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Hidrologia

Controle de cheias e
Drenagem Urbana

Walter Collischonn
Medidas Estruturais e Não-Estruturais
As medidas de correção e/ou prevenção que visam
minimizar os danos das inundações são classificadas, de
acordo com sua natureza, em medidas estruturais e
medidas não estruturais.
As medidas estruturais correspondem às obras que
podem ser implantadas visando a correção e/ou
prevenção das questões decorrentes de enchentes.
As medidas não estruturais são aquelas em que se
procura reduzir os danos ou as consequências das
inundações, não por meio de obras, mas pela introdução
de normas, regulamentos e programas que visem, por
exemplo, o disciplinamento do uso e ocupação do solo, a
implementação de sistemas de alerta e a conscientização
da população para a manutenção dos dispositivos de
drenagem.
Medidas Não-Estruturais
Procuram reduzir impactos sem modificar o risco das
enchentes naturais (por ações de convivência com as
enchentes).
Ex.: regulamentação do uso da terra, previsão e alerta

•Ações de apoio aos princípios básicos


• Legislação: disciplinamento do uso e ocupação do solo (Plano
Diretor) e códigos associados.
• Normas e procedimentos técnicos: Manual de Drenagem.

•Ações de preparação da sociedade


• Educação Ambiental;
• Capacitação de Recursos Humanos;
• Sistema de Alerta e Defesa Civil.
Medidas Não-Estruturais
a) Sistemas de alerta: um sistema de alerta serve para informar e alertar as
pessoas que habitam em zonas sujeitas a inundações sobre os riscos e a
eminência de uma enchente. Os alertas são baseados nas previsões dos
eventos de cheia, que são simulados por meio de modelos matemáticos
hidrológicos em tempo real. Tais modelos consistem em prever a evolução
do fenômeno de cheia, nível do rio, com uma certa antecipação. Os alertas,
por sua vez, servem para acionar os dispositivos de controle das cheias pré-
dispostos no sistema resposta. Um exemplo de sistema de alerta podemos
citar o da bacia do rio Itajaí, o qual é composto de uma rede de coleta de
dados e uma central. Os dados são coletados e transmitidos em tempo real
pelos tele observadores e pelas estações telemétricas para a central que fica
localizada na Universidade Regional de Blumenau (CEOPS), onde em
épocas de cheias são realizadas as previsões e repassadas para as Defesas
Civil de cada município que tem dificuldades com as enchentes.

b) Sistema resposta: este sistema compreende os procedimentos de decisões


e os respectivos planos de ações de proteção, que possam ser
implementados a curto prazo, como por exemplo: a retirada dos bens
materiais móveis, a evacuação da população e dos animais das zonas
inundáveis, elevação de diques com sacos de areia, abertura e fechamento
das comportas dos reservatórios ou polders construídos para o controle de
enchente, etc. Um exemplo deste sistema podemos citar o plano de enchente
da cidade de Blumenau, estruturado pela Defesa Civil da Prefeitura
Municipal de Blumenau.
Medidas Não-Estruturais
c) Educação: o sucesso de um plano de controle das cheias baseado nas
medidas não-estruturais depende muito do conhecimento do risco das enchentes
por parte das pessoas que habitam as áreas inundáveis. Por isto, um trabalho de
conscientização para a população dos riscos que elas estão sujeitas com as
enchentes é fundamental e deve ser incrementado imediatamente após a
ocorrência de cada evento de cheia. Também no município de Blumenau tem-se
realizado várias campanhas educativas sobre a problemática das cheias. Nestas
campanhas tem participado a Universidade Regional de Blumenau, a Prefeitura
Municipal, diversos colégios, a imprensa de modo geral, além de outros
segmentos da sociedade.

d) Seguros contra enchentes: os seguros contra enchentes são apólices de


seguro, estipuladas por companhias especializadas, para aquelas habitações,
indústrias ou casas comerciais localizadas nas zonas sujeitas a serem inundadas
com as enchentes. Ainda não há no Brasil uma empresa que realiza seguro
contra perdas totais causadas pelas enchentes.

e) Mapas de inundação: os mapas de inundação podem ser de dois tipos:


“mapa de planejamento ou carta enchente” e “mapa de alerta ou mapa cota
enchente”. O mapa de planejamento define as áreas atingidas por cheias de
tempo de retorno escolhidos. O mapa de alerta informa em cada esquina ou
ponto de controle, o nível da régua no qual inicia a inundação. Este mapa
permite o acompanhamento da evolução da enchente, com base nas observações
da régua, pelos moradores nos diferentes locais da cidade.
Zoneamento de Inundação

 Mapeamento:
– mapa de alerta
– mapa de planejamento
 construção do mapeamento
– curva de probabilidade de vazões
máximas
– curva cota x vazão
– determinação da linha d’água
Mapeamento de áreas inundáveis

1. Relação vazão x TR
2. Relação cota x TR
3. Relação cota x área inundada
(mapa)
 geração de MDE(modelos digitais de elevação)
 geoprocessamento
Zoneamento
1. zona de passagem da inundação: área da
seção que não pode ficar obstruída por
ocupação urbana.
2. zona com restrições: região com maior
frequência de inundação que deve possuir
várias restrições ao seu uso (definido de arco
com o local e tipo de inundação
3. zona de baixo risco: anos excepcionais
(idem anterior)
1. zona de passagem da inundação:
2. zona com restrições:
3. zona de baixo risco:
Zona de passagem
 Área de que deve ficar desobstruída
 definida pela área que aumenta os
níveis de 30 cm pela obstrução do
restante da seção;
 uso agrícola;
 preservação ambiental e recreação
 retirada de impostos
 ocupação com uso público
Zona com restrições
 Habitações com mais de um piso e piso
superior acima da cota de 100 anos;
 uso agrícola
 parques;
 estacionamentos;
 armazenamento de produtos que podem ser
facilmente removíveis e não contaminam a
água
 evitar obras públicas, hospitais, escolas, etc.
 utilizar medidas individuais de proteção
Zona de baixo risco
 Orientação da população
 medidas preventivas para os
grandes e raros eventos
 obras com dois pisos com o segundo
piso foram do risco de 100 anos ou
maior
 evitar hospitais e escolas
 evitar depósitos de materiais que
contaminam a água
Implementação do zoneamento
 Legislação municipal
 código de obras para proteção individual
 essencial um sistema de alerta em
conjunto com o zoneamento
 redirecionamento do desenvolvimento
urbano das cidades
 relocamento da população das áreas de
risco
Avaliação econômica
 Vale a pena gastar dinheiro com
proteção contra cheias?
– Varia com o tipo de inundação
– método tradicional baseado na relação
benefício/custo
– método baseado na valorização da
propriedade
– vontade de pagar
Medidas Não Estruturais
Em contraposição as medidas estruturais, que podem criar uma sensação
de falsa segurança e até induzir a ampliação da ocupação das áreas
inundáveis, as ações não estruturais podem ser eficazes a custos mais
baixos e com horizontes mais longos de atuação.

As ações não estruturais procuram disciplinar a ocupação territorial, o


comportamento de consumo das pessoas e as atividades econômicas.

Considerando aquelas mais adotadas, as medidas não estruturais podem


ser agrupadas em:

 Ações de regulamentação do uso e ocupação do solo;


 Educação ambiental voltada ao controle da poluição difusa, erosão e
lixo;
 Seguro-enchente;
 Sistemas de alerta e previsão de inundações.

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