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Curso Técnico em Meio Ambiente

Instituto Tecnológico de Goiás Governador Onofre Quinan - ITEGOGOQ


Título: Controle e Tratamento de Efluentes Líquidos

Organização:
Maria Cristina Bessa Soares

Designer de Página:

Agradecimento: Aos autores responsáveis pelas obras que foram utilizadas neste material didático
e citadas nas referências bibliográficas.

Coordenação:
Zilda Fernandes

Supervisão Pedagógica:
Rosália Santana

Direção:

Instituto Tecnológico de Goiás Governador Onofre Quinan - ITEGOGOQ


Rua VP 04 – Quadra 8 A – Módulos 03 a 06.
Distrito Agroindustrial de Anápolis – DAIA
Fone (62) 3328-2475/3328-2476/3328-2477
Site: www. cepeduc.com
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Sumário

1. Conceito de efluentes / Introdução ............................................................................................ 04


1.1. Diferenças entre efluente doméstico e industrial ............................................................... 05
1.2. Tecnologias existentes. .........................................................................................................07
1.3 Características dos efluentes .................................................................................................07
1.4 Efeitos dos esgotos ................................................................................................................ 09
2. Parâmetros
sanitários ...................................................................................................................13
2.1 Características dos Poluentes .................................................................................................13
2.2 Tabelas de classificação dos parâmetros..............................................................................18
3. Legislação .....................................................................................................................................25
3.1 Aspectos legais .........................................................................................................................25
3.2 Classificação das águas.............................................................................................................26
3.3 Resolução CONAMA nº 357....................................................................................................28
3.4 Resolução CONAMA n° 410..................................................................................................29
4. Técnicas de Monitoramento de efluentes .................................................................................. 41
4.1 Bioindicação, Biomonitoramento e Bioindicadores .............................................................. 41
4.2 Monitoramento das águas e efluentes industriais ..................................................................42
4.3 Monitoramento de Cianobactérias e
cianotoxinas ....................................................................45
4.4 Monitoramento com uso de carpas ............................................................................................46
5.0.Tratamento de esgotos e efluentes ..........................................................................................50
5.1 Tratamento de esgotos e efluentes pela via aeróbia................................................................53
5.2 Tratamento de esgotos e efluentes pela via anaeróbia ...........................................................60
5.3 Medidas corretivas para recuperação de lagos e represas .....................................................65
6.0Reuso da água .......................................................................................................................73
6.1 Modelos de reuso de água...................................................................................................73
6.2 Institucionalização e Regulamentação do reuso da água.........................................................74
6.3 Normas e critérios de qualidade para reuso da água..............................................................75
6.4 reuso da água na Industria ................................................................................................76
7. Referencias Bibliográficas...................................................................................................80
8. Web grafia .......................................................................................................................82

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1. Conceitos de efluentes:

Efluentes são produtos líquidos e gasosos resultantes de diversas ações do homem. Em sua maioria,
estão subdivididos em efluentes industriais e domésticos, porém existem outras divisões desses
resíduos.
“Descarga de poluentes no meio ambiente, parcial ou completamente tratada, ou em seu estado
natural”. (the World, Bank 1978).
“Águas servidas que saem de um depósito ou estação de tratamento.” (DNAEE 1976).
“Qualquer tipo de água, ou outro líquido que flui de um sistema de coleta, de transporte, como
tubulações, canais, reservatórios, elevatório ou de um sistema de tratamento ou disposição final,
como estações de tratamento para os corpos d água.” (ABNT, 1973).
“Água residuária lançada da rede de esgotos ou nas águas receptoras”. (Dicionário de teorias
ambientais_ Organizado por Iara Verocai Feema 2ª edição).
“É tudo aquilo que eflui, sai, ou é expelido de algum lugar”. (Dicionário brasileiro de ciências
ambientais)

Introdução

A água é um recurso natural essencial seja como componente de seres vivos, seja como meio de
vida de várias espécies vegetais e animais, como elemento representativo de valores socioculturais e
como fator de produção de bens de consumo e produtos agrícolas. Como fator de consumo nas
atividades humanas a água também tem um papel importante. No Brasil são consumidos, em média
246m3/habitante/ano, considerando todos os usos da água, inclusive para a agricultura e indústria.
O conceito de poluição das águas deve associar o uso à qualidade. Assim a poluição das águas
pode ser definida como: ”A alteração das características físicas, químicas ou biológicas da água que
prejudicam um ou mais de seus usos preestabelecidos.” Chamam-se de uso preestabelecidos porque
toda a água disponível para ser utilizada, deve estar associada a usos atuais ou futuros, que deverão
estar compatíveis com a sua qualidade, também atual ou futura. Portanto água poluída é a agua que
apresenta alterações físicas, como: odor, turbidez, cor e sabor. Normalmente a alteração física é
consequência da contaminação química, devido à presença de substâncias, como elementos
estranhos ou tóxicos. Água contaminada é a agua que contem agentes patogênicos vivos, sejam
bactérias, vermes protozoários ou vírus.
No Brasil, 49% do esgoto produzido são coletados através de rede e somente 10% do esgoto
total é tratado. O resultado é que as Regiões Metropolitanas e grandes cidades concentram grandes
volumes de esgoto coletado que é despejado sem tratamento nos rios e mares que servem de corpos
receptores. Como consequência disso, a poluição das águas que cercam nossas maiores áreas
urbanas é bastante elevada, dificultando e encarecendo, cada vez mais, a própria captação de água
para o abastecimento.
Os esgotos ou efluentes oriundos de uma cidade são originados basicamente, de atividades
industriais e de atividades domésticas (incluem-se aqui residências, comércios, instituições, entre
outros).
A composição dos efluentes industriais varia em função do tipo de indústria de onde são
provenientes, podendo conter elevada carga de compostos inorgânicos ou de ambos.
A composição dos efluentes sanitários ou domésticos varia de acordo com o uso ao qual a
água foi submetida. Os principais fatores que podem influenciar a composição são o clima, a
situação social e econômica e os hábitos da população. Mesmo com composição variada, os
efluentes sanitários geralmente contêm cerca de 99,9% de água, sendo o restante correspondente
aos sólidos orgânicos e inorgânicos, e aos microrganismos, que juntos representam toda carga

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poluidora.Assim, devido a fração de 0,1% de carga poluidora presente nos efluentes é necessário
tratar os esgotos antes de lançá-los nos corpos d’água. As características básicas dos esgotos
domésticos que demandam preocupação com o meio ambiente envolvem principalmente matéria
orgânica, microrganismos patogênicos e concentrações de fósforo e nitrogênio.
O uso do ambiente natural na gestão dos esgotos domésticos geralmente se dá em detrimento
da saúde dos ecossistemas, que muitas vezes causam danos à própria saúde humana. É comum que
rios e lagos sejam utilizados para o transporte e a diluição dos esgotos domésticos, o que pode
resultar em grandes impactos aos hábitat aquáticos.
A vazão de efluentes lançados em corpos hídricos sem tratamento adequado aumentou nos
últimos 50 anos, em função do rápido crescimento das cidades brasileiras que muitas vezes não foi
acompanhado pela provisão de infraestrutura e de serviços urbanos tais como saneamento básico.
Em consequência a capacidade de autodepuração de muitos corpos d’água foi superada pela carga
poluidora de efluentes ou esgotos.
As águas residuais de uma cidade compõem-se dos esgotos sanitários e industriais sendo que
estes, em caso de geração de efluentes muito tóxicos, devem ser tratados em unidades das próprias
indústrias.

Descarga de efluente

O lançamento de efluentes líquidos não tratados, provenientes das indústrias e esgotos


sanitários, em rios, lagos e córregos provocam um sério desequilíbrio no ecossistema aquático. O
esgoto doméstico, por exemplo, consome oxigênio em seu processo de decomposição, causando a
mortalidade de peixes. Os nutrientes (fósforo e nitrogênio) presentes nesses despejos, quando em
altas concentrações, causam a proliferação excessiva de algas, o que também desequilibra o
ecossistema local.
Os poluentes químicos presentes em agrotóxicos e metais também provocam um efeito tóxico
em animais e plantas aquáticas, podendo se acumular em seus organismos. Outro efluente que afeta
esses modos de vida são as águas anteriormente utilizadas em sistemas de refrigeração, que causam
a chamada poluição térmica. Este efluente, quando despejado no rio, acarreta o aumento da
temperatura da água, diminuindo a concentração de oxigênio e impactando os organismos do meio.

1.1 Diferenças entre efluente doméstico e efluentes industriais

O esgoto sanitário ou efluente doméstico são termos utilizados para caracterizar dejetos
provenientes de residências, edifícios comerciais, indústrias, instituições ou quaisquer edificações
que contenham banheiros ou cozinhas, dispostos em fossas ou tanques de acúmulo. Compõem-se
basicamente de líquidos de hábitos higiênicos e das necessidades fisiológicas como urina, fezes,
restos de comida, lavagem de áreas comuns etc. Sua composição inclui sólidos suspensos, sólidos
dissolvidos matéria orgânica, nutrientes (nitrogênio e fósforo) e organismos patogênicos (vírus,
bactérias, protozoários e helmintos).
Já o efluente industrial biodegradável possui características próprias, inerentes aos processos
industriais. Suas características químicas, físicas e biológicas variam de acordo com o ramo de
atividade da indústria, operação, matérias primas utilizadas etc. Para que sejam avaliados os

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parâmetros de tratamento, é necessário que uma amostra do resíduo líquido seja coletada e enviada
para a caracterização em um laboratório credenciado.
Os vários tipos de efluentes domésticos e efluentes industriais com características
mencionadas podem passar por tratamento biológico, conforme mostra a tabela a seguir:

Tipos de efluentes domésticos Variações


Caixa de gordura _Com contribuição exclusiva de restaurante;
_ Industrial;
Fossa séptica _Com contribuição exclusiva de sanitários
armazenados em sumidouros ou fossas;
Efluente sanitário _Com contribuição exclusiva de sanitários
armazenados em tanques de acúmulo;
Tipos de Efluentes industriais Variações
_De chão de fábrica (desde que isento de óleos e
contaminantes)
_De containers através de processos de vaporização
(dependendo dos tipos de produtos armazenados
nos containers)
_De equipamentos para fabricação de produtos de
higiene pessoal;
_De tanques de preparação de produtos saneantes
e domissanitários;
_De equipamentos utilizados na fabricação de
Água de lavagem medicamentos para uso animal;
_De máquinas e equipamentos do processo de
produção de bebidas e alimentos;
_ De máquinas e equipamentos do processo de
produção de cosméticos;
_ De máquinas e equipamentos do processo de
produção de produtos de limpeza;
_ Provenientes do processo de fabricação de
embalagens;
_ De máquinas e equipamentos do processo de
produção de produtos fármacos;

_De tingimento de algodão com pigmentos


Água residuária orgânicos;
_Gerada no processo de fabricação de resinas;
_Gerado no tanque de absorção de material
particulado, no setor de lixamento de madeira;
_Gerado na lavagem dos tanques de GLP;
_Gerado nos laboratórios da empresa (testes de
controle de qualidade e corantes;
Efluente _Gerado na locação de banheiros químicos (livre de
metais);
_Gerado na limpeza e descontaminação de
equipamentos;
_Pós-tratamento físico químico;

Lodo líquido _Proveniente da ETE biológica, inclusive sanitária;


Chorume de aterros classe II Gerado pela decomposição de matéria orgânica em

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aterros sanitários;

1.2 Tecnologias Existentes

A composição do esgoto é bastante variável, apresentando maior teor de impurezas durante o dia
e menor durante a noite. A matéria orgânica, especialmente as fezes humanas, confere ao esgoto
sanitário suas principais características, mutáveis com o decorrer do tempo, pois sofre diversas
alterações até sua completa mineralização ou estabilização.
A DBO (demanda bioquímica de oxigênio) é a quantidade de oxigênio usada por uma população
mista de microrganismos durante a oxidação aeróbia à temperatura de 20ºC.
A Resolução CONAMA n.º. 20, de 18 de junho de 1986, classifica a qualidade dos corpos
receptores e define o padrão para tratamento do efluente. As legislações estaduais sobre meio-
ambiente complementam a norma federal nos mesmos aspectos.
Enquanto o esgoto sanitário causa poluição orgânica e bacteriológica, o industrial geralmente
produz a poluição química. O efluente industrial, além das substâncias presentes na água de origem,
contém impurezas orgânicas e/ou inorgânicas resultante das atividades industriais, em quantidade e
qualidade variáveis com o tipo de indústria.
Os corpos d’água podem se recuperar da poluição, ou depurar-se, pela ação da própria
natureza. O efluente geralmente pode ser lançado sem tratamento em um curso d'água, desde que a
descarga poluidora não ultrapasse cerca de quarenta avos da vazão: um rio com 120 l/s de vazão
pode receber, grosso modo, a descarga de 3 l/s de esgoto bruto, sem maiores consequências.
Frequentemente os mananciais recebem cargas de efluentes muito elevadas para sua vazão e não
conseguem se recuperar pela autodepuração, havendo a necessidade da depuração artificial ou
tratamento do esgoto. O tratamento do efluente pode, inclusive, transformá-lo em água para
diversos usos, como a irrigação, por exemplo.
A escolha do tratamento depende das condições mínimas estabelecidas para a qualidade da água
dos mananciais receptores, função de sua utilização. Em qualquer projeto é fundamental o estudo
das características do esgoto a ser tratado e da qualidade do efluente que se deseja lançar no corpo
receptor. Os principais aspectos a serem estudados são vazão, ph, temperatura, (DBO) demanda
bioquímica de oxigênio, (DQO) demanda química de oxigênio, toxicidade e teor de sólidos em
suspensão ou sólidos suspensos totais (SST).
O tratamento biológico é a forma mais eficiente de remoção da matéria orgânica dos esgotos. Os
próprios esgotos contem grande variedade de bactérias e protozoários para compor as culturas
microbiais mistas que processam os poluentes orgânicos. O uso desse processo requer o controle da
vazão, a recirculação dos microrganismos decantados, o fornecimento de oxigênio e outros fatores.
Os fatores que mais afetam o crescimento das culturas são a temperatura, a disponibilidade de
nutrientes, o fornecimento de oxigênio, o pH, a presença de elementos tóxicos e a insolação (no
caso de plantas verdes).
As tecnologias de tratamento de efluentes nada mais são que o aperfeiçoamento do processo de
depuração da natureza, buscando reduzir seu tempo de duração e aumentar sua capacidade de
absorção, com consumo mínimo de recursos em instalações e operação e o melhor resultado em
termos de qualidade do efluente lançado, sem deixar de considerar a dimensão da população a ser
atendida.

1.3 Características dos efluentes líquidos

As características físicas, químicas e biológicas dos efluentes líquidos sanitários e industriais


variam quantitativa e qualitativamente em função do tipo de utilização da água na fonte de poluição.
As principais características são:

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Sólidos em suspensão: resíduo que permanece num filtro de asbesto após filtragem da amostra.
Podem ser divididos em:
 Sólidos sedimentáveis: sedimentam após um período t de repouso da amostra
 Sólidos não sedimentáveis: somente podem ser removidas por processos de coagulação,
floculação e decantação.
 Sólidos dissolvidos: material que passa através do filtro. Representam a matéria em solução
ou em estado coloidal presente na amostra de efluente.
 Temperatura: é um parâmetro importante devido aos danos que pode causar às espécies de
peixes, pois a solubilidade do oxigênio na água diminui com o aumento da temperatura.
 Cor: provocada por corantes orgânicos e inorgânicos, pode provocar grande impacto visual
nos cursos d'água.
 pH: seu controle é importante tanto para o lançamento em corpos d'água receptores como
para o tratamento dos efluentes.
 Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO): indica a quantidade de matéria orgânica que
pode ser biologicamente degradada presente no efluente. É um importante parâmetro
utilizado no controle da poluição e comumente a concentração de DBO é referenciada como
sendo a carga orgânica do efluente.
 Demanda Química de Oxigênio (DQO): Indica a quantidade de matéria orgânica
biodegradável e não biodegradável presente no efluente. Como a DBO, também é um
importante parâmetro de controle da poluição, sendo que uma DQO elevada pode indicar a
presença de compostos tóxicos no efluente.
 Detergentes: são os agentes surfactantes presentes em sabões e detergentes, que causam
espuma e contribuem para a elevação dos níveis de nitrogênio e fósforo nas coleções de
água.
 Óleos e graxas: parâmetro que indica a presença de óleos minerais, óleos vegetais ou
gorduras animais no efluente.
 Compostos tóxicos: amônia, arsênico, cianetos, fenóis, nitritos, etc. Seu controle é
importante devido à toxicidade aos organismos aquáticos e aos homens.
 Metais pesados: cromo, chumbo, mercúrio, cádmio, zinco, etc. O controle de metais
pesados nas águas é extremamente importante, principalmente devido ao seu caráter
cumulativo na cadeia alimentar e ao potencial de desenvolvimento de doenças crônicas no
homem.
 Características biológicas: relacionadas à presença de microrganismos no efluente, tais
como bactérias, protozoários, fungos e vírus.

As tabelas a seguir mostram as características qualitativas e quantitativas, em termos de


equivalente populacional, de alguns efluentes industriais:

Tabela 1.3.1_ Características Quantitativas:

FONTES DE DESPEJO VAZÃO ESPECÍFICA


Esgoto doméstico 120 a 160 l/hab./dia
Abatedouro bovino 1.500 a 2.000 l / boi
Abatedouro avícola 17 a 20 l / ave
Fabricação de cerveja 8 l / L de cerveja
Fabricação de refrigerante 2 a 4 L/ L de refrigerante
Fabricação de álcool 15 l restilo / L álcool
Fabricação de laticínios queijos 20 l / Kg de queijo
Fabricação de laticínios leite 1 l / L leite
Fabricação de couros 800 a 1000 l / couro

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Fabricação de papel 50 a 100 l / Kg de papel

Tabela 1.3.2_ Características Qualitativas:

FONTES DE DESPEJOS EQUIVALENTE POPULACIONAL


DE CARGAS ORGÂNICAS (C.O)
Abatedouro bovino 55 hab./ boi
Abatedouro avícola 200 hab. / 1000 aves
Fabricação de cerveja 175 hab. / m3 cerveja
Fabricação de álcool 7 hab. / L de álcool sem restilo
Fabricação de laticínios: queijos 2 hab. / Kg de queijo
Fabricação de laticínios: leite 20 hab. / 1000 l de leite
Fabricação de couros 40 hab. / pele bovina
Fabricação de papéis 460 hab. / t de papel

1.4 Efeitos dos esgotos:

Parâmetros de
Poluentes Tipo de efluente Conseqüências
caracterização
Problemas estéticos
Sólidos em suspensãoDomésticos Depósitos de lodo
Sólidos em suspensão
totais Industriais Adsorção de poluentes
Proteção de patogênicos
Domésticos
Sólidos flutuantes Óleos e graxas Problemas estéticos
Industriais
Consumo de oxigênio
Matéria orgânicaDemanda bioquímicaDomésticos
Mortandade de peixes
biodegradável de oxigênio (DBO) Industriais
Condições sépticas
Patogênicos Coliformes Domésticos Doenças de veiculação hídrica
Crescimento excessivo de algas
Nitrogênio Domésticos Toxicidade aos peixes
Nutrientes
Fósforo Industriais Doença em recém-nascidos
(nitratos)
Toxicidade
Espumas
Pesticidas
Compostos não Industriais Redução de transferência de
Detergentes
biodegradáveis Agrícolas oxigênio
Outros
Não biodegradabilidade
Maus odores
Toxicidade
Inibição do tratamento biológico
Elementos específicos
dos esgotos
(ex: arsênio, cádmio,
Metais pesados Industriais Problemas de disposição do lodo
cromo, mercúrio, zinco,
na agricultura
etc.)
Contaminação da água
subterrânea
Sólidos inorgânicosSólidos dissolvidosReutilizados Salinidade excessiva - prejuízo
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às plantações (irrigação)
Toxicidade a plantas (alguns
totais
dissolvidos íons)
Condutividade elétrica
Problemas de permeabilidade do
solo (sódio)

1.4 Atividades:

1. Conceitue com poucas palavras o que você entende por efluentes:


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_______________________________________________________________________________
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2. Diferencie água contaminada de água poluída:
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________________________________________________________________________________
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________________________________________________________________________________

3. Assinale (V) ou (F) nas alternativas a seguir:

a) ( ) Os efluentes oriundos de uma cidade, são originados de atividades industriais e


domésticas.
b) ( ) Entende-se por poluição das águas:” A alteração das características físicas, químicas ou
biológicas da água que prejudicam um ou mais de seus usos preestabelecidos.”
c) ( ) O tratamento biológico é a forma menos eficiente de remoção de matéria orgânica do
esgoto;
d) ( ) O lançamento de efluentes líquidos não tratados provenientes das indústrias e esgotos
sanitários, em rios , lagos e córregos provocam um sério de desequilíbrio no ecossistema
aquático.
e) ( ) A DQO mede a quantidade de oxigênio necessária para oxidar quimicamente a matéria
orgânica.
f) ( ) Os corpos d’água podem se recuperar da poluição, ou depurar-se, pela ação da própria
natureza e o efluente geralmente pode ser lançado sem tratamento em um curso d´agua, desde
que a descarga poluidora não ultrapasse quarenta avos da vazão.

4. Cite de maneira bem sucinta quais são as principais características dos efluentes líquidos:
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________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
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5. Quais são as principais consequências provocadas pelo lançamento de efluentes líquidos não
tratados provenientes de indústrias e esgoto sanitário em rios, lagos e córregos?
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6. Relacione a segunda coluna de acordo com a primeira:

(1) DBO
(2) Efluente doméstico
(3) Efluente industrial
(4) DQO
(5) Parâmetros sanitários
( ) São dejetos provenientes de processos industriais;
( ) Indica a quantidade de matéria orgânica biodegradável e não biodegradável presente no
efluente;
( ) São indicadores utilizados para o dimensionamento e o controle da poluição por efluentes
industriais;
( ) Dejetos provenientes de residências, comercio e instituições;
( ) Quantidade de oxigênio usada por uma população mista de microrganismos durante a oxidação
aeróbica a temperatura de 20 C

7. O tratamento biológico é a forma mais eficaz de remoção da matéria orgânica dos esgotos. Quais
são os fatores que mais afetam o crescimento das culturas no uso desse processo?
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8. O que você entende por tecnologias de tratamento de efluentes?
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9. Indique as consequências dos seguintes poluentes:

Sólidos em suspensão:
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Matéria orgânica biodegradável:


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Compostos não biodegradáveis:


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Metais pesados:
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
Sólidos inorgânicos dissolvidos:
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________

10. Qual a importância da DQO e da DBO, na análise do efluente?


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_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________

11. Diferencie esgoto doméstico de esgoto industrial:


________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________

12. Assinale a alternativa correta:

a) O lançamento de esgoto em rios e mares:

( ) É sempre proibido
( ) é sempre recomendável;
( ) Nunca é recomendável;
( ) Depende de cada caso a ser estudado

b) Em relação ao lançamento de sólidos inorgânicos dissolvidos em rios, é correto afirmar que


pode causar:

( ) consumo de oxigênio
( ) Problemas de permeabilidade do solo
( ) Espumas
( ) Inibição do tratamento biológico dos esgotos;

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2. PARÂMETROS SANITÁRIOS

São os indicadores utilizados para o dimensionamento e o controle da poluição por efluentes


industriais.

2.1. Apresentação geral.

Após a utilização das águas pelas indústrias, os diversos resíduos e ou energias são
incorporados alterando-lhes as suas características físicas, químicas e sensoriais, gerando assim os
efluentes líquidos. Para a avaliação da carga poluidora dos efluentes industriais e esgotos sanitários
são necessárias às medições de vazão in loco (no próprio local) e a coleta de amostras para análise
de diversos parâmetros sanitários que representam a carga orgânica e a carga tóxica dos efluentes.
Os parâmetros utilizados são conjugados de forma que melhor signifiquem e descrevam as
características de cada efluente.

2.1.1 Características dos poluentes

Nas indústrias as águas podem ser utilizadas de diversas formas, tais como: incorporação aos
produtos, limpezas de pisos, tubulações e equipamentos, resfriamento, aspersão sobre pilhas de
minérios, etc. para evitar o arraste de finos e sobre áreas de tráfego para evitar poeiras, irrigação,
lavagens de veículos, oficinas de manutenção, consumo humano e usos sanitários. Além da
utilização industrial da água, ela também é utilizada para fins sanitários, sendo gerados os esgotos
que na maior parte das vezes são tratados internamente pelas indústrias, separados em tratamento
específico ou tratados até conjuntamente nas etapas biológicas dos tratamentos de efluentes
industriais. As águas residuais, neste caso os esgotos sanitários, contêm excrementos humanos,
líquidos e sólidos, produtos diversos de limpeza, resíduos alimentícios, produtos desinfetantes e
pesticidas. Principalmente dos excrementos humanos, originam-se os microrganismos presentes nos
esgotos. Os esgotos sanitários são compostos de matéria orgânica e inorgânica. Os principais
constituintes orgânicos são: proteínas, açúcares, óleos e gorduras, microrganismos, sais orgânicos e
componentes dos produtos saneantes. Os principais constituintes inorgânicos são sais formados de
ânions (cloretos, sulfatos, nitratos, fosfatos) e cátions (sódio, cálcio, potássio, ferro e magnésio).
As características dos efluentes industriais são inerentes a composição das matérias primas,
das águas de abastecimento e do processo industrial. A concentração dos poluentes nos efluentes é
função das perdas no processo ou pelo consumo de água.
A poluição térmica, devido às perdas de energia calorífica nos processos de resfriamento ou
devido às reações exotérmicas no processo industrial, também é importante fonte de poluição dos
corpos hídricos. Neste caso o parâmetro de controle é a temperatura do efluente.
As características sensoriais dos efluentes notadamente o odor e a cor aparente são muito
importantes, pois despertam as atenções inclusive dos leigos podendo ser objeto de atenção das
autoridades.
O odor nos efluentes industriais pode ser devido à exalação de substâncias orgânicas ou
inorgânicas devidas a: reações de fermentação decorrentes da mistura com o esgoto (ácidos voláteis
e gás sulfídrico); aromas (indústrias farmacêuticas, essências e fragrâncias); solventes (indústrias de
tintas, refinarias de petróleo e pólos petroquímicos); amônia do chorume.
A cor dos efluentes é outra característica confusamente controlada pela legislação. O
lançamento de efluentes coloridos atrai a atenção de quem estiver observando um corpo hídrico. A

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cor no ambiente é a cor aparente, composta de substâncias dissolvidas (corantes naturais ou


artificiais) e coloidais (turbidez).
As características físico-químicas são definidas por parâmetros sanitários que quantificam os
sólidos, a matéria orgânica e alguns14de seus componentes orgânicos ou inorgânicos. Os compostos
com pontos de ebulição superiores ao da água serão sempre caracterizados como componentes dos
sólidos.
Os sólidos são compostos por substâncias dissolvidas e em suspensão, de composição
orgânica e ou inorgânica. Analiticamente são considerados como sólidos dissolvidos àquelas
substâncias ou partículas com diâmetros inferiores a 1,2 µm e como sólidos em suspensão as que
possuírem diâmetros superiores.
Os sólidos em suspensão são subdivididos em sólidos coloidais e sedimentáveis/ flutuantes.
Os sólidos coloidais são aqueles mantidos em suspensão devido ao pequeno diâmetro e pela ação
da camada de solvatação que impede o crescimento dessas partículas. É importante ressaltar que
partículas com diâmetro entre 0,001 e 1,2 µm são coloidais (suspensão), mas pela metodologia
analítica padronizada são quantificadas como sólidos dissolvidos.
Os sólidos sedimentáveis e os flutuantes são aqueles que se separam da fase líquida por diferença
de densidade.
Além do aspecto relativo à solubilidade, os sólidos são analisados conforme a sua
composição, sendo classificados como fixos e voláteis. Os primeiros de composição inorgânica e os
últimos com a composição orgânica. A seguir pode-se observar um esquema de composição de
sólidos:

Sólidos totais

Sólidos Sólidos
suspensos dissolvidos
(>1,2µm) (<1,2µm)

Sólidos Sólidos Sólidos Sólidos


suspensos suspensos dissolvidos dissolvidos
voláteis fixos voláteis fixos
(mat. ( mat. (mat. (Sais
Orgânica) Inorgânica) Orgânica) inorgânicos)

(Adaptado de JORDÃO 1985 p. 27)

Pelo exposto é importante ressaltar que as análises dos sólidos não distinguem se estamos tratando
de substância com composição química definida e conhecida, ou se materiais oriundos do processo
industrial, produtos do metabolismo dos microrganismos ou se os próprios flocos biológicos.

14
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Na figura a seguir observa-se a mais provável composição dos sólidos nos esgotos
sanitários.Para efluentes industriais essa composição varia conforme cada indústria, devendo ser
obtida em cada caso.

Sólidos totais

Sólidos Sólidos
suspensos dissolvidos
40% 60%

Sólidos Sólidos Sólidos Sólidos


suspensos suspensos dissolvidos dissolvidos
voláteis fixos voláteis fixos
20% 20% 50% 10%

(Adaptado de JORDÃO 1985 p. 27)

A matéria orgânica
A matéria orgânica está contida na fração de sólidos voláteis, mas normalmente é medida de
forma indireta pela demanda bioquímica de oxigênio (DBO) e demanda química de oxigênio
(DQO).
A DBO mede a quantidade de oxigênio necessária para que os microrganismos biodegradem a
matéria orgânica. Um elevado valor da DBO indica o incremento da microflora presente e interfere
no equilíbrio da vida aquática, além de produzir sabores e odores desagradáveis, podendo ainda
obstruir os filtros de areia utilizados nas estações de tratamento de água. Pelo fato de a DBO
somente medir a quantidade de oxigênio consumido num teste padronizado, ela não indica a
presença de matéria não biodegradável, nem leva em consideração o efeito tóxico ou inibidor de
materiais sobre a atividade microbiana.
A DQO é a medida da quantidade de oxigênio necessária para oxidar quimicamente a matéria
orgânica. A matéria orgânica ao ser biodegradada nos corpos receptores causa um decréscimo da
concentração de oxigênio dissolvido (OD) no meio hídrico, deteriorando a qualidade ou
inviabilizando a vida aquática. Os valores da DQO em geral são maiores que os da DBO, e o teste
se realiza num prazo menor e em primeiro lugar, uma vez que os resultados servem de orientação
para o teste da DBO.
A matéria orgânica pode ser medida também como carbono orgânico total (COT), sendo este
parâmetro utilizado principalmente em águas limpas e efluentes para reuso.
15
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Outros componentes orgânicos tais como os detergentes, os fenóis e os óleos e graxas podem ser
analisados diretamente.
Os detergentes são industrialmente utilizados em limpezas de equipamentos, pisos, tubulações e
no uso sanitário. Podem ser utilizados também como lubrificantes. Existem os detergentes
catiônicos e os aniônicos, mas somente os últimos são controlados pela legislação.
Os fenóis são compostos orgânicos que, em geral não ocorrem naturalmente nos corpos d água.
A presença deles nos corpos d água se deve principalmente aos despejos de origem industrial. O
fenol é considerado um grande veneno trófico para o homem, causando efeito de queimadura no
local em que ele entra em contato através da ingestão. Os resultados de intoxicação são náuseas
vômito, dores na cavidade bucal, na garganta e no estômago entre outros.
Os óleos e graxas estão comumente presentes na composição dos efluentes tendo as mais
diversas origens. É muito comum a origem nos restaurantes industriais, nas oficinas mecânicas, nas
casas de caldeira, equipamentos que utilizem óleo hidráulico além de matérias primas com
composição oleosa (gordura de origem animal, vegetal e óleos minerais).
O potencial hidrogênio iônico (pH) , indica o caráter acido, básico ou neutro dos efluentes
líquidos. Nos tratamentos de efluentes o pH é um parâmetro fundamental para o controle de
processo, pois alterações bruscas do pH podem acarretar desaparecimento dos seres nelas
presentes.Valores fora das faixas recomendadas podem alterar seu sabor e contribuir para corrosão
do sistema de distribuição, ocorrendo com isso uma possível extração do ferro, cobre, chumbo,
zinco e cádmio, dificultando a descontaminação da água .
Nas estações de tratamento de águas, são várias as unidades cujo controle envolve as
determinações de pH. A coagulação e a floculação que a água sofre inicialmente é um processo
unitário dependente do pH; existe uma condição denominada “pH ótimo” de floculação que
corresponde à situação em que as partículas coloidais apresentam menor quantidade de carga
eletrostática superficial. A desinfecção pelo cloro é outro processo dependente do pH. Em meio
ácido, a dissociação do ácido hipocloroso formando hipoclorito é menor, sendo o processo mais
eficiente. A própria distribuição da água final é afetada pelo pH. Sabe-se que as águas ácidas são
corrosivas, ao passo que as alcalinas são incrustantes. Por isso, o pH da água final deve ser
controlado, para que os carbonatos presentes sejam equilibrados e não ocorra nenhum dos dois
efeitos indesejados mencionados.
O pH é padrão de potabilidade, devendo as águas para abastecimento público apresentar
valores entre 6,0 e 9,5, de acordo com a Portaria 518 do Ministério da Saúde. Este é um dos
indicativos mais importantes de monitoramento de recursos hídricos superficiais ou subterrâneos. A
acidez exagerada pode ser um indicativo de contaminações, enquanto o excesso de solubilização de
sais também pode tornar a água imprópria para consumo devido à elevada dureza.
A matéria inorgânica é toda aquela composta por átomos que não sejam de carbono (exceto
no caso do ácido carbônico e seus sais). Os poluentes inorgânicos são: os sais, óxidos, hidróxidos e
os ácidos.A presença excessiva de sais, mesmo sais inertes como cloreto de sódio, pode retardar ou
inviabilizar os processos biológicos por efeito osmótico. Em casos extremos podem inviabilizar o
uso da água devido à salinização. Os sais inertes são também analisados separadamente sendo os
principais: os sulfatos que podem ser reduzidos a sulfetos, os nitratos e nitritos que podem ser
desnitrificados e os sais de amônia que podem ser nitrificados.
O nitrogênio(N) e o fósforo(P) são elementos presentes nos esgotos sanitários e nos efluentes
industriais e são essenciais às diversas formas de vida, causando problemas devido à proliferação de
plantas aquáticas nos corpos receptores. Nos esgotos sanitários são provenientes dos próprios
excrementos humanos, mas atualmente tem fontes importantes nos produtos de limpeza domésticos
ou industriais tais como detergentes e amaciantes de roupas. Nos efluentes industriais podem ser
originados em proteínas, aminoácidos, ácido fosfórico e seus derivados.
Os metais são analisados de forma elementar. Os que apresentam toxidade são os seguintes:
alumínio (Al), cobre (Cu), chumbo (Pb), estanho(Sn), níquel(Ni), vanádio(V) e zinco. A toxidade
dos metais também é devido ao seu numero de oxidação (cromo trivalente e hexavalente, etc.).
Outros metais tais como sódio (Na), cálcio (Ca), magnésio (Mg) e potássio (P) são analisados
16
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principalmente em caso de reuso de águas ou em casos nos quais a salinidade do efluente influencie
significativamente em processos de corrosão, incrustação e osmose. Os principais ânions são:
amônio, cianeto, carbonato, bicarbonato, hidróxido, nitrato, nitrito, fosfato, sulfato, sulfito e sulfeto.
Flúor_ A partir de 1974, a fluoretação das águas de abastecimento público tornou-se obrigatória no
Brasil em municípios onde tenha Estação de Tratamento de Água (ETA). Essa medida é
reconhecida como uma das mais importantes na Saúde Pública para prevenção de doenças de todos
os tempos. O flúor é um elemento químico adicionado à água de abastecimento, durante o
tratamento, devido à sua comprovada eficácia na proteção dos dentes contra a cárie. Os benefícios
da fluoretação das águas de abastecimento ficaram evidentes quando um estudo realizado nos
Estados Unidos revelou que o índice de “C. P. O” (número de dentes perdidos cariados e
obturados), para cada cem crianças haviam diminuído em 60%. Por outro lado, a exposição
excessiva ao flúor durante a formação de esmalte dentário, pode levar o indivíduo a fluorose, que é
uma doença crônica que ocorre devido ao excesso de ingestão de flúor (níveis de fluoreto acima de
2,0 mg/L por longos períodos). Além da fluorose, outros efeitos nocivos à saúde incluem fraturas de
ossos, efeitos em sistemas renais, reprodutivos, gastrintestinais, efeitos de genotoxicidade e
carcinogênicos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu como adequada para fluoretação
de águas de abastecimento a faixa que varia entre 1,0 a 1,5 mg de fluoreto para cada litro de água. A
Portaria 518 do Ministério da Saúde (BRASIL, 2004) estabelece concentração máxima de flúor de
1,5 mg.L-1. O teor de flúor na água é definido de acordo com as condições climáticas (temperatura)
de cada região, em função do consumo médio diário de água por pessoa, pois quanto maior for à
temperatura da região, maior será a ingestão de líquidos, e a concentração de fluoretos pode ser
ainda mais baixa variando em torno de 0,5 a 0,7 mg/L.
Apesar dos aspectos positivos da fluoretação de águas de abastecimento, dados recentes de
bibliografia apontam para a existência de dificuldades na obediência aos padrões de fluoretação nos
sistemas brasileiros, algumas ainda não foram suficientemente analisadas, além de evidenciar
importância do controle externo dessa operação.
Agentes biológicos_ Os contaminantes biológicos são diversos agentes patogênicos ou não. As
características bacteriológicas dos esgotos referem-se à presença de diversos microrganismos tais
como bactérias inclusive do grupo coliforme, vírus e vermes. No caso das indústrias, as que operam
no abate de animais também são grandes emissoras de microrganismos, bem como muitas
produtoras de alimentos.
Coliformes As bactérias do grupo coliforme são consideradas os principais indicadores de
contaminação fecal. O grupo coliforme é formado por um grupo de bactérias que inclui os gêneros
Klebsiella, Escherichia, Serratia, Erwenia e Enterobactér. As bactérias coliformes fecais
reproduzem-se ativamente a 44,50C e são capazes de fermentar o açúcar. O uso da bactéria
coliforme fecal para indicar poluição sanitária mostra-se mais significativo que o uso da bactéria
coliforme total, porque as bactérias fecais estão restritas ao trato intestinal de animais de sangue
quente. A determinação da concentração dos coliformes assume importância como parâmetro
indicador da possibilidade da existência de microrganismos patogênicos responsáveis pela
transmissão de doenças de veiculação hídrica, como febre tifoide, febre paratifoide, disenteria
bacilar e cólera.
A presença de bactérias do grupo coliforme em água potável tem sido vista como um
indicador de contaminação fecal relacionado ao tratamento inadequado ou inabilidade de manter o
desinfetante residual na água distribuída .
A presença de coliformes termo tolerantes em água potável é o melhor indicador de que
existe risco a saúde do consumidor. Algumas cepas patogênicas de Escherichia coli, com
endotoxinas potentes podem causar diarreias moderadas a severas, colite hemorrágica grave, e a
síndrome hemolítica urêmica (SHU) em todos os grupos etários, podendo levar à morte.
Bactérias heterotróficas_ são definidas como microrganismos que requerem carbono orgânico
como fonte de nutrientes para seu crescimento e para a síntese de material celular. A maioria das
bactérias heterotróficas, geralmente, não é patogênica. Entretanto alguns membros desse grupo,
incluindo Legionella spp., Micobacterium spp., Pseudomonas spp., Aeromonas spp., podem ser
17
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patógenos oportunistas.Algumas bactérias heterotróficas podem exercer influência inibidora sobre


alguns organismos, podendo impedir a detecção de coliformes. A presença dessas bactérias também
pode indicar uma deterioração na qualidade da água de consumo ou um processo de desinfecção
inadequado no sistema de produção.
A contagem padrão de bactérias heterotróficas não deve exceder a 500 Unidades Formadoras
de Colônia por mililitro (UFC/ml).

Turbidez_ é uma característica da água devida à presença de partículas suspensas com tamanho
variando desde suspensões grosseiras aos coloides, dependendo do grau de turbulência. A presença
dessas partículas provoca a dispersão e a absorção da luz, dando a água uma aparência nebulosa,
esteticamente indesejável e potencialmente. A turbidez também pode ser causada por detritos
orgânicos, algas, bactérias e plâncton em geral.
Os esgotos sanitários e diversos efluentes industriais provocam elevações na turbidez das
águas. Um exemplo típico deste fato ocorre em consequência das atividades de mineração, onde os
aumentos excessivos de turbidez têm provocado formação de grandes bancos de lodo em rios e
alterações no ecossistema aquático. Alta turbidez reduz a fotossíntese de vegetação enraizada
submersa e algas. Esse desenvolvimento reduzido de plantas pode, por sua vez, suprimir a
produtividade de peixes. Logo, a turbidez pode influenciar nas comunidades biológicas aquáticas.
Segundo a Portaria nº 518 do Ministério da Saúde, o valor máximo de turbidez para água de
abastecimento público é de 5 UT.
Cor aparente_ A cor é responsável pela coloração da água, e está associada ao grau de redução de
intensidade que a luz sofre ao atravessá-la. A presença de substâncias dissolvidas ou em suspensão
altera a cor da água, dependendo da quantidade e da natureza do material presente. Normalmente, a
cor na água é devida aos ácidos húmicos e tanino, originados de decomposição de vegetais e, assim,
não apresenta risco algum para a saúde. Porém, quando de origem industrial, pode ou não
apresentar toxicidade. Quando a água, além da cor, apresenta uma turbidez adicional que pode ser
removida por centrifugação, diz-se que a cor é aparente. Removida a turbidez, o residual que se
mede é a cor verdadeira, devido a partículas coloidais carregadas negativamente.
O termo cor é utilizado para representar a cor verdadeira, que é a cor da água quando a
turbidez for removida. O termo cor aparente inclui não somente as substancias dissolvidas, mas
também aquela que envolve a matéria orgânica suspensa. A cor é medida em uH, unidade de escala
de Hansen – platina/cobalto e a cor aparente em NTU – unidade nefelométrica de turbidez.
Assim, a cor é um parâmetro de aspecto estético de aceitação ou rejeição do produto, de acordo
com a Portaria 518/04 do Ministério da Saúde. O valor máximo permissível de cor na água
distribuída é de 15,0uH.
Gases Os esgotos podem também contaminar o ar pela emissão de odores fétidos (gás sulfídrico e
ácido volátil) e pela presença de microrganismos (aerossóis). O ar também pode ser contaminado
pelos efluentes industriais, por meio da emissão dos compostos voláteis orgânicos ou inorgânicos.
Além dos incômodos causados pelos odores, existe também a toxidade inerente a cada substancia
emitida. Os gases dissolvidos são diversos: o oxigênio (O 2), o gás carbônico (CO2), a amônia (NH3),
o gás sulfídrico (H2S).
Existe também a emissão de composto orgânico voláteis dos efluentes industriais, mas também
podem ser oriundos de esgotos domésticos.

2.2 Tabelas de classificação dos parâmetros:

2.2.1 Tabela de características físicas

Nome dos Parâmetros Unidades Uso ou significado


sanitário
Sólidos totais (ST) mg/L A composição de cada

18
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forma dos sólidos expressa


direta ou indiretamente os
outros poluentes.
Sólidos totais voláteis (STV) mg/L Matéria orgânica
Sólidos totais fixos (STF) mg/L Matéria inorgânica
Sólidos suspensos (SS) mg/L Matéria orgânica e
inorgânica com Ø>0,45µm
Sólidos suspensos voláteis (SSV) mg/L Matéria orgânica ou
biomassa.

Sólidos suspensos fixos (SSF) mg/L Matéria inorgânica coloidal


e com Ø superiores
Sólidos dissolvidos totais mg/L Matéria orgânica e
inorgânica com Ø<0,45µm
Sólidos dissolvidos voláteis mg/L Matéria orgânica dissolvida
Sólidos dissolvidos fixos (SDF) mg/L Sais e óxidos solúveis
Curva de distribuição granulométrica Ø% Contribui para a
distribuição do processo de
tratamento.
Turbidez UT Permite o conhecimento da
transparência dos efluentes
e presença de coloides.
Cor UH Está relacionada aos
corantes orgânicos
sintéticos e ou residuais,
aos inorgânicos (metais
pesados) aos compostos
húmicos e outros
subprodutos de
biodegradação.
Transmitância %T Aplicabilidade de UV
0
Temperatura C Processos biológicos e para
a solubilidade dos gases na
água, além de interferir na
velocidade de
sedimentação das
partículas.
Densidade g/cm3 Aplica-se a efluente com
altas concentrações de
sólidos.
Condutividade mS/cm Está relacionada a
concentração de sais
solúveis nos efluentes.

Adaptado apostila Tratamento de efluentes, Engenheiro Gandhi Giordano p. 12, 2013.

2.2.2 Tabela de características químicas inorgânicas.

Nome dos Parâmetros Unidades Uso ou significado


19
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sanitário
Nutrientes (formas de nitrogênio) mg/L Avaliações das
concentrações e das formas
de nitrogênio disponíveis
no meio aquático e ou
residuais dos processos de
tratamento.
Nitrogênio amoniacal NH4+ mg/L Indica contaminação
Nitrogênio orgânico Norg recente.
Nitrogênio Kjeldahl, ∑ (NH4+) + (Norg) mg/L Indica composto de
nitrogênio/carbono
(proteínas, amidas).
Nitritos NO2 + mg/L Indica fase da
desnitrificação
Nitratos NO3 + mg/L Indica o estágio máximo de
nitrificação

Nitrogênio total mg/L Indica o somatório de todas


∑(NH4 +) + (Norg) + (NO2 +) +( NO3) as formas nitrogenadas.

Nutrientes (formas de fósforo) mg/L Avaliações das


Fósforo total, ∑ Porg +Pox (dissol. + part.) concentrações e das formas
de fósforo disponíveis no
meio aquático e ou
residuais dos processos de
tratamento distinguindo-se
as formas oxidadas e
reduzidas, assim como as
dissolvidas e particuladas.
Fósforo inorgânico Pinorg mg/L Fosfatos, PO4 +3 na forma
dissolvida.
Fósforo orgânico Porg mg/L Associado a biomassa
(particulado)
Potencial Hidrogênio iônico, pH log 1/ Mede a intensidade de
(H+) acidez ou alcalinidade da
água ou efluente.
Alcalinidade total mg/L Mede a capacidade de
∑ [HCO3] +[CO3] +[OH] tamponamento de uma
água ou efluente.
Cloreto Cl- mg/L Indica a contaminação por
esgotos e a salinidade.
Fluoreto F mg/L Controla a fluore tação das
águas.
Metais tóxicos: Ag, Al, As, Cd, Co, Cr, Cu, Hg, mg/L Alguns têm funções como
Mn, Mo, Ni, Pb, Se, V e Zn. micronutrientes, mas todos
têm caráter toxico e não
bioacumulativos.
Metais (não tóxicos) Ca, Mg, Na, K, Fe mg/L Controlam os processos de
incrustação, salinização e
cor das águas.
Oxigênio dissolvido (OD) mg/L Indica as condições de
20
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qualidade da vida aquática,


e é utilizado no controle de
processos aeróbios.
+
Sulfetos S mg/L São formados pela redução
dos SO4 + e proteínas em
meio anaeróbio ou se
originam de efluentes de
curtume.
Sulfato, SO4 - mg/L É precursor do S2 em meio
anaeróbio.
Adaptado apostila Tratamento de efluentes, Engenheiro Gandhi Giordano p. 13, 2013.

2.2.3_ Tabela de características químicas orgânicas

Nome dos Parâmetros Unidades Uso ou significado sanitário

Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) mg/L Quantidade de oxigênio necessária


para a estabilização da matéria
orgânica biodegradável nas formas
dissolvida e coloidal. É uma medida
indireta de matéria orgânica.
Demanda Química de Oxigênio (DQO) mg/L Quantidade de oxigênio necessária
para oxidar por via química enérgica
a matéria orgânica, dissolvida ou em
suspensão. É uma medida indireta de
matéria orgânica.
Carbono Orgânico Total (COT). mg/L Mede diretamente o carbono contido
na matéria orgânica.
Índice de Fenóis. mg/L É utilizado como microbicida.
Surfactantes (detergentes) ,BMAS mg/L É utilizado na remoção das gorduras.
Hidrocarbonetos ( BTEX,PAH e outros) µg/L Contaminação de solos ou águas
subterrâneas, por combustíveis.
Pesticidas (carbonatos, organofosforados e µg/L Resíduos em indústrias de alimentos
organoclorados). ou da produção.

2.2.4 _Tabelas de características biológicas

Unidades Uso ou significado sanitário


Nome dos parâmetros
Microbiologia (Colimetria, Escherichia coli, NMP/100 Pesquisa microbiológica e
Enterococcus fecais etc.) ml efetivação dos processos de
desinfecção.
Outros organismos ( bactérias, protozoários, Normalmente são pesquisados nos
helmintos e vírus.) casos de reuso dos efluentes.
Toxidade aguda e crônica (peixes, micro Ut CENO São utilizados para verificar a
crustáceo e microalgas). toxidade de uma substancia
especifica ou do efeito sinérgico de
diversos poluentes identificados ou
não na amostra relacionando- se ao
impacto da biota do corpo receptor.
21
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Obs. NMP_ Número mais provável; UT_ Unidade de toxidade; CENO_ Concentração máxima de
efeito não observado.
Adaptado apostila Tratamento de efluentes, Engenheiro Gandhi Giordano p. 14, 2013.

2.3_ Inconvenientes causados pelo lançamento de esgotos não tratados de esgotos não tratados
em corpos d’água

1. Matérias orgânicas solúveis: causam a depleção do oxigênio contido nos rios e estuários. O
despejo deve estar na proporção da capacidade de assimilação do curso d’água em relação a um
efluente Normal; Produzem gostos e odores as fontes de abastecimento de água. Ex: Fenóis;

2. Matérias tóxicas e íons de metais pesados. Ex. Cianetos. Cu, Zn Hg, etc., geralmente o despejo
desses materiais é sujeito a uma regulamentação Estadual e Federal; apresentam problemas de
toxidez e transferência através da cadeia alimentar.

3. Cor e turbidez indesejáveis do ponto de vista estético. Exigem trabalhos maiores as estações
de tratamento d’água.

4. Elementos nutritivos (nitrogénio fósforo) aumentam a eutrofização dos lagos e dos pântanos.
Inaceitáveis nas áreas de lazer e recreação.

5. Materiais refratários. Ex. ABS Formam espumas nos rios; não são removidos nos tratamentos
convencionais.

6. Óleo e materiais flutuantes: os regulamentos exigem geralmente sua completa eliminação


indesejável esteticamente; interferem com a decomposição biológica.

7. Ácidos e álcalis: neutralização exigida pela maioria dos regulamentos; interferem com a
decomposição biológica e com a vida aquática.

8. Substâncias que produzem odores na atmosfera: principalmente com a produção de sulfetos e


gás sulfídrico.

9. Matérias em suspensão; formam bancos de lama nos rios e nas canalizações de esgotos.

10. Temperatura: poluição térmica conduzindo ao esgotamento do oxigênio dissolvido


(abaixamento do valor de saturação).

Fonte: Eckenfelder, W (1970)

22
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ATIVIDADES

1. O que você entende por parâmetros sanitários?


__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
2. Os esgotos sanitários são compostos por matéria orgânica e inorgânica. Cite quais são os
principais constituintes:

Orgânicos:_________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Inorgânicos:________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

3. Assinale (V) verdadeiro ou (F) falso nas alternativas a seguir:

a. ( ) Os esgotos sanitários são compostos por matéria orgânica e inorgânica.


b. ( ) As características físico-químicas são definidas por parâmetros sanitários que quantificam
os sólidos, a matéria orgânica e alguns de seus componentes orgânicos ou inorgânicos.
c. ( ) A presença excessiva de sais, como cloreto de sódio, pode retardar ou inviabilizar os
processos biológicos por efeito osmótico.
d. ( ) Apenas os detergentes catiônicos são controlados pela legislação.

4. Diferencie sólidos coloidais e sólidos sedimentáveis.


________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________

5. Complete as lacunas a seguir:

a) Os esgotos sanitários são compostos de ________________________e de


______________________________.

b) As características físicas químicas são definidas por ______________________________


que quantificam os sólidos, a matéria orgânica e alguns dos seus compostos orgânicos e
inorgânicos.

c) Os _______________________ são compostos orgânicos que em geral não ocorrem


naturalmente nos corpos d água.

d) Nos tratamentos de efluentes o ____________é um parâmetro fundamental para o controle


de processo, pois alterações bruscas podem acarretar desaparecimento dos seres neles
presentes.

6) Quais são as possíveis causas do odor nos efluentes líquidos?


________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________

23
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________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________

7) Cite quais são os poluentes inorgânicos da matéria orgânica:


________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________

8) Explique de forma sucinta qual a origem dos elementos nitrogênio(N) e fósforo (P) nos esgotos
sanitários e nos efluentes industriais:
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________

9) Os esgotos podem contaminar o ar pela emissão de odores fétidos. Quais são os gases presentes
nesse processo?
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________

10) Consulte a tabela 2.1.3 de características físico químicas orgânicas e escreva o uso ou
significado sanitário dos seguintes parâmetros:

DBO____________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
DQO___________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
COT____________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
Índice de fenóis___________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
Surfactantes______________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
Hidrocarbonetos__________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________

11) Quais são os principais inconvenientes provocados pelo lançamento de esgoto não tratado
composto de:

a) Matérias orgânicas solúveis:___________________________________________________

b) Matérias em suspensão:_______________________________________________________

c) Materiais refratários:________________________________________________________

d) Elementos nutritivos (nitrogênio e


fósforo)________________________________________

24
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e) Matérias tóxicas e íons de metais


pesados_________________________________________

12. As características físico-químicas dos efluentes são definidas por parâmetros sanitários que
quantificam os sólidos, a matéria orgânica e alguns de seus componentes orgânicos ou inorgânicos.
Assinale a alternativa correta de acordo com a informação:

A. ( ) Analiticamente, são considerados sólidos em suspensão as substâncias ou partículas com


diâmetros inferiores a 1,2 µm e sólidos dissolvidos as que possuírem diâmetros superiores.
B. ( ) Sólidos coloidais são uma fração dos sólidos em suspensão, em função do seu pequeno
diâmetro e da ação da camada de solvatação que impede o crescimento dessas partículas.
C. ( ) Os sólidos sedimentáveis e os flutuantes são os que se separam da fase líquida por diferença
de capilaridade.
D. ( ) Partículas com diâmetro entre 0,001 e 1,2 µm são coloidais em suspensão, mas pela
metodologia analítica padronizada são quantificadas como sólidos oxidáveis.
E. ( ) Os compostos com densidade superiores ao da água são sempre caracterizados como
componentes sólidos.

13. Assinale a alternativa correta em relação aos parâmetros e indicadores de qualidade da água.

A. ( ) São parâmetros físicos: temperatura da água e do ar, série de resíduos (filtrável e não
filtrável), turbidez e coloração da água.
B. ( ) O teste da DBO indica a presença de matéria não-biodegradável.
C. ( ) São parâmetros químicos: pH, Demanda Bioquímica de Oxigênio, carbono orgânico
dissolvido, fósforo total e condutividade.
D. ( ) São parâmetros microbiológicos: coliformes fecais, estreptococos fecais, Demanda Química
de Oxigênio e absorbância no ultravioleta.
E. ( ) São parâmetros eco toxicológicos: clorofila-a, Giardia sp., fenóis, chumbo e mercúrio.

3_ Legislação

O lançamento de efluentes nos corpos receptores é regido por padrões de lançamento de efluentes
estabelecidos pelos seguintes órgãos:

• Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) – Res. no. 357 (março/2005)

• Fundação Estadual de Engenharia e Meio Ambiente (Feema), incorporada ao Instituto Estadual do


Ambiente (INEA) desde 2009 – NT-202.R-10 – Critérios e padrões de lançamento de efluentes
líquidos (dezembro/1986)

• Fundação Estadual de Engenharia e Meio Ambiente (Feema) – DZ-205. R-6 – Diretriz de controle
de carga orgânica em efluentes líquidos de origem industrial (outubro/2007).

Até 2004, a Resolução Conama nº 20 de 1986 era quem determinava os padrões de lançamento
(concentrações máximas permitidas) para uma ampla relação de poluentes. No entanto, a não
utilização de critérios baseados na carga de poluente (massa lançada por unidade de tempo) e a não
inclusão nesta resolução de parâmetros importantes como a DQO e a toxicidade eram objetos de
crítica.
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Curso Técnico em Meio Ambiente

3. 1_Aspectos legais:

A legislação ambiental é muito complexa e varia muito de um estado para outro. Os parâmetros
para controle da carga orgânica são aplicados de forma muito diferente entre alguns Estados. No
estado do Rio de Janeiro a avaliação é feita utilizando-se os parâmetros DBO e DQO. Em relação a
DBO a eficiência esta diretamente ligada a carga orgânica em duas faixas até 100 Kg DBO / d 70%
e acima de 100 Kg DBO/ d 90%. Em relação à DQO o controle é realizado por concentração
existindo uma tabela na qual a tipologia da indústria é o indicador.
No Estado do Rio Grande do Sul as concentrações de DBO e DQO variam inversamente com
a carga orgânica. Sendo assim quanto maiores às cargas menores são as concentrações permitidas
para lançamento.
No Estado de São Paulo o controle é realizado utilizando-se somente a DBO como parâmetro.
É exigida a redução da carga orgânica em 80% ou que a DBO apresente concentração máxima de
60mg 02/ L.
No Estado de Minas Gerais o controle é realizado de duas formas. Por concentração tanto da
DBO quanto da DQO, sendo aplicados indistintamente para quaisquer indústrias. Os limites são
60mg e 90mg 02/ L respectivamente. Por eficiência de redução da carga orgânica em relação a DBO
mínima de 85% sendo atendidas em relação a DBO pelo menos uma das duas condições.
O Estado de Goiás limita a carga orgânica somente em relação à DBO, mas estabelece a
concentração máxima de 60mg 02/L ou sua redução em 80%.
Nos outros estados o conceito é o mesmo do CONAMA sendo a carga orgânica controlada
apenas no corpo receptor.
Tanto a legislação do Estado de São Paulo, o decreto 8468 que regulamenta a Lei 997 de
1976 como a Legislação Federal a resolução 20 do CONAMA (Conselho Nacional do Meio
Ambiente), passam por processos de revisão. Apresentam-se em seguida, alguns padrões de emissão
de esgoto em águas naturais de ambas as legislações:

Padrões de emissão de esgotos decreto 8468:


 pH entre 4 e 9;
 Temperatura inferior a 400C;
 Sólidos sedimentáveis inferior a 1,0 ml/L;
 DBO5. 20 inferior a 60mg/L ou 80% de redução;

Padrões de emissão de esgotos resolução 20 do CONAMA:

 pH entre 5 e 9;
 Temperatura inferior a 400C;
 Sólidos sedimentáveis inferior a 1,0 ml/L;
 Amônia = inferior a 5,0 mg/L;
Pode ser observado que o padrão para emissão de 5,0 mg/L para amônia não pode ser atendido
mediante a grande maioria dos processos de tratamento biológicos, exceto os aeróbios com aeração
prolongada( idade do lodo elevada).
Apresentam-se a seguir a título de ilustração, alguns padrões de qualidade estabelecidos nas
legislações para uma água natural classe 2, que pode ser utilizada para abastecimento público após
tratamento:

Padrões de qualidade decreto 8.468:

 Oxigênio dissolvido: não inferior a 5,0 mg/L;


 DBO5. 20: inferior a 5,0 mg/L;
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 Coliformes totais: Não superior a 5.000/100 ml;


 Coliformes fecais: Não superior a 1.000/100 ml;

Padrões de qualidade resolução CONAMA:

 pH : entre 6 e 9;
 Oxigênio dissolvido: não inferior a 5,0 mg/L;
 Coliformes totais: não superior a 5000/ 100 ml;
 Coliformes fecais: não superior a 1000/100 ml;
 Amônia não ionizável: inferior a 0,02 mg/l
 Fosfato total: inferior a 0,025mg p/L.

Padrões de Potabilidade

Os padrões de potabilidade estão diretamente associados à qualidade da água fornecida ao


consumidor, ou seja, na própria ligação domiciliar. Os padrões de potabilidade foram definidos na
Portaria nº 36 de 19 de janeiro de 1990 do Ministério da Saúde. Os órgãos encarregados da fixação
dos padrões de potabilidade são:
Poder público: Governo Federal através Secretaria Especial do Meio Ambiente. (SEMA ) órgão do
Ministério do Interior, bem como governos estaduais ou municipais, através do departamento de
saúde, de departamento de obras públicas etc.
Órgãos Internacionais__ Organização Mundial de Saúde, Instituições Técnicas: Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT); American Waters Works Association (A.W.W. A).

3.2_ Classificação das águas

No Brasil, na esfera federal, foi a Portaria Minter n. GM 0013, de 15.01.1976, que inicialmente
regulamentou a classificação dos corpos d água superficiais, com respectivos padrões de qualidade
e os padrões de emissões para efluentes.
No estado de São Paulo esses padrões foram fixados pelo decreto n. 8.468, de 08.09.1976, que
regulamentou a Lei n.997, 31.05.1976, a qual subsidia a ação de prevenção e controle da poluição
no meio ambiente. Esse decreto define a classificação das águas interiores situadas no território do
estado de São Paulo, segundo os usos preponderantes, variando da classe 1 ( mais nobre) até a
classe 4 (menos nobre). Também são fixados, entre outros, padrões de qualidade das aguas para as
quatro classes e padrões de emissão de efluentes líquidos de qualquer natureza. O enquadramento
dos corpos d´água do estado de São Paulo foi estabelecido pelo Decreto n.10.755, de 22.11.1977.
Em 1986, a Portaria GM 0013 foi substituída pela Resolução n. 20 do CONAMA, que
estabeleceu uma nova classificação para as aguas doces, bem como para aguas salobras e salinas do
território nacional. São definidas nove classes, segundo os usos preponderantes a que as águas se
destinam, conforme apresentado no Quadro 3.2.1

Quadro 3.2.1_Classificação do CONAMA para águas doces, salobras e salinas do território


nacional brasileiro.

ÁGUAS DOCES
Classe especial – águas destinadas a:

a) Abastecimento doméstico sem prévia ou com simples desinfecção;


b) Preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas;
Classe 1- águas destinadas a:
a) Abastecimento doméstico após tratamento simplificado;
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b) Proteção das comunidades aquáticas;


c) Recreação de contato primário (natação, esqui aquático e mergulho);
d) Irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam
rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de película;
e) Criação natural e/ ou intensiva (aquicultura) de espécies destinadas à alimentação
humana.
Classe 2 – águas destinadas a:

a)Abastecimento doméstico, após tratamento convencional;


b)Proteção das comunidades aquáticas;
c)Recreação de contato primário (esqui aquático, natação e mergulho);
d)Irrigação de hortaliças e plantas frutíferas;
e)Criação natural e/ou intensiva (aquicultura) de espécies destinadas a alimentação
humana.
Classe 3- águas destinadas a:

a) Abastecimento doméstico, após tratamento convencional;


b) Irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras;
c) Dessedentação de animais;
Classe 4_ águas destinadas a;

a) Navegação;
b) Harmonia paisagística;
c) Usos menos exigentes;
Águas salinas

Classe 5_ águas destinadas a:


a) Recreação de contato primário;
b) Proteção das comunidades aquáticas;
c) Criação natural e/ou intensiva (aquicultura) de espécies destinadas a
alimentação humana;
Classe 6- águas destinadas a:
a) Navegação comercial;
b) Harmonia paisagística;
c) Recreação de contato secundário;
AGUAS SALOBRAS
Classe 7- águas destinadas a:
a) Recreação de contato primário;
b) Proteção das comunidades aquáticas;
c) Criação natural e/ou intensiva (aquicultura) de espécies destinadas a
alimentação humana;
Classe 8- águas destinadas a:
a) Navegação comercial;
b) Harmonia paisagística;
c) Recreação de contato secundário;
Fonte: Resolução n. 20 do Conama, 1986.

Para cada uma dessas classes são estabelecidos parâmetros de qualidade físicos, químicos e
biológicos, com seus respectivos valores, que devem ser seguidos para assegurar os usos
preestabelecidos das aguas.
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3.3_ Resolução CONAMA nº 357

Está em vigor desde o dia 17 de março de 2005, publicada no DOU nº 053, págs. 58 _ 63, a
RESOLUÇÃO nº 357 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), que ao revogar a
portaria 0,20/86 reclassificou os corpos d água e definiu novos padrões de lançamento de efluentes.
Dispõe sobre a classificação dos corpos d´água e diretrizes ambientais para seu
enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes e dá
outras providencias.
A resolução aperta o cerco contra atividades industriais, potencialmente poluidoras e prevê
com base na lei de crimes ambientais (9605) pena de prisão para os administradores de empresas e
responsáveis técnicos que não observarem os padrões das cargas poluidoras.

CAPÍTULO II
DA CLASSIFICAÇÃO DOS CORPOS DE ÁGUA

Art. 7º_ Os padrões de qualidade das águas determinados nesta Resolução estabelecem limites
individuais para cada substancia em cada classe.
Paragrafo único. As águas de melhor qualidade podem ser aproveitadas em usos menos exigentes,
desde que este não prejudique a qualidade da água, atendido outros requisitos pertinentes.

CAPITULO III
DAS CONDIÇÕES E PADRÕES DE QUALIDADE DAS ÁGUAS

Sessão I
Das disposições gerais
Art. 7°_ Os padrões de qualidade das águas determinadas nesta Resolução estabelecem limites
individuais para cada substancia em cada classe.
Paragrafo único. Eventuais interações entre substancias, especificados ou não nesta Resolução, não
poderão conferir as águas características capazes de causar efeitos letais ou alteração de
comportamento, reprodução ou fisiologia da vida, bem como de restringir os usos preponderantes
previstos ressalvados o disposto no§ 3º do artigo 34 desta Resolução.

3.4_Resolução CONAMA nº410 de 04 de maio de 2009

A Resolução 410 do CONAMA está em vigor desde o dia 04 de maio de 2009, publicada no
DOU nº 83, de 05.05.2009 pag. 106.
Essa lei altera o artigo 44 da Resolução 357/2005 e o art. 3º da Resolução 397/2008.
Prorroga o prazo para complementação das condições e padrões de lançamentos de efluentes,
previstos no art. 44 da Resolução 357/2005 e o art. 3° da Resolução 397/2008.

O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE_ CONAMA- no uso de suas


competências que lhes são conferidas pelo art. 8º, inciso VII, da Lei nº 6.938 de 31 de agosto de
1981, e tendo em vista o disposto em seu Regime Interno, resolve:
Art. 1º Prorroga o prazo para complementação das condições e padrões de lançamentos de
efluentes líquidos, previstos no Art. 44 da Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente_
CONAMA nº357 de 17 de março, e no art. 3° da Resolução nº 397, de 03 de abril de 2008, por mais
seis meses a partir da data de publicação desta Resolução.

3.6_ Resolução CONAMA nº 430 de 13 de maio de 2011

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Complementa e altera a Resolução nº 357/2005. Dispõe sobre as condições e padrões de


lançamentos de efluentes complementam e altera a Resolução nº 357, de 17 de março de 2005, do
Conselho Nacional do Meio Ambiente CONAMA.

O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE-CONAMA, no uso das competências


que lhe são conferidas pelo inciso VII do art. 8° da Lei n° 6.938, de 31 de agosto de1981,
regulamentada pelo Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990 e suas alterações, tendo em vista o
disposto em seu Regimento Interno, Anexo à Portaria nº 168, de 13 de junho de 2005, resolve:

Art. 1º Esta Resolução dispõe sobre condições, parâmetros, padrões e diretrizes para gestão do
lançamento de efluentes em corpos de água receptores, alterando parcialmente e complementando a
Resolução nº 357, de 17 de março de 2005, do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA.
Parágrafo único. O lançamento indireto de efluentes no corpo receptor deverá observar
o disposto nesta Resolução quando verificada a inexistência de legislação ou normas específicas,
disposições do órgão ambiental competente, bem como diretrizes da operadora dos sistemas de
coleta e tratamento de esgoto sanitário.

Art. 2º A disposição de efluentes no solo, mesmo tratados, não está sujeita aos parâmetros e padrões
de lançamento dispostos nesta Resolução, não podendo, todavia, causar poluição ou contaminação
das águas superficiais e subterrâneas.

Art. 3º Os efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão ser lançados diretamente nos
corpos receptores após o devido tratamento e desde que obedeçam às condições, padrões e
exigências dispostos nesta Resolução e em outras normas aplicáveis.
Parágrafo único. O órgão ambiental competente poderá, a qualquer momento, mediante
fundamentação técnica:
I - acrescentar outras condições e padrões para o lançamento de efluentes, ou torná-los mais
restritivos, tendo em vista as condições do corpo receptor; ou
II - exigir tecnologia ambientalmente adequada e economicamente viável para o tratamento dos
efluentes, compatível com as condições do respectivo corpo receptor.

CAPÍTULO I
DAS DEFINIÇÕES

Art. 4º Para efeito desta Resolução adotam-se as seguintes definições, em complementação àquelas
contidas no art. 2ºda Resolução CONAMA nº 357, de 2005:
I - Capacidade de suporte do corpo receptor: valor máximo de determinado poluente que o corpo
hídrico pode receber, sem comprometer a qualidade da água e seus usos determinados pela classe de
enquadramento;
II - Concentração de Efeito Não Observado-CENO: maior concentração do efluente que não causa
efeito deletério estatisticamente significativo na sobrevivência e reprodução dos organismos, em um
determinado tempo de exposição, nas condições de ensaio;
III - Concentração do Efluente no Corpo Receptor-CECR, expressa em porcentagem:
a) para corpos receptores confinados por calhas (rio, córregos, etc.):
1. CECR = [(vazão do efluente) / (vazão do efluente + vazão de referência do corpo receptor)] x
100.
b) para áreas marinhas, estuarinas e lagos a CECR é estabelecida com base em estudo da dispersão
física do efluente no corpo hídrico receptor, sendo a CECR limitada pela zona de mistura definida
pelo órgão ambiental;
IV - Concentração Letal Mediana-CL50 ou Concentração Efetiva Mediana-CE50: é a concentração
do efluente que causa efeito agudo (letalidade ou imobilidade) a 50% dos organismos, em
determinado período de exposição, nas condições de ensaio;
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V - Efluente: é o termo usado para caracterizar os despejos líquidos provenientes de diversas


atividades ou processos;
VI - Emissário submarino: tubulação provida de sistemas difusores destinados ao lançamento de
efluentes no mar, na faixa compreendida entre a linha de base e o limite do mar territorial brasileiro;
VII - Esgotos sanitários: denominação genérica para despejos líquidos residenciais, comerciais,
água de infiltração na rede coletora, os quais podem conter parcela de efluentes industriais e
efluentes não domésticos;
VIII - Fator de Toxicidade-FT: número adimensional que expressa a menor diluição do efluente que
não causa efeito deletério agudo aos organismos, num determinado período de exposição, nas
condições de ensaio;
IX - Lançamento direto: quando ocorre a condução direta do efluente ao corpo receptor;
X - Lançamento indireto: quando ocorre a condução do efluente, submetido ou não a tratamento,
por meio de rede coletora que recebe outras contribuições antes de atingir o corpo receptor;
XI - Nível trófico: posição de um organismo na cadeia trófica;
XII - Parâmetro de qualidade do efluente: substâncias ou outros indicadores representativos dos
contaminantes toxicologicamente e ambientalmente relevantes do efluente;
XIII - Testes de eco toxicidade: métodos utilizados para detectar e avaliar a capacidade de um
agente tóxico provocar efeito nocivo, utilizando bioindicadores dos grandes grupos de uma cadeia
ecológica; e
XIV - Zona de mistura: região do corpo receptor, estimada com base em modelos teóricos aceitos
pelo órgão ambiental competente, que se estende do ponto de lançamento do efluente e delimitada
pela superfície em que é atingido o equilíbrio de mistura entre os parâmetros físicos e químicos,
bem como o equilíbrio biológico do efluente e os do corpo receptor, sendo específica para cada
parâmetro.
CAPÍTULO II
DAS CONDIÇÕES E PADRÕES DE LANÇAMENTO DE EFLUENTES

Seção I
Das Disposições Gerais

Art. 5º Os efluentes não poderão conferir ao corpo receptor características de qualidade em


desacordo com as metas obrigatórias progressivas, intermediárias e finais, do seu enquadramento.
§ 1º As metas obrigatórias para corpos receptores serão estabelecidas por parâmetros específicos.
§ 2º Para os parâmetros não incluídos nas metas obrigatórias e na ausência de metas intermediárias
progressivas, os padrões de qualidade a serem obedecidos no corpo receptor são os que constam na
classe na qual o corpo receptor estiver enquadrado.
Art. 6º Excepcionalmente e em caráter temporário, o órgão ambiental competente poderá, mediante
análise técnica fundamentada, autorizar o lançamento de efluentes em desacordo com as condições
e padrões estabelecidos nesta Resolução, desde que observados os seguintes requisitos:
I - comprovação de relevante interesse público, devidamente motivado;
II - atendimento ao enquadramento do corpo receptor e às metas intermediárias e finais,
progressivas e obrigatórias;
III - realização de estudo ambiental tecnicamente adequado, a expensas do empreendedor
responsável pelo lançamento;
IV - estabelecimento de tratamento e exigências para este lançamento;
V - fixação de prazo máximo para o lançamento, prorrogável a critério do órgão ambiental
competente, enquanto durar a situação que justificou a excepcionalidade aos limites estabelecidos
nesta norma; e
VI - estabelecimento de medidas que visem neutralizar os eventuais efeitos do lançamento
excepcional.

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Art. 7° O órgão ambiental competente deverá, por meio de norma específica ou no licenciamento da
atividade ou empreendimento, estabelecer a carga poluidora máxima para o lançamento de
substâncias passíveis de estarem presentes ou serem formadas nos processos produtivos, listadas ou
não no art. 16 desta Resolução, de modo a não comprometer as metas progressivas obrigatórias,
intermediárias e final, estabelecidas para enquadramento do corpo receptor.
§ 1° O órgão ambiental competente poderá exigir, nos processos de licenciamento ou de sua
renovação, a apresentação de estudo de capacidade de suporte do corpo receptor.
§ 2° O estudo de capacidade de suporte deve considerar, no mínimo, a diferença entre os padrões
estabelecidos pela classe e as concentrações existentes no trecho desde a montante, estimando a
concentração após a zona de mistura.
§ 3° O empreendedor, no processo de licenciamento, informará ao órgão ambiental as substâncias
que poderão estar contidas no efluente gerado, entre aquelas listadas ou não na Resolução
CONAMA n° 357, de 2005 para padrões de qualidade de água, sob pena de suspensão ou
cancelamento da licença expedida.
§ 4° O disposto no § 3° não se aplica aos casos em que o empreendedor comprove que não dispunha
de condições de saber da existência de uma ou mais substâncias nos efluentes gerados pelos
empreendimentos ou atividades.
Art. 8° É vedado, nos efluentes, o lançamento dos Poluentes Orgânicos Persistentes (Pops),
observada a legislação em vigor.
Parágrafo único. Nos processos nos quais possa ocorrer a formação de dioxinas e furanos deverá ser
utilizada a tecnologia adequada para a sua redução, até a completa eliminação.

Art. 9° No controle das condições de lançamento é vedada, para fins de diluição antes do seu
lançamento, a mistura de efluentes com águas de melhor qualidade, tais como as águas de
abastecimento, do mar e de sistemas abertos de refrigeração sem recirculação.

Art. 10. Na hipótese de fonte de poluição geradora de diferentes efluentes ou lançamentos


individualizados, os limites constantes desta Resolução aplicar-se-ão a cada um deles ou ao
conjunto após a mistura, a critério do órgão ambiental competente.

Art. 11. Nas águas de classe especial é vedado o lançamento de efluentes ou disposição de resíduos
domésticos, agropecuários, de aquicultura, industriais e de quaisquer outras fontes poluentes,
mesmo que tratados.
Art. 12. O lançamento de efluentes em corpos de água, com exceção daqueles enquadrados na
classe especial, não poderá exceder as condições e padrões de qualidade de água estabelecidos para
as respectivas classes, nas condições da vazão de referência ou volume disponível, além de atender
outras exigências aplicáveis.
Parágrafo único. Nos corpos de água em processo de recuperação, o lançamento de efluentes
observará as metas obrigatórias progressivas, intermediárias e finais.

Art. 13. Na zona de mistura serão admitidas concentrações de substâncias em desacordo com os
padrões de qualidade estabelecidos para o corpo receptor, desde que não comprometam os usos
previstos para o mesmo.
Parágrafo único. A extensão e as concentrações de substâncias na zona de mistura deverão ser
objeto de estudo, quando determinado pelo órgão ambiental competente, a expensas do
empreendedor responsável pelo lançamento.

Art. 14. Sem prejuízo do disposto no inciso I do parágrafo único do art. 3°desta Resolução, o órgão
ambiental competente poderá, quando a vazão do corpo receptor estiver abaixo da vazão de
referência, estabelecer restrições e medidas adicionais, de caráter excepcional e temporário, aos
lançamentos de efluentes que possam, dentre outras consequências:
I - acarretar efeitos tóxicos agudos ou crônicos em organismos aquáticos; ou.
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II - inviabilizar o abastecimento das populações.

Art. 15. Para o lançamento de efluentes tratados em leito seco de corpos receptores intermitentes, o
órgão ambiental competente poderá definir condições especiais ouvidas o órgão gestor de recursos
hídricos.
Seção II
Das Condições e Padrões de Lançamento de Efluentes

Art. 16. Os efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão ser lançados diretamente no
corpo receptor desde que obedeçam as condições e padrões previstos neste artigo, resguardadas
outras exigências cabíveis:
I - condições de lançamento de efluentes:
a) pH entre 5 a 9;
b) temperatura: inferior a 40°C, sendo que a variação de temperatura do corpo receptor não deverá
exceder a 3°C no limite da zona de mistura;
c) materiais sedimentáveis: até 1 ml/L em teste de 1 hora em cone Inmhoff. Para o lançamento em
lagos e lagoas, cuja velocidade de circulação seja praticamente nula, os materiais sedimentáveis
deverão estar virtualmente ausentes;
d) regime de lançamento com vazão máxima de até 1,5 vezes a vazão média do período de atividade
diária do agente poluidor, exceto nos casos permitidos pela autoridade competente;
e) óleos e graxas:
1. Óleos minerais: até 20 mg/L;
2. Óleos vegetais e gorduras animais: até 50 mg/L;
f) ausência de materiais flutuantes; e
g) Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO 5 dias a 20°C): remoção mínima de 60% de DBO
sendo que este limite só poderá ser reduzido no caso de existência de estudo de autodepuração do
corpo hídrico que comprove atendimento às metas do enquadramento do corpo receptor;

II - Padrões de lançamento de efluentes:

TABELA I
Parâmetros inorgânicos Valores máximos
Arsênio total 0,5 mg/L As
Bário total 5,0 mg/L Ba
Boro total (Não se aplica para o lançamento em 5,0 mg/L B
águas salinas)
Cádmio total 0,2 mg/L Cd
Chumbo total 0,5 mg/L Pb
Cianeto total 1,0 mg/L CN
Cianeto livre (destilável por ácidos fracos) 0,2 mg/L CN
Cobre dissolvido 1,0 mg/L Cu
Cromo hexavalente 0,1 mg/L Cr+6
Cromo trivalente 1,0 mg/L Cr+3
Estanho total 4,0 mg/L Sn
Ferro dissolvido 15,0 mg/L Fe
Manganês dissolvido 1,0 mg/L Mn
Mercúrio total 0,01 mg/L Hg
Níquel total 2,0 mg/L Ni
Nitrogênio amoniacal total 20,0 mg/L N
Prata total 0,1 mg/L Ag
Selênio total 0,30 mg/L Se
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Sulfeto 1,0 mg/L S


Zinco total 5,0 mg/L Zn
Parâmetros Orgânicos Valores máximos
Benzeno 1,2 mg/L
Clorofórmio 1,0 mg/L
Dicloroeteno (somatório de 1,1 + 1,2cis + 1,2 1,0 mg/L
trans.)
Estireno 0,07 mg/L
Etilbenzeno 0,84 mg/L
fenóis totais (substâncias que reagem com 4- 0,5 mg/L C6H5OH
aminoantipirina)
Tetracloreto de carbono 1,0 mg/L
Tricloroeteno 1,0 mg/L
Tolueno 1,2 mg/L
Xileno 1,6 mg/L

§ 1º Os efluentes oriundos de sistemas de disposição final de resíduos sólidos de qualquer origem


devem atender às condições e padrões definidos neste artigo.
§ 2º Os efluentes oriundos de sistemas de tratamento de esgotos sanitários devem atender às
condições e padrões específicos definidos na Seção III desta Resolução.
§ 3º Os efluentes oriundos de serviços de saúde estarão sujeitos às exigências estabelecidas na
Seção III desta Resolução, desde que atendidas as normas sanitárias específicas vigentes, podendo:
I - ser lançados em rede coletora de esgotos sanitários conectados a estação de tratamento,
atendendo às normas e diretrizes da operadora do sistema de coleta e tratamento de esgoto sanitário;
II - ser lançados diretamente após tratamento especial.

Art. 17. O órgão ambiental competente poderá definir padrões específicos para o parâmetro fósforo
no caso de lançamento de efluentes em corpos receptores com registro histórico de floração de
cianobactérias, em trechos onde ocorra a captação para abastecimento público.

Art. 18. O efluente não deverá causar ou possuir potencial para causar efeitos tóxicos aos
organismos aquáticos no corpo receptor, de acordo com os critérios de eco toxicidade estabelecidos
pelo órgão ambiental competente.
§ 1º Os critérios de eco toxicidade previstos no caput deste artigo devem se basear em resultados de
ensaios eco toxicológicos aceitos pelo órgão ambiental, realizados no efluente, utilizando
organismos aquáticos de pelo menos dois níveis tróficos diferentes.
§ 2º Cabe ao órgão ambiental competente a especificação das vazões de referência do efluente e do
corpo receptor a serem consideradas no cálculo da Concentração do Efluente no Corpo
Receptor-CECR, além dos organismos e dos métodos de ensaio a serem utilizados, bem como a
frequência de eventual monitoramento.
§ 3º Na ausência de critérios de eco toxicidade estabelecida pelo órgão ambiental para avaliar o
efeito tóxico do efluente no corpo receptor, as seguintes diretrizes devem ser obedecidas:
I - para efluentes lançados em corpos receptores de água doce Classes 1 e 2, e águas salinas e
salobras Classe 1, a Concentração do Efluente no Corpo Receptor-CECR deve ser menor ou igual à
Concentração de Efeito Não Observado-CENO de pelo menos dois níveis tróficos, ou seja:
a) CECR deve ser menor ou igual a CENO quando for realizado teste de eco toxicidade para medir
o efeito tóxico crônico; ou
b) CECR deve ser menor ou igual ao valor da Concentração Letal Mediana (CL50) dividida por 10;
ou menor ou igual a 30 dividido pelo Fator de Toxicidade (FT) quando for realizado teste de
eco toxicidade para medir o efeito tóxico agudo;
II - para efluentes lançados em corpos receptores de água doce Classe 3, e águas salinas
34
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e salobras Classe 2, a Concentração do Efluente no Corpo Receptor-CECR deve ser menor ou igual
à concentração que não causa efeito agudo aos organismos aquáticos de pelo menos dois níveis
tróficos, ou seja:
a) CECR deve ser menor ou igual ao valor da Concentração Letal Mediana-CL50 dividida por 3 ou
menor ou igual a 100 dividido pelo Fator de Toxicidade-FT, quando for realizado teste de eco
toxicidade aguda.
§ 4o A critério do órgão ambiental, com base na avaliação dos resultados de série histórica, poderá
ser reduzido o número de níveis tróficos utilizados para os testes de eco toxicidade, para fins de
monitoramento.
§ 5o Nos corpos de água em que as condições e padrões de qualidade previstos na Resolução nº
357, de 2005, não incluam restrições de toxicidade a organismos aquáticos não se aplicam os
parágrafos anteriores.

Art. 19. O órgão ambiental competente deverá determinar quais empreendimentos e atividades
deverão realizar os ensaios de eco toxicidade, considerando as características dos efluentes gerados
e do corpo receptor.

Art. 20. O lançamento de efluentes efetuado por meio de emissários submarinos deve atender, após
tratamento, aos padrões e condições de lançamento previstas nesta Resolução, aos padrões da classe
do corpo receptor, após o limite da zona de mistura, e ao padrão de balneabilidade,
de acordo com normas e legislação vigentes.
Parágrafo único. A disposição de efluentes por emissário submarino em desacordo com as
condições e padrões de lançamento estabelecidos nesta Resolução poderá ser autorizada pelo órgão
ambiental competente, conforme previsto nos incisos III e IV do art. 6º , sendo que o estudo
ambiental definido no inciso III deverá conter no mínimo:
I - As condições e padrões específicos na entrada do emissário;
II - O estudo de dispersão na zona de mistura, com dois cenários:
a) primeiro cenário: atendimento aos valores preconizados na Tabela I desta Resolução;
b) segundo cenário: condições e padrões propostos pelo empreendedor; e
III - Programa de monitoramento ambiental.

Seção III
Das Condições e Padrões para Efluentes de Sistemas de Tratamento de Esgotos Sanitários

Art. 21. Para o lançamento direto de efluentes oriundos de sistemas de tratamento de esgotos
sanitários deverão ser obedecidas as seguintes condições de padrões específicos:
I. Condições de lançamentos de lançamento de efluentes:
a) pH entre 5 e 9;
b) Temperatura inferior a 40ºC, sendo que a variação de temperatura do corpo receptor
não deverá exceder a 3ºC no limite da zona de mistura;
c) Materiais sedimentáveis até o limite de 1 ml/L em teste de 1 hora em cone Inmhoff.
Para o lançamento em lagos e lagoas cuja velocidade de circulação seja praticamente
nula, os materiais sedimentáveis deverão estar virtualmente ausentes;
d) Demanda Bioquímica de Oxigênio_ DBO 5 dias,20ºC : máximo de 120 mg/L, sendo
que esse limite só poderá ser ultrapassado no caso de efluente de sistema de
tratamento com eficiência de remoção mínima de 60% de DBO, ou mediante estudo
de autodepuração do corpo hídrico que comprove atendimento as metas do
enquadramento do corpo receptor.
e) Substancias solúveis em hexano (óleos e graxas) em até 100 mg/L e;
f) Ausência de materiais flutuantes;
§ 1º Das condições e padrões de lançamento relacionados na Seção II art.16, inciso I e II dessa
Resolução poderão ser aplicáveis aos sistemas de tratamento de esgoto sanitário a critério do órgão
35
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ambiental competente em função das características locais não sendo exigível o padrão de
nitrogênio amoniacal total;
§ 2º No caso de sistemas de tratamentos de esgotos sanitários que recebam lixiviados de aterros
sanitários, o órgão ambiental competente deverá indicar quais os parâmetros da Tabela I do art.16,
inciso II desta Resolução que deverão ser atendidos e monitorados, não sendo exigível o padrão de
nitrogênio amoniacal total;
§ 3º Para a determinação da eficiência de remoção de carga poluidora em termos de DBO 5, 20 para
sistemas de tratamento em lagoas com estabilização, a mostra de efluentes deverá ser tratada.

Art. 23 Os efluentes de sistemas de tratamento de esgotos sanitários poderão ser objeto de teste de
eco toxidade no caso de interferência de efluentes com características potencialmente tóxicas ao
corpo receptor, a critério do órgão competente.
§ 1º. Os testes de eco toxidade em efluentes de sistemas de tratamento de esgotos sanitários tem
como objetivo subsidiar ações de gestão da bacia contribuinte aos referidos sistemas, indicando a
necessidade de controle nas fontes geradoras de efluentes com características potencialmente
toxicas ao corpo receptor.
§ 2º. As ações de gestão serão compartilhadas entre empresas de saneamento, as fontes geradoras e
o órgão ambiental competente, a partir da avaliação criteriosa dos resultados obtidos no
monitoramento.

CAPÍTULO III
DIRETRIZES PARA GESTÃO DE EFLUENTES

Art.24. Os responsáveis pelas fontes poluidoras dos recursos hídricos deverão realizar o auto
monitoramento para controle e acompanhamento periódico dos efluentes lançados nos corpos
receptores, com base em amostragem representativa dos mesmos.
§ 1º O órgão ambiental competente poderá estabelecer critérios e procedimentos para a execução e
averiguação do auto monitoramento de efluentes e avaliação da qualidade do corpo receptor.
§ 2º Para fontes de baixo potencial poluidor, assim definidas pelo órgão ambiental competente,
poderá ser dispensado o auto monitoramento, mediante fundamentação técnica.
.
Art. 25. As coletas de amostras e as análises de efluentes líquidos e em corpos hídricos devem ser
realizadas de acordo com as normas específicas, sob responsabilidade de profissional legalmente
habilitado.
Art. 26. Os ensaios deverão ser realizados por laboratórios acreditados pelo Instituto
Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial INMETRO ou por outro organismo
signatário do mesmo acordo de cooperação mútua do qual o INMETRO faça parte ou em
laboratórios aceitos pelo órgão ambiental competente.
§ 1°Os laboratórios deverão ter sistema de controle de qualidade analítica implementado.
§ 2º Os laudos analíticos referentes a ensaios laboratoriais de efluentes e de corpos receptores
devem ser assinados por profissional legalmente habilitado.

Art. 27. As fontes potencial ou efetivamente poluidoras dos recursos hídricos deverão buscar
práticas de gestão de efluentes com vistas ao uso eficiente da água, à aplicação de técnicas para
redução da geração e melhoria da qualidade de efluentes gerados e, sempre que possível adequado,
proceder à reutilização.
Parágrafo único No caso de efluentes cuja vazão original for reduzida pela prática de reuso,
ocasionando aumento de concentração de substâncias presentes no efluente para valores em
desacordo com as condições e padrões de lançamento estabelecidos na Tabela I do art. 16, desta
Resolução, o órgão ambiental competente poderá estabelecer condições e padrões específicos de
lançamento, conforme previsto nos incisos II, III e IV do art. 6° desta Resolução.

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Art. 28. O responsável por fonte potencial ou efetivamente poluidora dos recursos hídricos deve
apresentar ao órgão ambiental competente, até o dia 31 de março de cada ano, Declaração de Carga
Poluidora, referente ao ano anterior.
§ 1º A Declaração referida no caput deste artigo conterá, entre outros dados, a caracterização
qualitativa e quantitativa dos efluentes, baseada em amostragem representativa dos mesmos.
§ 2º O órgão ambiental competente poderá definir critérios e informações adicionais para a
complementação e apresentação da declaração mencionada no caput deste artigo, inclusive
dispensando-a, se for o caso, para as fontes de baixo potencial poluidor.
§ 3º Os relatórios, laudos e estudos que fundamentam a Declaração de Carga Poluidora deverão ser
mantidos em arquivo no empreendimento ou atividade, bem como uma cópia impressa da
declaração anual subscrita pelo administrador principal e pelo responsável legalmente habilitado,
acompanhada da respectiva Anotação de Responsabilidade Técnica, os quais deverão ficar à
disposição das autoridades de fiscalização ambiental.

CAPÍTULO IV
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 29. Aos empreendimentos e demais atividades poluidoras que, na data da publicação desta
Resolução, contarem com licença ambiental expedida, poderá ser concedido, a critério do órgão
ambiental competente, prazo de até três anos, contados a partir da publicação da presente
Resolução, para se adequarem às condições e padrões novos ou mais rigorosos estabelecidos nesta
norma.
§ 1º O empreendedor apresentará ao órgão ambiental competente o cronograma das medidas
necessárias ao cumprimento do disposto no caput deste artigo.
§ 2º O prazo previsto no caput deste artigo poderá ser prorrogado por igual período, desde que
tecnicamente motivado.
§ 3º As instalações de tratamento de efluentes existentes deverão ser mantidas em operação com a
capacidade, condições de funcionamento e demais características para as quais foram aprovadas, até
que se cumpram às disposições desta Resolução.

Art. 30. O não cumprimento do disposto nesta Resolução sujeitará os infratores, entre outras, às
sanções previstas na Lei n° 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, e em seu regulamento.

Art. 31. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.


Art. 32. Revogam-se o inciso XXXVIII do art. 2°os art. 24 a 37 e os art. 39,43,44 e 46 , da
Resolução CONAMA 357, de 2005.

IZABELLA TEIXEIRA
Presidente do conselho

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Atividades

1. O lançamento de efluentes nos corpos receptores é regido por padrões de lançamento de


efluentes estabelecidos por órgãos específicos. Cite quais são esses órgãos:
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________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________

2. Liste quais são os padrões de emissão de esgoto em águas naturais de acordo com o decreto
n° 8.468 e a Resolução nº 20 do CONAMA?
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________________________________________________________________________________
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________________________________________________________________________________

3. A Resolução nº 20 do CONAMA, estabeleceu uma nova classificação para águas doces,


salobras e salinas do território Nacional. São definidas nove classes segundo os usos
preponderantes a que as águas se destinam. Quais são os parâmetros de qualidade
estabelecidos por essa Resolução?
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________

4. Comente com poucas palavras a Resolução nº 357 do CONAMA:


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5. A Resolução CONAMA n° 430 complementa e altera a Resolução nº 357. Consulte o


capítulo I desta resolução e defina:

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a. Capacidade de suporte do corpo receptor:


________________________________________________________________________________
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b. Concentração letal mediana:


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_______________________________________________________________________________

c. Lançamento direto:
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________

d. Testes de eco toxidade:


________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
e. Fator de toxidade:
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________

6. De acordo com o Art. 21 da Resolução nº 430 do CONAMA quais as condições de padrões


específicos devem ser obedecidas para o lançamento direto de efluentes oriundos de
tratamento de esgoto?
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7. Referente à faixa de pH permitida para o lançamento de efluentes na natureza de acordo com a


legislação brasileira, analise as afirmações.

I. Solução aquosa de ácido sulfúrico é o produto mais comumente utilizado para corrigir o pH de
processos industriais que envolvem cal, pois é de fácil manuseio, não apresenta riscos de danos aos
materiais e não gera resíduos tóxicos ao meio aquático.
-10
II. Um efluente industrial que apresente concentração de 10 mol/L de OH-, a 25 °C, pode ser
lançado em rios, sem tratamento prévio.

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III. Aos efluentes com pH maior que 10, pode ser feita adição de dióxido de carbono para corrigir o
pH aos valores permitidos, antes de serem descartados.

IV. A eficiência química do dióxido de carbono com os componentes dos efluentes é também função
da superfície de contato entre os reagentes.

Está correto apenas o que se afirma em:

A) ( ) I B) ( ) II C) ( )III D)( ) I e III E) ( ) III e IV

8. Analise as afirmações.

I.A classificação da água como água salobra se dá em função do seu pH, que lhe confere sabor
indesejável tornando-a inadequada à aqüicultura.

II. Águas classe 1 são aquelas destinadas ao abastecimento doméstico, sem tratamento prévio ou
com simples desinfecção.

III. Para ser considerada potável, a água deverá se enquadrar dentro dos parâmetros físico-químicos
e microbiológicos da classe 1, antes do sistema de tratamento.

IV. O uso das águas salinas não é previsto pela legislação, pois o conjunto de medidas necessárias
para o seu tratamento, atualmente, inviabiliza seu uso à recreação, proteção de comunidades
aquáticas ou criação de espécies destinadas à alimentação humana.

Está correto apenas o que se afirma em:

(A) I e II (B) II e III (C) II (D) IV (E) I, II e III.

9. Quando a análise microbiológica de uma amostra de água para consumo humano indicar a
presença de coliformes totais,

(A) A água está imprópria para consumo humano, pois de acordo com o padrão de potabilidade,
ela deve estar isenta de microrganismos.

(B) A amostra deve ser analisada ainda quanto à presença de coliformes termo tolerantes, pois
coliformes totais incluem bactérias não necessariamente prejudiciais à saúde, que são
permitidas inclusive em alimentos.

(C) a água somente pode ser liberada para consumo humano na ausência de coliformes totais e
desde que os demais parâmetros de qualidade estejam satisfatórios.

(D) a água pode ser liberada para consumo humano, pois a legislação exige o atendimento aos
parâmetros físico-químicos, que incluem o cloro, não sendo necessária a análise microbiológica.

(E) a água está imprópria para consumo humano, pois a presença de coliformes totais indica
contaminação da água por dejetos humanos.

10. O lançamento direto das águas servidas (esgoto), domésticas ou industriais, sem tratamento, nos
mananciais de água provoca sérios problemas. Assinale a alternativa que NÃO apresenta um
problema:
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(A) Aumento da concentração de oxigênio dissolvido na água.

(B) Dificuldade, impossibilidade e aumento de preços do tratamento de água para abastecimento


público.

(C) Aumento da turbidez das águas e formação de depósitos de sólidos em leito de córregos, rios e
oceano.

(D) Alteração de ordem estética e contaminação, que impossibilita a utilização do corpo de água
receptor, para atividades de lazer.

11. De acordo com as Resoluções Conama n° 357/2005, nº 274/2000, nº 344/2004 e a Portaria n°


518, do Ministério da Saúde, a água pode conter componentes naturais ou de origem antropogênica,
alterando, assim, a sua qualidade, item fundamental para a biota e para o consumo humano. Sendo
um recurso comum a todos, foi necessário instituir restrições legais de uso para a proteção dos
corpos d’água. Desse modo, as características físicas e químicas da água devem ser mantidas dentro
de certos limites representados por padrões e por valores orientadores da qualidade da água, dos
sedimentos e da biota. Dentre os parâmetros químicos utilizados como indicadores da qualidade da
água, os mais importantes e que devem ser constantemente monitorados são:

(A) coliformes termo tolerantes, algas, matéria orgânica, temperatura, nitrogênio e fósforo totais
(B) sabor e odor, algas, coliformes termo tolerantes e pH(potencial hidrogênio iônico)
(C) matéria orgânica, demanda bioquímica de oxigênio (DBO), pH (potencial hidrogênio iônico),
nitrogênio e fósforo totais
(D) turbidez da água, algas, matéria orgânica, pH (potencial hidrogênio iônico) e condutividade
elétrica
(E) dureza, presença de sólidos, pH (potencial hidrogênio iônico) e coliformes termo tolerante

4. Técnicas de monitoramento de efluentes

Monitoramento de efluentes:

O monitoramento de efluente pode ser definido como um processo de coleta de amostras e


análises laboratoriais, com acompanhamento contínuo e sistemático das variáveis ambientais
visando identificar e avaliar qualitativa e quantitativamente as condições do efluente em um
determinado momento, assim como suas variações temporais.
As resoluções CONAMA nº 357/2005 e CONAMA n° 397/2008, estabelece a classificação
dos corpos de água e as diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as
condições e padrões de lançamento de efluentes.
As exigências da legislação ambiental têm obrigado empresas e indústrias a buscar
soluções cada vez mais eficazes para seus processos produtivos, com o intuito de minimizar o
descarte de efluentes no meio ambiente. O monitoramento permite avaliar os parâmetros e os
limites da emissão destes efluentes, mas para isto é necessário um sistema de monitoramento que
seja confiável e contínuo.

4.1_Bioindicação Biomonitoramento e Bioindicadores


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A bioindicação permite a utilização das respostas de um sistema biológico qualquer a um


agente estressor, como forma de se analisar sua ação e planejar formas de controle e monitoramento
da recuperação da normalidade. Esse é um tópico novo nas ciências ambientais, que tem sido
chamado de Biomonitoramento. A definição de biomonitoramento mais aceita é o uso sistemático
das respostas dos bioindicadores para avaliar e monitorar mudanças ocorridas no ambiente. Os
programas de biomonitoramento são, em geral, utilizados na detecção do problema e posterior
controle do mesmo. O biomonitoramento é um instrumento de avaliação da qualidade ambiental
dentro de uma escala espacial e temporal definidas. Existem vários níveis de estudos dos efeitos,
indo desde a resposta de um indivíduo até da comunidade como um todo. A abordagem vai
depender da questão a ser respondida. Conforme esta questão, o período de observação pode variar
de poucos dias a vários anos. Com frequência, o biomonitoramento é usado para definir reações,
dependentes de uma variável temporal, a um fator ambiental antrópico ou modificado
antropicamente, manifestadas através de respostas mensuráveis provenientes do bioindicador.
Os bioindicadores podem ser espécies, grupos de espécies ou comunidades biológicas. Suas
funções vitais se correlacionam tão estreitamente com determinados fatores ambientais, que podem
ser empregados como indicadores na avaliação de uma dada área. Os bioindicadores são
importantes ferramentas do biomonitoramento, correlacionando um determinado fator antrópico ou
um fator natural com um potencial impactante. Os bioindicadores mais utilizados são aqueles
capazes de diferenciar entre oscilações naturais (p.ex. mudanças fonológicas, ciclos sazonais de
chuva e seca) e estresses antrópico. Os tipos básicos de bioindicadores são chamados de
"indicadores sensíveis" e "indicadores acumuladores”. Se o bioindicador reage modificando seu
comportamento com um desvio significante em relação ao comportamento normal, então ele é um
bioindicador sensível. Se ele, ao contrário, acumula influências antrópica sem, contudo, mostrar
danos passíveis de ser reconhecido em um curto espaço de tempo, ele é denominado bioindicador
acumulativo. Ambos indicadores podem ser encontrados entre os organismos testes, organismos
monitores e indicadores ecológicos.
Organismos testes são empregados em metodologias de laboratório altamente padronizadas,
cujos resultados são também altamente reprodutíveis. Neste grupo são incluídos, entre outras
metodologias, os testes com algas, daphnia, peixes, etc. Estas metodologias têm sido amplamente
utilizadas no monitoramento da qualidade da água.
Existe outra nomenclatura para classificar os bioindicadores, os tipos mais comuns seriam:
• Espécies sentinelas – introduzidas para indicar
• Espécies detectoras – ocorrem naturalmente e respondem ao stress de forma mensurável
• Espécies exploradoras – reagem positivamente ao distúrbio ou agente estressor
• Espécies acumuladoras – acumulam agentes estressores permitindo avaliar a bioacumulação
• Espécies bio-ensaio – usados na experimentação
Ambas as classificações são corretas e correspondem aos bioindicadores usados no
biomonitoramento.
Os Bioindicadores fornecem sinais rápidos sobre problemas ambientais, mesmo antes de o
homem perceber sua ocorrência e amplitude; permitem que se identifiquem as causas e efeitos entre
os agentes estressores e as respostas biológicas; oferecem um panorama da resposta integrada dos
organismos a modificações ambientais; permitem avaliar a efetividade de ações mitigadoras
tomadas para contornar os problemas criados pelo homem.
A partir da identificação do tipo e nível das alterações e do comportamento do bioindicador
frente ao agente estressor, é possível construir uma metodologia para o biomonitoramento em cada
situação ambiental específica.

4.2_Monitoramento das Águas e de Efluentes Industriais

Segundo documento da Organização das Nações Unidas (ONU), Agenda 21, “a utilização da
água deve ter como prioridades a satisfação das necessidades básicas e a preservação dos
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ecossistemas”. Dessa forma, é de fundamental importância o desenvolvimento de estudos para um


diagnóstico atualizado dos recursos hídricos, aplicando metodologias que permitam o
estabelecimento de planos de ações e de investimentos para atender às metas de qualidade.
A primeira abordagem visando à determinação de bioindicadores da qualidade das águas, com
bases científicas, foi feita com bactérias, fungos e protozoários na Alemanha. Como praticamente
qualquer grupo pode ser utilizado em programas de biomonitoramento, foram desenvolvidas
metodologias de avaliação para macrófitas aquáticas, peixes e macro invertebrado. A utilização da
comunidade de peixes com essa finalidade tem sido extensamente implantada, principalmente nos
Estados Unidos, inclusive com proposta de uso em programas em todo o país. Nos últimos anos, o
nível de compostos xenobióticos nos ecossistemas aquáticos vem aumentando de forma alarmante
como resultado da atividade antropogênica sobre o meio ambiente. Tal fato tem contribuindo para a
redução da qualidade ambiental, bem como para o comprometimento da saúde dos seres vivos que
habitam esses ecossistemas. A biota aquática está constantemente exposta a um grande número de
substâncias tóxicas lançadas no ambiente, oriundas de diversas fontes de emissão. A descarga de
lixos tóxicos provenientes de efluentes industriais, os processos de drenagem agrícola, os derrames
acidentais de lixos químicos e os esgotos domésticos lançados em rios e mares contribuem para a
contaminação dos ecossistemas aquáticos com uma ampla gama de agentes tóxicos como metais
pesados, agrotóxicos, compostos orgânicos, entre outros.
O biomonitoramento, como método de avaliação do nível de poluição dos rios, também tem
sido implantado no Brasil permitindo medir a pureza das águas a partir da observação de outro tipo
de fauna da região. Rios cujas águas ou margens há grande variedade de espécies de macro
invertebradas (como insetos e moluscos) e diversidade vegetal são pouco poluídos. Em
contrapartida, a presença de larvas de certos insetos pode ser vestígio de poluição. A avaliação do
rio é feita segundo uma escala em que os macros invertebrados são classificados em função do grau
de tolerância com que vivem em ambientes pouco oxigenados. Isso se deve à redução dos níveis de
oxigênio causada pela grande proliferação de bactérias na poluição orgânica (como o esgoto
doméstico). Se, ao monitorar um rio, o pesquisador notar a predominância dos invertebrados
tolerantes sobre os poucos resistentes, isso pode significar baixa oxigenação da água e, portanto,
poluição. Como a vida dos animais não se renova de um dia para o outro, a amostra recolhida em
um dia é suficiente para identificar a qualidade da água da região e basta uma peneira para fazer a
coleta.
Os macros invertebrados bentônicos têm sido amplamente utilizados como bioindicadores de
qualidade de água e saúde de ecossistemas por apresentarem as seguintes características: ciclos de
vida longo, comparando-se com os organismos do plâncton que em geral tem ciclos de vida em
torno de horas, dias, 1 ou 2 semanas; os macro invertebrados bentônicos podem viver entre
semanas, meses e mesmo mais de 1 ano; em geral, são organismos grandes (maiores que 125 ou
250cm), sésseis ou de pouca mobilidade, ou seja, são relativamente sedentários e mais fáceis de
serem amostrados do que os organismos nectônicos, como os peixes; fácil amostragem, com custos
relativamente baixos; elevada diversidade taxonômica e de identificação relativamente fácil (ao
nível de família e alguns gêneros); organismos sensíveis a diferentes concentrações de poluentes no
meio, fornecendo ampla faixa de respostas frente a diferentes níveis de contaminação ambiental.
Dentre os inúmeros macros invertebrados bentônicos, pode-se destacar:
• Anelídeos: importantes na dinâmica de nutrientes e tolerantes de ambientes com baixa
concentração de oxigênio;
• Moluscos: representados, nas águas continentais, por dois grupos: os gastrópodes e os bivalves.
São muito estudados quando o enfoque da pesquisa visa a discutir seu papel como vetores de
doenças;
• Crustáceos: os mais comuns em águas doces são os ostrácodes, decápodes, copépodes e
cladóceros, sendo, os primeiros, os mais frequentes, e grandes consumidores de bactérias, detritos e
algas;
• Insetos: os mais frequentes. Grande número de espécies de insetos é ou têm parte de seu ciclo vital
ligados à água. Atualmente estão sendo muito estudados, pelo fato da grande importância que
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possuem na dinâmica de nutrientes no corpo hídrico e por serem bons indicadores de qualidade de
água. Dentre os vários grupos, destacam-se: dípteros, efemerópteros, plecópteros, tricópteros,
odonatas, hemípteros, coleópteros e lepidópteros.
O nível de adaptação morfológica e comportamental dos invertebrados que os permite
explorarem os diversos recursos alimentares pode ser obrigatório ou facultativo. As formas
especialistas obrigatórias (espécies com dieta alimentar muito restrita) são mais rapidamente
deslocadas do que as generalistas facultativas (espécies que se alimentam de várias fontes – vegetal
e/ou animal). Estas últimas são mais tolerantes sob condições de distúrbio, pois conseguem se
adaptar mais facilmente a mudanças no tipo e na disponibilidade de alimento. De acordo com a
natureza do alimento e seu modo de captura (e consequentemente da adaptação de seu aparelho
bucal para tal função), temos algumas classificações bastante comuns, como por exemplo:
filtradores, coletores, coletor-filtradores (estas três categorias se alimentam de partículas livres no
substrato ou na água, menores do que 1 mm);
Raspadores (alimentam-se de material preso ao substrato, como algas);
Fragmentadores (alimentam-se de partículas maiores do que 1 mm, como folhas),
Predadores (alimentam-se de outros animais). Como exemplo da classe Insecta dentro dessas
categorias de alimentação tem: filtradores e coletoras – larvas de Díptera (Subfamília
Orthocladiinae), alguns gêneros ordem Ephemeroptera (Família Baetidae); Raspadores – Família
Psephenidae (Coleoptera - besouros);
Fragmentadores – larvas de Lepidóptera – borboletas e mariposas (família Pyralidae); predadores
- ninfas de odonatas (libélulas).
É constatado que, em locais considerados com água de má qualidade, não é encontrado
nenhum táxon pertencente às ordens Ephemeroptera, Trichoptera e Plecoptera, espécies altamente
intolerantes de poluição. Os Ephemeroptera estão também entre os grupos mais utilizados em
programas de biomonitoramento de qualidade da água, em função das distintas respostas
apresentadas por suas espécies à degradação ambiental. A ordem Trichoptera representa um
importante componente dos ecossistemas de água doce, participando da transferência de energia e
nutrientes através de todos os níveis tróficos, apresentando pouca seletividade alimentar, mas com
alta especialização na obtenção de alimento. Apresentam grande diferença específica em relação à
tolerância aos poluentes e outros tipos de distúrbios ambientais, o que dá ao grupo grande
importância em programas de monitoramento biológico.
Por outro lado, há organismos muito adaptados a ambientes altamente impactados, como é o
caso da família Chironomidae (Díptera). As espécies dessa família são muito tolerantes a condições
adversas, tendo preferência por habitar locais com grande disponibilidade de substâncias húmicas e
fúlvicas, além de serem muito comuns em ambientes altamente eutrofizados. Dessa forma,
desenvolveram mecanismos fisiológicos para sobreviverem em ambientes com baixas taxas de
oxigênio dissolvido.
O uso de macro invertebrado bentônicos para o monitoramento de rios atua como uma
ferramenta de vigilância, ou seja, é uma metodologia para acompanhar as condições dos
ecossistemas aquáticos com o objetivo principal de detectar impactos acidentais ou decorrentes de
atividades produtivas. Os macros invertebrados bentônicos também são bastante utilizados na
avaliação de ecossistemas marinhos e costeiros.
Testes foram feitos com mexilhões transplantados da espécie Perna para avaliação da
evolução temporal da bioacumulação de metais e das respostas biológicas a ela associada, em uma
área de descarga de efluente de uma planta industrial de beneficiamento de aço. Os moluscos
bivalves, entre eles os mexilhões, são reconhecidamente os melhores biomonitores em ambientes
aquáticos e utilizados em programas nacionais e internacionais de monitoramento ambiental. Estes
biomonitores podem ser usados para determinar variações espaciais e/ou temporais na bio
disponibilidade de metais pesados no ambiente marinho, oferecendo medidas das frações da carga
total de metais no ambiente que são relevantes do ponto de vista eco toxicológico.
O caranguejo Uça, o Ucides cordatus, pode ser um importante bioindicador de qualidade
ambiental, pois além de ser encontrado em grande parte do litoral brasileiro, demonstra
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sensibilidade a diversos poluentes. Eles ressaltam a eficiência do U. cordatus como bioindicador de


genotoxicidade em áreas de manguezal, propiciando a conservação e o biomonitoramento
ambiental. Indicam o U. cordatus como um excelente bioindicador da presença de óleo em
manguezais. O benzeno, composto químico largamente utilizado como solvente industrial é uma
fonte em potencial de contaminação de áreas de manguezais. A utilização de U. cordatus como
bioindicador parece viável ,pois uma breve exposição ao benzeno é capaz de causar mudança
metabólicas significativas, podendo comprometer processos vitais. A utilização de U. cordatus
como bioindicador também pode ser realizada para avaliação da presença de poluentes contendo
metais pesados. A ação de metais pesados no organismo de U.Cordatus revelou sinais de
comprometimento do sistema hormonal.
A fauna aquática pode ser um instrumento de biomonitoramento, mas não é o único. Em estudos
de ecossistemas em águas continentais, a análise da comunidade fito planctônica é de significativa
importância para que se obtenha uma compreensão adequada das condições existentes no meio
aquático, tendo em vista que o fito plâncton representa a unidade básica de produção de matéria
orgânica nos ecossistemas aquáticos. Esses organismos respondem rapidamente (em dias) ás
alterações ambientais decorrentes da interferência antrópica ou natural, que provocam mudanças na
sua composição, estrutura e taxa de crescimento.
Um dos maiores problemas em reservatórios é a eutrofização que é causada geral mente pelo
aporte excessivo de nutrientes, principalmente nitrogênio e fósforo. Como consequência desse
processo, ocorre um desenvolvimento excessivo de organismos planctônicos, entre eles espécies
que podem ser tóxicas, como as cianofíceas, sobre as quais se estima uma toxicidade de 50%.
Programas de biomonitoramento utilizam-se de métodos úteis na avaliação da eficiência de
estações de tratamento de esgotos e efluentes industriais e subsequentes lançamentos em corpos
d’água, impactos de assoreamentos, chuva ácida, práticas agrícolas, remoção de vegetação ciliar nas
margens de rios e efeitos na introdução de espécies exóticas sobre populações naturais.
A obtenção da característica físico-química dos efluentes industriais permite a comparação com
os padrões da legislação ambiental e quando associados com as suas vazões permite também o
cálculo da carga poluidora industrial. As análises dos efluentes nas estações de tratamento permitem
o cálculo das suas eficiências.

4.3_Monitoramento de Cianobactérias e Cianotoxinas

Monitoramento de cianobactérias e Cianotoxinas para atendimento da Portaria do Ministério


da Saúde nº 518/2004 revogada pela Portaria nº 2.914 de 12/12/2011, que dispõe sobre os
procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão
de potabilidade.
Os mananciais utilizados para abastecimento público necessitam de acompanhamento para
avaliação tanto da quantidade, quanto da qualidade da água. Para atender essa demanda programas
de monitoramento devem ser mantidos pelas companhias de saneamento ou responsáveis por
sistemas de abastecimento de água, de modo a atender os requisitos legais e possibilitar uma
avaliação da qualidade desses mananciais.
No Brasil, a incorporação das cianobactérias e Cianotoxinas como parâmetro de
monitoramento deu-se a partir da Portaria do Ministério da Saúde nº 1.469 que substituiu a portaria
GM nº 36.Oepisódio de Caruaru (Pernambuco) em 1996, onde houve a morte de pacientes que
realizavam hemodiálise devido a presença de Cianotoxinas na água para consumo humano e
também do controle das cianobactérias no manancial.

Cianotoxinas

As Cianotoxinas são compostos produzidos pelas cianobactérias que podem afetar a biota
aquática, resultando em efeitos tóxicos também em mamíferos terrestres, não sendo ainda clara a

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sua produção, embora possa estar relacionada a proteção contra herbivoria e também alelopatia,
como em vegetais superiores.
No Quadro I são apresentadas as características das principais Cianotoxinas e gêneros das
cianobactérias potencialmente tóxicas:

Toxinas Ação Dose Letal Injetável Gênero


micro cistinas hepatotóxica 25 a 150µg/kg Microcystis,
Anabaena, Nostoc,
Anabaenanopsis,
Aphanocapsa.
Nodularinas hepatotóxica 50 a 200µg/kg Nodularia
Anatoxina a neurotóxica 200µg/kg Anabaena,
Plankctonthrix,
Aphanizomenon.
Anatoxina a (s) neurotóxica 20µg/kg Anabaena
Saxitoxinas neurotóxica 10µg/kg Anabaena,
Aphanizomenon
Cilindrospermopsis
Lyngbia
Lipopolissacarídeos Pele, trato Todas
(LPS) gastrointestinal.

O monitoramento de cianobactérias nos ambientes aquáticos é utilizado como uma estimativa do


risco da presença de toxinas. No entanto, esta abordagem apresenta algumas limitações:
 Os tipos de toxinas e os níveis por unidades de biomassa de cianobactérias podem variar
desde níveis não detectáveis até toxidade aguda.
 Os níveis de toxinas por células podem variar grandemente entre as cepas individuais e entre
florações das mesmas espécies;
 Cepas de cianobactérias da mesma espécie podem conter mais de um tipo de toxina;
 As toxinas podem persistir nos mananciais e nas estações de tratamento de água em forma
solúvel (extracelular), sendo liberadas após a lise das cianobactérias, por ação de agentes
biológicos, físicos ou químicos;
Embora não previsto na legislação brasileira de potabilidade o monitoramento de cianobactérias
potencialmente tóxicas em aguas tratadas, permite avaliar a eficiência das diferentes etapas do
tratamento na remoção e/ou rompimento das células sendo já realizado por muitas companhias de
saneamento.
O uso de indicadores visuais simples, de baixo custo e que permitem frequência elevada de
observações como a cor e a presença de escumas, podem proporcionar informações valiosas
relativas no desenvolvimento de cianobactérias no manancial.
Gosto e odor: Certas espécies de algas são reconhecidas por produzirem substancias que provocam
gosto e odor desagradável a Água. Também as cianobactérias podem produzir odores de terra ou
mofo (exe: Anabaena, Aphanizomenon, Microcystis e Plankctonthrix). No entanto a ausência de
gosto e odor não significa que as cianobactérias não estejam presentes.

Remoção de cianobactérias no tratamento de água

As algas e cianobactérias podem ter um importante papel como precursores de trihalometanos,


especialmente em eventos de floração (FUNASA 2003). Nesse sentido os sistemas de tratamento de
água devem monitorar a formação de trihalometanos quando for registrado um aumento na

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densidade de organização do fito plâncton, especialmente quando o agente oxidante empregado no


tratamento é o cloro.
Para remoção da fração extracelular, os sistemas de tratamento podem dispor de métodos de
adsorção/ou de oxidação. Para adsorção é usualmente utilizado carvão ativado (em pó ou
granulado). Já para a oxidação, são empregado cloro, ozônio, permanganato de potássio etc. No
entanto em ambos os casos, as condições de operação são criticas para a eficiência da remoção.
Nessas situações o monitoramento da toxina é importante para avaliar a água de consumo humano.

4.4_ Monitoramento com o uso de carpas (Cyprinus carpio)

Eco toxicologia é a ciência que estuda o comportamento e as transformações de agentes


químicos no ambiente, assim como seus efeitos sobre a biota. Testes de eco toxidade são métodos
utilizados para detectar e avaliar a capacidade de um agente tóxico provocar efeito nocivo, sendo
esses estudos fundamentais para o monitoramento de efluentes. Os peixes são vistos como
excelentes indicadores das condições ambientais uma vez que podem refletir os diversos distúrbios
em diferentes escalas, devido as suas características de mobilidade, estilo de vida e por sua posição
próxima do topo alimentar. Os distúrbios ambientais podem ser refletidos nestes indivíduos devido
ao grau de plasticidade fenotípica que cada grupo de peixe possui.
A carpa (Cyprinus carpio) é um peixe teleósteo da família Cyprinidae com ampla distribuição
geográfica. Originária da Europa Oriental e da Ásia Ocidental foi introduzida no Brasil em 1882.
Resiste a diferentes temperaturas e tem facilidade de criação, estudos demostram possível adaptação
reprodutiva da espécie fora de seu hábitat natural. Apresenta rusticidade, crescimento rápido,
regime alimentar onívoro e sua propagação natural em tanques e viveiros, pode atingir até 120 cm,
mas variam geralmente de 30 a 60 cm, pesa em média 4 kg, suportam variações de pH em torno de
7,0 a 7,5, e variação de temperatura entre 3ºC e 32ºC e grande resistência a baixas concentrações de
OD, conseguindo se manter em concentrações de 3,2mg.l-2.Alcançam a maturidade sexual por volta
de um ano desde que alcancem o peso de 800g.
Para aprofundamento da espécie Cyprinus carpio foi necessária a análise segundo critérios para
espécies bioindicadoras propostos por Neumann e El-Deir, tendo algumas observações:
a) A carpa-comum pode ser tipificada como uma Bioindicação direta, por ser afetada diretamente
pela ação antrópica.
b) Já de acordo com a sucessão ecológica C. carpio caracteriza-se como R-estrategista, devido ser
uma espécie altamente rústica e não ser especializada a respeito de um fator ambiental adverso e
não ser exigente as condições ambientais.
c) Por possuírem capacidade de bioacumulação a carpa-comum não possui potencial de apontar
nenhuma reação de acordo com a análise temporal com relação a estresses devido a algum fator.
Além da bioacumulação o efeito de alguns contaminantes como os metais pesados, ainda que em
concentrações reduzidas, ao atingir as águas de um estuário sofrem o efeito denominado de
Amplificação Biológica e com isso afetar outras espécies de um ecossistema.
d) Em relação a sua finalidade de uso a mesma é classificada como “Sentinela”, pois pode ser
introduzido no ecossistema para estudos, e também como “Acumulador” pela sua capacidade de
bioacumulação o que lhe caracteriza como um bioindicador acumulativo, não podendo assim
bioindicar fatores específicos.
O monitoramento de efluentes através do uso de bioindicadores é uma medida importante para
se conseguir respostas rápidas de como a qualidade do efluente pode afetar o ecossistema aquático
quando ocorrer seu lançamento em corpos hídricos. Espécies de peixes sensíveis a fatores
específicos, como pH e oxigênio dissolvido, não conseguiriam resistir num habitat onde esses
fatores não estivessem em níveis favoráveis. Como recomendação indica-se para o monitoramento
de efluentes a utilização de espécies de peixes que sejam k-estrategistas, pela sua capacidade de
responder a fatores específicos e pela maior exigência em relação à qualidade ambiental de seu
habitat.

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Atividades

1. Bioindicadores são espécies, grupos de espécies ou comunidades biológicas, cujas presenças,


abundância e condições são indicativos biológicos de uma determinada condição ambiental.
Uma característica relevante para a seleção de organismos para bioindicadores é o fato deles:

(A) apresentarem ciclos de vida curtos, ou seja, terem vida efêmera.


(B) serem organismos pequenos, de preferência, com grande mobilidade.
(C) serem de complexa amostragem, com ocorrência só na área de monitoramento.
(D) serem de grupo taxonômico conhecido, mas de difícil identificação.
(E) serem organismos sensíveis a diferentes concentrações de poluentes no meio.

2. No monitoramento ambiental, os bioindicadores são fatores bióticos empregados para o


reconhecimento das condições de saúde do ecossistema. Dessa forma, a presença e o número de
determinada espécie indicam características físicas, químicas e estruturais do ecossistema em que se
encontram. Para uma espécie ser considerada um bom bioindicador, ela deve possuir as seguintes
características:
I - apresentar estreitos limites de tolerância;
II - ser pouco conhecida biológica e ecologicamente;
III - ter identificação fácil e rápida;
IV - ter rápida mobilidade.
São corretas as características descritas em
(A) I e III, apenas.
(B) II e IV, apenas.
(C) I, II e III, apenas.
(D) II, III e IV, apenas.
(E) I, II, III e IV

3. Coloque (V) ou (F) nas alternativas a seguir:

( ) Os bioindicadores fornecem sinais rápidos sobre problemas ambientais, mesmo antes de o


homem perceber sua ocorrência e amplitude;
( ) O Brasil até o presente momento ainda não adotou biomonitoramento, como método de
avaliação do nível de poluição dos rios;
( ) Se o bioindicador reage modificando seu comportamento com um desvio significante em relação
ao comportamento normal ele é um bioindicador acumulativo.
( ) Rios cujas águas ou margens há grande variedade de espécies de macro invertebradas e
diversidade vegetal são pouco poluídos;
( ) A primeira abordagem visando à determinação de bioindicadores da qualidade das águas, com
bases científicas, foi feita com bactérias, fungos e protozoários na Alemanha;

4. Diferencie: bioacumulação, biomonitoramento e bioindicadores;


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5. Como são chamados os tipos básicos de bioindicadores?


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6. Liste quais são os tipos mais comuns de bioindicadores e descreva cada um:
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7. Relacione a segunda coluna de acordo com a primeira:

(1) Anelídeos ( ) consumidores de bactérias, detritos e algas;


(2) Moluscos ( ) Bons indicadores de qualidade da água;
(3) Crustáceos ( ) Importantes na dinâmica de nutrientes;
(4) Insetos ( ) são considerados vetores de doenças;

8. Qual objetivo principal do uso de macro invertebrado bentônicos para o monitoramento de rios?
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9. Explique porque no monitoramento de efluentes com o uso de peixes é recomendado a utilização


de espécies de peixes que sejam k-estrategistas.
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10. Descreva as principais características da carpa (Cyprinus carpio) que a favorecem como
bioindicador.
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11. O que você entende por Eco toxicologia e Testes de eco toxidade?

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12. Explique como é feita a remoção de cianobactérias no tratamento de água:

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5_TRATAMENTO DE ESGOTOS e EFLUENTES


O processo de tratamento do esgoto pode adotar diferentes tecnologias para depuração do
efluente, mas, de modo geral segue um fluxo que compreende as seguintes etapas:
Preliminar - remoção de grandes sólidos e areia para proteger as demais unidades de tratamento, os
dispositivos de transporte (bombas e tubulações) e os corpos receptores. A remoção da areia
previne, ainda, a ocorrência de abrasão nos equipamentos e tubulações e facilita o transporte dos
líquidos. É feita com o uso de grades que impedem a passagem de trapos, papéis, pedaços de
madeira, etc.; caixas de areia, para retenção deste material; e tanques de flutuação para retirada de
óleos e graxas em casos de esgoto industrial com alto teor destas substâncias.
Primário - os esgotos ainda contêm sólidos em suspensão não grosseiros cuja remoção pode ser
feita em unidades de sedimentação, reduzindo a matéria orgânica contida no efluente. Os sólidos
sedimentáveis e flutuantes são retirados através de mecanismos físicos, via decantadores. Os
esgotos fluem vagarosamente pelos decantadores, permitindo que os sólidos em suspensão de maior
densidade sedimentem gradualmente no fundo, formando o lodo primário bruto. Os materiais
flutuantes como graxas e óleos, de menor densidade, são removidos na superfície. A eliminação
média do DBO é de 30%. As fossas sépticas são um tipo de tratamento primário muito usado no
meio rural e urbano. Os sólidos sedimentáveis se acumulam no fundo, onde permanecem tempo
suficiente para sua estabilização, porém mantém os elementos patogênicos. Como a eficiência na
remoção da matéria orgânica é baixa, freqüentemente utilizam-se forma complementar de
tratamento, como filtros anaeróbios ou sistemas de infiltração no solo (sumidouros, valas de
infiltração e valas de filtração).
Secundário - processa, principalmente, a remoção de sólidos e de matéria orgânica não
sedimentável e, eventualmente, nutrientes como nitrogênio e fósforo. Após a fase primária e
secundária a eliminação de DBO deve alcançar 90%. É a etapa de remoção biológica dos poluentes
e sua eficiência permite produzir um efluente em conformidade com o padrão de lançamento
previsto na legislação ambiental. Basicamente, são reproduzidos os fenômenos naturais de
estabilização da matéria orgânica que ocorrem no corpo receptor, sendo que a diferença está na
maior velocidade do processo, na necessidade de utilização de uma área menor e na evolução do
tratamento em condições controladas.
Terciário - remoção de poluentes tóxicos ou não biodegradáveis ou eliminação adicional de
poluentes não degradados na fase secundária.
Desinfecção - grande parte dos microorganismos patogênicos foi eliminada nas etapas anteriores,
mas não a sua totalidade. A desinfecção total pode ser feita pelo processo natural - lagoa de
maturação, por exemplo - ou artificial - via cloração, ozonização ou radiação ultravioleta. A lagoa
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de maturação demanda grandes áreas, pois necessita pouca profundidade para permitir a penetração
da radiação solar ultravioleta. Entre os processos artificiais, a cloração é o de menor custo, mas
pode gerar subprodutos tóxicos, como organoclorados. A ozonição é muito dispendiosa e a radiação
ultravioleta não se aplica a qualquer situação.

Tecnologias de tratamento

O tratamento biológico é a forma mais eficiente de remoção da matéria orgânica dos esgotos. O
próprio esgoto contem grande variedade de bactérias e protozoários para compor as culturas
microbiais mistas que processam os poluentes orgânicos. O uso desse processo requer o controle da
vazão, a recirculação dos microorganismos decantados, o fornecimento de oxigênio e outros fatores.
Os fatores que mais afetam o crescimento das culturas são a temperatura, a disponibilidade de
nutrientes, o fornecimento de oxigênio, o pH, a presença de elementos tóxicos e a insolação (no
caso de plantas verdes).
A matéria orgânica do esgoto é decomposta pela ação das bactérias presentes no próprio efluente,
transformando-se em substâncias estáveis, ou seja, as substâncias orgânicas insolúveis dão origem a
substâncias inorgânicas solúveis. Havendo oxigênio livre (dissolvido), são as bactérias aeróbias que
promovem a decomposição. Na ausência do oxigênio, a decomposição se dá pela ação das bactérias
anaeróbias. A decomposição aeróbia diferencia-se da anaeróbia pelo seu tempo de processamento e
pelos produtos resultantes. Em condições naturais, a decomposição aeróbia necessita três vezes
menos tempo que a anaeróbia e dela resultam gás carbônico, água, nitratos e sulfatos, substâncias
inofensivas e úteis à vida vegetal. O resultado da decomposição anaeróbia é a geração de gases
como o sulfídrico, metano, nitrogênio, amoníaco e outros, muitos dos quais malcheirosos.
A decomposição do esgoto é um processo que demanda vários dias, iniciando-se com uma
contagem elevada de DBO, que vai decrescendo e atinge seu valor mínimo ao completar-se a
estabilização. A determinação da DBO é importante para indicar o teor de matéria orgânica
biodegradável e definir o grau de poluição que o esgoto pode causar ou a quantidade de oxigênio
necessária para submeter o esgoto a um tratamento aeróbio. Os sistemas existentes podem ser
classificados, basicamente, em dois grandes grupos: tecnologias de sistemas simplificados ou
mecanizados e processos aeróbios ou anaeróbios:
Disposição no solo - Sistema simplificado que requer áreas extensas nas quais os esgotos são
aplicados por aspersão, vala ou alagamento, sofrendo evaporação ou sendo absorvidos pela
vegetação. Grande parte do efluente é infiltrada no solo e o restante sai como esgoto tratado na
extremidade oposta do terreno. A eficiência na remoção de DBO está entre 85 e 99% e a de
patogênicos está entre 90 e 99%. O custo de implantação e operação é bastante reduzido e não
apresenta geração de lodo. Pode gerar maus odores, insetos e vermes, além de apresentar risco de
contaminação da vegetação, no caso de agricultura, dos trabalhadores envolvidos, do solo e do
lençol freático.
Lagoas de estabilização sem aeração - Técnica simplificada que exige uma área extensa para a
instalação da lagoa, na qual os esgotos sofrem o processo aeróbio de depuração graças à existência
de plantas verdes que oxigenam a água. Para reduzir a área necessária podem ser instaladas lagoas
menores para processar a depuração anaeróbia. A eficiência na remoção de DBO é de 70 a 90% e de
coliformes é de 90 a 99%. Os custos de implantação e operação são reduzidos, tem razoável
resistência a variações de carga e o lodo gerado é removido após 20 anos de uso. Por outro lado,
sofre com a variação das condições atmosféricas (temperatura e insolação), produz maus odores, no
caso das anaeróbias, e insetos. Quando sua manutenção é descuidada há o crescimento da vegetação
local.
Sistemas anaeróbios simplificados - Sistemas como o filtro anaeróbio e o reator anaeróbio de
manta de lodo. O primeiro é um tanque submerso no qual o esgoto, já decantado em uma fossa
séptica, flui de baixo para cima para ser estabilizado por bactérias aderidas a um suporte de pedras.
O segundo estabiliza a matéria orgânica usando as bactérias dispersas em um tanque fechado - o
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fluxo do esgoto é de baixo para cima e na zona superior há coleta de gás. O reator não necessita de
decantação prévia. A eficiência na remoção de DBO e de patogênicos está entre 60-90%, nos dois
sistemas. Ambos necessitam de pouca área para sua instalação e têm custo de implantação e
operação reduzido. A produção de lodo é muito baixa e podem produzir maus odores. Estes
sistemas não têm condições de atender, caso exigido, padrões muito restritivos de lançamento do
efluente. Ainda nesta categoria há o biodigestor, que é um reator com um mecanismo biológico para
estabilização da matéria orgânica, via bactérias anaeróbias, e outro físico para decantação das
partículas. O efluente circula no reator em sentido vertical e de baixo para cima. Suas vantagens são
a facilidade de operação, a rapidez na instalação e o baixo custo de implantação/operação. Entre as
desvantagens está a baixa remoção de DBO, entre 60-70%.
Lagoas anaeróbias - São lagoas mais profundas - até 4,5m - e reduzida área superficial. As
bactérias anaeróbias decompõem a matéria orgânica em gases, sendo baixa a produção de lodo. Este
tratamento é adequado para efluentes com altíssimo teor orgânico, a exemplo do esgoto de
matadouros, não se aplicando aos esgotos domésticos cujo DBO é inferior.
Lagoas de estabilização aeradas - Sistema mecanizado e aeróbio. O oxigênio é fornecido por
equipamentos mecânicos - os aeradores - ou por ar comprimido através de um difusor submerso. A
remoção do DBO é função do período de aeração, da temperatura e da natureza do esgoto. O
despejo de efluente industrial deve ser controlado para não prejudicar a eficiência do processo. Os
sólidos dos esgotos e as bactérias sedimentam, indo para o lodo do fundo, ou são removidos em
uma lagoa de decantação secundária. O processo tem baixa produção de maus odores, sendo a
eficiência na remoção de DBO de 70 a 90% e na eliminação de patogênicos de 60 a 99%. Requerem
menos área do que os sistemas naturais, porém ocupam mais espaço que os demais sistemas
mecanizados. O consumo de energia já é razoavelmente elevado. Em períodos entre 2 a 5 anos é
necessária a remoção do lodo da lagoa de decantação.
Ar difuso - Sistema mecanizado e aeróbio, no qual a aeração é feita pelo bombeamento de ar
comprimido transportado por uma rede de distribuição até os difusores no fundo do tanque de
aeração. O tanque pode ser construído em diversos formatos e permite profundidades maiores,
como é o caso do poço profundo (“Depp shaft”) que requer pouca área para sua instalação. A rede
de distribuição pode ser fixa ou móvel e superficial ou submersa. O sistema de difusão de ar
comprimido pode ser de bolhas finas, médias ou grandes. Quanto menor a bolha maior a eficiência
na transferência de oxigênio e maiores os problemas de manutenção. A eficiência na remoção de
DBO e na eliminação de patogênicos assemelha-se a da lagoa de estabilização aerada.
Lodos ativados - Sistema mecanizado e aeróbio. A remoção da matéria orgânica é feita pelas
bactérias que crescem no tanque de aeração e formam uma biomassa a ser sedimentada no
decantador. O lodo do decantador secundário é retornado, por bombeamento, ao tanque de aeração,
para aumentar a eficiência do sistema. O oxigênio é fornecido por aeradores mecânicos superficiais
ou por tubulações de ar no fundo do tanque. Tais sistemas podem operar continuamente ou de forma
intermitente, e quase não produzem maus odores, insetos ou vermes. A eliminação de DBO alcança
de 85 a 98% e a de patogênicos de 60 a 90%. A instalação requer área reduzida, mas envolve a
necessidade de diversos equipamentos (aeradores, elevatórias de recirculação, raspadores de lodo,
misturador de digestor, etc.). Seu custo de implantação é elevado devido ao grau de mecanização e
tem alto custo operacional graças ao consumo de energia para movimentação dos equipamentos.
Necessita de tratamento para o lodo gerado, bem como sua disposição final.
Filtros biológicos - A estabilização da matéria orgânica é realizada por bactérias que crescem
aderidas a um suporte de pedras ou materiais sintéticos. O esgoto é aplicado na superfície através de
distribuidores rotativos, per cola pelo tanque e sai pelo fundo. A matéria orgânica fica retida pelas
bactérias do suporte, permitindo elevada eficiência na remoção de DBO (de 80 a 93%). A
eliminação de patogênicos está entre 60 - 90%. A instalação não requer área extensa e sua
mecanização exige equipamentos relativamente simples (distribuidor rotativo, raspadores de lodo,
elevatória para recirculação, misturador para digestor, etc.). O custo de implantação é alto e há
necessidade de tratamento do lodo gerado e sua disposição final. Entre os inconvenientes estão a
dificuldade na operação de limpeza e a possibilidade de proliferação de insetos.
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Biofiltro aerado submerso - Sistema mecanizado e aeróbio. Compreende um reator biológico de


culturas bacterianas que são fixadas em camada suporte instaladas na parte média. O esgoto é
introduzido na base do reator, através de um duto, e a aeração é suprida por tubulação também pela
base. O líquido é filtrado pelo material no suporte e passa para o nível superior do reator já tratado.
A remoção de material orgânico é compatível com os processos de lodos ativados e de filtros
biológicos. Sua grande vantagem está na reduzida necessidade de área para instalação e na
possibilidade de serem enterrados no subsolo.
Tratamento com oxigênio puro - Sistema mecanizado cujo processo aeróbio utiliza o oxigênio
puro no lugar do ar atmosférico. Os principais componentes são, em geral, o gerador de oxigênio,
um tanque de oxigenação compartimentado e com cobertura, um decantador secundário e bombas
para recirculação dos lodos ativados. Comparado aos sistemas aerados convencionais, apresenta alta
eficiência - a eliminação de DBO alcança a faixa de 90 a 95%, sendo efetuada em tempo reduzido e
suportando altas cargas de matéria orgânica.
Outros aspectos positivos são a possibilidade de controle total da emissão de maus odores e a
produção reduzida de lodo. A instalação não demanda grande área e seus equipamentos são de
pequeno porte. O consumo de energia equivale a 30% da energia requerida em processo de aeração
com ar atmosférico. No Brasil, até a presente data, esse sistema tem sido utilizado principalmente
no tratamento de efluentes industriais, pois o seu custo tem sido um fator impeditivo para o uso no
tratamento de esgotos domésticos.
Tratamento com biotecnologia - Sistema não precisa ser mecanizado e é anaeróbio. Baseia-se no
aumento da eficiência do processo natural, adicionando-se bactérias selecionadas e concentradas.
As bactérias utilizadas são aquelas com maior capacidade para decomposição, conforme o material
predominante no efluente. O processo consiste na inoculação contínua das bactérias no fluxo de
efluente, o qual deverá ser retido durante alguns dias. Os tanques ou lagoas para tratamento não
precisam ter um formato especial e não têm limite de profundidade.
Esse processo reduz a geração de lodos e o aspecto importante a considerar é a segurança - o
composto de bactérias não pode ser tóxico ou patogênico, isto é, não pode provocar qualquer dano à
vida vegetal ou animal. Este tratamento pode ser aplicado diretamente em fossa séptica -
equivalente à fase primária do tratamento de esgoto e, neste caso, o problema maior é o controle
sobre a efetivação do tratamento, pois a fossa séptica é uma solução individual.
Entre os sistemas apresentados, verifica-se tendência à procura pela redução do investimento inicial
na instalação de uma Estação de Tratamento de Esgoto - ETE, bem como pela minimização do
custo operacional. Um dos fatores que eleva o custo de operação é o uso intensivo de equipamentos,
com o conseqüente aumento nas despesas de energia elétrica. O custo da energia e sua escassez em
várias regiões do mundo também têm motivado pesquisas para a criação de soluções com menor
demanda energética.
Sob a ótica da redução no investimento inicial, têm-se desenvolvido soluções para implantação
gradativa ou modular de ETEs, sendo as estações do tipo compactas e simplificadas. A
descentralização traz como vantagem a diminuição nos custos da rede coletora de esgoto.
Em áreas com escassez de água, a tecnologia de tratamento tem-se aperfeiçoado para permitir
o seu reuso, especialmente na agricultura, e na indústria, para refrigeração dos equipamentos ou em
processos que não requerem água potável. Cabe salientar, ainda, que há uma evolução nas técnicas
de tratamento que reduzem a geração de lodo ou que possibilitam o seu reaproveitamento.

5.1_TRATAMENTO DE ESGOTOS/EFLUENTES PELA VIA AERÓBIA

O tratamento biológico por lodos ativados é atualmente o mais utilizado para a depuração de
efluentes sanitários e industriais caracterizados por contaminação de carga orgânica e produtos
nitrogenados, representando um sistema de tratamento com baixo custo de investimento e alta taxa
de eficiência (remoção de DBO/DQO).

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O princípio geral deste processo consiste em acelerar o processo de oxidação e decomposição


natural da matéria orgânica que acontece nos corpos hídricos receptores.
A matéria orgânica é em parte convertida em biomassa bacteriana e em parte mineralizada para CO 2
e H2O. A biomassa bacteriana pode ser separada do despejo tratado por simples decantação.
As seguintes unidades são partes integrantes da etapa biológica do processo de lodos ativados:
 Tanque de aeração (reator biológico): local onde ocorrerão os processos de biodegradação;
 Sistema de aeração: fornecimento de oxigênio necessário a biodegradação aeróbia;
 Tanque de decantação (decantador secundário): separação da água tratada da biomassa
formada;
 Recirculação de lodo: aumentar a concentração da biomassa no reator biológico.

Definições

Tanque de Aeração: Também chamado de reator biológico, o tanque de aeração é o local onde
ocorrerá a depuração “otimizada” do influente (doméstico ou industrial), simulando o que acontece
nos corpos hídricos receptores de poluição orgânica.
O reator biológico possui um volume reduzido e alta concentração de microrganismos, chamados de
“Lodos Ativados” que realizam os seguintes mecanismos de depuração:
– Captura física do material em suspensão;
– Absorção física seguida de bio-absorção por ação enzimática;
– Oxidação da matéria orgânica e síntese de novas células.
O processo de degradação da matéria orgânica consome oxigênio. Portanto, o reator biológico
deverá ser integrado por um equipamento de aeração, que forneça o oxigênio necessário ao reator.
Este equipamento deverá ser capaz de transferir a quantidade de oxigênio necessário a
sobrevivência e ao crescimento da micro biota presente no reator
A equação geral da respiração aeróbia pode ser expressa como:
Conversão Aeróbia: C6H12O6 + 6 O2  6 CO2 + 6 H2O + ENERGIA
Esta liberação de energia que é responsável pela formação de biomassa, ou seja, novas células dos
microrganismos.
Lodos ativados convencionais: O aumento da concentração da biomassa em suspensão no meio
líquido pode reduzir o volume requerido. Quanto mais bactérias houver em suspensão, maior será a
assimilação da matéria orgânica presente no esgoto bruto.
No sistema de lagoas aeradas-lagoas de decantação existe um reservatório de bactérias, ainda ativas
e ávidas, na unidade de decantação. A concentração de bactérias nesta unidade será aumentada
consideravelmente caso estas bactérias retornem à unidade de aeração. Este é o princípio básico do
sistema de lodos ativados, em que os sólidos são recirculados do fundo da unidade de decantação,
por meio de bombeamento, para a unidade de aeração. As seguintes unidades são importantes no
sistema de lodos ativados (Fluxo do Líquido):
– Tanque de aeração (reator);
– Tanque de decantação (decantador secundário);
– Elevatória de recirculação do lodo.
A biomassa consegue ser separada no decantador secundário devido à sua propriedade de flocular,
com isso, o floco formado possui dimensões maiores o que facilita a sedimentação. Isto só é
possível pelo fato das bactérias possuírem uma matriz gelatinosa, que permite a aglutinação das
bactérias.
No tanque de aeração nos sistemas de lodos ativados a concentração de sólidos em suspensão
é mais de 10 vezes superior à de uma lagoa aerada de mistura completa. O tempo de detenção do
líquido é bem baixo, da ordem de 6 a 8 horas no sistema de lodos ativados convencional,
implicando em uma redução no volume do tanque de aeração. Devido à recirculação dos sólidos,
estes permanecem no sistema por um tempo superior ao do líquido. O tempo de retenção dos
sólidos no sistema é denominado idade do lodo, sendo a ordem de 4 a 10 dias nos lodos ativados
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convencionais. È a maior permanência dos sólidos no sistema que garante a elevada eficiência dos
lodos ativados, já que a biomassa tem tempo suficiente para metabolizar praticamente toda a
matéria orgânica dos esgotos. Para se economizar energia para a aeração, parte da matéria orgânica
dos esgotos é retirada antes do tanque de aeração, através do decantador primário, tendo assim
como parte integrante do sistema o tratamento primário.
No tanque de aeração, devido à entrada contínua de alimento, na forma de DBO dos esgotos,
as bactérias crescem e se reproduzem continuamente, dificultando a transferência de oxigênio a
todas as células. Para manter o equilíbrio é necessário que se retire a mesma quantidade de
biomassa que é aumentada por reprodução. O sistema convencional de lodos ativados requer uma
elevada capacitação para sua operação, além disso, ocupa áreas inferiores e tem maiores gastos com
energia elétrica para aeração, comparando-se com o sistema de lagoas aeradas.
Aeração Prolongada: No sistema de lodos ativados convencionais, o lodo permanece no sistema de
4 a 10 dias. Com este período, a biomassa retirada no lodo excedente requer ainda uma etapa de
estabilização no tratamento do lodo, por conter ainda um elevado teor de matéria orgânica na
composição de suas células.Caso a biomassa permaneça no sistema por um período de 20 a 30 dias
recebendo a mesma carga de DBO que o sistema convencional, é necessário que o reator seja maior.
Com isso há menos matéria orgânica (alimento) por unidade de volume de tanque de aeração,
fazendo com que as bactérias passem a utilizar nos seus processos metabólicos a própria matéria
orgânica componente de suas células, para sobreviverem, já que há menos matéria orgânica
(alimento) por unidade de volume de tanque de aeração. Com isso, a matéria orgânica celular é
convertida em gás carbônico e água através da respiração promovendo assim a estabilização da
biomassa no próprio tanque de aeração. Enquanto que no sistema convencional a estabilização do
lodo é feita em separado (na etapa de tratamento de lodo), na aeração prolongada ela é feita
conjuntamente, no próprio reator. Não havendo a necessidade de se estabilizar o lodo biológico
evita-se a geração de outra forma de lodo que venha a requerer estabilização evitando-se assim a
utilização de decantadores primários e unidades de digestão de lodo.
Sistemas de Aeração de Lodos Ativados: A aeração deve fornecer o oxigênio necessário ao
desenvolvimento das reações biológicas. A quantidade de oxigênio requerida é em função da idade
do lodo e de carga mássica, dependendo, portanto, da velocidade de crescimento bacteriano e da
respiração endógena. Muito oxigênio é consumido nas reações de nitrificação, ou seja, a oxidação
do nitrogênio amoniacal em nitritos e nitratos. Mas, um ganho de oxigênio acontece ao contrário
nas reações de desnitrificação, quando os nitritos e nitratos são reduzidos para nitrogênio gasoso.
O oxigênio consumido nos reatores biológicos é na maioria dos casos fornecido pelo ar atmosférico.
Existe, portanto, um problema de transferência deste oxigênio da fase atmosférica gasosa para a
fase líquida. Esta transferência é realizada por diferentes tipos de equipamentos.
Há duas formas principais de se produzir a aeração artificial:
– Introduzir ar ou oxigênio no líquido (aeração por ar difuso);
– Causar um grande turbilhonamento, expondo o líquido, na forma de gotículas ao ar,
e ocasionando a entrada do ar atmosférico no meio líquido (aeração superficial ou
mecânica).
Sistemas de Aeração Mecânica: Os principais mecanismos de transferência de oxigênio por
aeradores superficiais mecânicos são:
– Transferência do oxigênio atmosférico às gotas e finas películas de líquidos
aspergidos no ar (+ ou - 60% da transferência total);
– Transferência do oxigênio na interface ar-líquido, onde as gotas em queda entram em
contato com o líquido no reator (+ ou - 30% da transferência total);
– Transferência de oxigênio por bolhas de ar transportadas da superfície ao seio da
massa líquida (+ ou - 10% da transferência total).
Sistemas de Aeração por Ar difuso: O sistema de aeração por ar difuso é feito por difusores
submersos no líquido, tubulações distribuidoras de ar, tubulações de transporte de ar, sopradores e
outros meios onde passa o ar. O ar é introduzido próximo ao fundo do reator biológico, para evitar a

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sedimentação do lodo, sendo que, o oxigênio é transferido ao meio líquido devido ao empuxo
exercido na bolha de ar, fazendo com que a mesma se eleve à superfície.
Os sistemas de aeração por ar difuso podem ser classificados segundo a porosidade do difusor, e,
portanto, segundo o tamanho da bolha produzida:
– Difusor poroso (bolhas finas e médias): prato, disco, domo e tubo;
– Difusor não poroso (bolhas grossas): tubos perfurados ou com ranhuras;
– Outros sistemas: aeração por jatos, aeração por aspiração, tubo em U.
Geralmente os difusores porosos são feitos de materiais cerâmicos, plásticos e membranas flexíveis.
O tipo cerâmico é mais antigo, sendo que, atualmente o material utilizado é à base de óxido de
alumínio ou grãos de sílica vitrificados ou resinados. Os difusores de plástico foram recentemente
desenvolvidos, tendo vantagens através da redução do peso e baixo custo, embora possam ser
menos resistentes. Já os difusores de membranas são bastante antigos, sendo representado por uma
membrana que, ao receber o ar, infla-se, permitindo o alargamento de minúsculas aberturas. Quando
o ar é desligado, a membrana encolhe-se, fechando os orifícios.
Os aeradores por aspiração são apresentados em alguns textos como aeradores por ar difuso, por
gerarem bolhas de ar no meio líquido.
Decantadores Secundários: Os decantadores secundários exercem um papel fundamental no
processo de lodos ativados, sendo responsáveis pelos seguintes fenômenos:
– Separação dos sólidos em suspensão presentes no reator, permitindo a saída de um
efluente clarificado;
– Adensamento dos sólidos em suspensão no fundo do decantador, permitindo o
retorno do lodo com concentração mais elevada;
– Armazenamento dos sólidos em suspensão no decantador, complementando o
armazenamento realizado no reator (aspecto de menor importância em países
tropicais, nos quais a elevada permanência dos sólidos no decantador é prejudicial,
por permitir a desnitrificação no decantador, ocorrendo a liberação do gás nitrogênio,
arrastando os flocos filamentosos do lodo, os quais poderão originar o bulking
filamentoso, atrapalhando a sedimentação nos decantadores secundários, e
interferindo na qualidade do efluente final fazendo com que o lodo vá para a
superfície, deteriorando a qualidade do efluente final).
A sedimentação é uma etapa fundamental para o processo de lodos ativados, ou seja, sua adequada
operação depende o sucesso da estação como um todo. Os decantadores secundários são geralmente
a última unidade do sistema, determinando a qualidade final do efluente, em relação a sólidos em
suspensão, DBO e mesmo nutrientes.

Remoção Biológica de Nutrientes:

Remoção de Nitrogênio: O sistema de lodos ativados é capaz de produzir, sem alterações de


processo, conversão de amônia para nitrato (nitrificação). Neste caso, há a remoção de amônia,
mas não do nitrogênio, pois há apenas uma conversão da forma de nitrogênio. Em regiões de clima
quente, a nitrificação ocorre quase que sistematicamente, a menos que haja algum problema
ambiental no reator biológico, como falta de oxigênio dissolvido, baixo pH, pouca biomassa ou a
presença de substâncias tóxicas ou inibidoras.
A remoção biológica do nitrogênio é alcançada em condições anóxidas, ou seja, em condições
de ausência de oxigênio, mas na presença de nitratos. Nestas condições, um grupo de bactérias
utiliza nitratos no seu processo respiratório, convertendo-os a nitrogênio gasoso, que escapa para a
atmosfera. Este processo é denominado desnitrificação. Para alcançarmos a desnitrificação no
processo de lodos ativados, são necessárias modificações no processo, incluindo a criação de zonas
anóxidas e possíveis recirculações internas. Em processos de lodos ativados em que ocorre a
nitrificação, é interessante que ocorra a desnitrificação no reator biológico do sistema. Os
microrganismos envolvidos no processo de nitrificação são autótrofos quimiossintetizantes (ou

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quimioautótrofos), para os quais o gás carbônico é a principal fonte de carbono, e a energia é obtida
através da oxidação de um substrato inorgânico, como amônia, e formas mineralizada. A
transformação da amônia em nitritos é efetivamente através de bactérias, como as do gênero
Nitrosomonas.
O lodo do processo de Lodos Ativados é constituído por flocos. Estes flocos são formados por
fragmentos orgânicos não digeridos, por uma fração inorgânica (por exemplo, grãos de areia), por
células mortas e, principalmente, uma grande variedade de bactérias dos gêneros: Pseudomonas,
Achromobacter, Flavobacterium, Citromonas, Zooglea, além de bactérias filamentosas, tais como:
Nocardia sp, Sphaerotilus natans, Microthrix parvicella, Thiothrix, etc.
A estrutura do floco é subdividida em dois níveis: macroestrutura e microestrutura. A
macroestrutura é formada por bactérias filamentosas, sendo considerado o esqueleto do floco. A
microestrutura é a base do floco sendo composta de agregados de células.
Apesar das bactérias filamentosas terem grande importância na estrutura do floco, seu crescimento
deve ser limitado. Quando ocorre em grande excesso não permitem a sedimentação do lodo no
decantador secundário, resultando um fenômeno conhecido como intumescimento filamentoso do
lodo ou bulking. Quando ocorre em pouca quantidade, observa-se também má sedimentação do
lodo devido à formação de flocos pequenos conhecidos como pinpoint.
Classificação dos Flocos: Para o bom desempenho de um sistema de lodos ativados é fundamental
que a separação entre o lodo e a fase líquida que ocorre no decantador secundário, seja rápida e
eficiente. Os lodos mais freqüentemente encontrados em sistemas de lodos ativados podem ser
classificados como:
– Lodos onde predominam flocos com características adequadas: caracterizadas pela
presença de bactérias formadoras de flocos (microestrutura) e bactérias filamentosas
(macroestrutura) em equilíbrio, propiciando a formação de flocos grandes e com boa
resistência mecânica.
– Lodos onde predominam flocos com características inadequadas: caracterizados pela
presença excessiva ou pela quase ausência de macroestrutura (filamentos).
No primeiro caso, há excesso de bactérias filamentosas que ultrapassam os limites dos flocos,
prejudicando a sedimentação e compactação dos mesmos, levando ao intumescimento do lodo
(bulking filamentoso); no segundo caso, não há quantidade suficiente de bactérias filamentosas
formando a macroestrutura dos flocos, resultando em flocos de dimensões muito pequenas que
ficam dispersos na fase líquida (pinpoint).
Formação dos Flocos: A teoria clássica parte do princípio de que todos os lodos ativados são
constituídos, em grande parte, pela bactéria Zooglea ramigera, que se caracteriza por possuir uma
matriz gelatinosa (Zooglea). Esta característica seria a responsável pela absorção de partículas em
suspensão dando origem ao floco. Assim sendo, a floculação está relacionada, além de fatores
físico-químicos (forças de van der Waals), à capacidade energética do meio em que vivem e
principalmente os polímeros (polissacarídeos).
Microrganismos Envolvidos: O sistema de lodos ativados possui uma população de
microrganismos característica e composta freqüentemente por bactérias, fungos, algas, protozoários
e micro metazoários.
Bactérias: As bactérias são organismos unicelulares, que se apresentam isoladas ou em cadeias e
cuja forma varia de esférica a bastonetes ou espiradas. Seu tamanho normalmente não excede 1,5
micrômetros de comprimento. Quando se agrupam formando filamentos, estes podem atingir
centenas de micrômetros.
No processo de lodos ativados elas se dividem em bactérias não filamentosas e filamentosas:
Bactérias não filamentosas: Os principais gêneros de bactérias não filamentosas são: Bacillus,
Aerobacter, Pseudomonas, Achromobacter, Flavobacterium, Alcaligenes, Arthrobacter, Citromonas
e Zooglea. A Zooglea ramigera tem especial importância devido à formação de uma cápsula amorfa
de muco que envolve as suas células. O crescimento excessivo desta bactéria leva à formação de
flocos volumosos e de consistência gelatinosa que sedimentam mal. Esse fenômeno é conhecido
como intumescimento não filamentoso ou bulking zoogleal.
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Bactérias filamentosas: As bactérias filamentosas estão presentes no processo de lodos ativados no


interior dos flocos formando a macroestrutura. Sua presença contribui para uma boa eficiência do
processo, já que possuem alta capacidade de consumir matéria orgânica e, conseqüentemente
produzir um efluente final de boa qualidade. Enquanto o número de bactérias filamentosas
permanecerem constante sem prejudicar a sedimentação do lodo, normalmente não haverá
problema. No entanto, se o número de filamentosas começarem a aumentar e esses filamentos se
estenderem para fora dos flocos, haverá problemas na sedimentação. Esse fenômeno é conhecido
como intumescimento filamentoso do lodo. Os microrganismos filamentosos mais freqüentes em
lodos ativados são: Sphaerotilus natans, Thiothrix, Beggiatoa, Microthrix parvicella, Nocardia, etc.
Fungos: Os fungos não são habitantes freqüentes em lodos ativados. Seu desenvolvimento é
estimulado sob dadas condições nos aeradores, como pH baixo (ao redor de 5), presença de boa
quantidade de carboidratos e deficiência de nutrientes. Os fungos são tão eficazes quanto às
bactérias na estabilização da matéria orgânica, mas, por serem filamentosos, podem levar o sistema
ao bulking quando presentes em grande número. Dentre os gêneros que podem aparecer em lodos
ativados podemos citar: Geotrichum, Fusarium, Penicillum, Cladosporium.
Algas: Embora não seja o ambiente propício para o crescimento devido à ausência de luz provocada
pela turbidez do meio, algumas algas podem estar presentes em sistemas de lodos ativados. Apesar
de desempenharem um papel significante em lagoas de estabilização, pouco se sabe da sua
contribuição em processos de lodos ativados. Muitas vezes sua presença está associada a uma
diminuição na quantidade de sólidos no meio ou a existência de um pré-tratamento do qual se
desprendeu. As algas presentes em esgotos são as mesmas que comumente habitam águas poluídas.
Os principais grupos encontrados em sistemas de tratamento são: algas azuis, algas verdes e
diatomáceas
Protozoários: São microrganismos unicelulares, microscópicos. Algumas espécies formam
colônias, sendo suas células fundamentalmente independentes e similares na estrutura e função.
A forma das células é bastante variada, sendo as mais comuns: a esférica, a oval, a alongada ou a
achatada.
São tipicamente translúcidos (transparentes), mas algumas espécies podem apresentar coloração
devido a ingestão de alimento, material de reserva ou pigmento (clorofila). Alimentam-se de
bactérias, outros protozoários e de matéria orgânica dissolvida e particulada. Os protozoários podem
ser subdivididos em grupos de acordo com o tipo de organela utilizada para a locomoção e captura
de alimentos:
Ciliados: possuem cílios que são organelas curtas e numerosas em forma de fio, que se projetam da
parede da célula. Os cílios encontram-se arranjados em sentido longitudinal, diagonal e oblíquos,
apresentando movimentos ondulatórios e coordenados ao longo da célula. Podem ser agrupados em:
- livre nadantes: são os ciliados que possuem cílios distribuídos regularmente por toda a célula e
nadam livremente entre os flocos presentes.
- predadores de flocos: são microrganismos cuja célula é achatada dorsoventral mente. Seus cílios
são modificados e agrupados na parte que fica em contato com o substrato. Retiram seu alimento
dos flocos pelo batimento dos cílios ventrais sobre o sedimento.
- fixos ou pedunculados: podem ser isolados ou coloniais. Estão ligados ao substrato por um
pedúnculo e seus cílios encontram-se concentrados na região anterior, próximo a boca. O batimento
destes cílios cria uma corrente de água que capta o alimento do meio circundante. Possuem uma
fase larval livre nadantes. Algumas espécies possuem estruturas semelhantes a espinhos no lugar
dos cílios.Estas estruturas são responsáveis pela captura passiva de presas que, por descuido, as
tocam. Alguns gêneros são providos de uma organela contrátil, conhecida por miolema, que se
localiza no interior do pedúnculo. Esta organela permite ao ciliado “fugir” de predadores através de
sua rápida e eficiente contração.
Flagelados: São os protozoários que se locomovem através do flagelo, que são organelas em forma
de filamento alongado, pouco numerosos, que se projetam de pontos específicos da célula
(geralmente na parte anterior). Executam movimento ondulatório na água, propelindo a célula para

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o próprio lado ou para o lado oposto da inserção do flagelo. Sob condições adversas, o flagelo pode
se perder, mas sua regeneração ocorre prontamente. São subdivididos em dois grupos:
– Fito flagelado
– Zooflagelados
Amebas: Locomovem-se através de organelas transitórias, os pseudópodes, que são simplesmente
prolongamentos do protoplasma, formados em qualquer ponto da célula. Geralmente são
transparentes e não possuem forma bem definida. Nas espécies que apresentam carapaça, a forma
varia de arredondada a globosa e podem apresentar coloração parda quando ocorre impregnação por
sais de ferro. A carapaça pode ser secretada pela própria ameba ou ser formada de partículas
retiradas do meio. Podem ser de natureza calcária, silicosa ou orgânica. São microrganismos lentos
e sua visualização muitas vezes fica comprometida, pois podem ser confundidas com os flocos aos
quais se ligam. A forma estrelada adotada por muitas espécies está relacionada com o stress sofrido
quando da manipulação da amostra em que se encontra
Micro metazoários: São microrganismos formados por várias células que, agrupadas, formam
verdadeiros tecidos. Células diferentes possuem funções diferentes. No processo de lodos ativados
são representados pelos anelídeos, rotíferos, nematóides e tardígrados.
Aspectos Operacionais dos Lodos Ativados:

O maior avanço para o desenvolvimento do sistema de lodos ativados foi, sem sombra de
dúvida, a transformação do sistema de bateladas em um regime contínuo de operação, por meio da
adição de uma unidade de decantação atrelada ao tanque de aeração. A concepção técnica que
melhor atende as necessidades de controle dos lodos ativados pode ser vista na figura 1 abaixo:

Ilustração 1 - Concepção geral do sistema de lodos ativados

As principais unidades de pré-tratamento/tratamento primário são os separadores de grade


primária, caixa retentora de areia e decantadores primários e separadores de grade secundária. Os
decantadores primários são utilizados quando o teor de sólidos no efluente bruto é muito grande. Já
a caixa retentora de areia é imprescindível, sua função é remover material refratário do efluente, de
modo a evitar o assoreamento das unidades subseqüentes. Outras necessidades do pré-tratamento
são o ajuste prévio do pH, temperatura e remoção de voláteis e semi-voláteis.
O tanque de equalização possui as seguintes funções: estabilizar o regime hidráulico, minimizar
variações de concentração (e, conseqüentemente, de carga) de carga orgânica de saída para o tanque
de aeração e evitar picos tóxicos que possam afetar o meio microbiológico existente no tanque de
aeração.
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O tanque de aeração opera com uma mistura de esgoto doméstico, efluente industrial e lodo
ativado, denominada de licor misto. No licor misto, os flocos de lodo são mantidos em suspensão
por meio da agitação promovida por aeradores mecânicos ou difusores, os quais também fornecem
o oxigênio necessário à oxidação do material orgânico.A entrada contínua de esgoto/efluente bruto
afluente provocará a descarga também contínua de licor misto para o decantador secundário, no
qual se dá a separação das fases sólida (lodo) e líquida (efluente tratado). O efluente tratado é
descarregado para um corpo receptor (riacho, rio, oceano, lagoa etc.), enquanto o lodo em parte é
recirculado e em parte é descartado para posterior digestão.
Enquanto no tanque de aeração o lodo ganha peso, devido à assimilação de matéria orgânica,
no decantador ocorre o contrário, o lodo perde peso em função da ausência de matéria orgânica e de
aeração. A taxa de recirculação de lodo deve se situar na faixa de 0,25 a 1,25 (QR/QENT).Então, se a
taxa de recirculação for muito alta, o lodo passará pouco tempo no decantador secundário e, assim,
não terá perdido peso suficiente e não terá apetite para assimilar matéria orgânica no tanque de
aeração. Como conseqüência direta disso, a taxa de remoção de DBO/DQO cairá e comprometerá a
eficiência do processo como um todo.
Se a taxa de recirculação for muito baixa, o lodo permanecerá por um tempo longo demais, com
forte perda de peso. Ao chegar ao tanque de aeração, boa parte do lodo ficará na superfície e não
haverá tratamento adequado da matéria orgânica. Além disso, os flocos sobrenadantes chegarão ao
decantador secundário e isso provocará a saída de efluente mal tratado e fora de especificação
quanto ao teor de sólidos suspensos presentes no mesmo.

5.2_TRATAMENTOS DE ESGOTOS/EFLUENTES PELA VIA ANAERÓBIA

Os reatores anaeróbios para o tratamento de esgotos possuem boa possibilidade de uso em


nosso País, que apresenta temperatura elevada em grande parte de seu território e em praticamente o
ano todo. Reconhece-se que a temperaturas mais elevadas as reações de decomposição de matéria
orgânica ocorrem mais rapidamente.
Os custos de implantação dos reatores anaeróbios podem ser considerados baixos, mas é na
operação que reside a principal vantagem devido à não necessidade de aeração. A produção de lodo
é mais baixa do que as que decorrem de processos aeróbios como lodos ativados ou filtros
biológicos. A produção de gás pode ser considerada um benefício, pela possibilidade de purificação
e emprego do metano como fonte de energia, mas isto não se viabiliza facilmente. Ao contrário, o
gás resultante do processo anaeróbio constitui uma das principais limitações operacionais, devido à
produção de pequenas quantidades de gás sulfídrico, H2S, suficientes para produzir grandes
incômodos às populações circunvizinhas pela proliferação de mau odor. Além disso, o gás sulfídrico
provoca corrosão e conseqüentes prejuízos à conservação das instalações.
As diversas características favoráveis dos sistemas anaeróbios, passíveis de serem operados
com elevados tempos de retenção de sólidos e baixíssimos tempos de detenção hidráulica, conferem
aos mesmos um grande potencial para a sua aplicabilidade em tratamentos de águas residuárias de
baixa concentração. São também tecnologias simples e de baixo custo, com algumas vantagens
quanto à operação e à manutenção. A tabela 1 apresenta as vantagens e desvantagens dos processos
anaeróbios.

Tabela 1 - Vantagens e desvantagens dos processos anaeróbios

Vantagens Desvantagens
 Baixa produção de sólidos;  As bactérias anaeróbias são suscetíveis à
inibição por um grande número de
compostos;

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 Baixo consumo de energia;  A partida do processo pode ser lenta na


ausência de lodo de semeadura adaptado;
 Baixa demanda de área;  Alguma forma de pós-tratamento é
usualmente necessária;
 Baixos custos de implantação;  A bioquímica e a microbiologia da
digestão anaeróbia são complexas e ainda
precisam ser mais estudadas;
 Produção de metano;  Possibilidade de geração de maus odores,
porém controláveis;
 Possibilidade de preservação da  Possibilidade de geração de efluente com
biomassa, sem alimentação do reator, aspecto desagradável;
por vários meses;
 Tolerância a elevadas cargas orgânicas;  Remoção de nitrogênio, fósforo e
patogênicos insatisfatória.
 Aplicabilidade em pequena e grande
escala;
 Baixo consumo de nutrientes.

Nos sistemas aeróbios, ocorre somente cerca de 40 a 50% de degradação biológica, com a
conseqüente conversão em CO2. Verifica-se uma enorme incorporação de matéria orgânica como
biomassa microbiana (cerca de 50 a 60%), que vem a constituir o lodo excedente do sistema. O
material orgânico não convertido em gás carbônico ou em biomassa deixa o reator como material
não degradado (5 a 10%).
Nos sistemas anaeróbios, verifica-se que a maior parte do material orgânico biodegradável
presente no despejo é convertida em biogás (cerca de 70 a 90%), que é removido da fase líquida e
deixa o reator na forma gasosa. Apenas uma pequena parcela do material orgânico é convertida em
biomassa microbiana (cerca de 5 a 15%), vindo a se constituir o lodo excedente do sistema. Além
da pequena quantidade produzida, o lodo excedente apresenta-se via de regra mais concentrado e
com melhores características de desidratação. O material não convertido em biogás ou biomassa
deixa o reator como material não degradado (10 a 30%).
A Figura 1 possibilita uma visualização mais clara de algumas das vantagens da digestão
anaeróbia em relação ao tratamento aeróbio, notadamente no que se refere à produção de gás
metano e à baixíssima produção de sólidos.

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Ilustração 1 - Sistemas anaeróbios X Sistemas Aeróbios

Nos sistemas de tratamento anaeróbio procura-se acelerar o processo da digestão, criando-se


condições favoráveis. Essas condições se referem tanto ao próprio projeto do sistema de tratamento
como às condições operacionais nele existentes. Em relação ao projeto de sistemas de tratamento têm-se
duas prerrogativas básicas:
a) o sistema de tratamento deve manter grande massa de bactérias ativas que atue no processo da
digestão anaeróbia.
b) é necessário que haja contato intenso entre o material orgânico presente no afluente ë a massa
bacteriana no sistema. Quanto às condições operacionais, os fatores que mais influem são a temperatura, o
pH, a presença de elementos nutrientes e a ausência de materiais tóxicos no afluente.
O desenvolvimento de reatores fundamentados no processo anaeróbio, ocorrido nas últimas
décadas, vem provocando mudanças profundas na concepção dos sistemas de tratamento de águas
residuárias. A maior aceitação de sistemas de tratamento anaeróbio se deve a dois fatores principais:
as vantagens consideradas inerentes ao processo da digestão anaeróbia em comparação com o tratamento
aeróbio e a melhoria do desempenho dos sistemas anaeróbios modernos, tendo-se um aumento muito
grande não somente da velocidade de remoção do material orgânico, mas também da porcentagem
de material orgânico digerido. O melhor desempenho dos sistemas anaeróbios, por sua vez, é o
resultado da melhor compreensão do processo da digestão anaeróbia, que permitiu o desenvolvimento de
sistemas modernos, muito mais eficientes que os sistemas clássicos.
A tendência de uso do reator anaeróbio como principal unidade de tratamento biológico de
esgoto deve-se, principalmente, à constatação de que fração considerável do material orgânico (em geral
próxima de 70%) pode ser removida, nessa unidade, sem o dispêndio de energia ou adição de
substâncias químicas auxiliares. Unidades de pós-tratamento podem ser usadas para a remoção de
parcela da fração remanescente de material orgânico, de forma a permitir a produção de efluente final
com qualidade compatível com as necessidades que se impõem pêlos padrões legal de emissão de
efluentes e a preservação do meio ambiente.

Fatores Importantes na Digestão Anaeróbia

Vários são os fatores que influenciam o desempenho da digestão anaeróbia de águas residuárias.
Dentre os fatores ambientais se destacam a temperatura, o pH, a alcalinidade e a presença de
nutrientes. Outros fatores, como a capacidade de assimilação de carga tóxica, transferência de massa,
sobrecargas hidráulicas e a atividade metanogênica, também desempenham um papel importante no
processo.
Temperatura: A temperatura é um dos fatores ambientais mais importantes na digestão anaeróbia,
uma vez que afeta os processos biológicos de diferentes maneiras. Dentre os principais efeitos da
temperatura incluem-se as alterações na velocidade do metabolismo das bactérias, no equilíbrio
iônico e na solubilidade dos substratos, principalmente de lipídios.O tratamento de esgotos sanitários
em reatores anaeróbios de alta taxa só é economicamente viável se o aquecimento de reatores for
dispensável. Essa restrição pode limitar a aplicação bem-sucedida de reatores anaeróbios a locais em
que a temperatura do líquido mantém-se acima de 20°C. Embora tenham sido relatados experimentos
em que o tratamento ocorreu mesmo a temperaturas na faixa entre 10°C e 15°C, as eficiências
alcançadas foram pouco superiores àquelas obtidas em unidades de tratamento primário.
O parâmetro cinético diretamente afetado pela temperatura é a velocidade específica de utilização do
substrato. Na faixa de temperatura entre 20°C e 25°C, esse parâmetro assume valor inferior à metade
daquele a 35°C. Deve-se considerar, no entanto, que a velocidade global de remoção de substrato está
associada ao produto da velocidade específica pela concentração de microrganismos ativos no reator.
Portanto, mesma velocidade de remoção global pode ser atingida a diferentes temperaturas, desde que
o sistema possa manter concentrações elevadas de microrganismos. A temperaturas inferiores a 20°C,

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a solubilização de gorduras, do material particulado e de polímeros orgânicos é lenta, podendo se


constituir na etapa limitante do processo. Caso esses constituintes não sejam solubilizados, poderão
ser arrastados no reator ou ficar acumulados junto à superfície, ou nos sistemas de separação sólido/
gás/líquido.
Nutrientes: Nitrogênio (N) e fósforo (P) são os nutrientes essenciais para todos os processos
biológicos. A quantidade de N e P, em relação à matéria orgânica presente (expressa como DQO, por
exemplo), depende da eficiência dos microrganismos em obter energia para síntese, a partir das
reações bioquímicas de oxidação do substrato orgânico. A baixa velocidade de crescimento dos
microrganismos anaeróbios, comparados aos aeróbios, resulta em menor requerimento nutricional.
Em geral, admite-se que a relação DQO: N: P de 500:5: 1 é suficiente para atender às necessidades de
macro nutrientes dos microrganismos anaeróbios.
Além de N e P, o enxofre (S) é também considerado um dos nutrientes essenciais para a
metanogênese. Em geral, a concentração de S deve ser da mesma ordem de grandeza ou levemente
superior à de P. As bactérias assimilam enxofre na forma de sulfetos, originados, em geral, da redução
biológica de sulfatos, que é um constituinte comum a muitas águas residuárias. Algumas proteínas
são, também, fontes de enxofre. Dentre os micronutrientes considerados essenciais, destacam-se o
ferro, o cobalto, o níquel e zinco. Uma revisão recente da literatura sobre aspectos nutricionais em
processos anaeróbios faz referências a vários trabalhos nos quais se comprovou que a presença desses
micronutrientes estimulou os processos anaeróbios. O efeito estimulante de metais traços foi
observado principalmente em experimentos de crescimento de culturas em laboratório. O único metal
traço testado em reatores de grande porte foi o ferro, com excelentes resultados.
É pouco provável que os esgotos sanitários típicos apresentem deficiências nutricionais, pois tanto os
macro nutrientes (N e P) como os micronutrientes estão abundantemente presentes no esgoto
sanitário, ao contrário de algumas águas residuárias industriais. Na verdade, em muitos casos será
necessário aplicar um pós-tratamento para reduzir a concentração dos macros nutrientes.
pH e alcalinidade: As bactérias anaeróbias metanogênicas são consideradas sensíveis ao pH, isto é,
o crescimento ótimo ocorre em faixa relativamente estreita de pH. Um reator deve ser operado em pH
entre 6,5 e 8,2. Em determinadas condições, é possível a operação satisfatória do reator em pH de até
6.Deve-se considerar que a ação microbiana pode alterar o pH do meio, o que torna provavelmente
inúteis as tentativas de neutralização das águas residuárias a priori. A neutralização do ácido acético
com sódio, por exemplo, poderá elevar o pH do reator se resultar na produção de gás com 100% de
metano. Nesse caso, não haverá CO2 suficiente para reagir com os álcalis que serão formados no
processo. Compostos, como CO2 e ácidos graxos voláteis de cadeia curta, tendem a abaixar o pH,
enquanto cátions geradores de alcalinidade, como os íons de nitrogênio amoniacal provenientes da
degradação de proteínas e o sódio originado da degradação de sabão, aumentam a alcalinidade e o
pH.O tratamento de esgotos sanitários em reatores anaeróbios de alta taxa dificilmente exigirá
cuidados especiais com relação à manutenção do pH na faixa entre 6,5 e 7,5, mesmo considerando-se
que o afluente pode apresentar pH inferior a 6,5, pois um valor adequado e estável do pH é obtido
naturalmente, devido à predominância do sistema carbônico (H 2CO3; HCO3-; CO3-2) nesses efluentes.
Valores baixos de pH no afluente poderão ocorrer devido à decomposição de compostos facilmente
degradáveis, como açúcares e amido, na rede coletora, produzindo ácidos orgânicos. No entanto,
parte da matéria orgânica remanescente (proteínas, lipídios, celulose etc.) é de composição mais lenta
e a fase de hidrólise e fermentação deverá ocorrer no interior do reator. Caso o reator mantenha,
portanto, as fases de acidogênese e metanogênese em equilíbrio, o pH no interior do reator deverá
manter-se próximo ou levemente superior a 7. Uma ressalva pode ser feita aos esgotos concentrados
originados do uso lê águas de baixa alcalinidade, como pode ser o caso de muitas águas litorâneas,
nas quais podem ser necessária a adição de substâncias alcalinas para corrigir o pH.
Capacidade de assimilação de cargas tóxicas: A sensibilidade dos processos anaeróbios a cargas
tóxicas depende, significativamente, do parâmetro operacional tempo de retenção celular ou idade do
lodo. Quanto maior o tempo de retenção celular, maior é a capacidade do reator de assimilar cargas

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tóxicas. Reatores de filme fixo, como filtros anaeróbios, por exemplo, têm demonstrado ser mais
resistentes à toxicidade que reatores de crescimento em suspensão.
De um modo geral, os compostos que podem exercer influência tóxica sobre as bactérias
metanogênicas normalmente não se encontram no esgoto sanitário. Sulfeto, gerado no reator a partir
da redução de sulfato ou da mineralização de proteínas, não atinge uma concentração suficientemente
alta para causar problemas de toxicidade. Somente a presença de oxigênio dissolvido pode constituir
problema se o projeto do reator for inadequado, permitindo intensa aeração do esgoto antes da sua
entrada no sistema de tratamento.
Sobrecargas Hidráulicas: Há poucos dados na literatura sobre o efeito de cargas hidráulicas em
reatores anaeróbios alimentados com esgotos sanitários.
Ao se submeter um reator anaeróbio de manta de lodo (UASB) protótipo e sobrecargas hidráulicas
correspondentes ao dobro da vazão normal, pelo período de duas horas, observou-se aumento
significativo na DQO efluente. Esse aumento foi crescente durante o período de aplicação da
sobrecarga hidráulica, decrescendo gradativamente após sua interrupção.
O tratamento de esgotos sanitários em reatores anaeróbios de alta taxa dificilmente exigirá cuidados
especiais com relação à manutenção do pH na faixa entre 6,5 e 7,5, mesmo considerando-se que o
afluente pode apresentar pH inferior a 6,5, pois um valor adequado e estável do pH é obtido
naturalmente, devido à predominância do sistema carbônico (H2CO3; HCO3-; CO3=) nesses efluentes.
Valores baixos de pH no afluente poderão ocorrer devido à decomposição de compostos facilmente
degradáveis, como açúcares e amido, na rede coletora, produzindo ácidos orgânicos. No entanto,
parte da matéria orgânica remanescente (proteínas, lipídios, celulose etc.) é de decomposição mais
lenta e a fase de hidrólise e fermentação deverá ocorrer no interior do reator. Caso o reator mantenha,
portanto, as fases de acidogênese e metanogênese.
Embora não tenha sido possível modelar a resposta do reator, o efeito maior foi relacionado com a
perda de sólidos orgânicos no efluente, enquanto a fração da DQO solúvel apresentou variações
menos significativas. Portanto, o arraste de sólidos é um dos problemas a que estão sujeitos os
reatores submetidos a sobrecargas hidráulicas.
Atividade metanogênica: a remoção de matéria orgânica nos processos anaeróbios ocorre,
principalmente, pela conversão dos produtos finais da etapa fermentativa (acetato e H 2/CO2) em
metano (CH4), um dos produtos finais do processo que é removido fisicamente da fase líquida e é
emitido na fase gasosa juntamente com outros gases formados ou presentes no reator. Considerando a
equação de combustão do metano, tem-se que, na oxidação completa do metano, l mol de CH 4
consome 2 móis de O2. Portanto, nas condições normais de temperatura e pressão (CNTP: T = 273 K;
P = l atm.), 22,4 litros de metano correspondem a 64 g de DQO ou seja, 0,35 litro de CH 4 por grama
de DQO removida. Essa relação permite estimar a fração de matéria orgânica convertida em metano a
partir do volume de metano produzido no reator, por unidade de tempo. Admitindo-se que a
concentração de biomassa no reator está relacionada com a concentração de sólidos voláteis em
suspensão (SSV), a atividade metanogênica do lodo pode ser obtida por meio da relação entre a
quantidade de DQO convertida em metano, por unidade de tempo, e a concentração de SSV. O teste
de atividade metanogênica específica baseia-se nesses fundamentos do processo e tem sido utilizado
no monitoramento do desempenho de reatores anaeróbios.
Os resultados de várias pesquisas sobre o uso de reatores anaeróbios no tratamento de esgotos
sanitários têm demonstrado que apenas cerca de 30% a 35% da DQO removida nesses reatores tem
sido recuperada como metano no efluente gasoso. Portanto, a avaliação correta da atividade
metanogênica do lodo pode ser muito difícil nesses casos.

Retenção de biomassa nos sistemas anaeróbios

As células microbianas existem numa ampla faixa de tamanhos, formas e fases de crescimento.
Estas condições tem significado prático na digestão anaeróbia, pois é provável que a forma da

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biomassa tenha um efeito significativo na sobrevivência do organismo e na transferência de


nutrientes e, conseqüentemente, na eficiência global do processo. A formação de uma estrutura
particular de células agregadas depende de fatores que incluem a faixa de tamanho das células e a
localização de cada célula individual em relação às outras e ao meio de crescimento.
Retenção por adesão: Os habitat de microrganismos em sistemas aquosos são bastante diversos, de
forma que a sobrevivência e o crescimento destes dependem de fatores como a temperatura,
disponibilidade de nutrientes e estratificação. Os microorganismos superam a instabilidade do
ambiente pela adesão a uma superfície. Esta forma de imobilização, através da adesão, pode se dar
em superfícies fixas, como nos processos anaeróbios de leito estacionário, ou em superfícies móveis,
como nos processos anaeróbios de leito expandido e fluidificado.
Retenção por floculação: A floculação tem um significado prático, pois as microestruturas
floculadas podem ser facilmente separadas da fase líquida por sedimentação. O fenômeno da
floculação é de particular importância nos processos de dois estágios e também nos reatores
anaeróbios de fluxo ascendente e manta de lodo. O crescimento bacteriano em flocos não é
necessário para a remoção eficiente de substrato, mas é essencial para garantir um efluente com baixa
concentração de sólidos suspensos.
Retenção por granulação: Os mecanismos que controlam a seleção e formação de grânulos estão
relacionados a fatores físicos, químicos e biológicos que incluem:
– Características do substrato (concentração e composição);
– Compressão gravitacional das partículas de lodo e a taxa superficial de liberação de
biogás;
– Condições ideais para o crescimento de bactérias metanogênicas;
– Velocidade ascensional do líquido através do leito de lodo.
A velocidade ascensional do líquido, principalmente, é importante, pois proporciona uma constante
pressão seletiva sobre os microorganismos, que passam a aderirem-se uns aos outros levando a
formação de grânulos que apresentam boa capacidade de sedimentação. A configuração granular
apresenta diversas vantagens do ponto de vista de engenharia.
– Os microorganismos usualmente se apresentam densamente agrupados;
– A não utilização de meios de suporte inertes propicia um aproveitamento máximo do
volume reacional do reator;
– A forma esférica dos grânulos proporciona uma relação máxima de
microorganismo/volume;
– Os grânulos apresentam excelentes propriedades de sedimentação.
Retenção intersticial: Este tipo de imobilização de biomassa ocorre nos interstícios existentes no
meio de suportes estacionários, como é o caso de reatores anaeróbios de leito fixo. As superfícies do
material suporte servem de apoio para ao crescimento bacteriano aderido (formação de biofilme),
enquanto os espaços vazios existentes no material de empacotamento são ocupados por
microorganismos que crescem dispersos.

5.3 Medidas corretivas para recuperação de lagos e represas

Processos Técnicas Características


-consiste na injeção de ar comprimido ou
oxigênio nas camadas profundas do lago
promovendo a estabilização da matéria
orgânica acumulada no fundo impedindo a
Mecânicos Aeração por liberação de nutrientes provenientes de
hipolímmio sedimento.
_Apresenta altos custos operacionais e de
aquisição de equipamentos especiais, mas é

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uma técnica de elevada eficiência e bastante


difundida.
_ Consiste na injeção de ar comprimido ou
oxigênio nas camadas profundas do lago,
favorecendo a circulação de todo o corpo
d’água.
Mecânicos Desestratificação _ Utiliza equipamentos mais simples;
_Apresenta como inconveniente o transporte
de compostos redutores até a camada
superficial provocando a fertilização do
epilímmio;
_Objetiva a retirada das águas profundas e a
Retirada das sua substituição por águas de camadas
águas profundas superiores mais ricas em oxigênio reduzindo
o acúmulo de nutrientes no hipolímmio;
Mecânicos _ O volume líquido retirado através da
pressão hidrostática ou por bombeamento
pode ser utilizado na irrigação ou conduzido
até uma estação de tratamento de esgoto;
_Técnica de diluição que reduz a
Adição de água concentração de nutrientes no corpo d’água.
Mecânicos de melhor _Sua aplicação combate a formação de gás
qualidade sulfídrico no hipolímmio evitando a
mortalidade de peixes;
_São removidas as camadas superficiais do
sedimento, através de dragagem, favorecendo
Remoção de a exposição de camadas de menor potencial
Mecânicos sedimento poluidor;
_O lodo removido, após tratamento pode ser
utilizado como condicionador de solos;

_Medida corretiva para impedir a liberação


de nutrientes nas camadas profundas;
Cobertura de _O sedimento é isolado do restante do corpo
sedimento d’água por meio de cobertura com material
Mecânico plástico ou substâncias finamente
particuladas;
_Método caro e que apresenta dificuldade de
instalação;
Remoção de _As macrófitas aquáticas cuja presença
macrófitas excessiva interfere nos diversos usos da água
aquáticas podem ser removidas por processo manual ou
mecânico;
Remoção de _A biomassa planctônica, que apresenta
biomassa grande capacidade de armazenamento de
Mecânico planctônica poluentes, pode ser removida através de
centrifugação ou por meio de micro peneiras;
_ Possibilita o combate ao crescimento
excessivo da vegetação por meio da limitação
do recebimento da radiação solar, mediante:

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 Arborização das margens de


pequenos corpos d’água;
Mecânico Sombreamento  Instalação de anteparos nas
margens;
 Aplicação de material
sobrenadante ou corantes leves na
superfície da água;
Químico Precipitação _Recomendada no caso de fontes difusas de
química do fósforo, que tornam impraticável remoção de
fósforo nutrientes dos efluentes.
Químico Oxidação do _Eficiente para resolução do problema da
sedimento com fertilização interna;
nitrato _Impede a diminuição excessiva da
concentração de oxigênio das águas
profundas;
_Combate o crescimento excessivo da
Químico Aplicação de vegetação;
herbicidas _Vinculada à problemas de toxidade, sabor,
odor e bioacumulação.
_Utilizada para a desinfecção do sedimento e
Químico Aplicação de cal para eliminação de algas e plantas submersas,
em pequenos corpos d’água e na
neutralização da água em lagos acidificados;
Utilização de _Reduz a comunidade vegetal em função da
Biológicos peixes que se atividade de peixes herbívoros;
alimentam de
peixes
Utilização de _Reduz a densidade de algas azuis, pelo
Biológicos cinófagos ataque de vírus específicos sendo pouco
difundidas;
Manipulação da _ Reduz a comunidade fito planctônica, em
Biológicos cadeia alimentar função do incentivo ao aumento da
população zooplactônica;
Fonte: Von Sperling (1995)

Atividades

1. Associe as etapas do processo utilizado nas ETA’s (Estações de tratamento de água) com o
procedimento característico.

1-Filtração
2-Floculação
3-Decantação
4-Filtros de carbono
5- Desinfecção

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( ) adição de cloro para eliminar os germes nocivos à saúde.


( ) a água é filtrada para a retirada de partículas grandes de sujeira.
( ) a água fica parada para que os flocos mais pesados se depositem no fundo.
( ) sulfato de alumínio é adicionado para que as partículas de sujeira se juntem, formando pequenos
coágulos.
( ) A água passa pelos filtros formados por camadas de areia, carbono e turfa.

2. Numa das etapas do tratamento de água que abastece uma cidade, a água é mantida durante certo
tempo em tanques para que os sólidos em suspensão se depositem no fundo. A essa operação
denominamos:
a)filtração
b)sedimentação
c)sifonação
d)centrifugação
e) cristalização
3. O tratamento terciário, também conhecido como tratamento avançado, consiste numa série de
processos destinados a melhorar a qualidade dos efluentes. Assinale, entre os processos listados a
seguir, aquele que NÃO faz parte desta etapa:

A) processos de separação com membranas;


B) gradeamento;
C) filtração;
D) sistemas de troca iônica;
E) processos avançados de oxidação.

4. A Grade numa estação de tratamento de esgotos tem a finalidade de:

a) Remover sólidos graúdos sedimentáveis.


b) Remover sólidos grosseiros em suspensão.
c) Remover materiais miúdos em suspensão.
d) Remover substâncias orgânicas dissolvidas.

5. Assinale a alternativa CORRETA quanto ao tratamento terciário ou pós-tratamento do esgoto


sanitário:

a)Tem como objetivo a remoção de poluentes específicos e/ou remoção complementar de poluentes
não suficientemente removidos no tratamento secundário

b) Visa à remoção de matéria orgânica dissolvida e da matéria orgânica em suspensão não removida
nos tratamentos precedentes.

c) Tem como objetivo a remoção de sólidos em suspensão sedimentáveis, materiais flutuantes (óleos
e graxas) e parte da matéria orgânica em suspensão.

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d) Tem como principal objetivo a remoção de substâncias orgânicas com potencial de causar câncer.

6. A decomposição aeróbia numa ETE é mais vantajosa do que a anaeróbia por que:

a) é mais lenta e mais eficiente


b) é menos lenta e menos eficiente
c) é menos lenta e mais eficiente
d) não prejudica os peixes dos rios

7. Em locais onde ainda não existe rede de esgotos, é necessária a implantação de unidades de
tratamento de esgotos conhecidas como:

(A) decantadores.
(B) desarenadores.
(C )fossas sépticas.
(D )filtros de areia

8. São tipos de tratamento biológicos:

a) Grades, interceptores e caixa de areia;


b) Rede coletora, emissário e biodisco;
c) Biodisco, lodos ativados e lagoa anaeróbia;
d) Filtros biológicos, biodisco e grades.

9. No processo de lodos ativados deve-se fornecer ao esgoto afluente:

a) Nitrogênio;
b) Cloro e nitrogênio;
c) Oxigênio;
d) Nitrogênio e fósforo.

10. Destaque as principais variáveis utilizadas no tratamento de esgotos e efluentes.


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11. Diferencie os tratamentos primário, secundário e terciário.
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12. Quais as características da desinfecção? Quais os tipos empregados?
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13. Relacione as tecnologias existentes para tratamento de esgotos e efluentes industriais,
destacando as suas principais características.
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14. Lodos ativados:


a) Quais são os critérios de QOB (qualidade operacional de biomassa) nestes sistemas?
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b)Quais grupos de microrganismos são importantes no processo de lodos ativados?
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c) Quais são os problemas operacionais mais comuns em plantas de lodos ativados?
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15. Sistemas anaeróbios de tratamento:


a) Descreva de maneira sucinta os grupos de organismos essenciais no tratamento anaeróbio de
resíduos líquidos.
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b) Quais são os critérios de qualidade operacional da biomassa?
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16. Remoção biológica de nitrogênio.

a)Quais são as formas de nitrogênio removidas por processo biológicos em plantas de tratamento de
esgotos? Porque é necessária remoção destas formas de nitrogênio?
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b)Quais são os grupos de bactérias importantes na remoção biológica de nitrogênio?


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c)O que ocorre nas etapas aeróbia e anaeróbia do processo?


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(d) Enumere as condições ambientais críticas para o desenvolvimento das bactérias nitrificantes.
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17. Para o bom desempenho de um sistema de lodos ativados é fundamental que a separação entre o
lodo e a fase líquida que ocorre no decantador secundário, seja rápida e eficiente. Os lodos mais
freqüentemente encontrados em sistemas de lodos ativados podem ser classificados como?
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18. Nas estações de tratamento de esgotos,

a) os processos de tratamento primário visam à remoção inicial de poluentes, por meio de reações
químicas.
b) justifica-se o tratamento terciário, quando ainda é necessário remover a DBO em suspensão.
c) os processos de tratamento terciários constituem a parte final do tratamento e constituem-se de
mecanismos físicos para o polimento do efluente tratado.
d) os processos de tratamento secundários visam remover matérias orgânica e eventualmente
nutrientes por meio de mecanismos biológicos.
e) quando se deseja reuso potável direto do efluente deve ser garantida a remoção de organismos
patogênicos, após o tratamento secundário.

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19- As lagoas de decantação são utilizadas no tratamento de águas residuárias para

a) sedimentação do material grosseiro e digestão do lodo em tempo, dispensando a remoção do


lodo.
b) aeração dos lodos em mistura completa e sedimentação do material grosseiro associado.
c) sedimentação de sólidos formados nas lagoas aeradas de mistura completa para posterior
remoção.
d) sedimentação de sólidos formados nas lagoas anaeróbias e digestão do lodo depositado no fundo.
e) separação do lodo de bactérias para evitar contaminação do efluente.

20. A presença de sulfatos na água:

A. ( ) causa corrosão nos coletores de esgoto de concreto e incrustações em caldeiras.


B. ( ) é benéfica por seu efeito laxativo nos seres humanos e animais, em concentrações superiores a
250 mg/L.
C. ( ) origina-se da precipitação atmosférica de vapores industriais e descargas de veículos.
D. ( ) resulta da redução dos sulfetos provenientes de descargas de efluentes industriais.
E. ( ) pode ser facilmente removida, nas estações de tratamento, pelos processos de filtração,
coagulação e floculação.

21. Assinale a alternativa correta em relação ao tratamento de uma estação convencional de


tratamento de esgotos.

A. ( ) O tratamento avançado realiza a destruição dos organismos patogênicos que resistiram aos
processos de tratamento anteriores.
B. ( ) O tratamento primário consiste de flotação dos sólidos contidos no efluente do tratamento
preliminar.
C. ( ) O tratamento pode ser definido como a retirada de poluentes da água, por processos químicos
ou por meio de operações físicas.
D. ( ) O tratamento preliminar é realizado por meio de grades e caixas de areia, com o objetivo de
condicionar os esgotos brutos aos processos de tratamento propriamente ditos.
E. ( ) O tratamento secundário emprega um processo biológico conhecido como biodigestão
anaeróbia.

22. Em uma estação de tratamento de água, por processo de floculação físico-químico, utiliza-se o
sulfato de alumínio porque:

A. ( ) o sulfato forma um lodo fácil de decantar.


B. ( ) o alumínio é trivalente e facilmente ionizável, precipitando na forma de hidróxido de
alumínio.
C. ( ) o alumínio forma um precipitado gelatinoso em meio ácido
D. ( ) o lodo de sulfato não é tóxico.
E. ( ) o sulfato limpa a água por ionização e decantação

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6_Reuso da água

Reuso da água: Oportunidade ou necessidade?

A água foi por muito tempo considerado pela humanidade como um recurso inesgotável e,
talvez por isso mal gerido. Não faltam exemplos de escassez de água doce observada pelo
abaixamento do nível dos lençóis freáticos, o encolhimento dos lagos, secagem dos pântanos e
rios. Várias regiões do mundo possuem esse panorama exacerbado sendo que para explicar tais
fenômenos não raras vezes o setor técnico evoca as condições meteorológicas ou os “caprichos
dos tempos”. No entanto o balanço oferta versus demanda por recursos hídricos não é um
problema apenas das regiões áridas e semiáridas, pois os conflitos de uso da água também se
notam em outras regiões, inclusive os que dispõem de recursos hídricos com ofertas
significantes.
Por outro lado cresce em todo mundo a consciência em torno da importância do uso
racional, da necessidade de controle de perdas e desperdícios e do reuso da água, incluindo a
utilização dos esgotos sanitários para diversos fins com seus inegáveis atrativos, dentre os quais
se destacam:
 Reuso da água, proporcionando alivio na demanda e preservação de oferta de água para usos
múltiplos;
 A reciclagem de nutrientes, proporcionando economia significativa de insumos (ex:
fertilizantes e ração animal);
 A ampliação de áreas irrigadas e a recuperação de áreas improdutivas e degradadas;
 Redução do lançamento de esgotos em corpos receptores, contribuindo para a redução de
impactos de poluição, contaminação e eutrofização.
A utilização de esgotos sanitários oferece, portanto, oportunidade de natureza econômica,
ambiental e social, mas em situações de acentuada escassez de recursos hídricos pode mesmo
constituir uma necessidade.

6.1 Modalidades de reuso da água

Dentre as diversas possibilidades de reuso da água se destacam:


 Reuso indireto não planejado: Ocorre quando a água já utilizada é descarregada no meio
ambiente, portando sendo diluída, e novamente utilizada a jusante de maneira não
intencional.
 Reuso indireto planejado: Ocorre quando os efluentes depois de convenientemente
tratados, são descarregados de forma planejada nos cursos d’ água superficiais ou
subterrâneos para serem utilizados a jusante de forma intencional e controlada, no intuito de
algum uso beneficio;
 Reuso direto planejado: Ocorre quando os efluentes depois de convenientemente tratados,
são encaminhados diretamente ao local de reuso;
A literatura internacional principalmente a norte americana emprega com frequência o termo
“reclameid wastewarter” (to reclain = recuperar, regenerar, aproveitar) para designar o
aproveitamento de esgotos tratados, no mínimo em nível secundário ( ASANO;
LEVINE,1998).Estes autores distinguem também os termos reuso e reciclagem da água,

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referindo-se o segundo a uma situação de um único usuário que faz uso de um efluente
retornando-o como fonte suplementar de abastecimento ao uso original.
Praticamente consagrada na literatura internacional é a categorização das modalidades de
reuso da água em reuso potável e reuso não potável incluindo:
 Reuso para fins urbanos;
 Reuso para fins ambientais;
 Reuso para fins agrícolas e florestais;
 Reuso para fins industriais;
 Reuso na agricultura;
 Reuso na recarga artificial de aquíferos;
O reuso potável embora encontre exemplos de aplicação pratica, não tem sido recomendado
em função da dificuldade de caracterização pormenorizada dos esgotos sanitários (ou urbanos) e,
portanto, dos riscos associados à saúde.
As modalidades de reuso urbano e ambiental envolvem uma grande variedade de aplicações
dentre outras:
 Irrigação de campos de esporte, parques, cemitérios, jardins, canteiros de rodovias etc.;
 Usos ornamentais e paisagísticos;
 Descarga de toaletes;
 Combate a incêndios;
 Lavagem de veículos;
 Limpeza de ruas;
 Desobstrução de redes de esgoto e de drenagem pluvial;
 Usos na construção como a compactação do solo e o abatimento de poeira;

6.2_ Institucionalização e Regulamentação do reuso da água

A regulamentação da utilização de esgotos sanitários para diversos fins é observada em


vários países, o reuso da água é componente de programas de políticas de gestão de recursos
hídricos; em outros países as praticas de reuso carecem de regulamentação e também do devido
controle sanitário e ambiental.
É importante destacar que na formulação de marcos regulatórios para o reuso da água, o
problema deve ser considerado em suas varias dimensões: de saúde publica, ambiental,
econômica, financeira e cultural.
No Brasil desde a promulgação da Lei Nº 9.433 de 8 de janeiro de 1997 que instituiu a
política nacional de recursos hídricos, a gestão de recursos hídricos é respaldada em um moderno
aparato normativo e institucional, em fase crescente de implementação. Por sua vez a Resolução
CONAMA nº 357 17/03/2005, que dispõe sobre a classificação dos corpos d’água e diretrizes
ambientais para seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamentos
de efluentes, define diretrizes de qualidade da água a serem observadas de acordo com os usos
preponderantes dos cursos d’água.
O Projeto de Lei nº5. 296/2005 se refere ao reuso da água em seu art. 10 inciso III:
“São diretrizes relativas ao esgotamento sanitário: incentivar o reuso da água, a reciclagem dos
demais constituintes dos esgotos e a eficiência energética, condicionando ao atendimento dos
requisitos de saúde publica e de proteção ambiental pertinentes.”
Também em 2005 o Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH) promulgou a
Resolução nº 54 que estabelece modalidades, diretrizes e critérios gerais para pratica de reuso
direto não potável de água no Brasil, remetendo para regulamentação complementar os padrões de
qualidade e os códigos de práticas para diversas modalidades de reuso:
 Reuso para fins agrícolas e florestais;
 Reuso para fins urbanos;

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 Reuso para fins ambientais;


 Reuso para fins industriais;
 Reuso na aquicultura;

6.3 Normas e Critérios de Qualidade para Reuso da Água

Os esgotos sanitários podem conter os mais variados organismos patogênicos e em concentrações


elevadas. A possibilidade de transmissão de patógenos em qualquer modalidade de reuso da água
pode colocar em riscos diferentes grupos populacionais.
Dependendo da sua origem os esgotos podem conter agentes químicos alguns de toxidade
relevante e outros de padrão de ocorrência e significado a saúde ainda pouco conhecida (os
chamados químicos emergentes, tais como os disruptores endócrinos e os resíduos farmacêuticos).
A utilização de esgotos sanitários constituiu um perigo (risco potencial), porém a passagem de
perigo ao risco (risco real, caracterizado pela ocorrência de doença ou agravo á saúde) depende da
combinação de uma série de valores relativos.

Critérios para a Formulação de Qualidade para reuso da água

Atualmente reconhecem se as seguintes abordagens possíveis para o estabelecimento de


critérios de qualidade para utilização de esgotos sanitários.
 Ausência de riscos potenciais (perigos) caracterizada pela ausência de organismos
indicadores e ou, patogênicos no efluente;
 Medida de risco atribuível à utilização de esgotos dentre uma população exposta.
 Aplicação da metodologia de avaliação de risco e a definição de níveis de riscos
aceitáveis, ou seja, a estimativa da concentração de patógenos no efluente
correspondente aos níveis de risco aceitável em uma dada população;
A ferramenta de análise de risco tem sido incorporada aos estudos dos diferentes e
possíveis impactos na saúde pública decorrente da prática de risco e da forma conjunta aos
estudos epidemiológicos clássicos, tem proporcionando novas possibilidades de identificação
e, ou, estimativa do risco atribuível a essa prática.

Avaliação quantitativa de risco microbiológico

A princípio a Avaliação quantitativa de risco microbiológico, incorporou as etapas utilizadas na


avaliação de risco químico, quais sejam:
 Identificação do perigo,
 Avaliação da exposição,
 Avaliação da dose resposta e caracterização do risco.
As etapas da AQRM, aplicada a área do risco estão descritas a seguir:
Formulação do Problema: Consiste no planejamento sistemático das etapas da avaliação de
risco, com a identificação das objetivas, amplitude e enfoque, envolvendo a caracterização do
marco regulatório e do contexto político. Nessa fase é realizada uma caracterização inicial da
exposição e dos efeitos adversos com a elaboração de um modelo conceitual que descreva o bio
agente patogênico ou o ambiente de interesse, definindo população e cenário de exposição. A
formulação do problema consiste numa abordagem mais ampliada da etapa da identificação do
perigo na avaliação dos riscos químicos.
Fase de Análise
*Caracterizações da exposição: Envolve a avaliação da interação entre patógenos, ambiente e
população humana. Para isso são necessárias a caracterização dos patógenos, a caracterização da
ocorrência de patógenos e a análise de exposição. A partir desses elementos é elaborado o perfil

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da exposição com a descrição qualitativa ou quantitativa da magnitude, frequente e padrões de


exposição para os cenários desenvolvidos durante a formulação do problema.
* Caracterizações dos efeitos adversos à saúde humana
a) Caracterização do hospedeiro.
b) Efeitos á saúde.
c) Análise da dose resposta.
Os elementos acima são utilizados para elaboração de perfil do hospedeiro com descrição
qualitativa ou quantitativa.
Caracterização de risco nessa etapa as informações sobre o perfil da exposição e da dose
resposta são analisadas conjuntamente para o calculo das probabilidades de infecção (risco) para o
cenário de exposição de uma população a um organismo patogênico ou a um ambiente de
interesse.

Reuso de água na indústria

O reuso de efluentes tratados, para fins não potáveis tem sido cada vez mais aceito. A
viabilidade desta alternativa tem sido comprovada. Enquanto o tratamento de efluente convencional
tem como objetivo natural atender aos padrões de lançamento a motivação para o reuso é a redução
de custos e muitas vezes a asseguração do abastecimento de água. A primeira etapa a ser definida é
a especificação da qualidade da água requerida. Deve ser compatibilizada a vazão a ser reutilizada
com a vazão do efluente tratado.
Para implantar um sistema de reuso, deve-se complementar o sistema de tratamento de
efluentes existente. A complementação do tratamento tem como objetivo garantir a qualidade do
efluente tratado com a do uso a que estiver destinado. Deve-se lembrar sempre que ao se decidir
pelo reuso simplesmente, deixa-se de lançar um efluente tratado no corpo receptor produzindo água,
geralmente consumida no setor de utilidades. Isto inclui a estação de tratamento de efluentes
definitivamente no processo industrial. A implantação do reuso é feita com a instalação de unidades
necessárias ao polimento, tais como: sistemas de filtração em membrana; oxidação química;
desinfecção; etc.
Os casos de poluição térmica são os mais conhecidos casos de reuso, pois é necessário somente
realizar o resfriamento da água para o fechamento do circuito. É importante ressaltar que águas em
circuito fechado necessitam de tratamento específico.
O tratamento biológico dos efluentes seguido de ultra filtração em membranas possibilita o
reuso dos efluentes industriais ou sanitários tratados. Nesses casos a melhor reutilização é para
sistemas de resfriamento. Há casos nos quais uma simples filtração é suficiente, retornando a água
para alguma etapa do processo.
No caso das indústrias de reciclagem de papéis não somente a água é reusada como também o
lodo gerado (massa de papel), é reaproveitado na fabricação. Neste caso o próprio tratamento de
clarificação por flotação é suficiente para atender a qualidade do processo industrial, que utiliza
essas águas para a limpeza das telas das máquinas. Neste caso a reposição é necessária para
compensar a água evaporada no processo de secagem dos papéis

Atividades

Assinale a alternativa correta nas questões abaixo

1. (ENEM 2004) A necessidade de água tem tornado cada vez mais importante a reutilização
planejada desse recurso. Entretanto, os processos de tratamento de águas para seu reaproveitamento

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nem sempre as tornam potáveis, o que leva a restrições em sua utilização. Assim, dentre os
possíveis empregos para a denominada “água de reuso”, recomenda-se:

(A) o uso doméstico, para preparo de alimentos.


(B) o uso em laboratórios, para a produção de fármacos.
(C) o abastecimento de reservatórios e mananciais.
(D) o uso individual, para banho e higiene pessoal.
(E) o uso urbano, para lavagem de ruas e áreas públicas.

2. Segundo uma organização mundial de estudos ambientais, em 2025, duas de cada três pessoas
sofrerá carência de água caso não haja mudanças no padrão atual de consumo do produto. Uma
alternativa adequada e viável para prevenir a escassez, considerando-se a disponibilidade global
seria:

a) Desenvolver processos de reutilização da água;


b) Explorar leitos de água subterrânea;
c) Ampliar a oferta de água captando-a em outros rios;
d) Captar águas pluviais;
e) Importar água doce de outros estados;

3. O lodo proveniente das ETE`s pode:

a) Pode ser utilizado diretamente como adubo;


b) Ser utilizado como condicionador do solo;
c) Ser depositado num aterro sanitário;
d) B e C estão corretas.

4. Considerando a riqueza dos recursos hídricos brasileiros, uma grave crise de água em nosso país
poderia ser motivada por:

(A) Reduzida área de solos agricultáveis.


(B) ausência de reservas de águas subterrâneas.
(C) escassez de rios e de grandes bacias hidrográficas.
(D) falta de tecnologia para retirar o sal da água do mar.
(E) degradação dos mananciais e desperdício no consumo.

5. (Enem) A possível escassez de água é uma das maiores preocupações da atualidade, considerada
por alguns especialistas como o desafio maior do novo século. No entanto, tão importante quanto
aumentar a oferta é investir na preservação da qualidade e no reaproveitamento da água de que
dispomos hoje.

A ação humana tem provocado algumas alterações quantitativas e qualitativas da água:

I. Contaminação de lençóis freáticos.


II. Diminuição da umidade do solo.
III. Enchentes e inundações.

Pode-se afirmar que as principais ações humanas associadas às alterações I, II e III são
respectivamente:

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a) uso de fertilizantes e aterros sanitários / lançamento de gases poluentes / canalização


de córregos e rios.

b) lançamento de gases poluentes / lançamento de lixo nas ruas / construção de aterros sanitários.

c) uso de fertilizantes e aterros sanitários / desmatamento/impermeabilização do solo urbano.

d) lançamento de lixo nas ruas / uso de fertilizantes / construção de aterros sanitários.

e) construção de barragens / uso de fertilizantes / construção de aterros sanitários.

6. A falta de água doce no planeta será, possivelmente, um dos mais graves problemas deste século.
Prevê-se que, nos próximos vinte anos, a quantidade de água doce disponível para cada habitante
será drasticamente reduzida. Por meio de seus diferentes usos e consumos, as atividades humanas
interferem no ciclo da água, alterando:

a) a quantidade total, mas não a qualidade da água disponível no planeta.

b) a qualidade da água e sua quantidade disponível para o consumo das populações.

c) a qualidade da água disponível, apenas no subsolo terrestre.

d) apenas a disponibilidade de água superficial existente nos rios e lagos.

e) o regime de chuvas, mas não a quantidade de água disponível no Planeta.

7. Sobre as modalidades de reuso da água, relacione as colunas a seguir:

(1). Reuso indireto não planejado.


(2). Reuso indireto planejado.
(3). Reuso direto planejado.

( )Ocorre quando a água já utilizada é descarregada no meio ambiente, portanto sendo diluída, e
novamente utilizada a jusante de modo não intencional.
( )Ocorre quando os efluentes, depois de tratados, são encaminhados diretamente ao local de reuso.
( )Ocorre quando os efluentes, depois de tratados, são descarregados de forma deliberada nos cursos
d’água (superficiais ou subterrâneos ) para uso a jusante de forma intencional e controlada visando
algum uso benefício;

8. Cite e descreva as três principais modalidades de reuso da água:

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________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________

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9. Liste as modalidades de reuso da água, urbano e ambiental e suas aplicações:


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______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________

10. Quais são os critérios para formulação de qualidade para reuso da água?

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________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________

11.Descreva de forma sucinta as etapas da AQRM, aplicada a área do risco:

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______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________

12.A poluição da água aliada ao desperdício tem gerado vários problemas para a manutenção desse
bem tão precioso. Com o intuito de contribuir para a qualidade e uso responsável da água, cite
algumas possíveis atitudes a serem tomadas.
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________

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