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Este trabalho tem como objetivo ser uma ferramenta de trabalho eficiente, para
preparação de obreiros que desejam cumprir o seu papel, sua vocação ministerial com
eficácia.
Temos vivido tempos de muita superficialidade, no que se diz respeito à
fundamentação doutrinária teológica, isto devido ao crescimento assustador de modismos e
metodologias astutas, geradas pelo inferno, com o propósito de fazer com que a igreja do
Senhor Jesus Cristo, perda sua identidade e se desvie de sua verdadeira missão. A igreja
tem vivido um tempo de muitas misturas, e isto tem feito com que a igreja perca o seu poder
de impacto, sobre a sociedade moderna.
A igreja do Senhor Jesus tem sido entulhada com um sincretismo doutrinário
aterrorizador. Nunca houve uma necessidade tão grande de homens e mulheres que saiam
na defesa da fé cristã, para isto é necessário o conhecimento das escrituras, e dos
fundamentos doutrinários pelos quais norteiam a fé cristã.
A igreja precisa se arrepender do seu pecado de ter se desviado do caminho da
verdade, e voltar urgentemente a caminhar em direção à Cristo. Uma igreja bem
fundamentada é uma igreja que resiste a todos os ataques de satanás e de toda sedução do
mundo.
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EVANGELISMO
Introdução
Evangelismo é a resposta de Deus para o mundo que geme. Não é algo que foi
inventado recentemente, não é uma técnica que foi usada pelos reformadores nem tão
pouco pala igreja do século XXI.
Evangelismo é o instrumento que Deus usa para a transmissão da sua maravilhosa e
poderosa mensagem. Evangelismo é um trabalho de iniciativa divina, não nasceu na mente
humana, mas no coração de Deus a vontade de salvar a sua criatura.
O verbo Evangelizar aparece 52 vezes no novo testamento. Suas derivações são da
palavra que etimologicamente significa: BOAS NOVAS. O real significado do evangelho é a
proclamação de Cristo através de suas testemunhas.
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I - FORMAS DE EVANGELISMO
1 - Evangelismo pessoal
É testemunhar de Cristo, pessoa a pessoa.
O evangelismo pessoal se completa através do coletivo, não deve ser separado, pois
os dois fazem o evangelismo completo. Todo o crente é um evangelista e deve ser hábil a
levar pessoas a Cristo, através do dialogo (não contenda), usando evangelhos ou porções
bíblicas, folhetos, jornais e revistas.
2 - Evangelismo coletivo
É a proclamação de Cristo a um grupo de pessoas no templo, ar livre, lares, escolas
etc.
3 - Discipulado
É disciplinar uma pessoa através da influência do convívio do crente com ela. O
exemplo da vida do crente é a mais eloquente mensagem da igreja.
A vida comunitária, familiar, social, comercial do cristão deve dizer ao mundo que
Cristo está nele.
Discipular é ensinar a guardar a doutrina de Cristo, é mostrar ao indivíduo as bases
que sustentam o cristianismo bíblico, doutrina da salvação, santificação, justificação e da
volta de Cristo.
4 - Organizações filantrópicas
Desafios jovens.
Orfanatos, creches, asilos.
Escolas evangélicas.
Assistência social que envolva atendimento médico e odontológico.
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Realiza-se num final de semana, em uma chácara ou fazenda.
Promova atividades sociais, recreativas, com uma finalidade espiritual.
Procure levar pessoas não crentes a estes eventos.
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II - EVANGELISMO IMPLICA EM:
3 - Avisar os pecadores a respeito do seu caminho mal - EZ 33.7-9 – “A ti, pois, ó filho
do homem, te constituí por atalaia sobre a casa de Israel; tu, pois, ouvirás a palavra da
minha boca e lhe darás aviso da minha parte. Se eu disser ao ímpio: Ó ímpio, certamente
morrerás; e tu não falares, para dissuadir ao ímpio do seu caminho, morrerá esse ímpio na
sua iniquidade, porém o seu sangue eu o requererei da tua mão. Mas, se advertires o ímpio
do seu caminho, para que dele se converta, e ele não se converter do seu caminho, ele
morrerá na sua iniquidade; mas tu livraste a tua alma”.
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III - POR QUE EVANGELIZAR?
1 - Cristo ordenou - MC 16.15 – “E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho
a toda criatura”.
2 - O homem está perdido –Rm 3:23;6:23 –Porque todos pecaram e destituídos estão da
glória de Deus.O salário do pecado é a morte ,mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna”.
4 - Para que creiam em Cristo - JO 7.38 – “Quem crer em mim, como diz a Escritura, do
seu interior fluirão rios de água viva”.
5 - Para provocar sede espiritual - JO 7.37 – “No último dia, o grande dia da festa,
levantou-se Jesus e exclamou: Se alguém tem sede, venha a mim e beba”.
O mundo sofre uma hidrofobia espiritual, o que o faz não almejar a água da vida -
Cristo.
A presença da igreja no mundo e sua pregação é o elemento que provoca sede
(somos o sal da terra) - MT 5.13 – “Vós sois o sal da terra; ora, se o sal vier a ser insípido,
como lhe restaurar o sabor? Para nada mais presta senão para, lançado fora, ser pisado
pelos homens”. CL 4.6 – “A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para
saberdes como deveis responder a cada um”.
O crente deve influenciar o meio em que vive sem ser influenciado. Provocar nas
pessoas com quem se contatar, o anseio de conhecer e se saciar em Cristo.
7 - É uma tarefa a cumprir - MT 24.14 – “E será pregado este evangelho do reino por todo
o mundo, para testemunho a todas as nações. Então, virá o fim”.
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8 - Quem ganha almas sábio é –Pv 11:30- “O fruto do justo é árvore de vida,e o que ganha
almas sábio é”.
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IV - COMO EVANGELIZAR?
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A cinematografia, discos e cassetes.
O teatro.
A música.
A retórica em geral.
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V - ONDE EVANGELIZAR?
Nos templos.
Nas ruas.
Nos lares (Mc 2; At 28.30-31, 5.42).
Nas praças (At 17.17).
Nas escolas (At 17.18-19).
Nas praias.
Nos locais de trabalho.
Nos hospitais.
Asilos, creches e orfanatos.
Nas cadeias.
Nos quartéis.
Nos meios de transporte.
Por todos os lugares (o campo é o mundo, ide por todo mundo, a toda criatura, até os
confins da terra (At 1.8)).
Quadro espiritual
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Dos oito bilhões de pessoas no mundo, só três bilhões são cristãos entre verdadeiros e
nominais. Um bilhão e meio vive entre cristãos, três bilhões e meio vivem isolados de
qualquer contato com os cristãos, são os que nunca ouviram falar de Cristo.
Cada geração de cristão é responsável por sua geração. A igreja atual terá que
responder a Deus por estes três bilhões e meio, que vivem isolados. Somos privilegiados
com os meios de transporte atuais, avanços científicos e tecnológicos, meios de
comunicação desenvolvidos, temos os recursos técnicos, temos os recursos divinos, mas
faltam-nos recursos humanos, isto é, homens disponíveis à Deus.
EZ 22.30 – “Busquei entre eles um homem que tapasse o muro e se colocasse na brecha
perante mim, a favor desta terra, para que eu não a destruísse; mas a ninguém achei”. MT
9.37 – “E, então, se dirigiu a seus discípulos: A seara, na verdade, é grande, mas os
trabalhadores são poucos”.
Levantai os olhos... Vedes os campos... estão brancos para a ceifa... e se não houver
colheita haverá perda. Cada geração é uma seara madura. Portanto, ide e ceifai antes que
seja tarde.
Talvez, não iremos pessoalmente aos confins da terra, mas poderemos ir por meio das
orações, contribuições financeiras (Mt 9.37-38), fortalecendo a igreja local, para que esses o
alcance. Fomos tirados do mundanismo, e não do mundo (Jo 17.24).
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VI - QUANDO EVANGELIZAR?
3 - Agora (2 Co 6.2).
O dia é hoje, o momento é agora... (Mt 20.1, 3, 5, 6, 8; At 16.31-33).
O desafio do tempo
O tempo é um dos maiores desafios da igreja. Os discípulos disseram: “ainda faltam
quatro meses”... Replicou-lhes Jesus: “as terras já estão brancas para a ceifa”...
O tempo é um desafio com relação à duração da vida humana, que é de 70 anos (Sl
90.10) – 70 anos = 804 meses = 2 bilhões de segundos.
Reafirmando o que fora dito, que há no mundo mais de três bilhões e meio de pessoas
que nunca ouviram o Evangelho. Quanto tempo levaríamos para evangelizar este povo?
Levaríamos 87 anos evangelizando uma pessoa por segundo e com o crescimento
populacional parado. Cremos que nesses lugares a igreja não está evangelizando uma
pessoa por segundo. Elas vivem aonde não há presença de crentes.
O tempo nos desafia com relação à morte. Morrem no mundo 240 mil pessoas por
dia, 10 mil por hora, 120 pessoas por minuto e 02 por segundo.
O tempo é um desafio em relação à natalidade. Nascem, aproximadamente, 120
milhões de pessoa por ano, um milhão por mês e 300 mil por dia.
Há um índice de 60 mil conversões por dia, mas isso é muito pouco em relação aos
300 mil nascimentos diários.
Devemos pedir a Deus que nos ajude há remir o tempo.
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VII - A PESSOA DO EVANGELISTA
1 - Suas convicções.
A - Do novo nascimento.
Convicção é uma persuasão íntima; certeza adquirida por demonstração.
O evangelista deve possuir uma certeza íntima e profunda de uma experiência pessoal
com Cristo.
A salvação é uma obra consumada por nós, em nós e através de nós. Só estamos
credenciados a pregá-la se a estivermos recebido.
A salvação tem um tempo no passado, no presente e no futuro. Passado: Fomos
salvos da condenação do pecado (Justificação). Presente: Estamos salvos do domínio do
pecado (santificação). Futuro: Seremos salvos do corpo e da presença do pecado
(Glorificação).
D – Convicção da perdição.
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Convicção da perdição do homem descrente, e que somente pelo evangelho se
salvará.
2 - Seus cuidados.
“Tem cuidado de ti mesmo...” “...porque fazendo isto, te salvará tanto a ti mesmo, como
aos que te ouvem”.
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2.3 - Cuidado físico.
Quem evangeliza deve cuidar de sua aparência, saúde, higiene etc. (exercícios físicos,
cuidados médicos, boa nutrição).
Nosso corpo é o templo do Espírito Santo, e por isso deve ser mantido
cuidadosamente, “se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá”.
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Nas cartas de evangelização.
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INTEGRAÇÃO E DISCIPULADO
Introdução
A integração e o discipulado são duas áreas do ministério cristão que caminham
juntas, exercem papel preponderante na permanência do novo convertido em sua nova vida.
O crescimento espiritual saudável do novo convertido na fé cristã está relacionado ao
discipulado e a integração do mesmo. Não há integração sem discipulado, como também
não há discipulado sem integração.
A falta de empenho por parte da igreja em discipular os novos convertidos, tem sido a
causa destes não permanecerem na sua nova vida, chegando assim até o batismo.
Segundo as estatísticas, 95% dos novos convertidos não permanecem na igreja. A
razão desta deficiência está na falta de sustentação da fé do novo convertido em seus
primeiros dias de vida cristã.
I - O QUE É INTEGRAÇÃO?
C - Com o propósito do culto: É necessário que a filosofia do culto, tenha como propósito
a proclamação do evangelho para a salvação dos pecadores.
B - A importância da atração: A vida é construída à base da atração. Nada se faz sem ela.
A criança é atraída pelo brinquedo, o matrimônio é o resultado da atração mútua, enfim, não
há nenhuma área em que a atração não esteja presente. O próprio Jesus declarou: “... a
todos atrairei a mim”.
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das vezes tem descaracterizado a fé cristã. O ponto fundamental nos métodos de atração é
mostrar o poder de Jesus, como o maior atrativo para quem está no mundo.
IV - O QUE É DISCIPULADO?
B - O embasamento bíblico do discipulado: A ordem de Cristo foi bem mais ampla do que
simplesmente levar pecadores à conversão. MT 28.19 – “Portanto ide, fazei discípulos de
todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”.
O trabalho do ganhador de almas só será concretizado quando Cristo for gerado em
cada novo crente através do discipulado. Paulo recomendou: 2 TM 2.2 – “E o que de mim,
entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para
também ensinarem os outros”.
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V - COMO FAZER O DISCIPULADO?
C - O uso de uma literatura específica: É necessário usar uma literatura apropriada para o
discipulado.
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VI - OS FRUTOS DO DISCIPULADO.
B - Crentes enraizados: Os crentes terão raízes profundas, o que permitirá que os mesmos
resistam a todas as tempestades da vida.
C - Redução do número dos desviados: As pessoas criarão vínculos com a fé que agora
professam, e assim sendo, a “porta dos fundos deixará de ser maior que a porta da frente”.
F - Antídoto contra as heresias: Quantos crentes que caem nas armadilhas das seitas e
heresias, porque não estão fundamentados na fé.
B - Crentes enfraquecidos: Muitos do nosso meio não sabem a razão da vossa fé.
C - Presas fáceis das heresias: Se não tem como explicar as razões de sua fé, eles serão
enganados pelas heresias que estão a vossa volta.
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E - Igrejas sem paixão pelas almas: A insensibilidade por parte da igreja moderna, em
relação às almas perdidas, com certeza é o reflexo de uma igreja, que não foi bem instruída
a respeito dos verdadeiros valores celestiais.
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VIII - INTEGRAÇÃO DOS NOVOS CONVERTIDOS
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A – Visitação.
Deve haver uma equipe de visitação de pelo menos duas pessoas, algumas vezes por
semana. Deve ser constante, rápida e objetiva. Deve estar preparada biblicamente para
responder às perguntas do neófito. Deve ler a bíblia e orarem juntos.
A equipe deve acompanhar o neófito até o batismo. Deve haver alguém responsável
para anotar os nomes dos novos convertidos em fichas ou caderno próprio.
2 - Lições pós-batismo:
Os princípios bíblicos para uma vida eficaz.
O princípio da valorização pessoal.
O princípio de meditação bíblica.
O princípio do trabalho cristão (dons espirituais).
Perdão, submissão às autoridades.
Finanças.
Consciência limpa.
Interpretação bíblica.
Apologia.
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IX - COMO DISCIPULAR
Discipular era a palavra favorita de Cristo, para aqueles cuja vida estava ligada
estranhadamente com a dele.
A palavra grega traduzida como discípulo é usada 269 vezes nos Evangelho e em
Atos.
Significa pessoa ensinada e treinada para tal:
1 – Discipular - é propiciar à igreja local, líderes maduros, leigos centralizados em Cristo e
orientados para a palavra de forma sistemática.
2 – Discipular - é uma das maneiras mais estratégicas para se ter um ministério pessoal
ilimitado. Isso pode ser feito em qualquer tempo, por qualquer pessoa, em qualquer lugar e
entre qualquer faixa etária.
3 – Discipular - é o mais flexível dos ministérios, visto que não precisa ser executado dentro
de qualquer esquema cronológico ou estrutura organizacional, o fazedor de discípulos pode
ser extremamente flexível.
Toda pessoa nascida de novo é um milagre da graça de Deus. É da vontade de Deus
que todo o novo crente cresça até chegar à plenitude de Cristo. Um nascimento espiritual
sadio é essencial para o crescimento no discipulado.
A falta de um discipulado, ministrado por pessoas que realmente foram geradas por
Cristo, e tiveram a experiência da conversão genuína, tem sido a causa de um retardamento
espiritual, por parte dos novos membros da igreja.
O novo crente é uma criança espiritual, e precisa ter cuidados especiais e imediatos
maternos e paternos. Um bebê necessita de carinhos e alimentos essenciais para o seu
crescimento.
O que é um discípulo?
É alguém que aprende de um mestre.
Discípulo é alguém que está envolvido com a palavra de Deus de maneira contínua.
JO 8.31 – “Disse, pois, Jesus aos judeus que haviam crido nele: Se vós permanecerdes na
minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos”.
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JO 13.34-35 – “Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu
vos amei, que também vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus
discípulos: se tiverdes amor uns aos outros”.
Discípulo é alguém que permanece diariamente em uma união frutífera.
JO 15.4-5 – “permanecei em mim, e eu permanecerei em vós. Como não pode o ramo
produzir fruto de si mesmo, se não permanecer na videira, assim, nem vós o podeis dar, se
não permanecerdes em mim. Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e
eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer”.
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HERESIOLOGIA
Introdução
O aumento crescente das seitas e heresias da atualidade tem sido notório, isto nos
leva a acreditar na necessidade de estar fundamentando o novo crente a respeito deste
assunto.
Além dos ensinamentos heréticos disseminados fora da igreja de Cristo, por
movimentos pseudo-cristãos, existem também aqueles que são ensinados de maneira
controvertida pela igreja cristã evangélica, os quais são necessários que sejam identificados.
A necessidade que temos de conhecer estes ensinamentos é justamente para
combatê-los à luz da palavra de Deus.
A bíblia além de prever a proliferação do falso no seio da igreja, é o único antídoto
eficiente contra os falsos ensinamentos.
1 CO 2.12-13 – “Ora, nós não temos recebido o espírito do mundo, e sim o Espírito que vem
de Deus, para que conheçamos o que por Deus nos foi dado gratuitamente. Disto também
falamos, não em palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas ensinadas pelo Espírito,
conferindo coisas espirituais com espirituais”. 1 CO 11.19 – “Porque até mesmo importa que
haja partidos entre vós, para que também os aprovados se tornem conhecidos em vosso
meio”.
GL 1.6-9 – “Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na
graça de Cristo para outro evangelho, o qual não é outro, senão que há alguns que vos
perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós ou mesmo um
anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja
anátema. Assim, como já dissemos, e agora repito, se alguém vos prega evangelho que vá
além daquele que recebestes, seja anátema”.
2 PE 2.1-3 – “Assim como, no meio do povo, surgiram falsos profetas, assim também
haverá entre vós falsos mestres, os quais introduzirão, dissimuladamente, heresias
destruidoras, até ao ponto de renegarem o Soberano Senhor que os resgatou, trazendo
sobre si mesmos repentina destruição. E muitos seguirão as suas práticas libertinas, e, por
causa deles, será infamado o caminho da verdade; também, movidos por avareza, farão
comércio de vós, com palavras fictícias; para eles o juízo lavrado há longo tempo não tarda,
e a sua destruição não dorme”.
JD 1.3 – “Amados, quando empregava toda a diligência em escrever-vos acerca da nossa
comum salvação, foi que me senti obrigado a corresponder-me convosco, exortando-vos a
batalhardes, diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos”.
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Definindo o termo heresias.
Heresia: Doutrina contrária aos dogmas estabelecidos pela igreja cristã.
Herege: Pessoa que propaga, segue ou defende ou pratica doutrina religiosa contrária
à verdadeira.
Heresiarca: Pessoa fundadora de uma seita herética.
Toda doutrina extra-bíblica (Gl 1.8; 2 Pe 1.16).
Os ensinamentos que torcem os ensinamentos bíblicos (Gn 3.1 - serpente).
Os ensinamentos que negam as orientações divinas (Gn 3.1).
Os ensinamentos de homens, que deturpam as doutrinas bíblicas (Tt 1.14; Lc 11.37-
54).
As doutrinas de demônios (1 Tm 4.1).
Definições
Para entendermos as religiões e as seitas é necessário algumas definições:
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fechada, de cunho radical. 4 - Teoria de um mestre seguida por vários prosélitos. 5 - Facção,
partido.
Heresia: Do grego hairesis. Opinião, dogma, partido, partidarismo, grupos, diversões,
intrigas partidárias, facções - crença contrária a ortodoxia e a sã doutrina.
Apostasia: Esta palavra relaciona-se com rebelião contra Deus, descreve a grande
apostasia que ocorrerá anterior à revelação do homem da iniquidade (Mt 24.10-12). A
apostasia é um perigo contínuo para a Igreja, e o Novo Testamento contém advertências
repetidas contra a mesma. A apostasia pode surgir: 1 - quando faltam líderes espirituais para
dirigir o rebanho (Ex 32.1-8); 2 - quando há comunhão com pessoas hereges - mistura (1 Rs
11.4; Am 3.3); 3 - quando a vida espiritual do cristão é superficial (Lc 8.13; Jo 6.63-65; 1 Tm
5.15); 4 - quando há amor ao mundo (2 Tm 4.10). A apostasia consiste em afastar-se de
Deus (1 Rs 11.89), desviar-se do Deus vivo (Hb 3.12), deixar a simplicidade do Evangelho (2
Co 11.3; Gl 3.1-3; 5.4-7).
B - PLURALIDADE RELIGIOSA
A pluralidade religiosa não é exclusiva dos tempos de Jesus. Atualmente, existem
milhares de seitas e religiões falsas, as quais pensam estar fazendo a vontade de Deus.
As 10 principais religiões do mundo:
* Hinduismo, Jaimismo, Budismo e Sequismo (Índia)
* Confucionismo e Taoismo (China)
* Xintoismo (Japão)
* Judaismo (Palestina)
* Zoroastrismo (Pérsia)
* Islamismo (Arábia)
Alguns incluem também nesta lista o Cristianismo.
C – CLASSIFICAÇÃO DA SEITA
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Pseudocristãs: Mormonismo, Testemunha de Jeová, Adventismo do Sétimo Dia, Ciência
Cristã, A Família (Meninos de Deus), Igreja Apostólica da Santa Vó Rosa etc.
Orientais: Seicho-no-ie, Igreja Mesiânica Mundial, Arte Mahikari, Hare Krishna, Meditação
Trascendental, Igreja da Unificação (Moonismo), Perfeita Liberdade etc.
Unicista: Voz da Verdade, Igreja Local, Adeptos do Nome Yeloshua e suas variantes
(ASNYS), Só Jesus, Tabernáculo da Fé, Cristadelfinismo etc.
Enquanto essas e outras seitas se multiplicaram e seus guias desencaminham milhões
de pessoas, os cristãos permanecem indiferentes, desatentos a exortação de Judas 1.3:
“Batalha pela fé que uma vez foi dada aos santos”.
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Empirismo - Posição filosófica segundo a qual todo conhecimento humano resultaria de
experiência e não da razão ou do intelecto, afirma que o único critério de verdade consistiria
na experiência.
Ecletismo - Sistema filosófico que procura conciliar teses dos sistemas diversos, conforme
critérios de verdade determinados. Procura aproveitar o que há de melhor em todos os
sistemas.
Epicurismo - Escola filosófica grega, que afirma o princípio do prazer supremo. (1) aceitar o
prazer que não produza dor; (2) evitar toda dor que não produza prazer; (3) evitar o prazer
que impeça um prazer ainda maior ou que produza uma dor maior que este prazer; (4)
suportar a dor que afaste uma dor ainda maior ou assegure um prazer ainda maior. Por
prazer entende-se a satisfação do espírito, proveniente do corpo e a alma sã e nunca de
Deus.
Esoterismo - Filosofia religiosa oculta, doutrina secreta, que só é comunicada aos seus
iniciados. Caracterizado pelos estudos sistemáticos dos símbolos. É uma ramificação do
espiritismo.
Gnosticismo - O conhecimento místico dos segredos divinos por via de uma revelação. Os
gnósticos opunham-se a simplicidade da fé cristã.
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Adição: O grupo adiciona algo à Bíblia; sua fonte de autoridade não leva uma
consideração somente à Bíblia.
Exemplos:
Adventismo do Sétimo Dia – tem nos escritos de Ellen White, tanto inspiração quanto a
Bíblia.
Testemunhas de Jeová - creem que somente com a meditação do corpo governante a
Bíblia será entendida (a revista Sentinela e Despertai).
Os Mórmons - o livro dos mórmons tem mais perfeição do que a Bíblia.
Os Meninos de Deus - dizem que é melhor ler os ensinamentos de David de Berg do que a
Bíblia.
A igreja da Unificação, do Rev. Moom - julga ser seu princípio divino de inspiração mais
elevado do que a Bíblia.
Os Kardecistas - não tem a Bíblia como base, mas as doutrinas do espírito, codificadas por
Allan Kardec; usam outro evangelho conhecido como o evangelho Segundo o Espiritismo.
A igreja de Cristo Internacional (Boston) - interpreta a Bíblia segundo a visão de Kipp Mc
Kean, do seu fundador.
Refutação Bíbilica: Lc 24.27, 44; Jo 5.39-46; At 4.12, 10.43, 16.30-31; Rm 10.9-10
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Mórmons: afirmam crer no sacrifício expiatório de Jesus, mas sem o cumprimento das leis
estipuladas pela igreja não haverá salvação.
Adventismo: por meio da profetiza Ellen White, ensinam que a guarda do sábado também
implica na salvação.
Testemunhas de Jeová: ensinam que a redenção de Cristo oferece apenas a oportunidade
para alguém alcançar sua própria salvação por meio das obras.
Refutação Bíblica: Jo 8.44; 1 Jo 3.8; Ef 1.7; 1 Jo 1.7-9; Ap 1.5; Ef 2.8-9; Cl 2.14-17; Hb
12.5-11; 1 Co 11.31-32; Mt 11.28-30
Moral: Antes de entrarmos nessa discussão, estejamos bem seguros do nosso terreno. Se
não soubermos responder ao argumento do sectário, não quer dizer que não dominamos os
fatos. É o nosso conhecimento inadequado que nos obriga a abandonar o campo derrotado,
desonrando ao Senhor.
1 - Catolicismo Romano.
O catolicismo originou-se no ano 323 d.C., quando Constantino ao dominar o Império
Romano conseguiu controlar a igreja politicamente, através das benesses tais como: Ofertas
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valiosas, construções de templos, liberação de impostos e sustento dos sacerdotes. O
catolicismo passou a ser a religião oficial do Império. Muitos se convertiam ao cristianismo
somente pelo fato de ser a religião do império, do governo, atrás dos interesses políticos e
sociais.
Principais distorções:
A leitura da bíblia tornou-se proibida para os leigos, pois sua leitura é perigosa para os
incultos.
Veneração e aceitação dos ensinamentos extra bíblicos: A tradição dos ensinos da igreja e
dos concílios.
Declaração da infalibilidade papal.
Declaração de que Pedro é o fundador da igreja, e o estabelece como o primeiro papa.
Veneração das relíquias, doutrina do purgatório, canonização dos santos e a
transubstanciação, consubstanciação, os sete sacramentos, confissão auricular, a venda de
indulgências, a assunção de Maria etc.
2 - Testemunhas de Jeová.
Fundada por Charles Taze Russel, nascido na Pensilvânia, Estados Unidos, foi
membro da igreja presbiteriana, congregacional e adventista. Compareceu muitas vezes aos
tribunais por problemas com a esposa. Seu grupo de estudo recebeu os nomes de: Torre de
vigia de Sião, aurora do milênio, arautos da presença de Cristo, sociedade do novo mundo,
russelitas etc.
Principais distorções:
Adulteração das Escrituras, denominada de novo mundo.
Não crê na trindade, nega que Jesus Cristo seja Deus, e que o Espírito Santo não é uma
pessoa e sim apenas uma influência.
Entre os adeptos, uns dizem que o inferno é este mundo outros afirmam ser a sepultura.
Afirmam que Jesus já veio em 1914, e que apenas 144.000 serão salvos, que também
eram chamados de pequeno rebanho.
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O Sono após a morte.
O aniquilamento dos ímpios.
A guarda de parte da lei e do sábado.
4 - Espiritismo.
O espiritismo é sem dúvida uma das heresias que mais proliferam em todo o mundo:
são tantas as ramificações das práticas espíritas que é difícil ate enumerá-las. Hoje, se
ensina as suas doutrinas nas revistas em quadrinhos, pela televisão, pelos jornais. Os
artistas famosos se consideram espiritualistas.
O espiritismo é um dos caminhos mais obscuros, levando o homem a ingressar, em
densas trevas espirituais. No início ele produz encanto, depois escraviza.
Hoje é comum alguém dizer abertamente que é um bruxo ou uma bruxa, um
adivinhador ou médium.
Tipos de Espiritismo
Espiritismo Comum: Quiromancia, cartomancia, hidromancia, astrologia etc.
Baixo Espiritismo: espiritismo pagão, inculto sem disfarce, tais como: vodu, candomblé,
umbanda, quimbanda, macumba.
Principalmente na umbanda, os espíritos malignos com nomes africanos, adotam a
nomenclatura católica, mostrando assim o sincretismo religioso.
Espiritismo científico: também é chamado de alto espiritismo, espiritismo profissional ou
espiritualismo. Podemos encontrar diversas sociedades que se dizem ser filosóficas,
teológicas, científicas ou beneficentes. Satanás coloca nomes bonitos, que apelam na
maioria das vezes para o intelecto, tais como - Ecletismo (LBV), Esoterismo, Teosofismo
Racional etc.
Espiritismo Kardecistas: O espiritismo praticado no Brasil tem como base as almas de
Alan Kardec, o codificador das crenças escritas.
Hipolyte Leon Desnizard Rivail tomou o pseudônimo de Allan Kardec, porque acreditava
ser ele a reencarnação de um poeta celta por este nome.
Principais distorções:
Possibilidade de comunicação dos espíritos de mortos com os vivos.
Crê na reencarnação, e salvação através dos sofrimentos e das boas obras.
Existência de muitos outros mundos.
Jesus Cristo é uma grande entidade encarnada.
5 - Mormonismo.
35
Os mórmons ou igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias foi organizada por
Joseph Smith em 1830 no estado de Nova Iorque (EUA), que conseguiu convencer as
pessoas sobre a fantástica história das visões, revelações e encontros com o anjo Moroni.
Principais distorções:
Deus - tem um corpo de carne e osso, bem como seu filho. Por evolução chegou ao
ponto que se encontra.
Eleva o homem ao nível de Deus e rebaixa Deus ao nível de homem.
Salvação vem pelas obras, isto é, obediência ao seu livro.
Afirma que depois da ressurreição Jesus foi para a América do Norte.
Batismos pelos mortos.
Pregam a poligamia.
Jesus alertou e os apóstolos alertaram acerca do crescimento da apostasia e dos
falsos profetas, por isso é importante estarmos alertas. No momento presente, a Nova Era é
o movimento religioso que indica através da mistura das religiões e seitas, uma aproximação
da presença do anticristo na terra.
Teologia geral
Theos = Deus + Logia = Discurso, estudo ou dissertação acerca de Deus.
Conceitos diversos
Teologia sistemática - é uma ciência que segue um esquema ou ordem humana de
desenvolvimento doutrinário; tendo como propósito incorporar em seu sistema toda a
verdade a respeito de Deus e seu universo.
O Dr. A .H. Strong define teologia da seguinte maneira:
“É a ciência de Deus e o seu relacionamento com o universo”.
O Dr. Shedd: “A teologia é a ciência de Deus e das relações, entre Ele e o
universo”.
No estudo científico da teologia, são acrescentadas leis pedagógicas que são
estranhas às leis de pesquisas.
A iluminação divina. Depende das relações do indivíduo com o próprio Deus.
Há porções que são incompreensíveis ao ser humano comum, não regenerado e ao
cristão não-espiritual. Para estes, a teologia sistemática torna-se uma ciência fechada,
mesmo sendo pessoas cultas, desconhecem estas leis.
Cada estudante de teologia deve antes de penetrar neste campo sobrenatural,
ilimitado de pesquisas, evidenciar ser uma nova criatura, nascida de Deus, tendo o
testemunho do Espírito Santo em seu viver (Rm 8.14-16).
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Revelação - É a comunicação de mensagens da mente de Deus à mente do profeta,
através da voz direta de Deus; escrito pelo próprio Deus (Ex 31.18, 32.16), sonhos (Gn 40.1-
23), visões (Ez, Dn, Ap), por meio do mundo físico (Sl 19.1-6), símbolos, história e a
encarnação de Jesus Cristo (Jo 14.6; Cl 1.15; Hb 1.3).
Revelação e razão - A teologia sistemática extrai seu material tanto da revelação quanto da
razão. Embora a porção fornecida pela razão seja incerta quanto a sua autoridade ou
canonicidade.
Inspiração - É o ato divino em registrar a revelação recebida pelo profeta. A inspiração
refere-se à mensagem recebida e não ao profeta.
Todos os escritores realizaram seus trabalhos, conscientes de que as mensagens
procediam de Deus. Eles sabiam que estavam escrevendo com autoridade divina. “Assim
diz o Senhor... veio a mim a palavra do Senhor...”
É possível considerar a teologia uma ciência? Sim!
A ciência não é uma única forma de conhecimento, o único caminho para
determinarmos à verdade, mas um deles.
A ciência não se propõe apenas a observar, registrar, verificar e formular os fatos
objetivos; ela também procura reconhecer e explicar as relações existentes entre esses
fatos e as relações em um sistema compreensível, correto, proporcionado e organizado.
Qual o propósito da teologia como ciência? É apresentar as certezas dos fatos
referentes a Deus e as suas relações com o universo.
Ela age com a existência de Deus que tem relação com o universo e tem a ver com
fatos objetivos.
Assim como a ciência tem como propósito descobrir o que existe e não criar,
igualmente a teologia descobre fatos e relações referentes a Deus, ela não é criadora de
deuses.
Alguns opositores afirmam que a teologia envolve o elemento fé, que não se
harmoniza com a ciência ou com as leis de pesquisa. A ciência também recorre à fé. Fé em
outras pessoas além de nós; fé nas convicções primitivas, espaço, tempo, causa substância,
direito.
Se Cristóvão Colombo não houvesse encontrado a terra que procurava, sua fé teria
sido apenas uma imaginação.
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5 – Teocristologia - Deus e Jesus Cristo.
6 – Teopneumatologia - A pessoa e a obra do Espírito Santo.
7 – Teoantropologia - Deus e o homem.
8 – Teosoterologia - Deus e sua ação redentora.
9 – Teoclesiologia - Deus e o seu povo redimido.
10 – Teoescatologia - Deus e a esperança de seu reino.
Definições teológicas
1 - Teologia natural - Designa uma ciência, cuja base fundamenta-se em fatos que se
referem a Deus e seu universo.
Evidenciando a revelação através da natureza (At 14.17; 17.22-29; Rm 1.19, 20; Sl
8.19).
2 - Teologia revelada - Este termo refere-se a uma ciência que tem seu fundamento
unicamente nos fatos relacionados com Deus e o universo revelado na Escrituras (Gn 1.1-
26; Hb 11.3).
3 - Teologia bíblica - É uma exposição do conteúdo doutrinário e ético das escrituras e uma
investigação sistemática a respeito de Deus e seu universo e o desenvolvimento
divinamente ordenado dos fatos conforme apresentados nos livros da bíblia.
4 - A teologia propriamente dita - É um estudo sistemático da pessoa de Deus pai, Filho e
Espírito Santo e seus atributos.
5 - A teologia histórica - É um exame histórico das doutrinas fundamentais da fé cristã e as
várias distinções que surgiram durante a “era cristã”, contrárias à verdade bíblica gerando
heresias.
6 - A teologia dogmática - Refere-se às verdades teológicas defendidas pelos vários
grupos denominacionais, frutos dos dogmas eclesiológicos estabelecidos pelos concílios,
convenções.
7 - A Teologia especulativa - É um estudo e defesa das verdades teológicas no campo
abstrato e a parte da sua importância prática.
8 - A teologia do antigo testamento - É o estudo da revelação divina dentro dos limites do
antigo testamento. Deus, seus nomes, atributos... O homem, suas relações com Deus, as
alianças ou pactos entre o criador e a criatura.
9 - A teologia do novo testamento - É o estudo da revelação perfeita de Deus, através de
Jesus Cristo, os nomes da divindade Deus pai, Deus filho, Deus Espírito Santo. Os títulos da
primeira pessoa ficam restritos as combinações associadas com a palavra Pai de nosso
Senhor Jesus Cristo, Pai das misericórdias, Abba Pai, Pai celeste, Pai dos espíritos, Santo
Pai, Pai justo, Pai das luzes, Pai da glória.
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10 - A teologia joanina, paulina e petrina - Referem-se aos pensamentos teológicos
restritos as obras dos referidos escritores.
11 - A teologia prática - Aplicação da verdade teológica a vida humana ou ao viver diário do
indivíduo.
A fonte da teologia está em Deus mesmo.
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BIBLIOLOGIA
A NATUREZA DA ESCRITURA
Devemos enfatizar a natureza verbal ou proposicional da revelação bíblica. Num
tempo em que muitos menosprezam o valor de palavras, a favor de imagens e sentimentos,
devemos notar que Deus escolheu Se revelar através de palavras de linguagem humana. A
comunicação verbal é um meio adequado de transmitir informação de e sobre Deus. Isto
não somente afirma o valor da Escritura como uma revelação divina significante, mas
também afirma o valor da pregação e da escrita como meios para comunicar a mente de
Deus, como apresentada na Bíblia.
A própria natureza da Bíblia como uma revelação proposicional, testifica contra as
noções populares de que a linguagem humana é inadequada para falar sobre Deus, que
imagens são superiores às palavras, que música tem valor maior do que pregação, ou que
experiência religiosa pode ensinar mais a uma pessoa, sobre as coisas divinas, do que os
estudos doutrinais.
Alguns argumentam que a Bíblia fala numa linguagem que produz vívidas imagens na
mente do leitor. Contudo, esta é somente uma descrição da reação de alguns leitores;
outros podem não responder do mesmo modo às mesmas passagens, embora eles possam
captar a mesma informação delas. Assim, isto não conta contra o uso de palavras como a
melhor forma de comunicação teológica.
Se imagens são superiores, então, por que a Bíblia não contém nenhum desenho?
Não seria a sua inclusão a melhor maneira de se assegurar que ninguém formasse imagens
mentais errôneas, se as imagens são deveras um elemento essencial na comunicação
teológica? Mesmo se as imagens fossem importantes na comunicação teológica, o fato de
que Deus escolheu usar palavras-imagens em vez de desenhos reais, implica que as
palavras são suficientes, senão superiores. Mas além de palavras-imagens, a Escritura
também usa palavras para discutir as coisas de Deus em termos abstratos, não associados
com quaisquer imagens.
Uma imagem não é mais digna do que mil palavras. Suponha que apresentemos um
desenho da crucificação de Cristo para uma pessoa sem nenhuma base cristã. Sem
qualquer explicação verbal, seria impossível para ela constatar a razão para Sua
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crucificação e o significado dela para a humanidade. A imagem em si mesma não mostra
nenhuma relação entre o evento com qualquer coisa espiritual ou divina. A imagem não
mostra se o evento foi histórico ou fictício. A pessoa, ao olhar para o desenho, não sabe se o
ser que foi morto era culpado de algum crime, e não haveria como saber as palavras que ele
falou enquanto estava na cruz. A menos que haja centenas de palavras explicando a figura,
a imagem, por si só, não tem nenhum significado teológico. Mas, uma vez que há muitas
palavras para explicá-la, alguém dificilmente necessitará de imagem.
A visão que exalta a música acima da comunicação verbal sofre a mesma crítica. É
impossível derivar qualquer significado religioso da música, se ela é executada sem
palavras. É verdade que o Livro de Salmos consiste de uma grande coleção de cânticos,
nos provendo com uma rica herança para adoração, reflexão e doutrina. Contudo, as
melodias originais não acompanharam as palavras dos salmos, nenhuma nota musical
acompanhou qualquer um dos cânticos na Bíblia. Na mente de Deus, o valor dos salmos
bíblicos está nas palavras, e não nas melodias. Embora a música desempenhe um papel na
adoração cristã, sua importância não se aproxima das palavras da Escritura ou do ministério
da pregação.
Com respeito às experiências religiosas, até mesmo uma visão de Cristo não é mais
digna do que mil palavras da Escritura. Ninguém pode provar a validade de uma experiência
religiosa, seja uma cura miraculosa ou uma visitação angélica, sem conhecimento da
Escritura. Os encontros sobrenaturais mais espetaculares são vazios de significado sem a
comunhão verbal para informar a mente.
O episódio inteiro de Êxodo não poderia ter ocorrido se Deus permanecesse em
silêncio quando Ele apareceu para Moisés, através da sarça ardente. Quando Jesus
apareceu num resplendor de luz, na estrada de Damasco, o que teria acontecido se Ele
recusasse a responder quando Saulo de Tarso Lhe perguntou: “Quem és Senhor?” A única
razão pela qual Saulo percebeu quem estava falando com ele, foi porque Jesus respondeu
com as palavras: “Eu sou Jesus, a quem persegues” (At 9.3-6). As experiências religiosas
são sem significado, a menos que acompanhadas pela comunicação verbal, transmitindo
conteúdo intelectual.
Outra percepção errônea com respeito à natureza da Bíblia é considerar a Escritura
como um mero registro de discursos e eventos revelatórios, e não a revelação de Deus em
si mesma. A pessoa de Cristo, Suas ações e Seus milagres revelam a mente de Deus, mas
é um engano pensar que a Bíblia é meramente um relato escrito dela. As próprias palavras
da Bíblia constituem a revelação de Deus para nós, e não somente os eventos aos quais
elas se referem.
Alguns temem que a forte devoção à Escritura, implica em estimar mais o registro de
um evento revelatório do que o evento em si mesmo. Mas se a Escritura possui o status de
41
revelação divina, então, esta preocupação não tem fundamento. Paulo explica que “Toda
Escritura é inspirada por Deus” (2 Tm 3.16). A própria Escritura foi inspirada por Deus.
Embora os eventos que a Bíblia registra possam ser revelatórios, a única revelação objetiva
com a qual temos contato direto é a Bíblia.
Visto que a alta visão da Escritura que advogamos aqui é somente a que a própria
Bíblia afirma, os cristãos devem rejeitar toda doutrina proposta da Escritura que
compromisse nosso acesso à revelação infalível de Deus. Sustentar uma visão menor da
Escritura destrói a revelação como a autoridade última de alguém, e, então, é impossível
superar o problema de epistemologia resultante.
Enquanto uma pessoa negar que a Escritura é a revelação divina em si mesma, ela
permanece sendo “apenas um livro”, e esta pessoa hesita em lhe dar reverência completa,
como se fosse possível adorá-la excessivamente. Há supostos ministros cristãos que urgem
os crentes a olhar para “o Senhor do livro, e não para o livro do Senhor”, ou algo com esse
objetivo. Mas visto que as palavras da Escritura foram inspiradas por Deus, e aquelas
palavras são a única revelação objetiva e explícita de Deus, é impossível olhar para o
Senhor sem olhar para o Seu livro. Visto que as palavras da Escritura são as próprias
palavras de Deus, alguém está olhando para o Senhor somente até onde ele estiver olhando
para as palavras da Bíblia. Nosso contato com Deus é através das palavras da Escritura.
Provérbios 22.17-21 indica que confiar no Senhor é confiar em Suas palavras:
Inclina o teu ouvido e ouve as palavras dos sábios, e aplica o teu coração ao meu
conhecimento. Porque será coisa suave, se os guardares no teu peito, se estiverem todos
eles prontos nos teus lábios. Para que a tua confiança esteja no SENHOR, a ti tos fiz saber
hoje, sim, a ti mesmo. Porventura não te escrevi excelentes coisas acerca dos conselhos e
do conhecimento, para te fazer saber a certeza das palavras de verdade, para que possas
responder com palavras de verdade aos que te enviarem?
Deus governa Sua igreja através da Bíblia; portanto, nossa atitude para com ela reflete
nossa atitude para com Deus. Ninguém que ama a Deus não amará as Suas palavras da
mesma forma. Aqueles que reivindicam amá-Lo devem demonstrar isso por uma obsessão
zelosa para com as Suas palavras:
Oh! Quanto amo a tua lei! Ela é a minha meditação o dia todo... Oh! Quão doces são
as tuas palavras ao meu paladar! Mais doces do que o mel à minha boca (Sl 119.97, 103).
O temor do Senhor é limpo, e permanece para sempre; os juízos do Senhor são
verdadeiros e inteiramente justos. Mais desejáveis são do que o ouro, sim, do que muito
ouro fino; e mais doces do que o mel e o que goteja dos favos (Sl 19.9-10).
Uma pessoa ama a Deus somente até onde ela ama a Escritura. Pode haver outras
indicações do amor de alguém para com Deus, mas o amor por Sua palavra é um elemento
necessário, pelo qual os outros aspectos da nossa vida espiritual são mensurados.
42
A INSPIRAÇÃO DA ESCRITURA
A Bíblia é a revelação verbal ou proposicional de Deus. É Deus falando a nós. É a voz
do próprio Deus. A própria natureza da Bíblia indica que a comunicação verbal é a melhor
maneira de transmitir a revelação divina. Nenhum outro modo de se conhecer a Deus é
superior ao estudo da Escritura, e nenhuma outra fonte de informação sobre Deus é mais
precisa, acurada e compreensiva.
O apóstolo Paulo diz:
Toda Escritura é soprada por Deus e proveitosa para ensinar, para repreender, para
corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente
preparado para toda boa obra (2 Tm 3.16-17).
Todas as palavras da Bíblia foram sopradas por Deus. Tudo que podemos chamar de
Escritura foi inspirado por Deus. Que a Escritura é “soprada por Deus” refere-se a sua
origem divina. Tudo da Escritura procede de Deus; portanto, podemos corretamente chamar
a Bíblia de “a palavra de Deus”. Esta é a doutrina da INSPIRAÇÃO DIVINA.
O conteúdo da Escritura consiste de todo o Antigo e Novo testamentos, sessenta e
seis documentos no total, funcionando como um todo orgânico. O apóstolo Pedro dá
endosso explícito aos escritos de Paulo, reconhecendo seu status como Escritura inspirada:
Tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor; como também o nosso amado
irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada; como faz também em
todas as suas epístolas, nelas falando acerca destas coisas, mas quais há pontos difíceis de
entender, que os indoutos e inconstantes torcem, como o fazem também com as outras
Escrituras, para sua própria perdição (2 Pe 3.15-16).
Pedro explica que os homens que escreveram a Escritura foram “inspirados pelo
Espírito Santo”, para que nenhuma parte dela fosse “produzida por vontade de homem
algum” ou pela “interpretação particular do profeta” (2 Pe 1.20-21).
A Bíblia é uma revelação verbal exata de Deus, a ponto de Jesus dizer que “Porque
em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem nem um jota ou um til se omitirá
da lei, sem que tudo seja cumprido” (Mt 5.18). Deus exerceu tal controle preciso sobre a
produção da Escritura para que o seu conteúdo, na própria letra, fosse o que Ele desejava
colocar em escrito.
Esta visão alta da inspiração escriturística não implica ditação. Deus não ditou Sua
palavra aos profetas e apóstolos como um patrão dita suas cartas para uma secretária. A
princípio, alguém pode tender a pensar que a ditação seria a mais alta forma de inspiração,
mas esta não o é. Um patrão pode ditar suas palavras à secretária, mas ele não pode ter
controle sobre os detalhes diários da vida dela - seja passado, presente ou futuro - e tem
ainda menos poder sobre os pensamentos da secretária.
43
Em contraste, a Bíblia ensina que Deus exercita controle total e preciso sobre cada
detalhe de Sua criação, a tal extensão que até mesmo os pensamentos dos homens estão
sob o Seu controle. Isto é verdade com respeito a todo indivíduo, incluindo os escritores
bíblicos. Deus de tal forma ordenou, dirigiu e controlou as vidas e pensamentos de Seus
instrumentos escolhidos que, quando o tempo chegou, suas personalidades e os seus
cenários eram perfeitamente adequados para escrever aquelas porções da Escritura que
Deus tinha designado para eles:
“E disse-lhe o SENHOR: Quem fez a boca do homem? Ou quem fez o mudo, ou o surdo, ou
o que vê, ou o cego? Não sou eu, o SENHOR? Vai, pois, agora, e eu serei com a tua boca e
te ensinarei o que hás de falar” (Ex 4.11-12).
“Assim veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: Antes que te formasse no ventre te
conheci, e antes que saísses da madre, te santifiquei; às nações te dei por profeta... E
estendeu o SENHOR a sua mão, e tocou-me na boca; e disse-me o SENHOR: Eis que
ponho as minhas palavras na tua boca” (Jr 1.4-5, 9).
“Mas faço-vos saber, irmãos, que o evangelho que por mim foi anunciado não é segundo os
homens. Porque não o recebi, nem aprendi de homem algum, mas pela revelação de Jesus
Cristo... Mas, quando aprouve a Deus, que desde o ventre de minha mãe me separou, e me
chamou pela sua graça, revelar seu Filho em mim, para que o pregasse entre os gentios,
não consultei a carne nem o sangue” (Gl 1.11-12, 15-16).
Então, no tempo da escrita, o Espírito de Deus supervisionou o processo para que o
conteúdo da Escritura fosse além do que a inteligência natural dos escritores poderia
conceber. O produto foi a revelação verbal de Deus, e ela foi literalmente o que Ele desejava
pôr em escrito. Deus não encontrou as pessoas certas para escrever a Escritura; Ele fez as
pessoas certas para escrevê-las, e então, supervisionou o processo de escrita.
Portanto, a inspiração da Escritura não se refere somente aos tempos quando o
Espírito Santo exerceu controle especial sobre os escritores bíblicos, embora isto tenha
deveras acontecido, mas a preparação começou antes da criação do mundo. A teoria da
ditação, a qual a Bíblia não ensina, é, em comparação com a da inspiração, uma visão
menor, atribuindo a Deus um controle menor sobre o processo.
Esta visão da inspiração, explica o assim chamado e evidente “elemento humano” na
Escritura. Os documentos bíblicos refletem vários cenários sociais, econômicos e
intelectuais dos autores, suas diferentes possibilidades, e seu vocabulário e estilo literário
único. Este fenômeno é o que alguém poderia esperar, dada a visão bíblica da inspiração,
na qual Deus exerceu controle total sobre a vida dos escritores, e não somente sobre o
processo de escrita. O “elemento humano” da Escritura, portanto, não danifica a doutrina da
inspiração, mas é consistente com ela e explicado pela mesma.
44
A UNIDADE DA ESCRITURA
A inspiração da Escritura implica a unidade da Escritura. Que as palavras da Escritura
procedem de uma única mente divina implica que a Bíblia deve exibir uma coerência
perfeita. Isto é o que encontramos na Bíblia. Embora a personalidade distinta de cada
escritor bíblico seja evidente, o conteúdo da Bíblia como um todo, exibe uma unidade e
designa que procede de um único autor divino. A consistência interna caracteriza os vários
documentos escriturísticos, de forma que uma parte não contradiz outra.
Jesus assume a coerência da Escritura quando ele responde à seguinte tentação de
Satanás:
“Então o diabo o transportou à cidade santa, e colocou-o sobre o pináculo do templo, e
disse-lhe: Se tu és o Filho de Deus, lança-te de aqui abaixo; porque está escrito: Que aos
seus anjos dará ordens a teu respeito, E tomar-te-ão nas mãos, para que nunca tropeces
em alguma pedra. Disse-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentará o Senhor teu Deus”
(Mt 4.5-7).
Satanás encoraja Jesus a pular do templo citando Salmo 91.11-12. Jesus replica com
Deuteronômio 6.16, implicando que o uso de Satanás da passagem contradiz a instrução de
Deuteronômio, e, portanto, é uma má-aplicação. Quando alguém entende ou aplica uma
passagem da Escritura de uma maneira que contradiz outra passagem, ele manejou mal o
texto. O argumento de Cristo aqui assume a unidade da Escritura, e nem mesmo o diabo
pôde contestá-la.
Numa outra ocasião, quando Jesus tratava com os fariseus, Seu desafio para com eles
assume a unidade da Escritura e a lei da não-contradição:
“E, estando reunidos os fariseus, interrogou-os Jesus, dizendo: Que pensais vós do Cristo?
De quem é filho? Eles disseram-lhe: De Davi. Disse-lhes ele: Como é então que Davi,
falando pelo Espírito, lhe chama Senhor, dizendo: Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-
te à minha direita, Até que eu ponha os teus inimigos por escabelo de teus pés? Se Davi,
pois, lhe chama Senhor, como é seu filho? E ninguém podia responder-lhe uma palavra;
nem desde aquele dia ousou mais alguém interrogá-lo” (Mt 22.41-46).
Visto que Davi estava “falando pelo Espírito”, ele não poderia ter errado. Mas, se o
Cristo haveria de ser um descendente de Davi, como Ele poderia ser Seu Senhor ao mesmo
tempo? Que isto colocou um problema significa, em primeiro lugar, que tanto Jesus como
Sua audiência assumiam a unidade da Escritura e a lei da não-contradição. Se eles
reconhecessem que a Escritura se contradiz, ou que alguém pode afirmar duas proposições
contraditórias, então, Jesus não estaria fazendo uma declaração significante, de forma
alguma. A resposta aqui é que o Messias é tanto divino como humano e, portanto, tanto
“Senhor” como “filho” de Davi.
45
Mas, é popular o encorajamento para se tolerar as contradições na teologia. Alister
McGrath escreve em seu livro Understanding Doctrine [Compreendendo Doutrinas]:
O fato de que algo é paradoxal e até mesmo autocontraditório, não o invalida...
Aqueles de nós que têm trabalhado no campo científico estão muitíssimos conscientes da
absoluta complexidade e misteriosidade da realidade. Os eventos por detrás da teoria
quântica, as dificuldades de se usar modelos na explicação científica — para nomear
apenas dois fatores que posso lembrar claramente do meu próprio tempo como um cientista
natural — apontam para a inevitabilidade do paradoxo e da contradição em tudo, exceto no
engajamento mais superficial com a realidade.
Isto não tem sentido. Assumindo que McGrath conhece ciência o suficiente para falar
sobre o assunto, este é um testemunho contra a ciência, e não um argumento para se
tolerar contradições na teologia. Ele assume a confiança da ciência e julga todas as outras
disciplinas por ela. Para parafraseá-lo, se há contradições na ciência, então, as contradições
devem ser aceitas, e uma pessoa pode tolerá-las quando esta surgir também numa reflexão
teológica.
Contudo, uma razão para rejeitar a confiança da ciência é precisamente porque ela
frequentemente se contradiz. A ciência é uma disciplina pragmática, útil para manipular a
natureza e avançar a tecnologia, mas que não pode descobrir nada sobre a realidade. O
conhecimento sobre a realidade vem somente de deduções válidas da revelação bíblica, e
nunca de métodos científicos ou empíricos. McGrath não nos dá nenhum argumento para
ignorar ou tolerar as contradições na ciência; ele apenas assume a confiança da ciência, a
despeito das contradições. Mas, ele não dá nenhuma justificação para assim o fazer.
O que faz da ciência o padrão último pelo qual devemos julgar todas as outras
disciplinas? O que dá à ciência o direito de criar as regras para todos os outros campos de
estudo? McGrath declara que a ciência aponta “para a inevitabilidade do paradoxo e da
contradição em tudo, exceto no engajamento mais superficial com a realidade”. Mas a
ciência não é teologia. Além de ser “o engajamento mais superficial com a realidade” -
embora eu negue a confiança da ciência até mesmo em tal nível - a ciência gera
contradições e desmoronamentos, mas isto não significa que a teologia sofra o mesmo
destino.
A teologia trata com Deus, que tem o direito e poder para governar tudo da vida e do
pensamento. Deus conhece a natureza da realidade, e a comunica para nós através da
Bíblia. Portanto, é a teologia que cria as regras da ciência, e um sistema bíblico de teologia
não contém paradoxos ou contradições.
Assuma que a soberania divina e a liberdade humana sejam contraditórias. Alguns
teólogos, reivindicando que a Bíblia ensina ambas, encorajam seus leitores a afirmar ambas.
Contudo, se afirmar a soberania divina é negar a liberdade humana, e afirmar a liberdade
46
humana é negar a soberania divina, então, afirmar ambas significa rejeitar tanto a soberania
divina (na forma de uma afirmação da liberdade humana) como a liberdade humana (na
forma de uma afirmação da soberania divina). Neste exemplo, visto que a Bíblia afirma à
soberania divina e nega a liberdade humana, não há contradição - nem mesmo uma
aparente.
Por outro lado, quando incrédulos alegam que a encarnação de Cristo exige uma
contradição, a qual é o contexto da passagem acima de McGrath, o cristão não tem a opção
de negar a deidade ou a humanidade de Cristo. Antes, ele deve articular e clarificar a
doutrina como a Bíblia a ensina, e mostrar que não há contradição. O mesmo se aplica à
doutrina da Trindade.
É fútil dizer que estas doutrinas estão em perfeita harmonia na mente de Deus, e
somente parece haver contradições para os seres humanos. Enquanto permanecerem
contradições, seja somente na aparência ou não, não podemos afirmar ambas as coisas. E
como alguém pode distinguir entre uma contradição real e uma apenas aparente? Se
devermos tolerar as contradições aparentes, então, deverão tolerar todas as contradições.
Visto que sem conhecer a resolução, uma aparente contradição parece ser o mesmo que
uma real, saber que uma “contradição” o é somente na aparência significa que alguém já a
resolveu, e, então, o termo não mais se aplica.
Cientistas e incrédulos podem se dedicar às contradições, mas os cristãos não devem
tolerá-las. Pelo contrário, em vez de abandonar a unidade da Escritura e a lei da não-
contradição, como uma “defesa” contra aqueles que acusam as doutrinas bíblicas de serem
contraditórias, devem afirmar e demonstrar a coerência destas doutrinas. Por outro lado, os
cristãos devem expor a incoerência das crenças não-cristãs, e desafiar seus aderentes a
abandoná-las.
A INFALIBILIDADE DA ESCRITURA
A infalibilidade bíblica acompanha necessariamente a inspiração e a unidade da
Escritura. A Bíblia não contém erros; ela é correta em tudo o que declara. Visto que Deus
não mente ou erra, e a Bíblia é a Sua palavra, segue-se que tudo escrito nela deve ser
verdade. Jesus disse, “a Escritura não pode ser anulada” (Jo 10.35), e que “E é mais fácil
passar o céu e a terra do que cair um til da lei” (Lc 16.17).
A INFALIBILIDADE da Escritura se refere a uma incapacidade para errar - a Bíblia não
pode errar. INERRÂNCIA, por outro lado, enfatiza que a Bíblia não erra. A primeira diz
respeito ao potencial, enquanto a última mostra o estado real do assunto. Estritamente
falando, infalibilidade é a palavra mais forte, e ela exige a inerrância, mas algumas vezes as
duas são intercambiáveis no uso.
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É possível para uma pessoa ser falível, mas produzir um texto que é livre de erro.
Pessoas que são capazes de cometer enganos, apesar de tudo, não estão errando
constantemente. Contudo, há aqueles que rejeitam a doutrina da inerrância, mas ao mesmo
tempo desejam afirmar a perfeição de Deus e a Bíblia como a Sua palavra, e como
resultado, mantém a impossível posição de que a Bíblia é deveras infalível, mas errante.
Algumas vezes, o que eles querem dizer é que a Bíblia é infalível num sentido, talvez
quando ela relata as coisas espirituais, enquanto que contém erros em outro sentido, talvez
quando relata acontecimentos históricos.
Nada obstante, as declarações bíblicas sobre as coisas espirituais estarão
inseparavelmente unidas às declarações bíblicas sobre a história, de forma que é impossível
afirmar uma enquanto se rejeita a outra. Por exemplo, ninguém pode separar o que a
Escritura diz sobre a ressurreição como um evento histórico e o que ela diz sobre seu
significado espiritual. Se a ressurreição não aconteceu como a Bíblia diz, o que ela diz sobre
seu significado espiritual não pode ser verdade.
O desafio para aqueles que rejeitam a infalibilidade e a inerrância bíblica é que eles
não têm nenhum princípio epistemológico autoritativo, pelo qual possam julgar uma parte da
Escritura ser acurada e a outra parte ser inacurada. Visto que a Escritura é a única fonte
objetiva de informação a partir da qual todo o sistema cristão é construído, alguém que
considera qualquer porção ou aspecto da Escritura como falível ou errante, deve rejeitar
todo o Cristianismo. Novamente, este é o porquê não há um princípio epistemológico mais
alto para julgar uma parte da Escritura como sendo correta e outra parte como sendo
errada.
Alguém não pode questionar ou rejeitar a autoridade última de um sistema de
pensamento e ainda reivindicar lealdade a ele, visto que a autoridade última em qualquer
sistema define o sistema inteiro. Uma vez que uma pessoa questiona ou rejeita a autoridade
última de um sistema, ele não é mais um aderente do sistema, mas, pelo contrário, é
alguém que adere ao princípio ou autoridade pelo qual ele questiona ou rejeita a autoridade
última do sistema, que ele simplesmente deixou para trás. Ter outra autoridade última além
da Escritura é rejeitar a Escritura, visto que a própria Bíblia reivindica infalibilidade e
supremacia. Alguém que rejeita a infalibilidade e a inerrância bíblica, assume a posição
intelectual de um incrédulo, e deve prosseguir para defender e justificar sua cosmovisão
pessoal contra os argumentos dos crentes a favor da fé cristã.
A confusão permeia o presente clima teológico; portanto, é melhor afirmar tanto a
infalibilidade como a inerrância bíblica, e explicar o que queremos dizer por estes termos.
Deus é infalível, e visto que a Bíblia é a Sua palavra, ela não pode e não contém nenhum
erro. Nós afirmamos que a Bíblia é infalível em todo sentido do termo, e, portanto, ela deve
ser também inerrante em todo sentido do termo. A Bíblia não pode e não contêm erros, seja
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quando falando de coisas espirituais, históricas ou outros assuntos. Ela é correta em tudo o
que afirma.
A AUTORIDADE DA ESCRITURA
Precisamos determinar a extensão da autoridade da Bíblia, para verificar o nível de
controle que ela deve ter sobre as nossas vidas. A inspiração, unidade e infalibilidade da
Escritura implicam que ela possui autoridade absoluta. Visto que a Escritura é a própria
palavra de Deus, ou Deus falando, a conclusão necessária é que ela carrega a autoridade
de Deus. Portanto, a autoridade da Escritura é idêntica à autoridade de Deus.
Os escritores bíblicos, algumas vezes, se referem a Deus e a Escritura como se os
dois fossem intercambiáveis. Como Warfield escreve, “Deus e as Escrituras são trazidos em
tal conjunção para mostrar que na questão de autoridade, nenhuma distinção foi feita entre
eles”.
“Ora, o SENHOR disse a Abrão: Sai-te da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai,
para a terra que eu te mostrarei. E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei e
engrandecerei o teu nome; e tu serás uma bênção. E abençoarei os que te abençoarem, e
amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn
12.1-3).
“Ora, tendo a Escritura previsto que Deus havia de justificar pela fé os gentios, anunciou
primeiro o evangelho a Abraão, dizendo: Todas as nações serão benditas em ti” (Gl 3.8).
“Disse o SENHOR a Moisés: Levanta-te pela manhã cedo, apresenta-te a Faraó e dize-lhe:
Assim diz o SENHOR, o Deus dos hebreus: Deixa ir o meu povo, para que me sirva. Pois
esta vez enviarei todas as minhas pragas sobre o teu coração, e sobre os teus oficiais, e
sobre o teu povo, para que saibas que não há quem me seja semelhante em toda a terra.
Pois já eu poderia ter estendido a mão para te ferir a ti e o teu povo com pestilência, e terias
sido cortado da terra; mas, deveras, para isso te hei mantido, a fim de mostrar-te o meu
poder, e para que seja o meu nome anunciado em toda a terra. (Ex 9.13-16).
“Porque diz a Escritura a Faraó: Para isto mesmo te levantei; para em ti mostrar o meu
poder, e para que o meu nome seja anunciado em toda a terra” (Rm 9.17).
Enquanto a passagem de Gênesis diz que foi “o Senhor” que falou a Abraão, Gálatas
diz, “A Escritura previu... [A Escritura] anunciou...”. A passagem de Êxodo declara que foi “o
Senhor” quem disse a Moisés o que falar a Faraó, mas Romanos diz, “a Escritura diz a
Faraó...”.
Visto que Deus possui autoridade absoluta e última, a Bíblia sempre carrega
autoridade absoluta e última. Visto que não há diferença entre Deus falando e a Bíblia
falando, não há diferença entre obedecer a Deus e obedecer a Bíblia. Crer e obedecer a
Bíblia são crer e obedecer a Deus; não crer e desobedecer a Bíblia é não crer e
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desobedecer a Deus. A Bíblia não é apenas um instrumento através do qual Deus nos fala;
antes, as palavras da Bíblia são as próprias palavras que Deus está falando - não há
diferença. A Bíblia é a voz de Deus para a humanidade, e a autoridade da Bíblia é total.
A NECESSIDADE DA ESCRITURA
A Bíblia é necessária para a informação precisa e autoritativa sobre as coisas de Deus.
Visto que a teologia é central para tudo da vida e do pensamento, a Escritura é necessária
como um fundamento para tudo da civilização humana. Aqueles que rejeitam a autoridade
bíblica, no entanto, continuam a assumir as pressuposições cristãs para governar suas vidas
e pensamentos, embora eles recusem admitir isto. Uma tarefa do apologista cristão é expor
a suposição implícita do incrédulo das premissas bíblicas, a despeito de sua explícita
rejeição delas. Mas à extensão que qualquer cosmovisão consistentemente exclui as
premissas bíblicas, ela se degenera em ceticismo e barbarismo.
A infalibilidade bíblica é o único princípio justificável do qual alguém pode deduzir
informação sobre assuntos últimos, tais como metafísica, epistemologia e ética.
Conhecimento pertencente às categorias subsidiárias tais como política e matemática são
também limitados pelas proposições deduzíveis da revelação bíblica. Sem a infalibilidade
bíblica como o ponto de partida do pensamento de alguém, o conhecimento não é possível,
de forma alguma; qualquer outro princípio falha em se justificar, e assim, um sistema que
depende dele não pode nem mesmo começar. Por exemplo, sem uma revelação verbal de
Deus, não há razão universal e autoritativa para proibir o assassinato e o roubo. A Bíblia é
necessária para todas as proposições significativas.
A Escritura é necessária para definir todo conceito e atividade cristã. Ela governa cada
aspecto da vida espiritual, incluindo pregação, oração, adoração e direção. A Escritura é
também necessária para a salvação ser possível, visto que a informação necessária para a
salvação está revelada na Bíblia, e deve ser conduzida ao indivíduo por ela, para receber a
salvação. Paulo escreve, “as sagradas Escrituras, que podem fazer-te sábio para a
salvação, pela fé que há em Cristo Jesus” (2 Tm 3.15).
Uma seção anterior deste livro aponta que todos os homens sabem que o Deus cristão
existe, e que Ele é o único Deus. Os homens nascem com este conhecimento. Embora este
conhecimento seja suficiente para tornar a incredulidade culpável, é insuficiente para
salvação. Alguém adquire conhecimento sobre a obra de Cristo diretamente da Escritura, ou
indiretamente da pregação ou escrita de outro. Portanto, a Escritura é necessária para o
conhecimento que conduz à salvação, as instruções que levam ao crescimento espiritual, as
respostas às questões últimas, e sobre qualquer conhecimento sobre a realidade. Ela é a
pré-condição necessária para todo o conhecimento.
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A CLAREZA DA ESCRITURA
Há dois extremos, com respeito à clareza da Escritura, que os cristãos devem evitar.
Um é manter que o significado da Escritura é totalmente obscuro à pessoa comum -
somente um grupo de indivíduos de elite e escolhidos pode interpretá-la. A outra visão
reivindica que a Escritura é tão clara que não há parte dela que seja difícil de ser entendida,
e que nenhum treinamento em hermenêutica é requerido para manusear o texto. Por
extensão, a interpretação de um teólogo maduro não é mais confiável do que a opinião de
uma pessoa não treinada.
A primeira posição isola o uso da Escritura do povão em geral, e impede qualquer
pessoa de contestar o entendimento bíblico de profissionais estabelecidos, mesmo quando
eles estão enganados. A Bíblia não é tão fácil de entender que qualquer pessoa possa
interpretá-la com igual competência. Mesmo o apóstolo Pedro, quando se referindo ao
escritos de Paulo, diz, “Suas cartas contêm algumas coisas que são difíceis de entender”.
Ele adverte que “as pessoas ignorantes e instáveis distorcem” o significado das palavras de
Paulo, “assim como eles fazem com outras Escrituras, para a sua própria destruição” (2 Pe
3.16).
Muitas pessoas gostariam de pensar sobre si mesmas como competentes, em
assuntos importantes tais como teologia e hermenêutica, mas, em vez de orarem por
sabedoria e estudarem as Escrituras, elas assumem que são tão capazes quanto os
teólogos ou os seus pastores. Este modo de pensar convida o desastre e a confusão.
Diligência, treinamento e capacitação divina, tudo isso, contribui para a capacidade de
alguém interpretar e aplicar a Bíblia.
Embora muitas passagens na Bíblia sejam fáceis de entender, algumas delas
requerem diligência extra e sabedoria especial para serem interpretadas acuradamente. É
possível para uma pessoa ler a Escritura e adquirir dela entendimento e conhecimento
suficientes para salvação, embora algumas vezes alguém possa precisar de um crente
instruído até para isso:
“E, correndo Filipe, ouviu que lia o profeta Isaías, e disse: Entendes tu o que lês? E ele
disse: Como poderei entender, se alguém não me ensinar? E rogou a Filipe que subisse e
com ele se assentasse” (At 8.30-31).
É possível também aprender os princípios básicos da fé cristã, simplesmente lendo a
Bíblia. Mas há passagens na Bíblia que são, em diferentes graus, difíceis de entender.
Nestes casos, alguém pode solicitar o auxílio de ministros e teólogos para explicarem as
passagens, de forma a evitar a distorção da palavra de Deus.
Neemias 8.8 afirma o lugar do ministério de pregação: “E leram no livro, na lei de
Deus; e declarando, e explicando o sentido, faziam que, lendo, se entendesse”. Contudo, a
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autoridade final descansa nas palavras da própria Escritura, e não na interpretação dos
eruditos. A Escritura nunca está errada, embora nosso entendimento e indiferenças para
com ela possam estar algumas vezes, equivocados. Este é o motivo pelo qual toda igreja
deveria treinar seus membros na teologia, na hermenêutica e na lógica, de forma que eles
possam manusear melhor a palavra da verdade.
Portanto, embora a doutrina da clareza da Escritura conceda a cada pessoa o direito
de ler e interpretar a Bíblia, ela não elimina a necessidade de mestres na igreja, mas, antes,
afirma a sua necessidade. Paulo escreve que um dos ofícios ministeriais que Deus
estabeleceu foi o de mestre, e Ele apontou indivíduos para desempenhar tal função (1 Co
12.28). Mas Tiago adverte que nem todos deveriam ansiar assumir tal ofício: “Meus irmãos,
muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo” (Tg 3.1). Em
outro lugar, Paulo escreve, “Digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do
que convém; antes, pense com moderação...” (Rm 12.3).
Aqueles escolhidos por Deus para serem ministros da doutrina são capazes de
interpretar as passagens mais difíceis da Escritura, e podem também extrair valiosos
insights que podem evitar outras dificuldades das passagens mais simples também. Efésios
4.7-13 se referem a este ofício como um dos dons de Cristo à sua igreja, e, portanto, os
cristãos devem valorizar e respeitar aqueles que estão em tal ministério.
Vivemos numa geração na qual pessoas desprezam a autoridade; elas detestam ouvir
o que devem fazer ou crer. A maioria nem mesmo respeita a autoridade bíblica, para não
citar a autoridade eclesiástica. Elas consideram as suas opiniões tão boas quanto à dos
apóstolos, ou, no mínimo, dos teólogos e pastores; sua religião é democrática, não
autoritária. Mas a Escritura ordena os crentes a obedecerem aos seus líderes: “Obedecei a
vossos pastores, e sujeitai-vos a eles; porque velam por vossas almas, como aqueles que
hão de dar conta delas; para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos
seria útil”. Todo crente tem o direito de ler a Bíblia por si mesmo, mas isto não deve se
traduzir em desafio ilegítimo contra os sábios ensinos de eruditos ou contra a autoridade dos
líderes da igreja.
A SUFICIÊNCIA DA ESCRITURA
Muitos cristãos reivindicam afirmar a suficiência da Escritura, mas seu real
pensamento e prática negam-na. A doutrina afirma que a Bíblia contém informação
suficiente para alguém, não somente para encontrar a salvação em Cristo, mas para
subsequentemente receber instrução e direção em todo aspecto da vida e pensamento, seja
por declarações explícitas da Escritura, ou por inferências necessárias dela.
A Bíblia contém tudo que é necessário para construir uma cosmovisão cristã
compreensiva que nos capacite a ter uma verdadeira visão da realidade. A Escritura nos
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transmite, não somente a vontade de Deus em assuntos gerais da fé e conduta cristã, mas
ao se aplicar preceitos bíblicos, podemos também conhecer Sua vontade em nossas
decisões específicas e pessoais. Tudo que precisamos saber como cristãos é encontrado na
Bíblia seja no âmbito familiar, do trabalho ou da igreja.
Paulo escreve que a Escritura não é somente divina na origem, mas é também
abrangente no escopo:
“Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir,
para corrigir, para instruir em justiça. Para que o homem de Deus seja perfeito, e
perfeitamente instruído para toda a boa obra” (2 Tm 3.16-17).
A implicação necessária é que os meios de direção extra bíblicos, tais como visões e
profecias, são desnecessários, embora Deus possa ainda fornecê-los, quando Ele se
agradar. Os problemas ocorrem quando os cristãos sustentam uma posição que equivale a
negar a suficiência da Escritura em fornecer abrangente instrução e direção. Alguns se
queixam que na Bíblia falta informação específica que alguém precisa para fazer decisões
pessoais; à luz da palavra de Deus, deve-se entender que a falta reside nestes indivíduos, e
não no fato de que a Bíblia é insuficiente.
Aqueles que negam a suficiência da Escritura carecem da informação que eles
necessitam, por causa da sua imaturidade espiritual e negligência. A Bíblia é deveras
suficiente para dirigi-los, mas eles negligenciam o estudo dela. Alguns também exibem forte
rebelião e impiedade. Embora a Bíblia trate das suas situações, eles recusam se submeter
aos seus mandamentos e instruções. Ou, eles se recusam a aceitar o próprio método de
receber direção da Escritura no geral, e exigem que Deus os dirija através de visões, sonhos
e profecias, quando Ele já lhes deu tudo o que eles necessitam, através da Bíblia.
Quando Deus não atende às suas demandas ilegítimas de direção extra bíblica, alguns
decidem até mesmo procurá-la através de métodos proibidos, tais como astrologia,
adivinhação e outras práticas ocultas. A rebelião deles é tal que, se Deus não fornecer a
informação desejada nos moldes prescritos por eles, eles estão determinados a obtê-la do
próprio diabo.
O conhecimento da vontade de Deus não vem de direção extra bíblica, mas de uma
compreensão intelectual e de uma aplicação da Escritura. O apóstolo Paulo escreve:
“E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação
do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita
vontade de Deus” (Rm 12.2).
A teologia cristã deve afirmar, sem reservas, a suficiência da Escritura como uma fonte
abrangente de informação, instrução e direção. A Bíblia contém toda a vontade de Deus,
incluindo a informação que alguém precisa para salvação, desenvolvimento espiritual e
direção pessoal. Ela contém informação suficiente, de forma que, se alguém a obedece
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completamente, ele estará cumprindo a vontade de Deus em cada detalhe da vida. Mas, ele
comete pecado à extensão em que ele falha em obedecer à Escritura. Embora nossa
obediência nunca alcance perfeição nesta vida, todavia, não há nenhuma informação que
precisemos para viver uma vida cristã perfeita, que já não esteja na Bíblia.
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HAMARTIOLOGIA
I – O PECADO
A palavra “pecado” conforme se encontra nas nossas versões, vem de uma raiz
hebraica Hattãth que no grego é hamartia.
II – A ORIGEM DO PECADO
B - A origem da tentação: “Mas a serpente, mais sagaz que todos os animais selváticos
que o SENHOR Deus tinha feito.” (Gn 3.1a). É razoável deduzir que a serpente daqueles
dias deveria ter sido uma criatura formosa, foi o agente empregado por Satanás, o que já
tinha sido lançado fora do céu antes da criação do homem (Ez 23.13-17; Is 14.12-15). Por
esta razão, Satanás é descrito como “a antiga serpente, chamada diabo” (Ap 12.9),
geralmente Satanás trabalha por meio de agentes. Satanás usou a serpente, por esta ser
uma criatura que Eva jamais desconfiaria.
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ingênua mulher, e ao mesmo tempo insinua que está bem qualificada para ser juiz quanto à
justiça de tal proibição. Por meio da pergunta no versículo, lança uma tríplice dúvida acerca
de Deus:
1) Dúvida sobre a bondade de Deus.
2) Dúvida sobre a retidão de Deus.
3) Dúvida sobre a santidade de Deus.
2 - A culpa
Notemos as evidências de uma consciência culpada.
1) “Então foram abertos os olhos de ambos e conheceram que estavam nus”.
O conhecimento adquirido foi diferente do que eles esperavam em vez de fazê-lo
semelhante a Deus, experimentaram em profundo sentimento e culpa que a fez ter medo de
Deus.
3 – O juízo
A - Sobre a serpente: “porquanto fizeste isto, maldita serás mais que todas as bestas, e
mais que todos os animais do campo; sobre o teu ventre andarás, e pó comerás todos os
dias da tua vida”.
B - Sobre a mulher: “E à mulher disse: Multiplicarei sobremodo os sofrimentos da tua
gravidez; em meio de dores darás à luz filhos; o teu desejo será para o teu marido, e ele te
governará”.
C - Sobre o homem: o trabalho para o homem já tinha sido designado, o castigo consiste
no afã, nas decepções e aflições que muitas vezes acompanham o trabalho.
4- A redenção
a- Prometida: Gn 3.15
1) A serpente procurou fazer aliança com Eva contra Deus, mas Deus porá fim nessa
aliança. “E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre tua semente (descendentes) e a sua
semente”... Haverá uma luta constante entre o homem e o poder maligno que causou a sua
queda.
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2) Qual será o resultado deste conflito?
Primeira vitória para a humanidade, por meio do representante do homem, a semente
da mulher. “Ela (a semente da mulher) te ferirá a cabeça, Cristo a semente da mulher veio
ao mundo para esmagar a cabeça do diabo” (Mt 14.23, 25; Lc 1.31-35, 76; Gl 4.4; Rm
16.20).
3) Porém a vitória não será sem sofrimento. “E tu (a serpente) te ferirá o calcanhar”. No
Calvário, a serpente feriu o calcanhar da semente da mulher; mas este ferimento trouxe cura
para a humanidade (Is 53.3-4, 12; Dn 9.26; Mt 4.1-10).
b- Pré-figurada: Deus matou um animal, uma criatura inocente, para poder vestir aqueles
que se sentiam nus ante a sua vista por causa do pecado. Do mesmo modo, o Pai deu o
seu Filho, o inocente à morte, a fim de prover uma cobertura Expiativa para as almas dos
homens.
C - Na esfera da santidade
Nesta esfera definimos o pecado como profanação, transgressão (Sl 37.88; 51.13; Is
53.12).
D - Na esfera da verdade
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Fraudulento, engano, falsidade, mentira (Sl 58.3; Is 28.15; Jo 8.44).
E - Na esfera da sabedoria
A palavra frequentemente traduzida nesta esfera é insensato, escarnecedor (Pv 14.6,
15.20).
V - UNIVERSALIDADE DO PECADO
Os textos sagrados que se seguem, provam que todos pecaram. Somente Jesus não
pecou, porque não precedeu da geração humana - Rm 3.23, 5.12; 1 Jo 1.8; Sl 51.5, 58.3.
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ANGELOLOGIA, SATANALOGIA E DEMONOLOGIA
V - SUA CLASSIFICAÇÃO
a) O anjo do Senhor - Ex 23.21; Gn 32.30.
b) Arcanjo - Jd 6.
c) Anjos eleitos - 1 Tm 5.21; Mt 25.41.
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d) Anjos das nações - Dn 10.13, 20.
e) Querubins: ligados a santidade de Deus - Gn 3.22, 23.
f) Serafins: ligados a adoração de Deus - Is 6.1-3.
g) Principados e potestades - Ef 3.10.
b) Aos crentes
1) Seu ministério geral é de ajuda - Hb 1.14.
2) Estão envolvidos com as respostas Mt 12.7.
3) Observam as experiências dos crentes - 1 Co 4.9; 1 Tm 5.21.
4) Encorajam nas horas de perigo - At 27.23-24.
5) Estão interessados nos esforços evangelísticos dos crentes - Lc 15.10; At 8.26.
6) Ministram ao justo na hora de sua morte - Lc 16.22; Jd 1.9
c) As nações
1) Miguel parece ter um relacionamento estreito com Israel - Dn 12.1.
2) Os anjos parecem ser agentes de Deus na execução de sua providência - Dn 10.21
3) Os anjos estarão envolvidos nos juízos da tribulação - Ap 8.9, 16.
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d) Aos descrentes
1) Anunciam juízos eminentes - Gn 19.13; Ap 14.6, 7.
2) Infligem o juízo divino - At 12.23.
1) Agem como ceifeiros na separação definitiva no fim dos tempos - Mt 13.39.
SATANALOGIA
I - EXISTÊNCIA DE SATANÁS
a) Ensino das escrituras: a existência de Satanás é ensinada em sete livros do Antigo
Testamento e por todos os autores do Novo Testamento.
b) O ensino de Cristo: Ele ensinou e reconheceu a existência de Satanás - Mt 13.39; Lc
10.18, 11.18.
II - PERSONALIDADE DE SATANÁS
a) Possui intelecto -2 Co 11.3.
b) Tem emoções - Ap 12.17.
c) Tem vontade - 2 Tm 2.26.
d) É tratado como pessoa moralmente responsável - Mt 25.41.
e) Pronomes pessoais são usados para descrevê-lo - Jó 1.
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5) Belial (2 Co 6.15)
b) Títulos:
1) Maligno - 1 Jo 5.19
2) Tentador - 1 Ts 3.5
3) Príncipe deste mundo - Jo 12.31
4) Deus deste século - 2 Co 4.4
5) Principados e potestades do ar - Ef 2.2
6) Acusador de nossos irmãos - Ap 12.10
c) Representações:
1) Serpente - Ap 12.9
2) Dragão - Ap 12.3
3) Anjo de luz - 2 Co 11.14
c) Suas limitações
1) Ele é criatura, e, portanto, não é nem onisciente nem infinito.
2) Sua ação pode ser resistida pelo crente - Tg 4.7.
3) Deus impõe limites a ele - Jó 1.12.
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1) O pecado: Is 14.13-14.
a) Eu subirei ao céu
b) Acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono
c) No monte da congregação me assentarei; nas extremidades do norte
d) Subirei acima das mais altas nuvens (usurpar a glória de Deus)
e) Serei semelhante ao Altíssimo (Satanás queria ser possuidor do céu e da terra),
seu pecado é chamado de orgulho.
b) Em relação às nações
1) Ele agora as enganava - Ap 20.3.
2) Ele as reunirá para a batalha de Armagedom - Ap 16.13-14.
c) Em relação ao descrente
1) Ele cega os entendimentos - 2 Co 4.4.
2) Ele arrebata a palavra de seu coração - Lc 8.12.
3) Ele usa os homens para se opor a obra de Deus - Ap 2.13.
d) Em relação ao crente
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1) tenta mentir - At 5.3
2) Acusa e difama o crente - Ap 12.10
3) Dificulta o seu trabalho - 1 Ts 2.18
4) Tenta à imoralidade - 1 Co 7.5
5) Semeia o joio entre os crentes - Mt 13.38-39
6) Incita perseguições contra os crentes - Ap 2.10
DEMONOLOGIA
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b) seu intelecto: eles conhecem a Jesus (Mc 1.24), seu próprio destino final (Mt 8.29), o
plano da salvação (Tg 2.19), tem seu próprio sistema doutrinário bem desenvolvido (1 Tm
4.1-3).
c) sua moralidade: são chamados de espíritos imundos e sua doutrina leva a uma conduta
imoral (1 Tm 4.1-2).
b) Em particular
1) Podem causar doenças - Mt 9.33; Lc 13.11, 16.
2) Podem possuir homens - Mt 4.24.
3) Podem possuir animais - Mc 5.13.
4) Opõem-se ao crescimento - Ef 6.12.
5) Minam doutrinas falsas - 1 Tm 4.11.
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2) Distúrbios mentais são ocasionalmente causados por possessão demoníaca a tal ponto
de dar a impressão de estar possuído (Mt 17.15).
b) Destino definitivo
Finalmente todos os demônios, juntos com Satanás serão lançados dentro do lago de
fogo (Mt 25.41).
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ECLESIOLOGIA
I - Natureza da igreja
3) Ilustrações da igreja
a) Corpo de Cristo: o uso dessa ilustração faz lembrar que a igreja é um organismo e não
meramente uma organização.
Uma organização é um grupo de indivíduos, voluntariamente associados de comum
propósito especial, tal como uma organização fraternal ou um sindicato. Um organismo é
qualquer coisa viva, pela vida inerente (1 Co 13.13).
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b) O templo de Deus: 1 Pe 2.5, 6 - um templo é um lugar em que Deus, que habita em
toda parte, se localiza a si mesmo em determinado lugar, onde o seu povo possa achar em
casa - Ex 25.8; 1 Rs 8.27.
c) A noiva de Cristo: descreve a união e a comunhão de Deus com seu povo (2 Co 11.2;
Ef 5.25-27; Ap 19.7).
II - A FUNDAÇÃO DA IGREJA
1) Considerada profeticamente
Israel é descrito como uma igreja, no sentido de ser uma nação chamada dentre as
outras nações a ser um povo de servos de Deus (At 7.38). Quando o antigo testamento foi
traduzido para o grego, a palavra “congregação” (de Israel) foi traduzida por Ekklesia ou
igreja, pois era a congregação ou igreja de Jeová. Depois da igreja judaica o Ter rejeitado,
Cristo predisse a fundação duma nova congregação ou igreja, uma instituição divina que
continuaria sua obra na terra (Mt 16.18). Essa é a igreja de Cristo que veio a ter existência
no dia de pentecostes.
2) Considerada historicamente
A igreja de Cristo veio a existir, como igreja no dia de pentecostes, quando foi
consagrada pela unção do Espírito Santo. Assim, os primeiros membros da igreja foram
congregados no cenáculo e consagrados como igreja pela descida do Espírito Santo.
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5) Diante de Deus, homens e mulheres são iguais, mas eles precisam reconhecer as
diferenças de seus papéis para homens e mulheres em sua cultura, e ajustar seu estilo de
vida a eles - 1 Co 10.1.
6) O amor é o dom supremo - 1 Co 13.
7) Mantenha uma reverência profunda nos cultos - 1 Co 11.3.
8) Descubra o seu dom, os dons espirituais e os use o máximo possível - 1 Co 14.1.
9) Firme sua fé na rocha da doutrina da ressurreição - 1 Co 15.20, 21.
10) Equilibre as necessidades financeiras internas de sua igreja com as externas:
evangelismo e serviço social, Deus abençoa a igreja que trabalha pelos outros - 1 Co 16.1-
4.
VI - A OBRA DA IGREJA
1) Pregar a salvação - Mt 28.19, 20
2) Prover meios de adoração
3) Prover comunhão religiosa
4) Sustentar uma norma de conduta moral
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a) Modo: a palavra batizar, usada na fórmula de Mateus 28.19, 20, significa literalmente
mergulhar ou imergir.
b) Fórmula: Batizando-o em nome do Pai, Filho e do Espírito Santo - Mt 28.29.
c) O recipiente: todos os que sinceramente se arrependem de seus pecados e exercitam
uma fé viva no Senhor Jesus, são ilegíveis para o batismo.
d) A eficácia: o batismo nas águas, em si não tem poder para salvar, as pessoas são
batizadas, não para serem salvas, mas porque já são salvas.
e) O significado: o batismo é uma confirmação da fé, manifestada ao Senhor Jesus
Cristo. É um ato simbólico que significa a morte do velho homem e ressurreição para uma
nova vida com Cristo.
2) Ceia do Senhor
Os pontos-chave desta ordenança são as seguintes:
a) Comemoração: “Fazei isto em memória de mim”. Cada vez que um grupo de cristãos se
congrega para celebrar a ceia do Senhor, está comemorando, dum modo especial, a morte
expiatória de Cristo que os libertou dos pecados. Por que recordarmos mais a morte de
Jesus do que qualquer outro evento de sua vida?
A morte foi o evento culminante de seu ministério e porque somos salvos, não
meramente por sua vida e seus ensinos, embora sejam divinos, mas por seu sacrifício
expiatório.
b) Instrução: a ceia do Senhor é uma lição objetiva que expõe os dois fundamentos do
evangelho - 1) encarnação e 2) expiação. As bênçãos incluídas na encarnação nos são
concedidas mediante a morte de Cristo. O pão e o vinho simbolizam dois resultados da
morte, a separação do corpo e da vida e a separação da carne e sangue.
c) Inspiração: os elementos, especialmente o vinho, nos lembram que pela fé podemos
ser participantes da natureza de Cristo, isto é, Ter comunhão com Ele. Ao participar do pão e
do vinho da ceia, o ato nos recorda e nos assegura que pela fé, podemos receber o Espírito
Santo de Cristo e ser o reflexo do seu caráter.
d) Segurança: a nova aliança instituída por Jesus (1 Co 11.25), é um pacto de sangue.
Deus aceitou o sangue de Cristo (Hb 9.14-24); portanto, compromete-se por causa de
Cristo, a perdoar e salvar a todos os que vierem a Ele. O sangue de Cristo é a divina
garantia de que Ele será benévolo e misericordioso para aquele que se arrepende.
e) Responsabilidade: quem deve ser admitido ou excluído da mesa do Senhor? Paulo
trata da questão dos que são dignos do sacramento em 1 Co 11.20-34.
70
2) O culto particular.
IV - GOVERNO DA IGREJA
As primeiras igrejas eram democráticas em seu governo - circunstância natural em
uma comunhão onde o Dom do Espírito Santo estava disponível a todos, e onde toda e
qualquer pessoa podia ser dotada de dons para um ministério especial.
Nos dias primitivos não havia nenhum governo centralizado abrangendo toda a igreja.
Cada igreja era autônoma e administrava seus próprios negócios com liberdade. Embora
que cada igreja fosse independente uma da outra, quanto a jurisdição, as igrejas do novo
testamento mantinham relações cooperativas uma com as outras (Rm 15.26, 27; 2 Co 8.19;
Gl 2.10; Rm 15.1; 3 Jo 8).
71
ESCATOLOGIA
A DOUTRINA DAS ÚLTIMAS COISAS
A . Posição Pós-Milenista.
Significado. A Segunda vinda de Cristo se dará depois do Milênio.
Ordem dos acontecimentos. A parte final da Era da Igreja (i.e, os seus últimos 1.000 anos)
é o Milênio, que será uma época de paz e abundância promovida pelos esforços da Igreja.
Depois disso, Cristo virá. Seguir-se-á, então, uma ressurreição generalizada e depois desta,
um juízo geral e a eternidade.
Método de interpretação. A interpretação pós-milenista é amplamente espiritualizada no
que tange a profecia. Apocalipse 20, todavia, será cumprido num reino terreno, estabelecido
pelos esforços da igreja.
B. Posição Amilenista.
Significado. A segunda vinda de Cristo se dará no fim da época da igreja e não existe um
Milênio na Terra. Estritamente falando, os amilenistas creem que as presentes condições
dos justos no céu é o Milênio, e que não há ou haverá um Milênio terrestre. Alguns
amilenistas tratam a soberania de Cristo sobre os corações dos crentes como se fosse o
Milênio.
Ordem dos acontecimentos. A Era da igreja terminará num tempo de convulsão, Cristo
voltará, haverá ressurreição e juízo gerais e, depois, a eternidade.
Métodos de interpretação. A interpretação amilenista espiritualiza as promessas feitas a
Israel como nação, dizendo que são cumpridas na Igreja. De acordo com esse ponto de
vista, Apocalipse 20 descreve a cena das almas no céu durante o período entre a primeira
vinda de Cristo.
C. Posição Pré-Milenista.
Significado. A segunda vinda de Cristo acontecerá antes do Milênio.
Ordem dos acontecimentos. A Era da igreja termina no tempo da tribulação, Cristo voltará
à Terra, estabelece e dirige seu reino por 1000 anos, ocorrem a ressurreição e o juízo dos
não-salvos, e depois vem a eternidade.
72
Método de interpretação. O pré-milenismo segue o método de interpretação normal, literal,
histórico-gramatical. Apocalipse 20 é entendido literalmente. A questão do arrebatamento
entre os pré-milenistas não há unanimidade quanto ao tempo em que vai acontecer o
arrebatamento.
O ARREBATAMENTO DA IGREJA
Arrebatamento pré-tribulacional.
Significado. O arrebatamento da igreja (i.e., a vinda do Senhor nos ares para os seus
santos) ocorrerá antes que comece o período de sete anos da tribulação. Por isso, a igreja
não passará pela tribulação, segundo este ponto de vista. Provas citadas: A promessa de
ser guardada (fora) da hora da provação (Ap 3.10). A remoção do aspecto de habitação no
ministério do Espírito Santo exige necessariamente a remoção dos crentes (2 Ts 2). A
tribulação é um período de derramamento da ira de Deus, da qual a Igreja já está isenta (Ap
6.17; 1 Ts 1.10; 5.9). O arrebatamento só pode ser iminente se for pré-tribulacional (1 Ts
5.6).
Arrebatamento mesotribulacional.
Significado. O arrebatamento ocorrerá depois de transcorrido três anos e meio do período
da tribulação. Provas citada: A última trombeta de 1 Co 15.52 é a sétima trombeta de Ap
11.15 que soa na metade da tribulação. A Grande Tribulação é composta apenas dos últimos
três anos e meio da septuagésima semana da profecia de Dn 9.24-27, e a promessa de
libertação da igreja só se aplica a esse período (Ap 11.2, 12.6). A ressurreição ocorre na
metade da tribulação (Ap 11.3; 11).
Arrebatamento pós-tribulacional
Significado: O arrebatamento acontecerá no final da tribulação. O arrebatamento é distinto
da segunda vinda de Cristo, embora seja separado dela por um pequeno intervalo de tempo.
A igreja permanecerá na terra durante todo o período da tribulação. Provas citadas: o
arrebatamento e a segunda vinda, são descritos pela mesma palavra. Preservação da ira
significa proteção sobrenatural para os crentes durante a tribulação, não libertação por
ausência (assim como Israel permaneceu no Egito durante as pragas, mas foi protegido de
seus efeitos). Há santos na terra durante a tribulação (Mt 24.22).
73
Arrebatamento parcial.
Significado. Somente crentes considerados dignos serão arrebatados antes de a ira de
Deus ser derramada sobre a terra; os que não tiveram sido fiéis permanecerão na terra
durante a tribulação. Provas citadas: Versículos como Hb 9.28, que exigem vigilância e
preparo.
B. A Descrição do Arrebatamento.
1 Ts 4.13-18; 1 Co 15.51-57; Jo 14.1-3.
Tribulação
Sua Duração. É a 70ª semana de Daniel e, portanto, durará sete anos (Dn 9.27). A metade
desse período é apresentada pela expressões ‘42 meses’ e ‘1.260 dias’ (Ap 11.2-3).
Sua Distinção. (Mt 24.21; Ap 6.15-17).
Sua Descrição. Julgamento sobre o mundo. As três séries de juízos descrevem esse
julgamento (selos, Ap 6; Trombetas, Ap 8-9; taças, Ap 16). Perseguição contra Israel (Mt
24.9, 22; Ap 12.17). Salvação de multidões (Ap 7). Ascensão e domínio do anticristo (2 Ts 2;
Ap 13).
C. Seu Desfecho. A tribulação terminará com a reunião das nações para a batalha de
Armagedom e com o retorno de Cristo à Terra (Ap 19).
O Milênio
Definição. O Milênio é o período de 1.000 anos em que Cristo reinará sobre a Terra, dando
cumprimento às alianças abraâmica e davídica, bem à nova aliança.
Suas Designações. O Milênio é chamado de ‘reino dos céus’ (Mt 6.10), ‘reino de Deus’ (Lc
19.11), ‘reino de Cristo’ (Ap 11.15), a ‘regeneração’ (Mt 19.28), ‘Tempos de refrigério’ (At
3.19) e ‘o mundo porvir’ (Hb 2.5).
Seu Governo. Seu cabeça será Cristo (Ap 19.16). Seu caráter. Um reino espiritual que
produzirá paz, equidade, justiça, prosperidade e glória (Is 11.2-5). Sua capital será
Jerusalém (2.3).
Sua Relação com Satanás. Durante este período, Satanás estará acorrentado sendo
liberto ao seu final, para liderar uma revolta final contra Cristo (Ap 20). Satanás será
derrotado e lançado definitivamente no lago de fogo.
74
Os Juízos Futuros
C. Julgamento de Israel
Tempo: Na segunda vinda de Cristo
Lugar: Na Terra, no “deserto dos povos” (Ez 20.35)
Juiz: Cristo
Participantes: Judeus vivos ao tempo da Segunda vinda de Cristo
Base: Aceitação do Messias
Resultado: Os salvos entraram no reino; os perdidos serão lançados no lago de fogo
Textos: Ez 20.33-38
75
Texto: Jd 6; 1 Co 6.3
As Ressurreições
A - A ressurreição dos justos (Lc 14.14; Jo 5.28-29)
Inclui: Os mortos em Cristo, que são ressuscitados no arrebatamento da igreja (1 Ts 4.16)
Inclui: Os salvos durante o período da Tribulação (Ap 20.4)
Inclui: Os santos do Antigo Testamento (Dn 12.2 – alguns creem que serão ressuscitados
no arrebatamento; outros pensam que isso se dará na segunda vinda). Todos estes são
incluídos na primeira ressurreição.
76
PARACLETOLOGIA
DOUTRINA DO ESPÍRITO SANTO
77
Quais os atributos divinos que lhe são atributos?
A - Eternidade - Hb 9.14
B - Onipotência – Lc 1.35
C - Onipresença - Sl 139.7-10
D - Onisciência - 1 Co 2.11
4 - Símbolos do Espírito
A Bíblia menciona vários elementos, quase todos existem na natureza, obra das mãos
de Deus, para descrever as operações do Espírito Santo, como veremos a seguir:
A - Fogo - o fogo ilustra a limpeza, a pureza etc. (Mt 3.11; Ex 3.2; At 2).
B - Vento - At 2.2; Jo 3.8; Ez 37.7-10.
C - Chuva - (falta de chuva é uma grande provação. A bênção do pentecostes está
simbolizada como a chuva, Jo 2.23-28. Existe uma "lei da chuva" Jó 28.25, 26 - QUAL? É a
obediência diante de Deus e de sua palavra Dt 28.1-12. Todavia, quando há desobediência
78
de nossa parte, então o céu se torna como bronze, e em lugar de chuva aparece a poeira.
Cuidado com irrigações espirituais! A chuva é de cima, irrigação é de baixo.
D - Orvalho - (o orvalho, também de origem divina, é um símbolo do Espírito Santo) Gn
27.28; Dt 32.2 - Nós como lavoura, somos lavoura de Deus, e precisamos deste orvalho
toda manhã.
E - Rio da vida - Jo 7.38-39; Ez 47 etc. (Renovação contínua).
F - Pomba - Mt 3.16 (a pomba representa pureza, era uma das aves que servia para
sacrifícios por ser limpa, Lv 12.8 e veja Lc 2.24). A igreja como noiva deve ter olhos como de
pombas, Ct 1.15, 5.2, ver como vê o Espírito Santo.
G - Azeite - (o azeite é, talvez, o mais comum e conhecido símbolo do Espírito Santo. Tem
vasta utilidade, beleza, alimento, iluminação, lubrificação, cura e alívio da pele. Da mesma
sorte, o Espírito fortalece, ilumina, liberta, cura e alivia a alma). Ex 30,23-26; Lc 4,18; 1 Jo
2,20.
H - Selo - (Temos neste símbolo os seguintes pensamentos: possessão, Deus sela os seus,
2 Tm 2,19 - Segurança, a ideia de segurança também está incluída. Ef 1.18, os crentes são
propriedade de Deus, e sabe-se que o são pelo Espírito que neles habita. Nós temos sido
selados, mas devemos ter cuidado para não destruir a impressão do selo (Ef 4.30).
I - Água - A água é o elemento indispensável à vida física, ela purifica, refresca, sacia a
sede e torna frutífero o estéril. O Espírito Santo é indispensável na vida espiritual (Tt 3.5; Jo
3.5).
Era a maneira tríplice: 1) Como Espírito Criador, ou cósmico, por cujo poder o universo e
todos os seres foram criados. 2) Como Espírito dinâmico ou doador de poder; e 3) Como
Espírito regenerador, pelo qual a natureza humana é transformada. Como Espírito dinâmico
ou doador de poder, o Espírito atuava criando duas espécies de ministros: 1) Obreiros para
Deus; e 2) Locutores para Deus.
5.1.1. Obreiros de Deus
Josué (Nm 27.8-21), Otoniel (Jz 3.9, 10) e José (Gn 41.38-40); Era de maneira singular
e para uma determinada finalidade, Deus capacitava uma pessoa para fazer uma obra.
Exemplo:
Bezaleel - Foi cheio do Espírito de Deus para INVENTAR invenções (Ex 31.1-3);
79
Sansão - O Espírito do Senhor começou a impelir de QUANDO EM QUANDO para o
campo de Dã - Jz 13.25.
80
Ao anunciar a vinda do Espírito Santo, Jesus usou o termo Consolador. Foi sem dúvida
sob a influência consoladora do Espírito, que Paulo e Silas feridos pelos açoites, presos e
algemados à meia-noite, oravam e cantavam louvores a Deus.
O Espírito Santo conforta os crentes das seguintes maneiras:
- Encoraja a esperar o sucesso
- Avisa e aconselha
- Toma providências oportunas
- Conforta como amigo presente
- Conforta, tornando real a nossa aflição.
Em Rm 8.15, 16, o Espírito Santo é chamado de Espírito de Adoração etc.
Exemplos:
- Estevão cheio do Espírito Santo (At 6.8, 4.55-57)
- Pedro cheio do Espírito Santo (At 4.8)
- Operação do Espírito na vida de Felipe (At 8.29)
- Barnabé cheio do Espírito (At 11.22-24)
- Ágabo recebeu a revelação pelo Espírito Santo (At 11.28)
- Paulo cheio do Espírito Santo amaldiçoou Elias, o Encantador (At 13.9-12) etc.
81
6.3.2 Não existe taxativamente uma fórmula para Deus operar, Ele opera como deseja.
A bíblia diz:
a) Os discípulos estavam assentados quando o Espírito Santo veio sobre eles (At 2.2-3).
b) “E impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo... Pedro e João ... lhes
impuseram as mãos, e receberam o espírito Santo.” (At 8.17).
c) Durante a pregação, Pedro na casa de Cornélio... “caiu o Espírito Santo sobre todos os
que ouviam a palavra”. (At 10.44, 46-47).
d) Sabemos de casos diversos, quanto ao derramamento do Espírito Santo: Em casa,
lavando roupas, no momento do batismo nas águas, num culto de oração etc. Temos que ter
cuidado para não mecanizar as coisas do Espírito. NOTA: Vivemos no mundo do
artificialismo, é bem provável que nesta área haja quem queira fazer como Simão, o mágico,
que ofereceu a Pedro dinheiro para adquirir a condição de impor as mãos para alguém
receber o Espírito Santo.
82
Dons espirituais:
Dentre as insondáveis riquezas espirituais do Senhor Jesus Cristo à disposição da
igreja para o cumprimento do seu plano e propósito por meio dela aqui na terra está os dons
espirituais.
Dons espirituais ou Dons do Espírito Santo são dotações ou concessões especiais
e sobrenaturais de capacidade divina para serviços especiais na execução do propósito
divino através da igreja.
Estudando a natureza e as funções dos Dons Espirituais, estaremos apenas seguindo
a exortação de Paulo em 1 Co 12.1 - "concernente aos dons espirituais, não quero, irmãos,
que sejais ignorantes".
Neste dia que precedem à volta do Senhor Jesus, quando o Espírito Santo aumenta as
suas atividades na terra, é para os cristãos um imperativo estarem suficientemente
instruídos acerca das operações do Espírito nos crentes e através destes.
Que entendemos por dons?
Primeiro de tudo é necessário definirmos o termo "dons". Usualmente, quando
pensamos em dons, nos vem a mente coisas tangíveis, que nos são dados por possessão,
para serem usados quando e como queremos. Todavia, a palavra grega traduzida "dons",
nos capítulos 12 e 14 de 1 Co, não tem esse sentido. Esses dons não são objetos que
possam ser guardados e usados por qualquer pessoa. A palavra "dons", que no grego quer
dizer "carisma", significa literalmente "HABITAÇÃO DO FAVOR E DA GRAÇA DE DEUS", e
não é encontrado em nenhum dos Evangelhos, mas somente nas Epístolas.
Os dons do Espírito relacionados no capítulo 12 de 1 Co, dividem-se em três grupos
distintos. Passamos a estudá-los separadamente:
83
C) Operação de Maravilhas ou Milagres
84
quem está operando na ambiente, se é o Espírito Santo, o espírito humano ou espírito mau.
O vocábulo discernir aqui significa "ver o oculto". O Dom da Ciência tem a ver com pessoas
e coisas, mas este tem a ver somente com espíritos. Paulo discerniu pelo espírito de Deus
através do dom de discernir espírito, que o espírito que estava na moça que vinha atrás
deles dando anúncio que Paulo e Silas eram servos do Deus Altíssimo, Paulo entendeu que
aquilo era um espírito de adivinhação e Ele expulsou no nome de Jesus (At 16.16-18).
7.2.1 - Fé
A fé é mencionada em primeiro lugar, provavelmente, por ser necessária para a
operação dos dons de curar e operação de milagres. A fé é a capacidade de confiar em
Deus de modo sobrenatural. Mas é um dom especial de Deus, distribuído pelo Espírito, a
algumas pessoas e para ocasiões especiais. Dá a essa pessoa certeza divina no triunfo
sobre as circunstâncias.
Há abundantes exemplos desta espécie de fé na palavra de Deus. Daniel exerceu
essa fé quando foi lançado na cova dos leões (Hb 11.33). Abraão demonstrou-a quando creu
no nascimento de Isaque. Elizeu também demonstrou esse tipo de fé quando fez multiplicar
o azeite da viúva (2 Rs 4).
Uma porção desta fé divina que de fato é um atributo de Deus derramado sobre o
homem, pode fazer até mesmo o que é aparentemente impossível, é isto o Dom de fé, não o
confundamos, pois, com fé comum que se manifesta para a salvação logo que ouvimos a
palavra de Deus (Rm 10.17).
7.2.2 - Curas
O poder para curar é muito desejado em virtude de ser um sinal eloquente na
confirmação da mensagem do evangelho. Entretanto, à semelhança de todos os outros,
estes dons estão na dependência da soberania de Deus. O propósito dos dons de curar é,
naturalmente, libertar das enfermidades sofredoras. Contudo, eles têm ainda um propósito
mais alto a Glória de Deus. Eles (os dons de curar) chamam a atenção para a majestade do
poder de Deus pela confirmação de sua palavra. Estes dons contribuem para abrir os
corações de tal maneira que muitos aceitam o evangelho da salvação.
85
Este é o último dos dons que manifestam poder. Este dom é tão estupendo que se
torna quase inconcebível à mente finita do homem. A Bíblia é o livro dos milagres, de fatos,
ele é talvez o maior milagre. As pragas do Egito foram milagres. A separação das águas do
Mar Vermelho, o maná que enviou ao povo no deserto, a água provida da rocha em Refidim,
foram milagres realizados por Deus por intermédio daqueles a quem Ele enche do seu
Espírito. Ainda a paralisação do sol por intermédio de José, o machado que emergiu do
fundo das águas por meio de Elizeu, a sombra do sol que voltou atrás atendendo à oração
de Ezequiel, todos estes foram milagres testemunhas por muitos e estão registrados na
Bíblia.
Milagres são manifestações especiais, extraordinários do Poder de Deus.
7.3.1 - Profecia
A profecia tem sido definida como "falar na própria língua sob interação unção do
Espírito Santo", é a voz do Espírito Santo.
Muitos ministros pentecostes podem profetizar de vez em quanto no meio de um
sermão. Subitamente, o Espírito vem sobre eles; de maneira fora do comum e, por um
período de tempo, são tomados por este poder proferindo verdades em que não pensaram
nem estudaram antes.
Estive em um determinado congresso quando um Pastor veio de longe para dar uma
mensagem. E na igreja que esse servo de Deus pregar havia um irmão cuja esposa era
muito incrédula e não queria saber de Jesus; e na hora da mensagem eu vi e ouvi quando o
Pastor dirigiu-se para aquele irmão e disse: "sua esposa vai ser salva". Deus naquela hora
estava usando o homem com o Dom de Profecia.
Segundo as Sagradas Escrituras, os deveres e as responsabilidades de quem recebe
o Dom da Profecia se limitam à edificação, à exortação e à consolação. "Mas o que
profetiza, fala aos homens, edificando, exortando e consolando" (1 Co 14.3). O Dom da
Profecia, portanto, serve para que falemos sobrenaturalmente a Deus.
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à Palavra da sua graça que tem poder para vos edificar e dar herança entre todos os que
são santificados" (At 30.32).
B) Exortação
É "chamar alguém para o lado" que é tradução literal da palavra grega "PARAKALAO",
com a finalidade de confortar, inspirar, defender e guiar. Não deve ser o tipo de exortação
que admoesta com ameaças. Esta obra tem que ser feita com dedicação pelos crentes que
tem este dom.
C) Consolação
É o dar alegria e paz, é igual ao aspecto mais doce e agradável da exortação. Quando
a Bíblia nos ensina que a consolação é para o corpo de Cristo na sua totalidade, e não
apenas para trazer alegria individual e particular, então aprendemos ao amor de Deus em
nossas vidas, também estamos recebendo ordens e capacidade no sentido de amarmos ao
nosso próximo com este mesmo amor: "porque todos poderão profetizar um após outro,
para que todos APRENDEREM e serem CONSOLADOS" (1 Co 14.31).
As profecias podem ser julgadas nas seguintes formas:
- Confere com o que afirma a Bíblia? Se não, deve ser rejeitada.
- Cumpriu-se efetivamente? Nota-se que nem todas as profecias são de caráter preditivo.
Ex: At 11.28 – Preditivo, At 21.11 – Preditivo.
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7.3.3 – Interpretação das línguas
O dom de interpretação de línguas é semelhantes a interpretação de uma língua
estrangeira, quem o interpreta explica em nossa língua materna. A diferença é que a
interpretação das línguas é feita sobrenaturalmente pelo Espírito Santo.
Quando o dom de interpretação opera em consonância com o Dom de língua, os dois
juntos são equivalentes ao Dom de profecia. O Dom de interpretação revela o poder, a
riqueza e a sabedoria de Deus.
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Claramente, é pelo desígnio de Deus que o amor é o primeiro enumerado na
contagem do Fruto do Espírito.
8.2 - Gozo
A dádiva espiritual do gozo é um regozijo interno ou senso de prazer. As escrituras dão
um grande lugar ao gozo.
A palavra grega para o gozo é: CHARA. O gozo do Espírito pode existir
simultaneamente com a tristeza em face de tragédias e adversidades. Ele pode crescer até
mesmo quando o crente sofre perseguições, aprisionamento e a hostilidade de homens
perversos.
Quando este fruto opera no crente, torna-se um princípio possível, relacionado à
esperança, confiança e otimismo. Isto não é um sentimento, mas uma atitude ou
perspectiva; é uma maneira de ver e entender. Esta dádiva espiritual do gozo é suficiente
para neutralizar as naturais reações humanas de desencorajamento, depressão, tristeza,
mórbida e autopiedade. O ponto de vista da alegria é uma nota tônica no Novo Testamento
(At 13.52, 15.3; Rm 15.13; 1 Jo 1.4). Assim como o ministério do Espírito na vida do crente,
no gozo espiritual, une-se com seu crescimento à semelhança de Cristo (Lv 10.21; Jo 15.11;
Sl 40.8). Quando o Espírito Santo habita na pessoa, Ele proporciona gozo (1 Ts 1.6; Rm
14.17; 1 Pe 16.8; Is 35.10).
8.3 - Paz
No grego significa EIRENE. A dádiva espiritual paz, denota um senso de calma e
harmonia. Esta paz começa como um aspecto de salvação, e a consciência de um
relacionamento certo com Deus (Rm 5.1; 5.15, 15.33; Fl 4.7).
A manifestação da paz com o Fruto do Espírito está enraizado nos atos do Espírito e
não o evento da vida de crente. A paz espiritual pode reinar no meio de dificuldades,
conflitos e de circunstâncias hostis. O caminho de Deus, primariamente, envolve uma
mudança na mente e no coração do crente (Is 26.3; Rm 14.7, 8.6). O fruto da paz interior
deve caracterizar a vida de cada cristão vitorioso.
8.4 - Longanimidade
A palavra grega para longanimidade é MAKROTHUMIA, que significa o oposto de um
temperamento rapidamente explosivo. O crente manifesta longanimidade quando ele
mantém uma autorrelação em face duma insistente provação.
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As Escrituras rapidamente exortam à paciência e à longanimidade (Ef 4.2; 1 Ts 5.15; 2
Tm 4.2). Deus, seriamente deseja a quantidade de paciência ou longanimidade que seu
povo usará, forte e certamente, para relatar a seus amigos cristãos.
A longanimidade é importante na minha vida e na sua porque ela:
- evita contendas
- sana injúrias
- promove perdão
- dá a resposta branda que lança fora a fúria.
A verdadeira longanimidade espiritual incorpora uma força e um senso de positiva
vitória. Quando o Fruto do Espírito é manifesto, o crente vai resistindo no equilíbrio e
serenidade a respeito da miséria e provação. Ele mantém uma despreocupada
perseverança em fazer o bem, ele aceita as ações dos outros com tolerância e abstém-se
totalmente de tomar vingança (Tg 5.11).
Este fruto capacita o crente a reagir de uma maneira cristã verdadeira antes um
tratamento injusto da parte de outros. Antes, quanto eu não tinha Jesus em minha vida,
gostava de tomar vingança contra meus adversários, porém agora que sou cristão desfruto
desta longanimidade outorgada pelo Espírito Santo. E você leitor tem esse fruto?
8.5 - Benignidade
A palavra benignidade no grego é: CHRESTORES. É particularmente equivalente à
amabilidade ou benevolência e, no caso, equivale à bondade, generosidade ou honestidade.
Também exprime a ideia de bondade moral e integridade que se expressa em ser gracioso e
disposto a servir (Rm 2.12; 1 Pe 2.3; Cl 3.12).
Como um caráter característico, benignidade denota um espírito de vontade que é
exercida para assumir a máxima consideração aos outros. O crente manifestando o fruto
espiritual da benignidade é verdadeiramente uma pessoa de sentimentos e ações nobres.
Ele é naturalmente bom, honesto, utilmente ajudador e terno de sentimentos. Ele sempre
procura ver aos outros na melhor das intenções.
Ao manifestar benignidade, o crente trata seus amigos da mesma maneira que Deus o
tem tratado (Ef 4.32). O verdadeiro cristão gentil, intencionalmente ou não, nunca ferirá aos
outros (Sl 18.35; 1 Ts 2.7; 2 Tm 2.24). O meio de o cristão ganhar benignidade é a
apropriação específica desta qualidade Divina através da submissão ao ministério do gentil
Espírito Santo.
8.6 - Bondade
A palavra grega para bondade é: AGATHOSUNE e como o fruto do Espírito inclui os
caráter de quem é virtuoso e de quem é bondoso. É uma maneira especial de viver para os
90
outros sem esperar recompensa, apenas a dilatação da sua alma. É constituído de um
benefício prático e de zelo pelo dom. É um esforço deliberado em colocar o mundo no certo.
A bondade é amor em ação.
Um sinônimo primário para a bondade é generoso por si mesmo em relação aos
outros, e generosamente submete sua vontade à Deus. Ele dedica-se em servir amigos e
em obedecer aos padrões morais de Deus.
Jesus ensinou que a bondade é de origem divina "NÃO HÁ BEM SENÃO UM SÓ, QUE
É DEUS..." (Mt 19.17). A dádiva da bondade de Deus torna possível o desejo de Paulo:
"PARA QUE POSSAIS ANDAR DIGNAMENTE DIANTE DO SENHOR, AGRADANDO-LHE
EM TUDO, FRUTIFICANDO EM TODA BOA OBRA (literalmente, frutificando em toda
bondade)", Cl. 1.10. A realidade deste fruto foi evidenciada no que Paulo tinha em mente
para os crentes da Galácia: "ENTÃO ENQUANTO TEMOS TEMPO, FAÇAMOS BEM A
TODOS, MAS PRINCIPALMENTE AOS DOMÉSTICOS NA FÉ" (Gl 6.10).
8.7- Fé
O original grego usa a mesma palavra para o fruto da fé e para o dom fé. É permitido
neste contexto considerar que, a fé é uma questão de fruto expresso no caráter.
Submetendo-se estas qualidades como: O cumprimento do dever, fidelidade, fidedignidade,
confiança, lealdade, constância, firmeza, diligência, pontualidade e velocidade. Ele, em
quem o fruto da fé é ativo, e naturalmente obediente e tem perfeita confiança em Deus.
Seu profundo envolvimento assegura que ele fielmente desempenha o de ver confiado.
Sua relação com Deus e sua chamada tornam-se inabaláveis. O termo fidelidade,
particularmente descreve a manifestação da fé no caráter. O fruto da fé guia o crente, além
de um mero emocionalismo sentimental, a uma decisão firme de repousar
imperturbavelmente em suas mãos.
8.8 - Mansidão
Mansidão é na graça interior que se estende em direção a Deus e aos seres humanos.
O termo original é: FRUTES, interpretado "mansidão". É equivalente, também a "brandura"
ou” bondade". A palavra de origem significa: acalmar, suavizar, amansar ou tranqüilizar.
No padrão da Bíblia, mansidão pertence aquele que serve; era chamado "a roupa de
um servo". O homem manso era voluntário a servir não porque possuísse poder, mas
porque estava pronto para torna-se um instrumento de Deus em grandes realizações.
Mansidão, simplesmente, significa uma entrega total à vontade de Deus. Faz parte do
caráter do servo de Deus.
8.9 - Temperança
91
A capacidade para um autogoverno pessoal em assegurar e total controle dos apetites
e instintos, é o resultado do Fruto Espiritual da Temperança. A palavra original grego é:
EGKRATEIA. Denota "aprisionando com uma mão firme"; e isto fala da liberdade de
extremos. Os crentes, em quem o Espírito alcança temperar, controlar e restringir todos
seus impulsos e motivações serão guardados em equilíbrio e nenhum destes impulsos
alcançam um domínio destrutivo. A expressão autocontrole é um sinônimo adequado para
temperança. O crente temperado pelo Espírito exercita o autocontrole de todos os apetites,
temperamento e paixão físicos, mentais e espirituais. Submeter-se ao Espírito Santo é o
primeiro passo em negar seu próprio espírito e tornar-se a base do autocontrole total. A
temperança é uma qualidade essencial para o serviço cristão e para cada crente maduro.
OBS.: Todos, absolutamente todos estão convidados à buscar do Espírito Santo essas
dádivas maravilhosas, que resultam em base e fundamento para uma vida espiritual bem
desenvolvida.
92
Tenhamos cuidado, pois em toda forma de espiritualismo para não macular o Espírito
Santo, pois estamos na última dispensação do Espírito Santo. Carecemos, pois de um
conhecimento básico sobre a sua pessoa, bem como de sua manifestação.
93
SOTEROLOGIA
Doutrina da Salvação
O Senhor Jesus Cristo, pela sua morte expiatória, comprou a salvação para os
homens.
Como Deus a aplica e como ela é recebida pelos homens para que se torne uma
realidade experimental? As verdades relacionadas com a aplicação da salvação agrupam-se
sob três títulos: justificação, regeneração e santificação. As verdades relacionadas com
aceitação da salvação por parte dos homens, agrupam-se sob os seguintes títulos:
arrependimento, fé e obediência.
I – A NATUREZA DA SALVAÇÃO
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3) Condições da salvação
Que significa a expressão condições da salvação? Significa o que Deus exige do
homem a quem Ele aceita por causa de Cristo, a quem dispensa as bênçãos do evangelho
da graça. As escrituras apresentam o arrependimento e a fé como condições de salvação. O
batismo é mencionado como símbolo externo da fé interior do convertido (Mc 16.16; At
22.16, 16.31, 2.38, 3.19). Abandonar o pecado e buscar a Deus são as condições e os
preparativos para a salvação. Estritamente falando, não há mérito nem no arrependimento
nem na salvação, pois tudo quanto é necessário para a salvação já foi providenciado a favor
do penitente.
A fé e o arrependimento são apenas medidas preparatórias à salvação?
Ambos acompanham o crente durante a vida cristã; o arrependimento torna-se zelo
pela purificação da alma; e a fé opera pelo amor e continua a receber as coisas de Deus.
B - Fé: fé, no sentido bíblico, significa crer e confiar. É o assentimento do intelecto como
consentimento da vontade. Quanto ao intelecto, consiste na crença de certas verdades
reveladas concernentes a Deus e a Cristo; quanto à vontade, consiste na aceitação dessas
verdades como princípios e diretrizes da vida. A fé intelectual não é o suficiente (Tg 2.19; At
8.13,21) para adquirir a salvação.
Conversão
Conversão, segundo a definição mais simples, é abandonar o pecado e aproximar-se
de Deus (At 3.19).
II – A JUSTIFICAÇÃO
1 - Natureza da justificação: Absolvição divina
A palavra justificar significa absolver, declarar justo ou pronunciar sentença de
aceitação.
A ilustração procede das relações legais. O réu está perante Deus, o justo juiz, mas
em vez de receber a sentença condenatória, ele recebe a sentença de absolvição. Assim,
vemos que justificação é primeiramente subtração – o cancelamento dos pecados; segundo
adição – imputação da justiça.
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2- Necessidade de justificação: A condenação do homem.
“Como se justificará o homem para com Deus”? perguntou Jó 9.1. “Que é necessário
que eu faça para me salvar?” interrogou o carcereiro de Felipos.
Ambos expressaram a maior de todas as perguntas: como pode o homem acertar sua
vida perante Deus e ter certeza da aprovação divina?
A resposta a essa interrogação encontra-se no novo testamento, especialmente, nas
epístolas aos Romanos, na qual se apresenta, em forma sistemática e detalhada, o plano de
redenção. O tema do livro encontra-se no capítulo 1.16-17; o qual se pode parafrasear da
seguinte maneira: O evangelho é o poder de Deus para a salvação dos homens, pois o
evangelho revela aos homens como se pode mudar de posição e de condição, de maneira
que eles sejam justos perante Deus. Uma das frases proeminentes da mesma Epístola é: “A
justiça de Deus”.
Paulo declarou que pelas obras da lei ninguém será justificado. Essa declaração não é
uma crítica contra a lei, a qual é santa e perfeita, significa simplesmente que a lei não foi
dada com esse propósito de fazer justo o povo, e, sim, de suprir a necessidade duma norma
de justiça.
96
5- O meio da justificação: A fé
Visto que a lei não pode justificá-lo, a única esperança do homem é receber “justiça
sem lei” (Isto, entretanto, não significa justiça ilegal, nem tão pouco religião que permita o
pecado; significa sem uma mudança de posição e condição). Essa é a “justiça de Deus”, isto
é a justiça que Deus concede, sendo também um dom, pois, o homem é incapaz de operar
a justiça (Ef 2.8-10).
Mas um dom tem que ser aceito, como então será aceito o dom da justiça? Ou usando
a linguagem teológica: qual o instrumento que se aproxima da justiça de Cristo? A resposta
é: pela fé em Jesus Cristo.
A fé é a mão, por assim dizer, que recebe o que Deus oferece. Que essa fé é a causa
instrumental da justificação é provada pelas seguintes referências: Rm 3.22; 4.11; Hb 11.7;
Fp 3.9.
III – A regeneração
1- A natureza da regeneração
A regeneração é o ato divino que concede ao penitente que crê uma vida nova e mais
elevada, mediante união pessoal com Cristo. O novo testamento, assim descreve a
regeneração.
B - Purificação - Deus nos salvou pela “lavagem da regeneração” (Tt 3.5), a alma fora
lavada completamente das imundícias da vida de outrora, recebendo novidade de vida,
experiência, simbolicamente, expressa no ato de batismo (At 22.16).
C - Vivificação - somos salvos não somente pela “lavagem da regeneração”, mas também
pela renovação do Espírito Santo (Tt 3.5; vide também Cl 3.10; Rm 12.2; Ef 4.23; Sl 51.10).
A essência da regeneração é uma nova vida concedida por Deus pai, mediante Jesus Cristo
e pela operação do Espírito Santo.
D - Criação – aquele que criou o homem no princípio, e soprou em suas narinas o fôlego de
vida, o recria pela operação do seu Espírito Santo (2 Co 5.17; Gl 6.15; Ef 4.24; Gn 2.7). O
resultado prático é uma transformação radical da pessoa em sua natureza, seu caráter,
desejos e propósitos.
97
E - Ressurreição – (Rm 6.4-5; Cl 2.13, 3.1; Ef 2.5-6) como Deus vivificou a alma em seus
pecados e a faz viva para as realidades do mundo espiritual. Esse ato de ressurreição
espiritual é simbolizado pelo batismo nas águas. A regeneração é a grande mudança que
Deus opera na alma quando a vivifica; quando Ele a levanta da morte do pecado para a vida
de justiça.
1- Necessidade da regeneração
A entrevista de nosso Senhor com Nicodemos (Jo 3) proporcionou um excelente fundo
histórico para o estudo deste tópico. As primeiras palavras de Nicodemos revelam uma série
de emoções provenientes do seu coração. A declaração abrupta de Jesus no versículo 3,
que parece ser uma repentina mudança de assunto, explica-se pelo fato de Jesus estar
respondendo ao coração de Nicodemos e não as palavras de sua interrogação. As primeiras
palavras de Nicodemos revelam:
1 - Fome espiritual – Se esse chefe judaico tivesse expressando o desejo de sua alma,
talvez teria dito: Estou cansado do ritualismo morto da sinagoga, vou lá, mas volto para casa
com a mesma fome que saí. Infelizmente, a glória divina afastou-se de Israel; não há visão,
o povo perece. Mestre a minha alma suspira pela realidade! Pouco conheço da tua pessoa,
mas tuas palavras tocaram-me o coração, teus milagres convenceram-me de que és mestre
vindo de Deus e gostaria de te acompanhar.
2 - Os meios de regeneração
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Agência divina – O Espírito Santo é o agente especial na obra da regeneração. Ele opera a
transformação na pessoa (Jo 3.6; Tt 3.5), contudo, todas as pessoas da trindade operam
nessa obra. Realmente, as três pessoas operam em todas as divinas operações, embora
cada Pessoa exerça certos ofícios que lhe são peculiares.
B - Espirituais – Devido a sua natureza, a regeneração envolve união espiritual com Deus e
com Cristo mediante o Espírito Santo; e essa união espiritual envolve habitação divina (2 Co
6.16, 18; Gl 2.20, 4.5-6; 1 Jo 3.24, 4.13). Essa união espiritual resulta em um novo tipo de
vida e de caráter, descrito de várias maneiras (Ez 11.19) um novo homem (Ef 4.24);
participantes da natureza divina (2 Pe 1.4). O dever do crente é manter seu contato com
Deus mediante os vários meios da graça, e dessa forma preservar e nutrir sua vida
espiritual.
C - Práticos – a pessoa nascida de Deus demonstrará esse fato pelo ódio ao pecado (1 Jo
3.9; 5.18), por obras de justiça (1 Jo 2.29), pelo amor natural (1 Jo 4.7) e pela vitória que
alcança sobre o mundo (1 Jo 5.4).
IV – A santificação
1- Natureza da santificação
Primeiramente, observa-se que “santificação”, “santidade”, e “consagração” são
sinônimas como são “santificados” e “santos”. Santificar é a mesma coisa que fazer santo ou
consagrar. A palavra “santo” tem os seguintes sentidos:
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torna separado de tudo quanto seja terreno e humano – isto é, sua perfeição moral absoluta
e sua divina majestade.
B - Dedicação – santificação inclui tanto a separação de, como dedicação a alguma coisa;
essa é “a condição dos crentes ao serem separados do pecado e do mundo e feitos
participantes da natureza divina, e consagrados à comunhão e ao serviço de Deus por meio
do Mediador”.
D - Consagração – No sentido de viver uma vida santa e justa. Qual é a diferença entre
justiça e santidade? A justiça representa a vida regenerada em conformidade com a lei
divina; os filhos de Deus andam retamente (1 Jo 31.6-10). Santidade é a vida regenerada
em conformidade com a natureza divina e dedicada ao serviço divino; isto pede a remoção
de qualquer impureza que estorve esse serviço. “Mas como é santo aquele que vos
chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver” (1 Pe 1.15). Assim, a
santificação inclui a remoção de qualquer mancha ou sujeira que seja contrária à santidade
da natureza divina.
1- O tempo da santificação
A - posicional e espontânea
B - prática e progressiva
100
Em resultado da obra consumada por Cristo, o pecador penitente é transformado de
pecador impuro em adorador santo. A santificação é o resultado desta maravilhosa obra
redentora do filho de Deus, ao oferecer-se no calvário para aniquilar o pecado pelo seu
sacrifício.
C - A palavra de Deus - santificação externa e prática (Jo 17.17; Ef 5.26; Jo 15.3; Sl 119.9;
Tg 1.23-25). Os cristãos são descritos como sendo “gerados pela palavra de Deus” (1 Pe
1.23).
1 - Santificação completa
A - Significado de perfeição – há dois tipos de perfeição: absoluta e relativa.
É absolutamente perfeito aquilo que não pode ser melhorado; isto pertence
unicamente a Deus. É relativamente perfeito aquilo que cumpre o fim para o qual foi
designado; essa perfeição é possível ao homem. No novo testamento a palavra “perfeito” e
seus derivados têm uma verdade, aplicações, e, portanto, deve ser interpretadas segundo o
101
sentido em que os termos forem usados. Várias palavras no grego são usadas para
expressar a ideia de perfeição.
1 - Uma dessas palavras significa ser completo no sentido de ser apto ou capaz para
certa tarefa ou fim (2 Tm 3.17).
2 - Outra denota certo fim, alcançado por meio de crescimento mental e moral (Mt 5.48,
19.21; Cl 1.28, 4.12; Hb 11.40).
3 - A palavra usada em 2 Co 7.1 significa terminar ou trazer a uma terminação. A palavra
usada em Ap 3.2 significa fazer repleto, cumprir, encher (como uma rede), nivelar (um
buraco).
4 - A palavra usada em 2 Co 13.9; Ef 4.12 e Hb 13.2 significa um equipamento cabal.
V – Segurança da Salvação
l) Calvinismo
A doutrina de João Calvino não foi criada por ele; foi ensinada por Agostinho, grande
teólogo do quarto século. Nem tão pouco foi criada por Agostinho que afirmava estar
Interpretando a doutrina de Paulo sobre a livre graça.
A doutrina de Calvino é como segue: a salvação é inteiramente de Deus, o homem
nada tem a ver com sua salvação. Se ele, o homem, se arrepender, crer e for à Cristo, é
inteiramente por causa do poder atrativo do Espírito de Deus. Isso deve ao fato de que a
vontade do homem se corrompeu tanto desde a queda, que, sem a ajuda de Deus, não
pode nem se arrepender, nem crer, nem escolher corretamente. Esse é o ponto de partida
de Calvino – a completa servidão da vontade do homem ao mal. A salvação, por
conseguinte, não pode ser outra coisa senão a execução dum decreto divino que fixa, ‘sua
extensão e suas condições’.
2) O Arminianismo
O ensino arminiano é como se segue: a vontade de Deus é que todos os homens
sejam salvos que Cristo morreu por todos. (1 Tm 2.4-6; Hb 2.9; 2 Co 5.14; Tt 2.11-12) com
102
essa finalidade Ele oferece sua graça à todos, embora a salvação seja obra de Deus,
absolutamente livre e independente de nossas boas obras ou méritos. O homem tem certas
condições a cumprir. Ele pode escolher a graça de Deus ou pode resistir-lhe ou rejeitá-la,
seu direito de livre-arbítrio sempre permanece.
3) Uma comparação
A salvação é condicional ou incondicional, uma vez a pessoa salva é salva
eternamente?
A reposta dependerá da maneira em que procuramos responder as seguintes
perguntas-chave: De quem depende a salvação? É irresistível a graça?
103
CRISTOLOGIA
I - A natureza de Cristo.
b) As reivindicações de Jesus. Ele se colocou lado a lado com a atividade divina. “O meu
Pai trabalha até agora, e eu trabalho também. Saí do Pai” (Jo 16.28). “O Pai me enviou” (Jo
20.21). Ele reivindicava uma comunhão e um conhecimento divino (Mt 11.27; Jo 17.25).
Alegava revelar a essência do Pai em si mesmo (Jo 14.9-11). Ele assumiu prerrogativas
divinas: Onipresença (Mt 18.20); poder de perdoar pecados (Mc 2.5-10); poder para
ressuscitar os mortos (Jo 6.39, 40, 54; 11.25; 10.17-18). Proclamou-se Juiz e Árbitro do
destino do homem (Jo 5.22; Mt 25.31-46).
104
confissão de pecado. Embora possuísse profundo conhecimento do mal e do pecado, em
sua alma não havia a mais leve sombra ou mácula de pecado. Ao contrário, ele, o mais
humilde dos homens, desafiou a todos: “Quem dentre vós me convence de pecado?” (Jo
8.46).
e) O testemunho dos discípulos. Jamais algum judeu pensou que Moisés fosse divino;
nem o seu discípulo mais entusiasta nunca lhe teria atribuído uma declaração como esta:
Batizando em nome do Pai, de Moisés e do Espírito Santo (Vide Mt 28.19). E a razão disso
é que Moisés, nunca falou nem agiu como quem procedesse de Deus e fosse participante
de sua natureza. Por outro lado, o Novo Testamento expõe este milagre: Aqui está um grupo
de homens que andava com Jesus e que o viu em todos os aspectos característicos de sua
humanidade que, no entanto, mais tarde o adorou como divino, proclamou o Seu poder para
a salvação e invocou o seu nome em oração. João, que se reclinava no peito de Jesus, não
hesitou em dele falar como sendo Jesus, o eterno Filho de Deus que criou o universo (Jo
1.1, 3), e relatou, sem nenhuma hesitação ou desculpa, o ato da adoração de Tomé e a sua
exclamação: “Senhor meu e Deus meu!” (Jo 20.28). Pedro, que tinha visto o seu Mestre
comer, beber e dormir, que o havia visto chorar enfim, que tinha testemunhado todos os
aspectos da sua humanidade, mais tarde disse aos judeus que Jesus está à destra de Deus;
que Ele possui a prerrogativa de conceder o Espírito Santo (At 2.33, 36), que Ele é o único
caminho da salvação (At 4.12); Quem perdoa os pecados (At 5.31); e é o Juiz dos mortos
(At 10.42). Em sua Segunda epístola (3.18) ele o adora, atribuindo-lhe glória assim agora
como no dia da eternidade.
105
a) Deidade. O título Senhor, ao ser usado como prefixo antes de um nome, transmitia tanto
a judeus como a gentios o pensamento de deidade. A palavra Senhor no grego (Kurios) era
equivalente a Jeová na tradução grega do Antigo Testamento; portanto, para os judeus ‘O
Senhor Jesus’ era claramente uma imputação de deidade. Quando o imperador dos
romanos se referia a si mesmo como Senhor César requerendo que seus súditos dissessem
César é o Senhor, os gentios entendiam que o imperador estava reivindicando divindade. Os
cristãos entendiam o termo da mesma maneira, e preferiam sofrer perseguição a atribuir a
um homem um título que somente pertencia a Um que é verdadeiramente divino. Somente
àquele a quem Deus exaltara, eles renderiam adoração e lhe atribuiriam senhorio.
b) Exaltação. Na eternidade, Cristo possui o título Filho de Deus em virtude da sua relação
com Deus (Fl 2.9); na história, Ele ganhou o título Senhor, por haver morrido e ressuscitado
para a salvação dos homens (At 2.36, 10.36; Rm 14.9). Ele sempre foi divino por natureza;
chegou a ser Senhor por merecimento. Por exemplo: se um jovem nascido na família de um
multimilionário não está contente em herdar aquilo pelo qual outros tenham trabalhado, mas
deseja possuir unicamente o que ganhou por seus próprios esforços, ele, então,
voluntariamente renuncia aos seus privilégios, toma o lugar de um trabalhador comum, e por
meio do seu labor conquista para si um lugar de honra e riqueza. Igualmente, o Filho de
Deus, apesar de ser por natureza igual a Deus, voluntariamente sujeitou-se a si mesmo às
limitações humanas, porém, sem pecado, tomando sobre si a natureza do homem, fez-se
servo do homem, e finalmente morreu na cruz para redenção do mesmo homem.
106
homem em seus atributos característicos de debilidade e impotência (Nm 23.19; Jó 16.21,
25.6). Nesse sentido, o título é aplicado oitenta vezes a Ezequiel como uma recordação de
sua debilidade e mortalidade, e como um incentivo à humanidade no cumprimento da sua
vocação profética.
A humanidade do Filho de Deus era real e não fictícia. Ele nos é descrito como
realmente padecendo fome, sede, cansaço, dor e como estando sujeito em geral às
debilidades da natureza, porém sem pecado.
b) Como? Por qual ato ou meio, o filho de Deus veio a ser Filho do homem? Que milagre
pôde trazer ao mundo segundo homem que é o Senhor do céu? (1 Co 15.47). A resposta é
que o Filho de Deus veio ao mundo como Filho do homem sendo concebido no ventre de
Maria pelo Espírito Santo, e não por um pai humano.
E a qualidade de vida inteira de Jesus está em conformidade com a maneira do seu
nascimento. Ele que veio através de um nascimento virginal, viveu uma vida virginal (inteira
sem pecado) sendo essa última característica um milagre tão grande como o primeiro. Ele
que nasceu milagrosamente, viveu milagrosamente, ressuscitou dentre os mortos
milagrosamente e deixou o mundo milagrosamente.
c) Por que o Filho de Deus se fez Filho do homem, ou quais foram os propósitos da
encarnação?
1. Como já observamos, o Filho de Deus veio ao mundo para ser o Revelador de Deus. Ele
afirmou que as suas obras e suas palavras eram guiadas por Deus (Jo 5.19, 20, 10.38); sua
própria obra evangelizadora foi uma revelação do coração do Pai celestial, e aqueles que
criticaram sua obra ente os pecadores demonstraram, assim sua falta de harmonia com o
espírito do céu (Lc 15.1-7).
2. Ele tomou sobre si nossa natureza humana para glorificá-lo, e desta maneira adaptá-la a
um destino celestial. Por conseguinte, formou um modelo, por assim dizer, pelo qual a
natureza humana poderia ser feita à semelhança divina. Ele, o Filho de Deus, se fez Filho
do homem, para que os filhos dos homens pudessem ser feitos filhos de Deus (Jo 1.2), e um
dia serem semelhantes a Ele (1 Jo 3.2); até os corpos dos homens serão “conforme o seu
corpo glorioso” (Fl 3.21). O primeiro homem (Adão), formado da terra, é terreno; o segundo
homem é do céu (1 Co 15.47); e assim “como trouxemos a imagem do terreno” (vide Gn
5.3), “assim traremos também a imagem celestial” (verso 49), porque Ao “último Adão foi
feito em espírito vivificante” (verso 45).
3. Porém, o obstáculo a impedir a perfeição da humanidade era o pecado, o qual, ao
princípio, privou Adão da glória da justiça original. Para resgatar-nos da culpa do pecado e
de seu poder, o Filho de Deus morreu como sacrifício expiatório.
107
5. Cristo (título oficial e missão).
a) A profecia. Cristo é a forma grega da palavra hebraica Messias, que literalmente
significa ‘o ungido’. A palavra é sugerida pelo costume de ungir com óleo como símbolo da
consagração divina para servir. Apesar de os sacerdotes, e, às vezes, dos profetas, serem
ungidos com óleo quando consagrado aos seus ofícios, o título Ungido era particularmente
aplicado aos reis de Israel que reinavam como representantes de Jeová (2 Sm 1.14). Em
alguns casos, o símbolo da unção era seguido pela realidade espiritual, de maneira que a
pessoa vinha a ser em sentido vital, o ungido do Senhor (1 Sm 10.1, 6, 16.13).
Saul foi um fracassado, porém Davi, que o sucedeu, foi um homem segundo o coração
de Deus, um rei que considerava suprema em sua vida a vontade de Deus e que se
considerava como representante de Deus. Porém, a grande maioria dos reis se apartou do
ideal divino e conduziu o povo à idolatria; e até alguns dos reis mais piedosos não estavam
sem culpa nesse particular. Apesar de Filho de Davi, também seria ele o Filho de Jeová,
recebendo nomes divinos (Is 9.6, 7; Jr 23.6). Diferente ao de Davi, seu reino seria eterno, e
sob seu domínio estariam todas as nações. Esse era o Ungido, ou o Messias, ou o Cristo, e
sobre ele concentravam-se as esperanças de Israel.
108
logicamente ficarás em boas relações com o sacerdócio), faze-te o campeão do povo e
conduze-os à guerra (vide Mt 4.8 e Ap 13.2, 4).
O Mestre nunca se desviou dessa escolha, apesar de ser muitas vezes tentado a
abandonar o caminho da cruz (Vide, por exemplo, Mt 16.22).
Escrupulosamente, Jesus conservou-se fora de embaraços na situação política
contemporânea. Às vezes, proibia aos que Ele curava de espalharem sua fama, para que
seu ministério não fosse mal interpretado como sendo uma agitação popular contra Roma
(Mt 12.15, 16; vide Lc 23.5). Nessa ocasião, seu êxito tornou-se uma acusação contra Ele.
Recusou-se, deliberadamente, a encabeçar um movimento popular (Jo 6.15). Proibia
proclamação pública de seu caráter messiânico, como também o testemunho de sua
transfiguração para que não suscitassem esperanças falsas entre o povo (Mt 16.20, 17.9).
Com sabedoria infinita, escapou a uma hábil armadilha que o desacreditaria entre o povo
como traidor da nação, ou, por outro lado, que o envolveria em dificuldades com o governo
romano (Mt 22.15-21). Em tudo isso, o Senhor Jesus cumpriu a profecia de Isaías que o
Ungido de Deus seria proclamador da verdade divina, e não um violento agitador, nem um
que buscasse seu próprio bem, nem que instigasse a população (Mt 12.16-21), como faziam
alguns dos falsos messias que o precederam e outros que, posteriormente, surgiram (Jo
10.8; At 5.36, 21.38). Ele evitou fielmente os métodos carnais e seguiu os espirituais, de
maneira que Pilatos, representante de Roma, pôde testificar: “Não acho culpa alguma neste
homem” (Lc 23.4).
Observamos que Jesus começou seu ministério entre um povo que tinha a verdadeira
esperança de um Messias, tendo, porém um conceito errôneo de sua Pessoa e obra.
Sabendo disso, Jesus não se proclamou, no princípio, como Messias (Mt 16.20) porque
sabia que isso seria um sinal de rebelião contra Roma. Ele, de preferência, falava do Reino,
descrevendo seus ideais e sua natureza espiritual, esperando inspirar no povo uma fome
por esse reino espiritual, que, por sua vez, os conduziria a desejar um Messias espiritual. E
seus esforços neste sentido não foram inteiramente infrutíferos, pois João, o apóstolo, nos
diz (cap. 1) que desde o princípio houve um grupo espiritual que o reconhecia como Cristo.
Também, de tempos em tempos Ele se revelava a indivíduos que estavam preparados
espiritualmente (Jo 4.25, 26; 9.35-37).
Porém, a nação em geral não entendia a conexão entre o seu ministério espiritual e o
pensamento do Messias. Admitiam livremente que ele fosse um Mestre capaz, um grande
pregador, e ainda um profeta (Mt 16.13-14); mas certamente, não um que pudesse
encabeçar um programa econômico, militar e político como julgavam que coubesse ao
Messias fazer.
Mas por que culpar o povo de uma expectação tal? Em verdade, Deus havia prometido
restabelecer um reino terreal (Zc 14.9-21; Am 9.11-15; Jr 23.6-8). Certamente, mas antes
109
desse evento, deveria operar-se uma purificação moral e uma regeneração espiritual da
nação (Ez 36.25-27; vide Jo 3.1-3). E tanto João Batista como Jesus, esclareceram que a
nação, na condição em que se encontrava, não estava preparada para participar desse
reino. Daí a exortação: “Arrependei-vos: porque é chegado o reino dos céus”. Mas enquanto
as palavras ‘reino dos céus’ comoviam profundamente o povo, as palavras ‘arrependei-vos’
não lhe causaram boa impressão. Tanto os chefes (Mt 21.31, 32) como o povo (Lc 13.1-3;
19.41-44) se recusaram a obedecer às condições do reino e, consequentemente perderam
os privilégios do reino (Mt 21.43).
Mas Deus, onisciente, havia previsto o fracasso de Israel (Is 6.9, 10, 53.1; Jo 12.37-
40), e Deus, Todo-Poderoso, o tinha dirigido para o fomento de um plano até então, mantido
em segredo. O plano era o seguinte: a rejeição por parte de Israel daria a Deus a
oportunidade de tomar um povo escolhido de entre os gentios (Rm 11.11; At 15.13-14; Rm
9.25-26), que, juntamente com os crentes judeus, constituiriam um grupo conhecido como a
Igreja (Ef 3.4-6). Jesus mesmo deu a seus discípulos um vislumbre desse período (a época
da Igreja) que sucederia entre seus adventos primeiro e segundo, chamado essas
revelações mistérios porque não foram reveladas aos profetas do Antigo Testamento (Mt
13.11-17). Certa ocasião, a inabalável fé demonstrada por um centurião gentio contrastada
com a falta de fé em muitos israelitas, trouxe à sua inspirada visão o espetáculo de gentios
de todas as terras entrando no reino que Israel havia rejeitado (Mt 8.10-12).
A crise prevista no deserto havia chegado, e Jesus se preparou para dar tristes
notícias aos seus discípulos. Começou com muito tato a fortalecer-lhes a fé com testemunho
divinamente inspirado acerca do seu caráter messiânico, testemunho dado pelo apóstolo
Pedro. Então, fez uma surpreendente predição (Mt 16.18-19), que se pode parafrasear da
seguinte maneira: A congregação de Israel (ou igreja, At 7.38) rejeitou-me como seu
Messias, e seus chefes realmente vão excomungar-me a mim, que sou a verdadeira pedra
angular da nação (Mt 21.42). Mas por isso, não fracassará o plano de Deus porque eu
estabelecerei outra congregação (igreja), composta de homens como tu, Pedro (1 Pe 2.4-9),
que crerão na minha Deidade e caráter messiânico. Tu serás dirigente e ministro dessa
congregação, e teu será o privilégio de abri-lhe as portas com a chave da verdade do
Evangelho, e tu e teus irmãos administrareis os seus negócios.
Então, Cristo fez um anúncio que os discípulos não compreenderam inteiramente,
senão depois de sua ressurreição (Lc 24.25-48); isto é, que a cruz era parte do programa de
Deus para o Messias. Desde então, Jesus começou a mostrar aos seus discípulos que
convinha ir a Jerusalém, e padecer muito às mãos dos anciãos, e dos principais dos
sacerdotes, e dos escribas, e ser morto e ressuscitar ao terceiro dia (Mt 16.21).
No devido tempo, a horrenda profecia foi cumprida. Jesus poderia ter escapado à
morte, negando a sua Deidade; poderia ter sido absolvido negando que fosse rei; porém, ele
110
persistiu em seu testemunho e morreu numa cruz que levava a inscrição: ESTE É O REI
DOS JUDEUS.
Mas o Messias sofredor (Is 53.7-9) ressurgiu dentre os mortos (Is 53.10-11), e, como
Daniel havia previsto, ascendeu à destra de Deus (Dn 7.14; Mt 28.18), de onde virá para
julgar os vivos e os mortos.
Depois desse exame dos ensinos do Antigo e Novo Testamentos, temos elementos
para declarar a definição completa do título Messias; a saber, aquele a quem Deus autorizou
para salvar a Israel e as nações do pecado e da morte, e para governar sobre eles como
Senhor de suas vidas e Mestre. Que semelhante afirmação implica deidade é compreendido
por pensadores judeus, se bem que para eles isso constitui um escândalo. Claude
Montefiore, notável erudito judeu, disse: Se eu pudesse crer que Jesus era Deus (isto é,
Divino), então obviamente ele seria meu Mestre. Porque o meu Mestre, o Mestre do
judeu moderno, é, e só pode ser Deus.
a) A profecia. Como recompensa por sua fidelidade, a Davi foi prometida uma dinastia
perpétua (2 Sm 7.16), e à sua casa foi dada uma soberania eterna sobre Israel. Esta foi a
aliança davídica ou a do trono. Data desse tempo a esperança de que, o que acontecesse à
nação, no tempo assinalado por Deus apareceria um rei pertencente ao trono e à linhagem
de Davi. Em tempos de aflição, os profetas relembravam ao povo essa promessa, dizendo-
lhes que a redenção de Israel e das nações, estava ligada com a vinda de um grande Rei da
casa de Davi (Jr 30.9, 23.5; Ez 34.23; Is 55.3-4; Sl 89.34-37).
Notemos, particularmente, Is 11.1, que pode ser traduzido como segue: Porque brotará
rebento do trono de Jessé, e das suas raízes um renovo frutificará. Em Is 10.33-34, a
Assíria, a cruel opressora de Israel, é comparada a um cedro cujo tronco nunca brota
renovos, mas apodrece lentamente. Uma vez cortada, essa árvore não tem futuro. E, assim,
é descrita a sorte da Assíria, a qual há muito, desapareceu do palco da história. A casa de
Davi, por outro lado, é comparada a uma árvore que terá novo crescimento do tronco
deixado no solo. A profecia de Isaías é como segue: A nação judaica será quase destruída, e
a casa de Davi cessará como casa real e será cortada junto à raiz. Entretanto, desse tronco
sairá um renovo; das raízes desse tronco sairá um ramo, o Rei-Messias.
b) O Cumprimento. Judá foi levado ao cativeiro, e desse cativeiro voltou sem rei, sem
independência, para ficar subjugado, sucessivamente, pela Pérsia, Grécia, Egito, Síria, e,
111
depois de um breve período de independência, por Roma. Durante esses séculos de
sujeição aos gentios, houve tempo de desalento quando o povo voltava seu pensamento às
glórias passadas do reino de Davi e exclamava como o Salmista: “Senhor, onde estão as
tuas antigas benignidades que juraste a Davi pela tua verdade” (Sl 89.49). Os judeus nunca
perderam a esperança. Reunidos ao redor do fogo da profecia Messiânica, fortaleciam seus
corações e esperavam pacientemente pelo filho de Davi.
Não foram desapontados. Séculos depois de a casa de Davi haver cessado, um anjo
apareceu à uma jovem judia e disse: “E eis que em teu ventre conceberás e darás à luz um
filho, e por-lhe-ás o nome JESUS. Este será grande, e será chamado Filho do Altíssimo; e o
Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai; e reinará eternamente na casa de Jacó, e
seu reino não terá fim” (Lc 1.31-33, vide Is 9.6, 7).
Assim, um Libertador se levantou na casa de Davi. Em um tempo quando a casa de
Davi parecia estar reduzida a seu estado mais decadente e quando os herdeiros vivos eram
um humilde carpinteiro e uma simples donzela, então, por milagrosa ação de Deus, o Ramo
brotou do tronco e cresceu tornando-se uma poderosa árvore que tem provido proteção para
um sem-número de povos e nações.
O seguinte é a substância da aliança davídica, como é interpretada pelos inspirados
profetas: Jeová desceria para salvar o seu povo, no tempo em que haveria na terra um
descendente da família de Davi, pelo qual Jeová resgataria, e posteriormente governaria o
seu povo. Que Jesus era esse Filho de Davi manifesta-se pelo anúncio feito ao tempo de
seu nascimento, por suas genealogias (Mt 1 e Lc 3), pelo fato de ter ele aceitado esse título
quando lhe foi atribuído (Mt 9.27; 20.30, 31; 21.1-11), e pelo testemunho dos escritores do
Novo Testamento (At 13.23; Rm 1.3; 2 Tm 2.8; Ap 5.5, 22.16).
Todavia o título Filho de Davi, não era uma descrição completa do Messias, porque
acentuava principalmente a sua ascendência humana. Por isso, o povo, ignorando as
Escrituras que falavam da natureza divina de Cristo, esperava um Messias humano que
seria um segundo Davi. Em certa ocasião, Jesus procurou elevar os pensamentos dos
chefes sobre esse conceito incompleto (Mt 22.42-46). Que pensais vós de Cristo (isto é, do
Messias)? Ele perguntou: de quem é filho? Os fariseus naturalmente responderam: É filho
de Davi. Então Jesus, citando o Salmo 110.1, perguntou: Se Davi lhe chama Senhor, como é
ele seu filho? Como pode o Senhor de Davi ser filho de Davi? Essa foi a pergunta que
confundiu os fariseus. A resposta naturalmente é: O Messias é tanto Senhor como filho de
Davi. Pelo milagre do nascimento virginal, Jesus nasceu de Deus e também de Maria; ele
era desse modo, o Filho de Deus e Filho do homem. Como Filho de Deus ele é Senhor de
Davi; como filho de Maria ele é filho de Davi.
O Antigo Testamento registra duas grandes verdades messiânicas. Alguns trechos
declaram que o Senhor mesmo virá do céu para resgatar o seu povo (Is 40.10, 42.13; Sl
112
98.9); outros esclarecem que da família de Davi se levantaria um libertador. Essas duas
vidas completam-se na aparição da pequena criança em Belém, a cidade de Davi. Foi
então, que o Filho do Altíssimo nasceu como filho de Davi (Lc 1.32).
Notemos como em Is 9.6-7, combinam-se a natureza divina e descendência davídica
do Rei vindouro. O título mencionado aqui é Pai da eternidade que tem sido mal interpretado
por alguns, que dele deduzem não haver Trindade, afirmando erroneamente que Jesus é o
Pai e que o Pai é Jesus.
Um conhecimento da linguagem do Antigo Testamento evitaria esse erro. Naqueles
dias, um regente que governava sábia e justamente, era descrito como um pai para seu
povo. Por isso, o Senhor, falando por meio de Isaías, diz acerca de um oficial: “E será como
pai para os moradores de Jerusalém, e para a casa de Judá. E porei a chave da casa de
Davi sobre o seu ombro” (Is 22.21, 22). Note-se a semelhança com Is 9.6, 7 e vide Ap 3.7.
Esse título foi aplicado a Davi, conforme se vê na aclamação do povo na entrada triunfal de
Jesus em Jerusalém: Bendito o reino do nosso pai Davi (Mc 11.10). Eles não queriam dizer
que Davi fosse seu antecessor, pois nem todos descendiam da sua família; e, naturalmente,
não o chamariam de Pai celestial. Davi é descrito como pai, porque como o rei segundo o
coração de Deus, foi o verdadeiro fundador do reino Israelita (já que Saul foi um malogrado)
ampliando suas fronteiras de 9.600 para 96.000 quilômetros quadrados. De igual maneira,
muitas vezes se refere a George Washington como o Pai dos Estados Unidos da América.
O pai Davi era humano e morreu; seu reino foi terreno, e com o tempo se desintegrou.
Mas de acordo como Is 9.6, 7, o descendente de Davi, o Rei Messias, seria divino, e seu
reino seria eterno. Davi foi um pai temporário para seu povo; o Messias será um Pai eterno
(imortal, divino, imutável), para todo o povo, assim destinado por Deus, o Pai (Sl 2.6-8; Lc
22.29).
113
missão suprema: “E chamarás o seu nome JESUS; porque ele salvará o seu povo dos seus
pecados” (Mt 1.21).
Os primeiro pregadores do Evangelho não precisaram explicar aos judeus o significado
do nome Salvador; já tinha aprendido o fato pela sua própria história (At 3.26, 13.23). Os
judeus entenderam que a mensagem do evangelho significava que, assim como Deus
enviara Moisés para libertar Israel da escravidão do Egito, da mesma forma ele tinha
enviado Jesus para resgatar seu povo dos seus pecados. Eles entenderam a mensagem,
mas recusaram-se a crer.
Crucificado, Cristo cumpriu a missão indicada pelo seu nome, Jesus, pois salvar o
povo dos seus pecados implica expiação e expiação implica morte. Como na sua morte,
assim também durante a vida, ele viveu à altura do seu nome. Foi sempre o Salvador. Em
toda a Palestina, muita gente podia testificar. Eu estava preso pelo pecado, mas Jesus me
libertou. Maria Madalena podia dizer: Ele me libertou de sete demônios. Aquele que outrora
fora paralítico, também podia testificar: Ele perdoou os meus pecados.
II - OS OFÍCIOS DE CRISTO
Na época do Antigo Testamento, havia três classes de mediadores entre Deus e seu
povo; o profeta, o sacerdote e o rei. Como perfeito Mediador (1 Tm 2.5), Cristo reúne em si
mesmo os três ofícios. Jesus é o Cristo-Profeta que ilumina as nações; o Cristo-Sacerdote
que se ofereceu como sacrifício pelas nações; e o Cristo-Rei que reinará sobre as nações.
1) Profeta.
O profeta do Antigo Testamento era o representante ou agente de Deus na terra, que
revelava sua vontade com relação ao presente e ao futuro. O testemunho dos profetas dizia
que o Messias seria um profeta para iluminar Israel e as nações (Is 42.1; vide Rm 15.8). Os
Evangelhos, também, apresentam Jesus da mesma forma, como profeta (Mc 6.15; Jo 4.19,
6.14, 9:17; Mc 6.4, 1.27).
a - Como profeta Jesus pregou a salvação. Os profetas de Israel exerciam seu ministério
mais importante em tempos de crises, quando os governadores e demais estadistas e
sacerdotes estavam confusos e impotentes para atuar. Era essa a hora em que o profeta
entrava em ação e, com autoridade divina, mostrava o caminho para sair das dificuldades,
dizendo: Este é o caminho, andai nele.
O Senhor Jesus apareceu em um tempo quando a nação judaica se encontrava em
um estado de inquietação, causado pelo anelo de libertação nacional. A pregação de Cristo
obrigou a nação a escolher, quanto à espécie de libertação ou guerra com Roma ou paz
com Deus. Eles escolheram mal e sofreram a desastrosa consequência, a destruição
114
nacional (Lc 19.41-44; vide Mt 26.52). Tal qual, seus desobedientes e rebeldes
antepassados que certa vez tentaram em vão forçar seu caminho para Canaã (Nm 14.40-
45), assim também os judeus, em 68 A.D., tentaram pela força conquistar sua libertação de
Roma. Sua rebelião foi apagada com sangue; Jerusalém e o Templo foram destruídos, e o
judeu errante começou sua dolorosa viagem através dos séculos.
O Senhor Jesus mostrou o caminho de escape do poder e da culpa do pecado, não
somente à nação, mas também ao indivíduo. Aqueles que vieram com a pergunta: Que farei
para ser salvo? Receberam instruções precisas, e essas sempre incluíam uma ordem de
segui-LO. Ele não somente mostrou, mas também abriu o caminho da salvação por sua
morte na cruz.
2) Sacerdote.
Sacerdote, no sentido bíblico, é uma pessoa divinamente consagrada para representar
o homem diante de Deus e para oferecer sacrifícios que assegurarão o favor divino. Porque
todo o sumo sacerdote é constituído para oferecer dons e sacrifício; pelo qual era
necessário que este também tivesse alguma coisa que oferecer (Hb 8.3). No Calvário,
Cristo, o Sacerdote, ofereceu-se a si mesmo, o sacrifício, para assegurar o perdão do
homem e sua aceitação diante de Deus. Sua vida anterior a este acontecimento foi uma
115
preparação para sua obra sacerdotal. O Filho Eterno participou de nossa natureza (Hb 2.14-
16) e de nossas experiências, porque de outra maneira não podia representar o homem
diante de Deus nem oferecer sacrifícios. Não podia socorrer a humanidade tentada sem
saber por experiência o que era a tentação. Um sacerdote, portanto, devia ser de natureza
humana. Um anjo, por exemplo, não podia ser sacerdote dos homens.
Vide o capítulo 16 de Levítico e os capítulos 8 a 10 de Hebreus. O sumo sacerdote de
Israel era consagrado para representar o homem diante de Deus, e para oferecer sacrifícios
que assegurariam o perdão e a aceitação de Israel. Uma vez por ano, o sumo sacerdote
fazia expiação por Israel; em um sentido típico, ele era o salvador deles, aquele que
aparecia ante a presença de Deus para obter o perdão. As vítimas dos sacrifícios daquele
dia eram imoladas no pátio exterior; da mesma maneira Cristo foi crucificado aqui na terra.
Depois, o sangue era levado ao lugar santíssimo e aspergido na presença de Deus; da
mesma maneira, Jesus ascendeu ao céu para apresentar-se em nosso lugar na presença
de Deus. A aceitação por Deus, de seu sangue, nos dá a certeza da aceitação de todos os
que confiam no seu sacrifício.
Apesar de Cristo haver oferecido um sacrifício perfeito de uma vez por todas, sua obra
sacerdotal ainda continua. Ele vive sempre para aplicar os méritos e o poder de sua obra
expiatória perante Deus, a favor dos pecadores. O mesmo que morreu pelos homens agora
vive para eles, para salvá-los e para interceder por eles. E quando oramos: Em nome de
Jesus, estamos pleiteando a obra expiatória de Cristo como a base da nossa aceitação,
porque somente por ela temos a certeza de sermos aceitos no Amado (Ef 1.6).
3 - Rei.
O Cristo-Sacerdote é também o Cristo-Rei. O plano de Deus para o Governante
perfeito foi o de que ambos os ofícios fossem investidos na mesma pessoa. Por isso,
Melquisedeque, por ser tanto rei de Salém com sacerdote do Deus Altíssimo, veio a ser um
tipo do Rei perfeito de Deus, o Messias (Gn 14.18, 19; Hb 7.1-3). Houve um período na
história do povo hebreu quando esse ideal quase se realizou. Mais ou menos um século e
meio antes do nascimento de Cristo, o país foi governado por uma sucessão de sumo
sacerdotes que também eram governantes civis; o governante do país era tanto sacerdote
como rei. Também, durante a Idade Média, o Papa reivindicou e tentou exercer um poder,
tanto espiritual como temporal sobre a Europa. Ele pretendia governar como representante
de Cristo, segundo afirmava, tanto sobre a igreja como sobre as nações. O Dr. H. B. Swete,
escreveu: As duas experiências, a judaica e a cristã, fracassaram; e até onde se pode
julgar por esses exemplos, nem os interesses temporais nem os espirituais dos
homens são promovidos quando confiados ao mesmo representante. A dupla tarefa é
grande demais para ser desempenhada por um só homem.
116
Mas os escritores inspirados falaram da vinda de Um que era digno de exercer o duplo
cargo. Esse era o Messias esperado, um Governante e Sacerdote segundo a ordem de
Melquisedeque (Sl 110.1-4), e um sacerdote no seu trono (Zc 6.13). Tal é o Cristo glorificado
(vide Sl 110.1 e Hb 10.13).
De acordo com as profecias do Antigo Testamento, o Messias seria um grande Rei da
casa de Davi, que governaria Israel e as nações, por meio do seu reino áureo de justiça, paz
e prosperidade (Is 11.1-9; Sl 72).
Jesus afirmou ser ele esse Rei. Na presença de Pilatos ele testificou que nasceu para
ser Rei; explicou que o seu reino não era deste mundo, isto é, não seria um reino fundado
por força humana, nem seria governado de acordo com os ideais humanos (Jo 18.36). Antes
de sua morte, Jesus predisse sua vinda com poder e majestade para julgar as nações (Mt
25.31). Mesmo pendurado na cruz, ele parecia Rei e como Rei falava, de modo que o ladrão
moribundo percebeu esse fato e exclamou: “Senhor lembra-te de mim, quando entrares no
teu reino” (Lc 23.42). Compreendeu que a morte introduziria Jesus no seu reino celestial.
Depois de sua ressurreição, Jesus declarou: “É-me dado todo poder no céu e na terra”
(Mt 28.18). Depois de sua ascensão, foi coroado e entronizado com o Pai (Ap 3.21; vide Ef
1.20-22). Isso significa que, diante de Deus, Jesus é Rei; ele não somente é o Cabeça da
igreja, mas também Senhor de todo o mundo e Mestre dos homens. A terra é dele e tudo o
que nela há. Somente dele são o poder e a glória desses resplandecentes reinos que
Satanás, o tentador, há muito tempo, mostrou-lhe do cume da montanha. Ele é o Cristo, o
Rei, Senhor do mundo, Possuidor de suas riquezas e mestre dos homens.
Do ponto de vista divino, tudo isso é fato consumado; mas nem todos os homens
reconhecem o governo de Cristo. Apesar de Cristo ter sido ungido Rei de Israel (At 2.30),
aos seus (Jo 1.11) recusaram-lhe a soberania (Jo 19.15) e as nações seguem seu próprio
caminho sem tomarem conhecimento de seu governo.
Essa situação foi prevista e predita por Cristo na parábola das minas (Lc 19.12-25).
Naqueles dias, quando um governante nacional herdava um reino, o costume determinava
que ele, primeiramente, fosse a Roma a fim de recebê-lo do imperador. Depois disto, estava
livre para regressar e assumir o governo. Assim, Cristo compara a si mesmo a um certo
nobre que foi a um país longínquo e recebera para si um reino e depois regressou. Jesus
veio do céu à terra, ganhou exaltação e soberania por sua morte expiatória pelos homens, e
depois ascendeu ao trono do Pai para receber a coroa e seu governo. Mas os seus
concidadãos aborreciam-se, mandaram após ele embaixadores dizendo: não queremos que
este reine sobre nós. Israel, igualmente, rejeitou a Jesus como Rei. Sabendo que estaria
ausente por algum tempo, o nobre da parábola confiou a seus servos certas tarefas; da
mesma maneira, Cristo, prevendo que haveria de transcorrer um período de tempo entre
seu primeiro e segundo adventos, repartiu aos seus servos a tarefa de proclamar o seu
117
reino e ganhar membros para ele, batizando-os em nome do Pai, Filho e do Espírito Santo.
Finalmente, o nobre, tendo recebido o reino, regressou à sua terra, recompensou aos seus
servos, afirmou a sua soberania e puniu os inimigos. Da mesma forma, Cristo regressará ao
mundo e recompensará aos seus servos, afirmará a sua soberania sobre o mundo e punirá
os ímpios. Esse é o tema central do livro de Apocalipse (Ap 11.15, 12.10; 19.16).
Nessa ocasião, sentar-se-á ele sobre o trono de Davi, e ali continuará o Reino do Filho
de Davi, um período de mil anos quando a terra toda desfrutará de um reino áureo de paz e
abundância. Toda esfera de atividade humana estará sob o domínio de Cristo; a impiedade
será suprimida com vara de ferro; Satanás será preso, e a terra ficará cheia do
conhecimento e da Glória de Deus, como as águas cobrem o mar.
1 - Sua morte.
a - Sua importância. O evento mais importante e a doutrina central do Novo Testamento
resumem-se nas seguintes palavras: Cristo morreu (o evento) por nossos pecados (a
doutrina) (1 Co 15.3). A morte expiatória de Cristo é o fato que caracteriza a religião cristã.
Martinho Lutero declarou que a doutrina cristã distingue-se de qualquer outra, e mui
especialmente daquela que apenas parece ser cristã, pelo fato de ela ser a doutrina da
Cruz. Todas as batalhas da Reforma travaram-se em torno da correta interpretação da Cruz.
O ensino dos reformadores era este: quem compreender perfeitamente a Cruz compreende
a Cristo e a Bíblia!
É essa característica singular dos Evangelhos que faz do Cristianismo a única religião;
pois o grande problema da humanidade é o problema do pecado, e a religião que apresenta
uma perfeita provisão para o resgate do poder e da culpa do pecado tem um propósito
divino. Jesus é o autor da salvação eterna (Hb 5.9), isto é, da salvação final. Tudo quanto à
salvação possa significar é assegurado por ele.
b - O Seu significado. Havia certa relação verdadeira entre o homem e seu Criador. Algo
sucedeu que interrompeu essa relação. Não somente o homem está distanciado de Deus,
tendo seu caráter manchado, mas existe um obstáculo tão grande no caminho, que o
118
homem não pode removê-lo pelos seus próprios esforços. Esse obstáculo é o pecado, ou
melhor, a culpa.
O homem não pode remover esse obstáculo; a libertação terá que vir da parte de
Deus. Para isso, Deus teria que tomar a iniciativa de salvar o homem. O testemunho das
Escrituras é este: que Deus assim fez. Ele enviou seu Filho do céu à terra para remover
esse obstáculo, e dessa maneira, reconciliou os homens com Deus. Ao morrer por nossos
pecados, Jesus removeu a barreira; levou o que devíamos ter levado; realizou por nós o que
estávamos impossibilitados de fazer por nós mesmos; isso ele fez porque era a vontade do
Pai. Essa é a essência da expiação de Cristo. Considerando a suprema importância deste
assunto será ele abordado mais pormenorizadamente em um capítulo à parte.
2- Sua Ressurreição.
a) O fato. A ressurreição de Cristo é o grande milagre do Cristianismo. Uma vez que
estabelecida a realidade desse evento, torna-se desnecessário procurar provar os demais
milagres dos Evangelhos. Ademais, é o milagre com o qual a fé cristã está em pé ou cai,
isso em razão do Cristianismo ser uma religião histórica que baseia seus ensinos em
eventos definidos que ocorreram na Palestina há mais de mil e novecentos anos. Esses
eventos são: o nascimento e o ministério de Jesus Cristo, culminando na sua morte,
sepultamento e ressurreição. Desses, a ressurreição é a pedra angular, pois se Cristo não
tivesse ressuscitado, então não seria o que ele próprio afirmou ser; e sua morte não teria
expiatória. Se Cristo não houvesse ressuscitado, então os cristãos estariam sendo
enganados durante séculos; os pregadores estariam proclamando um erro; e os fiéis
estariam sendo enganados por uma falsa esperança de salvação. Mas, graças a Deus, que
em vez de ponto de interrogação, podemos colocar o ponto de exclamação após ter sido
exposta essa doutrina: Mas agora Cristo ressuscitou dos mortos, e foi feito as primícias dos
que dormem!
119
Que faremos com o testemunho daqueles que viram a Jesus depois de sua
ressurreição, muitos dos quais o apalparam, falaram e comeram com ele, centenas dos
quais, Paulo disse, estavam vivos naqueles dias, muitos dos quais cujo testemunho
inspirado se encontra no Novo Testamento?
Como receberemos o testemunho de homens demasiado honestos e sinceros para
pregarem uma mensagem propositadamente falsa, homens que tudo sacrificaram por essa
mensagem?
Como explicaremos a conversão de Saulo de Tarso, o perseguidor do Cristianismo, em
um de seus maiores apóstolos e missionários, a não ser pelo fato de ele realmente Ter visto
a Jesus no caminho de Damasco?
Há somente uma resposta satisfatória a essas perguntas: Cristo ressuscitou!
Muitas tentativas já foram feitas para superar esse fato. Os chefes dos judeus
asseveraram que os discípulos de Jesus haviam roubado o seu corpo. Mas isso não explica
como um pequeno grupo de tímidos e desanimados discípulos pôde reunir suficiente
coragem para arrebatar dos endurecidos soldados romanos o corpo de seu Mestre, cuja
morte lhes significava o fracasso completo das suas esperanças!
Os eruditos modernos, também, apresentam estas explicações: 1) Os discípulos
simplesmente experimentaram uma visão. Então, perguntamos: como podiam centenas de
pessoas ter a mesma visão e imaginar, a um só tempo, que realmente viam a Cristo? 2)
Jesus realmente não morreu; ele simplesmente desmaiou e ainda estava vivo quando o
tiraram da cruz. A isso respondemos: então, Jesus pálido e exausto, decaído e abatido,
podia persuadir os discípulos cheios de dúvidas, e, sobretudo a um Tomé, de que ele era o
ressuscitado Senhor da vida? Não é possível!
Essas explicações são tão inconsistentes que por si mesmas se refutam. Novamente
afirmamos, Cristo ressuscitou! De Wette, teólogo modernista, afirmou que a ressurreição de
Jesus Cristo é um fato tão bem comprovado quanto o fato histórico do assassinato de Júlio
César.
c) O significado. A ressurreição. Ela significa que Jesus é tudo quanto ele afirmou ser:
Filho de Deus, Salvador e Senhor (Rm 1.4). A resposta do mundo às reivindicações de
Jesus foi à cruz; a resposta de Deus, entretanto, foi B a ressurreição.
A ressurreição significa que a morte expiatória de Cristo foi uma divina realidade, e que
o homem pode encontrar o perdão dos seus pecados, e assim Ter paz com Deus (Rom.
4:25). A ressurreição é realmente a consumação da morte expiatória de Cristo
A ressurreição de Cristo significa que temos um Sumo Sacerdote no céu, que se
compadece de nós, que viveu a nossa vida e conhece as nossas tristezas e fraquezas; que
é poderoso para dar-nos poder para diariamente vivermos a vida de Cristo. Jesus que
120
morreu por nós, agora vive por nós (Rm 8.34; Hb 7.25). Significa que podemos saber que há
uma vida vindoura. Uma objeção comum a essa verdade é: Mas ninguém jamais voltou para
falar-nos do outro mundo. Mas alguém voltou e esse alguém é Jesus Cristo! Se um homem
morrer, tornará a viver? A essa pergunta antiga a ciência somente pode dizer: Não sei. A
filosofia apenas diz: Deve haver uma vida futura. Porém, o Cristianismo afirma: Porque ele
vive, nós também viveremos; porque ele ressuscitou dos mortos, também todos
ressuscitaremos!
A ressurreição de Cristo não somente constitui a prova da imortalidade, mas também a
certeza da imortalidade pessoal (1 Ts 4.14; 2 Co 4.14; Jo 14.19). Isto significa que há
certeza de juízo futuro. Como disse o inspirado apóstolo: Deus tem determinado um dia em
que com justiça há de julgar o mundo, por meio do varão que destinou; e disso deu certeza
a todos, ressuscitando-o dos mortos (At 17.31).
Tão certo como Jesus ressuscitou dos mortos para ser o Juiz dos homens, assim
ressuscitarão, também, da morte os homens para serem julgados por ele.
3. Sua ascensão.
Os evangelhos, o livro de Atos e as Epístolas dão testemunho da ascensão. Qual o
significado desse fato histórico? Quais as doutrinas que nele se baseiam? Quais os seus
valores práticos?
A ascensão ensina que nosso Mestre é:
a) O Cristo celestial. Jesus deixou o mundo porque havia chegado o tempo de regressar
ao Pai. Sua partida foi uma subida, assim como sua entrada ao mundo havia
sido uma descida. Ele que desceu, agora subiu para onde estava antes. E,
assim como sua entrada no mundo foi sobrenatural, assim o foi sua partida.
Consideremos a maneira de sua partida. Suas aparições e desaparições depois da
ressurreição foram instantâneas; a ascensão foi, no entanto, gradual vendo eles (At 1.9).
Não foi seguida por novas aparições, nas quais o Senhor surgiu entre eles em pessoa para
comer e beber com eles; as aparições dessa classe terminaram com a sua ascensão. Sua
retirada da vida terrena que vivem os homens aquém da sepultura foi de uma vez por todas.
Dessa hora em diante, os discípulos não deveriam pensar nele como o Cristo segundo a
carne, isto é, como vivendo uma vida terrena, e sim, como o Cristo glorificado, vivendo uma
vida celestial na presença de Deus e tendo contato com eles por meio do Espírito Santo.
Antes da ascensão, o Mestre aparecia, desaparecia e reaparecia de tempos em tempos
para fazer com que paulatinamente os discípulos perdessem a necessidade de um contato
visual e terreno com ele, e acostumá-los a uma comunhão espiritual e invisível com ele.
Desse modo, a ascensão vem a ser a linha divisória entre dois períodos da vida de
Cristo: do nascimento até à ressurreição, ele é o Cristo da história humana, aquele que
121
viveu uma vida humana perfeita sob condições terrenas. Desde a ascensão, ele é o Cristo
da experiência espiritual, que vive no céu e tem contato com os homens por meio do
Espírito Santo.
b) O Cristo exaltado. Afirma certa passagem que Cristo subiu, e outra diz que foi levado
acima. A primeira representa a Cristo como entrando na presença do Pai por sua própria
vontade e direito; a segunda acentua a ação do Pai pela qual ele foi exaltado em
recompensa por sua obediência até a morte.
Sua lenta ascensão ante os olhares dos discípulos trouxe-lhes a compreensão de que
Jesus estava deixando sua vida terrenal, e os fez testemunhas oculares de sua partida. Mas
uma vez fora do alcance de sua vista, a jornada foi consumada por um ato de vontade. O Dr.
Swete, assim comenta o fato: Nesse momento toda a glória de Deus brilhou em seu
derredor, e ele estava no céu. Não lhe era a cena inteiramente nova; na profundidade
do seu conhecimento divino, o Filho do homem guardava lembranças das glórias que,
em sua vida anterior à encarnação, gozava com o Pai antes que o mundo existisse (Jo
17.5). Porém, a alma humana de Cristo até o momento da ascensão, não
experimentara a plena visão de Deus que transbordou sobre ele ao ser levado acima.
Esse foi o alvo de sua vida humana, o gozo lhe estava proposto (Hb 12.2) que foi
alcançado no momento da ascensão.
Foi em vista de sua ascensão e exaltado que Cristo declarou: É-me dado todo o poder
(autoridade) no céu e na terra (Mt 28.18; vide Ef 1.20-23; 1 Pe 3.22; Fl 2.9-11; Ap 5.12).
Citemos outra vez o Dr. Swete: Nada se faz nesse grandioso mundo desconhecido, que
chamamos o céu, sem sua iniciativa, direção e autoridade determinativa. Processos
incompreensíveis à nossa mente realizam-se no outro lado do véu por meios divinos
igualmente incompreensíveis. Basta que a igreja compreenda que tudo que se opera
ali é feito pela autoridade de seu Senhor.
122
vive em sujeição a Cristo, assim as mulheres devem estar sujeitas a seus maridos; como
Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, assim os maridos devem exercer sua
autoridade no espírito de amor e autossacrifício. A obediência da igreja a Cristo é uma
submissão voluntária; da mesma maneira, a esposa deve ser obediente, não só por questão
de consciência, mas por amor e reverência.
Para os cristãos, o estado de matrimônio se tornou um mistério (isto é, uma verdade
com significado espiritual), porque revela a união espiritual entre Cristo e sua igreja;
autoridade da parte de Cristo, subordinação da parte da igreja, amor de ambos os lados, o
amor retribuindo amor, para ser coroado pela plenitude do gozo, quando essa união for
consumada na vinda do Senhor (Swete).
Uma característica proeminente da igreja primitiva era a atitude de amorosa
submissão a Cristo. Jesus é o Senhor não era somente a declaração do credo, mas também
a regra de vida.
2. O Cristo glorificado não é somente o Poder que dirige e governa a igreja, mas também a
fonte de sua vida e poder. O que a videira é para a vara, o que a cabeça é para o corpo,
assim é o Cristo vivo para a sua igreja. Apesar de estar no céu, o Cabeça da igreja, Cristo
está na mais íntima união com seu corpo na terra, sendo o Espírito Santo o vínculo (Ef 4.15;
Cl 2.19).
d) O Cristo que prepara o caminho. A separação entre Cristo e sua igreja na terra,
separação ocasionada pela ascensão, não é permanente. Ele subiu como um precursor a
preparar o caminho para aqueles que o seguem. Sua promessa foi: “Onde eu estiver ali
estará também o meu servo” (Jo 12.26). O termo precursor é primeiramente aplicado a João
Batista como aquele que prepararia o caminho de Cristo (Lc 1.76). Como João preparou o
caminho para Cristo, assim também o Cristo glorificado prepara o caminho para a igreja.
Esta esperança é comparada a uma âncora da alma segura e firme, e que penetra até ao
interior do véu; onde Jesus, nosso precursor, entrou por nós (Hb 6.19-20). Ainda que agitada
pelas ondas das provações e das adversidades, a alma do crente fiel não pode naufragar
enquanto sua esperança estiver firmemente segura nas realidades celestiais. Em sentido
espiritual, a igreja já está seguindo o Cristo glorificado; e tem-se assentado nos lugares
celestiais, em Cristo Jesus (Ef 2.6). Por meio do Espírito Santo, os crentes, espiritualmente,
no coração, já seguem a seu Senhor ressuscitado. Entretanto, haverá uma ascensão literal
correspondente à ascensão de Cristo (1 Ts 4.17; 1 Co 15.52). Essa esperança dos crentes
não é uma ilusão, porque eles já sentem o poder de atração do Cristo glorificado (1 Pe 1.8).
Com essa esperança, Jesus confortou os seus discípulos antes de sua partida (Jo 14.1-3).
“Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras” (1 Ts 4.18).
123
e) O Cristo intercessor. Em virtude de ter assumido a nossa natureza e ter morrido por
nossos pecados, Jesus é o Mediador entre Deus e os homens (1 Tm 2.5). Mas o Mediador é
também um Intercessor, e a intercessão é mais do que meras palavras que resolvam suas
dificuldades; porém, um intercessor diz alguma coisa a favor da pessoa pela qual se
interessa. A intercessão é um ministério importante do Cristo glorificado (Rm 8.34). A
intercessão forma o apogeu das suas atividades salvadoras. Ele morreu por nós,
ressuscitou por nós, ascendeu por nós e intercede por nós (Rm 8.34). Nossa esperança não
está em um Cristo morto, mas em um Cristo que vive; e não somente em Um que vive, mas
em um Cristo que vive e reina com Deus. O sacerdócio de Cristo é eterno; portanto, sua
intercessão é permanente.
Portanto, ele pode levar a um desfecho feliz (perfeitamente, Hb 7.25) toda a causa cuja
defesa ele pleiteia assegurando assim àqueles que se chegam a Deus, por sua
mediação, a completa restauração ao favor e à bênção divinos. Realmente, o
propósito de sua vida no céu é precisamente esse; ele vive sempre com esse intento
de interceder diante de Deus a favor dos seus. Enquanto Deus existir, não pode haver
interrupção de sua obra intercessora... porque a intercessão do Cristo glorificado não
é uma oração apenas, mas uma vida. O Novo Testamento não o apresenta como um
suplicante constantemente presente perante o Pai, de braços estendidos e em forte
pranto e lágrimas, rogando por nossa causa diante de Deus como se fora um Deus
relutante, mas o apresenta como um Sacerdote-Rei entronizado, pedindo o que deseja
de um Pai que sempre o ouve e concede Sua petição (Swete).
Quais as principais petições de Cristo em seu ministério intercessor? A oração do
capítulo 17 de João sugere a resposta.
Semelhante ao ofício de mediador é o de advogado (no grego, parácleto), (1 Jo 2.1).
Advogado ou parácleto é aquele que é chamado a ajudar uma pessoa angustiada ou
necessitada, para confortá-la ou dar-lhe conselho e proteção. Essa foi a relação do Senhor
para com seus discípulos durante os dias de sua carne. Mas o Cristo glorificado também
está interessado no problema do pecado. Como Mediador, ele obtém acesso para nós na
presença de Deus; como Intercessor, ele leva nossas petições perante Deus; como
Advogado, ele enfrenta as acusações feitas contra nós pelo acusador dos irmãos, na
questão do pecado. Para os verdadeiros cristãos uma vida habitual de pecado não é
admissível (1 Jo 3.6); porém, isolados atos de pecado podem acontecer aos melhores
cristãos, e tais ocasiões requerem a advocacia de Cristo. Em 1 Jo 2.1-2, estão expostas três
considerações que dão força a sua advocacia: primeira, ele está com o Pai, na presença de
Deus; segunda, Ele é O Justo, e como tal, pode ser uma expiação por outrem; terceira, ele é
A propiciação pelos nossos pecado, isto é, um sacrifício que assegura o favor de Deus por
efetuar expiação pelo pecado.
124
f) O Cristo onipresente. (Jo 14.12). Enquanto estava na terra, Cristo, necessariamente,
limitava-se a estar em um lugar de cada vez, e não podia estar em contato com todos os
seus discípulos ao mesmo tempo. Mas ao ascender ao lugar de onde procedera a força
motriz do universo, foi-lhe possível enviar seu poder e sua personalidade divina em todo
tempo, a todo lugar e a todos os seus discípulos. A ascensão ao trono de Deus deu-lhe não
somente onipotência (Mt 28.18), mas também onipresença, cumprindo-se, assim, a
promessa: “Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio
deles” (Mt 18.20).
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TEONTOLOGIA
TEOLOGIA DE DEUS
I - A existência de Deus
Para o crente, a existência de Deus é o âmago da sã teologia. Só tem sentido falar-se
da existência de Deus se cremos que realmente Ele existe.
Nossa principal base para a crença na existência de Deus é a Bíblia e o testamento do
Espírito Santo em nosso interior. A Bíblia de Gênesis a Apocalipse revela um Deus vivo,
Santo, Todo-Poderoso e Amoroso - 2 Co 5.16; Hb 1.3: Cl 1.15; Jo 1.18, 14.9.
B - Agnosticismo – vem da palavra grega não saber. O defensor de agnosticismo crê que
nem a criação, nem os alegados fatos quanto a sua existência de Deus podem fazer
conhecido. Só creem no que pode ver e apalpar.
C - Deísmo – O deísmo admite que Deus existe, contudo rejeita por completo a sua
revelação a humanidade.
126
2) Provas bíblicas da existência de Deus.
No princípio criou Deus (Gn 1.1).
Ainda que a sã teologia tenha a existência de Deus como fato plenamente razoável,
independente da fé, não se propõe a demonstra-la por meio de argumentos humanamente
lógicos.
A fé na revelação
O cristão temente a Deus aceita, por fé, a verdade de sua existência segundo a
revelação contida na Bíblia. Não se trata de uma fé cega, mas da fé que se baseia nas
escrituras sagradas, como palavra inspirada por Deus – Hb 11.6.
A Bíblia não só revela Deus como criador de todas as coisas (Gn 1.1), mas também
sustentador de todas as coisas (Mt 6.26; Hb 1.3) e como dirigente dos destinos de
indivíduos ou nações (Sl 22.28).
A Bíblia afirma que Deus faz todas as coisas segundo o conselho de sua vontade,
revelando, assim, a realização gradual de seu grande e eterno propósito de redenção.