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Artilharia

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Artilharia: disparo de obuses de 155 mm.

Parte de uma série sobre a

Guerra

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A artilharia é uma das armas das forças armadas, sendo aquela que produz fogos
potentes e profundos. A artilharia é, por excelência, o instrumento de força que origina
efeitos morais e materiais que vão da neutralização à destruição. Para isso,
emprega armamento pesado capaz de disparar projéteis de grande poder destrutivo.
Como arma organizada de um exército, a artilharia agrupa o seu armamento pesado,
constitui um quadro de pessoal especializado na operação daquele armamento, congrega
as unidades militares organizadas para o combate com armamento pesado e assegura
a logística de todos estes elementos.
Além de arma, a artilharia também constitui uma ciência que estuda o desenvolvimento e a
aplicação do armamento pesado e dos seus projéteis.
Genericamente, as armas de projeção de fogo de tubo da artilharia são designadas "bocas
de fogo". Ocasionalmente, também são referidas como "peças de artilharia" ou "canhões",
mas geralmente estes dois termos são utilizados para designarem apenas as bocas de
fogo que fazem tiro tenso. Por sua vez, as bocas de fogo subdividem-se em três tipos
principais: de tiro tenso ("peças" ou "canhões"), de tiro curvo ("obuses" ou "obuseiros") e
de tiro vertical ("morteiros"). Hoje em dia, além das tradicionais bocas de fogo, a artilharia
inclui outros tipos de armamentos como os mísseis e os foguetes.
Os militares de artilharia são genericamente designados "artilheiros". Tradicionalmente, os
artilheiros terrestres dividem-se em serventes (operadores das bocas de fogo) e
condutores (condutores dos veículos que as deslocam). Por sua vez, os artilheiros
serventes dividem-se em apontadores (responsáveis por apontar a boca de fogo),
municiadores (responsáveis por colocar a muniçãona boca de fogo) e remuniciadores
(responsáveis por retirar a munição do paiol e a passar ao municiador). Conforme o tipo de
boca de fogo, ainda podem existir outros serventes especializados como preditores,
serventes do soquete, serventes da culatra, ajustadores, marcadores e observadores. O
conjunto dos artilheiros que operam uma boca de fogo constitui a sua guarnição. A boca
de fogo mais a respetiva guarnição constitui uma unidade de tiro. A unidade tática
elementar da artilharia é a bateria, comandada por um capitão e incluindo normalmente
seis unidades de tiro.

Índice

 1História
o 1.1A neurobalística
o 1.2A pirobalística
o 1.3A artilharia do Renascimento
o 1.4O desenvolvimento da artilharia de campanha
o 1.5Primeira Guerra Mundial
o 1.6Segunda Guerra Mundial
o 1.7Atualidade
 2Armamento da artilharia
o 2.1Peças
o 2.2Obuses
o 2.3Peças-obuses
o 2.4Morteiros
o 2.5Foguetes
o 2.6Mísseis
 3Munições de artilharia
o 3.1Projétil
o 3.2Carga propulsora
o 3.3Calibre
 4O moderno sistema de artilharia
o 4.1Comunicações
o 4.2Comando
o 4.3Aquisição de objetivos
o 4.4Controlo
o 4.5Cálculo do tiro
o 4.6Unidades de tiro
o 4.7Serviços de especialidades
o 4.8Serviços de logística
 5Classificação da artilharia
o 5.1Segundo o emprego
o 5.2Segundo o calibre das armas
o 5.3Segundo o armamento e a trajetória de tiro
o 5.4Segundo a propulsão
 6Artilharia por países
o 6.1Artilharia no Brasil
o 6.2Artilharia em Portugal
 7Ver também
 8Referências
 9Bibliografia
 10Ligações externas

História[editar | editar código-fonte]

Neurobalística: réplica de uma catapulta medieval.


Pirobalística: bombarda e respetivo projétil da Ordem dos Cavaleiros de São João de Jerusalém, do
século XV .

Pirobalística: colubrina francesa do século XV

Artilharia de campanha: obus de 6 libras do sistema Gribeauval do Exército Francês, do século


XVIII.

Artilharia de costa: peça de 9 libras do Exército Português, do século XVIII.


Artilharia de sítio: bateria de morteiros de 13 polegadas (325 mm) do Exército Federal dos EUA,
durante a Guerra Civil Americana.

Artilharia de campanha: peça de 12 libras e artilheiros a cavalo do Exército Britânico, no final do


século XIX.

Artilharia ferroviária: peça de 320 mm montada sobre um vagão ferroviário do Exército Francês,
durante a Primeira Guerra Mundial.

Artilharia antiaérea: peça de 7,5 cm Krupp num reparo antiaéreo montado num camião do Exército
Alemão, durante a Primeira Guerra Mundial.
Artilharia naval: torre tripla com peças de 460 mm do couraçadoYamato da Marinha Imperial
Japonesa, durante a Segunda Guerra Mundial.

Artilharia estratégica: lançamento de mísseis balísticos MGM-31 Pershing do Exército dos EUA,
na década de 1960.

Artilharia de campanha: sistema de artilharia aupropulsada de 155 mm ARCHER do Exército Sueco.

A origem etimológica da palavra "artilharia" é bastante confusa, tendo-se desenvolvido


diversas teorias para a explicar. Uma das hipóteses mais plausíveis é a de que poderia ter
origem na palavra latina "artillus" que significa "engenho".
A neurobalística[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Neurobalística
Na Antiguidade, os projéteis eram projetados mecanicamente, inicialmente por arremesso
e, posteriormente, pela energia obtida pelo tensionamento de cordas e arcos. Armas que
disparam projéteis, como a funda, a besta e o arco e flecha, são empregadas contra
indivíduos. Já o papel da artilharia é atingir alvos como muralhas ou grupos de indivíduos
da infantaria ou cavalaria inimiga. Para esse fim foram desenvolvidas e aperfeiçoadas
armas como as catapultas, capazes de arremessar pedras ou dardos.
As peças de artilharia mais antigas que se conhecem foram inventadas pelos antigos
Gregos e eram o gastraphetes - datado de cerca de 400 a.C., constituía um poderoso arco
e flecha, que usava o método mecânico de retesar a corda e podia ser transportado por
uma pessoa - e o oxibeles - datado de cerca de 375 a.C., que tinha a sua corda retesada
por alavancas.
O aperfeiçoamento do oxibeles trouxe um desenvolvimento tecnológico importante:
a torção de cordas como fonte de energia. Armas empregando a torção passam a ser
chamadas de "katapeltes", de onde vem a palavra "catapulta". A lithobolos, de 335 a.C., é
uma catapulta que lança pedras em vez de dardos.
Os Romanos aperfeiçoaram o arsenal grego, com mudanças na disposição dos braços e
da torcedura das cordas garantindo maior alcance às catapultas. Os petardos passam a
atingir um alvo a 800 metros. As catapultas romanas mais comuns são a balista - que
dispara pedras - e o scorpio - que arremessa dardos. Um onagro, do período de 200 a.C.,
pode disparar uma pedra de 80 quilogramas e requer de oito homens para ser armado.
A artilharia desenvolveu-se notavelmente com a invenção do trabuco na China, entre os
séculos V a.C. e III a.C.. No Ocidente, no século VI d.C., substituiu as catapultas de torção.
O trabuco usa a força da gravidade, através de um contrapeso para lançar projéteis de até
uma tonelada.
A partir do século XV, a neurobalística foi sendo substituída pela pirobalística, à medida
que esta se foi desenvolvendo e generalizando. No entanto, a neurobalística continuou em
uso limitado até à atualidade, ainda sendo utilizada ocasionalmente, através do emprego
de engenhos improvisados para lançamento à distância de projéteis,
normalmente explosivos ou incendiários. Por exemplo, já no século XX, foram usadas
catapultas improvisadas para lançamento de granadas de mão no combate
nas trincheiras durante a Primeira Guerra Mundial e na defesa de aquartelamentos
fortificados durante a Guerra Colonial Portuguesa.
A pirobalística[editar | editar código-fonte]
A invenção da pólvora pelos Chineses - bem como a invenção do canhão, outro artefacto
estreitamente ligado àquela - constituiria o próximo marco que revolucionaria o
desenvolvimento da artilharia e que acabaria por a tornar no que ela hoje é. O primeiro
registo do uso de artilharia em combate, usando a pólvora como propulsor, deu-se a 28 de
janeiro de 1132, quando o general chinês Han Shizhong da Dinastia Song utilizou
o huochong - pequena boca de fogo tubular, feita inicialmente de bambu - para capturar
uma cidade na província de Fujian. Esta pequena e arcaica arma difundiu-se pelo Médio
Oriente - onde era conhecida por "madfa" - e chegou à Europa, em número muito limitado,
no século XIII.
Na Europa, existem várias referências ao uso de bocas de fogo primitivas
pelos Árabes da Península Ibérica, durante o século XIV. Sabe-se que os Árabes as
utilizaram no cerco de Baza e que o exército do Rei Afonso XI de Castela as utilizou
em 1312, durante o cerco de Algeciras. A artilharia também é referida, nessa época, numa
obra sobre os oficiais do Rei de Inglaterra. Em todos estes casos, são descritos uma
espécie de potes de ferro que disparavam bolas de pedra e grandes flechas. Na Batalha
de Crécy, travada em 1346 entre os Ingleses e Franceses há evidências do uso de uma
boca de fogo que empregava bolas de pedra como munição.
Em 1381, durante as guerras fernandinas, regista-se talvez uma das primeiras utilizações
da artilharia de costa, quando as tropas do Rei D. Fernando I de Portugal, disparam bocas
de fogo (conhecidas por "trons") contra a esquadra naval castelhana que tentava
atacar Lisboa.
As bocas de fogo fabricadas nessa época eram fundidas em bronze ou em ferro, estas
últimas utilizando uma técnica parecida à da fabricação de barris, juntando-se lâminas de
ferro em brasa, à volta das quais eram colocados aros de reforço e colocada uma
grossa culatra na parte posterior. Estas bocas de fogo eram relativamente perigosas, já
que, ao serem submetidas a grandes pressões internas, tendiam a explodir ferindo ou
mesmo matando os seus serventes. Para disparar uma boca de fogo, era necessário
primeiro enfiar pela sua boca uma haste com uma esponja húmida na ponta para apagar
possíveis restos que ficassem do disparo anterior, a seguir introduzir a pólvora
comprimindo-a com um soquete, depois introduzir a bala, voltando a comprimir-se todo o
conjunto. Na parte traseira da arma havia um orifício, conhecido por "ouvido", pelo qual se
introduzia uma pequena quantidade de pólvora à qual se aplicava uma mecha que era
incendiada para provocar a deflagração que originava o disparo da bala. O retrocesso
devido ao disparo, provocava o recuo da boca de fogo em vários metros, a seguir ao qual,
os serventes deviam colocá-la de novo em posição. O alcance máximo eficaz era de um
ou dois quilômetros.
Por esta altura existiam inúmeros tipos de bocas de fogo, de onde se destacam
a bombarda e o falconete. A bombarda consistia num tubo amarrado a um
simples reparo de madeira, que se apontava através de um rudimentar dispositivo
elevador, que era regulado através da colocação de cunhas de madeira. O falconete era
uma boca de fogo ligeira, normalmente montado numa espécie de forquilha de ferro fixa a
uma muralha ou à borda de uma embarcação, a qual dispunha de uma barra na sua
traseira, que era utilizada para apontar a arma. O falconete era uma variante, ligeiramente
menor, do falcão. Uma inovação importante foi a dos munhões, que consistiam numa
espécie de eixos cilíndricos em cada lado da boca de fogo, que encaixavam no reparo,
permitindo facilmente alterar o ângulo de elevação da arma.
A artilharia do Renascimento[editar | editar código-fonte]
No século XVI, surge a colubrina, desenvolvida a partir da bombarda. A colubrina era uma
boca de fogo com um comprimento de cerca de 30 vezes o seu calibre, montada sobre
um reparo com duas grandes rodas para facilitar o seu deslocamento. A sua elevada
mobilidade, torna-a numa das primeiras peças de artilharia de campanha.
Também, por esta altura, os Portugueses iniciam a instalação bocas de fogo em larga
escala a bordo dos seus navios, desenvolvendo definitivamente a artilharia naval. A partir
de então, a tática do combate naval é completamente alterada. A abordagem é substituída
pelo duelo de artilharia. A superioridade da sua artilharia naval permite aos Portugueses
derrotar forças numericamente muito superiores, permitindo-lhes obter o domínio dos
mares do Oriente e conquistar um grande número de possessões na Ásia. Um dos
expoentes máximos de plataforma de artilharia naval desta época é
o galeão português Galeão Botafogo lançado por volta de 1534, com
1000 toneladas de deslocamento e armado com 366 bocas de fogo de bronze, o que lhe
dava um tal poder de fogo que ficou conhecido pelo "Botafogo".
Por esta altura, o imperador Carlos V, tenta, pela primeira vez na Europa, padronizar
os calibres das bocas de fogo dos seus exércitos - para acabar com os problemas
logísticos causados pelas dificuldades em fabricar e abastecer armas e munições
totalmente distintas - e estabelece sete modelos de calibre entre 3 e 40 libras - o calibre
media-se pelo peso do projétil, prática que se manteve até ao final do século XIX, na
maioria dos exércitos. Os outros exércitos europeus seguem o seu exemplo, ainda que se
mantenham em uso calibres não regulamentares durante muito tempo.
No início do século XVII, as bocas de fogo estão genericamente classificadas, de acordo
com o seu calibre, em falconetes (1,25 lb), sacres(5,25 lb), meias-colubrinas (9 lb),
colubrinas (15 lb), meios-canhões (27 lb) e canhões (47 lb). O termo "canhão", contudo,
generaliza-se para designar todos os tipos de bocas de fogo, com os outros a caírem em
desuso. Com o mesmo significado também é utilizado o termo "peça de artilharia" ou
simplesmente "peça". Neste século aparece um novo tipo de boca de fogo, o morteiro,
projetado para fazer tiro contra objetivos abrigados.
Assim, no final do século XVII, a classificação das bocas de fogo resume-se a dois tipos
principais: os canhões e os morteiros. O canhão ou peça é, portanto, uma boca de fogo de
comprimento elevado em relação ao seu calibre (30 vezes ou mais) projetado para
disparar contra objetivos que estejam à vista dos artilheiros, numa trajetória quase plana
conhecida por "tiro direto" ou "tiro tenso". Os canhões disparavam granadas - munições
ocas cheias de explosivo - ou balas - munições maciças não explosivas. Já o morteiro,
consistia numa boca de fogo curta e de grande calibre, cujos munhões se situavam junto à
culatra, o que lhe permitia ter inclinações de 45º a 90º para fazer tiro curvo sobre objetivos
fora da vista dos artilheiros, abrigados atrás de muralhas ou de elevações do terreno. Os
morteiros disparam munições explosivas conhecidas por "bombas". Devido à sua escassa
mobilidade, a artilharia é, essencialmente, uma arma de sítio ou uma arma naval.
Geralmente, as bocas de fogo continuam a ser fundidas em bronze.
O desenvolvimento da artilharia de campanha[editar | editar código-fonte]
Uma inovação importante da transição do século XVII para o XVIII foi o armão de artilharia.
O armão é a combinação do reparo de uma peça com uma caixa de munições, montados
em grandes rodas, tornando mais fácil o seu transporte a tiro de parelhas de cavalos. As
peças de artilharia podem agora facilmente movidas no campo de batalha.
Outra inovação, desta vez na artilharia naval, foi a caronada. A caronada era um reparo de
madeira com rodas pequenas, que permitia movimentar as peças na coberta de um
navio.[carece de fontes] Cada caronada possuía anilhas de ferro, por onde passavam amarras
que fixavam a peça durante o disparo, impedindo-a de efetuar um recuo demasiadamente
grande.
A mobilidade das bocas de fogo leva à generalização da artilharia de campanha no século
XVIII. A sua função é a de eliminar a infantaria e a cavalaria inimiga e, mais tarde, a de
eliminar a própria artilharia inimiga, num tipo de ação que ficará conhecida como "fogo de
contrabateria".
Antes das Guerras Napoleónicas, generaliza-se o uso do obus, um novo tipo de boca de
fogo, que tinha já sido inicialmente desenvolvida no final do século XVII. O obus era um
tipo de boca de fogo intermédio entre a peça e o morteiro. Era curto e de calibre elevado
como o morteiro, mas tinha os munhões a meio do comprimento como as peças. O obus
destina-se a fazer tiro indireto contra objetivos encobertos, mas com inclinações inferiores
às do morteiro (até 45º), o que lhe dava maior alcance.
Por esta altura, a artilharia de campanha da maioria dos exércitos europeus organiza-se
em unidades táticas elementares que incluem, normalmente, seis bocas de fogo
(tipicamente, cinco peças e um obus), com as respetivas guarnições, munições e
transportes, sob o comando de um capitão. Inicialmente chamadas "companhias" como
na infantaria, essas unidades passarão a ser designadas "brigadas" nos exércitos Britânico
e Português durante as Guerras Napoleónicas. Nessa altura, as posições onde as
brigadas ou companhias de artilharia são instaladas são designadas "baterias" termo que,
pouco depois, passa a ser aplicado às próprias unidades elementares de artilharia.
Começa-se também a praticar a estriagem das almas das bocas de fogo o que melhora a
sua precisão, mas que lhes encurta bastante o tempo de vida, no caso das de bronze.
Para superar o problema do desgaste, as bocas de fogo estriadas passam a ser fundidas
em ferro, sendo reforçadas atrás dos munhões, por um segundo a

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