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Processo: 0000468-15.2016.8.16.0120
Classe Processual: Procedimento Comum
Assunto Principal: Aposentadoria Especial (Art. 57/8)
Valor da Causa: R$11.456,62
Autor(s): JOSÉ BENEDITO SOARES
Réu(s): INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
SENTENÇA
I. RELATÓRIO
Trata-se de “Ação de Revisão de Benefício Previdenciário” proposta por JOSÉ BENEDITO SOARES em face
do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL. Alega a parte requerente que, em 14/03/2014, protocolou
pedido administrativo perante o INSS de aposentadoria, oportunidade em que a autarquia previdenciária
concedeu a aposentadoria por tempo de contribuição proporcional.
Contudo, alega que o INSS não considerou para o cálculo do tempo de contribuição a especialidade da
atividade rural.
Por consequência, requer a revisão do benefício, para o fim de ser concedido o benefício na forma de cálculo
mais vantajosa. Instruiu a inicial com os documentos nos movs. 1.2 a 1.12.
Devidamente citado, o requerido apresentou contestação (mov. 20.1), rechaçando as matérias ventiladas em
exordial. Ao final, pugnou pela improcedência do pedido inicial.
Proferida decisão saneadora (mov. 32.1), fixando os pontos controvertidos. Já em decisão de mov. 40.1, foi
deferida a produção da prova pericial.
É o relatório.
DECIDO.
II. FUNDAMENTAÇÃO
O segurado que trabalhou, alternativamente, em atividade comum e especial tem direito a ter convertido o
seu tempo de serviço especial incompleto, para efeitos de concessão de aposentadoria por tempo de
contribuição, na forma do art. 57, § 5º da Lei nº 8.213/91, art. 58, inciso XXII e art. 64 do Decreto nº 2.172/97.
Isto posto, considerando a diversidade de diplomas legais que se sucederam na disciplina da matéria, faz-se
mister definir qual a legislação aplicável ao caso concreto, ou seja, qual a legislação vigente quando da
prestação da atividade pela parte autora.
O autor aduz que a atividade rural desenvolvida nos períodos de 10/06/1974 a 27/04/1976, 04/05/1976 a
23/09/1976, 06/01/1977 a 20/10/1977, 28/10/1977 a 03/11/1977, 09/11/1977 a 13/12/1977, 19/12/1977 a
20/03/1981, 01/12/1981 a 13/01/1988, 01/08/1988 a 03/09/1988, 27/04/1989 a 10/02/1990, 01/03/1990 a
15/01/1993, 19/04/1993 a 30/06/1993, 19/07/1993 a 11/12/1993, 25/04/1994 a 05/10/1994, 06/10/1994 a
26/12/1994, 02/01/1995 a 07/02/2003, 14/04/2003 a 07/11/2003, 03/05/2004 a 10/12/2004, 03/01/2005 a
07/11/2005, 23/03/2006 a 06/11/2006, 01/02/2007 a 13/12/2007, 05/05/2008 a 05/12/2008, 09/02/2009 a
25/03/2009, 01/04/2009 a 14/12/2009, 01/04/2010 a 12/12/2010, 01/04/2011 a 30/12/2011, 16/05/2012 a
21/11/2012, 16/04/2013 a 09/08/2013, 13/08/2013 a 01/12/2013, enquadra-se como atividade especial.
(...)
Assim, temos convicção de que, durante oito meses por ano, o ambiente é insalubre
em grau médio, de vinte por cento, para o trabalhador exposto ao calor do SOL, pois
ultrapassa o limite de tolerância. Note bem que não estamos interpretando o ambiente
insalubre devido à exposição ao sol, pois desta maneira até no inverno seria insalubre,
mas sim devido à exposição ao excesso de calor emitido pelo SOL. E esta conclusão
é puramente matemática, pois usamos a equação definida neste Anexo 3 da NR 15,
para ambientes externos com carga solar: Sendo assim, o quadro acima mostra que
em oito meses do ano o ambiente estava insalubre. O adicional de insalubridade é em
grau médio, de vinte por cento. São os dados que percebemos neste tipo de atividade.
Pois bem.
Apesar da irresignação da parte autora, não verifico qualquer inconsistência capaz de afastar a conclusão
dada pelo Auxiliar da Justiça.
Não houve qualquer indicação de período que o autor tenha laborado no corte de cana de açúcar, sendo que
não se pode presumir que durante todo o período indicado ele laborou somente dessa qualidade.
Outrossim, ainda que tivesse laborado, no quesito 2 apresentado pela autora, o Expert fez o seguinte
esclarecimento:
(...)
Assim, ficou claro que o autor durante o labor no corte de cana fica exposto a fuligem da cana, contudo,
como concluído pelo Perito, a exposição não é suficiente para ser considerada atividade insalubre.
De outro norte, no laudo pericial, nos quesitos do autor, também constou que:
Resposta: Não.
Resposta: só ao calor.
Assim, o que ficou demonstrado é que o autor era exposto ao excesso de calor emitido pelo sol. Contudo, a
exposição ao sol não é considerada especial, uma vez que o calor somente deve ser considerado agente
nocivo quando proveniente de fontes artificiais.
Nesse sentido tem sido as decisões proferidas pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região:
Diante do exposto, deixo de reconhecer a especialidade do labor exercido pelo autor em referidos períodos.
III. DISPOSITIVO
Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTE o pedido autoral e extinto o presente feito com resolução de
mérito nos termos do artigo 487, inciso I, do Código de Processo Civil.
Ante a sucumbência, condeno a autora ao pagamento das custas e despesas processuais e dos honorários
advocatícios em favor do patrono do réu, os quais arbitro em 10% sobre o valor atualizado da causa, o que
faço com fundamento no art. 85 do CPC, tendo em conta o tempo e o trabalho exigidos pelo feito.
Suspendo a cobrança, uma vez que restou concedido ao demandante o benefício da assistência judiciária
gratuita.
Juíza de Direito