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LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE

TRIBUTAR - IMUNIDADES 1.2018

IMUNIDADES - 1.2018

Normas que estabelecem a incompetência das pessoas jurídicas. É regra


negativa de competência.
"A imunidade é uma blindagem constitucional à incidência da norma impositiva
tributária." (ÁVILA, 2017, p. 99)
Lição esclarecedora de Ávila (2017, p. 99):
"A imunidade é sempre prevista no texto constitucional. É matéria exclusiva
da Constituição e não se confunde com isenção porque está é versada em
lei ordinária ou complementar. A Constituição imuniza; a lei isenta. Na
imunidade, o poder público quer, mas não pode tributar; na isenção, pode,
mas não quer. É a norma constitucional que dá e retira o poder de tributar.
Ao retirar, imuniza."
"Criada a regra de tributação, a lei posterior pode conceder isenção. Na
imunidade, a Constituição simplesmente não permite possa ser exercida a
competência tributária diante de determinadas pessoas ou sobre certas
situações. No primeiro caso, a imunidade é subjetiva; no segundo, objetiva."
As imunidades objetivam conferir efetividade a determinados direitos e garantias
fundamentais.
Hipóteses de intributabilidade.
Protegem valores de extrema importância para a Constituição: pacto federativo,
religião, democracia, educação e assistência social.
Imunidade x isenção x não incidência tributária.
Não incidência: o fato não é alcançado pela norma (ente pode mas não
prevê na lei; ente não dispõe da competência (IPVA x bicicleta); e a
Constituição veda a tributação (imunidade - não incidência
constitucionalmente qualificada).
Isenção: dispensa legal do pagamento de tributo, facultativa para o ente
competente;
Alíquota zero: tributo existe (logo, alíquota também), mas o resultado é
zero, pois a alíquota é zero (foi zerada por fins extrafiscais).
Interpretação das imunidades pelo Supremo tem sido bastante ampla, ao
contrário do que ocorre com as isenções (art. 109 do CTN - só literal).
Imunidades gerais (todos os entes federativos) e específicas (um só ente e tributo).
Imunidades objetivas ou subjetivas (alguns trazem as mistas).
Imunidades políticas ou ontológicas.
Garantia fundamental e cláusula pétrea (art. 60, p. 4º, da CF).
O gozo da imunidade não dispensa do cumprimento das obrigações acessórias e
nem o poder de fiscalização da administração, nos termos do art. 194, parágrafo
único, do CTN.
Impostos indiretos vs. Imunidades.
"O STF, no julgamento de recurso extraordinário em que um hospital
pretendia o reconhecimento da imunidade de ICMS incidente nas
aquisições efetuadas, fixou, para fins de repercussão geral, a seguinte tese:
A imunidade tributária subjetiva aplica-se a seus beneficiários na posição de
contribuinte de direito, mas não na de simples contribuinte de fato, sendo
irrelevante para verificação da existência do beneplácito constitucional a
repercussão econômica do tributo envolvido." (RE 608.872)
Imunidades gerais que abrangem apenas os IMPOSTOS:

Recíproca: 150, VI, a.


1. Veda aos entes instituir imposto sobre o patrimônio, renda ou serviços, uns
dos outros.
2. "A vedação constitucional protege a incidência de qualquer imposto de
competência de uma pessoa política em detrimento da outra, desde que o
ente público beneficiado com a imunidade figure como sujeito passivo da
obrigação tributária. (ÁVILA, 2017, p. 103)
3. É uma garantia da federação inafastável.
EUA: McCulloch vs. Maryland, 1819: O Estado americano de
Maryland tentou impedir a operação de uma filial do Second Bank of
the United States por meio da imposição de tributos. A decisão da
Suprema Corte Americana eximiu o Governo Federal da tributação
estadual. Chief Justice John Marshall: "The power to tax involves the
power to destroy".
4. Aplica-se aos entes federados (União, Estados, DF e Municípios), suas
autarquias e fundações públicas, que cumpram com suas finalidades
essenciais, instituídas e mantidas pelo Poder Público, não cobrem preços
nem tarifas e não entrem na concorrência privada.
5. Autarquias:
Criadas por lei, com personalidade jurídica de direito público e
patrimônio e receitas próprias, com o objetivo de executar atividades
típicas da administração pública, que requeiram, para seu melhor
funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada
(art. 5º do DL 200/67).
Conselhos de Fiscalização Profissionais têm natureza de autarquias
federais (criadas por lei e responsáveis pela fiscalização das
profissões regulamentadas) São beneficiárias da imunidade de
impostos.
A OAB não tem natureza jurídica de autarquia federal. O STF entende
que a OAB goza da imunidade recíproca (autarquia de regime
especial).
6. Fundações:
Podem ser privadas ou públicas.
Privadas: não têm direito à imunidade, podendo a lei conceder
isenção ou outros benefícios tributários.
Em muitos casos, as fundações privadas são de assistência
social ou educacional, sem finalidade lucrativa, enquadrando-
se na alínea c da norma imunizante. Entretanto, será
necessário o cumprimento dos requisitos estabelecidos em lei
(art. 9º e 14 do CTN). Esses requisitos não devem ser
observados no caso da imunidade recíproca!
Públicas: devem ser criadas por lei (art. 37, XIX, da CF) e submetem-
se a controle pelo Tribunal de Contas da União (art. 71, II e III, da CF)
e usufruem da imunidade recíproca.
7. Para usufruírem da imunidade recíproca, tanto as autarquias como as
fundações públicas se condicionam às finalidades essenciais (o que não
ocorre no caso dos entes federados).
A predestinação deve ser provada pelo Fisco (entendimento do STF).
Ou seja, a presunção é de que há a vinculação às atividades
essenciais.
8. Concessionárias e permissionárias de serviço público que cobram tarifas
não fazem jus às imunidades (art. 175, parágrafo único, III, da CF).
9. Empresas públicas e sociedades de economia mista: Empresa de Correios
e Telégrafos, prestadora de serviço público de caráter obrigatório e de
caráter exclusivo.
São criadas por lei e possuem personalidade jurídica de direito
privado, não recebendo, da Constituição, o direito à imunidade
recíproca.
Petrobrás, Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil, que atuam
na produção e comercialização de bens (art. 173, caput, da CF),
sujeitam-se à concorrência em regime de liberdade com as demais
empresas privadas da mesma área de atuação, não podendo ter
privilégios. Logo, não gozam da imunidade.

10. Para o Supremo, vez se tratar de proteção ao pacto federativo, a imunidade


possui status de cláusula pétrea (ADI 939).
11. Impostos indiretos: só é imune quando ocupar a posição de contribuinte de
direito; enquanto contribuinte de fato, não terá imunidade tributária.
O STF também julgou caso em que um Município pretendia o
reconhecimento do direito de não pagar ICMS nas aquisições, no
mercado interno, de bens, mercadorias e equipamentos que seriam
incorporados ao patrimônio municipal, invocando a imunidade
recíproca. A Corte reafirmou o entendimento de que: "a imunidade
tributária recíproca não se aplica ao ente público quando este é
simples adquirente de produto, serviço ou operação onerosa
realizada com intuito lucrativo ('contribuinte de fato')". (STF, AgReg no
AI 518.325)
Templos de qualquer culto: 150, VI, b
1. Expressão da religiosidade.
2. Fé em algo transcendental, contanto que em conformidade com o texto da
Constituição.
3. Interpretação ampliativa: templo como entidade e não só como lugar de
realização do culto religioso, em consonância com o § 4º do art. 150 da CF.
4. Vinculação das receitas às finalidades essenciais do templo.
5. Imóveis alugados a terceiros e a maçonaria.
Subjetiva – partidos políticos, sindicatos, entidades educacionais e
assistenciais: 150, VI, c
1. Alcança diversas pessoas.
2. Protege a liberdade política, sindical, serviços de assistência ao Estado,
sempre sem finalidade lucrativa.
3. Devem atender à requisitos estabelecidos em lei complementar, conforme
exige o art. 146, II, da CF – art. 14 do Código Tributário Nacional.
4. Súmula Vinculante n. 52 – imóveis locados para terceiros não pagam o
IPTU, desde que utilizem o valor dos aluguéis para cumprir suas finalidades
essenciais.
5. Entidades de assistência social: saúde, segurança, proteção à família, ao
trabalho etc. Também são imunes à contribuições sociais. Art. 195. (...)§ 7º
São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades
beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas
em lei à PIS/COFINS, CSLL e contribuições previdenciárias.
6. Sem fins lucrativos x deficitária ou superavitária.
Objetiva: 150, VI, d
1. Alcança os livros, jornais, periódicos e papel destinado à sua impressão.
2. Sobre esses objetos, não incidem IMPOSTOS.
3. Acesso à cultura e à informação – democracia!
4. Independe do conteúdo do livro!
5. Álbuns de figurinha, lista telefônica, apostilas.
6. 2017: e-books e suportes para a sua leitura.
CDs e DVDs: art. 150, VI, e
1. CDs e DVDs produzidos no Brasil, com obras musicais de autores nacionais
ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros.
2. Visou combater a pirataria.
3. PEC da corrupção.

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à


União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

(...)

VI - instituir impostos sobre:


a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;
b) templos de qualquer culto;
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das
entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência
social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei;
d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.
e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras
musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por
artistas brasileiros bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os
contenham, salvo na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser.
(Incluída pela Emenda Constitucional nº 75, de 15.10.2013)

(...)
§ 2º A vedação do inciso VI, "a", é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e
mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços,
vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes.
§ 3º As vedações do inciso VI, "a", e do parágrafo anterior não se aplicam ao patrimônio,
à renda e aos serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas regidas
pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação
ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem exonera o promitente comprador
da obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel.
§ 4º As vedações expressas no inciso VI, alíneas "b" e "c", compreendem somente o
patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das
entidades nelas mencionadas.

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