Você está na página 1de 6

ALIMENTOS ANTI-CÂNCER

Autoria: Paulo Cesar Naoum


Professor Titular pela UNESP
Diretor da Academia de Ciência e Tecnologia de São José do Rio Preto,SP

COUVE, COUVE-FLOR, REPOLHO, BRÓCOLIS

Ação Protetiva: Tem funções anti-microbianas (bactérias), além de serem ricas em cálcio, ferro,
folatos, fibras, vitamina C, beta caroteno, potássio e selênio. Atua também contra o excesso de
radicais livres (ação anti-oxidante) muito comum em células com tendência tumoral.

Ação na quimioterapia e radioterapia: nesses dois procedimentos terapêuticos há muita liberação de


radicais livres pelas células tumorais mortas. Esse excesso de radicais livres atacam células normais,
também. Esses alimentos estimulam enzimas do fígado (CYP1A2) a transformarem os produtos
tóxicos causados pelas drogas quimioterápicas e radiações em substâncias degradadas, por exemplo:
carbono, hidrogênio, nitrogênio, etc que passam a ter utilidade no organismo.

CEBOLA, CEBOLINHA, ALHO E MANJERICÃO

Ação protetiva: Ricas em di e tri-sulfatos, com ações anti-microbianas (bactérias, vírus e


fungos), na diminuição de doenças cardiovasculares por elevar o HDL-colesterol (colesterol
bom) e na prevenção de tromboses (atua na inibição da agregação de plaquetas). Por essa
última razão é importante fator auxiliar (como dieta) em pessoas com malignidades
conhecidas por trombocitemia essencial e policitemia vera. Os componentes sulfatados
regulam as ações de muitas enzimas (citocromo P4SO4) que atuam para desintoxicar
produtos da alimentação pró-câncer (gorduras trans e saturadas e nitrosaminas).

Ação na quimioterapia e radioterapia: A toxicidade desses procedimentos terapêuticos


prejudica o equilíbrio imunológico das pessoas tratadas. Esses vegetais, notadamente o alho,
por inibir a agregação plaquetária, promovem um fluxo mais dinâmico ao sangue,
possibilitando a comunicação das células que atuam na defesa imunológica, promovendo a
sinalização biológica que contribui para o retorno do equilíbrio imunológico.
FRUTAS CÍTRICAS: CASCA E POLPA
(Abacaxi, Acerola, Cajú, Limão, Laranja, Lima, Cidra, Tangerina, etc.)

Ação protetiva da casca: A casca das frutas cítricas tem uma substância conhecida por “terpenóides”
que protegem as frutas contra os insetos. No ser humano os terpenóides tem ação antioxidante ou
anti-radicais livres e atuam contra a oxidação do LDL-colesterol, contribuindo para evitar a
aterosclerose.

Ação protetiva da polpa: As frutas cítricas são ricas em flavonoides, com intensa ação antioxidante ou
anti-radicais livres. Sua ação nas nossas células é dirigida para a indução da morte celular quando
elas se tornam repletas de radicais livres, tal como ocorre em células com tendência tumoral.

Ação na quimioterapia e radioterapia: Esses procedimentos terapêuticos tem o objetivo de eliminar


as células tumorais por meio das modificações das reações químicas que ocorrem na quimioterapia,
ou das modificações atômicas que afetam moléculas celulares durante a radioterapia. Como essas
modificações também atingem as células normais, mesmo que em menor grau, a ação protetiva das
frutas cítricas auxilia na resistência dessas células ao desequilíbrio metabólico que poderiam afetá-las
durante esses procedimentos terapêuticos.

MAÇÃ, TOMATE, BATATA, FAVA, ABOBRINHA, RABANETE, CHICÓRIA, ETC.

Ação protetiva: São ricos em flavonóides, notadamente de quercetina e kaempferol (tipos específicos
de flavonóides). Os flavonóides induzem a morte da célula quando esta apresenta excessiva
concentração de radicais livres, como ocorre com as células que têm tendência tumoral. Além disso,
quercetina e kaempferol são substâncias que atacam produtos tóxicos, como óxidos de nitrogênio, e
por essa razão tem grande importância na ação anti-inflamatória. Em processos inflamatórios, e o
câncer é uma inflamação localizada, há muita liberação de óxido de nitrogênio, que são degradados
por esses flavanóides, fato que contribui para a eliminação do foco inflamatório.

Ação na quimioterapia e radioterapia: Esses procedimentos terapêuticos provocam a


desestabilização química das células tumorais (com maior intensidade) e das células normais (com
menor intensidade) produzindo altas concentrações de radicais livres. Como os flavonóides tem ação
antioxidante, suas ações são mais eficientes nas células normais que foram intoxicadas pela
quimioterapia ou pela desagregação atômica da radioterapia. As células tumorais, ao morrerem mais
rápidas que as células normais, não utilizam os flavonóides para sua recuperação.
CHÁS, CHOCOLATE AMARGO, UVAS E AÇAFRÃO

Ação protetiva: Esses alimentos são ricos em polifenóis, que são compostos químicos que ao
entrarem em contato com as células exercem atividades no sentido de fornecer produtos para suas
reações químicas (metabolismo). Nos chás verde e branco, o polifenóis mais presentes são as
catequinas que, entre outros benefícios metabólicos, fornecem sub-compostos que fazem parte de
sinais biológicos de atração para células do sistema imunológico, atuando, portanto, na ação anti-
inflamatória. Dessa forma, como todo tumor maligno primário se inicia associado a processos
inflamatórios, a ação anti-inflamatória dos chás auxiliam os mecanismos imunológicos de proteção,
ou seja, ação anti-tumoral. Por outro lado, esses polifenóis por aumentarem o gasto energético das
células, prejudicam notadamente o desenvolvimento das células tumorais que precisam de muita
energia para se reproduzirem continuamente. Portanto, exercem também ação anti-tumoral. Os
chocolates amargos e uvas tintas são ricos em resveratrol, substância química que ajuda a dissipar o
excesso de radicais livres emitidos por células tumorais e que são prejudiciais às células normais,
bem como pelos radicais livres resultantes da quimioterapia e radioterapia. O açafrão também
apresenta todos esses benefícios.

Ação na quimioterapia e radioterapia: Os produtos químicos de chás e chocolates atuam na limpeza


de radicais livres que atingiram as células normais durante esses processos terapêuticos, impedindo
que essas alterações químicas causem a morte dessas células.

MORANGOS, AMORAS, FRAMBOESAS, NOZES E CASTANHAS

Ação protetiva: São alimentos ricos em alguns tipos de polifenóis conhecidos como ácidos cafeico,
ferúlico e elágico. O ácido cafeico é um composto químico que atua na ativação energética das
células normais evitando a fadiga e a perda de peso entre outros desconfortos em pessoas com
câncer. Tem também ação antioxidante daí a sua importância anti-tumoral, uma vez que as células
tumorais liberam muitos componentes oxidantes conhecidos como radicais livres. O ácido ferúlico,
por sua vez, é também antioxidante, mas tem ação anti-inflamatória e anti-trombótica, além de
outros benefícios de proteção cardíaca e vascular. O ácido elágico está relacionado com interferência
em sinalizações anormais das células tumorais. Essa interferência do ácido elágico auxilia os
mecanismos biológicos que causam ou induzem a morte de células tumorais.

Ação na quimioterapia e radioterapia: Certamente os benefícios de ativação energética, anti-fadiga e


contra a perda de peso, constituem nos atributos biológicos que contrapõem os efeitos da
quimioterapia e radioterapia.
CEREAIS E GRÃOS (SOJA, MILHO E SEMENTES)

Ação protetiva: São ricos em isoflavonas (flavonoides) e tem estrutura química similar ao hormônio
estrogênico humano e por esta razão esses alimentos são recomendados na menopausa com o
objetivo de diminuir seus efeitos adversos. Entre os componentes de isoflavonas destaca-se a
genisteina cuja configuração química permite a anulação de um tipo de sinalização biológica das
células tumorais conhecida por “Proteína Tirosina Quinase”, comum em vários tipos de câncer e
leucemia mielóide crônica. Observou-se cientificamente que a genisteína atua contra a formação de
novos vasos sanguíneos que alimentam tumores e, por essa razão, auxilia também na inibição de
metástase.

Ação na quimioterapia e radioterapia: A genisteína aumenta o efeito de alguns quimioterápicos


(cisplatina, docetaxel, doxorubicina, gemcitabina, tamoxifeno, vincristina e ciclofosfamida. A
combinação de genisteína e radioterapia aumenta os efeitos contra a proliferação das células
tumorais.

VEGETAIS E FRUTAS DE COR LARANJA

Ação protetiva: São ricos em alfa e beta caroteno, substância química que ativa as ações
antioxidantes das nossas enzimas, bem como o sistema imunológico. Há pesquisas que mostram os
carotenos como estimulador dos sinais biológicos que ativam as células de defesa imunológica.
Algumas dessas células (macrófagos, linfócitos, CD8 e células tumorais).

Ação na quimioterapia e radioterapia: Atuam principalmente na remoção de radicais livres gerados


por esses tipos de procedimentos terapêuticos.
TOMATE, MAMÃO, MELANCIA E GOIABA

Ação protetiva: Esses alimentos contém um produto do caroteno conhecido por licopeno. Tomate e
mamão são os que mais têm licopeno e o mamão, particularmente, o tem como elemento
biodisponível, ou seja, ao ingeri-lo cru o licopeno é absorvido. O tomate, por exemplo, fornece o
licopeno em maior quantidade se for cozido. O licopeno tem ação antioxidante no combate aos
radicais livres liberados pelas células tumorais e que prejudicam as células normais.

Ação na quimioterapia e radioterapia: Atuam principalmente na remoção de radicais livres gerados


por esses tipos de procedimentos terapêuticos.

CHÁ PRETO, CAFÉ, CACAU E GUARANÁ

Ação protetiva: Esses alimentos são ricos em metilxantinas que derivam para substâncias conhecidas
por cafeína, teofilina e teobromina. A cafeína atua na ativação energética das células normais por
meio de induzir a dilatação e prover a sensação de bem estar. A teobromina, é um derivado
metabólico da cafeína e é um vasodilatador importante, além de auxiliar na diurese (eliminação da
urina). A teofilina, por sua vez, estimula a ação de sinalizadores biológicos, notadamente quando a
célula é agredida, por exemplo, por radicais livres.

Obs.: Todos esses compostos: cafeína, teobromina e teofilina são bons em pequenas doses (1 xícara
pequena de café contém 50 mg de cafeína). Em altas doses (ex.: 5 ou mais xícaras de café por dia)
podem causar danos à saúde.

Ação na quimioterapia e radioterapia: Atuam na ação anti-fadiga e anti-depressiva que esses


procedimentos terapêuticos podem eventualmente causar ao paciente.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Naoum PC, Naoum FA. Câncer. Por que eu? Ed. All Print, São Paulo, 2012, 225 pg.

Pecorino L. Molecular Biology of câncer. Oxford University Press, 2012, pg 255 (Table 11.1).

Referência: www.medicinacomplementar.com.br/tema271106.asp

Referência: www.b4fn.org/fileadmin/B4FN.../Fontes

Você também pode gostar