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SERTÃOCULT
Rua Cel. Frederico Gomes, 1804/302 - Campos dos Velhos - Sobral - CE
CEP 62030-020 - Celular (88) 9846.8222
mammarco@gmail.com
Coordenador Editorial
Marco Machado
Edições UVA
Av. da Universidade, 850 - Campus da Betânia - Sobral - CE
CEP 62040-370 - Telefone: (88) 3611.6613
Filiada à
Reitor
Fabianno Cavalcante de Carvalho
Coordenador Editorial
João Ribeiro Paiva
Catalogação
Neto Ramos
F936t
Freitas, Nilson Almino de
Trajetos e memórias: patrimônios, narrativas e visualidades na Cidade de Sobral-CE
/ Nilson Almino de Freitas. - Sobral: Edições UVA, SERTÃOCULT, 2014.
188 p.:
ISBN.: 978-85-87906-81-6
978-85-67960-03-6
Introdução / 19
Capítulo I
O pesquisador e a cidade: o sensível, o biográfico e a experiência / 33
Parêntese / 41
Capítulo II
Política, agências e estrutura social: contrastes, distinções e discursos / 87
Capítulo III
A cidade no documentário: Visualidades e conceitos sobre o espaço urba-
no nos bairros periféricos de Sobral / 127
Referências / 177
Apresentação
Tal é para o autor o que tem sido intentado pela facção social
hegemônica que forçosamente apregoara Sobral como uma cidade
moderna e triunfante, como se pode depreender da representação
social acerca da cidade subjacente ao projeto de tombamento da
cidade como patrimônio histórico nacional, ocasião em que o ele
desenvolve a dimensão política de seu trabalho sob uma perspectiva
crítica. Aliás, como o próprio autor expressa em seu texto, “Sobral é
rica, mas também é pobre”.
Por isso que pensei ser interessante fazer um texto com di-
ferentes recortes, escalas e programas de verdade como matriz de
inteligibilidade para outros contextos. O ser afetado por comuni-
cações involuntárias resulta nessa expressão textual que apresento.
Não estou me preocupando tanto se estou respeitando, ignorando
ou subsumindo o que é ser “sobralense”, mas sim tentando expres-
sar minha desestabilização constante que incidiu em minhas formas
dominantes de pensar, para fazer novas conexões com o que expe-
rimentei. Vamos começar a leitura a partir desse ponto.
4 Cf. ARAÚJO, Felipe. “Sobral Stories: Os Estrangeiros que Passam, as Influências que Ficam e
as Histórias que Fazem da Princesinha do Norte nossa Cidade mais Esnobe e Cosmopolita”. O
Povo, Fortaleza, 05 de abril de 1997, caderno Sábado.
5 Cf. A boa vida no interior. VEJA. 11 de março de 1998, ano 31 nº 10, p.70-76.
Foto1
Foto2
Foto 4
Fonte: Fotos de membro da rede social Facebook, acessadas em março de 2012, fazendo compara-
ções entre espaços da cidade cearense e outros de cidades conhecidas mundialmente, reforçando
o estrangeirismo e a distinção que é corrente no cotidiano da cidade e da capital cearense (preferi
omitir o nome de quem postou para preservar sua integridade física e moral).
Será que faz sentido dizer que sabemos lidar com o campo
quando somos obrigados a agir como cientista em ação, onde se
pressupõe um não saber? Faz sentido dizer que o cientista é aquele
que “sabe das coisas”, quando se deseja dele a atividade de investi-
gação de algo que ele sabe parcialmente? Não penso que esse “sa-
ber parcial” esteja somente no registro das informações empíricas
a serem feitas. Está também na insegurança própria da experiência
etnográfica, que demanda uma vivência compartilhada com dife-
rentes sujeitos que, a todo tempo, estão pensando e repensando suas
ações no mundo, modificando sua conduta. É comum, em termos
coloquiais, falarmos: “É difícil lidar com gente”. Ao compartilhar
uma vivência não é fácil dizer que estamos preparados para intera-
gir com a diversidade, apesar de se pregar em algumas disciplinas,
na antropologia em particular, a necessidade de saber lidar com isso.
6 Apesar de a tradução do substantivo “street” ser “rua”, a placa permaneceu como se a expres-
são “Elbow Street” significasse “Becco do Cotovelo”.
7 Sobre isso Cf.Mont’Alverne Girão e Soares, 1997.
Foto 6 - Placa indicativa do Becco do Cotovelo em inglês colocada pelos frequentadores do local.
Fonte: filme “Sobral no Plural”
O fato vai mudando cada vez mais seu status à medida que
se acrescenta uma nova contestação ao debate. O operador do fato
consumado joga com a imprecisão conceitual da identificação cole-
tiva do que é a “sobralidade”. As afirmações posteriores à publica-
ção de uma versão fundada em um ponto de vista sobre a questão
são fundamentais para a definição do status. O leitor irá acreditar
em outra afirmação dependendo daquilo que se vai fazer com elas
depois. Como fui um dos primeiros a publicar uma versão diferente,
vi que acabei me tornando referência para aqueles que não acredi-
tavam muito na versão oficial. Ao mesmo tempo percebi que muitos
gostaram sem ter entendido muito bem a mensagem. Alguns desses,
meio iludidos por acharem que sou mais um que cria uma versão
Desta forma, o destino das coisas que se diz está nas mãos da-
queles que as usam depois. Pode-se assim confirmar a ideia de que
a produção do conhecimento científico que serve como base para a
formação de cientistas é realmente um processo coletivo organizado
em rede de pessoas, laboratórios, recursos materiais e financeiros,
instituições de fomento, políticos, agentes econômicos, alunos, co-
legas de trabalho, bolsistas, estagiários e vários outros elos da cor-
rente e da torrente de agências e atores do cotidiano.
Talvez neste ponto possamos rever uma polêmica que faz par-
te do campo das ciências sociais: o produto deste profissional é
realmente ciência, ou arte? Parece que, pelo menos neste aspecto,
o programa provoca repercussões que criam as duas coisas. Pelo
menos nos textos publicados em revistas especializadas e livros do
grupo envolvido, pode-se visualizar uma aproximação do que se
convenciona chamar de científico, mesmo sem o texto prescindir
de seu formato artístico. Na técnica supostamente não ficcional do
artigo científico há uma inumerável reunião de autores, outros arti-
gos, documentos e fontes primárias de tempos e espaços diferentes
que são incluídas e anunciadas insistentemente. Esta reunião pode
ser composta tanto por referências que comprovam a tese do autor,
como por uma literatura que possa impressionar, ou ainda com uma
bibliografia que tem por objetivo mostrar o grupo de cientistas no
qual o articulista se identifica. Isso porque o cientista precisa de fa-
tos bem estabelecidos para começar seus argumentos. As referências
a outras autoridades no assunto presentes no texto são incorporadas
e aparecem como indicação de dúvida ou certeza, ou seja, suas te-
orias podem ser criticadas ou confirmadas como úteis para pensar
o tema exposto. A ideia é mostrar erudição. Neste sentido, tenta-se
mostrar ao leitor os recursos técnicos que o autor tem em mãos para
levantar seus argumentos e fortalecer sua posição contra ou a favor
É essa relação que faz com que aqueles que põem a ciência em
ação não vejam a sociedade isolada de sua atividade. Fofocas aca-
bam surgindo, onde o foco de atenção é a suposta exploração de-
sencadeada pelo “coordenador do projeto” que parece não produzir
nada, já que só se percebe a produção de seus auxiliares. Acontece
que o sucesso no trabalho também depende do sucesso na obtenção
de recursos.
POLÍTICA DE PRESERVAÇÃO,
ESTRUTURA SOCIOECONÔMICA E HISTÓRIA
15 Esse documento foi publicado como: BARBOSA, Marta Emísia Jacinto; SOUSA, Raimundo
Nonato R. de e VASCONCELOS, Regina Ilka Vieira. Considerações para Análise Histórica do
Inventário do Patrimônio Arquitetônico de Sobral. Sobral: Mimeo, 1997.
18 Aqui me refiro à pesquisa que realizei na Biblioteca Pública Menezes Pimentel, onde existe um
acervo microfilmado de diferentes jornais cearenses de diferentes tempos.
emenda no orçamento da União, garantindo 40 milhões de reais para construção de novo ae-
roporto. Em 15 de março de 2012, o blog Caioca Alerta informa que três localidades disputam
a sede do novo equipamento: Caioca, Salgado dos Machados e Aprazível.
21 Ônibus de luxo montado pela empresa Rodomondi que terá filial em Sobral.
25 Ronaldo Santiago Lopes era bolsista de iniciação científica de projeto que eu coordenava e me
acompanhou na entrevista.
26 Oautor citado pensa o “quase grupo” tendo como campo empírico relações
sociais na Índia. Portanto, em uma sociedade de castas. A Índia tem uma
estrutura social completamente diferente da nossa, e mesmo assim existe
essa semelhança.
28 Essa mesma reflexão sobre a relação entre eleitores e candidatos está em artigo escrito em
parceria com minha bolsista de iniciação científica Caroline Silva Bezerra, em avaliação no
ano de 2012, para ser publicado em revista acadêmica, que tem como título “Adesão e política
no bairro Alto da Brasília em Sobral/CE”.
O DOCUMENTÁRIO E O BAIRRO:
METODOLOGIA E FORMAS DE FAZER
São comuns nas cidades as ocupações urbanas que não são ori-
ginárias de loteamentos propostos pelo poder público, um processo
quase “espontâneo” de composição dos lotes para construções de ca-
sas. Nestes casos, o arruamento quase não existe, não há linearidade
na composição dos lotes, o que dificulta uma urbanização posterior.
Não foi o caso da Vila União. O tabuleiro de xadrez é visível em
alguns lugares do bairro, inclusive com planejamento de praça e
traçado prevendo a configuração do terreno com todos os acidentes
e objetos que se achavam na sua superfície.
Essa não foi a primeira vez que promovemos esse tipo de ati-
vidade. No bairro Sumaré, no final de 2011, já tínhamos feito algo
semelhante com apoio do SESC de Sobral, que ajudou com telão,
projetor e equipamento de som. Juntamos em uma quadra de es-
porte garotos e garotas do programa PROJOVEM, idosos e idosas do
grupo de idosos do bairro e alguns estudantes da escola de ensino
fundamental do bairro para assistir ao mesmo filme. A empolgação
foi a mesma. Em escola de ensino fundamental do bairro Pedrinhas,
também no final de 2011, a mesma atividade promoveu entusias-
mo e a reflexão de adolescentes de 9ª série, sempre com a presen-
ça dos diretores para discutir o filme com aqueles que assistiam.
Infelizmente ainda não promovemos mostras com os filmes do III
Visualidades que discuto nesse relatório, atividade que pretendemos
desenvolver ainda no ano de 2012, mas espero as mesmas reações.
http://www.opovo.com.br/app/opovo/ceara/2012/01/27/noticias-
jornalceara, 2774140/sobral-deve-ganhar-regiao-metropolitana-
-com-18-cidades.shtml
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1141003,
acessado em 28 de maio de 2012
http://sobraldeprima.blogspot.com.br/2012/05/em-sobral-sete-pro-
messas-o-tempo-e-as.html, acessado em 28 de maio de 2012.
http://www.youtube.com/watch?v=vmi7dhj-VA0.
http://www.youtube.com/watch?v=DASQuHCWT6A.