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Disciplina: Direito Administrativo

Professor: Celso Spitzcovsky


Aula: 01 | Data: 18/08/2017

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

1. Noção básica
2. Princípios

1. Noção básica
Único objetivo e finalidade que a administração pode perseguir quando atua é o Interesse da coletividade/
interesse público primário – art. 1, CF. Diferente do particular que atua em nome próprio.

1.1. Reflexo imediato: sempre que a administração atuar se afastando deste objetivo único pratica desvio
de finalidade, que é uma forma de ilegalidade. Finalidade é um dos requisitos da validade do ato.
1.2. Conclusão: para preservar o interesse público o ordenamento jurídico confere a administração
prerrogativas e também deveres para a preservação nos interesses da coletividade.
1.3. Regime jurídico administrativo: conjunto de regras que incidem sobre a administração envolvendo
prerrogativas e deveres para a preservação dos interesses da coletividade.

Art. 1º, CF A República Federativa do Brasil, formada pela união


indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-
se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce
por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos
desta Constituição.

2. Princípios
2.1. Expressos: tem expressa previsão no art. 37, caput, CF.

Art. 37, CF. A administração pública direta e indireta de qualquer dos


Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

A. Legalidade: a administração só faz o que a lei expressamente determina. Como consequência


imediata para que a administração possa editar os atos tem que existir uma lei anterior
disciplinando a matéria. Súmula vinculante 44, exigência de teste psicotécnico em concurso só se
legitima se houver lei anterior prevendo. Por isso vale para qualquer outro tipo de exigência.

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CARREIRAS JURÍDICAS
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Súmula vinculante 44, STF - Só por lei se pode sujeitar a exame
psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público.

B. Impessoalidade: o administrador sempre deverá atuar de forma neutra, impessoal, só


promovendo discriminações que se justifiquem para preservar o interesse público.
Impessoalidade na contratação de pessoas por aprovação em concurso – art. 37, II, CF. Na
contratação de serviços pela licitação – art. 37, XXI, CF. Na propaganda dos atos de governo que
não podem aparecer nome, imagens e símbolos que representem promoção pessoal do
administrador – art. 37, § 1, CF. Na forma de pagamento de credores por precatórios na ordem
cronológica – art. 100, caput, CF.

Art. 37, CF
II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação
prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo
com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma
prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão
declarado em lei de livre nomeação e exoneração;(Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras,
serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo
de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os
concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de
pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos
da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica
e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das
obrigações. (Regulamento)
§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas
dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de
orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou
imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou
servidores públicos.

Art. 100, CF. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal,


Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-
se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos
precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a designação
de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos
adicionais abertos para este fim. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 62, de 2009). (Vide Emenda Constitucional nº 62, de
2009)

C. Moralidade: ato imoral é sinônimo de ato inconstitucional, possível de ser levado a apreciação do
judiciário. A moralidade é administrativa, intimamente ligada a preservação do interesse público.
Súmula vinculante 13, STF proíbe a nomeação para cargos de parentes até o terceiro grau do
administrador – chamada de súmula antinepotismo.
Espécie qualificada de moralidade: Improbidade administrativa – desonestidade administrativa.
Intenção do agente em praticar o ato desonesto – dolo.

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Súmula vinculante 13, STF - A nomeação de cônjuge, companheiro ou
parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau,
inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa
jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para
o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função
gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos
poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a
Constituição Federal.

D. Publicidade: a administração está obrigada em oferecer transparência em relação a todos os seus


atos e a todas as informações armazenadas no seu banco de dados. Art. 5, XXXIII, CF – todos têm
direito de obter dos órgãos públicos informações de interesse particular, coletivo ou geral no prazo
da lei sob pena de responsabilidade, salvo informações sigilosas que comprometem a soberania do
Estado.
Lei de acesso as informações públicas: 12527/11 - art. 10 diz que qualquer interessado tem
legitimidade para pedir as informações. Art. 11: prazo de imediato ou 20 dias se provar que é de
difícil acesso. Art. 33: se não passar as informações sem justificativa tem as sanções: advertência
até demissão.
Critério para ajuizar a ação é a natureza da informação pedida: se for de natureza personalizada,
sobre quem pede, cabe habeas data (art. 5, LXXII, CF); se for informações de terceiros, cabe
mandado de segurança (art. 5, LXIX, CF).

Art. 5, CF
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações
de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão
prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas
aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do
Estado;
LXXII - conceder-se-á habeas data:
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à
pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de
entidades governamentais ou de caráter público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por
processo sigiloso, judicial ou administrativo;
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito
líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data,
quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de
atribuições do Poder Público;

Art. 10, 12527/11. Qualquer interessado poderá apresentar pedido


de acesso a informações aos órgãos e entidades referidos no art.
1o desta Lei, por qualquer meio legítimo, devendo o pedido conter a
identificação do requerente e a especificação da informação
requerida.

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§ 1o Para o acesso a informações de interesse público, a
identificação do requerente não pode conter exigências que
inviabilizem a solicitação.
§ 2o Os órgãos e entidades do poder público devem viabilizar
alternativa de encaminhamento de pedidos de acesso por meio de
seus sítios oficiais na internet.
§ 3o São vedadas quaisquer exigências relativas aos motivos
determinantes da solicitação de informações de interesse público.

Art. 11, 12527/11. O órgão ou entidade pública deverá autorizar ou


conceder o acesso imediato à informação disponível.
§ 1o Não sendo possível conceder o acesso imediato, na forma
disposta no caput, o órgão ou entidade que receber o pedido deverá,
em prazo não superior a 20 (vinte) dias:
I - comunicar a data, local e modo para se realizar a consulta,
efetuar a reprodução ou obter a certidão;
II - indicar as razões de fato ou de direito da recusa, total ou
parcial, do acesso pretendido; ou
III - comunicar que não possui a informação, indicar, se for do
seu conhecimento, o órgão ou a entidade que a detém, ou, ainda,
remeter o requerimento a esse órgão ou entidade, cientificando o
interessado da remessa de seu pedido de informação.
§ 2o O prazo referido no § 1o poderá ser prorrogado por mais 10
(dez) dias, mediante justificativa expressa, da qual será cientificado o
requerente.
§ 3o Sem prejuízo da segurança e da proteção das informações
e do cumprimento da legislação aplicável, o órgão ou entidade poderá
oferecer meios para que o próprio requerente possa pesquisar a
informação de que necessitar.
§ 4o Quando não for autorizado o acesso por se tratar de
informação total ou parcialmente sigilosa, o requerente deverá ser
informado sobre a possibilidade de recurso, prazos e condições para
sua interposição, devendo, ainda, ser-lhe indicada a autoridade
competente para sua apreciação.
§ 5o A informação armazenada em formato digital será
fornecida nesse formato, caso haja anuência do requerente.
§ 6o Caso a informação solicitada esteja disponível ao público
em formato impresso, eletrônico ou em qualquer outro meio de
acesso universal, serão informados ao requerente, por escrito, o lugar
e a forma pela qual se poderá consultar, obter ou reproduzir a referida
informação, procedimento esse que desonerará o órgão ou entidade
pública da obrigação de seu fornecimento direto, salvo se o
requerente declarar não dispor de meios para realizar por si mesmo
tais procedimentos.

Art. 33, 12527/11. A pessoa física ou entidade privada que detiver


informações em virtude de vínculo de qualquer natureza com o poder

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público e deixar de observar o disposto nesta Lei estará sujeita às
seguintes sanções:
I - advertência;
II - multa;
III - rescisão do vínculo com o poder público;
IV - suspensão temporária de participar em licitação e
impedimento de contratar com a administração pública por prazo não
superior a 2 (dois) anos; e
V - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a
administração pública, até que seja promovida a reabilitação perante
a própria autoridade que aplicou a penalidade.
§ 1o As sanções previstas nos incisos I, III e IV poderão ser
aplicadas juntamente com a do inciso II, assegurado o direito de defesa
do interessado, no respectivo processo, no prazo de 10 (dez) dias.
§ 2o A reabilitação referida no inciso V será autorizada somente
quando o interessado efetivar o ressarcimento ao órgão ou entidade
dos prejuízos resultantes e após decorrido o prazo da sanção aplicada
com base no inciso IV.
§ 3o A aplicação da sanção prevista no inciso V é de
competência exclusiva da autoridade máxima do órgão ou entidade
pública, facultada a defesa do interessado, no respectivo processo, no
prazo de 10 (dez) dias da abertura de vista.

E. Eficiência: a administração está obrigada a manter ou ampliar a qualidade dos serviços que presta
e das obras que executa sob pena de responsabilidade.

2.2. Implícitos: não está expresso.


A. Supremacia do interesse público sobre o particular: sacrificar direitos de terceiro que não
cometeram nenhuma irregularidade. Exemplo: desapropriação.
B. Motivação: o administrador tem que motivar todos os atos. Sem motivação não dá para fazer
controle de legalidade dos atos da administração. Súmula 684, STF – o veto sem motivação que
exclui o candidato de concurso é inconstitucional.

Súmula 684, STF - É inconstitucional o veto não motivado à


participação de candidato a concurso público.

C. Autotutela: autoriza a administração a rever seus próprios atos anulando quando ilegais ou
revogado por razões de conveniência e oportunidade (súmula 473, STF – quando ocorre anulação
não origina direito, na revogação sim). Controle sobre os próprios atos.

Súmula 473, STF - A administração pode anular seus próprios atos,


quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque dêles não se
originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em
todos os casos, a apreciação judicial.

D. Razoabilidade: a administração está proibida de fazer qualquer exigência ou aplicar qualquer


sanção em medida superior àquela necessária para a preservação do interesse público.

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Súmula 683, STF – requisito de idade em concurso pode ser exigido se assim determinar as
atribuições do cargo.

Súmula 683, STF - O limite de idade para a inscrição em concurso


público só se legitima em face do art. 7º, XXX, da Constituição, quando
possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser
preenchido.

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