1. Introdução
De acordo com o DSM-V, “O Transtorno Obsessivo-Compulsivo [300.3 (F42)], é
caracterizado pela presença de obsessões e/ou compulsões. O TOC tem sido diagnosticado
frequentemente em adultos, porem em muitos casos é detectado em crianças.
A Psicoterapia Breve é uma nova modalidade que vem crescendo ao longo das décadas e
visa auxiliar pacientes em crise. A PBP é uma intervenção terapêutica com limite de tempo bem
menor. “Lançadas a partir da preocupação de alguns psicanalistas em encontrar formas de
abreviar o sofrimento de seus pacientes, as sementes da psicoterapia breve germinaram e se
desenvolveram. (OLIVEIRA, I. T. 1999, p.09).
2. Metodologia
O estudo de caso foi realizado no SPA (Serviço de Psicologia Aplicada) da Universidade
Estácio de Sá, Campus Resende, no período de agosto a dezembro de 2013, com uma criança de
11 anos. Foram realizados quinze atendimentos no total, para a conclusão do Psicodiagnóstico
e da Psicoterapia Breve Psicodinâmica. Os atendimentos foram realizados sob supervisão
durante todo processo realizado com a criança nesse período, tendo a mãe da mesma assinado
TCLE (Termo de Consentimento Livre e Esclarecido) para tratamento realizado por estagiários /
alunos em formação.
O presente trabalho foi baseado na metodologia do estudo de caso e foram realizados
testes aplicados no psicodiagnóstico no início do tratamento.
2.1 Instrumentos
Os instrumentos utilizados durante o estudo foram:
Anamnese com os Pais:
HTP;
CAT;
Matrizes Progressivas Coloridas de Raven – Escala Especial;
Pirâmides de Pfister.
5. Resultados/Analises
De modo geral, a análise dos resultados dos instrumentos projetivos utilizados para
avaliação da personalidade de D. Os critérios diagnósticos para o Transtorno Obsessivo-
Compulsivo, indicando a presença do mesmo.
Os dados encontrados no instrumento indicaram que D. demonstra dificuldade em lidar de
maneira adequada com as ansiedades, indicando sentimentos de inadequação e insegurança
para lidar com os estímulos internos e externos. A criança tende a lançar mão do recurso do
pensamento mágico, independência mágica, onipotente para lidar com a angústia, o que se
verifica em sua vida, em sua tendência a utilizar rituais de limpeza para minimizar a ansiedade.
Traços fóbicos, evidenciando ansiedade exacerbada, submissão e dependência relacionada à
culpa.
Evidenciou-se tanto no psicodiagnóstico, como durante os atendimentos – o que foi
trabalhado durante as sessões - uma ansiedade relacionada a falta de amor ou a perda dele
(desaprovação) e ao medo de ser abandonada (solidão e falta de apoio).
Autopercepção negativa, prejudicando o desenvolvimento saudável de sua autoestima,
indicando que D. sente-se incapaz para solucionar os problemas e muitas vezes adota padrões
alheios às circunstâncias e aos seus interesses com o propósito de ser aceita e aprovado pelo
outro. Autoestima rebaixada seria caracterizada por emoções negativas associadas com vários
papéis vividos por ela e por rebaixamento do valor pessoal ou auto percepções inadequadas e
imprecisas.
Muitas vezes, as falhas no funcionamento da criança relacionam-se com dificuldades no
seu meio familiar e social, que se podem aprender, segundo Strecht (1998), com perturbações
da vinculação pais-criança (abusos, negligência, abandono); perturbações psicológicas na matriz
parental, bem como uma desagregação intensa sócio familiar o que, consequentemente,
dificulta a criação de um meio facilitador para a criança.
6. Considerações Finais
Constatou-se a presença do Transtorno Obsessivo-Compulsivo [300.3 (F42)], a partir da
análise dos instrumentos e o preenchimento dos critérios diagnósticos para o transtorno de
acordo com o DSM-V.
No último atendimento foi comunicado à mãe que constatou-se a presença do Transtorno
Obsessivo-Compulsivo. E algumas sugestões foram feitas:
Os pais devem encorajar a autonomia; as diferenças devem ser exploradas dentro do
contexto de mutualidade. Essa postura tende a refletir na formação de uma
personalidade com níveis elevados de desenvolvimento do ego, julgamento moral, do
controle localizado internamente, de segurança própria, da autoestima, de
desempenho sob estresse e de intimidade.
O desenvolvimento saudável e estável da identidade ocorre através de um lento
processo de diferenciação e de integração. Ao contrário disso, muitos jovens hoje em
dia desenvolvem uma identidade de “colcha de retalhos”, sendo altamente vulneráveis
ao estresse e à influência externa, como no caso de D.
No período de realização da psicoterapia já podemos identificar ganhos em D., que se
mostrou menos ansiosa e com maior controle dos impulsos.
Sugeriu-se que o acompanhamento psicoterápico seja continuado pela criança e também
pela mãe, que se beneficiaria muito e a ajudaria a lidar com conflitos pessoais e situacionais,
bem como no fortalecimento e desenvolvimento pessoal.
A criança mudou de cidade após a finalização do processo. Tentamos contato posterior
com a mãe da paciente, mas o mesmo não foi possível pois o telefone foi trocado.
Com o estudo de caso podemos analisar como a Psicoterapia Breve auxilia no processo
terapêutico, não apenas, como explicado no capítulo III, a diminuição de sessões, mas sim a
estruturação das sessões para auxiliar o paciente de forma proveitosa. Identificamos que a
continuidade da mesma seria essencial para a paciente.
Novos estudos de caso relacionados ao tema serão estudados para complementar as
informações aqui descritas.