessita de perícia.

– Crime não-transeunte: crime que deixa vestígios. Aqui se busca a causa da


morte, que deverá ser demonstrada através de perícia. (art. 158, Código de Processo
Penal).
“Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de
corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado”.
Caso não seja possível realizar o exame corpo de delito direto, poderá ser feito o
exame indireto, através de depoimentos de testemunhas.
Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem
desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.

– Crime omissivo impróprio: Praticado pelos garantidores - aquele que, tendo o


dever legal de agir, não atua para impedir o resultado (art. 13, §2o, do Código Penal).
Além do dever, o garantidor deve poder agir (possibilidade física).
Ex: Policial; salva-vidas; pai; mãe; médico.
Obs: o crime de homicídio é, via de regra, realizado na forma ativa (disparar,
esfaquear, etc.), o que não exclui a possibilidade de ocorrer um homicídio omissivo
impróprio.

b) Espécies
– Simples: “Matar alguém” - “caput” do artigo.
O homicídio simples pode ser hediondo, se praticado em atividade típica de
grupo de extermínio, conforme previsto na Lei 8.072/90 (Lei de Crimes Hediondos).
Ainda que cometido por uma só pessoa.

Art. 121. Matar alguém:


Pena – reclusão, de seis a vinte anos.

– Privilegiado: a pena será diminuída.


Caso de diminuição de pena

§ 1o Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social


ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação
da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
Relevante valor social: pessoa que mata um estuprador, por exemplo.
Relevante valor moral: valor pessoal; pessoa que mata o estuprador de sua filha
ou que fez mal a ele ou sua família.
Sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da
vítima: caso clássico é o de traição.

– Qualificado:
Homicídio qualificado
§ 2° Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
Motivo torpe: motivo que tem caráter pecuniário. O agente tem o intuito de ter
algo mensurável. - há interpretação analógica.
Ex: matar por conta do tráfico, dívida de drogas, herança, pensão alimentícia.
II - por motivo fútil;
Motivo fútil: desproporção entre a causa da morte e a própria morte.
Ex: matar por discussão; torcida rival de futebol;
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio
insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
Obs: há interpretação analógica também. Qualificará o crime qualquer outro
meio insidioso ou cruel ou de que possa resultar perigo comum, além dos elencados no
inciso.
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que
dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;

Dissimulação: a pessoa esconde o propósito criminoso.


Ex: agressor do Bolsonaro, no meio da multidão, agindo como um apoiador para
ninguém desconfiar.

V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro


crime.
Ocultação, impunidade ou vantagem de outro crime são para o passado.
Ex: matar uma testemunha, um juiz, um promotor, um comparsa para ficar com
a subtração de um banco, por exemplo.

Assegurar a execução de outro crime.


Ex: Matar para praticar outro homicídio; matar para estuprar.
Obs: Neste caso, a pessoa não pode matar para subtrair, uma vez que
configuraria o crime de Latrocínio, crime patrimonial, com procedimento diferente do
homicídio.
ATENÇÃO para os incisos VI (Feminicídio) e VII (Funcional).

Feminicídio
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino;

Feminicídio: matar uma pessoa do sexo feminino, registrada em cartório. O


que vale é o documento civil.
§ 2o
-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime
envolve:
I - violência doméstica e familiar;
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher.

Mulher:
– Em razão de violência doméstica e familiar (Lei Maria da Penha – 11.340/03):
companheira, cônjuge, filha, avó, etc.
– Em razão de discriminação do sexo feminino. Não há relação doméstica e
familiar.
Ex: mulher feminista que é morta no meio de um movimento, por um homem
que não concorda com o fato da mulher ser feminista.
Obs: Não há como encaixar no feminicídio o homicídio contra uma pessoa que
pensa e age como se fosse uma mulher e é morta por questões homossexuais, salvo se,
no documento civil houver alteração para o sexo feminino.
Obs 2: o autor pode ser tanto homem quanto mulher.

Causa de aumento de pena


§ 7o
A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for
praticado:
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto;
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos, com
deficiência ou portadora de doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou
de vulnerabilidade física ou mental;
III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima;
IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos
incisos I, II e III do caput do art. 22 da Lei no 11.340, de 7 de agosto de 2006.

Atenção: É crime o descumprimento de medidas protetivas de urgência (art. 24-


A, Lei 11.430/06).
Entretanto, se descumpre as medidas e mata a mulher nessa circunstância, terá
sido praticado o feminicídio com o aumento de pena do inciso IV, e não o crime da Lei
Maria da Penha.
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição
Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no
exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou
parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição.

Funcional:
– Para alguns doutrinadores, como, por exemplo, o Bitencourt, autoridade ou
agente descrito nos arts. seriam dois grupos. Autoridade seriam quaisquer autoridades,
como juízes, promotores, ministros, desembargadores. Já os agentes descritos nos arts.
seriam aqueles descritos na Constituição Federal.
Para outros doutrinadores, autoridades seriam as autoridades (pessoas que
possuem o mando) descritas no art. 142 e 144 CF/88 e os agentes também os que estão
descritos. Juízes, promotores, ministros, desembargadores, na verdade, se enquadrariam
no inciso V (para assegurar impunidade).
– O crime deve ser cometido em virtude de sua profissão e deve-se saber desta
profissão. Pode ser realizado, inclusive, dentro da casa da autoridade ou agente, desde
que o crime tenha sido cometido em razão da função.
– Parentesco consanguíneo ≠ parentesco civil (filho adotivo).

* Para a primeira corrente, com não há previsão na lei, não seria possível aplicar
a qualificadora ao crime cometido contra o filho adotivo de uma autoridade ou agente,
uma vez que é vedada analogia in malam partem. Logo, matar um filho adotivo de um
policial seria homicídio simples.
* Para a segunda corrente, o legislador disse menos do que deveria. Logo, é
necessário fazer uma interpretação extensiva, equiparando o parentesco consanguíneo
com o civil, uma vez que a própria Constituição Federal assim o fez.
Obs: o homicídio funcional é um crime hediondo.

– Culposo:
§ 3o Se o homicídio é culposo:
Pena - detenção, de um a três anos.
Atenção: a pena mínima do homicídio culposo é de 1 ano. Portanto, cabe
suspensão condicional do processo.

2 – PARTICIPAÇÃO NO SUICÍDIO
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio
Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para
que o faça:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um
a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.
Parágrafo único - A pena é duplicada:
Aumento de pena
I - se o crime é praticado por motivo egoístico;
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de
resistência.

a) Crime condicionado: para que possa responder por esse delito, é necessário
que ocorra o resultado lesão corporal grave ou morte. - condição objetiva de
punibilidade.
Ex: Roleta russa.

3 – INFANTICÍDIO

Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o
parto ou logo após:
Pena - detenção, de dois a seis anos.

a) Estado Puerperal: alteração hormonal


b) Comunicabilidade das elementares (art. 30, Código Penal): A elementar do
tipo “estado puerperal” se comunica aos demais.
Ex: Pai que ajuda a mãe em estado puerperal a matar o filho, também responderá
por infanticídio.
4 – ABORTO

Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento


Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque:
Pena - detenção, de um a três anos.
Aborto provocado por terceiro

Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:


Pena - reclusão, de três a dez anos.

Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante:


Pena - reclusão, de um a quatro anos.
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de
quatorze anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante
fraude, grave ameaça ou violência

a) Art. 124 e art. 126:


Atenção! No art. 124 e art. 126 há uma situação de concurso de pessoas, mas
que cada um responde por um tipo penal diferente. Nesse caso, adotou-se a teoria
pluralista do concurso de pessoas, através da qual os agentes praticam um ato único,
mas cada um se enquadra em um tipo penal.
Esta teoria é uma exceção à regra monista, pela qual todos se enquadram em
apenas um tipo penal.
Outro exemplo em que se aplica a teoria pluralista é o crime de corrupção.
Ex: A mulher consentiu que o médico fizesse o aborto nela. A mulher responder
pelo art. 124 e o médico pelo art. 126.

b) Art. 125:
– O terceiro é quem provoca o aborto, sem o consentimento da gestante.
– É um crime de dupla subjetividade passiva (mãe e feto).

c) Aborto permitido:
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:
Aborto necessário
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da
gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.

– Aborto necessário:
* Risco de vida da gestante.
* Não é necessário autorização judicial.
* É necessário ser médico. Caso outra pessoa faça o aborto para salvar a vida da
gestante e comprove, não será punido por estar amparado pelo estado de necessidade.
– Aborto no caso de gravidez resultante de estupro / aborto sentimental:
* Deve haver prova do estupro.
* O estupro pode ser comprovado por um Boletim de Ocorrência.
* Não precisa de autorização judicial.
* Por analogia in bonam partem pode fazer aborto no caso de gravidez
proveniente de atentado violento ao pudor (antigo art. 214, do Código Penal).
Obs: Hoje, o crime de atentado violento ao pudor não existe mais. Ele foi
unificado com o crime de estupro (art. 213, do Código Penal), em 2009.

d) ADPF 54:
* Aborto de feto anencéfalo.
* Não está previsto na lei, mas, por ser uma ADPF, há eficácia erga omnes.
* Não precisa de autorização judicial.
Obs: Para essa prova, discussão de aborto permitido até o 3o mês da gravidez
não é considerada.

5 – LESÕES CORPORAIS

a) Lesão corporal leve:


Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
– Julgada no Juizado Especial Criminal.
– Cabe suspensão condicional do processo.
– Ação penal condicionada à representação – art. 88, Lei 9.099/95 (Lei dos
Juizados Especiais)
Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá
de representação a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões
culposas.
– Prazo de 6 meses para representação, sob pena de decadência.

b) Lesão corporal grave


§ 1o Se resulta:

I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;


Obs: qualquer ocupação habitual.
Ex: Prostituta que é espancada e fica 40 dias sem trabalhar como prostituta.
≠ de incapacidade permanente – lesão corporal gravíssima.

II - perigo de vida;
– Crime preterdoloso, pois há dolo na conduta de lesionar e culpa no resultado
perigo de vida.
Se houvesse dolo no resultado perigo de vida, a conduta se enquadraria como
tentativa de homicídio.

III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;


– Não perde o membro, sentido ou função. Há apenas uma certa limitação em
virtude da lesão.
≠ de perda ou inutilização – lesão gravíssima.
IV - aceleração de parto:
≠ de aborto – lesão gravíssima.

– Deve saber que a vítima estava grávida.

c) Lesão corporal gravíssima


§ 2° Se resulta:
I - Incapacidade permanente para o trabalho;
II - enfermidade incurável;
– A doutrina traz a AIDS como enfermidade incurável.
III perda ou inutilização do membro, sentido ou função;

IV - deformidade permanente;
– Pode ser uma cicatriz, um dano estético.
– A deformidade é considerada permanente mesmo que haja uma cirurgia
estética reparadora, uma vez que se considera o tempo do fato da ação ou omissão

V - aborto:
– Crime preterdoloso, pois há dolo na conduta de lesionar e culpa no resultado
aborto. Se houvesse dolo no resultado aborto, se enquadraria como crime de aborto (art.
125, CP).

d) Lesão corporal seguida de morte


§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o
resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
– Crime preterdoloso. Há dolo na lesão e culpa no resultado morte.
– O próprio tipo exclui o dolo direto (“o agente não quis o resultado”) e o dolo
eventual (“nem assumiu o risco de produzi-lo”).

e) Lesão corporal culposa


§ 6° Se a lesão é culposa:
Pena - detenção, de dois meses a um ano.
– É necessário representação do ofendido, em seis meses. (art. 88, Lei 9.099/95).

f) Violência doméstica
§ 9o
Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou
companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o
agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos
– Pode ser praticado contra homem ou mulher.
– É um crime de lesão corporal leve, praticada em relações domésticas.
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as circunstâncias são as
indicadas no §
9o
deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço).
– Lesão grave, gravíssima ou seguida de morte em situação de violência
doméstica.
– As penas aumentadas de 1/3 são as dos §§ 1o, 2o ou 3o.
Obs: Se a vítima for mulher, aplica-se a Lei 11.340/06, adotando o procedimento
necessário, como, por exemplo, a concessão de medidas protetivas.
– Ação penal incondicionada, por aplicação do art. 100, do Código Penal.

* Excetuando as lesões leves e culposas (“caput” e §6o), a ação penal é


incondicionada.

§ 11. Na hipótese do § 9º deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o


crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência.
– Lesão leve praticada contra vítima portadora de deficiência, em situação de
violência doméstica.

g) Lesão corporal funcional


§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e
144 da
Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de
Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu
cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa
condição, a pena é aumentada de um a dois terços.
– É majorante do crime de lesão corporal.

CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO


1 – FURTO
Art. 155 – Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa.
– É necessário ter/visar uma posse definitiva.
– Furto para uso não é crime, é um fato atípico.
Ex: Uma pessoa pega o carro de um cliente no estacionamento, utiliza-o e volta
com o carro para o mesmo lugar. Ele não tinha intuito de definitividade. (Não exclui a
possibilidade de utilizar a área cível).
– NÃO é necessário ter a posse mansa e pacífica.
– É possível aplicar o princípio da insignificância.
– Se consuma com a mera inversão da posse (Teoria da amotio/apprehensio).
Obs: No caso da pessoa que subtrai um produto dentro de um supermercado, o
crime só se consuma quando sair do estabelecimento, pois é nesse momento que se
inverte a posse. Se ele é pego dentro do estabelecimento, é possível considerar como
uma tentativa de furto.
Obs2: Crime impossível em supermercado: vigilância, câmera ou qualquer
monitoramento, não torna o crime de furto no estabelecimento comercial um crime
impossível.
– Cabe suspensão condicional do processo.

a) Furto majorado:
§ 1o - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso
noturno.
– Não é necessário que tenham pessoas dormindo.
– É necessário que seja praticado durante a noite. Para a prova, considera-se
noite de 18h em diante.
– Pode ocorrer em estabelecimento comercial.

b) Furto privilegiado
§ 2o - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz
pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou
aplicar somente a pena de multa.
– Diferentemente do princípio da insignificância, pode ser aplicado ao §4o (furto
qualificado).
└> Súmula 511, STJ: “É possível o reconhecimento do privilégio previsto no §
2o. do art. 155 do
CP nos casos de furto qualificado, se estiverem presentes a primariedade do
agente, o pequeno valor da coisa e a qualificadora for de ordem objetiva.” (só não são
de ordem objetiva as qualificadoras de abuso de confiança e fraude).
c) Furto de Energia Elétrica
§3o - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha
valor econômico.
– Ex: “gato-luz”, adulteração de medidor.
– O “gato-net” feito por meio de cabo não tem previsão legal e, de acordo com o
STF, não se enquadra na hipótese do parágrafo, tendo em vista que a internet se propaga
mediante ondas, enquanto a energia elétrica se propaga mediante fios condutores.
Equiparar fios condutores com ondas seria uma analogia in malam partem, vedada no
ordenamento.
– O “gato-net” feito por radiofrequência tem tipificação no art. 183 da Lei
9.472/97.
└> Súmula 606, STJ: “Não se aplica o princípio da insignificância a casos de
transmissão clandestina de sinal de internet via radiofrequência, que caracteriza o fato
típico previsto no artigo 183 da Lei 9.472/97”.

d) Furto qualificado
§4o - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:

I – com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;


– É um delito não-transeunte, ou seja, precisa-se de perícia. Caso não seja
possível realizar a perícia, é possível fazer a análise de forma indireta, por meio de
vídeos, câmera e etc.
– O furto de um carro, quebrando-se o vidro do mesmo para leva-lo, para o STJ
é crime de furto simples. Caso quebre a janela para furtar algo dentro do carro, é
considerado furto qualificado.

II– com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;


– Fraude: o próprio agente subtrai.
≠ da fraude no estelionato, na qual a própria vítima entrega a coisa.
Exs: Falso manobrista que entra no estacionamento, pega as chaves de um carro
e o subtrai –
Furto mediante fraude.
Falso manobrista que aguarda em frente ao restaurante e a vítima entrega a ele a
chave de seu carro acreditando ser este um manobrista real – Estelionato.
Pessoa que se passa por corretor de imóveis, mostra um documento falso para a
vítima e pede para que ela deposite R$1.000,00 para garantir o imóvel – Estelionato.
Saques por internet banking – Furto mediante fraude.
Pessoa se passa por um comprador de carro, o vendedor entrega a chave do carro
para fazer um test drive e o agente subtrai o carro – Estelionato.

CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

1 – FURTO
a) Furto qualificado
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
– Abuso de confiança: a posse inicial é ilegítima.
≠ Apropriação indébita (art. 168, CPP) – posse legítima
Ex: Empregada doméstica pega um bem de sua patroa, sem que ela deixe, e leva
para sua casa –

Furto qualificado.
A patroa empresta uma joia para a empregada doméstica, esperando que ela
devolva futuramente, mas, ela não devolve – Apropriação indébita.
– Destreza: quando o agente tem uma habilidade incomum. Deve ter o mínimo
de esforço.
Ex: Mágico; pescar dinheiro; punguista.
– Escalada: deve transpor o bem. Deve ter um mínimo de esforço.
Ex: uso de escada, pular uma cerca alta.
Obs: pode ser passar por debaixo, como, por exemplo, cavar um buraco e passar
por debaixo da cerca ou do muro.

III - com emprego de chave falsa;


– Uso de chave micha, coringa, uma chave que abre qualquer porta, cofre.
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
Obs: Pode contabilizar para fins da qualificadora um inimputável (menor, doente
mental). Entretanto, pelo menos um dos autores deve ser imputável/maior.

§ 4o-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver


emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum.
– Também é furto qualificado;
Ex: explosão de cofre, explosão de caixa, dinamitar.

§ 5o - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo


automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior.

§ 6o A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de


semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local
da subtração.
Ex: subtrair um boi, uma vaca, uma galinha. Deve pertencer a uma a uma
fazenda de gado, um haras, uma granja.

§ 7o A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a subtração


for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente,
possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego.
– Mesma pena para quem “explode”.

2 – ROUBO

Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave
ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à
impossibilidade de resistência:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
– Crime cometido com violência ou grave ameaça.
– Se consuma com a mera inversão da posse (Teoria da amotio/apprehensio)
– É um crime complexo: crime composto de dois tipos penais dentro de um só
(furto e constrangimento ilegal).
– Não cabe o roubo de uso, uma vez que se a pessoa subtrai para devolver
depois, já praticou o crime de roubo quando, para subtrair a coisa (furto), empregou
violência ou grave ameaça (constrangimento ilegal).
– Violência própria/ real / física: arma de fogo na cabeça, coronhada, empurro,
gravata, etc.
– Violência imprópria/ ficta/ psíquica: “depois de havê-la, por qualquer meio,
reduzido à impossibilidade de resistência”. Ex: hipnose, drogar a vítima, embriagá-la,
etc. - Deve ter o intuito prévio de redução da resistência para subtrair.

a) Espécies de roubo
Próprio: quando o agente usa violência ou grave ameaça antes da subtração.
Impróprio:
§ 1o - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega
violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou
a detenção da coisa para si ou para terceiro.

– Ocorre quando o agente usa violência ou grave ameaça depois da subtração. O


crime começa como furto, mas, depois que tem o bem, o agente usa violência ou grave
ameaça para assegurar a detenção/posse do mesmo. A pena é a mesma do roubo
próprio.
Ex: Entra em uma casa, pega os bens e quando está saindo a vítima chega. Para
ficar com o bem, o agente ameaça a vítima. De furto, passa a ser um crime de roubo.

b) Roubo majorado
§ 2o A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade:

I - Revogado
– passou para o inciso I do §3o, ficando mais grave.
– não houve descriminalização e sim aplicação do princípio da continuidade
normativo típica.
– havia previsão da arma branca.
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal
circunstância.
– O agente deve saber que a vítima está em serviço de transporte. Deve saber
que é um carro- forte, saber que tem uma carga pesada, que é um transporte
profissional.

IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para


outro Estado ou para o exterior
– Basta o agente ter a intenção de transportar o veículo, podendo, inclusive, estar
no meio do caminho.
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade.
– A restrição da liberdade no roubo dispensa o comportamento da vítima.
≠ da restrição da liberdade no crime de extorsão mediante sequestro (art. 159,
CP) e seqüestro relâmpago (158, §3o, CP) – comportamento da vítima é indispensável.
Ex: Roubo no banco, fazendo vítimas de refém – não há necessidade da vítima
para conseguir subtrair o bem, pois já está com ele. A vítima está lá só para tornar
seguro o proveito do crime.
Agente que entra no carro da vítima, com ela, dirige até uma estrada deserta, a
larga lá e subtrai o carro – a vítima está lá só para deixar seguro o proveito do crime –
Roubo majorado.
Agente entra no carro da vítima, coloca a vítima no porta-malas ou no banco do
passageiro e manda sacar dinheiro sob pena de matá-la. Portanto, ela que vai ter que ir
ao banco, utilizar biometria, digitar a senha – Sequestro relâmpago.
O caso de roubo a banco, no qual o gerente é obrigado a abrir o cofre pois
comparsas estão com sua família, é caso de extorsão mediante sequestro, pois o gerente
é o terceiro que paga o resgate de seus familiares.
Na extorsão mediante sequestro, a vítima é uma moeda de troca para conseguir o
proveito – É um terceiro que paga o resgate.
No sequestro relâmpago, a própria vítima é quem paga o resgate.
Obs: Súmula 96, STJ: O crime de extorsão consuma-se independentemente da
obtenção da vantagem indevida.
Ex: Casos de disk-sequestro, casos em que o agente liga para a vítima e finge ter
seqüestrado alguém da família, mas, logo depois, a vítima descobre que não tem
ninguém sequestrado. O crime está consumado desde o constrangimento.
Nos casos em que a vítima não tem filhos e recebe ligação sobre sua filha ter
sido sequestrada e, sabe desde o começo que se trata de uma mentira, estamos diante de
um caso de crime impossível, por impropriedade absoluta do objeto – o objeto não
existe.
VI - se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta
ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego.
– Diferentemente do furto, no roubo de explosivos, a pena é menor para aquele
agente que utiliza o explosivo na subtração (inciso II, §3o).
§ 2o-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços):

I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo;


– Antes, estava no inciso I do §2o. Agora, a majorante é mais grave e se aplica
apenas à arma de fogo (que usa pólvora).
– Não retroage para os casos já praticados anteriormente (novatio legis in pejus
NÃO retroage).
– Agora, o emprego de arma branca é considerada como roubo simples. De
acordo com o STJ, por haver novatio legis in mellius, a alteração beneficia quem foi
condenado por roubo majorado anteriormente a ela (art. 2o, do CP – Lei posterior que
de qualquer forma beneficiar o réu, retroage).

II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de


explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum.

§ 3o Se da violência resulta:
I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e
multa;

II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa.


– Crime de Latrocínio: “matar para roubar”
– Procedimento comum ordinário.
– Súmula 610, STJ: Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma,
ainda que não realize o agente a subtração de bens da vítima. Ou seja, se mata e não
leva os objetos, o latrocínio se consuma do mesmo jeito.
3 – ESTELIONATO
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio,
induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro
meio fraudulento:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos
de réis.
Obs:
Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro
V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio
corpo ou a saúde, ou agrava as consequências da lesão ou doença, com o intuito de
haver indenização ou valor de seguro;
– A pessoa pratica o estelionato, fazendo uma autolesão, lesionando o próprio
patrimônio para receber o seguro.
Ex: Jogar o carro na ribanceira, faz seguro do próprio corpo e se machuca
propositalmente para receber o seguro.
Fraude no pagamento por meio de cheque

VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou


lhe frustra o pagamento.
– Emitir cheque sem fundos.
– A pessoa que endossa um cheque sem fundos não pratica o crime do inciso
uma vez que não o emitiu, mas pratica o estelionato do “caput”.

4 – RECEPTAÇÃO
Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito
próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de
boa-fé, a adquira, receba ou oculte:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Ex: comprar bolsa e celular falsificado no Shopping Oiapoque.

a) Receptação qualificada
§ 1o - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito,
desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em
proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que
deve saber ser produto de crime:
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa.

b) Receptação culposa
§ 3o - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção
entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida
por meio criminoso:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as penas.
– Único crime culposo dentro dos crimes patrimoniais.
– A pessoa não sabe que a coisa é produto de crime.
– Há uma desproporção no valor.

5 – ESCUSAS ABSOLUTÓRIAS
Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste
título, em prejuízo:
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja
civil ou natural.

6 – IMUNIDADE FORMAL
Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste
título é cometido em prejuízo:
I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;
II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;
III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.
– Nesse caso, para que o procedimento do crime prossiga, deve haver
representação do prejudicado previsto nos incisos, no prazo de 6 meses.
Obs:
Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores:
I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de
grave ameaça ou violência à pessoa;
II - ao estranho que participa do crime.
III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60
(sessenta) anos

CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL

1 – ESTUPRO
Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter
conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso:
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.
– Houve uma continuidade normativo típica, pois englobou o previsto no art.
214, CP (atentado violento ao pudor), revogando-o.
– O crime de estupro se consuma com qualquer ato libidinoso amplo
(penetração, sexo oral, apalpar a pessoa, etc.), desde que praticado com violência ou
grave ameaça.
– Pode ser praticado por qualquer pessoa, homem ou mulher.
– Aplica-se o art. 71, CP (crime continuado). Se os atos libidinosos forem
praticados no prazo de 30 dias, na mesma comarca e maneira de execução, por ser o
mesmo tipo penal, ao invés da pena se somar, ela é aumentada de 1/6.
– Se durante um ato só forem praticados diversos atos libidinosos, será praticado
um crime só.

– É um crime hediondo.
a) Estupro qualificado
§ 1o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é
menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos.
§ 2o Se da conduta resulta morte:
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
– Se a pessoa é menor de 18 e maior de 14 e o ato for consentido, o fato é
atípico.
– Só será estupro de vulnerável se a vítima for menos de 14 anos e, nesse caso,
não há consentimento válido.
2 – IMPORTUNAÇÃO SEXUAL
Art. 215-A. Praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o
objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato não constitui crime mais
grave.
Ex: Caso do homem que ejacula na mulher no ônibus; homem quem “encoxa” a
mulher no ônibus.
– É um tipo novo e não retroage.
– Não há violência ou grave ameaça.
– Se houver vulnerabilidade, aplica-se o art. 217-A.
– Cabe suspensão condicional do processo.

3 – ESTUPRO DE VULNERÁVEL
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de
14 (catorze) anos:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
§ 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com
alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento
para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência.
– São considerados vulneráveis os menores de 14 anos, o doente mental e o
vulnerável momentâneo.
– Há presunção absoluta de violência.

– Possui as mesmas qualificadoras do estupro.

4 – REGISTRO NÃO AUTORIZADO DA INTIMIDADE SEXUAL


Art. 216-B. Produzir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio,
conteúdo com cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado
sem autorização dos participantes:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e multa.
Ex: Filmar intimidade sem consentimento, printar “nudes”.
– Competência do Juizado Especial Criminal, procedimento comum
sumaríssimo.
– Cabe transação penal e suspensão condicional do processo.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem realiza montagem em fotografia,
vídeo, áudio ou qualquer outro registro com o fim de incluir pessoa em cena de nudez
ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo.
Ex: Montagem, áudio.

5 - DIVULGAÇÃO DE CENA DE ESTUPRO OU DE CENA DE ESTUPRO


DE VULNERÁVEL, DE CENA DE SEXO OU DE PORNOGRAFIA
Art. 218-C. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, vender ou expor à venda,
distribuir, publicar ou divulgar, por qualquer meio - inclusive por meio de comunicação
de massa ou sistema de informática ou telemática -, fotografia, vídeo ou outro registro
audiovisual que contenha cena de estupro ou de estupro de vulnerável ou que faça
apologia ou induza a sua prática, ou, sem o consentimento da vítima, cena de sexo,
nudez ou pornografia:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o fato não constitui crime mais
grave.
– Pune quem divulga o registro de estupro, estupro de vulnerável, sexo, nudez
ou pornografia sem consentimento.
– Cabe suspensão condicional do processo.
a) Causa de aumento de pena
§ 1o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços) se o crime é
praticado por agente que mantém ou tenha mantido relação íntima de afeto com a vítima
ou com o fim de vingança ou humilhação.
– Conhecido como “revenge porn”, o agente divulga registro íntimo com o fim
de vingança ou humilhação.
– Sextorsão: o agente condiciona a não divulgação do registro íntimo (“revenge
porn”):
* ao recebimento de vantagem econômica – nesse caso trata-se de crime de
extorsão (art. 158, CP)
* a prática de ato sexual – nesse caso trata-se de crime de estupro (art. 213, CP)
* a prática de ato sexual por meio virtual – nesse caso, o STJ aceita como sendo
um crime de estupro virtual. Ex: por meio de webcam, o agente pede para a vítima se
tocar contra a vontade.
6 – AÇÃO PENAL
Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se
mediante ação penal pública incondicionada.
– TODOS os crimes contra a dignidade sexual se procedem mediante ação penal
pública incondicionada.
– Respeita-se o prazo de 6 meses para representação, para os crimes que antes
eram procedidos mediante ação penal condicionada a representação. Caso não tenha
passado esses 6 meses, mesmo que anteriormente fosse condicionado a representação, o
Ministério Público poderá denunciar.

7 – CAUSAS DE AUMENTO DE PENA


Art. 226. A pena é aumentada:
I – de quarta parte, se o crime é cometido com o concurso de 2 (duas) ou mais
pessoas;
II - de metade, se o agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão,
cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por
qualquer outro título tiver autoridade sobre ela;
IV - de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado:
Estupro coletivo
a) mediante concurso de 2 (dois) ou mais agentes;
Estupro corretivo
b) para controlar o comportamento social ou sexual da vítima.

CRIMES CONTRA A INCOLUMIDADE PÚBLICA

Com relação a esse capítulo, é cobrado muito a letra da lei. O professor


aconselha a ler todos os artigos, inclusive os não citados em aula, e marcar todos os
crimes que possuem a modalidade culposa, já que se trata de uma exceção.
1 – INCÊNDIO
Art. 250 - Causar incêndio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o
patrimônio de outrem:
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.
– O crime deve ser praticado contra outrem. Logo, atear fogo na sua própria
casa, ou no seu carro, e não tiver ninguém por perto, não é crime. - Não se pune
autolesão.
a) Incêndio culposo
§ 2o - Se culposo o incêndio, é pena de detenção, de seis meses a dois anos.

2 – EXPLOSÃO
Art. 251 - Expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem,
mediante explosão, arremesso ou simples colocação de engenho de dinamite ou de
substância de efeitos análogos:
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.

a) Explosão culposa
§ 3o - No caso de culpa, se a explosão é de dinamite ou substância de efeitos
análogos, a pena é de detenção, de seis meses a dois anos; nos demais casos, é de
detenção, de três meses a um ano.

3 - USO DE GÁS TÓXICO OU ASFIXIANTE


Art. 252 - Expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem,
usando de gás tóxico ou asfixiante:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
a) Modalidade culposa
Parágrafo único - Se o crime é culposo:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
4 - FABRICO, FORNECIMENTO, AQUISIÇÃO POSSE OU TRANSPORTE
DE EXPLOSIVOS OU GÁS TÓXICO, OU ASFIXIANTE
Art. 253 - Fabricar, fornecer, adquirir, possuir ou transportar, sem licença da
autoridade, substância ou engenho explosivo, gás tóxico ou asfixiante, ou material
destinado à sua fabricação:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.

5 - ENVENENAMENTO DE ÁGUA POTÁVEL OU DE SUBSTÂNCIA


ALIMENTÍCIA OU MEDICINAL
Art. 270 - Envenenar água potável, de uso comum ou particular, ou substância
alimentícia ou medicinal destinada a consumo:
Pena - reclusão, de dez a quinze anos.
§ 1o - Está sujeito à mesma pena quem entrega a consumo ou tem em depósito,
para o fim de ser distribuída, a água ou a substância envenenada.
a) Modalidade culposa
§ 2o - Se o crime é culposo:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

6 – FALSIFICAÇÃO, CORRUPÇÃO, ADULTERAÇÃO OU ALTERAÇÃO


DE PRODUTO DESTINADO A FINS TERAPÊUTICOS OU MEDICINAIS
Art. 273 - Falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins
terapêuticos ou medicinais:
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e multa.
– É um crime hediondo
– Não são considerados produtos medicinais apenas os remédios.
Ex: caso de adulteração do produto utilizado para fazer escova progressiva.
– O STJ já vem decidindo que, quando se trata de substância alterada para
venda, pode ser enquadrado no crime de tráfico de drogas.

CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

O policial militar poderá praticar tanto os crimes deste capítulo, por ser
funcionário público, quanto os do Código Penal Militar. Neste último caso, devem se
atender as especificidades no art. 9, do CPM.
Lembrar que, quando há casos de crime comum e crime militar, eles serão
separados para serem julgados em procedimentos distintos.
Ex: Policial solicita vantagem em uma blitz (pratica corrupção), leva a pessoa
para o quartel e seu superior solicita vantagem (pratica crime militar). Neste caso, a
competência será separada. O policial será julgado na Justiça Comum, enquanto seu
superior na Justiça Militar.

1 – FUNCIONÁRIO PÚBLICO
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem,
embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função
pública.
§ 1o - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função
em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada
ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública.
– Funcionário público pode estar lá de forma transitória ou sem remuneração.
Ex: Estagiário, jurado, mesário.
– É uma elementar que se comunica para quem não é funcionário público (art.
30, CP)
Ex: Você, funcionário público, vai com seu irmão, que sabe da sua condição de
funcionário público e subtrai algo da administração pública. Neste caso, ambos praticam
peculato.

2 – PECULATO
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer
outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou
desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
Peculato-apropriação: “Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor
ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do
cargo”
Peculato-desvio: “desviá-lo, em proveito próprio ou alheio”. Ex: um
funcionário público recebe um valor para investir na saúde, e, em vez de investir na
saúde, investe em fins particulares (carro, joias, imóveis para ele e terceiros).
≠ do caso em que o funcionário recebe a verba para investir na saúde, mas
investe em educação – neste caso, pratica o crime do art. 315, CP (Emprego irregular de
verbas ou rendas públicas)
Peculato-furto:
§ 1o - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a
posse do dinheiro,
valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio
ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.
Ex: Valendo o acesso que tem, o funcionário público entra em seu local de
trabalho e subtrai impressora, dinheiro, etc.
Nesse caso, o funcionário público não tem a posse da coisa subtraída, ≠ do
peculato-apropriação.
Peculato culposo:
§ 2o - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
§ 3o - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença
irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.
Peculato-estelionato:
Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do
cargo, recebeu por erro de outrem:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Peculato-eletrônico:
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados
falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou
bancos de dados da Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida para
si ou para outrem ou para causar dano:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Ex: Funcionário que, pedindo vantagem, insere o nome de pessoa reprovada no
teste de direção, como aprovada. - Afasta-se a corrupção e aplica-se o peculato
eletrônico, pelo princípio da especialidade, por ter sido praticado nos sistemas
informatizados ou bancos de dados.
3 – CONCUSSÃO x CORRUPÇÃO PASSIVA x CORRUPÇÃO ATIVA

Concussão
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora
da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.

Corrupção passiva
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente,
ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida,
ou aceitar promessa de tal vantagem:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

Corrupção ativa
Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para
determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

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