Você está na página 1de 7
GRUPO! A. Léoseguinte texto. ESCUDEIRO Antes que mais, diga agora, Deus vos salve, fresca rosa, € vos dé por minha esposa, por mulher e por senhora. 5 Que bem vejo esse ar, nesse despejo, mui graciosa donzela, que vs sois, minha alma, aquela que eu busco e que desejo. 0 Obrou bem a Natureza em vos dar tal condigao que amais a discrigo muito mais que a riqueza. Bem parece 15 que a discrigao merece ozar vossa fermosura, que € tal que, de ventura, outra tal nao se acontece. Senhora, eu me contento 20 receber-vos como estais: se v6s vos nao contentais, © vosso contentamento pode falecer: no mais, LATAO Como fala! 25 VIDAL Ela como se cala! Tem atento 0 ouvido... Este hé-de ser seu marido, segundo a coisa s'abala. Gil Vicente, Farsa de Inés Pereira. Educagio litersria 1. Seleciona,na fala do Escudeiro, marcas de um discurso sedutor e elogioso que caracterizam a personagem, introdu- Zindo expressdes comprovativas. 2. Explicita a fun¢ao as personagens Latao e Vidal na peca, 3. Identifica dois recursos expressivos e explica a sua expressividade. w 8 Lé 0 sequinte texto e consulta as notas apresentadas. Danibio 0 Daniibio surge com frequéncia envolvido num halo! simbélico antialemio, € 0 rio ao longo do qual se encontram, se cruzam e se misturam gentes diversas, em vez de ser, como o Reno, um mitico anjo tutelar da pureza da estirpe. E 0 rio de Viena’, de Bratislava’, de Budapeste’, de Belgrado’, da Dacia’, a faixa que atravessa e cinge, como 0 Oceano cingia o mundo grego, a Austria dos Habsburgos, da qual o mito e a ideologia fizeram o simbolo de uma koiné” multipla e suprana~ ional, o império cio soberano se dirigia «aos meus povos» e cujo hino era cantado em onze lin- guas diferentes. 0 Dantibio é a Mitteleuropa alemano-magiar-eslovo-romanico-judaica, polemit mente contraposta ao Reich germanico, uma ectimena* «hinternacional», como a celebrava em Praga Johannes Urzidil, um mundo «anterior as nagdes». A versio Dantibio-Aach parece em contrapartida o simbolo dessa ideologia gesamtdeutsch, total-alema, que via na monarquia plurinacional dos Habsburgos um braco da civilizagéo teuto- nica®, uma astticia ou um instrumento da Razdo destinando-se a germanizar culturalmente a Europa Centro-Oriental, como afirmava por exemplo Heinrich von Srbik, 0 grande historiador austriaco que exaltava Eugénio de Sabdia, detestava Frederico II e o prussianismo, tendo acabado nacional-socialista. ‘A Mitteleuropa «hinternacional», hoje idealizada como uma harmonia de povos diferentes, foi or certo uma realidade do Império dos Habsburgos, na sua tltima fase, uma tolerante convivén- cia compreensivelmente chorada depois do seu fim, até pela comparagao com a barbarie totalitaria que Ihe sucedeu, entre as duas guerras mundiais, no espaco danubiano. ‘Claudio Mageis, Dandibio, Lisboa: Quetzal, 2010, pp. 32-33 2 circulo luminoso. capital da Austria capital da Esloviquia, ‘capital da Hungria. S capital da Serva. ‘cidade romena palavra de orgem grega que significa; lingua comum que se difunde num determinado terrtério, * terra habitada pelo homem, * germanica Este texto & um excerto de um dos grandes romances europeus do nosso tempo que, pertencende a literatura de viagens, explora e disserta sobre a cultura centro-europeia, a Mitteleuropa. Infere o simbolismo atribuido ao rio Dandbio dentro deste universo de referencia, Neste romance escrito durante o perfodo do alargamento da Unio Europeia, no infcio dos anos oitenta do século XX, ‘onarrador realiza uma viagem através do Danibio, Explicita de que mado a questao do federalismo europeu se tra- duz no texto. 10 20 GRUPOI O lado certo da lingua Estava eu com um colega numa loja de discos em segunda mao, em Salvador da Bahia, quando a funciondria, reparando na nossa pinta de estrangeiros, perguntou naturalmente: «De onde vocés S202». Respondemos que éramos de Portugal, ao que ela retorquiu, com menos espante do que o nosso: «Mas falam portugués muito bem!», Aceitimos 0 cumprimento, (..) Por ca, caem-se nos excessos contririos. Ainda no outro dia ouvi dizer: «Hoje as criangas estdo ‘menos habituadas & lingua brasileira, por causa das telenovelas portuguesas», E tao disparatado Guanto dizer que as criangas esto menos habituadas ao agoriano porque nunca mais se fez ums Série do género Xailes Negros. 0 brasileiro nao existe, tio pouco 0 agoriano. S6 em Portugal se owve dizer que os brasileiros falam brasileiro, Os brasileiros sabem bem que falam portugues, Temos a mania de que vivemos do lado certo da lingua. Como se a ‘paternidade’ implicasse Posse. E como se a nossa fala de hoje se aproximasse da de Dom Diniz, (...) As linguas sio organis. ‘MOS vivos em constante mutagdo. E este oceano que nos separa ajudou a que as duas variantes acentuassem as suas diferencas, chegando, em alguns casos, a um ponto préximo da incomunicabi- Hdade. Mas a lingua é a mesma, claro que sim. Ainda que alguns se esforcem por eriar clivagens. Eu, por mim, parafraseando a frase que Caetano aplica a Luis de Camées, gosto de sentir a minha lingua rogar na lingua de Machado de Assis, Acho graca as expresses, ao gosto de brincar com as palavras, do zagueiro e do escanteio, da torcida, Nao vale a pena procurar chifre em cabeca de cavalo, nem cutucar a on¢a com vara curta, Na diversidade € que esté a riqueza. E é um priv ‘égio partilhar a lingua com outros povos, trocar seis por meia duzia e descascar o abacaxi, antes de ser hora de abotoar o paleté. Manuel Halpern, in Jornal de Letras, 25 de junho a8 de julho 2014, p. 31. Leitura/Gramatica 1 Para responderes a cada um dos itens de 1.1.2 1.5. seleciona a nica op¢30 que permite obter uma afizmaca0 correta, 1.1. Otitulo do texto A. recupera uma ideia que o texto pretende demonstrar. B. recupera uma ideia que o narrador gostaria de provar, . recupera uma ideia errada que alguns falantes tém, D. recupera uma frase do texto que o sintetiza 1.2. 0 episédio narrado no inicio do texto A. demonstra a arrogancia de algumas pessoas. B. revela o desconhecimento do nosso pats além-mar. C. demonstra que os brasileiros nao sabem que falam portugues. D. revela as diferencas entre o portugués europeu e o do Brasil 1.3. 0 autor do texto refere-se as telenovelas brasileiras ea série Xoiles Negros ‘A. para demonstrar que nao faz sentido falar-se de brasileiro ou de acoriono. B. para promover a produgao nacional . pararealcar a importancia das telenovelas portuguesas. D. para valorizar os Acores,

Você também pode gostar