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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

ARTHUR JOSÉ MAIO CAMPOS

PROJETO DE RESERVATÓRIO CIRCULAR DE CONCRETO


ARMADO APOIADO: ANÁLISE ESTRUTURAL,
DIMENSIONAMENTO E DETALHAMENTO

NATAL - RN
2018
Arthur José Maio Campos

Projeto de reservatório circular de concreto armado apoiado:


análise estrutural, dimensionamento e detalhamento.
Trabalho de Conclusão de Curso na modalidade
Projeto Técnico em Engenharia, submetido ao
Departamento de Engenharia Civil da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte como parte dos
requisitos necessários para obtenção do Título de
Bacharel em Engenharia Civil.

Orientador: Prof. Dr. Rodrigo Barros


(ECT/UFRN)
Coorientador: Prof. Dr. José Neres Da Silva
Filho (DEC/UFRN)

NATAL - RN
2018
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede

Campos, Arthur José Maio.


Projeto de reservatório circular de concreto armado apoiado:
análise estrutural, dimensionamento e detalhamento / Arthur José
Maio Campos. - 2018.
113 f.: il.

Projeto técnico (graduação) - Universidade Federal do Rio


Grande do Norte, Centro de Tecnologia, Curso de Engenharia
Civil. Natal, RN, 2018.
Orientador: Prof. Dr. Rodrigo Barros.
Coorientador: Prof. Dr. José Neres da Silva Filho.

1. Reservatório circular - TCC. 2. Projeto estrutural - TCC.


3. Modelagem computacional - TCC. I. Barros, Rodrigo. II. Silva
Filho, José Neres da. III. Título.

RN/UF/BCZM CDU 624.04:004

Elaborado por Ana Cristina Cavalcanti Tinôco - CRB-15/262


Arthur José Maio Campos

Projeto de reservatório circular de concreto armado apoiado:


análise estrutural, dimensionamento e detalhamento.

Trabalho de conclusão de curso na modalidade


Projeto Técnico em Engenharia, submetido ao
Departamento de Engenharia Civil da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte como parte dos
requisitos necessários para obtenção do título de
Bacharel em Engenharia Civil.

Aprovado em 14/05/2018:

___________________________________________________
Prof. Dr. Rodrigo Barros – Orientador

___________________________________________________
Prof. Dr. José Neres Da Silva Filho (DEC/UFRN) – Coorientador

___________________________________________________
Prof. Dr. Joel Araújo do Nascimento Neto (DEC/UFRN)– Examinador interno

___________________________________________________
Prof. Dr. Petrus Gorgônio Bulhões da Nóbrega (DARQ/UFRN) – Examinador externo

Natal-RN
2018
DEDICATÓRIA

"Tudo o que um sonho precisa para ser realizado é alguém que acredite que ele possa ser
realizado.” (Shinyashiki, Roberto)

Aos meus familiares.


AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, à minha família a qual me deu todo o suporte necessário


durante toda a graduação em Engenharia Civil, em especial ao meu pai Antônio Braulio
Figueiredo Campos, minha mãe Iadya Gama Maio e meu irmão Thomas Maio Campos.
Ao meu orientador Prof. Dr. Rodrigo Barros por toda a disponibilidade e colaboração
na realização deste trabalho, além do meu coorientador Prof. Dr. José Neres da Silva Filho.
À empresa INCIBRA e toda sua equipe, pela disponibilidade de informações e
ferramentais primordiais para o desenvolvimento do trabalho.

Arthur José Maio Campos


RESUMO

Projeto de reservatório circular de concreto armado apoiado: análise estrutural,


dimensionamento e detalhamento.

Este trabalho apresenta o roteiro completo de um projeto estrutural, incluindo o memorial de


cálculo, de um reservatório circular apoiado de concreto armado. Assim, trata-se de um projeto
acadêmico baseado em um projeto real, não devendo ser executado em nenhuma hipótese. A
memória de cálculo compreende a análise, o dimensionamento e o detalhamento da estrutura.
A etapa de análise estrutural foi baseada na comparação entre procedimentos diferentes de
cálculo, a partir de modelos analíticos e ferramentas computacionais (Res.exe e SAP2000). Já o
dimensionamento e o detalhamento foram elaborados com base na normatização brasileira e,
finalmente, são apresentados os desenhos técnicos resultantes do trabalho.

Palavras-chave: Reservatório circular; Projeto estrutural; Análise estrutural; Dimensionamento;


Detalhamento; Modelagem computacional.
ABSTRACT

Title: Structural project of circular reservoir supported of reinforced concrete: structural


analysis, concrete design and reinforcement detailing.

This work presents the complete script of a structural project, including the calculation report,
of a circular reservoir supported of reinforced concrete. Thus, it is an academic project based
on a real project and should not be executed under any circumstances. The calculation report
comprises the analysis, the concrete design and the reinforcement detailing of the structure. The
structural analysis step was based on the comparison between different calculation procedures,
from analytical models and computational tools (Res.exe and SAP2000). The design and
detailing were done based on Brazilian standard code, and finally, the technical drawings
resulting from the work are presented.

Keywords: Cylindrical tank; Structural project; Structural analysis; concrete design;


Reinforcement detailing; Computer simulation.
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 16

2. DESCRIÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO................................................................ 17

2.1 Localização e acesso .................................................................................................. 17

2.2 Características do reservatório ................................................................................... 17

2.3 Especificações técnicas .............................................................................................. 19

3. REFERÊNCIAS NORMATIVAS ............................................................................. 20

4. METODOLOGIA DE CÁLCULO ............................................................................ 21

4.1 Características gerais do reservatório ........................................................................ 21

4.2 Métodos de cálculo e ferramentas computacionais ................................................... 21

5. PARÂMETROS E CRITÉRIOS ADOTADOS ......................................................... 23

5.1 Concreto ..................................................................................................................... 23

5.2 Aço ............................................................................................................................. 23

5.3 Carregamentos considerados ..................................................................................... 24

5.4 Cobrimento ................................................................................................................ 26

5.5 Abertura de fissuras ................................................................................................... 26

5.6 Armadura mínima ...................................................................................................... 27

6. ESTUDO GEOTÉCNICO .......................................................................................... 30

6.1 Método utilizado ........................................................................................................ 30

6.2 Localização dos furos de sondagem .......................................................................... 30

6.3 Relatórios de sondagem ............................................................................................. 33

6.4 Características do subsolo .......................................................................................... 35

6.5 Inspeção no terreno .................................................................................................... 39

7. AÇÕES E COMBINAÇÕES ..................................................................................... 40

7.1 Parâmetros das ações e combinações ......................................................................... 40


7.2 Combinações últimas ................................................................................................. 42

7.3 Combinação de serviço .............................................................................................. 42

8. ANÁLISE ESTRUTURAL: MÉTODOS ANALÍTICOS ......................................... 44

8.1 Cálculo dos esforços na parede circular .................................................................... 44

8.2 Cálculo dos esforços na laje de cobertura .................................................................. 52

8.3 Cálculo dos esforços na laje de fundo........................................................................ 55

9. ANÁLISE ESTRUTURAL: FERRAMENTAS COMPUTACIONAIS .................... 58

9.1 RES.exe...................................................................................................................... 58

9.2 Software SAP2000 ..................................................................................................... 67

9.3 Resumo das análises .................................................................................................. 78

10. DIMENSIONAMENTO DAS ARMADURAS ......................................................... 80

10.1 Parede do reservatório ............................................................................................... 80

10.2 Laje de cobertura ....................................................................................................... 84

10.3 Laje de fundo ............................................................................................................. 86

10.4 Resumo das armaduras principais.............................................................................. 88

11. VERIFICAÇÃO DO ESTADO-LIMITE DE SERVIÇO .......................................... 89

11.1 ELS-DEF deformação excessiva ............................................................................... 89

11.2 ELS-F formação de fissuras ....................................................................................... 93

11.3 ELS-W abertura de fissuras ....................................................................................... 93

11.4 Estimativa de recalque na laje de fundo .................................................................... 93

12. DETALHAMENTO DAS ARMADURAS ............................................................... 97

12.1 Armaduras complementares ...................................................................................... 97

12.2 Comprimento de ancoragem ...................................................................................... 99

12.3 Transpasse das armaduras ........................................................................................ 101

13. RESULTADOS ........................................................................................................ 102

14. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 103

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 104


APÊNDICE A – PLANTA DO PROJETO ARQUITETÔNICO ................................................

APÊNDICE B – PLANTAS DO PROJETO ESTRUTURAL .....................................................


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Planta de Situação do RAP ..................................................................................... 17


Figura 2 – Planta baixa do reservatório .................................................................................... 18
Figura 3 – Corte longitudinal do reservatório .......................................................................... 19
Figura 4 – Vista da fachada do reservatório ............................................................................. 19
Figura 5 – Diagrama tensão-deformação para aços de armaduras passivas ............................. 24
Figura 6 – Mapa de localização dos furos de sondagem .......................................................... 31
Figura 7 – Perfil vertical dos furos de sondagem ..................................................................... 31
Figura 8 – Furo de Sondagem 01 - SPT ................................................................................... 33
Figura 9 – Furo de Sondagem 02 - SPT ................................................................................... 34
Figura 10 – Modos de ruptura do solo: (a) Geral; (b) Local; (c) Puncionamento .................... 37
Figura 11 – Ábaco de esforço máximo N ................................................................................. 45
Figura 12 – Momento fletor máximo de engastamento (M0) ................................................... 46
Figura 13 – Abcissa y0 do momento fletor nulo ....................................................................... 47
Figura 14 –Abcissa y1 do momento fletor máximo negativo ................................................... 48
Figura 15 – Momento fletor máximo na face externa .............................................................. 49
Figura 16 – Abcissa da força normal máxima de tração .......................................................... 50
Figura 17 – Ábaco para obtenção de K2 ................................................................................... 51
Figura 18 – Momentos atuantes em lajes circulares. ................................................................ 53
Figura 19 – Ábaco para o coeficiente α na laje de fundo ......................................................... 57
Figura 20 – Parâmetros de entrada do programa Res.exe ........................................................ 58
Figura 21 – Definição da nomenclatura dos esforços internos para a parede do reservatório . 60
Figura 22 – Vista do reservatório no programa SAP2000 ....................................................... 68
Figura 23 – Discriminação das forças e momentos no MEF no programa SAP2000 .............. 69
Figura 24 – Força normal circunferencial máxima de tração ................................................... 69
Figura 25 – Força normal vertical máxima de compressão ...................................................... 70
Figura 26 – Momento transversal máximo ............................................................................... 71
Figura 27 – Momento fletor máximo na face externa ao longo da altura da parede ................ 71
Figura 28 – Momento máximo de engastamento da parede ..................................................... 72
Figura 29 – Esforço cortante transversal .................................................................................. 73
Figura 30 – Momento fletor ortogonal na laje de cobertura ..................................................... 74
Figura 31 – Vdmáx para a laje de cobertura ................................................................................ 75
Figura 32 – Momentos fletores atuantes na laje de fundo. ....................................................... 76
Figura 33 – Vdmáx para a laje de fundo ...................................................................................... 77
Figura 34 – Mapa de tensão do solo para a envoltória do ELU ................................................ 78
Figura 35 – Ábaco de flexão composta normal ........................................................................ 83
Figura 36 – Flecha imediata da laje de cobertura (SAP2000) .................................................. 92
Figura 37 – Acesso para visitas 80x80cm ................................................................................ 98
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Características do RAP ........................................................................................... 18
Tabela 2 - Módulo de elasticidade do concreto ........................................................................ 23
Tabela 3 - Correspondência entre a classe de agressividade ambiental e o cobrimento nominal
para Δc = 10 mm ...................................................................................................................... 26
Tabela 4 - Valores máximos de diâmetro e espaçamento, com barras de alta aderência ......... 28
Tabela 5 – Taxas mínimas de armadura de flexão em vigas e lajes ......................................... 29
Tabela 6 - Cálculo do NSPT médio ............................................................................................ 35
Tabela 7 – Peso específico de solos arenosos........................................................................... 36
Tabela 8 – Valores empíricos para o módulo de reação vertical dos solos .............................. 38
Tabela 9 – Coeficiente γf .......................................................................................................... 40
Tabela 10 – Coeficiente γf2 ....................................................................................................... 40
Tabela 11 – Combinações Últimas ........................................................................................... 41
Tabela 12 – Combinações de serviço ....................................................................................... 41
Tabela 13 - Combinações de ação do projeto ........................................................................... 42
Tabela 14 - Ações e ponderações consideradas no ELU .......................................................... 42
Tabela 15 – Ações e ponderações consideradas no ELS .......................................................... 43
Tabela 16 - Valores de α para K ............................................................................................... 56
Tabela 17 – Esforços internos característicos na parede do reservatório (Res.exe) ................. 59
Tabela 18 – Esforços internos característicos na laje de fundo do reservatório (Res.exe) ....... 64
Tabela 19 - Resumo das análises do ELU na parede ................................................................ 78
Tabela 20 - Resumo das análises do ELU na laje de cobertura ................................................ 79
Tabela 21 – Esforços de cálculo para laje de fundo ................................................................. 79
Tabela 22 – Resumo das armaduras principais de projeto ....................................................... 88
Tabela 23 – Análise do Momento de fissuração para o ELS-DEF........................................... 90
Tabela 24 – Dados de entrada para cálculo do recalque imediato............................................ 94
Tabela 25 – Dados calculados para cálculo do recalque imediato ........................................... 94
Tabela 26 – NSPT das camadas .................................................................................................. 95
Tabela 27 – Cálculo do recalque imediato ............................................................................... 96
Tabela 28 – Comprimento de ancoragem básico ................................................................... 100
Tabela 29 – Comprimento de ancoragem total ....................................................................... 101
Tabela 30 – Comprimento de transpasse ................................................................................ 101
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Força Normal vertical ao longo da altura da parede ............................................. 60


Gráfico 2 – Força normal de tração ao longo da altura da parede ............................................ 61
Gráfico 3 – Momento fletor vertical ao longo da altura da parede........................................... 62
Gráfico 4 – Momento fletor transversal ao longo da altura da parede ..................................... 63
Gráfico 5 – Força Cortante ao longo da altura da parede ......................................................... 63
Gráfico 6 – Momento radial ao longo do raio da laje de fundo................................................ 65
Gráfico 7 – Momento circunferencial ao longo do raio da laje de fundo ................................. 66
Gráfico 8 – Força cortante ao longo do raio da laje de fundo .................................................. 67
Gráfico 9 – Valor de Iz com a profundidade ............................................................................ 95
LISTA DE SÍMBOLOS

SÍMBOLO SIGNIFICADO
Ac Área de concreto
Act Área de concreto na zona tracionada
As Área da armadura
Eci Módulo de deformação tangente inicial
Ecs Módulo de deformação secante
fck Resistência característica à compressão do concreto
fctm Resistência média do concreto à tração
fyk Resistência característica do concreto
kv Módulo de reação vertical do solo
Mr Momento de fissuração
N Esforço normal de tração
v Coeficiente de Poisson
Vs Esforço cortante
wk Abertura característica das fissuras
β Coeficiente de amortecimento
γ Peso específico da água
γc Coeficiente de minoração da resistência do concreto (ELU)
γm Coeficiente de ponderação da resistência
γs Coeficiente de minoração da resistência do aço (ELU)
ρmín Taxa de armadura mínima
ρri Taxa de armadura
σadm Tensão admissível do solo
σr Carga de ruptura do solo
σs Tensão máxima na armadura
Φ Diâmetro da barra
16

1. INTRODUÇÃO

O objetivo deste TCC é realizar o projeto estrutural de um reservatório circular de


concreto armado apoiado proveniente de um projeto arquitetônico real, de acordo com o
projeto básico da INCIBRA (2017), pertencente ao sistema de abastecimento de água do
município de Igarassu/PE. Assim, este trabalho trata-se de um projeto acadêmico baseado em
um objeto real, não devendo ser seguido como projeto para execução.
O trabalho compreende três partes principais: memorial descritivo, memória de cálculo
e peças gráficas. O memorial descritivo consta da descrição do objeto de estudo, que define as
características principais do reservatório e do projeto estrutural, além das normativas brasileira
que serviram como referências para a obtenção dos parâmetros e critérios de projeto e da
definição da metodologia de cálculo que foi adotada para a concepção estrutural do reservatório.
Já a memória de cálculo deste trabalho compreende a análise estrutural,
dimensionamento e detalhamento dos elementos do reservatório. A análise estrutural foi
realizada a partir de modelos analíticos e numéricos, de modo que foram determinados todos
os efeitos das ações a fim de efetuar verificações de estados limites últimos e de serviço,
permitindo estabelecer as distribuições de esforços internos, tensões, deformações e
deslocamentos. Para as etapas de dimensionamento e detalhamento, foram realizados cálculos
e seguidas indicações de referências brasileiras.
As peças gráficas por sua vez, contemplam os desenhos técnicos do projeto estrutural
(planta de fôrma e planta de armação) conforme o dimensionamento elaborado na memória de
cálculo do trabalho.
Vale salientar que, na execução da unidade, devem ser observadas, em conjunto, todos
os outros documentos/desenhos que compõem as informações necessárias para a correta
elaboração da obra. Na eventualidade de conflito de informações, os projetistas responsáveis
pela elaboração dos projetos deverão ser consultados de imediato.
Além disso, deve haver um acompanhamento de um consultor de fundações para a
validação da solução de fundação adotada no projeto. Toda e qualquer modificação só será
permitida, quando necessária, com autorização do projetista.
17

2. DESCRIÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO

A seguir são definidas as características gerais do projeto:

2.1 Localização e acesso

O reservatório apoiado está localizado no município de Igarassu, no estado de


Pernambuco, na estrada do Monjope conforme a Figura 1. De acordo com a planta de situação,
vale destacar a presença de uma casa de apoio para o operador, além das duas caixas
retangulares de concreto para abrigar o macromedidor.

Figura 1 – Planta de Situação do RAP

Fonte: Elaborado pelo autor (2018).

2.2 Características do reservatório

O Reservatório foi projetado com as seguintes concepções:


− Tipologia: reservatório apoiado no solo (RAP);
− Formato: concebido na forma circular;
− Material: concreto armado;
18

Assim, o reservatório circular, foi projetado para atender as seguintes características:

Tabela 1 – Características do RAP

Características do reservatório
Volume (m³) 411
Diâmetro externo (m) 12,10
Diâmetro interno (m) 11,30
Raio efetivo (m) 5,85
Espessura da parede (m) 0,40
Espessura da laje de fundo (m) 0,40
Espessura da laje da tampa (m) 0,25
Altura da lâmina d'agua (m) 4,10
Altura da parede (m) 4,70
Fonte: Elaborado pelo autor (2018).

Da Figura 2 até a Figura 4 são apresentados os desenhos arquitetônicos que mostram a


configuração do reservatório apoiado em sua planta baixa, em corte transversal e em vista
frontal.

Figura 2 – Planta baixa do reservatório

Fonte: INCIBRA (2017).


19

Figura 3 – Corte longitudinal do reservatório

Fonte: INCIBRA (2017).

Figura 4 – Vista da fachada do reservatório

Fonte: INCIBRA (2017).

2.3 Especificações técnicas

Para a elaboração deste projeto estrutural foram adotadas as seguintes especificações


técnicas:
− Foi adotado um modelo de comportamento elástico e linear para a análise estrutural;
− Durante a execução da estrutura, deverão ser observados de forma concomitante
este memorial de cálculo e os desenhos técnicos em anexo. Além disso, deve haver
um acompanhamento de um consultor de fundações para a validação da solução de
fundação adotada no projeto;
− Na fase de execução, devem ser realizados ensaios técnicos para a garantia das
características técnicas dos materiais utilizados no projeto;
− Toda e qualquer modificação só será permitida, quando necessária, com autorização
do projetista.
20

3. REFERÊNCIAS NORMATIVAS

Para fundamentarmos o tema acerca do reservatório, é necessário conhecer as normas


nacionais que são imprescindíveis para o projeto. Sua importância está associada aos
parâmetros hidráulicos, estruturais e técnicos para a elaboração do projeto de maneira correta.
Logo, os documentos relacionados abaixo foram indispensáveis para a elaboração deste
memorial de cálculo:

− NBR 6118 (ABNT, 2014): Projeto de Estruturas de Concreto – Procedimento;


− NBR 6120 (ABNT, 1980): Cargas para o cálculo de estruturas de edificações (Em
revisão);
− NBR 6484 (ABNT, 2001): Solo - Sondagens de simples reconhecimento com SPT –
Método de ensaio;
− NBR 6492 (ABNT, 1994): Representação de projetos de arquitetura;
− NBR 7480 (ABNT, 2007): Aço destinado a armaduras para estruturas de concreto
armado – Especificação;
− NBR 7808 (ABNT, 1983): Símbolos gráficos para projetos de estruturas;
− NBR 8681 (ABNT, 2003): Ações e Segurança nas Estruturas – Procedimento;
− NBR 8800 (ABNT, 2008): Projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e
concreto de edifícios – Procedimento;
− NBR 12217 (ABNT, 1994): Projeto de reservatório de distribuição de água para
abastecimento público.
21

4. METODOLOGIA DE CÁLCULO

4.1 Características gerais do reservatório

O reservatório do tipo apoiado, apresenta a facilidade de execução, sendo projetado para


as áreas de média e baixa pressão na rede. Este reservatório carece de isolamento térmico,
porém é o mais econômico, sendo caracterizado por apresentar menos de um terço da estrutura
abaixo do nível do solo. O formato circular apresenta vantagens em relação ao retangular.
Esse conceito é explicado por Guerrin (2003), que expõe a existência de dois motivos
que explicam o menor custo de reservatórios circulares em relação aos reservatórios
retangulares. Dessa forma, ele aponta que o formato circular possui menor área em planta
necessária para o mesmo volume de água armazenado quando comparado ao retangular. Além
disso, sob o aspecto estrutural, o reservatório retangular tem a presença de maiores esforços de
momento fletor, que irão gerar maiores custos em concreto e aço.
Guerrin (2003) afirma que as exigências técnicas a satisfazer na construção do
reservatório devem ser:

− Resistência: apresentando o equilíbrio fundamental entre os esforços atuantes na


estrutural;
− Impermeabilização: deve ser previsto um sistema que não permita o vazamento
do líquido enclausurado;
− Durabilidade: deve garantir as condições de uso durante toda a vida útil
estabelecida.

4.2 Métodos de cálculo e ferramentas computacionais

A análise estrutural do reservatório foi realizada segundo dois métodos: analítico e


numérico. No método analítico, a estrutura foi analisada a partir da discretização do elemento
em três (3) partes:
− A primeira delas é a cobertura (ou laje da tampa) que foi definido com
comportamento de placa, quando adotada uma laje;
− A parede (ou muro) do reservatório;
− A laje do fundo, no caso de reservatórios apoiados, é definida como uma fundação
em radier;
22

Assim, foram tomados como referência os autores a seguir: Guimarães (1995), Guerrin
(2003) e Montoya (2000). Além das referências bibliográficas, foram adotadas ferramentas
computacionais para auxílio na análise analítica: Res.exe e o Excel.
O Res.exe é um programa computacional para uso não comercial baseado em linguagem
FORTRAN concebido no Brasil para análise de reservatórios circulares de concreto armado,
que analisa esforços internos da parede do reservatório e da laje de fundo através de
equacionamento geral de cascas.
Este software requer dados de entrada da estrutura que levam em conta fatores
geométricos e a definição do tipo de ligação entre a parede e a laje de fundo. Seu uso é
justificado na praticidade de se obter resultados de forma ágil, além de permitir a visualização
dos diagramas de esforços ao longo da estrutura.
Como modelo numérico de análise, foi adotado um modelo tridimensional feito a partir
do Método dos Elementos Finitos (MEF). Dessa forma, foi utilizado o software SAP2000 que
possui uma interface gráfica 3D, sendo escolhido como principal ferramenta de análise do
projeto pela facilidade de se trabalhar com a estrutura de forma integrada, adotando as
combinações de ações, projetando os elementos de forma espacial, além de permitindo a adoção
de parâmetros para simular o comportamento da interação solo-estrutura.
23

5. PARÂMETROS E CRITÉRIOS ADOTADOS

5.1 Concreto

Segundo a Tabela 7.1, item c, da NBR 6118 (ABNT, 2014), as “superfícies expostas a
ambientes agressivos, como reservatórios [...] devem ser atendidos os cobrimentos da classe de
agressividade IV”, de modo que o concreto considerado para o reservatório será da classe C40,
respeitando os critérios da Tabela 6.1 da NBR 6118 (ABNT, 2014). Dessa forma, a fim de se
garantir os cobrimentos especificados em projeto, deverá ser realizado um controle rigoroso
durante a execução.
Para o valor de massa específica do concreto simples e armado, são adotadas as
considerações da NBR 6120 (ABNT, 1980) em sua tabela 1 “Peso específico dos materiais de
construção”, onde o concreto simples apresenta peso específico aparente de 24kN/m³ e para o
concreto armado o valor é de 25kN/m³.
Além disso, a NBR 6118 (ABNT, 2014) estabelece o módulo de elasticidade do
concreto C40 com o valor da Tabela 2.

Tabela 2 - Módulo de elasticidade do concreto

Classe de Resistência C20 C25 C30 C35 C40


Eci (GPa) 25 28 31 33 35
Ecs (GPa) 21 24 27 29 32
αi 0,85 0,86 0,88 0,89 0,90
Fonte: Adaptado da NBR 6118 (ABNT, 2014).
Assim, é recomendado o uso do Módulo de Elasticidade Secante para o cálculo e
modelagem, de forma que será utilizado Ecs = 32 GPa. A NBR 6118 (ABNT, 2014) considera
em seu item 8.2.3, o coeficiente de dilatação térmica, para efeito de análise estrutural, igual a
10-5/C. Também será adotado o coeficiente de Poisson de 0,2 conforme mencionado no item
8.2.9 da NBR 6118 (ABNT, 2014).
Por fim, segundo o item 12.4 da NBR 6118 (ABNT, 2014), para a verificação do Estado-
Limite Último (ELU), o coeficiente de minoração das resistências para o concreto é γc = 1,4. Já
para o Estado-Limite de Serviço (ELS), este coeficiente é igual a 1,0.

5.2 Aço

O aço de armadura passiva utilizado deve ser feito conforme especificações da NBR
7480 (ABNT, 2007) e da NBR 6118 (ABNT, 2014). Dar-se-á preferência a utilização de barras
24

com nervuras transversais obliquas, com resistência de escoamento da categoria CA-50, para a
armadura longitudinal e barras lisas, com resistência de escoamento da categoria CA-60, para
a armadura transversal.
A massa específica do aço de armadura passiva é de 7.850 kg/m³, enquanto que o
módulo de elasticidade foi definido com o valor de 210 GPa. Já para o valor de dilatação
térmica, foi adotado o valor de para efeito de análise estrutural, igual a 10-5/C.
Ainda, seguindo as prescrições da NBR 6118 (ABNT, 2014) no item 8.3.6, foi
estipulado que “Para o cálculo nos estados-limite de serviço e último, pode-se utilizar o
diagrama simplificado [...]”. O diagrama é apresentado na Figura 5.

Figura 5 – Diagrama tensão-deformação para aços de armaduras passivas

Fonte: NBR 6118 (ABNT, 2014).

Por fim, segundo o item 12.4 da NBR 6118 (ABNT, 2014), para a verificação do Estado-
Limite Último (ELU), o coeficiente de minoração das resistências para o aço é γs = 1,15. Já para
o Estado-Limite de Serviço (ELS), este coeficiente é igual a 1,0.

5.3 Carregamentos considerados

Para a elaboração das combinações de ação analisadas no modelo tridimensional, as


principais ações atuantes no reservatório serão levadas de forma a modelar as piores situações
possíveis. As ações consideradas no projeto são listadas a seguir:
25

5.3.1 Peso próprio do concreto

Todos os elementos dimensionados no projeto do reservatório serão de concreto


armado. De acordo com a tabela 1 da NBR 6120 (ABNT, 1980), adota-se o valor de 25kN/m³
como peso específico para o concreto armado.

5.3.2 Peso de impermeabilização

O reservatório terá que ser totalmente impermeabilizado em todos seus elementos.


Assim, a fim de considerar o peso do revestimento, argamassa para caimento e manta, será
considerado o valor de 80 kN/m².

5.3.3 Sobrecarga acidental na laje da tampa

A sobrecarga acidental atuante na laje superior é tomada a partir da NBR 6120 (ABNT,
1980), considerando a tampa do reservatório como “terraço – inacessível ao público”, com valor
mínimo de carga de 0,5 kN/m². Porém, optou-se por adotar o valor de 1,5 kN/m².

5.3.4 Empuxo de água na parede do reservatório

Segundo a NBR 6118 (ABNT, 2014), no seu item 11.4.1.3, O nível d’água adotado para
cálculo de reservatórios, tanques, decantadores e outros deve ser igual ao máximo possível
compatível com o sistema de extravasão. Além disso, ela recomenda que para o cálculo de água
o valor do coeficiente de ponderação no ELU seja de 1,2.
Dessa forma, no caso de reservatório cheio, será implantada uma carga triangular na
parede variando de 0 na cota do extravasor até 41kN/m² na base do reservatório. No caso de
reservatório completamente vazio, o empuxo de água não será considerado.

5.3.5 Peso de água na laje do fundo

Assim como o empuxo de água, o peso específico da água é considerado como 10kN/m³
e na situação de reservatório cheio, será considerado o peso de água na laje de fundo do
reservatório de 41kN/m², enquanto que na situação de reservatório vazio esta carga será
suprimida.
26

5.3.6 Flutuação

A flutuação deve ser verificada para os casos de reservatórios enterrados ou


semienterrados em que o nível de água do lençol freático está acima da cota de apoio da laje de
fundo. No projeto foi considerado e verificado a partir dos furos de sondagem que o nível d’água
se encontra abaixo do nível da laje de fundo, de forma que não deve ser levado em conta o
efeito da flutuação.

5.4 Cobrimento

Conforme o item 5.1, a classe ambiental para reservatórios de água é do tipo IV, devido
a exposição do reservatório a ambientes agressivos, principalmente devido ao contato
incessante com a água. Logo, levando em consideração esta premissa e as considerações da
tabela 7.2 da NBR 6118 (ABNT, 2014) que é representada na Tabela 3 abaixo, será adotado o
cobrimento de 50 mm, que será uniformizado para todos os elementos do reservatório.

Tabela 3 - Correspondência entre a classe de agressividade ambiental e o cobrimento nominal para Δc =


10 mm
Classe de
agressividade
Tipo de estrutura Componente ou elemento
ambiental
I II III IVc
Laje 20 25 35 45
viga/pilar 25 30 40 50
Concreto armado
Elementos estruturais em contato com o solo 30 30 40 50
c
Nas superfícies expostas a ambientes agressivos, como reservatórios, estações
de tratamento de água e esgoto, condutos de esgoto, canaletas de efluentes e
outras obras em ambientes química e intensamente agressivos, devem ser
atendidos os cobrimentos da classe de agressividade IV.

Fonte: Adaptado da NBR 6118 (ABNT, 2014).

5.5 Abertura de fissuras

A verificação de abertura de fissuras é importante a fim de garantir a estanqueidade dos


reservatórios. Segundo a tabela 13.4 da NBR 6118 (2014), para a classe de agressividade
ambiental IV a exigência quanto à fissuração restringe sua abertura à w k ≤ 0,2 mm. Será
verificada a abertura de fissuras para o maior valor de momento, já que nesta seção as barras de
apresentam maior tensão normal conforme já calculado.
27

Assim, segundo o item 17.3.3 da NBR 6118 (ABNT, 2014), a abertura de fissuras é
definida pela menor das duas equações:
𝜙𝑖 × 𝜎𝑠𝑖 × 3 × 𝜎𝑠𝑖
𝑤1 =
12,5 × 𝜂𝑖 × 𝐸𝑠𝑖 × 𝑓𝑐𝑡𝑚
𝜙𝑖 × 𝜎𝑠𝑖 × 4 4
𝑤2 = ×( + 45)
12,5 × 𝜂𝑖 × 𝐸𝑠𝑖 𝜌𝑟𝑖
A combinação de serviço a ser adotada é a frequente de ações. Esta verificação será
analisada no item 11.3, para aqueles elementos em que houver a ocorrência de fissuração.

5.6 Armadura mínima

A armadura mínima considerada no projeto, será adotada de acordo com o critério de


esforço principal a seguir:

5.6.1 Armadura mínima para esforço normal de tração

Para a armadura mínima referente ao esforço normal de tração, que é o principal no


dimensionamento da armadura circunferencial da parede, o item 17.3.5.2.2 da NBR 6118
(ABNT, 2014) define que “Em elementos estruturais onde o controle da fissuração seja
imprescindível por razões de estanqueidade [...] a armadura mínima de tração para controle
de fissuração pode ser calculada pela relação:”
𝑘 × 𝑘𝑐 × 𝑓𝑐,𝑡𝑒𝑓 × 𝐴𝑐𝑡
𝐴𝑠𝑚í𝑛 =
𝜎𝑠
Onde:
− Asmín é a área da armadura na zona de tração;
− Act é a área de concreto na zona tracionada;
− σs é a tensão máxima permitida na armadura imediatamente após a formação da
fissura. Esta tensão deve ser menor ou igual ao valor dado pela Tabela 4,
considerando que não haverá armadura ativa;
28

Tabela 4 - Valores máximos de diâmetro e espaçamento, com barras de alta aderência


Valores máximos
Tensão na barra
Concreto sem armadura ativa
σsi ou Δσpi Φmáx smáx
MPa mm mm
160 32 30
200 25 25
240 20 20
280 16 15
320 12,5 10
360 10 5
400 8 -
Fonte: Adaptado da NBR 6118 (ABNT, 2014).
− fct,ef é a resistência média a tração na ocorrência das primeiras fissuras. Esta
resistência será adotada com o valor mínimo de resistência à tração da NBR
6118 (ABNT, 2014) dado como 3 MPa;
− k é um coeficiente que considera os mecanismos de geração de tensões de tração.
Para o caso das paredes do reservatório, o valor assumido por k reflete no caso “de
deformações impostas intrínsecas” do item 17.3.5.2.2 da NBR 6118 (ABNT, 2014), onde será
considerado o caso de tração pura:
− k = 0,5, considerado para h > 0,8m;
− kc =1,0, sendo um coeficiente que leva em conta a natureza das distribuições de
tensão, imediatamente antes da fissuração.

5.6.2 Armadura mínima para esforço normal de flexão

Este segundo caso será empregado para as lajes e a armadura vertical da parede, segundo
o item 19.3.3.2 da NBR 6118 (ABNT, 2014), deve ser respeitada e verificada o valor da
armadura mínima de dimensionamento a fim de garantir as condições de desempenho e
ductilidade à flexão. Abaixo, o Quadro 1 e a Tabela 5 indicam o valor de armadura mínima que
deve ser adotada para cada situação.
Para o concreto C40, a taxa de armadura mínima de flexão em lajes é dada por ρmín =
0,179%. Portanto, considerando que a NBR 6118 (ABNT, 2014) no item 17.3.5.2.1 cita que o
valor mínimo da taxa de armadura a ser respeitada em qualquer caso de tração é de ρ = 0,150%,
são definidas as seguintes verificações da armadura mínima de flexão nas lajes e parede:
− Armadura negativa:
𝜌𝑠 ≥ 𝜌𝑚í𝑛 ≥ 0,179%
29

− Armadura positiva (armada nas duas direções):


𝜌𝑠 ≥ 0,67𝜌𝑚í𝑛 ≥ 0,120% → 𝑎𝑑𝑜𝑡𝑎𝑟 𝜌𝑠 ≥ 0,150%

Quadro 1 – Valores mínimos para armaduras passivas aderentes

Elementos estruturais sem


Armadura
armadura ativa

Armadura negativa ρs ≥ ρmín


Armadura negativa de borda sem continuidade ρs ≥ 0,67ρmín
Armaduras positivas de lajes armadas nas duas
ρs ≥ 0,67ρmín
direções
Armadura positiva (principal) de lajes armadas
ρs ≥ ρmín
em uma direção
ρs ≥ 0,5ρmín
Armadura positiva (secundária) de lajes armadas
As/s ≥ 20% da armadura principal
em uma direção
As/s ≥ 0,9 cm²/m
Fonte: Adaptado da NBR 6118 (ABNT, 2014).

Tabela 5 – Taxas mínimas de armadura de flexão em vigas e lajes


Valores de ρmín (Asmín/Ac) %
Forma da seção
C20 C25 C30 C35 C40 C45 C50
Retangular 0,150 0,150 0,150 0,164 0,179 0,194 0,208
Fonte: Adaptado da NBR 6118 (ABNT, 2014).
30

6. ESTUDO GEOTÉCNICO

Definida a arquitetura do reservatório, há a necessidade de determinar as características


geotécnicas do terreno em que será realizado o assentamento do reservatório. Esses parâmetros
serão estimados a partir do método da Sondagem à Percussão (SPT) e serão de suma
importância para a análise da laje de fundo. Os principais parâmetros são:

− Capacidade de carga do solo;


− Peso específico do solo;
− Coeficiente de reação vertical do solo (relação entre força e deslocamento do
solo*;
− Recalque.

6.1 Método utilizado

O método da Sondagem à Percussão (SPT) é um método considerado semi-empírico


que estima propriedades do solo com base em correlações a partir de teorias adaptadas da
Mecânica dos Solos. Com sua utilização, é possível reconhecer as camadas de solo que estão
sendo atravessadas (devido a coleta de amostras), a resistência do solo ao longo da profundidade
e a posição do nível d’água.
As sondagens foram realizadas conforme os padrões estabelecidos pela NBR 6484
(ABNT, 2001) que condiciona os ensaios de SPT. Com o resultado do SPT, serão realizadas
correlações a fim de obter o coeficiente de mola necessários para o estudo dos recalques que
atuam na laje de fundo.

6.2 Localização dos furos de sondagem

Para o estudo geotécnico, foram realizados dois furos de sondagem locados conforme
as recomendações da NBR 6484 (ABNT, 2001). A Figura 6 mostra a localização dos 02 (dois)
furos de sondagem em planta, denominados de SP-01 e SP-02.
31

Figura 6 – Mapa de localização dos furos de sondagem

Fonte: Elaborado pelo autor (2018).

Figura 7 – Perfil vertical dos furos de sondagem

Fonte: Elaborado pelo autor (2018).

Conforme pode ser visualizado na Figura 7, o furo de sondagem SP-01 foi executado na
cota 74,35m, enquanto que o furo de sondagem SP-02 foi executado na cota 73,0m. Assim,
32

considerando que o solo de assentamento do RAP é na cota 72,90m, pode-se afirmar que os
resultados do SP01 se tornam representativos em uma profundidade abaixo de 1,45m devido a
movimentação de terra necessária (terraplenagem).
Enquanto isso, o resultado do SP-02 já é considerado desde a camada superficial de
análise. Isso significa, que os resultados obtidos a seguir para ambos os ensaios, foram
comparados levando em conta a cota do respectivo furo de sondagem.
33

6.3 Relatórios de sondagem

Figura 8 – Furo de Sondagem 01 - SPT

Fonte: Projeto Geotécnico.


34

Figura 9 – Furo de Sondagem 02 - SPT

Fonte: Projeto Geotécnico.


35

6.4 Características do subsolo

6.4.1 Estratigrafia

Conforme observamos nos resultados dos furos de sondagem, a estratigrafia do solo é


bastante heterogênea na camada superficial, onde os solos dos dois perfis mostram uma
tendência de ser arenoso, com uma parcela menor de argila e silte.
Porém, nota-se que o SP-01 tem resultados representativos a partir da profundidade de
1,45 conforme descrito acima, e ainda deverá ter seu solo removido até a camada de 3,30m,
para que garanta um solo arenoso e que seja mais homogêneo em relação ao SP-02. Assim,
baseado nas camadas do ensaio, foi desenvolvida a Tabela 6.

Tabela 6 - Cálculo do NSPT médio

Cota Prof. NSPT


Classificação média
(m) (m) SP01 SP02 SPmédio
- 75 - - - -
Argila arenosa 74 - 17 - -
Argila arenosa 73 0 13 - -
Areia argilosa/siltosa 72 1 15 8 12
Areia argilosa/siltosa 71 2 15 8 12
Areia argilosa/siltosa 70 3 15 9 12
Areia argilosa/siltosa 69 4 15 17 16
Areia argilosa/siltosa 68 5 12 18 15
Areia argilosa/siltosa 67 6 13 - 13
Areia argilosa/siltosa 66 7 10 - 10
Areia argilosa/siltosa 65 8 10 - 10
Areia argilosa/siltosa 64 9 12 - 12
Areia argilosa/siltosa 63 10 13 - 13
Areia argilosa/siltosa 62 11 16 - 16
Areia argilosa/siltosa 61 12 35 - 35
Areia argilosa/siltosa 60 13 83 - 83
Fonte: Elaborado pelo autor (2018).

Além disso, tem-se que não foi encontrado o nível de água, confirmando mais uma vez
o que foi descrito no item 5.3.6, ou seja, não haverá efeito de flutuação no reservatório. Com
base nos resultados, estima-se um comportamento preliminar do solo na interação solo-
estrutura para a areia fina a qual foi mostrada a tendência de acordo com o perfil geotécnico.

6.4.2 Peso específico do solo

O peso específico do solo arenoso também é trazido por Godoy (1983) conforme Tabela
7. Assim, o valor do peso específico adotado, levando em conta o solo como medianamente
36

compacto será de 17kN/m³ quando estiver na condição de areia seca, 19kN/m³ para areia úmida
e 20kN/m³ para areia saturada.

Tabela 7 – Peso específico de solos arenosos


Peso específico (kN/m3)
Nspt Compacidade
Areia seca Úmida Saturada
<5 fofa
16 18 19
5a8 pouca compacta
9 a 18 média 17 19 20
19 a 40 compacta
18 20 21
> 40 muito compacta
Fonte: Adaptado de Godoy (1983).

6.4.3 Ângulo de atrito

Além disso, Cintra (2011) traz valores de parâmetros do solo a partir de correlações com
o valor do NSPT médio encontrado. Assim, por ter sido admitido o solo como arenoso, iremos
considerar o solo como não coesivo, ou seja, o valor da coesão é nulo. Porém, o solo apresentará
o valor de ângulo de atrito interno seguindo a fórmula de Godoy (1983), onde:
𝜙 = 28𝑜 + 0,4𝑁𝑆𝑃𝑇
𝜙 = 28𝑜 + 0,4 ∗ 12 = 32,8𝑜

6.4.4 Capacidade de carga

O estudo da capacidade de carga do solo será feito com base na teoria de Terzaghi
(1943) que leva em conta a superfície potencial de ruptura em função do tipo de ruptura (Geral,
local ou por puncionamento).
Devido ao fato de não ter sido encontrado na literatura procedimentos para o cálculo da
capacidade de carga em radies, a tensão admissível da laje de fundo do reservatório será
calculada a partir das considerações de sapatas circulares, considerando um diâmetro de
12,10m.
Desta forma, de acordo com a teoria proposta por Terzaghi (1943) para solos arenosos
e diante dos resultados obtidos do ensaio geotécnico, foi verificado que o modo de ruptura se
caracteriza como de ruptura geral (Figura 10).
37

Figura 10 – Modos de ruptura do solo: (a) Geral; (b) Local; (c) Puncionamento

(a) (b) (c)


Fonte: Cintra (2011).

Diante do exposto, será calculada a capacidade de carga da fundação a partir da equação


abaixo:
1
 R = c  N c  Sc + q  N q  S q +   B  N  S
2
Portanto, considerando o solo da camada estudada, o valor de NSPT médio encontrado
foi de 12. Na expressão acima, os parâmetros Nc, Nq e Nγ são retirados da tabela do Cintra
(2011), em função do valor do ângulo de atrito Ф já definido por Godoy (1983):
𝜙 = 32,8𝑜
Assim, temos que os valores são:
− Nc = 38,64;
− Nq = 26,09;
− Nγ = 35,19;
− Nq/Nc = 0,68;
− tg Φ = 0,65.

O valor da coesão c, por sua vez, pode ser obtido pela expressão proposta por Texeira e
Godoy (1996):
c = 10  N spt
(em kPa)
Os parâmetros Sc, Sq e S, por suas vezes, são obtidos da tabela do Cintra (2011), em
função da forma da fundação. No caso de sapata em formato circular tem-se:
− Sc = 1,68;
− Sq = 1,65;
− Sγ = 0,60;

O valor do peso específico adotado anteriormente, levando em conta o solo como


medianamente compacto foi de 17kN/m³. Logo, considerando que não há sobrecarga no solo
lateral e não há coesão no solo, temos que a carga de ruptura do solo é:
38

1
𝜎𝑟 = 𝛾𝐵𝑁𝛾 𝑆𝛾
2
1
𝜎𝑟 = × 17 × 12,10 × 35,19 × 0,60 = 2171,60𝑘𝑃𝑎 = 2,171 𝑀𝑃𝑎
2
Portanto, o valor da tensão admissível do solo, considerando fator de segurança = 3,0,
é dado como:
𝜎𝑟 2,171𝑀𝑃𝑎
𝜎𝑎𝑑𝑚 = = = 0,7237𝑀𝑃𝑎 = 723,7 𝑘𝑃𝑎
𝐹𝑆 3
Ao final do dimensionamento, devem ser conferidas as tensões na laje de fundação
como Estado Limite Último de ruptura do solo da fundação.

6.4.5 Estimativa de recalque

A estimativa de recalque será realizada no item 11.4.

6.4.6 Módulo inicial de reação vertical

Ainda, Moraes (1976) propôs os valores da Tabela 8 para que, com o reconhecimento
do tipo de solo a partir de ensaios com a coleta de amostras, seja possível a adoção de valores
para o módulo de reação vertical inicial (coeficiente de mola) de forma aproximada:

Tabela 8 – Valores empíricos para o módulo de reação vertical dos solos


Tipo de solo kv (kN.m-3)
Turfa leve - solo pantanoso 5.000 a 10.000
Turfa pesada - solo pantanoso 10.000 a 15.000
Areia fina de praia 10.000 a 15.000
Aterro de silte, de areia e cascalho 10.000 a 20.000
Argila molhada 20.000 a 30.000
Argila úmida 40.000 a 50.000
Argila seca 60.000 a 80.000
Argila seca endurecida 100.000
Silte compactado com areia e pedra 80.000 a 100.000
Silte compactado com areia e muita pedra 100.000 a 120.000
Cascalho miúdo com areia fina 80.000 a 120.000
Cascalho médio com areia fina 100.000 a 120.000
Cascalho grosso com areia grossa 120.000 a 150.000
Cascalho grosso com pouca areia 150.000 a 200.000
Cascalho grosso com pouca areia compactada 200.000 a 250.000
Fonte: Adaptado de Moraes (1976).
39

Desse modo, para o modelo numérico, será considerado um coeficiente de reação


vertical inicial para o caso de areia fina com kv = 15.000 kN/m³.

6.4.1 Coeficiente de empuxo ativo

O coeficiente de empuxo ativo, segundo as indicações do Moliterno (1994), tem seu


valor provindo da teoria de Coulomb, que considera a hipótese de que o esforço de terra atuante
é resultado da pressão do peso parcial de uma cunha de terra, pode ser ajustado conforme
simplificação de solo em “paramento interno liso, vertical e terreno adjacente horizontal” para
a equação abaixo:
𝜙
𝐾 = 𝑡𝑔2 (45𝑜 − )
2
32,8𝑜
𝐾 = 𝑡𝑔2 (45𝑜 − ) = 0,114
2

6.5 Inspeção no terreno

Antes do início dos trabalhos de execução, recomenda-se a realização da inspeção do


subsolo por parte de um engenheiro geotécnico qualificado a fim de se assegurar a capacidade
de carga do terreno. Vale ressaltar, que a terraplenagem deverá ser efetuada de acordo com as
recomendações expostas acima.
40

7. AÇÕES E COMBINAÇÕES

7.1 Parâmetros das ações e combinações

Os coeficientes de ponderação das ações estabelecidos para a verificação do ELU e do


ELS do concreto armado estão baseados na Tabela 9 e na Tabela 10.

Tabela 9 – Coeficiente γf
Ações
Combinações de ações Permanentes (g) Variáveis (q)
D F G T
Normal 1,40 1,00 1,40 1,20
Onde: D é desfavorável, F é favorável, G representa as cargas variáveis em
geral e T é a temperatura.
Fonte: Adaptado da NBR 6118 (ABNT, 2014).

Tabela 10 – Coeficiente γf2


γf2
Ações
Ψ0 Ψ1 Ψ2
Locais em que não há
predominância de pesos de
equipamentos que permanecem
0,5 0,4 0,3
fixos por longos períodos de
tempo, nem de elevadas
concentrações de pessoas.
Cargas acidentais de edifícios
Locais em que há predominância
de pesos de equipamentos que
permanecem fixos por longos
0,7 0,6 0,4
períodos de tempo ou de
elevadas concentrações de
pessoas.

Pressão dinâmica do vento nas


Vento 0,6 0,3 0,0
estruturas em geral

Variações uniformes de
Temperatura temperatura em relação à média 0,6 0,5 0,3
anual local
Fonte: Adaptado da NBR 6118 (ABNT, 2014).

Assim, para a análise estrutural, foram consideradas as combinações de ação expostas


na Tabela 11 e Tabela 12, que trazem, respectivamente, o equacionamento que foi adotado para
o ELU e o ELS.
41

Tabela 11 – Combinações Últimas


Combinação
Descrição Cálculo das solicitações
última (ELU)

Esgotamento da
capacidade resistente
Normais para elementos Fd = γgFgk + γεgFεgk + γg(Fq1k + ∑Ψ0jFqik) + γεqΨ0εFεqk
estruturais de
concreto armado

Onde: Fd
é o valor de cálculo das ações da combinação última
Fgk
representa as ações permanentes indiretas
representa as ações indiretas permanentes como a retração e a
Fεk
temperatura
representa as ações variáveis diretas das quais Fqik é escolhida como
Fqk
principal
γg, γq são os fatores de ponderação γf
Ψ0 é o valor de ponderação γf2
Fonte: Adaptado da NBR 6118 (ABNT, 2014).

Tabela 12 – Combinações de serviço


Combinação de
Descrição Cálculo das solicitações
serviço (ELS)

Na CQP, todas as
Combinações
ações variáveis são
quase-
consideradas com Fd,ser = ∑Fgi,k + ∑Ψ2jFqj,k
permanentes de
seus valores quase
serviço (CQP)
permanentes Ψ2Fqk

NA CF, a ação
variável principal
Fq1 é tomada com
seu valor frequente
Combinações
Ψ1Fq1k e todas as
frequentes de Fd,ser = ∑Fgi,k + Ψ1Fq1k + ∑Ψ2jFqj,k
demais ações
serviço (CF)
variáveis são
tomadas com seuss
valores quase
permanentes Ψ2Fqk

Onde: Fd,ser é o valor de cálculo das ações da combinação de serviço


representa as ações variáveis diretas das quais Fq1k é escolhida
Fqk
como principal
Ψ1 é o valor de ponderação γf2
Ψ2 é o valor de ponderação γf2
Fonte: Adaptado da NBR 6118 (ABNT, 2014).

Assim, o reservatório será avaliado em três situações de carga, sendo duas (02) para o
ELU e uma (01) para o ELS, que compreendem as situações mais desfavoráveis à estrutura:
42

Tabela 13 - Combinações de ação do projeto


Nomenclatura Tipologia Descrição
COMB.01 ELU Reservatório vazio (Altura d’água = 0,0m)
COMB.02 ELU Reservatório cheio (Altura d’água = 4,10m)
COMB.03 ELS Reservatório cheio (Altura d’água = 4,10m)
Fonte: Elaborado pelo autor (2018).

7.2 Combinações últimas

As duas combinações do ELU anteriormente mencionadas são do tipo “Esgotamento da


capacidade resistente para elementos estruturais de concreto armado”. A Tabela 14 mostra a
relação das ações e o valor da ponderação propostas em cada combinação do ELU indicando
em qual elemento ela estará aplicada.

Tabela 14 - Ações e ponderações consideradas no ELU


Tipo Combinação Descrição Ação Ponderação
Carga permanente (concreto + impermeabilização) 1,4
ELU COMB.01 Reservatório vazio (H = 0,0m) Sobrecarga na laje de cobertura 1,4
Reação da laje de cobertura na parede 1,4
Carga permanente (concreto + impermeabilização) 1,4
Sobrecarga na laje de cobertura 1,4
ELU COMB.02 Reservatório cheio (H = 4,10m) Reação da laje de cobertura na parede 1,4
Empuxo d'água na parede 1,2
Peso d'água na laje de fundo 1,2
Fonte: Elaborado pelo autor (2018).

7.3 Combinação de serviço

Já a combinação de serviço (ELS) considerada será do tipo “quase permanente” visto


que as cargas impostas atuam durante um grande período de vida da estrutura. A partir desta,
será verificada as condições de momento de fissuração, abertura de fissuras e de deformações
excessivas.
Neste projeto, por critérios de segurança, a única carga considerada como variável foi a
sobrecarga na laje de cobertura, com o fator de ponderação Ψ2 considerado como 0,4. Ou seja,
os esforços provenientes da carga hidráulica, impermeabilização e carga permanentes serão
considerados com seus valores característicos para o estudo do ELS. Assim, a COMB.03 é
composta pelas cargas definidas na Tabela 15.
43

Tabela 15 – Ações e ponderações consideradas no ELS


Tipo Combinação Descrição Ação Ponderação
Carga permanente (concreto + impermeabilização) 1,0
Sobrecarga na laje de cobertura 0,4
Reservatório cheio
ELS COMB.03 Reação da laje de tampa na parede 1,0
(H = 4,10m)
Empuxo d'água na parede 1,0
Peso d'água na laje de fundo 1,0
Fonte: Elaborado pelo autor (2018).
44

8. ANÁLISE ESTRUTURAL: MÉTODOS ANALÍTICOS

Primeiramente, serão obtidos os esforços no reservatório a partir de métodos analíticos


presentes na literatura, a fim de dar suporte aos resultados que serão retirados do modelo
numérico descrito no item 9. Portanto, para esta análise, o reservatório será discretizado em 3
partes principais: parede circular, laje de cobertura e laje de fundo.

8.1 Cálculo dos esforços na parede circular

Como base para determinação do valor dos esforços máximos (momento fletor e força
normal) na parede do reservatório, foi definido que ele atua como um elemento de casca
constituído por anéis limitados por planos horizontais, onde o principal esforço atuante será a
força de tração radial atuante no elemento devido à força do empuxo de água atuante.

Desse modo, no método analítico, a parede será calculada para a combinação 02 do


ELU, ou seja, no caso em que o nível de água está no máximo permitido pelo sistema de
extravasão. Para o projeto, o nível máximo de água será na altura h = 4,10m.

Logo, para o cálculo dos esforços, será utilizado o Método Hangan-Soare (1959) que
parte da concepção de que a parede possui um engastamento elástico em relação à laje de fundo,
ou seja, prevê a interação entre estes dois componentes do reservatório.

Guerrin (2003) e Guimarães (1995) traduzem o método descrito acima a partir da


utilização de ábacos, que utilizam como parâmetros de entrada:

− Relação entre a espessura da parede circular e a da laje de fundo (e/e’);


− Relação βh.

A relação e/e’ é facilmente obtida, de forma que no projeto seu valor é 1,00, pois as
espessuras da parede e da laje de fundo são iguais e com valor de 0,40m. Já para a relação βh,
temos que o valor de β [definido como coeficiente de amortecimento por Guimarães (1995)] é
dado por:
1
[3(1 − 𝜈 2 )]4
𝛽=
√𝑟𝑒

Onde:
r é o valor do raio efetivo do reservatório, que foi definido como sendo 5,85m;
45

v é o coeficiente de Poisson, estabelecido como sendo v = 0,2.


Assim, temos que:
1
[3(1 − 0,22 )]4
𝛽= = 0,852𝑚−1
√5,85𝑚 ∗ 0,40𝑚

Logo, o valor de βh é de:

𝛽ℎ = 0,852𝑚−1 × 4,10𝑚 = 3,50

Entretanto, este valor se encontra fora dos limites indicados pelos ábacos propostos em
Guerrin (2003), como no ábaco da Figura 11 por exemplo, de forma que serão utilizados os
procedimentos de cálculo adotados para a criação dos mesmos.

Figura 11 – Ábaco de esforço máximo N

Fonte: Guerrin (2003).


46

8.1.1 Momento fletor máximo de engastamento

O Momento de engastamento inferior é o momento resultante no engaste entre a laje de


fundo e a parede. Conforme Figura 12, Guimarães (1995) considera o valor deste momento
como positivo.

Figura 12 – Momento fletor máximo de engastamento (M 0)

Fonte: Guimarães (1995).

Seu valor é obtido a partir da seguinte expressão:


𝑀0𝑘 = 𝐾𝛾ℎ³
Onde:
Mok é o momento característico de engastamento inferior;
γ é o peso específico da água, atribuído como 10kN/m³;
h é a altura da lâmina d’água, definido como a altura até a geratriz inferior do extravasor,
com valor de 4,10m;
Já a variável “K” é aquela que supostamente deveria ser retirado do ábaco, mas que será
obtido pela equação a seguir:
𝑒 3 3 3 3 1
( ′) × 𝐾2 + 𝐾− (1 − )=0
𝑒 2𝛽ℎ 4(𝛽ℎ)3 𝛽ℎ
3 3 3 1
13 × 𝐾 2 + 𝐾− (1 − )=0
2 × 3,50 4 × 3,53 3,5
47

Assim, após a resolução da equação, tem-se que o valor de K é 0,0217, de forma que o
momento característica no engastamento vale Mok = 14,932 kNm/m. Logo, tem seu valor
majorado pelo coeficiente do ELU dado por:

𝑀0𝑑 = 1,4 × 𝑀𝑜𝑘 = 1,4 × 14,932 = 20,90𝑘𝑁. 𝑚/𝑚

8.1.2 Abcissa y0 do momento fletor nulo

A posição vertical do momento fletor nulo é importante a fim de determinar a posição


de inversão de esforços na parede, onde o momento fletor deixa de tracionar a face interna da
parede e passa a tracionar a sua face externa. A Figura 13 demonstra visualmente a posição da
inversão de esforços.

Figura 13 – Abcissa y0 do momento fletor nulo

Fonte: Guimarães (1995).

Seu valor é obtido a partir da seguinte expressão:


𝑦0 = 𝐾0 ℎ

Onde:
y0 é a abcissa do momento fletor nulo;
K0 é obtido pela expressão a seguir:
𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔(2𝐾(𝛽ℎ)2 )
𝐾0 =
𝛽ℎ
48

𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔(2 × 0,0217 × (3,5)2 )


𝐾0 =
3,5

Substituindo os valores de K e βh obtidos anteriormente, chega-se ao valor de K0 =


0,140 e o valor da posição do momento fletor nulo é de y0 = 0,572m. Porém, deve ser verificado
o valor limite para y0, definido como y0,max, dado por:

𝑦0,𝑚𝑎𝑥 = 1,2√𝑅𝑒

Onde:

R é o raio efetivo da parede circular;


e é a espessura da parede vertical;
Assim, o valor limite independentemente de h foi de y0,max = 1,836m, de forma que o
valor encontrado se encontra abaixo do limite e, por isso, será adotada a altura do momento
fletor nulo de y0 = 0,572m.

8.1.3 Abcissa y1 do momento fletor máximo na face externa

A abcissa y1 do momento fletor máximo na face externa da parede é representado na


Figura 14. Conforme o diagrama, é possível notar que Guimarães (1995) considera este
momento como negativo.

Figura 14 –Abcissa y1 do momento fletor máximo negativo

Fonte: Guimarães (1995).


49

Seu valor é obtido a partir da seguinte expressão:

𝑦1 = 𝐾1 ℎ

De forma que:

𝜋
𝐾1 = + 𝐾0
4𝛽ℎ

𝜋
𝐾1 = + 0,140
4 × 3,5

Onde as variáveis desta equação foram previamente encontradas, de modo que K1 vale
0,364 e y1 é 1,491m. Porém, deve ser verificado o valor limite para y1, definido como y1,max,
dado por:

𝑦1,𝑚𝑎𝑥 = 1,8√𝑅𝑒

Onde:

R é o raio efetivo da parede circular;


e é a espessura da parede vertical;
Assim, o valor limite independentemente de h foi de y1,max = 2,756m, de forma que o
valor encontrado se encontra abaixo do limite e, por isso, será adotada a altura do momento
fletor máximo na face externa da parede de y1 = 1,491 m.

8.1.4 Momento fletor máximo na face externa da parede

Figura 15 – Momento fletor máximo na face externa

Fonte: Guimarães (1995).


50

Obtida a posição do momento fletor máximo, y1 = 1,491 m, é possível encontrar o valor


do momento fletor máximo característico que traciona a face externa da parede a partir da
seguinte equação:

𝑀𝑘′ = −𝐾 ′ × 𝛾 × ℎ³

Onde:

𝑠𝑒𝑛(𝛽𝑦1 )
𝐾 ′ = −𝐾 × 𝑒(−𝛽𝑦1 )(cos(𝛽𝑦1 ) − )
2𝐾(𝛽ℎ)2

𝑠𝑒𝑛(−0,852 × 1,491)
𝐾 ′ = −0,0217 × 0,40(−0,852 × 1,491) (cos(−0,852 × 1,491) − )
2 × 0,0217 × (3,50)2

Solucionando a equação, o valor de K’ é dado como 0,00913 e o valor do momento


máximo característico na face externa é de Mk’ = -6,290 kNm/m, com seu valor majorado pelo
coeficiente do ELU dado por:

𝑀𝑑′ = 1,4 × 𝑀𝑘′ = 1,4 × −6,290 = −8,80𝑘𝑁. 𝑚/𝑚

8.1.5 Abcissa da força normal máximo

A posição y2 da força normal máxima de tração na parede é representado na Figura 16.

Figura 16 – Abcissa da força normal máxima de tração

Fonte: Guimarães (1995).


51

Assim, seu valor é obtido pela expressão:

𝑦2 = 𝐾2 ℎ

Para encontrar o valor de K2, foi consultado o ábaco 11 de Guimarães (1995),


representado na Figura 17, que abrange o valor de βh do projeto (3,50). Assim, de acordo com
a posição na curva, o valor de K2 é 0,32 e o valor da posição x2 é de:

𝑦2 = 0,32 × 4,10𝑚 = 1,312𝑚

Figura 17 – Ábaco para obtenção de K2

Fonte: Adaptado de Guimarães (1995)

Porém, deve ser verificado o valor limite para y2, definido como y2,max, dado por:
𝑦2,𝑚𝑎𝑥 = 0,60√𝑅𝑒

Onde:

R é o raio efetivo da parede circular;


e é a espessura da parede vertical;
Assim, o valor limite independentemente de h foi de y2,max = 0,92m, de forma que o
valor encontrado se encontra acima do limite e, por isso, será adotada a altura da força normal
máxima de y2,máx = 0,92 m.
52

8.1.6 Força normal máximo de tração

O método de Hangan-Soare (1959) traz que o valor da força normal máxima de tração
na parede do reservatório é dado por:

𝑁𝑚á𝑥 = 𝐾 ′′ 𝛾𝑅ℎ

Onde:

𝐾 ′′ = 1 − 𝐾2 − 𝑒 −𝜓2 × cos(𝜓2 ) − 2𝐾(𝛽ℎ)2 𝑒 −𝜓2 × 𝑠𝑒𝑛(𝜓2 )

De forma que:

𝛹2 = 𝐾2 × 𝛽ℎ = 0,32 × 3,50 = 1,12

Assim:

𝐾 ′′ = 1 − 0,32 − 𝑒 −1,12 × cos(1,12) − 2 × 0,0217(3,50)2 𝑒 −1,12 × 𝑠𝑒𝑛(1,12)

Logo, tem-se K’’ = 0,38 e o valor da força máxima de tração circunferencial na parede
é Nkmáx = 91,67 kN. Assim, o valor majorado pelo coeficiente do ELU será:

𝑁𝑑,𝑚á𝑥 = 1,4 × 𝑁𝑘,𝑚á𝑥 = 1,4 × 91,67𝑘𝑁 = 128,34𝑘𝑁

8.2 Cálculo dos esforços na laje de cobertura

A abordagem analítica para a laje de cobertura do reservatório será baseada em modelos


de lajes circulares simplesmente apoiada. Assim, foram utilizadas as equações representadas
em Guimarães (1995), de modo que “os diagramas dos esforços solicitantes internos que atuam
nas lajes circulares submetidas à um carregamento uniforme q em toda a sua área” possuem o
comportamento demostrado na Figura 18.
53

Figura 18 – Momentos atuantes em lajes circulares.


(a) representação da estrutura; (b) diagrama do momento radial;
(c) diagrama do momento circunferencial

(a)

(b)

(c)

Fonte: Guimarães (1995)

8.2.1 Momento radial máximo na laje de cobertura

O primeiro momento considerado foi o momento radial máximo atuante na laje de


cobertura. Este momento é denominado de Mr e é obtido a partir da expressão a seguir:
𝑞𝑘
𝑀𝑟𝑘 = × (3 + 𝑣)(𝑅 2 − 𝑟 2 )
16

Onde:
v é o coeficiente de Poisson, definido como 0,2;
R é o raio efetivo da laje circular, dado como 5,85m;
r é a distância ao eixo central da laje, sendo seu valor variável;
q é a carga uniformemente distribuída na laje superior do reservatório, que neste caso
será considerada como uma combinação da carga permanente com a sobrecarga acidental no
topo (dado por 1,50kN/m²). Desse modo, a carga total d é de:

𝑞𝑘 = 𝑞𝑖𝑚𝑝𝑒𝑟𝑚 + 𝑞𝑝.𝑝. + 𝑞𝑠𝑜𝑏𝑟𝑒𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎

0,80𝑘𝑁 6,25𝑘𝑁 1,50𝑘𝑁 8,55𝑘𝑁


𝑞𝑘 = + + =
𝑚2 𝑚2 𝑚2 𝑚2

Assim, tem-se que o valor do momento fletor máximo radial na laje de cobertura aparece
quando o valor de “R” é nulo, ou seja, na posição central da laje. Logo, o seu valor máximo é
dado por:
54

8,55
𝑀𝑟𝑘,𝑚á𝑥 = × (3 + 0,20)(5,852 − 02 ) = 58,52 𝑘𝑁𝑚/𝑚
16

De forma que o momento de cálculo para o ELU é dado por:

𝑀𝑟𝑑,𝑚á𝑥 = 1,4 × 𝑀𝑟𝑘,𝑚á𝑥 = 1,4 × 58,52𝑘𝑁𝑚/𝑚 = 82,00𝑘𝑁𝑚/𝑚

8.2.2 Momento circunferencial máximo na laje de cobertura

O momento circunferencial máximo (MΦ) é expresso por:

𝑞𝑘
𝑀𝜙𝑘 = − [(3 + 𝑣)𝑅 2 − (1 − 3𝑣)𝑟 2 ]
16

Assim, o valor de momento máximo circunferencial é obtido quando o valor de “r” é


nulo, ou seja, na posição central da laje de cobertura. Logo, temos que o seu valor máximo é
igual ao do momento radial obtido anteriormente e calculado por:

8,55
𝑀𝜙𝑘,𝑚á𝑥 = − [(3 + 0,20)5,852 − (1 − 3 × 0,20)02 ] = 58,52𝑘𝑁𝑚/𝑚
16

E o valor do momento de cálculo para o ELU é dado por:

58,52𝑘𝑁𝑚
𝑀𝜙𝑑,𝑚á𝑥 = 1,4 × 𝑀𝜙𝑘,𝑚á𝑥 = 1,4 × = 82,00𝑘𝑁𝑚/𝑚
𝑚

8.2.3 Momento ortogonal máximo na laje de cobertura

Segundo Guimarães (1995), o momento fletor ortogonal é adotado quando se deseja


utilizar de armadura no formato de malha ortogonal, uma vez que o uso de armadura radial
tende a uma maior concentração de aço na parte central da peça.

Assim, seu valor é obtido a partir do momento máximo no centro da laje, radial ou
circunferencial, considerando o ângulo de rotação de 450, que é definido por Guimarães (1995)
como o valor que corresponde “ao máximo de divergência” entre os valores dos momentos
radial e circunferencial com o do momento ortogonal de forma que é expresso por:

𝑀𝑜𝑟𝑡.𝑘,𝑚á𝑥 = 𝑀𝑟,𝑚á𝑥 × √2 = 58,52 × √2 = 82,76𝑘𝑁𝑚/𝑚

E o valor do momento de cálculo para o ELU é dado por:

𝑀𝑜𝑟𝑡.𝑑,𝑚á𝑥 = 1,4 × 𝑀𝑜𝑟𝑡.𝑘,𝑚á𝑥 = 1,4 × 82,76𝑘𝑁𝑚/𝑚 = 115,86𝑘𝑁𝑚/𝑚


55

8.2.4 Força cortante máxima na laje de cobertura

A força cortante máxima da laje se encontra nos apoios, onde seu valor é expresso por:

1 1
𝑉𝑘 = 𝑞𝑘 𝑟 = × 8,55 × 5,85 = 25,00𝑘𝑁
2 2

E o valor majorado de cálculo para o ELU é dado por:

𝑉𝑑 = 1,4 × 𝑉𝑘 = 1,4 × 25,00 = 35,00𝑘𝑁

8.3 Cálculo dos esforços na laje de fundo

Segundo Montoya (2000), em relação a parede circular, “os esforços na laje de fundação
são mais difíceis de serem obtidos, pela influência considerável da natureza do terreno da
fundação”, uma vez que envolve o estudo de uma laje circular sobre o solo elástico submetida
a hipóteses distintas de carga (considerando o reservatório vazio e o reservatório cheio).
Apesar do autor reconhecer a dificuldade de determinação dos esforços na laje de fundo
devido a interação solo-estrutura, são apresentadas fórmulas aproximadas para determinação
dos momentos ortogonais atuantes.
Assim, o equacionamento proposto por Montoya (2000) não leva em consideração o
efeito da interação solo-estrutura e segundo o autor, considera o caso em que “não foi efetuado
um estudo como placa circular sobre solo elástico”. Desta forma, é apresentado a seguir o
formato de dimensionamento proposto.

8.3.1 Momento ortogonal máximo para armadura inferior na laje de fundo

Assim, para a armadura inferior da laje, Montoya (2000) define a seguinte equação de
cálculo do momento ortogonal unitário em serviço:
𝑀𝑘 = 0,34 × 𝑝 × 𝑟
Onde:
p é o peso da parede por unidade de comprimento, expresso por:
25,0𝑘𝑁
𝑝 = × 0,40𝑚 × 4,70𝑚 = 47𝑘𝑁/𝑚
𝑚3
r é raio efetivo do reservatório, igual a 5,85m;
56

Assim, o valor do momento ortogonal máximo, para o cálculo da armadura inferior, será
majorado por:
𝑀𝑑 = 1,4 × 0,34 × 47 × 5,85 = 130,88𝑘𝑁𝑚/𝑚

8.3.2 Momento ortogonal máximo para armadura superior na laje de fundo

Para a armadura superior da laje de fundo, Montoya (2000) define a seguinte equação
para o cálculo do momento ortogonal máximo unitário em serviço:
𝑀𝑤,𝑘 = 𝛼𝑚 × 𝑟 × ℎ × 𝑒 × 𝛿
Onde:
r é raio efetivo do reservatório, igual a 5,85m;
h é a altura do nível d’água máximo dado por 4,10m;
e é a espessura da laje de fundo, dado por 0,40m;
δ é o peso específico da água, dado por 10,0 kN/m3.
αm é o coeficiente adimensional dado pela Tabela 16, obtido a partir da determinação
do coeficiente “K”, expresso por:

𝐾 = 1,3 × = 3,48
√𝑟 × 𝑒

Tabela 16 - Valores de α para K


Valor do coeficiente K
2 3 5 10 15 20 25 30
αm 0,147 0,196 0,235 0,265 0,275 0,279 0,282 0,284
αv -0,882 -1,417 -2,647 -5,588 -8,529 -11,471 -14,412 -17,353
Fonte: Adaptado de Montoya (2000).

Assim, interpolando os valores de αm para K = 3 e 5, o coeficiente αm é 0,219, de modo


que o momento máximo da laje de fundo é Mw,k = 21,0kNm/m. E o valor do momento ortogonal
majorado é:
21,0𝑘𝑁𝑚
𝑀𝑤𝑑 = 1,4 × = 29,4𝑘𝑁𝑚/𝑚
𝑚

8.3.3 Tração na laje de fundo

Montoya (2000) propõe ainda que as armaduras, negativa e positiva, obtidas para o
momento fletor, devem ser somadas à componente da força normal de tração atuante na laje de
57

fundo devido à ação da pressão hidrostática sobre as paredes em cada uma das direções
ortogonais da laje.
A força normal de tração é obtida a partir da expressão a seguir:
𝑁𝑡,𝑘 = 0,5 × ℎ2 × 𝛿 × (1 − 𝛼)
Onde o valor de α é correspondente ao ábaco representado na Figura 19 , de forma que
o valor de α é 0,45.

Figura 19 – Ábaco para o coeficiente α na laje de fundo

Fonte: Montoya (2000)

Calculando a equação acima, o valor da tração devido à pressão hidrostática sobre as


paredes na laje de fundo é Nk = 46,22kN/m. E o valor da tração majorada é dada por:
𝑁𝑡,𝑑 = 1,4 × 𝑁𝑡,𝑘 = 1,4 × 46,22𝑘𝑁 = 64,71𝑘𝑁
58

9. ANÁLISE ESTRUTURAL: FERRAMENTAS COMPUTACIONAIS

A análise estrutural também foi realizada com o auxílio de ferramentas computacionais.


Conforme definido anteriormente, para esta análise, os softwares escolhidos foram o Res.exe e
o SAP2000.

9.1 RES.exe

O programa computacional RES.exe foi desenvolvido em linguagem FORTRAN, onde


incorpora o equacionamento geral de cascas, levando em conta o tipo de ligação entre a parede
e a laje de fundo. Todavia, o programa não considera parâmetros de interação solo-estrutura,
sendo esta sua principal limitação.
Ele está adaptado ao cálculo de reservatórios de uma única célula, calculando os
principais esforços na parede e laje de fundo ponto por ponto, permitindo a visualização dos
diagramas de esforços ao longo da estrutura. Porém, esta ferramenta não calcula os esforços
para a laje de cobertura.

9.1.1 Parâmetros de entrada do RES.exe

Os parâmetros de entrada do programa são escritos em arquivo de bloco de notas


conforme a Figura 20.

Figura 20 – Parâmetros de entrada do programa Res.exe

Fonte: Elaborado pelo autor (2018)

Assim, foram estabelecidos os parâmetros a seguir:


59

− Altura da lâmina d’água na parede: 4,10m;


− Espessura da parede: 0,40m;
− Espessura da laje: 0,40m;
− Raio: 5,85m;
− Peso específico da água: 10kN/m³;
− Peso específico do concreto: 25kN/m³;
− Modulo de elasticidade: 32 GPa;
− Divisão da parede: 20 partes ao longo da altura;
− Carga hidráulica na laje: 4,10kN/m³;
− Tipo de ligação: modelo engastado;
− Divisão da laje: 10 partes ao longo do raio.

9.1.2 Esforços internos característicos na parede

Os esforços internos obtidos para a parede do reservatório são mostrados na Tabela 17.

Tabela 17 – Esforços internos característicos na parede do reservatório (Res.exe)

PAREDE DO RESERVATÓRIO
Altura(m) Desloc(m) NY(kN/m) NT(kN/m) MY(kN.m/m) MT(kN.m/m) VY(kN/m)
0,00 -1,47E-05 -41,00 32,16 20,86 3,48 -38,60
0,20 -1,38E-05 -38,95 30,16 13,68 2,28 -31,47
0,41 -1,62E-05 -36,90 35,38 7,92 1,32 -24,82
0,62 -2,05E-05 -34,85 44,81 3,46 0,58 -18,87
0,82 -2,56E-05 -32,80 56,09 0,13 0,02 -13,70
1,02 -3,08E-05 -30,75 67,49 -2,22 -0,37 -9,35
1,23 -3,55E-05 -28,70 77,77 -3,76 -0,63 -5,81
1,44 -3,94E-05 -26,65 86,10 -4,65 -0,77 -3,01
1,64 -4,21E-05 -24,60 92,03 -5,04 -0,84 -0,89
1,85 -4,36E-05 -22,55 95,33 -5,05 -0,84 0,65
2,05 -4,39E-05 -20,50 95,99 -4,80 -0,80 1,71
2,26 -4,30E-05 -18,45 94,15 -4,38 -0,73 2,36
2,46 -4,11E-05 -16,40 90,01 -3,86 -0,64 2,70
2,66 -3,83E-05 -14,35 83,86 -3,29 -0,55 2,80
2,87 -3,47E-05 -12,30 75,99 -2,72 -0,45 2,73
3,07 -3,05E-05 -10,25 66,70 -2,18 -0,36 2,53
3,28 -2,57E-05 -8,20 56,25 -1,68 -0,28 2,27
3,48 -2,05E-05 -6,15 44,93 -1,25 -0,21 1,96
3,69 -1,51E-05 -4,10 32,95 -0,88 -0,15 1,65
3,89 -9,37E-06 -2,05 20,50 -0,57 -0,10 1,34
4,10 -3,54E-06 0,00 7,75 -0,33 -0,05 1,06
Fonte: Elaborado pelo autor (2018).
60

A designação dos esforços internos segue o esquema demonstrado na Figura 21.

Figura 21 – Definição da nomenclatura dos esforços internos para a parede do reservatório

Fonte: Elaborado pelo autor (2018)

9.1.2.1 Força normal vertical

Diante dos resultados expostos para a força normal vertical, foi elaborado o Gráfico 1.

Gráfico 1 – Força Normal vertical ao longo da altura da parede

4,5

3,5
Altura da parede (m)

2,5

1,5

0,5

0
-45 -40 -35 -30 -25 -20 -15 -10 -5 0
Força Normal (kN/m)

Fonte: Elaborado pelo autor (2018).


61

De posse deste gráfico, é possível visualizar que o máximo esforço de compressão se


encontra na base da parede, ocasionado pela consideração da ligação engastada, e seu valor é
dado como Nvk,máx = -41,00 kN/m. Sendo o valor do esforço majorado para o ELU de:
𝑁𝑣𝑑,𝑚𝑎𝑥 = 1,4 × −41𝑘𝑁 = −57,4𝑘𝑁

9.1.2.2 Força normal circunferencial

Diante dos resultados expostos para a força normal circunferencial na parede, foi
elaborado o Gráfico 2.

Gráfico 2 – Força normal de tração ao longo da altura da parede

4,5
4
3,5
Altura da parede (m)

3
2,5
2
1,5
1
0,5
0
0 20 40 60 80 100 120
Esforço normal de tração (kN/m)

Fonte: Elaborado pelo autor (2018).

De posse deste gráfico, é possível notar um comportamento semelhante ao da Figura 16


exposta durante a abordagem do equacionamento de Guimarães (1995) e Guerrin (2003).
Assim, o valor máximo de tração circunferencial na parede é obtida na altura de 2,05m, com o
valor de Nck,máx= 95,99 kN/m. Sendo o valor do esforço majorado para o ELU de:
𝑁𝑐𝑑,𝑚𝑎𝑥 = 1,4 × 96𝑘𝑁/𝑚 = 134,4𝑘𝑁/𝑚

9.1.2.3 Momento fletor vertical

Diante dos resultados expostos para o momento fletor ao longo da altura da parede, foi
elaborado o Gráfico 3. É importante salientar que o sinal positivo do momento equivale ao
62

esforço de tração na face interna da parede, enquanto que o momento negativo equivale a
esforço de tração na face externa.

Gráfico 3 – Momento fletor vertical ao longo da altura da parede

4,5
4
3,5
Altura da parede (m)

3
2,5
2
1,5
1
0,5
0
-10 -5 0 5 10 15 20 25
Momento fletor (kN.m/m)

Fonte: Elaborado pelo autor (2018).

De posse deste gráfico, é possível notar um comportamento semelhante ao da Figura


12, exposta durante a abordagem do equacionamento de Guimarães (1995) e Guerrin (2003).
Assim, o valor obtido no engaste é de Mvk,eng = 20,86 kNm/m.
Enquanto que o valor máximo de momento na face externa da parede (considerado
como negativo) se encontra na altura de 1,85m, com o valor de Mvk,máx- = -5,05 kNm/m. Assim,
são expostos os valores dos momentos majorados para o ELU de:
+
29,20𝑘𝑁𝑚
𝑀𝑣𝑑,𝑒𝑛𝑔 = 1,4 × 20,86𝑘𝑁 = (𝑚𝑜𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑛𝑜 𝑒𝑛𝑔𝑎𝑠𝑡𝑒 𝑐𝑜𝑚 𝑎 𝑙𝑎𝑗𝑒 𝑑𝑒 𝑓𝑢𝑛𝑑𝑜)
𝑚

𝑀𝑣𝑑,𝑚𝑎𝑥 = 1,4 × −5,05𝑘𝑁
7,07𝑘𝑁𝑚
=− (𝑚𝑜𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑜 𝑑𝑒 𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑛𝑎 𝑓𝑎𝑐𝑒 𝑒𝑥𝑡𝑒𝑟𝑛𝑎)
𝑚

9.1.2.4 Momento fletor transversal

Diante dos resultados expostos para o momento transversal, que se desenvolve ao longo
do comprimento da parede, foi elaborado o Gráfico 4.
63

Gráfico 4 – Momento fletor transversal ao longo da altura da parede

4,5
4

Altura da parede (m) 3,5


3
2,5
2
1,5
1
0,5
0
-5 0 5 10 15 20
Momento fletor (kN.m/m)

Fonte: Elaborado pelo autor (2018).

De posse deste gráfico, é possível concluir que a intensidade dos momentos transversais
é baixa em relação à intensidade da força normal de tração, de forma que terão menor influência
no dimensionamento da armadura circunferencial da parede.

9.1.2.5 Força cortante

Diante dos resultados expostos para a força cortante, foi elaborado o Gráfico 5.

Gráfico 5 – Força Cortante ao longo da altura da parede

4,5
4
3,5
Altura da parede (m)

3
2,5
2
1,5
1
0,5
0
-50 -40 -30 -20 -10 0 10
Força cortante (kN/m)

Fonte: Elaborado pelo autor (2018).


64

De posse deste gráfico, é possível notar que o valor máximo de força cortante aparece
na base da parede com valor de Vk,máx = -38,60 kN/m. Sendo o valor majorado da força para o
ELU é de:
Vk,max = 1,4 × −38,60𝑘𝑁 = −54,04𝑘𝑁

9.1.3 Esforços internos característicos na laje de fundo

O Res.exe calcula os esforços na laje de fundo sem a consideração dos efeitos da


interação solo-estrutura, considerando o solo como indeformável. Assim, os esforços internos
obtidos para a laje de fundo são mostrados na Tabela 18.

Tabela 18 – Esforços internos característicos na laje de fundo do reservatório (Res.exe)

LAJE DE FUNDO DO RESERVATÓRIO


Raio (m) MR (kNm/m) MT (kNm/m) VR (kN/m)
0,00 13,01 13,01 0,00
0,59 12,67 12,85 1,46
1,17 11,65 12,37 2,93
1,76 9,96 11,57 4,39
2,34 7,59 10,44 5,85
2,93 4,54 9,00 7,31
3,51 0,82 7,23 8,78
4,10 -3,59 5,15 10,24
4,68 -8,67 2,74 11,70
5,27 -14,42 0,02 13,16
5,85 -20,86 -3,03 14,63
Fonte: Elaborado pelo autor (2018).

9.1.3.1 Momento radial

Diante dos resultados expostos para o momento radial na laje de fundo, foi elaborado o
Gráfico 6.
65

Gráfico 6 – Momento radial ao longo do raio da laje de fundo

7,00

6,00
Distância do centro da laje (m)
5,00

4,00

3,00

2,00

1,00

0,00
-25,00 -20,00 -15,00 -10,00 -5,00 0,00 5,00 10,00 15,00
Momento fletor (kNm/m)

Fonte: Elaborado pelo autor (2018).

De posse deste gráfico, é possível avaliar que há uma mudança de sinal do momento
quando a seção de análise se aproxima da borda engastada. Assim, o momento radial máximo
positivo é obtido no centro da laje de fundo, tracionando a face superior da laje, com o valor de
MRk,máx+ = + 13,01kNm/m.
Já o momento radial máximo negativo é obtido no engastamento da laje de fundo com
a parede, retornando o valor de MRk,máx- = - 20,86kNm/m. Assim, temos os valores dos esforços
majorados para o ELU de:
+
𝑀𝑟𝑑,𝑚𝑎𝑥 = 1,4 × +13,01𝑘𝑁 = +18,22𝑘𝑁𝑚/𝑚

𝑀𝑟𝑑,𝑚𝑎𝑥 = 1,4 × −20,86𝑘𝑁 = −29,20𝑘𝑁𝑚/𝑚

9.1.3.2 Momento circunferencial

Diante dos resultados expostos para o momento circunferencial na laje de fundo, foi
elaborado o Gráfico 7.
66

Gráfico 7 – Momento circunferencial ao longo do raio da laje de fundo

7,00

6,00
Distância do centro da laje (m)
5,00

4,00

3,00

2,00

1,00

0,00
-4,00 -2,00 0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00
Momento fletor (kNm/m)

Fonte: Elaborado pelo autor (2018).

De acordo com o gráfico, o valor do momento circunferencial máximo positivo é obtido


no centro da laje de fundo com o valor de MT,máx+ = +13,01kNm/m, sendo o mesmo valor
daquele encontrado para o momento radial.
Enquanto isso, o valor do momento circunferencial máximo negativo que ocorre no
engastamento com a parede com valor de MT,máx- = -3,03kNm/m é menor em relação ao
momento radial.

9.1.3.3 Força cortante

Diante dos resultados expostos para a força cortante na laje de fundo, foi elaborado o
Gráfico 8.
67

Gráfico 8 – Força cortante ao longo do raio da laje de fundo

7,00

6,00
Distância do centro da laje (m)
5,00

4,00

3,00

2,00

1,00

0,00
0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00
Força Cortante (kN/m)

Fonte: Elaborado pelo autor (2018).


De acordo com o gráfico, o valor máximo para a força cortante característica na laje de
fundo é localizado no engastamento com a parede onde VR,máx = 14,63kN/m. Assim, a força
cortante máxima de cálculo para o ELU é:
𝑉𝑑,𝑚𝑎𝑥 = 1,4 × 14,63𝑘𝑁 = 20,483𝑘𝑁

9.2 Software SAP2000

A partir das características do reservatório, dos materiais e das cargas descritas nos
capítulos anteriores, foi construído um modelo em elementos finitos para a análise estrutural do
reservatório com o auxílio da ferramenta SAP2000, a fim de verificar as análises previamente
realizadas.

9.2.1 Modelo do SAP2000

O Modelo do SAP2000, foi concebido com as seguintes características:


− Todos os elementos estão definidos como lajes do tipo “shell”;
− A divisão vertical da parede foi por meio de 8 elementos ao longo da altura;
− A divisão radial das lajes (fundo e cobertura) foi em 8 elementos ao longo do
raio;
− Total de elementos são 1.728;
68

− A laje de cobertura foi analisada separadamente, considerando apoio de 2 gênero


em todos os nós da borda, para simular a condição de simplesmente apoiada na
parede circular do reservatório, sem transmissão de momentos;
− Assim, os valores de reação da laje de cobertura que são associados aos apoios
de 2 gênero, foram aplicados como cargas nodais no topo da parede do
reservatório.
− A parede está engastada na base, e em contato com a laje de fundo;
− A laje de fundo está apoiada sobre apoio elástico, representado pelo coeficiente
de reação vertical, definidas como “springs” de kv = 15.000 kN/m³, determinado
no item6.4.6;
− Foram aplicadas as três combinações de ação (2 do ELU e 1 do ELS) definidas
no item 7.1. Todavia, a fim de obter os esforços máximos e mínimos para o ELU
de forma mais simplificada, foi feita a análise a partir da envoltória dos esforços
provenientes da COMB.01 e COMB.02.
Assim, de acordo com as características acima, foi construído um modelo ao qual a laje
de cobertura foi analisada separadamente ao restante da estrutura conforme a Figura 22 a seguir:

Figura 22 – Vista do reservatório no programa SAP2000 (a) Parede circular e laje do fundo; (b) Laje da tampa.

Fonte: Elaborado pelo autor (2018).

A análise das forças e momentos impostos no reservatório foram discriminados


seguindo o padrão definido pelo SAP2000, conforme a Figura 23.
69

Figura 23 – Discriminação das forças e momentos no MEF no programa SAP2000

Fonte: Tutorial SAP2000.

9.2.2 Parede do reservatório

Além disso, a designação dos esforços internos seguiu a definição da Figura 21. Assim,
para a análise numérica da parede do reservatório, foram avaliados os seguintes esforços
atuantes:

9.2.2.1 Força normal circunferencial

A seguir é mostrado o resultado obtido para força normal circunferencial que apresentou
valor de tração máxima no estudo da envoltória de esforços do ELU:

Figura 24 – Força normal circunferencial máxima de tração

Fonte: Elaborado pelo autor (2018).


70

Logo, será adotado o valor de Nd,máx = +116,45kN/m para a análise do ELU.

9.2.2.2 Força normal vertical

A seguir é mostrado o resultado obtido para força normal vertical que apresentou valor
de compressão máxima no estudo da envoltória de esforços do ELU:

Figura 25 – Força normal vertical máxima de compressão

Fonte: Elaborado pelo autor (2018).

Logo, será adotado o valor de Nyd,máx = -98,99kN/m.

9.2.2.3 Momento transversal

A seguir é mostrado o resultado obtido no SAP2000 para o momento transversal máximo


na parede no estudo da envoltória de esforços do ELU:
71

Figura 26 – Momento transversal máximo

Fonte: Elaborado pelo autor (2018).

Assim como descrito no item 9.1.2.4, o momento transversal é de baixa intensidade


quando comparado aos esforços de tração na parede, com valor de MTd,máx = 3,544 kNm/m.

9.2.2.4 Momento vertical máximo na face externa

A seguir é mostrado o resultado obtido no SAP2000 para o momento fletor máximo que
atua na face externa da parede no estudo da envoltória de esforços do ELU:

Figura 27 – Momento fletor máximo na face externa ao longo da altura da parede

Fonte: Elaborado pelo autor (2018).


72

Logo, para o momento máximo na face externa da parede será adotado o valor de Mvd,máx
= -7,53 kNm/m.

9.2.2.5 Momento de engastamento

A seguir é mostrado o resultado obtido no SAP2000 para o momento máximo no


engastamento da parede com a laje de fundo:

Figura 28 – Momento máximo de engastamento da parede

Fonte: Elaborado pelo autor (2018).

Logo, para o momento máximo de engastamento será adotado o valor de Md,máx,engaste =


20,50 kNm/m. Porém, a fim de compatibilizar ao valor encontrado para o momento de
engastamento na análise da laje de fundo (item 9.2.4.1), será utilizado para o dimensionamento
o momento fletor da laje de fundo = -129,87kNm/m.

9.2.2.6 Força cortante

A seguir é mostrado o resultado obtido no SAP2000 para a força cortante máxima na


parede do reservatório:
73

Figura 29 – Esforço cortante transversal

Fonte: Elaborado pelo autor (2018).

Logo, para o valor da força cortante máxima será adotado o valor de Vd,máx = 36,36
kN/m.

9.2.3 Laje de cobertura

A laje de cobertura também será avaliada para a envoltória de esforços da COMB.01 e


COMB.02 pertencentes ao ELU, descritas no item 7.1. Assim, foram avaliadas as seguintes
forças e momentos atuantes:

9.2.3.1 Momento ortogonal máximo

A seguir é mostrado o resultado obtido para o momento ortogonal máximo que ocorre
no centro da laje de cobertura.
74

Figura 30 – Momento fletor ortogonal na laje de cobertura

Fonte: Elaborado pelo autor (2018).

Logo, será adotado o valor de Mdmáx,positivo = 83,40 kNm/m para o momento ortogonal
máximo na laje de cobertura do reservatório.

9.2.3.2 Força cortante

A seguir é mostrado o resultado obtido para a força cortante máxima na laje de cobertura
do reservatório:
75

Figura 31 – Vdmáx para a laje de cobertura

Fonte: Elaborado pelo autor (2018).

Logo, para o valor da força cortante máxima será adotado o valor de Vd,máx = 32,52
kN/m.

9.2.4 Laje de fundo

Diferentemente dos casos da análise de Montoya (2000) e do software Res.exe, o


modelo do SAP2000 é capaz de simular o efeito da interação solo-estrutura a partir da
consideração de coeficientes de reação vertical. Assim, a laje de fundo será avaliada também
com a força de reação do solo para análise das tensões na base. Assim, foram avaliadas as
seguintes forças e momentos atuantes:

9.2.4.1 Momento ortogonal máximo

A seguir são mostrados os resultados obtidos para o momento ortogonal máximo


negativo (no centro da laje de fundo) e positivo (no engaste com a parede) para a envoltória de
esforços do ELU:
76

Figura 32 – Momentos fletores atuantes na laje de fundo. (a) Momento ortogonal máximo na face superior da laje (b)
momento ortogonal máximo no engastamento

(a) (b)

Fonte: Elaborado pelo autor (2018).

Para o momento ortogonal máximo no centro da laje de fundo será adotado o valor de
Mdmáx,centro = -55,43 kNm/m, de modo que este momento traciona a parte superior da laje de
fundo. Já o momento de engastamento da laje de fundo com a parede será de Mdmáx, engaste =
129,87 kNm/m.

9.2.4.2 Força cortante

A seguir é mostrado o resultado obtido para a força cortante máxima na laje de fundo
do reservatório:
77

Figura 33 – Vdmáx para a laje de fundo

Fonte: Elaborado pelo autor (2018).

Logo, para o valor de esforço cortante máximo será adotado o valor de Vd,máx = 92,53
kN/m.

9.2.4.3 Tensão do solo na laje de fundo

A seguir são mostrados os resultados obtidos para a avaliação das tensões do solo na
laje de fundo do reservatório na envoltória de esforços do ELU:
78

Figura 34 – Mapa de tensão do solo para a envoltória do ELU

Fonte: Elaborado pelo autor (2018).

Logo, diante do mapa de tensões para a envoltória do ELU, a tensão máxima no solo
aparece justamente no encontro da laje de fundo com a parede do reservatório, com seu valor
igual a 64,05 kN/m².

9.3 Resumo das análises

Diante das análises estruturais realizadas: analítica, Res.exe e SAP2000, foram


desenvolvidas tabelas comparativas com o resumo dos principais esforços calculados.
A Tabela 19, expõe o resultado das três análises para a parede do reservatório, de modo
que apresentaram valores próximos entre si. Além disso, as ferramentas Res.exe e SAP2000
ainda permitem avaliar os valores do momento transversal, força cortante e força vertical
máxima. Assim, para o dimensionamento da parede, foram adotados os valores obtidos na
análise numérica do SAP2000.

Tabela 19 - Resumo das análises do ELU na parede


Elemento: PAREDE
Análise: Ndmáx(kN/m) Md,vert (kNm/m) Md,engaste(kNm/m) MdT (kNm/m) Vdmáx (kN/m) Fymáx(kN/m)
Analítica 128,34 -8,80 20,90 - - -
Res.exe 134,40 -7,07 29,20 4,87 54,04 -57,40
SAP2000 116,45 -7,53 20,50 3,54 36,36 -98,99
Fonte: Elaborado pelo autor (2018).
79

Para a laje de cobertura foram comparados valores obtidos no modelo analítico com o
SAP2000, conforme a Tabela 20. Verifica-se que o modelo analítico obteve maior valor de
momento ortogonal máximo, e este será o adotado no dimensionamento. A força cortante, por
sua vez, foi bem próxima na comparação das duas análises.

Tabela 20 - Resumo das análises do ELU na laje de cobertura


Elemento: LAJE DE COBERTURA
Análise: Mdortmáx+ (kNm/m) Vdmáx (kN/m)
Analítica 115,86 35,00
SAP2000 83,40 32,52
Fonte: Elaborado pelo autor (2018).

Já no caso da laje de fundo, não haverá uma comparação direta entre os resultados, uma
vez que a concepção em cada análise representa valores de cálculo diferentes. Em Montoya
(2000), os resultados foram encontrados em termos de momentos ortogonais para o
dimensionamento de armadura superior e inferior, que devem ser somadas à força de tração
atuante devido ao empuxo d’água na parede.
Já no Res.exe, os valores obtidos foram os de momento radial e circunferencial, que não
consideram os efeitos da interação solo-estrutura, de modo que o solo é considerado como
indeformável. Por fim, o SAP2000 foi a única ferramenta que conseguiu simular os efeitos da
interação solo-estrutura, a partir de coeficientes de reação do solo e, por isso, seus resultados
de análise foram escolhidos para realizar o dimensionamento da laje de fundo.

Tabela 21 – Esforços de cálculo para laje de fundo


Elemento: LAJE DE FUNDO
Análise: Mdortmáx (kNm/m) Md,engaste (kNm/m) Tdmáx (kN/m) Vdmáx (kN/m) σsolo (kN/m²)
SAP2000 -55,43 -129,87 - 92,53 64,05
Fonte: Elaborado pelo autor (2018).
80

10. DIMENSIONAMENTO DAS ARMADURAS

De acordo com os esforços obtidos anteriormente, serão dimensionadas as armaduras


dos elementos para garantir as condições de resistência e durabilidade. Portanto, a seguir é
apresentado o roteiro de cálculo para a parede, a laje de cobertura e laje de fundo do reservatório
apoiado.

10.1 Parede do reservatório

Diante da análise estrutural da parede, os resultados escolhidos para o dimensionamento


foram aqueles obtidos na análise da envoltória do ELU pelo software SAP2000. Desta forma,
foram analisadas as seguintes armaduras:
− Armadura circunferencial;
− Armadura vertical;
− Armadura de engastamento;
− Análise ao Cisalhamento.
Assim, as armaduras que serão dispostas na parede são definidas e dimensionadas a
seguir:

10.1.1 Armadura circunferencial

A armadura longitudinal circunferencial é posicionada na direção horizontal da parede,


a fim de resistir as forças de tração causado principalmente pelo empuxo de água. Contudo,
conforme mencionado no item 9.1.2.4, o momento transversal na parede tem uma intensidade
muito baixa quando comparada ao esforço normal de tração. Assim, o esforço normal de tração
será adotado como esforço principal, com a intensidade dada pelo SAP2000 de:
𝑁𝑑𝑚𝑎𝑥 = 116,45kN/m
Logo, a armadura longitudinal circunferencial é obtida através da expressão a seguir:
𝑁𝑑𝑚𝑎𝑥
𝐴𝑆 =
𝜎𝑠𝑑
Onde:
As é a área da armadura circunferencial na parede;
Ndmax é o esforço normal de tração na parede;
81

σsd é a máxima tensão de tração permitida na armadura de cálculo, imediatamente após


a ocorrência da fissuração.
Assim, a NBR 8800 (ABNT, 2008) em seu “Anexo O” item 5.2.4, prevê que o valor da
máxima tensão de tração permitida é limitado pela fórmula a seguir:

2
3
𝑓𝑐𝑘
𝜎𝑠𝑡 = 810𝑤𝑘0,5 √ ≤ 𝑓𝑦𝑠
𝜙

Desse modo, adotando os seguintes parâmetros:


− fck = 40MPa (Concreto C40);
− wk = 0,2mm;
−  = 10mm;
− fyk = 500MPa (aço CA-50).
Desta forma, temos:
2
403
𝜎𝑠𝑡 = 810 × (0,2)0,5 √ ≤ 500𝑀𝑃𝑎
10
𝜎𝑠𝑡 = 391,76𝑀𝑃𝑎
𝜎𝑠𝑡 391,76
𝜎𝑠𝑑 = = = 326,47𝑀𝑃𝑎 = 32,65𝑘𝑁/𝑐𝑚²
γs 1,15
Assim, temos que a armadura circunferencial necessária é:
116,45𝑘𝑁/𝑚
𝐴𝑆 = = 3,57𝑐𝑚2 /𝑚
32,65𝑘𝑁/𝑐𝑚²
Para a verificação da armadura mínima relativo ao esforço normal de tração, conforme
descrito no item 5.6.1, utiliza-se da seguinte expressão:
𝑘 × 𝑘𝑐 × 𝑓𝑐𝑡𝑒𝑓 × 𝐴𝑐𝑡
𝐴𝑠𝑚í𝑛 =
𝜎𝑠
Em que:
− fctef = 3 MPa;
− bw = 100 cm;
− h = 40 cm;
− k = 0,5;
− kc = 1,0;
− σs = 360 MPa (admitindo o uso da barra Φmáx 10 mm).
Logo:
82

0,5 × 1,0 × 3,00𝑀𝑃𝑎 × 40𝑐𝑚 × 100𝑐𝑚


𝐴𝑠𝑚í𝑛 = = 16,67𝑐𝑚2 /𝑚
360 𝑀𝑃𝑎
𝐴𝑠𝑚𝑖𝑛 8,34𝑐𝑚2
𝐴𝑠𝑚𝑖𝑛,𝑓𝑎𝑐𝑒 = = /𝑓𝑎𝑐𝑒
2 𝑚

Desta forma, será adotada a armadura mínima circunferencial por face distribuída na
vertical e com orientação circunferencial, com o seguinte arranjo:
2x10,0mm c/9,0cm (As = 8,72cm²/m/face)

10.1.2 Armadura vertical

A armadura vertical na parede é definida a partir da flexão composta normal, obtida


com o auxílio dos ábacos de Venturini (1987), com o uso dos parâmetros ν e μ, onde se
determina a taxa de armadura ω. Assim, os resultados da análise estrutural foram:
• Nkmáx, vertical = 98,99 kN/m;
• Mkmáx, positivo = 7,53 kNm/m (no meio da parede).
Como dados de entrada, serão usados os seguintes parâmetros:
• Altura útil (d):
𝑑’ = 𝑐 + 𝜑𝑡 + 𝜑𝑙/2
1,0
𝑑’ = 4,0 + 1,0 + = 5,5𝑐𝑚
2
𝑑 = ℎ − 𝑑 ′ = 40𝑐𝑚 − 5,5𝑐𝑚 = 34,5𝑐𝑚
• Relação d/h:
𝑑′ 5,5
= = 0,1375
ℎ 40
De posse de d’/h = 0,1375 e sabendo que o aço é CA-50, temos que o ábaco escolhido
de Venturini (1987) é mostrado na Figura 35. Logo, tem-se que os parâmetros adimensionais
são:
• “ν” – força normal adimensional:
𝑁𝑑
𝜈=
𝐴𝑐 × 𝑓𝑐𝑑
98,99𝑘𝑁
𝜈= 4 = 0,0087
40𝑐𝑚 × 100𝑐𝑚 × 1,4 𝑘𝑁/𝑐𝑚²

• “μ” – momento adimensional:


83

𝑀𝑑
μ=
𝐴𝑐 ∗ 𝑓𝑐𝑑 ∗ ℎ
753𝑘𝑁𝑐𝑚/𝑚
μ= 4 = 0,00165
40𝑐𝑚 × 40𝑐𝑚 × 100𝑐𝑚 × 1,4 𝑘𝑁/𝑐𝑚²

Logo, é possível observar que a taxa de armadura foi de ω = 0, de modo que será adotada
a taxa mínima para a armadura vertical negativa para flexão, seguindo a determinação do item
5.6.2.
Portanto:
0,150
𝐴𝑠𝑚𝑖𝑛 = × 100 × 40 = 6,00𝑐𝑚2 /𝑚
100
𝐴𝑠𝑚𝑖𝑛 3,00𝑐𝑚2
𝐴𝑠𝑚𝑖𝑛,𝑓𝑎𝑐𝑒 = = /𝑓𝑎𝑐𝑒
2 𝑚

Desta forma, será adotada a armadura mínima vertical por face distribuída na horizontal,
com o seguinte arranjo:
2x10,0mm c/20cm (As = 3,93cm²/m/face)
Figura 35 – Ábaco de flexão composta normal

Fonte: Venturini (1987).


84

10.1.3 Armadura de engastamento da parede na laje de fundo

Para a armadura de engastamento, será utilizado o valor encontrado para a laje de fundo,
dimensionado no item 10.3.2.

10.1.4 Verificação ao cisalhamento

Na análise estrutural do SAP2000, a força cortante máxima na parede do reservatório


foi:

𝑉𝑠𝑑,𝑚á𝑥 = 36,36𝑘𝑁/𝑚
Portanto, para a dispensa da armadura de cisalhamento, a NBR 6118 (ABNT, 2014)
prevê que a seguinte expressão seja verificada:
𝑉𝑠𝑑,𝑚á𝑥 ≤ 𝑉𝑅𝑑1 = [τRd × k × (1,2 + 40𝜌1 )] × 𝑏𝑤 × d
Onde:
k = 1,6 − d > 1 = 1,6 − 0,345 = 1,255
2 2
3
τRd = fck × 0,0375 = 403 × 0,0375 = 0,4387MPa = 0,04387kN/cm²
8,34𝑐𝑚2
𝐴𝑠1 2× 𝑚
𝜌1 = ≤ 0,02 = = 0,0048 ≤ 0,02 → 𝑂𝑘!
𝑏𝑤 × 𝑑 100𝑐𝑚 × 34,5𝑐𝑚
Logo:
𝑉𝑅𝑑1 = [0,04387 × 1,255 × (1,2 + 40 × 0,0048)] × 100 × 34,5 = 264,40kN/m
𝑉𝑠𝑑,𝑚á𝑥 = 36,36𝑘𝑁/𝑚
Como Vsd < VRd1, significa que não é necessário armar a parede ao cisalhamento.

10.2 Laje de cobertura

10.2.1 Armadura em malha ortogonal positiva

Para a laje de cobertura do reservatório, será dimensionada uma armadura em malha, na


parte inferior da laje, para o valor de momento máximo positivo obtido pelo método analítico:
− Mdmáx, positivo = 115,86 kNm/m (direção ortogonal);
Assim, será utilizado a tabela de flexão simples em seção retangular presente em
Pinheiro (2007), para obtenção dos parâmetros Kc e Ks, resultando no seguinte cálculo:
85

− Altura útil (d):


𝑑’ = 𝑐 + 𝜑𝑡 + 𝜑𝑙/2
1,0
𝑑’ = 4,0 + 1,0 + = 5,5𝑐𝑚
2
𝑑 = ℎ − 𝑑 ′ = 25𝑐𝑚 − 5,5𝑐𝑚 = 19,5𝑐𝑚
− Kc:
𝑏𝑑 2 100𝑐𝑚 × (19,5𝑐𝑚)2
𝐾𝑐 = = = 3,28 𝑐𝑚2 /𝑘𝑁
𝑀𝑑 11586𝑘𝑁𝑐𝑚/𝑚
− Ks:
Como o concreto é da classe C40, temos:
𝐾𝑠 = 0,025𝑐𝑚2 /𝑘𝑁
− As:
𝑀𝑑 × 𝐾𝑠 11586𝑘𝑁𝑐𝑚/𝑚 × 0,025𝑐𝑚2 /𝑘𝑁
𝐴𝑠 = = = 14,85𝑐𝑚2 /𝑚
𝑑 19,5𝑐𝑚
Como a taxa de armadura obtida foi maior que o valor mínimo de armadura positiva a
flexão, dado pelo item 5.6.2:
0,150
𝐴𝑠𝑚𝑖𝑛 = × 100 × 25 = 3,75𝑐𝑚2 /𝑚
100
Será adotada a armadura positiva na laje de cobertura com o seguinte arranjo:
12,5mm c/8,0cm (As = 15,34cm²/m) ortogonal em ambas as direções.

10.2.2 Verificação ao cisalhamento

No modelo analítico, a força cortante máxima na laje de cobertura do reservatório foi:

𝑉𝑠𝑑,𝑚á𝑥 = 35,00𝑘𝑁/𝑚
Portanto, para a dispensa da armadura de cisalhamento, a NBR 6118 (ABNT, 2014)
prevê que a seguinte expressão seja verificada:
𝑉𝑠𝑑,𝑚á𝑥 ≤ 𝑉𝑅𝑑1 = [τRd × k × (1,2 + 40𝜌1 )] × 𝑏𝑤 × d
Onde:
k = 1,6 − d > 1 = 1,6 − 0,195 = 1,405
2 2
3
τRd = fck × 0,0375 = 403 × 0,0375 = 0,4387MPa = 0,04387kN/cm²
15,34𝑐𝑚2
𝐴𝑠1 𝑚
𝜌1 = ≤ 0,02 = = 0,0078 ≤ 0,02 → 𝑂𝑘!
𝑏𝑤 × 𝑑 100𝑐𝑚 × 19,5𝑐𝑚
86

Logo:
𝑉𝑅𝑑1 = [0,04387 × 1,405 × (1,2 + 40 × 0,0078)] × 100 × 19,5 = 181,73kN/m
𝑉𝑠𝑑,𝑚á𝑥 = 35,00𝑘𝑁/𝑚
Como Vsd < VRd1, significa que não é necessário armar a laje ao cisalhamento.

10.3 Laje de fundo

10.3.1 Armadura em malha ortogonal positiva

Para a laje de fundo do reservatório, será dimensionada uma armadura em malha


positiva que será locada na parte superior da laje, para o valor de momento máximo positivo
dado pelo SAP2000:
− Mdmáx, centro= 55,43 kNm/m (na direção ortogonal);
Assim, será utilizado a tabela de flexão simples em seção retangular presente em
Pinheiro (2007), para obtenção dos parâmetros Kc e Ks, resultando no seguinte cálculo:
− Altura útil (d):
𝑑’ = 𝑐 + 𝜑𝑡 + 𝜑𝑙/2
1,0
𝑑’ = 4,0 + 1,0 + = 5,5𝑐𝑚
2
𝑑 = ℎ − 𝑑 ′ = 40𝑐𝑚 − 5,5𝑐𝑚 = 34,5𝑐𝑚
− Kc:
𝑏𝑑2 100𝑐𝑚 × (34,5𝑐𝑚)2
𝐾𝑐 = = = 21,47 𝑐𝑚2 /𝑘𝑁
𝑀𝑑 5543𝑘𝑁𝑐𝑚/𝑚
− Ks:
Como o concreto é da classe C40, temos:
𝐾𝑠 = 0,023𝑐𝑚2 /𝑘𝑁
− As:
𝑀𝑑 × 𝐾𝑠 5543𝑘𝑁𝑐𝑚/𝑚 × 0,023𝑐𝑚2 /𝑘𝑁
𝐴𝑠 = = = 3,69𝑐𝑚2 /𝑚
𝑑 34,5𝑐𝑚
Como a taxa de armadura obtida foi menor que o valor mínimo de armadura positiva
submetida a esforço de flexão conforme o item 5.6.2, usa-se a taxa mínima de armadura, com
o valor de:
0,150
𝐴𝑠𝑚𝑖𝑛 = × 100 × 40 = 6,00𝑐𝑚2 /𝑚
100
87

Desta forma, será adotada a armadura mínima ortogonal positiva, com o seguinte
arranjo:
10,0mm c/13,0cm (As = 6,04cm²/m) em ambas as direções.

10.3.2 Armadura de engastamento

Para a armadura de engastamento da laje de fundo na parede, será utilizado a tabela de


flexão simples em seção retangular presente em Pinheiro (2007), para obtenção dos parâmetros
Kc e Ks, resultando no seguinte cálculo:
− Momento de engastamento na análise do SAP2000:
Mdmáx,engaste = -129,87 kNm/m (de engastamento) da laje de fundo.
− Kc:
𝑏𝑑2 100𝑐𝑚 × (34,5𝑐𝑚)2
𝐾𝑐 = = = 9,16𝑐𝑚2 /𝑘𝑁
𝑀𝑑 12987𝑘𝑁𝑐𝑚/𝑚
− Ks:
Como o concreto é da classe C40, temos:
𝐾𝑠 = 0,024𝑐𝑚2 /𝑘𝑁
− As:
𝑀𝑑 × 𝐾𝑠 12987𝑘𝑁𝑐𝑚/𝑚 × 0,024𝑐𝑚2 /𝑘𝑁
𝐴𝑠 = = = 9,03𝑐𝑚2 /𝑚
𝑑 34,5𝑐𝑚
Como a taxa de armadura obtida foi maior que o valor mínimo dado para armadura
negativa de flexão:
0,179
𝐴𝑠𝑚𝑖𝑛 = × 100 × 40 = 7,16𝑐𝑚2 /𝑚
100
Será adotada a armadura de engastamento da laje de fundo com o seguinte arranjo:
10,0mm c/8,5cm (As = 9,24cm²/m)

10.3.3 Tensão atuante do solo

Segundo a análise estrutural, obtida a partir do mapa de tensões do SAP2000 para a


envoltória do ELU, a tensão máxima no solo aparece justamente no encontro da laje de fundo
com a parede do reservatório, tendo seu valor igual a 64,05 kPa, conforme a Figura 34.
88

Dessa forma, a tensão admissível do solo já foi previamente definida de acordo com o
item 6.3, tendo o valor de tensão admissível de 723,7 kPa. Como a tensão máxima aplicada é
menor que a tensão admissível imposta, a laje de fundo está adequada quanto a esta verificação.

10.4 Resumo das armaduras principais

De posse do dimensionado do reservatório, foi desenvolvida a Tabela 22 com o resumo


das principais armaduras do projeto, que foram dimensionadas nesta etapa de cálculo.

Tabela 22 – Resumo das armaduras principais de projeto


Elemento: Armadura: Arranjo: As (cm²)
Circunferencial 2xΦ10,0mm c/9.00cm 8,34/face
Parede circular Vertical externa e interna 2XΦ10,0mm c/20cm 3,93/face
Engastamento na laje de fundo* Φ10,0mm c/8,5cm 9,24
Laje de cobertura Malha ortogonal inferior Φ12,5mm c/8,0cm 15,34
Malha ortogonal superior Φ10,0mm c/13,0cm 6,00
Laje de fundo
Engastamento na parede* Φ10,0mm c/8,5cm 9,24
* valor compatibilizado para a armadura de engastamento entre a parede e a laje de fundo.
89

11. VERIFICAÇÃO DO ESTADO-LIMITE DE SERVIÇO

Conforme mencionado no item 7.3, a verificação do estado limite de serviço (ELS) foi
considerada no estudo como do tipo “quase permanente”, sendo definida como COMB.03, que
levou em conta os carregamentos a seguir:
COMBINAÇÃO DE SERVIÇO 01 (COMB.03):
− Peso próprio do concreto;
− Peso de impermeabilização;
− Sobrecarga acidental na laje de cobertura (variável);
− Empuxo de água considerando nível máximo de extravasão;
− Peso de água na laje do fundo considerando nível máximo.

Vale salientar que os coeficientes de ponderação das ações foram previamente


apresentados na Tabela 15, onde a única carga considerada como variável para o modelo do
SAP2000 foi a sobrecarga na laje de cobertura, com o fator de ponderação Ψ2 considerado como
0,4. Ou seja, os esforços provenientes da carga hidráulica foram considerados como
permanentes para o estudo do ELS.

Logo, foram verificados os seguintes estado-limites de serviço:


− ELS-DEF: deformação excessiva;
− ELS-F: formação de fissuras;
− ELS-W: abertura de fissuras.

11.1 ELS-DEF deformação excessiva

A NBR 6118 (ABNT, 2014) define no item 3.2.4 que deve ser verificado o “estado-
limite de deformações excessivas”, também denominado de “ELS-DEF”. Primeiramente, deve
ser avaliado o estádio de cálculo em que situa a peça da seção considerada, através do chamado
“Momento de fissuração”.

11.1.1 Momento de fissuração (Mr)

As fissuras em elementos fletidos de concreto armado ocorrem quando as tensões de


tração ultrapassam a sua capacidade resistente. Assim, a formação de fissuras acontece quando
90

a máxima tensão de tração no concreto atinge a resistência à tração na flexão (fct), para atuação
de um certo momento em serviço identificado como momento de fissuração.
Este momento de fissuração separa o Estádio I do Estádio II. O momento de fissuração
pode ser calculado com a seguinte expressão:
𝑀𝑟 = 𝛼 × 𝑓𝑐𝑡 × 𝑊
Onde:
− α = 1,5 para seções retangulares, denominado de fator de correlação entre “a
resistência à tração na flexão com a resistência à tração direta” Bastos (2015);
− fct em MPa dado por:
2 2
𝑓𝑐𝑡𝑘 = 0,3 × (𝑓𝑐𝑘 3 ) = 0,3 × (403 ) = 3,51 𝑀𝑃𝑎 = 0,351𝑘𝑁/𝑐𝑚²

− W para seções retangulares igual a:


b × h2
W =
6
O momento de fissuração é então comparado ao momento atuante obtido na combinação
“quase-permanente”, definida em Bastos (2015) como:
𝑝 = 𝑞 + 𝛹2 × 𝑞
Em que:
− q é a carga permanente total no elemento (peso próprio e carga hidráulica,
definido na Tabela 15);
− g é a carga variável no elemento (considerada apenas a sobrecarga da laje de
cobertura);
− Ψ2 é o fator de redução para a combinação quase-permanente, adotada como 0,4;
Assim, de posse do momento de fissuração e da COMB. 03 para o ELS-DEF no
SAP2000 foi produzida a Tabela 23 com a comparação entre os valores de momento para cada
elemento estrutural:

Tabela 23 – Análise do Momento de fissuração para o ELS-DEF


Elemento b (cm) h (cm) W (cm³) Mr (kN.cm) Ma (kN.cm) Estádio
Parede 100 40 26666,67 14035,30 1576,50 1
Cobertura 100 25 10416,67 5482,50 5122,70 1
Fundo 100 40 26666,67 14035,30 9276,20 1
Fonte: Elaborado pelo autor (2018).

Observa-se que nos três elementos, a peça não estará fissurada, trabalhando no estádio
1 em serviço.
91

11.1.2 Deformação máxima

Os deslocamentos máximos dos elementos estruturais são tratados na Tabela 13.3 da


NBR 6118 (ABNT, 2014), onde os principais limites estão listados no Quadro 2. Logo,
considerando todos os elementos como “superfícies que devem drenar água” e avaliando a
aceitabilidade sensorial, encontramos um deslocamento limite de l/250, de forma o ELS-DEF
é garantido ao se comparar a flecha limite máxima com a obtida da análise.

Quadro 2 – Limites para deslocamentos

Deslocamento a Deslocamento-
Tipo de efeito Razão da limitação Exemplo
considerar limite

Aceitabilidade Deslocamentos visíveis em


Visual Total l/250
Sensorial elemento estruturais

Efeito
Superfícies que
estruturais em Coberturas e varandas Total l/250
devem drenar água
serviço
Fonte: Adaptado da NBR 6118 (ABNT, 2014).

Assim, para o cálculo da flecha total, serão consideradas as duas parcelas de


deformação:
− Flecha imediata;
− Flecha diferida.
Esta verificação será feita para a laje de cobertura, já que a laje de fundo será verificada
no item 11.4.

11.1.3 Laje de cobertura

Para a laje de cobertura, foi calculada a seguinte flecha imediata pelo software:
92

Figura 36 – Flecha imediata da laje de cobertura (SAP2000)

Fonte: Elaborado pelo autor (2018).

Desta forma, a flecha imediata encontrada para a COMB.03 é de 1,35cm. Já para a


flecha diferida, será calculada a partir do fator αf, dado por:

Δξ
αf =
1 + 50ρ′
De modo que:
𝛥𝜉 = 𝜉(𝑡) − 𝜉(𝑡0 )
− ξ(t) é adotado como 2,0 por ter tempo “t” superior a 70 meses;
− ξ(t0) é adotado como 0,68 por considerar que a carga de longa duração irá atuar
a partir do primeiro mês de construção;
− ρ’ é nulo por não possuir armadura superior no centro da laje.
Logo:

(2,00 − 0,68)
αf = = 1,32
1+0

Assim, a flecha total na laje é dada por:

𝑎𝑡 = 𝑎𝑖 (αf + 1) = 13,5 × (2,32) = 31,32𝑚𝑚 = 3,13𝑐𝑚

O deslocamento limite apresentado no Quadro 2 é de:


11,70𝑚
δlimite = = 0,0468𝑚 = 46,8𝑚𝑚 = 4,68𝑐𝑚
250
93

Logo, como a flecha máxima na laje é inferior ao deslocamento limite, de modo que o
ELS-DEF está verificado para a laje de cobertura do reservatório.

11.2 ELS-F formação de fissuras

Apesar do momento atuante nos elementos não terem excedido o valor do momento de
fissuração, deve-se atentar ao ELS-F para a força normal de tração atuante na parede do
reservatório. Assim, o valor do esforço normal máximo de tração na parede deve ser comparado
ao valor limite dado por:
𝑁máx = 𝐴 × 𝑓𝑐𝑡𝑘,𝑖𝑛𝑓
Onde:
A é a área transversal da parede, dada por 1,00x0,40m = 0,40m²;
3 3
2
𝑓𝑐𝑡𝑘,𝑖𝑛𝑓 = 0,7 × 0,3 × √𝑓𝑐𝑘 = = 0,7 × 0,3 × √402 = 2,457𝑀𝑃𝑎

Logo, tem-se:
𝑁máx = 0,40𝑚2 × 2457𝑘𝑃𝑎 = 928,8𝑘𝑁/𝑚
O valor de tração máxima aplicada foi de Nd,máx = +116,45kN/m, de modo que também
não foi ultrapassado o valor máximo de formação de fissuras para o esforço normal máximo de
tração na parede do reservatório.

11.3 ELS-W abertura de fissuras

Na verificação do ELS-W de abertura de fissuras, deve ser considerada a combinação


frequente de ações, ou seja, a mesma COMB.3 simulada no SAP2000 para o ELS-DEF descrito
em 11.1.
Assim, conforme a Tabela 23, nenhum elemento estrutural do reservatório ultrapassou
o limite do momento de fissuração e, consequentemente, não há a necessidade de cálculo do
ELS-W, onde todos os elementos passam nesta verificação.

11.4 Estimativa de recalque na laje de fundo

O Recalque em camada de areia ocorre como um meio elástico não homogêneo


(MENH) que é definido por Schmertmann (1978) o qual considera o solo como um “semiespaço
94

elástico, isotrópico e homogêneo”. Para isso, deve ser considerado um bulbo de recalque com
z = 2B, ou seja, no caso da laje de fundo, devemos avaliar uma profundidade de 24 metros.
Nessa situação a laje de fundo será assentada no topo do terreno, sem embutimento.
Como a laje é circular com diâmetro B=12,0 m, obtém-se os seguintes valores:
− L1 (altura da camada acima da cota de assentamento) = 0,00m;
− L2 (profundidade do bulbo de recalque) = 2x12,00m = 24,00m;
− Profundidade do Izmáx = B/2 = 12,00m/2 = 6,00m;
− base = 64 KPa (valor máximo obtido na análise do SAP2000);
− q = 0x17 = 0 kPa;
− * = 64-0 = 64 kPa;
− C1 = 1;
− C2 = 1.

Tabela 24 – Dados de entrada para cálculo do recalque imediato

Dados Entrada
σatuante (kPa) 64
B (m) 12
Profundidade do Nível de água (m) N.E.
Recalque no tempo? Não
Fonte: Elaborado pelo autor (2018).

Tabela 25 – Dados calculados para cálculo do recalque imediato

Dados Calculados
profundidade (m) acima (L1) 0
profundidade (m) abaixo (L2) 24
cota (m) Izmax 6
γ (Kn/m³) médio acima 0
q (kPa) 0
σ* (kPa) 64
σ´v (kPa) Izmax 64
Izmax 0,60
C1 1,00
C2 1,00
Fonte: Elaborado pelo autor (2018).
95

Para a análise do método de Schmertmann (1978), foi considerada apenas a sondagem


SP01 devido a necessidade de avaliação de recalques até a profundidade 24,0m e a baixa
profundidade alcançada no furo SP02 (o ensaio alcança o impenetrável na profundidade 5,0m).

Tabela 26 – NSPT das camadas

Profundidade (m) NSPT Abaixo da base


1 15
2 15
3 15
4 15
5 12
6 13
7 10,0
8 10,0
9 11,0
10 12
11 13
12 16
13 35
14 a 24 83
Fonte: Elaborado pelo autor (2018).

Além disso, o valor do Iz com a profundidade pode ser obtido a partir do Gráfico 9.

Gráfico 9 – Valor de Iz com a profundidade

Iz
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8
Profundidade (m)

0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24

Fonte: Elaborado pelo autor (2018).


96

Tabela 27 – Cálculo do recalque imediato

Camadas
Δz K
Abaixo da Tipo de solo α Iz Nspt Es (Mpa) Iz * DeltaZ / Es
(m) (Mpa)
Sapata

1 1 areia 3,00 0,9 0,14 15 40,5 3,50


2 1 areia 3,00 0,9 0,23 15 40,5 5,56
3 1 areia 3,00 0,9 0,31 15 40,5 7,61
4 1 areia 3,00 0,9 0,39 15 40,5 9,67
5 1 areia 3,00 0,9 0,48 12 32,4 14,66
6 1 areia 3,00 0,9 0,56 13 35,1 15,91
7 1 areia 3,00 0,9 0,583 10 27 21,60
8 1 areia 3,00 0,9 0,550 10 27 20,37
9 1 areia 3,00 0,9 0,517 11 29,7 17,40
10 1 areia 3,00 0,9 0,483 12 32,4 14,92
11 1 areia 3,00 0,9 0,450 13 35,1 12,82
12 1 areia 3,00 0,9 0,417 16 43,2 9,65
13 1 areia 3,00 0,9 0,383 35 94,5 4,06
14 11 areia 3,00 0,9 0,183 83 224,1 9,00
Σ (z) 24 Σ (Iz,Δz/Es ) 166,72
Fonte: Elaborado pelo autor (2018).

Logo, o recalque imediato é:


𝜌 = 10,67𝑚𝑚 = 1,07𝑐𝑚
Considerando o recalque ao longo de 5 anos, obtém-se:
𝑡 5
𝐶2 = 1 + 0,2𝑙𝑜𝑔 ( ) = 1 + 0,2𝑙𝑜𝑔 ( ) = 1,34
0,1 0,1
𝜌5 = 𝜌 ∗ 𝐶2 = 14,29𝑚𝑚 = 1,429𝑐𝑚
Segundo Burland et al. (1977), o limite considerado como aceitável para radies e sapatas
isoladas assentadas em areias é de ρmáx = 40 mm, de forma que a laje de fundo passa na
verificação dos recalques.
97

12. DETALHAMENTO DAS ARMADURAS

O detalhamento das armaduras dos elementos dos reservatórios é apresentado em


prancha em anexo. Como complementação do detalhamento foi necessário determinar os
parâmetros a seguir:

− Armaduras complementares;
− Comprimento de ancoragem;
− Transpasse das armaduras.

12.1 Armaduras complementares

As armaduras complementares ao projeto do reservatório são aquelas definidas para


situações particulares que devem ter uma atenção especial.

12.1.1 Armadura em furos e aberturas

A primeira armadura aqui definida é para os furos e aberturas, definida pela NBR 6118
(ABNT, 2014) em seu item 13.2.5.2 “Aberturas que atravessam lajes na direção de sua
espessura” servindo como reforço do elemento próximo aos furos.
Esta norma prevê que a necessidade por verificar a resistência e a deformação nas lajes,
com exceção das lajes lisas ou lajes-cogumelo, “podem ser dispensadas dessa verificação,
quando armadas em duas direções e sendo verificadas, simultaneamente, as seguintes
condições:
a) as dimensões da abertura devem corresponder no máximo a 1/10 do vão menor
(lx)
b) a distância entre a face de uma abertura e o eixo teórico do apoio da laje deve
ser igual ou maior que 1/4 do vão na direção considerada; e
c) a distância entre faces de aberturas adjacentes deve ser maior que a metade do
maior vão”
Deste modo, foram verificadas as condições acima propostas e se determina que:
− Acesso para visitas: O acesso para visitas tem dimensão 80x80cm, locada na laje
de cobertura próxima à escada de marinheiro, conforme Figura 37.
98

Figura 37 – Acesso para visitas 80x80cm

Fonte: INCIBRA (2017).

Para a tampa de acesso, as laterais serão reforçadas com 216,0mm em cada


lateral.
− Furos para passagem das tubulações:
A NBR 6118 (ABNT, 2014) em seu item 13.2.5 define que “De maneira geral os furos
têm dimensões pequenas em relação ao elemento estrutural enquanto as aberturas não”. Assim,
o diâmetro nominal da maior tubulação que atravessa a parede no reservatório é de DN 200, de
modo que foi definida a armação de cada furo com 312,5mm em cada diagonal do furo.

12.1.2 Armadura na mísula e no encontro da parede e laje de fundo

A mísula de canto é um chanfro localizado no encontro entre a parede circular e a laje


de fundo, com a finalidade de evitar a fissuração do canto. Assim, a armadura da mísula será
adotada 8,0mm c/8,50cm.
Já a armadura circunferencial no encontro da laje de fundo com o reservatório deverá
conferir rigidez, de modo que será adotada 612,5mm.

12.1.3 Armadura ortogonal superior da laje de cobertura

A fim evitar fissuras devido a retração dada a grande exposição ao sol da laje de
cobertura, será adicionada uma armadura ortogonal na face superior com valor mínimo de:
0,150
𝐴𝑠𝑚𝑖𝑛 = × 100 × 25 = 3,75𝑐𝑚2 /𝑚
100
Assim, tem-se:
99

10,0mm c/20,0cm (As = 3,75cm²/m) em ambas as direções.

12.1.1 Armadura ortogonal inferior da laje de fundo

Conforme mencionado no item 9.2.4.1, a armadura principal da laje de fundo é


adicionada em sua face superior pois o esforço principal de tração ocorre devido à reação do
solo na laje de fundo. Deste modo, na parte inferior da laje de fundo, será adicionada uma
armadura ortogonal com o valor mínimo de:
0,150
𝐴𝑠𝑚𝑖𝑛 = × 100 × 40 = 6,00𝑐𝑚2 /𝑚
100
Assim, tem-se:
10,0mm c/13,0cm (As = 6,04cm²/m) em ambas as direções.

12.2 Comprimento de ancoragem

A determinação do comprimento de ancoragem básico é baseada na NBR 6118 (ABNT,


2014) em seu item 9.4.2.4, a qual é definida por:

𝛷 𝑓𝑦𝑑
𝑙𝑏 = ( ) × ( )
4 𝑓𝑏𝑑
Onde:

− Φ é o diâmetro da barra adotada;


− fyd é a tensão de escoamento da armadura, dada por 434,8 MPa (aço CA-50);
− fbd é a resistência de aderência de cálculo entre a armadura e o concreto, definido
no item 9.3.2.1 da NBR 6118 (ABNT, 2014), como:

𝑓𝑏𝑑 = 𝜂1 × 𝜂2 × 𝜂3 × 𝑓𝑐𝑡𝑑
Admitindo:
− η1 = 2,25 para barras nervuradas;
− η2 = 1,0 considerando situação de boa aderência;
− η3 = 1,0 para Φ < 32 mm.
− fctd = fctk,inf / γc :
3 3
2
𝑓𝑐𝑡𝑘,𝑖𝑛𝑓 = 0,7 × 0,3 × √𝑓𝑐𝑘 = = 0,7 × 0,3 × √402 = 2,457𝑀𝑃𝑎
100

𝑓𝑐𝑡𝑘,𝑖𝑛𝑓 2,475𝑀𝑃𝑎
𝑓𝑐𝑡𝑑 = = = 1,768 𝑀𝑃𝑎
𝛾𝑐 1,4

Portanto:

𝑓𝑏𝑑 = 2,25 × 1,0 × 1,0 × 1,768 = 3,978 𝑀𝑃𝑎


Assim, o comprimento básico de ancoragem para cada bitola de aço empregada é dado
como:

Tabela 28 – Comprimento de ancoragem básico


Φ (mm) fyd (MPa) fck (MPa) fbd (MPa) lb (mm) lb (cm) 25 Φ (cm) lb, básico (cm)
8,00 434,80 40 3,95 220 22 20 20
10,00 434,80 40 3,95 275 28 25 25
12,50 434,80 40 3,95 344 34 31 31
16,00 434,80 40 3,95 441 44 40 40
Fonte: Elaborado pelo autor (2018).

O comprimento do gancho é definido no item 9.4.2.3 da NBR 6118 (ABNT, 2014), que
define para ângulo reto, o valor mínimo de 8Φ. Logo, o valor do comprimento de ancoragem
necessário dado pelo item 9.2.3.5 da mesma norma citada acima é
𝐴𝑠𝑐𝑎𝑙𝑐
𝑙𝑏 = 𝛼 × 𝑙𝑏 × ≤ 25𝛷
𝐴𝑠𝑒𝑓
A fim de facilitar o cálculo, será adotado o comprimento de ancoragem considerando
que a armadura calculada equivale a armadura efetiva. Além disso, o valor de α será de 0,7
devido a ser uma “barra tracionada com gancho, com cobrimento no plano normal ao do gancho
≥ 3Φ.
Já o comprimento mínimo de ancoragem adotado é dado pelo maior entre os valores
abaixo:
10𝑐𝑚
𝑙𝑏𝑚í𝑛 > { 10 × 𝛷
0,3 × 𝑙𝑏
Logo, o comprimento adotado de ancoragem para cada bitola de aço empregada é dado
conforme a Tabela 29.
101

Tabela 29 – Comprimento de ancoragem total


Φ lb, básico lb, nec 0,3lb, básico. 10Φ lb, mín lb, adot. lgancho ltotal
α
(mm) (cm) (cm) (cm) (cm) (cm) (cm) (cm) (cm)
8,00 20 0,7 14,00 6,00 8,00 10,00 14,00 7,00 21,00
10,00 25 0,7 17,50 7,50 10,00 10,00 17,50 8,00 26,00
12,50 31 0,7 21,88 9,38 12,50 12,50 21,90 10,00 32,00
16,00 40 0,7 28,00 12,00 16,00 16,00 28,00 13,00 41,00
Fonte: Elaborado pelo autor (2018).

12.3 Transpasse das armaduras

Levando em conta que a comprimento de barra máximo comercial é de 12,00m, será


necessário realizar o transpasse de barras. Logo, o comprimento transpasse das armaduras será
realizado de acordo com o definido na Tabela 30.

Tabela 30 – Comprimento de transpasse


Φ (mm) Ltranspasse (cm)
6,3 35
8,0 40
10,0 50
12,5 60
16,0 80
Fonte: Elaborado pelo autor (2018).
102

13. RESULTADOS

O projeto estrutural do reservatório deverá seguir as especificações técnicas definidas


em nota pelo projetista que constam nas peças gráficas apresentadas em anexo ao trabalho. A
primeira planta (exibida no apêndice A) equivale ao projeto arquitetônico recebido pelo cliente
como anexo do projeto básico do sistema de abastecimento de água.
− 01: Planta arquitetônica;
De posse dos desenhos arquitetônicos, foram concebidas as fôrmas das lajes (cobertura
e fundo) e da parede circular, respeitando as definições do projeto hidráulico, elaborando as
modificações estruturais necessárias. Por fim, as plantas de armação foram detalhadas de acordo
com o dimensionamento realizado neste trabalho, sempre balizado nas definições das normas
reguladoras brasileiras.
Assim, as pranchas resultantes (exibidas no apêndice B) deste projeto estrutural foram
apresentadas na seguinte ordem:
− 01: Planta de fôrmas;
− 02: Planta de armação da parede;
− 03: Planta de armação da laje de cobertura;
− 04: Planta de armação da laje de fundo.
103

14. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os reservatórios são elementos de fundamental importância para o funcionamento dos


sistemas de abastecimento de água, devendo seguir exigências técnicas quanto resistência,
estanqueidade e durabilidade para garantir o desempenho satisfatório.
Assim, neste trabalho foi elaborado o projeto estrutural para um reservatório circular
apoiado em concreto armado, baseado em um objeto real. A análise estrutural foi baseada na
comparação do método analítico e numérico, de modo que foram adotadas duas ferramentas
computacionais de cálculo (Res.exe e SAP2000), a fim de verificar os resultados da obtenção
dos esforços.
Durante a etapa de análise, foi verificado que a principal limitação dos modelos
analíticos estudados foi a consideração do solo como indeformável, ou seja, não levando em
conta os efeitos da interação solo-estrutura, que acaba por resultar em diferentes métodos de
obtenção de esforços para o dimensionamento da laje de fundo.
Além disso, constatou-se que o principal esforço que ocorre em reservatórios circulares
apoiados é decorrente do empuxo de água, servindo de base para os cálculos dos esforços
principais na parede: força normal de tração e momento fletor.
Assim, com base na análise dos elementos componentes do reservatório: laje de
cobertura, laje de fundação e parede circular, foi realizada a fase de dimensionamento,
verificação dos estados-limites de serviço e detalhamento final da armadura, baseadas nas
normativas brasileiras e nas referências literárias.
Vale salientar que, na execução da unidade, devem ser observadas, em conjunto, todos
os outros documentos/desenhos que compõem as informações necessárias para a correta
elaboração da obra. Na eventualidade de conflito de informações, os projetistas responsáveis
pela elaboração dos projetos deverão ser consultados de imediato.
Portanto, o roteiro aqui proposto visa o auxílio ao cálculo de futuros projetos estruturais
de reservatórios a serem desenvolvidos, porém que não deverá ser executado em nenhuma
hipótese.
104

REFERÊNCIAS

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de concreto – Procedimento. Rio de Janeiro, 2014.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: Cargas para o cálculo


de estruturas de edificações. Rio de Janeiro, 1980.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6484: Solo - Sondagens de


simples reconhecimento com SPT – Método de ensaio. Rio de Janeiro, 2001.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6492: Representação de


projetos de arquitetura. Rio de Janeiro, 1994.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7480: Aço destinado a


armaduras para estruturas de concreto armado – Especificação. Rio de Janeiro, 2007.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7808: Símbolos gráficos


para projetos de estruturas. Rio de Janeiro, 1983.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8681: Ações e Segurança


nas Estruturas – Procedimento. Rio de Janeiro, 2003.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8800: Projeto de estruturas


de aço e de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios – Procedimento Rio de Janeiro,
2008.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 1994: Projeto de


reservatório de distribuição de água para abastecimento público. Rio de Janeiro, 1994.

BASTOS, P.S.S.; Lajes de concreto: Estruturas de concreto I. Bauru/SP: Unesp, 2015. Notas
de aula.

BURLAND, J.B.; BROMS, B.B.; MELLO, V.F.B. Behaviour of foundations and structures.
In: INT. CONF. OF SOIL MECH. AND FOUND. ENGNG., 9., Tóquio, 1977.

CINTRA, J.C.A.; AOKI, N.; ALBIERO, J.H. Fundações diretas: projeto geotécnico. Oficina
dos textos, São Paulo, 2011.

GODOY, N.S. Estimativa da capacidade de carga de estacas a partir de resultados de


penetrômetro estático. Palestra. São Carlos (SP): Escola de engenharia de São Carlos – USP,
1983.

GUERRIN, A; LAVAUR, Roger, C.; LAUAND, Carlos Antônio. Tratado De Concreto


Armado, v.5: Reservatórios, caixas d'agua, piscinas. Editora Hemus. 2003.

GUIMARÃES, A.E.P.; Indicações para projeto e execução de reservatórios cilíndricos em


concreto armado. Universidade de São Paulo: Escola de Engenharia de São Carlos, 1995.

HANGAN, M.; SOARE, M.M. Calcul rapide des réservoirs cylindriques. Annales de
L’Institut Technique du Batiment et des Travaux Publics. n.135-136, 1959.
105

INCIBRA. Projeto Básico – Igarassu/PE. Natal, 2017.

MOLITERNO, A.; MENDES, M.; Caderno de muros de arrimo. 2. ed. São Paulo: Edgard
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MONTOYA, P.J.; MESEGUER, Á.G.; CABRÉ, F. M.; Hormigón Armado: Ajustada al


código modelo y al eurocódigo. 14. ed. Barcelona: Editorial Gustavo Gili, 2000.

MORAES, M.C.; Estruturas de fundações. 2. ed. São Paulo: McGraw Hill, 1976.

PINHEIRO, L.M.; Fundamentos do concreto e projeto de edifícios. São Carlos:


Universidade de São Paulo, 2007.

SCHMERTMANN, J.H., HARTMAN, J.P. BROWN, P. R. Improved Strain Influence


Factor Diagrams. Journal of the Geotechnical Engineering Division, ASCE, New York, v.104,
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TERZAGHI, K. Theoretical soil mechanics. New York: John Wiley and Sons, 1943.

TEXEIRA, A.H.; GODOY, N.S. Análise, projeto e execução de fundações rasas, in:
HACHINCH, W. et al. (ed.) Fundações: teoria e prática. São Paulo: Pini, Cap. 7, 1996.

VENTURINI, W.S.; Contribuição ao dimensionamento de reservatórios cilíndricos


protendidos. São Carlos, Dissertação (Mestrado) – Escola de Engenharia de São Carlos,
Universidade de São Paulo. 1979.
APÊNDICE A – PLANTA DO PROJETO ARQUITETÔNICO
ACESS
O
RAP 2-I
G

APOIO

90°

LOCAÇÃO

0,15 0,15
0,15 0,15 2,85
2,95
4,52 1,07
0,15 0,15

ENTRADA 0,43 SAÍDA


DN 150 DN 200
11,30
1,60 1,70 1,65


0,15 0,15

180°
4,52

ELEVAÇÃO

1,70

0,43

0,97

0,69

0,15 0,15
270°
1,30

0,15

1,50

0,15
P/PLUVIAIS
DN 200

PLANTA BAIXA COBERTURA

12,10

77,85 77,85

0,25 0,25

0,80 0,80
0,61
76,99 76,99 0,61

EXTRAVASOR
DN 200

0,40 11,30 0,40


0,40 0,40

4,66 4,66

4,10 4,10

1,95

72,99 72,99
72,89 72,89 72,89 72,89
0,40
0,20 0,05 0,20
0,05 0,05
72,46 0,16
0,40 1,15 0,44
0,50 0,50
72,18
1,40 0,10
SAÍDA 1,05 1,11
1,20 DN 200

0,15 P/PLUVIAIS
ENTRADA DN 200
DN 150
0,43 0,70
0,15 0,10
0,15 2,85 1,50 0,36 0,71
2,95
0,16 0,15 0,15 0,15
0,15 0,15

CORTE AA CORTE BB

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE


CENTRO DE TECNOLOGIA - CT
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
CIV0489 - TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
Assunto:
PROJETO DE RESERVATÓRIO CIRCULAR DE CONCRETO ARMADO APOIADO
Sub-Assunto:
PROJETO ARQUITETÔNICO
PLANTA BAIXA, CORTES AA e BB E COBERTURA
Aluno: Prancha:

ARTHUR JOSÉ MAIO CAMPOS 01/ 01


Orientador: Escala:

RODRIGO BARROS (ECT/UFRN) INDICADA


Coorientador: Data:
MAIO/2018
JOSÉ NERES DA SILVA FILHO (DEC/UFRN)
APÊNDICE B – PLANTAS DO PROJETO ESTRUTURAL
40
60

50

80

40
429
465

Ø EXT. 1210

40 521 80 521 40
Ø INT. 1130
40 300 265 265 300 40
170

40 50 474 170 316 43 64

367

40

43

69

25 25

61 61

405 410 410

43
71
40
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
40 CENTRO DE TECNOLOGIA - CT
43 70 40
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
40 71 CIV0489 - TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
36
σ≥ Assunto:
PROJETO DE RESERVATÓRIO CIRCULAR DE CONCRETO ARMADO APOIADO
σ≥ Sub-Assunto:
PLANTA DAS FÔRMAS
FÔRMA DO FUNDO, COBERTURA E CORTE
Aluno: Prancha:

ARTHUR JOSÉ MAIO CAMPOS 01/ 04


Orientador: Escala:

RODRIGO BARROS (ECT/UFRN) INDICADA


Coorientador: Data:
MAIO/2018
JOSÉ NERES DA SILVA FILHO (DEC/UFRN)
50 50 50

950 950 950 950

60 60 60

R.INT. = 570

40
5
30 30

R. EXT. = 605
526

526

30

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CENTRO DE TECNOLOGIA - CT
160 DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
30 CIV0489 - TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
Assunto:
PROJETO DE RESERVATÓRIO CIRCULAR DE CONCRETO ARMADO APOIADO
30
100 Sub-Assunto:
PLANTA DE ARMAÇÃO DA PAREDE CIRCULAR - 1
VISTA, CORTE E DETALHES
45,00°
Aluno: Prancha:
30 250 30 ARTHUR JOSÉ MAIO CAMPOS 02/ 04
30 30 30 Orientador: Escala:

RODRIGO BARROS (ECT/UFRN) INDICADA


Coorientador: Data:
MAIO/2018
JOSÉ NERES DA SILVA FILHO (DEC/UFRN)
15 15

15 15

15 15
50

15 15

15 15

50

15 15
15 15

15 15 15 15
50 50
15 15 15 15

15

25

15

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CENTRO DE TECNOLOGIA - CT
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
CIV0489 - TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
Assunto:
PROJETO DE RESERVATÓRIO CIRCULAR DE CONCRETO ARMADO APOIADO
Sub-Assunto:
PLANTA DE ARMAÇÃO DA PAREDE E LAJE DE COBERTURA
PLANTA, VISTA, CORTE E DETALHES
Aluno: Prancha:

ARTHUR JOSÉ MAIO CAMPOS 03/ 04


Orientador: Escala:

RODRIGO BARROS (ECT/UFRN) INDICADA


Coorientador: Data:
MAIO/2018
JOSÉ NERES DA SILVA FILHO (DEC/UFRN)
30 30
50 50
30 30

30 50
50
30 50
30 30 30 30

50 50

30 30

50

50
30 30

30 30

50

50 50 50
30 30

50
30 30
30 30 30 30
50 50 50 50

30 30 30 30

100
150 30
150 50 50
30 100
50 63
42 107 73 42
45° 135° 135° 45°
135° 30 30 45° 135°
45°
42
42 42
42

70 30
15 100 90
77 120
30 15 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA - CT
30 30 43
30 DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
CIV0489 - TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
30 30 Assunto:
PROJETO DE RESERVATÓRIO CIRCULAR DE CONCRETO ARMADO APOIADO
135°
42 Sub-Assunto:
PLANTA DE ARMAÇÃO DA LAJE DE FUNDO
42 42 45°

45° 135° 150 PLANTA, VISTA, CORTE E DETALHES


50 45°
135° 45
150 135° 45° 42 Aluno: Prancha:

42
50 ARTHUR JOSÉ MAIO CAMPOS 04/ 04
Orientador: Escala:
61 135° 30 100 INDICADA
30 RODRIGO BARROS (ECT/UFRN)
86 Coorientador: Data:

119 MAIO/2018
JOSÉ NERES DA SILVA FILHO (DEC/UFRN)

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