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ARQUITETURA RENASCENTISTA

FUNDAMENTOS
Os tratados de arquitetura
Em 1414 se localiza na
abadia de Montecassino o
tratado De Architectura
de Vitrúvio.
A partir desse momento,
os homens do
quattrocento e cinquecento
procuram estabelecer um
diálogo com o texto do
arquiteto romano.
Os tratados de arquitetura
A necessidade de um código ou norma
que expressasse a beleza e a harmonia
de forma racional e matemática na
arquitetura, levou à elaboração e
publicação de uma série de tratados de
arquitetura, inspirados a partir do
recém-descoberto modelo romano de
Vitrúvio.
Os tratados de arquitetura
Leon Battista Alberti escreveu o primeiro tratado
renascentista em 1452, denominado De re
aedificatoria.
Destacam-se também os textos de Filarete, Serlio,
Vignola e Palladio.
Esses documentos foram publicados e reproduzidos
pela imprensa de Gutenberg e difundiram as ideias do
classicismo italiano por toda a Europa, estabelecendo-
se como paradigma nos próximos cinco séculos.
Os tratados de arquitetura
O tratado de Alberti é extenso e como o tratado
de Vitrúvio é dividido em 10 partes seguindo a
tríade vitruviana de firmitas, utilitas e
venustas, que são interpretadas por Alberti
como:
necessidade, comodidade e prazer estético.
Alberti procura a estabelecer a arquitetura como
um processo intelectual.
Os tratados de arquitetura
Nesta obra, Alberti
defendia que o arquiteto
tinha dois momentos em
seu ofício: a criação (as
ideias, a teoria); e a
prática, que é o
processo físico da
construção.
Este primeiro momento,
que é o processo do
projeto, para ele era um
exercício puramente
intelectual.
Detalhe, Escola de Atenas, Rafael
Sanzio, 1509-1511.
Leon Battista Alberti
(1404-1472)
Os desenhos, calculados através de uma precisão
matemática, eram chamados por ele de lineamentos, e
a obra em si, de matéria.
“É bastante possível projetar formas inteiras na mente,
sem qualquer recurso material, pela designação e
determinação de uma orientação fixa, e conjunção de
várias linhas e ângulos. Considerando que isso é o caso,
lineamentos devem ser o esboço preciso e correto,
concebidos na mente, composto de linhas e ângulos, e
aperfeiçoado pela inteligência e imaginação” (ALBERTI,
Livro I, Capítulo I).
“Eu concebi frequentemente projetos na mente que
pareciam bastante razoáveis na ocasião; mas quando
os traduzi em desenho, eu encontrei vários erros nas
mesmas partes que me agradaram muito, e erros
bastante sérios; novamente, quando eu voltei aos
desenhos, e verifiquei as dimensões, reconheci e
lamentei meu descuido; finalmente, quando passei
dos desenhos para a maquete, às vezes notei
enganos em partes individuais, até mesmo em cima
dos números” (ALBERTI, Livro IX, Capítulo X).
Os tratados de arquitetura
Os arquitetos
renascentistas NÃO
pretendiam que a
arquitetura de sua época
fosse uma cópia dos
modelos grego-romanos,
mas sim uma
EVOLUÇÃO – uma forma
ideal, perfeita, segundo os
princípios racionais do
classicismo.

As cinco ordens clássicas segundo o tratado de Vignola (1562).


Os tratados de arquitetura
Os princípios destes
tratados determinavam
desde a aparência que
diferentes tipos de
construções deveriam
ter, qual a proporção
ideal, quais elementos
deveriam ser dispostos
e de que maneira.
Os tratados de arquitetura
As ordens
clássicas foram
detalhadamente
descritas, desde a
combinação de
seus elementos
(colunas,
entablamentos,
capitéis), como
também eram
determinadas
quais as
dimensões
Santa Maria Novella, Florença, Itália.
corretas de cada Fachada projetada por Alberti em 1470.
elemento.
“O livro de Alberti […] expunha com detalhamento
matemático os principais elementos da
arquitetura – o quadrado, o cubo, o círculo, e a
esfera – e as proporções ideais de um edifício
que decorresse deles. Essas proporções não
estavam apenas em harmonia com a música e a
natureza, mas com as do corpo humano
idealizado. Assim como o homem fora criado à
imagem de Deus, a edificação podia representar
a própria imagem do Criador divino se os
arquitetos seguissem a lógica das proporções
matemáticas.” (GLANCEY, 2007, pp. 68-69)
Arquitetura: trabalho erudito
Os tratados eram
compreendidos como obras
intelectuais, isto é, o arquiteto
deixa de ser visto como um
simples artista ou mestre de
obras e passa a ser visto
como um estudioso ou erudito.
Isso era importante porque a
ideia sobre o trabalho manual
- na Antiguidade Clássica e na
Idade Média - era
desvalorizado.

Autorretrato de Leonardo Da
Vinci, 1505.
Arquitetura: trabalho erudito
No Renascimento,
os artistas e
arquitetos passaram
a ser vistos pelos
mecenas como
verdadeiros “gênios”
e começaram a
adquirir prestígio na
sociedade.

Retrato de Palladio, 1576.


O MECENAS E O ARTISTA
Leonardo da Vinci empenhou-se em provar que a
pintura e a arquitetura eram artes liberais, e não
mecânicas, como na Idade Média. Essa teoria
tem dois aspectos. Ela exige do mecenas uma
nova atitude diante do artista, mas também exige
do artista uma nova atitude diante de sua obra.
Apenas o artista que abordasse sua arte com
espírito acadêmico, isto é, como um pesquisador,
tinha direito a ser considerado igual pelos
eruditos e autores humanistas. (PEVSNER, 2002,
p. 175).
Geometria e Composição
A Capela Pazzi,
projetada por
Brunelleschi
(1430) é
considerada uma
das obras-
primas da
arquitetura do
Renascimento
italiano.
Capela Pazzi, Florença (1430-1460).
A harmonia e o
equilíbrio do
desenho são
consequências da
aplicação das regras
da geometria.
Brunelleschi
combinou colunas,
pilastras e arcos
plenos de maneira
inédita na História
da Arquitetura.
Embora sua inspiração seja a arte romana, a
capela não guarda semelhanças com os templos
clássicos, tampouco com as igrejas góticas.
Capela Pazzi
Na Capela Pazzi já NÃO se nota mais relação
alguma com as referências da arquitetura gótica.
Nessa obra, Brunelleschi exibe a linguagem
humanista em toda a sua plenitude, utilizando
colunas e pilastras coroadas por capitéis clássicos,
entablamentos emoldurados, arcos de meio ponto,
cúpula sobre pendentes, entre outros.
(PEREIRA, 2010, p. 146).
Alterações na Planta
Uma grande mudança
humanista na arquitetura de
igrejas é a primazia das
formas geométricas como
quadrados e círculos.
Estas formas levaram a uma
mudança de paradigma,
alterando o padrão formal
que havia se estabelecido
desde as basílicas cristãs: a
transição entre formas
cruciformes para
esquemas de planta
centralizada.
Planta baixa da Capela Pazzi.
Alterações na Planta
Embora as igrejas de
planta longitudinal (por
enfatizar o percurso do fiel
até o ponto focal, onde se
localiza o altar e por adotar
planta em forma de cruz)
tenham sido consideradas
mais adequadas para as
igrejas, havia no interior do
clero alguns humanistas
que exaltavam as formas
perfeitas das plantas
centrais. Planta de Bramante para a
Basílica de São Pedro (1505).
Alterações na Planta
O templo de planta
centralizada – que no
século XV era
considerado como a
expressão apropriada
do divino e da
harmonia universal –
entra em conflito com as
disposições do Concílio
de Trento (1545-1563),
que passa a
recomendar a cruz
latina para as
Elia Naurizio, Trento, 1633.
edificações religiosas.
A demonstração das
possibilidades arquitetônicas da
perspectiva linear têm seu
melhor exemplo na Basílica de
São Lourenço (1419-1460) e
Espírito Santo, nas quais
Brunelleschi renova o modelo
de organização espacial.
A antiga basílica
paleocristã é
reformulada por meio
de alguns módulos
simples que se
mantém constantes
em sua planta baixa,
seu volume e suas
elevações, e que vêm
relacionados em seu
conjunto pelas novas
leis da perspectiva.

Plantas e esquemas de proporção


de São Lourenço.
Bibliografia
GLANCEY, Jonathan. A História da Arquitetura.
São Paulo: Ed. Loyola, 2007.
PEREIRA, José Ramón A. Introdução à História
da Arquitetura: das origens ao século XXI. Porto
Alegre: Bookman, 2010.
PEVSNER, Nikolaus. Panorama da Arquitetura
Ocidental. São Paulo:Martins Fontes, 2002.
SUMMERSON, John. A Linguagem Clássica da
Arquitetura. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
Questões
1. Como se chama o tratado de Vitrúvio?
2. Sobre o Tratado de Alberti, responda:
a) Quando foi escrito?
b) Qual seu título?
c) Quais principais ideias defendeu?
3. Qual é a importância dos tratados para a arquitetura renascentista?
4. Por que os arquitetos renascentistas procuravam reforçar a ideia da
arquitetura como um trabalho intelectual?
5. Explique sobre as transformações das plantas na arquitetura religiosa
renascentista.
6. Quais foram as ideias predominantes na arquitetura renascentista? De
que modo essa visão de arquitetura traduz o espírito da época?

Desenho 3: Capela Pazzi de Brunelleschi.

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